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PROBLEMA 10 Isso é COVID na pele? 1- KIT Herpes Zoster ETIOLOGIA Fonte: HERPES ZOSTER VACCINES – THE JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES – 2021 O vírus varicela-zoster (VZV) é um herpes-vírus humano neurotrópico que causa 2 doenças distintas, varicela (varicela) e herpes zoster ([HZ]). A infecção primária pelo VZV resulta em varicela, caracterizada por uma erupção pruriginosa generalizada que progride rapidamente de máculas para pápulas para lesões vesiculares e depois crostas. As lesões são individuais e dispersas, refletindo a disseminação virêmica para a pele. Em crianças saudáveis, a varicela é geralmente leve. Em climas temperados, na ausência de vacinação contra a varicela, a varicela geralmente ocorre na primeira infância, com mais de 90% das crianças infectadas antes da adolescência. Em climas tropicais, a infecção primária por VZV é tardia, ocorrendo comumente em adolescentes e adultos, que apresentam morbidade e mortalidade significativas. Durante a infecção primária, o VZV estabelece latência vitalícia nos gânglios sensoriais e autônomo. O vírus varicela-zoster também estabelece latência em gânglios do sistema nervoso entérico, que podem ser infectados por viremia ou por transporte axonal de neurônios em gânglios sensoriais. A recuperação da varicela está associada à imunidade mediada por células T específicas do VZV (VZV-CMI), que também é essencial para limitar a reativação e replicação do VZV latente e, assim, prevenir o HZ. Os mecanismos pelos quais o VZV se estabelece, mantém e reativa a partir da latência são pouco compreendidos. A reativação da latência e subsequente replicação do VZV resulta em HZ, uma doença localizada do gânglio sensorial, nervo e pele. O herpes zoster se manifesta como dor radicular unilateral e erupção vesicular que geralmente é limitada ao dermátomo inervado por uma única raiz dorsal ou gânglio de nervo craniano.As lesões são agrupadas, refletindo a transmissão intraneural para a pele. O herpes zoster ocorre esporadicamente ao longo do ano sem prevalência sazonal, independente da prevalência de varicela. Não há evidências de que o HZ resulte de infecção exógena pelo VZV, ou seja, que o HZ possa ser adquirido pelo contato com uma pessoa com varicela ou HZ. Em vez disso, a incidência de HZ é determinada por fatores que influenciam a relação vírus-hospedeiro, que mantém a latência do VZV. (A) Durante a infecção primária pelo vírus da varicela-zóster (WVZ) (varicela ou catapora), o vírus infecta os gânglios sensoriais. (B) O VVZ persiste em uma fase latente dentro dos gânglios durante toda a vida do indivíduo (C) Com a diminuição da função imunológica, ocorre reativação do VVZ nos gânglios sensoriais, e o vírus desce pelos nervos sensoriais até a pele, onde se replica. EPIDEMIOLOGIA Fonte: gov.br - MS Não há dados consistentes sobre a incidência de varicela no Brasil, uma vez que somente os casos graves internados e óbitos são de notificação compulsória. No período de 2015 a 2024, foram notificados 335.641 casos de varicela no Brasil. A região Sudeste notificou o maior número com 138.718 (30,9 %) casos, seguido da região Sul com 120.118 (26,8%) casos, enquanto a região Norte registrou o menor número de notificações, com 38.306 (8,5%) casos. Neste período, a média anual de casos notificados foi de 33.564 casos. Em 2015, destaca-se com o maior registro de casos de varicela, com 137.400 (40,9%) casos, e em 2024 o menor número de registros, com 4.624 (1,4%) casos (dados parciais até o mês de junho, sujeitos a revisão). A faixa etária com a maior frequência de casos notificados foi a de 5 a 9 anos com 108.002 (32,2%) casos, seguido pela faixa etária de 1 a 4 anos com 90.505 (27,0%) casos. O menor registro foi observado na população maior que 59 anos com 1.635 (0,5%) casos. Cenário de internações por varicela e herpes-zóster Brasil No período de 2015 a 2024, foram registradas 45.927 internações, que variou de 2.186 a 6.075 por ano no Sistema Único de Saúde (SUS). As regiões com maior número de internações foram: Sudeste e Nordeste com 21.037 (45,8%) e 9.943 (21,6%) internações, respectivamente. A análise das internações por faixa etária demonstra que que os maiores números de internações se concentram na faixa etária de 60 a 69 anos de idade com 5.902 (12,9%) internações, 70 a 79 anos com 5.827 (12,7%) internações e a população dos maiores de 80 anos de idade com 5.805 (12,6%). Embora o maior número absoluto de hospitalizações seja observado entre idosos, grupo em que se espera o maior número de casos da doença, proporcionalmente, os adultos apresentam maior risco de evoluir com complicações, hospitalização e óbito. Com a introdução da vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) no Calendário Nacional de Vacinação em 2013 para crianças de 15 meses de idade, houve uma redução considerável do número de internações no SUS. Salienta-se que o número de internações notificado por meio do Sistema de Internação Hospitalar (SIH) registra casos de varicela e herpes-zóster juntos, o que impede a análise individual de cada doença. Cenário das internações que evoluíram para óbitos No Brasil, no período de 2014 a 2024, foram registradas 3.035 internações que evoluíram para óbito por varicela/herpes-zóster com ou sem outras complicações, com destaque na faixa etária da população dos maiores de 79 anos com 1.191 (39,2%). Em 2019 foi registrado o maior número de óbitos por varicela/herpes-zóster com 407 (13,4%) enquanto nos anos de 2021 e 2024 foram registrados os menores números de óbitos com 261 (8,6%) e 154 (5,1%) respectivamente. A taxa de letalidade entre os casos hospitalizados variou de 5,2 a 8,8 no período de 2014 a 2024. EPIDEMIOLOGIA DA VARICELA Fonte: Harrison – Medicina Interna Os seres humanos são o único reservatório conhecido do VZV. A varicela é altamente contagiosa, com taxa de ataque de pelo menos 90% entre indivíduos suscetíveis (soronegativos). Indivíduos de ambos os sexos e de todas as raças são igualmente infectados. O vírus é endêmico na população geral; porém, torna-se epidêmico entre indivíduos suscetíveis durante picos sazonais – isto é, no fim do inverno e início da primavera na zona temperada. O período de incubação da varicela varia de 10 a 21 dias, mas geralmente é de 14 a 17 dias. As taxas de ataque secundário em irmãos suscetíveis em um domicílio variam de 70 a 90%. Os pacientes tornam-se infecciosos aproximadamente 48 horas antes do aparecimento da erupção vesiculosa, durante o período de formação das vesículas (cuja duração é, em geral, de 4 a 5 dias) e até a formação de crostas em todas as vesículas. Clinicamente, a varicela apresenta-se com exantema, febre baixa e malestar, embora alguns pacientes apresentem pródromo de 1 a 2 dias antes do início do exantema. No paciente imunocompetente, a varicela costuma ser uma doença benigna associada a cansaço e febre de 37,8 a 39,4°C de 3 a 5 dias de duração. As lesões cutâneas – a marca da infecção – incluem maculopápulas, vesículas e crostas em diferentes estágios de evolução. Essas lesões, que evoluem de maculopápulas para vesículas em questão de horas a dias, aparecem no tronco e na face e propagam-se rapidamente para outras áreas do corpo. A complicação infecciosa mais comum da varicela é a infecção bacteriana secundária da pele, que costuma ser provocada por Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus aureus, incluindo cepas resistentes à meticilina. A infecção da pele resulta da escoriação das lesões por coçadura. EPIDEMIOLOGIA DA HERPES ZOSTER O herpes-zóster (“cobreiro”) é uma doença esporádica que resulta da reativação do VZV latente a partir dos gânglios das raízes dorsais. Na maioria dos pacientes com herpes-zóster, não se obtém história de exposição recente a outros indivíduos com infecção por VZV. O herpes-zóster ocorre em todas as idades, porém sua incidência é maior (5-10 casos por 1.000 pessoas) em indivíduos apartir da sexta década de vida. O herpes-zóster recorrente é raríssimo, exceto em hospedeiros imunocomprometidos, especialmente aqueles com síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). O herpes-zóster caracteriza-se por erupção vesiculosa unilateral em dermátomo, muitas vezes associada a dor intensa. Os dermátomos de T3 a L3 são os mais frequentemente afetados. Se houver comprometimento do ramo oftálmico do nervo trigêmeo, ocorre herpes-zóster oftálmico. Os fatores responsáveis pela reativação do vírus são desconhecidos. Em crianças, a reativação costuma ser benigna, mas pode ser debilitante em adultos devido à dor. O início da doença é anunciado por dor no dermátomo, a qual pode preceder as lesões em 48 a 72 horas; uma erupção maculopapular eritematosa evolui rapidamente para lesões vesiculosas. No hospedeiro normal, essas lesões podem permanecer em pequeno número e continuam a se formar por apenas 3 a 5 dias. Em geral, a duração total da doença é de 7 a 10 dias; entretanto, pode durar até 2 a 4 semanas antes de haver normalização da pele. Os pacientes com herpes-zóster podem transmitir a infecção a indivíduos soronegativos, com subsequente varicela. Em alguns poucos pacientes ocorrem dor de localização característica a um dermátomo com evidência sorológica de herpes-zóster sem que haja lesões cutâneas, uma entidade conhecida como zoster sine herpetica. Tanto no hospedeiro normal quanto no imunocomprometido, a complicação mais debilitante do herpes-zóster é a dor associada à neurite aguda e à neuralgia pós-herpética. Essa neuralgia é incomum em indivíduos jovens; todavia, pelo menos 50% dos pacientes com mais de 50 anos de idade queixam-se de algum grau de dor no dermátomo afetado meses após a resolução da doença cutânea. As alterações de sensibilidade no dermátomo, que resultam em hipoestesia ou hiperestesia, são comuns. O comprometimento do SNC pode suceder o herpes-zóster localizado. Muitos pacientes sem sinais de irritação meníngea apresentam pleocitose do LCS e níveis moderadamente elevados de proteína do LCS. A meningoencefalite sintomática caracteriza-se por cefaleia, febre, fotofobia, meningite e vômitos. Uma manifestação rara do comprometimento do SNC é a angeíte granulomatosa com hemiplegia contralateral, a qual pode ser diagnosticada por arteriografia cerebral. As outras manifestações neurológicas são mielite transversa, com ou sem paralisia motora. A exemplo da varicela, o herpes-zóster é mais grave no hospedeiro imunocomprometido do que em indivíduos imunocompetentes. As lesões continuam a se formar por mais de 1 semana, e as crostas formam-se completamente apenas após 3 semanas de evolução da doença na maioria dos casos. Os pacientes com doença de Hodgkin e linfoma não Hodgkin correm maior risco de herpes- zóster progressivo. Ocorre disseminação cutânea em cerca de 40% dos pacientes imunocomprometidos. Entre aqueles com disseminação cutânea, o risco de pneumonite, meningoencefalite, hepatite e outras complicações graves aumenta em 5 a 10%. Contudo, até mesmo em pacientes imunocomprometidos, o herpes-zóster disseminado raramente é fatal. FISIOPATOLOGIA Fonte: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-02092005- 103209/publico/varicelaintroducao.pdf Em pessoas previamente saudáveis suscetíveis à varicela, nos dois ou três primeiros dias após a exposição, o vírus replica nos linfonodos regionais e a viremia primária ocorre quatro a seis dias após a exposição. O vírus passa a replicar no fígado, baço e outros tecidos; a viremia secundária surge dez a 14 dias após a infecção e coincide com o aparecimento do exantema vesicular característico da doença. Na maioria das pessoas imunocompetentes, a replicação viral cessa dentro de 72 horas após o surgimento do exantema, entretanto, em imunocomprometidos, a replicação pode persistir por tempo prolongado. O período prodrômico é curto ou ausente e consiste em febre e mal-estar, um ou dois dias antes do início das lesões cutâneas. O exantema característico da varicela tem distribuição central e consiste de lesões pruriginosas, que surgem em grupos, e evoluem rapidamente de máculas, para pápulas, vesículas e crostas. Geralmente, na infecção primária, o número de vesículas varia entre 250 e 500, as lesões são encontradas em diversos estágios, durante a fase eruptiva e só deixam cicatrizes quando existe infecção bacteriana secundária. Em pessoas imunocompetentes, a exantema dura, em média, cinco a seis dias, mas em imunocomprometidos, é comum surgirem novas lesões da varicela após a primeira semana, devido à replicação viral mais prolongada. No zóster, que é fruto da reativação do VVZ latente, as lesões cutâneas são do mesmo tipo encontrado na varicela, porém são mais localizadas, seguindo o trajeto de um ou mais nervos. Tanto a imunidade celular como a humoral têm importância no controle da doença, porém, há evidências de que a imunidade celular, mediada por CD4+ e CD8+, seja mais importante para limitar a extensão da infecção primária e prevenir a reativação do VVZ, impedindo a ocorrência de doença disseminada e do zóster. Embora a reinfecção assintomática pelo VVZ seja comum,são raras as descrições de casos sintomáticos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A primeira manifestação costuma ser a dor, acompanhada de febre, malestar e sensibilidade localizada, e pode ocorrer alguns dias antes do surgimento das lesões cutâneas. Muitas vezes, a dor na fase pré-eruptiva pode simular pleurisia, infarto agudo do miocárdio, abdome agudo ou migrânea. As vesículas surgem em grupos sobre base eritematosa e podem tornar-se opacas com secreção amarelada, ficando umbilicadas e depois crostosas. A erupção é unilateral, raramente ultrapassando a linha mediana, seguindo o trajeto de um nervo (distribuição dermatômica ou metamérica). Fonte: RIVITTI, EA. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. Ed. Artes Médicas. 4º ed. 2018. Vesículas em base eritematosa na pele e mucosas de distribuição em todo o corpo. Mal-estar, febre moderada e pequenas manchas eritematosas nas quais surgem vesículas de 1 a 3 mm de tamanho cujo conteúdo torna-se purulento e pelo dessecamento formam crostas. As lesões acontecem em surtos, assim, nota-se o polimorfismo da varicela com a presença de lesões com estádios diferentes e evolutivos. Em crianças, pode ter febre elevada, com lesões em grande quantidade, principalmente na mucosa. Enquanto em adultos, a febre é elevada, com cefaleia, anorexia, mau estado geral e a doença é mais grave. A erupção é mais presente no tronco e menor número nas extremidades e há lesões na mucosa. Após 1 semana, a febre desaparece e deixam de aparecer novas lesões, permanecendo somente as crostas que se eliminam em alguns dias. Em indivíduos imunossuprimidos, o quadro de varicela torna-se mais complexo e grave. As manchas eritematosas evoluem para lesões hemorrágicas-necróticas e complicações sistêmicas como pneumonia e encefalite. Quando a infecção atinge mulheres grávidas, sobretudo no 3° trimestre, pode haver lesões fetais, causando baixo peso, anormalidade oculares (microftalmia, catarata, atrofia óptica), retardo psicomotor por lesões do sistema nervoso central e membros hipoplásicos, além de cicatrizes no tegumento. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DO HERPES ZOSTER Fonte: Oliveira, Herpes Zoster e o tratamento - 2021 A erupção cutânea do HZ pode nunca iniciar a manifestação (zoster sene herpet.) e pode também manifestar numa dor aguda na face, na perda de audição, em vertigens ou neurite craniana, em visão turva e dor ocular (necrose aguda da retina) ou em febre, delirium e meningismos (meningoencefalite), entre outras. A Herpes Zoster cutâneo (localizado ou disseminado): é uma manifestação clássica de HZ, que se inicia com dor na região e erupções cutâneas, geralmente o diagnóstico é feito com base na clínica do doente. Em alguns casos, o profissional que dá o diagnostico pode pedir exame laboratorial por culturaviral e PCR. Zoster sene herpet: É caracterizada por dor neuropática local, meningoencefalite, doença vascular, mielite, ataxia cerebelar, polineurite craniana (envolvimento do crânio IX, X e XI) ou ocular (como necrose retinal aguda, flebite retinal, uveíte, irite e ceratite discóide) não apresentam erupção cutânea. O diagnóstico é geralmente baseado na distribuição e características da dor, outro sistema nervoso ou sinais e sintomas oculares, exclusão de outros possíveis diagnósticos e / ou teste de anticorpos IgG anti-VVZ, PCR de DNA de VZV no líquido cefalorraquidiano e PCR de DNA de VVZ em monócitos do líquido cefalorraquidiano e pode ser confirmado pelo aumento da imunoglobulina M (IgM) e da imunoglobulina G (IgG) anti-VVZ no sangue. Herpes Zoster oftálmico: Cerca de 10% a 20% dos casos de HZ envolvem o ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Este é o ramo nervoso mais comumente afetado, seguido pelos ramos superior e inferior da mandíbula. Comparado com o envolvimento de outro dermátomo, o HZ oftálmico é mais frequentemente acompanhado por sequelas crônicas e debilitantes, que podem levar à cegueira. O diagnóstico é clínico, baseado em exames e exames oftalmológicos, e é considerado uma emergência médica. A dor é um dos principais sintomas e pode aparecer alguns dias antes do aparecimento da erupção. Também pode ser acompanhada de fadiga e fotofobia. Após distribuição na área da pele afetada, a erupção se desenvolve unilateralmente ao redor dos olhos e da testa. Cerca de 80% dos pacientes com HZ oftálmico terão complicações oculares. As complicações ocorrem devido aos efeitos diretos e indiretos dos vírus, como inflamação, vasculite obliterante e neuropatia. Cerca de 30% dos pacientes podem ter inflamação crônica, até 80% dos idosos. Portanto, os pacientes com Oftalmologia HZ devem ser avaliados imediatamente por um oftalmologista experiente, a fim de iniciar rapidamente o tratamento antiviral, que é essencial para prevenir o envolvimento da córnea e perda de visão. O sinal de Hutchinson, uma erupção na ponta do nariz que se estende lateralmente após a distribuição do nervo nasociliar, pode aparecer nesses casos e é um indicador de envolvimento ocular. A infecção do nervo nasocilial geralmente é um precursor de doenças oculares. Pode haver edema e inflamação dos cílios e da conjuntiva. Essa condição é chamada de conjuntivite por blefe, seguida por erupção macular. Destes pacientes, aproximadamente 65% podem desenvolver inflamação da córnea (ceratite). A uveíte também pode ocorrer, mesmo que leve, pode causar glaucoma e catarata. Na síndrome de Ramsay Hunt, a dor e as vesículas aparecem no canal auditivo externo, e os pacientes perdem o sentido do paladar nos dois terços anteriores da língua, enquanto apresentam paralisia facial ipsilateral. Ocorre comprometimento do gânglio geniculado do ramo sensitivo do nervo facial. DIAGNOSTICO Fonte: Ducan, Bruce e colaboradores – Medicina ambulatorial Na maioria dos casos, o diagnóstico de HZ é feito de forma clínica. É baseado nas características da erupção, que se distribui em uma erupção com bolhas com dor neuropática. No entanto, às vezes o diagnóstico pode não ser claro, pois nos estágios iniciais antes da erupção, a dor pode levar a diagnósticos errados, mimetizando outras patologias, dependendo do dermátomo afetado. Estes incluem enxaqueca, glaucoma agudo, enfarte do miocárdio, pleurisia, embolia pulmonar, apendicite ou úlcera duodenal. Quando necessário, pode ser feito esfregaço de Tzanck, exame histopatológico, testes sorológicos com anticorpos anti-VVZ ou pesquisa do DNA viral por reação em cadeia da polimerase em amostra das lesões. A técnica de reação em cadeia da polimerase é considerada a mais sensível e específica para o diagnóstico de HZ, podendo ser realizada em diferentes materiais além do fluido das vesículas, como sangue, plasma, líquido cerebrospinal e lavado broncoalveolar. DIAGNOSTICO DIFERENCIAL Fonte: Harrison, Medicina Interna O diagnóstico da varicela não é difícil. A erupção cutânea característica e a obtenção de história de exposição recente levam ao estabelecimento imediato do diagnóstico. Outras infecções virais que podem ser confundidas com a varicela são infecção disseminada por HSV em pacientes com dermatite atópica e lesões vesiculopapulosas disseminadas às vezes associadas à infecção por vírus Coxsackie, infecção por vírus Echo, ou sarampo atípico. Todavia, essas erupções são mais comumente morbiliformes, com um componente hemorrágico, do que vesiculosas ou vesiculopustulosas. A riquetsiose variceliforme pode ser confundida com a varicela; entretanto, a diferenciação é facilitada pela detecção da “lesão precursora” no local de picada do ácaro e pela ocorrência de cefaleia mais proeminente. Os testes sorológicos também são úteis para distinguir entre riquetsiose variceliforme e varicela e podem confirmar a suscetibilidade em adultos que estão em dúvida sobre sua história prévia de varicela. A varíola dos macacos pode ser considerada em viajantes que retornam de regiões endêmicas. A preocupação com a varíola aumentou recentemente devido à ameaça de bioterrorismo. As lesões da varíola são maiores que as de varicela e, em um dado momento, estão todas no mesmo estágio de evolução. As lesões vesiculosas unilaterais em um padrão de distribuição em dermátomo devem sugerir rapidamente o diagnóstico de herpes-zóster, embora se tenha relatado a ocorrência de herpes-zóster na ausência de erupção. As infecções tanto por HSV quanto por vírus Coxsackie podem causar lesões vesiculosas acompanhando os dermátomos. A virologia diagnóstica e a coloração fluorescente de raspados da pele com anticorpos monoclonais ajudarão a estabelecer o diagnóstico correto. No estágio prodrômico do herpes zóster, o diagnóstico pode ser extremamente difícil e apenas pode ser estabelecido após o aparecimento das lesões ou por avaliação sorológica retrospectiva. O diagnóstico diferencial do HZ inclui infecção aguda pelo vírus do herpes simplex, dermatite de contato, impetigo, foliculite, sarna, picadas de insetos, erupção de drogas e varicela, pois podem ter manifestações semelhantes. No entanto, a diferença está principalmente na protrusão, na distribuição das lesões cutâneas e na dor que atinge a área onde ocorre a erupção. O herpes simplex às vezes pode aparecer como herpes zoster que mimetiza o dermatoglifo (Herpes Simplex Zosteriforme), que pode ser considerado um diagnóstico diferencial para pacientes com erupção vesicular recorrente, acompanhada de bolhas, especialmente quando envolve a cavidade oral ou a área genital oral. No entanto, geralmente é recorrente várias vezes, afeta os jovens com mais frequência e geralmente não está relacionado à dor crônica. Embora não sejam geralmente usados, os pacientes com lesões cutâneas atípicas requerem testes confirmatórios, especialmente se não houver dor relacionada, a presença de lesões que não seguem a distribuição do dermátomo ou dor neuropática persistente sem lesões cutâneas relacionadas. Além disso, os testes de confirmação também devem ser realizados em pacientes com envolvimento do sistema nervoso central ou de órgãos internos e pacientes com herpes zóster. Os testes de confirmação incluem testes de imunofluorescência direta, cultura de vírus em linhagens de células diplóides humanas ou PCR para detecção de DNA de VZV em lesões de pele / órgãos e tecidos afetados. Para pacientes com suspeita de envolvimento do sistema nervoso central ou de órgãos internos, são preferidos métodos de PCR de fluido corporal, como LCR e teste de anticorpos IgG contra VZV no LCR. Diante da dificuldade de coleta do vírus da lesão e da instabilidade durante o transporte do ponto de coleta ao laboratório, oisolamento e a cultura se mostraram difíceis. Em comparação com a cultura de vírus, a imunofluorescência direta tem maior sensibilidade e pode distinguir entre o vírus do herpes simplex e o VZV. No entanto, atualmente a tecnologia mais sensível é a tecnologia PCR. Embora os dados sejam escassos, sua sensibilidade e especificidade parecem ultrapassar 90%. TRATAMENTO Os principais objetivos do tratamento com HZ são proteger a pele afetada, acelerar a cicatrização de feridas, reduzir a gravidade e a duração da dor aguda e crônica, melhorar a qualidade de vida do paciente e minimizar o risco de complicações. No primeiro método, deve-se determinar se o paciente deve ser tratado em ambulatório ou hospitalizado. Pacientes com HZ oftálmico grave com infecção disseminada, envolvimento ocular ou envolvimento visceral (como envolvimento do sistema nervoso central) devem ser internados no hospital para aciclovir intravenoso e tratamento de suporte. Pesquisas mostram a importância de iniciar o tratamento antiviral o mais cedo possível, se possível, nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas. O início precoce pode encurtar a duração da replicação viral, prevenir a formação de novas vesículas, reduzir a duração da dor aguda associada e acelerar o processo de cicatrização. O aciclovir provou ser mais eficaz se administrado nas primeiras 48 horas após o início da erupção. Restringir o uso de antivirais para pacientes que procuram ajuda nos serviços de saúde nas primeiras 72 horas pode limitar o uso desses medicamentos. No entanto, eles podem ser prescritos após 72 horas para os idosos, portanto, os medicamentos antivirais podem continuar a ser usados após 72 horas para pacientes com dor intensa e extenso envolvimento da pele, função imunológica enfraquecida, produção contínua de novas vesículas e aqueles com órgãos internos, complicações nos nervos ou olhos. Porém, uma média de 20-30% dos indivíduos que iniciam tratamento em menos de 72 horas desenvolvem NPH. Os antivirais Aciclovir, Valaciclovir e Famciclovir são muito usados para o tratamento do HZ, por terem mostrado eficiência no tratamento da infecção HZ, sendo, assim, os fármacos de primeira linha na terapêutica desta doença. Valaciclovir e Famciclovir são preferíveis pois necessitam de menos administrações diárias, por terem melhores características farmacocinéticas. Apesar disso, todos os medicamentos citados mostraram os mesmos resultados no tratamento da infecção, agindo de forma rápida. Para diminuir a sensação de queimação podem ser usadas compressas esterilizadas oclusivos não aderentes. Area da lesão deve ser limpa e mantida seca para evitar o risco de infecção bacteriana. Os indivíduos que estiverem fazendo tratamento com os fármacos mencionados devem manter uma boa hidratação, pois pode ocorrer um aumento dos níveis séricos de creatinina. Nos pacientes severamente imunodeprimidos, o Aciclovir endovenoso é a melhor indicação. Mas, pode ser substituído pela via oral quando a infecção estiver controlada. Existem tratamentos tópicos com Aciclovir ou Penciclovir, que devem ser utilizados com prescrição médica e como terapêutica adjuvante aos antivirais sistémicos. PREVENÇÃO E VACINAÇÃO DO HERPES ZOSTER Cuidados com higiene são essenciais para evitar o contágio, deve-se ter atenção aos hábitos diários. A prevenção é feita de forma simples, e atitudes como usar preservativos em relações sexuais, não ter contato com as erupções cutâneas de indivíduos que estão com o vírus ativo e não trocar objetos íntimos são formas de prevenção eficientes. A vacina para prevenção de HZ, está disponível no Brasil desde 2014, é recomendada para todas as pessoas com mais de 60 anos de idade, até mesmo pessoas que já tiveram a patologia, seu uso é aprovado já a partir dos 50 anos de idade. A partir dessa idade, a contraindicação é apenas uma, pessoas com o sistema imunológico debilitado não podem tomar a vacina, vacina usa o vírus vivo da HZ de forma atenuada, ou seja, uma forma mais fraca do vírus, em indivíduos debilitados a aplicação poderia acabar levando ao aparecimento da doença. A vacina tem eficácia de 70%aproximadamente, a vacina tem dose única e injetável, abaixo da pele, por via subcutânea. Pode ocorrer efeitos adversos, como por exemplo vermelhidão e dor no local da aplicação, febre baixa e dores no corpo, como se fosse uma gripe.