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ÍNDICE Pág. Introdução…………………………………………………………………………………………………………………. 3 Exigências fundamentais da pré-fabricação…………………………………………….. 6 Vantagens e inconvenientes das peças pré-fabricadas…………………………… 8 Mecanização e Automação…………………………………………………………………………… 10 Acompanhamento de Obra……………………………………………………………………………………… 12 Condicionamentos Condicionamentos Rodoviários…………………………………………………………………….. 13 Condicionamentos Geológico- geotécnicos………………………………………………… 16 Condicionamentos topográficos, hidráulicos e ambientais……………………… 17 Descrição de Obra Concepção estrutural……………………………………………………………………………………. 18 Tabuleiro………………………………………………………………………………………………………… 20 Pilares……………………………………………………………………………………………………………… 26 Encontros……………………………………………………………………………………………………….. 27 Verificação da segurança Acções e Métodos de dimensionamento …..……………………………………………….. 29 Critérios da verificação da segurança……………………………………………………….. 30 Métodos construtivos………………………………………………………………………………………………. 32 Materiais……………………………………………………………………………………………………………………. 35 Agradecimentos………………………………………………………………………………………………………… 39 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II INTRODUÇÃO A pré-fabricação, apareceu sempre que foi necessário oferecer uma resposta rápida às grandes carências de habitação e, no aproveitamento de meios tecnológicos que a antecederam. A segunda guerra mundial constitui um marco decisivo pois a pré-fabricação começa a ter viabilidade económica. A Europa fica destruída e é necessário reconstruí-la, muito depressa, contudo, não pode existir prejuízo da qualidade de habitação que a pré- fabricação produz. A pré-fabricação deve praticar-se numa fase de transição entre a nossa construção tradicional e a construção industrializada que se procura, fase de transição esse que se considera indispensável atravessar para que, com segurança e objectividade, se comecem a implantar novas regras e conceitos de disciplina, rigor e economia, sem os quais, qualquer passo a caminho da industrialização será sempre difícil e de resultados duvidosos. Os grupos de actividade dimensionados para funcionarem em “ cadeia “ surgirão nesta fase, como uma necessidade sentida e já não como uma ideia original discutível, acabando por se imporem e revelarem as suas reais virtudes como factor disciplinador da produção e dos custos. A ponderação e a análise prévia que a concepção de cada elemento ( mesmo simples ) exige, acabam por criar o salutar hábito de estudar pormenorizadamente tarefas, métodos e meios, que acabarão por vir a reflectir-se e a dilatar-se a toda a produção dos estaleiros. A pouco e pouco, face a necessidades reveladas e sentidas, cada empresa, por cada obra, irá encontrando regras e conceitos e, sobretudo, novos métodos de gestão de todos ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 3 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II os meios até então postos simplesmente à disposição dos utilizadores. Surgirá também, naturalmente a promoção profissional como necessária para se alcançarem níveis de produtividade que então se revelarão como possíveis. A pré-fabricação é, “ simplesmente “, um método de construção rápida de elementos previamente fabricados em série e portanto, por definição, um campo vastíssimo aberto ao poder criativo dos técnicos de concepção e realização de obras de construção. O betão armado revelava possibilidades estruturais que nenhum outro material possuía. O seu mais directo competidor, o aço, perde quando se coloca o problema da corrosão, daí que o betão seja tido como um material perfeito porque tem resistência à tracção que tem o aço, e a resistência à compressão que tem a pedra. Têm-se ainda em atenção os diferentes tipos de betões utilizados nos produtos industriais de betão: Betões leves, com funções predominantemente de isolamento térmico. Betões semi-leves, com funções mistas de isolamento térmico e estruturais. Betões normais, com funções predominantemente estruturais. A pré-fabricação da construção apresenta-se fundamentalmente sob duas formas distintas: ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 4 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II 1. Produção de elementos destinados a obras parcialmente pré-fabricadas e que podem ser pesados – 200 kgf/m2 a 300 kgf/m2 de zona opaca; leves – menos de 200 kgf/m2 de zona opaca. 2. Produção de elementos destinados a obras totalmente pré-fabricadas e que igualmente podem ser: pesados – intervêm directa ou indirectamente na estabilidade dos edifícios e oscilam entre 200 kgf/m2 a 500 kgf/m2 de zonas opacas; leves – não intervêm na estabilidade dos edifícios e atingem peso inferior a 200 kgf/m2 nas zonas opacas. A produção de elementos pesados ou leves, quando destinados a ser aplicados em habitações, devem obedecer a regras de qualidade internacionais, referentes a exigências funcionais, de habitabilidade e durabilidade, e de ligações. EXIGÊNCIAS FUNDAMENTAIS NA PRÉ – FABRICAÇÃO ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 5 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Sintetizam-se a seguir as exigências mais importantes na pré-fabricação, as quais contribuem para a qualidade dos produtos: EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS Nenhuma parte da construção deve ruir ou deteriorar-se sob a acção dos agentes atmosféricos. A construção não deve apresentar risco para ocupantes quando sujeita à acção de choques e vibrações razoavelmente previsíveis. Em caso de incêndio, a fachada não deve contribuir para o desenvolvimento ou propagação do fogo. Em caso de trovoada, a eventual queda de um raio não deve afectar fisicamente os ocupantes. EXIGÊNCIAS DE HABITABILIDADE E DURABILIDADE Estanquicidade Conforto higrométrico Conforto acústico Condutibilidade térmica EXIGÊNCIAS DAS LIGAÇÕES ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 6 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Podemos enumerar as exigências funcionais de uma ligação, como se segue. A ligação é tanto mais eficaz quanto melhor corresponder a essas exigências: • Fabrico • Transporte • Montagem • Execução • Durabilidade • Estabilidade ao fogo • Comportamento estrutural • Estética • Economia • Rigor geométrico e dimensional • Regularidade das superfícies Nos produtos pré-fabricados de betão, as acções de garantia da qualidade incidem também nas condições de armazenamento junto à obra e montagem em obra. Tudo deve ser planeado e controlado. VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS PEÇAS PRÉ-FABRICADAS ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 7 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II À pré-fabricação de elementos estruturais associam-se naturalmente vantagens, como por exemplo: economia em cofragens e escoramentos; possibilidade de utilizar elementos com geometrias mais complicadas do que as normais secções rectangulares de vigas e pilares ( por exemplo as vigas em “I” de alma cheia ) com vantagens do ponto de vista estrutural e estético, o que normalmente é de difícil concretização em construção tradicional; melhores condições para a moldagem e cura do betão, o que permite a obtenção de betões de melhor qualidade quer do ponto de vista de resistências mecanicas quer da durabilidade; acabamentos de superfície mais aperfeiçoados ( aspecto importante no caso de betão à vista ); maior rendimento na utilização da mão-de-obra permitindo o fabrico em série das peças. Contudo, à utilização de elementos estruturais pre-fabricados também se associam algumas desvantagens: ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 8 MATERIAISE PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II aumento dos custos de transporte, muitas vezes incrementados devido aos cuidados especiais que implica o manuseamento, o transporte e a colocação em obra de determinadas peças de maiores dimensões ou mais esbeltas; maior dificuldade em estabelecer a continuidade entre os vários elementos prefabricados, se estes forem utilizados na globalidade da estrutura ( em alguns casos essa continuidade só pode ser conseguida utilizando ligações realizadas a partir de elementos metálicos que muitas vezes apresentam execução complicada ); perda do monolitismo conseguido pela moldagem “in situ”. O critério geral é utilizar as peças prefabricadas de modo a que estas sirvam de cofragem ao betão moldado no local, permitindo a realização de ligações de fácil execução entre os diferentes elementos. A forma e as dimensões das peças prefabricadas devem assim ter em conta este objectivo, para além de possibilitarem a simplificação do seu transporte, manuseamento e colocação em obra. MECANIZAÇÃO E AUTOMAÇÃO ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 9 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Existem inúmeras vantagens na pré-fabricação, sendo de salientar a rapidez de execução, o controlo de qualidade e a economia como as mais importantes. Com efeito, a possibilidade que a pré-fabricação tem de executar os produtos em instalações apropriadas, conjugada com a racionalização dos meios de produção, permite a obtenção de elementos com elevados níveis de qualidade estética e de resistência. O controlo de qualidade é de mais fácil aplicação dado que é possível fazê-lo em todas as fases de fabrico, assim como aos próprios meios utilizados na produção. 1. A rapidez da execução e a regular qualidade do produto conseguem fazer superar, através de uma economia reflexa, os encargos do investimento. 2. A utilização de meios e ferramentas especiais, e o facto de o trabalho se processar ao abrigo das intempéries, reflectem-se na qualidade do produto e na redução da quantidade de resíduos e desperdícios. 3. Os pesados encargos com gabinetes técnicos e serviços de gestão, planeamento e controlo, traduzem-se em eficiência e sincronismo dos órgãos do conjunto. 4. O apoio em grandes programas de construção garante a laboração continuada e o ritmo previsto. 5. A metodologia e as características do processo estão de acordo com as exigências do local e do momento, e utilizam materiais de fácil e económica aquisição na região. Como é de realçar, a finalidade da pré-fabricação é a construção em massa de milhares ou milhões de metros quadrados de áreas habitáveis, para habitação ou ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 10 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II trabalho. É necessário construir depressa e bem ( com qualidade e economia ). Para o cumprimento desses objectivos é necessário o recurso à mecanização e automatização. A primeira consiste na substituição do trabalho humano pelo trabalho mecânico, onde o Homem, em vez de realizar directamente o esforço de deslocar as cargas, faz accionar máquinas que realizam o trabalho com equipamento apropriado; A segunda consiste na realização de trabalhos diferentes e consecutivos, por meios mecânicos, sem interferência humana. É uma etapa superior em relação à mecanização, já que dispensa a presença do operador para a realização do trabalho. Acompanhamento de Obra O presente trabalho refere-se á Execução do Viaduto de Caria integrado na empreitada do Lanço Teixoso / Alcaria da Concessão SCUT da Beira Interior, aprovado pelo IEP e REFER. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 11 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II A solução apresentada é constituída por duas superestruturas independentes, que comportam cada uma das faixas de rodagem do IP2. A obra é em betão armado pré - esforçado com 194 m de comprimento, sendo os tabuleiros de vigas pré - fabricadas com continuidade entre os apoios extremos nos encontros e descarregando sobre os pilares por meio de aparelhos de apoio. Nos pontos seguintes estão mencionadas as condicionantes e os critérios de verificação da segurança que conduziram à solução apresentada, a qual é também descrita em pormenor neste trabalho. CONDICIONAMENTOS CONDICIONAMENTOS RODOVIÁRIOS ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 12 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Em virtude do seu traçado em curva o Viaduto de Caria apresenta os dois tabuleiros ligeiramente desfasados, por forma que o comprimento total de cada um deles seja de 194 m, medidos ao longo do respectivo eixo. A obra destina-se a vencer o vale de Caria, desenvolvendo-se a uma altura máxima de cerca de 12 m acima do solo. O perfil longitudinal da obra desenvolve-se de acordo com o projecto rodoviário. Transversalmente cada tabuleiro dispõe de uma largura total constante, que permite acomodar a plataforma de um dos sentidos do IP2, a qual inclui: − uma faixa de rodagem comportando duas vias de tráfego de 3,75 m; − uma berma direita de 3,00 m; − uma berma esquerda de 1,00 m. De acordo com o solicitado pelo IEP cada um dos tabuleiros é rematado no lado exterior por um conjunto de lancis, passadiços de serviço e vigas de bordadura com 1,25 m de largura total. Sobre o lancil, com 0,26 m de espessura, apoia a guarda de segurança metálica. Entre o lancil e a viga de bordadura resulta um passadiço em betão de agregados leves, com uma largura útil de 0,60 m, no qual foram incorporados três tubos em PVC de 110 mm de diâmetro e um tritubo também em PVC de 40 mm para eventual passagem de ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 13 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II cabos. Este passadiço é rematado pela viga de bordadura sobre a qual está posicionado o guarda - corpos metálico. No lado interior cada um dos tabuleiros é rematado por um perfil de segurança do tipo 1/2 New - Jersey, com 0,40 m de largura na base e que desempenha a dupla função de guarda de segurança e de guarda corpos. Resulta assim que cada um dos dois tabuleiros apresenta uma largura total de 13,15 m, ficando separados por uma junta central com 0,10 m de largura, pelo que a largura total da plataforma com ambos os tabuleiros é de 26,40 m. A faixa de rodagem tem sobre elevação do eixo para as bermas, que varia entre 5,0% e 6,5% que são constantes até ao final da obra. A plataforma dos tabuleiros é dotada de dispositivos de drenagem que são necessários para evitar que se formem sobre eles toalhas de água nocivas quer para a sua conservação quer para a própria circulação rodoviária. Quanto à localização dos pilares, a sua implantação resultou da necessidade de respeitar a EN 18-3 e a linha de Caminho de Ferro da Beira Baixa. Deste modo a obra respeita largamente quer o gabarit rodoviário mínimo de 5.00 m, quer os gabarits livres ferroviários que são de cerca de 10 m na vertical e de 6,50 m na horizontal. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 14 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Visualização da EN 18-3 Visualização da linha de caminho de ferro da Beira Interior ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 15 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II CONDICIONAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS As sondagens realizadas atravessaram um maciço constituído por formações de natureza diversa. De acordo com o cenário geológico - geotécnico , retirou-se as seguintes condições de fundação: − Nos Encontros E1 e E2 : fundação do tipo directo por sapata, a cerca de 2 metros abaixo do terreno natural na zona geotécnica ZG 1, garantindoo seu total encastramento no maciço. A tensão admissível máxima a mobilizar é da ordem de 400 kN/m2; − Pilares P1 a P5 : fundação do tipo directo por sapata, a cerca de 3 metros abaixo do terreno natural, na zona geotécnica ZG 2 e/ou ZG 3, garantindo o seu total encastramento no maciço. Estima-se uma tensão admissível de cerca de 400 a 500 kN/m2. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 16 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II CONDICIONAMENTOS TOPOGRÁFICOS, HIDRÁULICOS E AMBIENTAIS O Viaduto de Caria desenvolve-se num vale muito suave apresentando desníveis pouco significativos, entre as cotas do terreno nas zonas em que se localizarão os encontros e o vale. Este factor conduz a que a rasante se desenvolva a uma altura máxima em relação ao fundo do vale que não excede cerca de 12 m no ponto mais desfavorável. A altura média é da ordem dos 10 m. Quanto à localização dos pilares, tal como referido, a sua implantação resultou da necessidade de respeitar as vias existentes. Por outro lado procurou-se minimizar o impacte sobre as encostas do vale de Caria, de modo a não interferir com trabalhos de construção sobre as mesmas. A nível hidráulico não existem linhas de água que constituam um efectivo condicionamento da solução. Note-se que as cotas mais baixas ocorrem ao longo do CF-Linha da Beira Baixa, onde existe um sistema de drenagem que está actualmente em funcionamento. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 17 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II DESCRIÇÃO DA OBRA CONCEPÇÃO ESTRUTURAL Na escolha da solução foi fundamental a adopção de soluções padronizadas em toda a sua Concessão por forma a conseguir-se uniformidade e, consequentemente, economia e rapidez nas obras a construir. Por outro lado, há toda a conveniência em adoptar superestruturas contínuas, não só pelo seu melhor comportamento em face dos efeitos diferidos e pela sua melhor resistência global, mas também pela eliminação de descontinuidades no pavimento, as quais são prejudiciais ao tráfego, sobretudo em vias rápidas, como é o caso. Assim, identificaram-se, para a generalidade da Concessão, obras com vãos correntes de 25 a 35 m com tabuleiros pré - fabricados. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 18 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II A opção por cada um dos tipos indicados foi ditada por aspectos relacionados sobretudo com a topografia, nomeadamente altura a que as obras se desenvolvem acima do solo e pelas dimensões dos vales a transpor nos casos de atravessamentos de cursos de água ou vias existentes. Para o Viaduto de Caria adoptou-se uma solução de tabuleiro de vigas pré- fabricadas com 35 m nos vãos intermédios e 27 m nos vãos extremos. Nos pontos seguintes apresenta-se a descrição detalhada da solução apresentada. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 19 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II TABULEIRO Como foi referiu o Viaduto de Caria é constituído por dois tabuleiros estruturalmente independentes e apoiados em pilares de betão armado. Os tabuleiros, em betão armado e pré - esforçado longitudinalmente, apresentam uma largura total constante de 13,15 m para ambos os sentidos de circulação. São constituídos por quatro vigas longitudinais pré - fabricadas com altura constante de 2,00 m, afastadas de 3,42 m entre si e que suportam uma laje de 0,25 m de espessura em betão armado. Esta laje é betonada “in situ” sobre pré –lajes colaborantes, também de betão armado, com 0,10 m de espessura para as zonas intermédias e com 0,08 m de espessura para as zonas em consola. Betonagem sobre pré - lajes ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 20 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II As vigas pré - fabricadas são de secção transversal em T com um talão inferior de 0,60 m de largura e 0,27 m de espessura, apresentando a alma 0,15 m de espessura. O banzo superior tem 1,40 m de largura total sendo de espessura variável entre 0,06 m nas extremidades e 0,13 m na ligação à alma. Na proximidade dos apoios a secção da alma degenera numa secção rectangular com 0,60 m de espessura. Viga em T ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 21 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Por forma a garantir a máxima industrialização do processo construtivo as vigas apresentam comprimento constante: 34,20 m para os vãos de 35 m e 26,35 m para os vãos de 27 m. A diferença entre os vãos nominais e os comprimentos das vigas é absorvida pelas carlingas transversais nos apoios, nos pilares e nos encontros que, para o efeito, são de espessura variável. As carlingas, tal como a laje, constituem os elementos de solidarização de toda a estrutura do tabuleiro. Exemplo de inscrição numa das vigas ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 22 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Exemplo de uma carlinga Refira-se que as pré-lajes do tabuleiro são também resistentes, isto é, para além de funcionarem como cofragem perdida para a betonagem da laje superior do tabuleiro, também participam na resistência final da estrutura. Exemplo de pré – lajes utilizadas em obra ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 23 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Pormenor da pré - laje funcionando como cofragem Pormenor da armadura da pré-laje ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 24 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Como já se referiu a plataforma é rematada no lado interior por um perfil de segurança do tipo 1/2 New - Jersey com 0,40 m de largura na base e 0,80 m de altura livre em relação à face superior do pavimento, monoliticamente ligado à laje. No lado exterior dos tabuleiros, como já se referiu, adoptaram-se conjuntos de guarda de segurança, passadiço e viga de bordadura com 1,25 m de largura total, nos termos do solicitado pelo IEP. Os tabuleiros terão a seguinte modulação de vãos: dois vãos extremos de 27,0 m e quatro vãos intermédios de 35,0 m, perfazendo os já referidos 194 m de comprimento total entre eixos dos apoios nos encontros. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 25 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II PILARES Em face da altura a que a rasante se desenvolve, adoptou-se um único pilar por eixo de apoio e por tabuleiro. Os pilares, em betão armado, apresentam secção maciça em octógono irregular com 1,60 m de largura por 4,0 m de comprimento. Esta secção permanece constante em toda a altura. Os pilares são ainda encimados por um capitel de forma aproximadamente trapezoidal, sobre o qual descarrega o tabuleiro por intermédio de aparelhos de apoio em neoprene cintado. O capitel apresenta 1,80 m de espessura, sendo de altura variável entre 0,80 m na extremidade e 2,0 m na ligação ao fuste do pilar. Pilares com um secção octogonal De acordo com o indicado em CONDICIONAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS neste trabalho adoptaram-se fundações directas para os pilares por intermédio de sapatas com 6,00 x 6,00 x 2,00 m3. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 26 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II ENCONTROS Os encontros, do tipo perdido, são constituídos por uma viga de estribo apoiada em montantes com 0,50 m de espessura. Os montantes de ambos os encontros são ligados entre si pela respectiva sapata de fundação, com 1,20 m de espessura. No caso do encontro E1 a largura total compreende as plataformas dos dois tabuleiroscom alinhamento do posicionamento dos aparelhos de apoio, enquanto que no caso do encontro E2, as vigas de estribo encontram-se desfasadas na direcção longitudinal por forma a observar-se a diferença de comprimento que resulta do traçado curvo em planta e do facto de as vigas terem comprimentos constantes. Construção de um dos encontros Os encontros incluem ainda pequenos muros laterais para contenção dos aterros de acesso à obra. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 27 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Muro lateral Cofragem do muro lateral VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 28 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II ACÇÕES As acções consideradas na verificação da segurança do Viaduto de Caria são as indicadas no RSA (Regulamento de Segurança e Acções em Estruturas de Edifícios e Pontes) para pontes da classe 1 e para a zona territorial em que a obra se localiza (zona C). MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO A análise da estrutura submetida às acções regulamentares foi efectuada por métodos matemáticos realizados em computador através de programas de cálculo estrutural, quer de aplicação geral, quer especificamente desenvolvidos para o cálculo de obras de arte. Para a verificação da segurança de secções de betão armado seguiu-se o preconizado no REBAP (Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré - esforçado). ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 29 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II CRITÉRIOS DE VERIFICACÇÃO DA SEGURANÇA Verificou-se a segurança de todos os elementos constituintes do viaduto, seguindo- se fundamentalmente pelo REBAP. Nos aspectos em que este é omisso seguiram-se regulamentos e normas internacionais. Deste modo, de acordo com as modernas filosofias de verificação da segurança das estruturas de betão armado e com a regulamentação em vigor, efectuou-se dois tipos de verificações para os tabuleiros: • Verificação da segurança em relação aos estados limites de utilização - de acordo com o REBAP, verificou-se a segurança em relação aos seguintes estados limites: − Descompressão, para a combinação de acções quase permanentes; − Largura de fendas, para a combinação de acções frequentes; − Compressão máxima no betão para a combinação de acções frequentes. • Verificação da segurança em relação aos estados limites últimos de resistência , com as combinações fundamentais indicadas no REBAP. A verificação da segurança da obra durante a fase de construção foi efectuada com base na limitação das tensões máximas e mínimas ocorrentes, tendo em conta a curta duração das situações em causa e considerando explicitamente o faseamento e método construtivo preconizado. Em relação aos pilares, verificou-se a segurança em relação aos estados limites últimos de resistência e encurvadura para pilares altos, recorrendo a métodos com consideração explícita dos comportamentos física e geometricamente não lineares. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 30 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II A segurança global dos encontros foi verificada em relação aos estados limites últimos de equilíbrio, enquanto que a segurança das diversas peças de betão armado que os constituem foi verificada em relação aos estados limites últimos de resistência. A verificação da segurança dos restantes elementos constituintes da obra foi efectuada em relação aos estados limites últimos de resistência para os elementos em betão armado e pelo método das tensões admissíveis para outros elementos, como aparelhos de apoio e dispositivos de travamento. Em relação à segurança dos terrenos de fundação, recorreu-se à comparação das tensões actuantes com as tensões admissíveis para as fundações directas. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 31 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II MÉTODOS CONSTRUTIVOS Em face dos condicionamentos apresentados e do tipo de solução adoptada o tabuleiro é executado por meio de autogruas trabalhando a partir do terreno. Assim, a construção do tabuleiro é feita vão a vão e compreende as seguintes fases: • Pré - fabricação das vigas em fábrica • Transporte e montagem das vigas ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 32 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II • Colocação das pré-lajes • Betonagem do tabuleiro na zona dos vãos ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 33 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Nota: O varão observado tem como finalidade garantir a altura da betão (recobrimento) como também a betonagem por fases • Betonagem do tabuleiro na zona dos apoios (carlingas e laje) • Acabamentos Este processo repete-se até à conclusão de todo o tabuleiro. A construção tramo a tramo permite ainda que sejam executadas várias frentes de trabalho, o que permite uma grande rapidez de execução do tabuleiro assim que os pilares estejam finalizados. ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 34 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II MATERIAIS Os materiais a utilizar na execução do Viaduto de Caria foram ditados pela necessidade de garantir não só a resistência, mas também a durabilidade da obra. Nesse sentido prescrevem-se betões de classes superiores às mínimas regulamentares, indicando-se também as respectivas classes de exposição segundo a Especificação E378 do LNEC, em articulação com a ENV206. Nos quadros I e II apresentam-se os materiais adoptados. Quadro I – Betões BETÕES Componente REBAP NP ENV 206 Classe de Classe de Exposição Ambiental Construtivo Cubos 20x20 (MPa) Cilindros 15x30/Cubos 15x15 (MPa) Abaixamento NP ENV 206 REBAP NP ENV 206 E 378 Regularização e selagem B20 C 16/20 S1 / S2 - - - Sapatas e Lajes de Transição B30 C 25/30 S2 / S3 Moderadamente agressivo 2 a EC2 Encontros em elevação B30 C 25/30 S2 / S3 Moderadamente Agressivo 2 a EC4 Pilares em elevação B35 C 30/37 S2 / S3 Moderadamente Agressivo 2 a EC4 Tabuleiros Elementos betonados “in situ” B35 C 30/37 S2 / S3 / S4 Moderadamente agressivo 2 a EC4 Tabuleiros restantes elementos préfabricados B35 C 30/37 S2/S3/S4 Moderadamente agressivo 2 a EC4 Tabuleiros Vigas préfabricadas B45 C 40/50 S2/S3/S4 Moderadamente agressivo 2 a EC4 ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 35 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Quadro II – Aços AÇOS Componente Construtivo Armadura Passiva (REBAP) Armadura de Pré-esforço (EURONORM 10138) Recobrimento (mm) Regularização e selagem - - - Sapatas e Lajes de transição A500NR - 50 Encontros em elevação A500NR - 35 Pilares em elevação A500NR - 35 Tabuleiros - - Elementos betonados “in situ” A500NR - 30 Tabuleiros - - Vigas préfabricadas A500NR ST 1670/1860 25 Para que estas exigências sejam verificadas são realizados ensaios de recepção à obra, nomeadamente no betão. Ensaio de recepção do betão ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 36 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Ensaio de abaixamento Preparação dos provetes para ensaio à compressão ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 37 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Provetes com inscrição para identificação no laboratório ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 38 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II Agradecimentos Ao Eng.º AiresEnosse pelo tempo e disponibilidade no acompanhamento da obra, assim como, no esclarecimento de dúvidas. À empresa PUGA por nos ter facultado o acesso à obra. Ao colega Paulo Porfírio pela disponibilidade de material tecnológico ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA 39 MATERIAIS E PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II ESTRUTURAS EM BETÃO – ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS - VIADUTO DE CARIA ÍNDICE Introdução…………………………………………………………………………………………………………………. 3 INTRODUÇÃO EXIGÊNCIAS FUNDAMENTAIS NA PRÉ – FABRICAÇÃO EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS EXIGÊNCIAS DE HABITABILIDADE E DURABILIDADE EXIGÊNCIAS DAS LIGAÇÕES VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS PEÇAS PRÉ-FABRICA Acompanhamento de Obra CONDICIONAMENTOS CONDICIONAMENTOS RODOVIÁRIOS CONDICIONAMENTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS CONDICIONAMENTOS TOPOGRÁFICOS, HIDRÁULICOS E AMB DESCRIÇÃO DA OBRA CONCEPÇÃO ESTRUTURAL TABULEIRO PILARES ENCONTROS � VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA ACÇÕES MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO CRITÉRIOS DE VERIFICACÇÃO DA SEGURANÇA MÉTODOS CONSTRUTIVOS MATERIAIS Agradecimentos