Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

1 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Esse sistema é importante pois é a base 
para vários outros sistemas, como o 
digestório e o respiratório. 
O coração é um órgão muscular cônico que 
possui uma grande quantidade de vasos na 
base que se interligam aos demais órgãos. 
Ele é constituído por um ápice cardíaco (nos 
cavalos, forma uma protuberância). É um 
órgão muscular oco que possui tanto duas 
cavidades ventriculares quanto duas 
cavidades atriais. Nos repteis, há uma 
cavidade atrial e duas ventriculares. 
Além disso, o coração é revestido por um 
saco fibroelástico que é o pericárdio, que 
protege ele mecanicamente contra qualquer 
tipo de agressão externa. Por exemplo, 
quando a agressão fica próxima ao pulmão, 
que é uma porta de entrada de agentes 
infecciosos. 
Internamente o coração é preenchido com 
uma fina camada de liquido, sendo uma 
película. Na espécie humana, por serem 
bípedes, os vasos da base sempre apontam 
para a cabeça. 
 
[Hidrodinâmica do coração] 
A hidrodinâmica se baseia em como os 
fluidos circulam dentro do coração. 
O sangue desoxigenado retorna para o 
coração através das veias cavas caudal e 
cranial, adentrando o átrio direito, passando 
pela valva atrioventricular direita 
(tricúspide), chegando no ventrículo 
direito, que é assim, ejetado para artéria 
pulmonar. Assim, segue para o pulmão 
onde será oxigenado e retorna para o 
coração pelas veias pulmonares. As veias 
trabalham com sangue desoxigenado, 
exceto nesta parte que retorna para o 
coração por uma veia. 
Em seguida, o sangue retornará ao átrio 
esquerdo, passando pela valva 
atrioventricular (bicúspide ou mitral) e 
depois vai para a circulação sistêmica 
através da artéria aorta, passando pela 
valva semilunar aórtica. 
Sístole → Contração 
Diástole → Relaxamento 
 
O som cardíaco é o fechamento das valvas. 
Quando as atrioventriculares se fecham, 
forma a primeira bulha, e quando as 
semilunares se fecham, surge a segunda 
bulha. 
[Histologia do coração] 
Revestindo por fora, há um tecido conjuntivo 
fibroso, chamado epicárdio. Ele isola o 
coração contra agressões externas e 
também é importante pois é dele que 
surgem os vasos que alimentam o miocárdio 
(artérias coronárias). 
 
 
 
 
2 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
A maior parte do coração é constituído por 
muscular. O miocárdio é o musculo 
cardíaco, que é constituído por 
miocardiócitos com capacidade contrátil e 
condução de estimulo elétrico. É uma trama 
muito densa, o que consiste em uma força 
de contração muito alta para o coração. 
 
O endocárdio é a porção mais interna do 
coração, sendo revestido por 
endocardiócitos. Parecido com endotélio 
vascular. Essas células não são permeáveis 
aos nutrientes para alimentar o miocárdio. 
Não passa oxigênio e elas são susceptíveis 
as mesmas alterações que os vasos 
sanguíneos. Como exemplo, com a perda 
do endocardiócito, a resposta do organismo 
será um trombo. 
Em cada célula muscular do coração só 
possuem um ou dos núcleos, no máximo. 
Células do musculo estriado podem ter até 
doze núcleos e isso é uma vantagem pois a 
célula fica mais longa e se um núcleo sofrer 
uma lesão, os outros núcleos podem 
sobreviver e a célula é reparada. Se a célula 
só possuir um núcleo e este é lesionado, a 
célula morre pois não há reparação. As 
células do musculo cardíaco não fazem 
mitose e caso sofram um dano, vai haver 
uma cicatrização fibrótica. 
[Sistema de Condução 
Elétrico] 
O coração é um órgão autônomo, no sentido 
de ser capaz de produzir sozinho sua 
própria eletricidade/pulso elétrico. Ele 
possui essa autonomia pois o pulso elétrico 
é produzido pelas próprias celulares 
musculares. Um grupo de células se 
transformam em células especificas e são 
capazes de realizar o pulso elétrico. 
 
Na membrana das células do nodo 
sinoatrial, existem uma grande quantidade 
de canais iônicos que movimentam sódio e 
potássio. Quando essas moléculas passam 
umas pelas outras, ocorre átrio e assim, tem 
a produção de energia elétrica e estática. A 
eletricidade só é produzida neste local, mas 
será redistribuída por uma grande 
quantidade de fibras, chamadas de fibras de 
Purkinje. 
O nódulo atrioventricular amplifica o pulso 
elétrico, conduzindo estes pelas fibras de 
Purkinje através do septo interventricular. 
O calibre dessas fibras é alto. O pulso se 
espalha pela parede do coração, fazendo 
com que haja sístole ventricular. 
 
 
 
3 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
[Não lesões ou lesões sem 
significado patológico] 
[ Vasos linfáticos proeminentes → 
Esses vasos são muito espessos e 
grossos em equinos. Muitas vezes é 
identifico como área de necrose, mas 
são linhas brancas. 
[ Cúspide septada da tricúspide de 
cães → Cúspide é uma unidade de 
valva (na bicúspide tem duas cúspides, 
por exemplo). Neste caso, a cúspide 
que fica na parede do septo, nos cães, 
é mais grossa e aderida que o normal. 
Pode ser confundida com endocardiose 
que é uma doença que causa 
engrossamento das válvulas. 
[ Ducto arterioso e forame oval 
persistente em bovinos → Forame 
oval é a estrutura que desvia sangue do 
coração direito diretamente para o 
coração esquerdo. Esse desvio tem que 
existe nos fetos pois o pulmão não está 
pronto para realizar trocas gasosas. 
Isso persiste em até 3 semanas de vida, 
ou seja, se necropsiar o feto/potro será 
um achado normal. 
 
O ducto arterioso vai ligar a artéria aorta a 
artéria pulmonar, sendo mais um desvio. O 
sangue do feto vai sair da circulação 
pulmonar direto para a sistêmica. Até a 
terceira semana esse ducto deve involuir, se 
fechando e se tornando o ligamento 
arterioso. 
 
[ Coágulos lardáceos → São coágulos 
brancos, meio amarelados ou 
translúcidos. Esse tipo de coagulo 
pálido vai acontecer normalmente em 
cavalos e aves. É encontrado muitas 
vezes dentro do coração pelas massas 
de coágulos estarem presentes nos 
cadáveres. Após a morte, com a parada 
da circulação sanguínea, as hemácias 
dessas espécies, por serem muito 
pesadas, acabam sedimentando por 
gravidade antes do coagulo endurecer, 
deixando a fração branca do sangue 
para trás (coagulo sem hemácias fica 
pálido). Em outras espécies é um 
 
 
4 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
achado patológico para anemia pois ela 
causa coagulo lardáceos pela falta de 
hemácias. 
 
 
 
[ Embebição pos morten por 
hemoglobina → Após a morte, as 
hemácias se rompem, sofrem autólise e 
vão liberando hemoglobina e pigmenta. 
Como ela é uma molécula pequena, 
atravessa os vasos e mancha pele e 
tecidos. Os órgãos então, vão ficando 
intensamente vermelhos. 
[ Injeção intracardíaca → O coração as 
vezes pode ser usado como via de 
emergência endovenosa e isso deixará 
lesões. Pode haver lesões 
hemorrágicas ou sangue no pericárdio. 
[ Hemorragias no epicárdio → O 
coração de animais de grande porte 
(como cavalo) tende a sofrer 
hemorragias e isso acontece pelo 
coração deles bater mais forte e 
irregular durante a morte, podendo 
romper pequenos vasos. 
[Resposta a agressões sub-
letais dos miócitos] 
O coração tem o espectro de reações muito 
limitada, principalmente as células 
musculares. Quando elas sofrem uma 
agressão, sofrem algum tipo de 
degeneração antes de entrar em necrose. 
[ Hipertrofia → Um tipo de lesão muito 
comum de se encontrar é a hipertrofia. 
Este é um processo de morte com perda 
de fibras musculares e substituição por 
fibrose. As fibras musculares que 
sobram, sofrem hipertrofia por estar 
fazendo o trabalho das que estão 
faltando. Macroscopicamente, o tecido 
conjuntivo fibroso faz com que o 
coração aumente de tamanho, gerandohá uma 
forma neurológica da doença que é 
extremamente letal, porém rara. Em 
criações mais tecnificadas de cavalos 
(haras), precisa ficar atento para fazer 
 
 
28 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
quarentena de potros que venham de 
outras propriedades para evitar o risco 
de contaminar os outros cavalos. 
 
 Influenza tipo A → Causa rinite 
serosa associada a conjuntivite. O 
animal fica mais debilitado e assim 
como a rinopneumonia afeta animais 
mais jovens e após o animal adquirir 
imunidade, ele não pega novamente. 
Ela é de alto contagio que diminui muito 
a performance do animal como um todo. 
 
 Outros vírus → Rinovírus (resfriado), 
parainfluenza e adenovírus. Vírus que 
também fazem quadro clinico bem 
parecido com esses dois, mas com 
menos patogenia (sem causar aborto e 
conjuntivite). 
Doenças bacterianas: 
 Garrotilho → Está associado a grupos 
de cavalos, a aglomeração. É 
transmitida por secreções oronasais e 
ocorre sobre a forma de surtos após 
grandes eventos (como uma 
cavalgada). O Steptroccocous equi 
causa rinite e sinusite supurativa, com 
bastante produção de pus. O animal 
faz coriza purulenta. Os linfonodos da 
árvore respiratória (submandibulares e 
paratideos) tendem a se tornar grandes 
abscessos. É uma doença autolimitante, 
porém pode fazer um tratamento 
paliativo e antibioticoterapia. O 
garrotilho pode resultar em doenças 
sequelas: doença mórbida que deixa 
sequelas. Uma das sequelas mais 
importantes é o garrotilho bastardo, 
que é uma doença onde há migração da 
bactéria nos pulmões, causando 
abcessos pulmonares e pneumonia 
supurativa. Outra sequela é a 
hemiplegia laríngea que é a paralisia 
da laringe, fazendo com que o animal 
tenha dificuldade respiratória. 
 
 Mormo → Zoonose fatal para o ser 
humano, sendo de notificação 
obrigatória. É uma doença bacteriana 
que pode evoluir de forma aguda e 
rápida (animal morre em menos de uma 
semana) ou pode evoluir de forma 
crônica. Em outros casos, o animal pode 
ser portador assintomático, sendo 
detectado na sorologia. Basta ser 
soropositivo para o animal ter que ser 
abatido. O mormo é causado por uma 
bactéria gram negativa Burkholderia 
mallei, ela causa uma rinite e uma 
pneumonia piogranulomatosa (forma 
granulomas purulentos na cavidade 
nasal e pulmão). Normalmente o animal 
morre de choque séptico. É muito 
comum que os linfonodos sejam 
afetados, se tornando massas palpáveis 
(submandibular ou parotídeo). Ao longo 
do vaso linfático que alimenta o 
linfonodo, encontra-se diversos 
pequenos piogranulomas que se 
formam ao longo do trato linfático. Eles 
formam uma estrutura em cadeia, que é 
palpável. O nome dessa cadeia é lesão 
em conta de rosário. Esse padrão de 
lesão não é exclusivo do mormo, mas é 
muito comum nele. O diagnóstico da 
doença é feito principalmente por testes 
sorológicos, imunológicos e inoculação 
em camundongo. 
 
Doença Etiologia Características 
Rinopneumonia Herpesvírus Rinite serosa, 
potros, 
autolimitante 
 
Influenza 
 
Influenza tipo A 
Rinite serosa, alto 
contágio, 
conjuntivite, idade 
2-3 anos 
 
Outros vírus 
Rinovirus, 
parainfluenza, 
adenovirus 
 
Rinite serosa 
 
 
Garrotilho 
 
 
Streptococcus 
equi spp. 
Rinite e sinusite 
supurativa, 
linfadenite, G. 
bastardo, sequelas 
(hemiplegia 
laríngea) 
 
Mormo 
 
Burkbolderia 
mallei 
Rinite e pneumonia, 
zoonose, linfadenite 
e pneumonia 
piogranulomatosa 
 
 
29 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
 
 Rinotraqueite infecciosa bovina (IBR) 
→ Causada pelo herpervirus bovino tipo 
I. A doença ocorre o ano inteiro, sendo 
endêmica. Em geral, ela afeta animais 
muito jovens até dois anos de idade. 
Depois que o animal se infecta, ele 
adquire certa imunidade contra a 
doença. Em geral, é uma doença 
autolimitante. Os sinais clínicos 
também são brandos, sendo observado 
coriza, espirro, tosse, febre, apatia, mas 
na maior parte das vezes são sinais 
inespecíficos. IBR causa uma rinite 
fibrinosa. Pode ocorrer casos mais 
graves, principalmente em animais 
muito jovens, resultando em traqueíte 
fibrinosa. Outra situação é quando há 
associação com Mannheimia 
haemolytica, que é uma bactéria 
normal da flora do bovino, que quando 
tem oportunidade, causa quadro de 
broncopneumonia extremamente 
grave. 
 
Há também o risco de doenças 
venéria: a IBR causa no bovino 
inflamação da glande e do prepúcio do 
boi e isso se chama balanopostite. Nas 
fêmeas pode causar uma vulvovaginite 
(inflamação da vulva e da vagina). Isso 
inviabiliza qualquer chance de 
procriação durante o período da 
doença, o que causa um grande 
prejuízo econômico. 
 
Na foto abaixo observa-se a traqueia de 
um bezerro com epitélio respiratório 
destruído. 
 
 
 
 
 
 Rinite atrófica → É uma doença 
multifatorial, sendo mais importante em 
criações tecnificadas (muito grandes). 
Os animais presentam tosse e espirro 
constante, além de corrimento nasal 
que pode ser de seroso a 
mucopurulento, dependendo do estado 
da doença. É uma doença infecciosa 
e mórbida, não mata na maior parte das 
vezes, mas que deixa muitas sequelas. 
Uma das sequelas mais importantes é o 
fato dela abrir porta para outras 
doenças mais graves, acometendo o 
plantel inteiro de animais. Como a 
doença evolui? Doença multifatorial que 
vai desde predisposição genética, 
fatores nutricionais (animais 
desnutridos) e ambientais (criados em 
ambientes fechados). A rinite atrófica 
ocorre a partir de infecções respiratórias 
virais (parainfluenza, influenza, 
herpesvirus) que abrem porta para uma 
bactéria da flora normal do trato 
respiratório: Bordetella 
bronchiseptica. A partir disso, ela abre 
porta para outra bactéria que é mais 
agressiva que é a Pasteurella 
multocida. Esta bactéria tem poder 
osteolítico, destruindo osso e 
cartilagem. Tende a causar atrofia e 
deformação de cornetos nasais. 
Clinicamente nesses animais observa-
se dificuldade respiratória, 
emagrecimento, espirro, tosse, 
corrimento nasal infeccioso, obstrução 
de ductos nasolacrimais e com isso, 
lacrimejamento (os animais terão muito 
secreção ocular). 
 
Na foto baixo há quatro cortes 
transversais de focinhos de porcos. No 
lado esquerdo observa os cornetos 
nasais normais e o septo nasal normal, 
já no lado direito observa a atrofia dos 
cornetos nasais. A Pasteurella faz essa 
lise óssea. 
 
 
 
 
 
30 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
 
Nos cães não tem uma doença específica 
do trato respiratório. As doenças abaixo 
podem causar alguma coisa no trato 
respiratório: 
 
 Cinomose → Pode causar uma rinite 
 Adenovírus tipo 1 e 2 → O tipo 2 causa 
hepatite infecciosa canina e o 1 causa 
uma doença respiratória branda. 
 Parainfluenza canina 
 Herpesvirus canino → Não é 
especifico de trato respiratório 
 Bordetella bronchiseptica → Ataca 
traqueia e brônquios 
 Pasteurella multocida → Ataca o trato 
respiratório de transição 
 Escherichia coli → Raro de acontecer 
 Aspergillus spp. e Penicillium spp. 
 Cryptococcus neoformans → Causa 
piogranulomas nasais 
 Rhynosporidium spp. 
 
 
 
 Rinotraqueite viral felina → Incidência 
muito grande principalmente em 
colônias de gatos de rua. Essa doença 
está associada a diminuição de 
imunidade. É caracterizada por uma 
rinite fibrinosa catarral, podendo fazer 
um quadro agudo ou crônico. O gato 
espirra e dá para perceber uma 
quantidade enorme de catarro vindo das 
narinas do animal. Ele também faz uma 
conjuntivite e um quadro febril. Na maior 
parte das vezes é autolimitante. O 
problema é que ela debilita o animal, e 
assim, abre portas pra infecções 
bacterianas, ainda mais em quadros 
mais crônicos. Dessa forma, a 
rinotraqueite derruba as defesas 
imunológicas do animal, ficando 
exposto a doenças secundárias. 
 
 Calicevirose→ Incidência muito alta 
(80% das infecções respiratórios de 
gato são causadas por ela) e 
mortalidade muito alta, fazendo com 
que seja muito importante. Ela causa, 
além de um quadro respiratório 
característico, um quadro bem severo 
como: rinite supurativa (catarral), 
estomatite, conjuntivite. O calicevirus 
é transmitido por secreções oronasal e 
é muito comum ocorrer em colônias de 
animais, gatis. O gato fica 
extremamente debilitado, tendo risco de 
avançar para pneumonia e morte. A 
calicivirose é reconhecida na clínica 
pela gengivite e estomatite, sendo 
importante no diagnóstico. Então a 
diferença da Rinotraqueite felina e da 
calicevirose é que esta última tem o 
acometimento da cavidade oral. 
 
 Clamidiose → Bactéria gram positiva 
que causa rinite purulenta e conjuntivite. 
A clamidiose começa por uma 
conjuntivite e não pela rinite, o que 
difere das demais. Infecção bacteriana e 
pode evoluir para pneumonia por 
clamídia, principalmente em animais 
imunodepressivos, como animais com 
FIV e Felv. Isso pode evoluir para 
choque séptico. O padrão que a 
clamídia possui é pneumonia 
supurativa, logo, observa-se atelectasia 
crânio-ventral associada a possível 
formação de abcessos do parênquima 
pulmonar. 
 
Muito comum nessas três doenças haver 
quadros de inflamação da córnea: seratite, 
podendo evoluir para seratomalacia 
(necrose da córnea). Isso resulta em 
cicatrização fibrótica na córnea, perdendo a 
visão. 
 
 Micoplasma → Mycoplasma felis é 
uma bactéria oportunista normal da flora 
bacteriana dos gatos. Ele infecta em 
situações de imunossupressões, 
levando a um quadro de pneumonia 
supurativa. Essa situação pode evoluir 
para um choque séptico. 
 
 Infecções fúngicas → Criptococose e 
Esporotricose. Ambas doenças são 
causadas geralmente por 
arranhaduras. Observa-se uma rinite 
piogranulomatosa, normalmente eles se 
rompem e se tornam grandes úlceras. 
Na criptococose o exsudato é mais 
leitoso e na esporotricose há um catarro 
sanguinolento. 
[Anomalias congênitas] 
 
 
 
31 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Síndrome respiratória dos cães 
Braquicefálicos → Três alterações 
congênitas sendo: atrofia de narina, 
atrofia e displasia de cornetos nasais 
(não consegue filtrar e aquecer 
adequadamente o ar) e palato mole 
alongado. 
 
Esses cães acabam fazendo uma rinite 
crônica e isso leva a produção de 
catarro que acaba sendo deglutido pelo 
animal constantemente. Na laringe há 
um orifício chamado trompa de 
eustáquio (canal que liga laringe ao 
ouvido médio), esse catarro acaba indo 
para essa trompa e sobe, causando 
infecção no ouvido médio (por conta 
das bactérias do catarro). Então é 
comum que esses animais com catarro 
crônico desenvolvam otite media. 
 
 
 
O palato mole alongado toca a epiglote, 
dificultando a abertura da mesma. 
Esses animais acabam fazendo muita 
dispneia. 
 
Essas 3 lesões juntas contribuem e 
muito para o animal respirar muito mal, 
pois ele oxigena pouco sangue. 
Geralmente esse animal que oxigena 
pouco sangue, faz com que o fluxo 
cardíaco seja acelerado para poder 
propiciar uma rápida oxigenação. Então, 
é muito comum esses animais, com o 
tempo, desenvolverem cardiopatias. 
 
 Epiglote hipoplásica → A epiglote na 
hora da respiração está aberta 
juntamente com as cartilagens cricóides 
e aritenóides. Quando o animal vai 
engolir ela se fecha. Se o animal não 
tem epiglote (hipoplásica) ou ela está 
parcialmente funcional, isso é 
praticamente incompatível com a vida. 
Dificilmente o animal vai sobreviver a 
uma condição como essa. 
 
 
 Hipoplasia ou agenesia traqueal → 
Traqueia não foi completamente 
formada. 
 
 Colapso ou estenose traqueal → 
Processo no qual a traqueia se fecha e 
isso ocorre devido à falta de calcificação 
dos anéis traqueias. É uma animália 
congênita. Os sinais clínicos são 
observados desde muito cedo, sendo 
caracterizado por tosse quando o 
animal está eufórico. 
 
 
[Doenças degenerativas] 
 
 Hemiplegia laríngea → É muito 
observada em cavalos e pode ser 
consequência do garrotilho, mas outras 
doenças inflamatórias crônicas e até 
situações idiopáticas podem resultar 
nessa situação. É uma paralisia parcial 
da cartilagem cricoaritenóide, que 
são as cartilagens que se fecham 
durante a deglutição. Acomete mais os 
cavalos por questões anatômicas. 
Ocorre uma perda de tônus da 
cartilagem cricoaritenóide e isso ocorre 
com mais frequência do lado esquerdo. 
Isso faz com que ela não se feche. 
Durante a respiração, elas se fecham 
junto com a epiglote, se há uma falha de 
fechamento, há o risco de falsa via e faz 
um sinal clinico muito característico: 
ronco respiratório. Quem movimenta 
as cartilagens cricoaritenóide é o 
 
 
32 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
músculo adutor abdutor da 
cricoaritenóide. Ele é comandado pelo 
nervo laríngeo recorrente, e perto dele 
há um linfonodo retofaríngeo. No 
garrotilho ou outra doença há um 
aumento do volume do linfonodo: 
linfoadenomegalia. Isso leva a 
compreensão do nervo e isso resulta em 
necrose isquêmica do nervo laríngeo 
recorrente. Por isso, esse musculo 
perde estimulo neurológico e a 
cartilagem se torna paralisada, o 
musculo atrofia. Clinicamente, o animal 
ronca muito quando respira e então 
essa doença é chamada de síndrome 
do cavalo roncador pois a sua 
capacidade respiratória piora muito e 
perde performance. Se for um cavalo 
atleta, vai diminuir capacidade. 
[Inflamações] 
 
 Bolsa gutural → É uma cavidade no 
subcutâneo logo atrás da bochecha do 
cavalo. É um resquício, não tem mais 
funcionalidade. O problema é que pode 
haver acúmulo de alimento dentro 
dessa bolsa gutural, se tornando meio 
de cultura para bactérias. Quando 
ocorre uma inflamação, e quando tem 
acumulo de pus, chamamos de 
Empiema de bolsa gutural. O 
problema do empiema de bolsa gutural 
com pus ou granulomatosa, é a 
proximidade dos vasos (carótida e 
jugular) que pode causar uma vasculite. 
 
 
 
Na foto abaixo há a bolsa gutural de um 
cavalo e há tecido de granulação devido 
a um processo inflamatório infeccioso. 
O risco é de afetar os grandes vasos, 
levar a formação de trombos, etc. 
 
 
 
 Tosse dos canis → Infecção em canis 
normalmente associado a aglomeração 
de cães. Ocorre em animais muito 
jovens ou idosos, relacionado a 
imunidade. Inicialmente corre pela 
infecção de vírus que abre porta para 
bactérias da própria flora do trato 
respiratório: parainfluenza e adenovírus 
tipo 2. Podem causar quadros de 
rinite. A infecção secundaria por 
Bordetella bronchiseptica pode 
causar rinite supurativa, traqueíte e 
bronquite (maior parte das vezes). O 
animal faz uma tosse produtiva com 
bastante catarro, um pouco de febre e 
coriza mucopurulenta. O animal nesse 
período acaba ficando debilitado, porém 
a doença é autolimitante. Essa doença 
é importante pois ocorre no cão jovem e 
estes de até 6 meses de idade, ainda 
está sendo cumprido o protocolo vacinal 
contra outras doenças e se ele adoecer, 
essa vacinação fica interrompida. Com 
isso, se cria janelas imunológicas para 
 
 
33 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
outras doenças como a cinomose, a 
parvovirose. 
 
 
 
[vulnerabilidades do sistema 
respiratório] 
 
Na via aerógena o pulmão é sensível a 
micróbios, gases tóxicos (amônia e cianeto), 
vapores quentes e partículas diversas, 
como poeira. Já a via hematógena pode ser 
sensível a micróbios, toxinas e embolias. O 
pulmão também é vulnerável por via de 
extensão de lesões torácicas (paciente 
sofre fratura de costela e isso perfura o 
pulmão). Além disso, o pulmão pode ser 
vulnerável a própria flora normal do 
sistema respiratório: Pasteurella, 
Bordetella. 
 
 
[Mecanismos de defesa] 
 
Há diversos mecanismos de defesas no 
sistema respiratório como: 
 
 Sistema de condução (brônquios) → 
Limpezamucociliar (bate o muco para 
fora), anticorpos, lisozimas (enzimas 
que destroem bactérias) e muco. 
 
 Sistema Transicional (bronquíolos) → 
Células especiais (células claras que 
produzem substancias oxidantes), 
lisozimas antibacterianas e anticorpos 
específicos igE. Não produz muco no 
bronquíolo pois pelo tamanho, pode 
obstruir o bronquíolo. 
 
 
34 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
 Sistema de Troca (alvéolos) → 
Macrófagos alveolares e intravasculares 
(macrófagos que saem da corrente 
sanguínea e combatem na luz do 
alvéolo), anticorpos específicos, 
surfactante (substância produzida pelos 
pneumócitos que impede que o alvéolo 
colabe) e antioxidantes. 
[Anomalias congênitas] 
As anomalias congênitas do trato 
respiratório são raras na maioria das 
espécies e, na maioria das vezes, 
incompatíveis com a vida. Algumas podem 
ser pouco diagnosticadas. 
 Lobos pulmonares acessórios → 
Possui tendência a infeccionar mais 
frequentemente, o animal pode fazer 
pneumonia redicivante pelo lobo 
acessório. 
 
 Agenesia pulmonar → Anomalia 
congênita extremamente rara, 
caracterizada pela ausência completa 
de parênquima pulmonar, brônquios e 
vasos pulmonares, unilateral ou 
bilateral, parcial ou completa. 
 
 Discinesia ciliar → São cílios do 
epitélio respiratório que não se 
movimentam. Esse indivíduo acumula 
muco nos brônquios e bronquíolos, 
podendo levar a obstrução dos 
brônquios. O movimento dos cílios é 
perdido pois esses indivíduos nascem 
com uma deficiência na produção do 
carboidrato frutose, e esta tem a função 
de ceder energia para todos cílios que 
se movimentam, como os do sistema 
respiratório. A cauda do 
espermatozoide também é afetada por 
essa condição, tornando assim, os 
machos inférteis. 
 
 Enfisema pulmonar → Caracterizado 
pelo surgimento de grandes bolhas de 
ar. A parede dos alvéolos se rompe, 
gerando essas bolhas de ar. Isso 
dificulta a troca gasosa. 
 
 
 
 Hamartoma → É um tumor vascular 
não neoplásico que surge no pulmão, 
podendo surgir também em outros 
tecidos. 
 
 
Na imagem acima, há uma necropsia de 
um ovino, podendo ser observado um 
Hamartoma. 
 
 
 
35 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Bronquiectasia → Brônquios dilatados. 
Há aumento permanente de partes das 
vias aéreas do pulmão. 
 
 
Na segunda foto, observa-se o fragmento de 
pulmão de uma criança que possui uma 
Bronquiectasia congênita generalizada. O 
pulmão perde parênquima para os 
brônquios, que estão extremamente 
dilatados, perdendo a função de troca 
gasosa. A Bronquiectasia pode ser 
congênita ou adquirida. 
 Melanose → Pigmentação dos tecidos 
do pulmão 
 
[Distúrbios Metabólicos] 
 
A calcificação ou calcinose pulmonar pode 
ocorrer em duas situações: calcificação 
distrófica (ocorre quando um tecido sofre 
necrose e isso atrai sais de cálcio para a 
área necrótica) ou calcificação 
metastática (ocorre primordialmente em 
estados de hipercalcemia). 
 
Quais situações de hipercalcemia? 
 Intoxicação por vitamina D → A 
vitamina D tem poder de captar o cálcio 
intestinal, fazendo com que o cálcio se 
deposite nos órgãos. 
 
 Intoxicação por plantas com 
substâncias análogas a vitamina D → 
como a Solanum malacoxylon e 
Nierembergia veicht. 
 
 
 
 Uremia → O cálcio no sangue mantém 
o equilíbrio de pela equação: 2 mol de 
cálcio para 1 mol de fosforo, que é o 
equilíbrio molecular sanguíneo do 
cálcio. Quem mantém esse equilíbrio é 
a paratireoide, que para isso, tem que 
mexer no cálcio, removendo ou 
colocando cálcio nos ossos. O rim 
precisa estar o tempo todo controlando 
os níveis de fósforo e excretando-o. Se 
o rim está lesionado, os níveis de 
fósforo vão começar a subir e a 
paratireoide para equilibrar essa 
equação, tira o cálcio dos ossos com 
o seu hormônio e equilibra a equação, 
mas com isso fico com um estado 
hipercalcêmico que começa a se 
depositar nos tecidos. 
 
 Hiperadrecorticismo → Doença que 
aumenta a produção de cortisol e este 
consome as reservas energéticas do 
corpo. Através de um processo 
chamado gliconeogênese ele passa a 
transformar proteína em glicose. Então 
tudo que é proteína no organismo, 
passa a ser consumida pelo cortisol. As 
fibras de proteína como colágeno e 
músculo, quando são consumidas, 
expõem do seu interior cargas 
eletricamente negativas que estavam 
escondidas. Essa carga eletricamente 
 
 
36 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
negativa atrai o cálcio positivo que está 
na corrente sanguínea. 
 
 Necrose pulmonar 
[Anormalidades do 
Insulflamento] 
 
1) Atelectasias 
Quando o pulmão não insufla, ele colaba. 
Esse processo de colabamento do pulmão 
se chama atelectasia. Há atelectasia 
congênita e adquirida. 
As causas da atelectasia congênita podem 
ser: 
 Por fluido amniótico → Não é algo que 
ocorre normalmente no útero. O feto 
acaba aspirando fluido amniótico, 
que é o liquido placentário que envolve 
o feto. O pulmão do feto é incompetente, 
não havendo grande quantidade de 
fluido. Em partos distócitos ocorre isso. 
Durante a passagem do feto, o tórax é 
massageado pela musculatura pubiana 
da mãe, fazendo com que o feto exerça 
seus primeiros movimentos 
respiratórios. Se o feto não progride, 
isso ocorrerá dentro da placenta e ele 
pode aspirar esse fluido. 
 
 Inspiração do mecônio → O mecônio 
são as fezes do recém-nascido, que 
possui aspecto viscoso e enegrecido. O 
que estimula o feto a defecar? A 
massagem no abdômen. Se o parto é 
difícil e o feto fica preso no canal 
vaginal, a massagem vai acontecer e o 
filhote pode ainda liberar mecônio 
dentro da bolsa placentária, fazendo 
com que seja inalado. Quando inalado, 
ele faz uma pneumonia química no 
feto. É muito mais grave que a inalação 
do fluido. 
 
 Deficiência na produção de 
surfactante → Surfactante é uma 
substância que impede que a superfície 
dos alvéolos se grude durante o 
colabamento. 
 
Na foto acima, observa-se um pulmão de um 
leitão neonato natimorto. A área de 
coloração escura é a área de atelectasia. 
As áreas pálidas são áreas em que o ar 
entrou e inflou. Na maior parte do pulmão 
ele não conseguiu inflar, provavelmente os 
brônquios estavam obstruídos pelo líquido 
amniótico, mecônio ou não produzia 
surfactante. 
Atelectasia adquirida: 
 Compreensão → Ocorrem por 
compressão. Por exemplo, quando há 
um tumor que vai crescendo e vai 
comprimindo o parênquima adjacente, 
que vai sofrer atelectasia por 
compreensão. Isso pode acontecer com 
tumores, abscessos, timpanismo (se 
o rúmen sofre timpanismo gasoso e 
incha, ele vai comprimir o diafragma e o 
lobo caudal pulmonar), hidrotórax (se o 
tórax está repleto de liquido/edema, vai 
haver compressão do pulmão, 
impedindo que ele infle), hemotórax, 
quilotórax, empiema torácico e 
pneumotórax (ar). 
 
 Obstrutiva → Ocorrem, pois, a árvore 
bronquial e até a própria artéria foram 
obstruídos por algum motivo. Por 
exemplo, paciente com bronquite 
fibrinosa e em um brônquio ocorreu a 
formação de uma rolha de fibrina (a 
rolha pode ser por fibrina, pus, catarro, 
edema, exsudatos, corpos estranhos 
e parasitas) e isso impede que o ar 
chegue nas porções que são atendidas 
por aquele brônquio e toda essa região 
 
 
37 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
sofre atelectasia. Isso é observado em 
toda broncopneumonia. 
 
Na foto acima, observa-se um pulmão 
colabado completamente. Ocorreu durante 
um processo anestésico, no qual o animal 
foi pouco ventilado. 
 
Observa-se na imagem uma necropsia de 
bovino em que no pulmão há uma grande 
área de atelectasia ventral associado a 
inflamação. Imagem característica de 
pneumonia,uma área do pulmão colabada. 
 
Na foto acima, há a caixa torácica de um 
filhote de suíno, observa-se o pulmão 
completamente colabado. O filhote foi 
atacado por cães e houve laceração de 
gradil costal, houve um pneumotórax 
resultando em atelectasia massiva do 
pulmão. 
 
Observa-se uma imagem de necropsia de 
um gato. O gato foi atropelado e teve ruptura 
completa do diafragma e o intestino migrou 
para dentro da caixa torácica, comprimindo 
o parênquima pulmonar: hérnia 
diafragmática traumática. No raio X 
observa-se os cortes das alças intestinais no 
tórax. 
 
Na foto acima, há uma atelectasia neonatal 
em lhama. É normal ter enfisema junto a 
atelectasia. Enfisema é quando o ar não 
consegue penetrar em certa região e ele 
acaba entrando de forma muito brusca em 
áreas onde ele consegue entrar, os 
brônquios rompem e deixam bolhas de ar 
no pulmão. 
Outras possíveis causas de atelectasia: 
 Animal que fica em decúbito 
prolongado → O peso do pulmão 
acaba impedindo o insuflamento. É por 
isso que é necessário trocar o decúbito 
do paciente constantemente. 
 
 Atelectasia pela paralisia de 
músculos respiratórios → O tétano 
pode causar uma paralisia rígida da 
musculatura e o animal morre, pois, a 
paralisia atinge a musculatura 
intercostal e o diafragma. Botulismo 
 
 
38 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
também pode causar atelectasia 
através da toxina pois ela causa 
paralisia flácida. Além disso, o curare é 
uma toxina encontrada em um sapo 
amazônico que os índios usam para 
caçar. Utilizam suas flechas e colocam 
a toxina do curare para que a vítima 
fique paralisa. 
 
2) Enfisemas 
O enfisema pulmonar é uma doença 
obstrutiva crônica, resultado de alterações 
na estrutura do pulmão, que causa perda da 
superfície respiratória. Os bronquíolos 
rompem e deixam bolhas de ar no pulmão. 
Só há forma primária de enfisema em 
fumantes ativos. Em animais, só observa 
enfisema de forma secundária. Em 
condições de: atelectasia, agonia ante 
mortem (dispneia excessiva antes da 
morte) e broncopneumonias. 
O enfisema pode ser alveolar, quando os 
alvéolos se rompem, ou intersticial quando 
se acumula no interstício (pode ser 
chamado de bolhoso). 
 
 
Nas duas fotos acima, observa-se um corte 
histológico de pulmão. Na primeira foto, há 
o corte histológico de pulmão saudável e na 
segunda há pulmão de fumante (com 
enfisema): pigmento de carvão impregna na 
parede dos alvéolos e isso endurece a 
parede alveolar. Quando o pulmão infla, ele 
rompe alvéolos pela parede estar 
endurecida. Aos poucos, vai perdendo 
capacidade respiratória. 
 
Nessa foto acima, há enfisema nas bordas 
do pulmão, que ocorre bastante. É em alto 
relevo e pálido. As bordas são muito finas 
então quando o ar entra, ele rompe 
facilmente os alvéolos, fazendo das bordas 
uma região mais frequentemente afetada. 
 
Na foto acima há um pulmão de um equino 
asmático, tendo uma doença pulmonar 
crônica. Ele sofre de fibrose pulmonar. 
Essa é uma condição que acaba resultando 
em enfisema muito frequentemente. 
[Distúrbios Circulatórios] 
 
 Hiperemia e congestão → Condição 
na qual ocorre vasodilatação e 
aumento do fluxo sanguíneo para o 
pulmão. A pressão hidrostática dentro 
dos capilares pulmonares aumenta 
muito. Para o pulmão trocar gás, é 
necessário haver uma pressão muito 
 
 
39 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
equilibrada. Com a pressão alta 
demais, a troca gasosa fica muito 
rápida e o indivíduo perde CO com 
muita rapidez, acaba entrando numa 
condição chamada de alcalose 
respiratória. Se a pressão estiver 
baixa esse indivíduo tem dificuldade 
para eliminar monóxido e captar 
oxigênio, o animal entra em hipóxia e 
sofre de acidose respiratória. Nosso 
corpo produz uma quantidade muito 
grande de CO e hidrogênio, essa 
combinação leva a formação do ácido 
carbônico. Para evitar que ele se forme 
em grande quantidade, precisa eliminar 
o monóxido. Se não houver a troca 
adequada, vai haver acúmulo de ácido 
carbônico na corrente sanguínea. Por 
outro lado, se a pressão arterial no 
pulmão estiver alta, o monóxido vai ser 
eliminado em grande quantidade e vai 
haver pouco monóxido para formar o 
ácido e o sangue ficará básico. 
 
 Cor pulmonale → Doença primária do 
pulmão que afeta o coração direito. O 
coração direito encontra uma 
resistência periférica do pulmão, 
ocorrendo uma pós carga. Com isso, 
ocorre hipertrofia dilatada excêntrica. 
 
 Células da falha cardíaca → São 
macrófagos que fagocitam hemácias 
danificadas. Um paciente que tenha 
uma cardiopatia crônica de coração 
esquerdo, isso dificulta o trabalho de 
retorno venoso do pulmão para o 
coração esquerdo. O pulmão ficará 
hipertenso, cheio de hemácias tentando 
retornar para o coração e encontrando 
uma incapacidade. O pulmão fica 
congesto e sempre que há congestão, 
as hemácias se encostam e se 
danificam, e passam a ser removidas 
pelos macrófagos. Quando há 
macrófagos repletos de hemácias 
dentro, chama-se de células da falha 
cardíaca. É uma lesão patognomônica 
para essa condição de cardiopatia 
crônica. 
 
 
 Congestão hipostática → Congestão 
causada pelo peso de um antímero 
pulmonar sobre o outro em posições 
de decúbito. O decúbito faz com que o 
peso de um pulmão sobre o outro fique 
congesto. 
 
 Hemorragia pulmonar → Pode ser 
causado por traumas, coagulopatias, 
tromboembolismo pulmonar, CID, 
vasculite, sepse, ruptura de abscessos 
na tuberculose, exercícios de cavalos 
de corrida (respiram tão forte que 
podem romper pequenos vasos do 
pulmão, sem importância patológica). 
[Bronquites] 
 
 
 
 
40 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
A bronquite é a inflamação dos brônquios, 
essa é caracterizada por uma tosse 
produtiva com grande quantidade de 
catarro. A tosse produtiva é alta que pela 
ausculta é possível ouvir crepitações. Os 
brônquios respondem muito aos processos 
inflamatórios com produção de muco e esse 
muco quando em contato de fibrina forma o 
catarro. Pode-se classificar em: 
 Bronquite fibrinosa → Quando se 
observa moldes, placas, franjas ou tiras 
de fibrina sobre o formato de rolhas de 
brônquios. O indivíduo tosse e acaba 
expelindo na forma de catarro. Com o 
tempo acumula muito muco e a 
bronquite pode evoluir para catarral, um 
catarro mais elástico. 
 
 Bronquite purulenta → É muito 
comum a evolução para infecção 
bacteriana secundária. Bactérias que 
fazem metabolismo aeróbio é comum 
uma bronquite purulenta e bactérias 
que fazem metabolismo anaeróbio é 
comum ter uma inflamação fibrinosa. 
Existem bactérias que fazem 
metabolismo anaeróbio e aeróbio então 
elas variam o perfil de inflamação. 
 
 Bronquite fibrino-necrótica → Se vê 
um tecido sofrendo necrose e sendo 
recoberto por crostas de fibrina. São 
alguns tipos de bactérias, normalmente 
enterobactérias, que quando alcançam 
o trato respiratório induzem esse 
padrão. 
 
 Bronquites granulomatosas → Ocorre 
por infecção por fungos, corpos 
estranhos, algumas bactérias especiais 
(tuberculose) e tendem a causar esse 
quadro granulomatoso. 
 
Quando um brônquio sofre lesão a 
tendência é que ele se regenere sobre a 
forma de metaplasia escamosa. As células 
que são colunares, originalmente, elas 
passam a se replicar na forma de escamas 
para tentar fechar o mais rápido possível a 
área de lesão. Dessa forma, havendo 
metaplasia escamosa, ocorre perda do 
epitélio muco-ciliar, por isso observa-se a 
tosse produtiva, com bastante catarro (pois 
é a única forma de expelir o muco). 
Clinicamente a característica marcante nas 
bronquites é a tosse crepitante e o estertor 
bolhoso na ausculta. 
Como consequência dos processos 
inflamatórioscrônicos, o brônquio sofre uma 
dilatação com perda de parede, ocorrendo a 
bronquiectasia. O problema é que com ela, 
forma-se um buraco no pulmão cheio de 
catarro, pus, bactéria, etc. Logo, há uma 
grande chance da bronquiectasia se tornar 
um abcesso pulmonar. 
[Bronquiolites] 
 
Uma bronquite pode evoluir para uma 
bronquiolite. O bronquíolo é uma estrutura 
muito pequena e somente patógenos muito 
pequenos chegam nos bronquíolos, como: 
os vírus, gases oxidantes e outras 
substancias tóxicas. 
Bronquíolos não podem produzir muco pois 
eles sofreriam rapidamente obstrução. 
Como acontece de o muco chegar ao 
bronquíolo? A partir de uma bronquite. 
Uma bronquite pode virar uma bronquiolite 
porque o catarro ou muco produzido no 
brônquio, segue para o bronquíolo. Assim, 
tem-se uma obstrução de bronquíolo, que é 
um processo grave. Quando o bronquíolo é 
obstruído tem-se uma dispneia inspiratória. 
Clinicamente a bronquiolite terá uma 
dispneia inspiratória, uma tosse baixa 
não produtiva e um sibilo respiratório. 
 Bronquiolite necrotizante → Alguns 
agentes como gases oxidantes, 
substancias toxicas e vírus podem 
induzir necrose. 
 
 Bronquiolite supurativa → Quando já 
há infecção secundária por bactérias. 
Por exemplo, começa com uma 
bronquite supurativa e evolui para uma 
bronquiolites supurativas. 
 
 Granulomatosas → Quando há 
formação de granulomas, geralmente 
em agentes fúngicos, mas é difícil os 
 
 
41 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
fungos chegaram lá. Normalmente 
ocorre por extensão por conta do 
brônquio. 
O bronquíolo tem uma capacidade muito 
limitada de regeneração. Se ele sofrer 
necrose, o epitélio não se regenera. Então, 
se isso acontecer, ele sofre fibrose e perda 
da passagem do ar por ali. Logo, tem que 
evitar sempre que uma bronquite evolua 
para uma bronquiolite. 
Geralmente ele responde processos 
inflamatórios pelo acúmulo de macrófagos e 
fagócitos na região e isso é um problema 
pois quando há resposta baseada em 
macrófagos se libera pelos próprios 
macrófagos fator de necrose tecidual ou 
tumoral. Normalmente isso ocorre em 
processos mais crônicos. 
Como exemplo de bronquiolite importante 
em Veterinária → DPOC dos equinos. Essa 
é uma doença alérgica idêntica à asma em 
seres humanos. É uma doença causada por 
agentes alergênicos como pólen, mofo, 
poeira, etc. ou seja, é uma doença sazonal 
que ocorre em determinados períodos do 
ano pois mofo e poeira ocorrem 
principalmente no verão. Ocorre processo 
inflamatório de brônquios e bronquíolos. 
 
Na imagem acima, tem-se um pulmão de 
equino que apresenta uma evidenciação 
do padrão bronquial (lesão). Observa-se 
paredes grossas e de aspecto edematoso. 
Radiologista chamada de ‘’donuts’’, que 
são brônquios com paredes edematosas. 
 
Na imagem visualiza-se em nível 
microscópico observando bronquíolos 
obstruídos por catarro (muco + células 
inflamatórias + fibrina). Por isso o animal 
tem dificuldade para respirar pois não há 
quem bata esse catarro para fora. 
Na DPOC ocorre → Bronquíolos obstruídos 
por catarro, grande quantidade de células 
inflamatórias ao redor do bronquíolo e o 
animal asfixiando. Como trata uma 
bronquiolite? Corticoide, mucolítico e 
broncodilatador. 
[Pneumonias] 
 
É a inflamação dos alvéolos, ou seja, uma 
alveolite. Muitas vezes associada a uma 
broncopneumonia. Começa se 
manifestando como bronquite, depois 
bronquiolite e de lá para o alvéolo, se 
manifestando como uma pneumonia. 
 
Os alvéolos são revestidos por dois grupos 
de células diferentes: pneumócito tipo I 
(célula que troca o gás) e pneumócito tipo 
II (não troca gás). 
O pneumócito tipo I é extremamente 
sensível as agressões e quando ele morre, 
não se repara por mitose, sendo 
substituído por um pneumócito do tipo II. 
Assim, vai haver perda da capacidade 
respiratória. À medida que se tem quadros 
inflamatórios pulmonares, perde-se 
 
 
42 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
pneumócitos do tipo I, ou seja, vai perdendo 
gradativamente a capacidade de troca 
gasosa. 
O pneumócito tipo II é resistente as 
agressões e quando substitui o tipo I, sofre 
mitose. Além disso, o pneumócito tipo II 
produz surfactante. 
 
Pneumócito tipo II é maior e I menor e bem 
fina. Os vasos sanguíneos que passam 
pelas paredes dos alvéolos são ligados aos 
pneumócitos, por isso a troca gasosa 
ocorre muito rápido. O ponto negativo disso 
é que em uma pneumonia, facilmente vai 
haver comprometimento pela corrente 
sanguínea. Além disso, pode acontecer o 
contrário: agentes agressores virais ou 
tóxicos que cheguem pelo sangue, podem 
atingir os pneumócitos. Essa íntima ligação 
entre os vasos e pneumócitos por um lado é 
ruim pois torna o pulmão mais vulnerável. 
 
Os processos pneumônicos serão 
classificados de acordo com: 
 
 Textura do pulmão 
 Distribuição das lesões 
 Aparência 
 Exsudato 
 
 Broncopneumonia Supurativa 
Broncopneumonias são processos que 
ocorrem a partir do brônquio até os 
alvéolos, por isso toda broncopneumonia é 
de origem aerógena (patógeno causador 
chega por via aerógena). Geralmente as 
broncopneumonias são supurativas, por 
isso de origem bacterianas. Os vírus 
tendem a causar um quadro mais 
disseminado, que não fica apenas em 
brônquio e alvéolos, tende a atingir um 
pulmão como um todo. 
Os pulmões de quadrúpedes são afetados 
de forma diferente quando comparado com 
o pulmão de bípedes. O pulmão de 
quadrúpedes quando o ar contaminado por 
patógenos chega pela traqueia, ele 
turbilhona primeiro no bronco cranial, por 
isso as broncopneumonias em quadrúpedes 
ocorrem primordialmente na região crânio 
ventral. O lobo cranial é o local onde esses 
patógenos chegam primeiro e se 
estabelecem ali. Nessa posição o brônquio 
obstruído por catarro, pus, fibrina não 
permite a passagem do ar e essa porção 
dos alvéolos colaba (atelectasia). Toda 
broncopneumonia de quadrúpede é cranial. 
Já em bípedes o ar turbilhona nos lobos 
dorsais e caudais, sendo as pneumonias 
dorsoventrais. 
Esse brônquio com o tempo, no caso da 
broncopneumonia supurativa, vai virar um 
abscesso cheio de pus associados aos 
brônquios, com exsudato purulento e pus 
que pode fluir por tosse e narina. É causado 
por bactérias aerógenas, que produzem 
pus. Vai virar uma bronquiectasia, 
dilatação do brônquio e ele perde a 
capacidade de eliminar esse muco e ainda 
tem infecção bacteriana e abcessos cheios 
de pus. 
O padrão de exsudato varia de acordo com 
agentes: bactérias que fazem aeróbico 
geram uma inflamação supurativa, e 
anaeróbico geram fibrinosa. A textura é 
firme. 
Exemplos de doenças → Pneumonia 
enzoótica 
Sequelas → Formação de abcessos, 
aderências, bronquiectasias. 
 Broncopneumonia fibrinosa 
O que muda em relação a Supurativa é o 
exsudato e textura. A textura é mais dura, 
consistência elástica por conta da fibrina. Na 
broncopneumonia fibrinosa não há 
presença de pus. Algumas bactérias e 
vírus tendem a induzir a produção de fibrina 
ao invés de pus. Quando corta é comum 
 
 
43 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
observar plugues de fibrinas, se 
adaptando ao formato do brônquio. Pode 
não ter exsudato visível ou pode ter bastante 
exsudato. 
Exemplos de doenças → Pasteurelose e 
Manheimiose. 
Sequelas → Aderências e hiperplasia do 
sistema linfóide (vários linfócitos que ficam 
ao redor do brônquio). 
 
Na foto, observa-se um pulmão de um leitão 
que foi acometido por Bordatella 
bronchiseptica, dá para ver que até a 
região dorsal foi afetada, mas 
principalmente a ventral. É uma 
broncopneumonia, mas não dá para ver o 
exsudato então não dá para dizer se é 
supurativa ou fibrinosa. A área vermelha 
escuraé a área de atelectasia. 
 
Nessa foto, vê-se um pulmão de bezerro 
com área grande de atelectasia (quando 
palpa tem aspecto elástico). 
 
Na foto observa-se essa massa amarela, 
que é fibrina que mina do pulmão e está 
sofrendo uma grande área de 
broncopneumonia fibrinosa. Essa foto é 
um pulmão de bovino, infecção bacteriana 
por Manheimia haemolytica. Pode causar 
aderências no pericárdio, na pleura, na 
cavidade torácica. 
 
Na foto acima tem-se uma 
broncopneumonia por aspiração. Esse é 
um pulmão de equino, e a extensão do 
processo cranioventral vai até quase ao lobo 
dorsal. O animal aspirou algum conteúdo. 
Isso é muito comum de acontecer quando 
um animal amamenta um recém-nascido. 
 
Na foto acima, na região cranioventral 
observa-se áreas de atelectasia 
associadas a áreas de enfisema. Se o ar 
não consegue entrar no brônquio pois ele 
 
 
44 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
está obstruído, ele então acaba entrando 
com tudo onde não está obstruído e essa 
força acaba rompendo alvéolos e vão se 
formar bolhas de ar, o que configura um 
enfisema. Sempre que ocorrer uma 
atelectasia, associado a ela terá um 
enfisema. 
 
Nessa foto acima, a fibrina já aparece em 
forma de plugs, dentro do pulmão e causam 
a obstrução completa do pulmão. 
 Pneumonia Intersticial 
Frequentemente causada por infecções 
virais. As vias de infecções mais comuns 
são aerógenas e hematógenas. A 
localização é difusa por todo o pulmão. 
Caracteristicamente o pulmão incha. 
Possui grande quantidade de edema 
pulmonar no interior (exsudato não visível). 
Exemplos de doenças → Doenças virais 
como a influenza, alveolite alérgicas ou 
toxicas. 
Sequelas → Edema, enfisema, fibrose. 
 
Na foto acima há um pulmão de equino 
inchado pela pneumonia intersticial. Ele 
incha tanto que os sulcos das costelas ficam 
impressas no parênquima pulmonar. Se 
cortar o pulmão, terá edema no pulmão. 
 
Na foto acima há brônquios bem 
evidentes pois os vírus começam pelos 
brônquios e depois se espalham pelo 
interstício. Não vai haver padrão crânio 
ventral causado por vírus, por isso não é 
classificado como broncopneumonia. 
 
Na foto acima há um pulmão inchado, porém 
há um padrão crânio ventral. Isso ocorreu 
porque teve interação entre bactérias e 
vírus, isso é chamado de 
broncopneumonia intersticial. 
 
Na foto acima há novamente uma 
broncopneumonia intersticial. Atelectasia 
crânio ventral com pulmão inchado 
 
 
45 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Pneumonia granulomatosa 
É aleatória no pulmão, podendo acontecer 
em qualquer região dele. Pode ocorrer por 
via aerógena ou hematógena. Textura 
nodular ou tumoral e dentro das massas de 
granulomas vai haver piogranulomas 
(massa sólida por onde drena pus), 
caseoso, necrose e calcificação. 
Exemplos de doenças → Tuberculose, 
doenças fúngicas, migração errática de 
parasitas 
Sequelas → Disseminação linfática: uma 
tuberculose pode se disseminar por vários 
tecidos pois o pulmão é repleto por vasos 
linfáticos. 
 
Na foto acima há um pulmão de suíno com 
linfonodo mediastinico tumoral. É uma 
tuberculose em suíno, quando corta com a 
faca ela ‘’range’’, como se tivesse areia 
(aspecto de queijo ricota) pois a lesão sofre 
calcificação com o tempo. 
 
Na foto acima há áreas necróticas com 
aspecto de ‘’queijo ricota’’ no pulmão de um 
cavalo, caracterizando pneumonia 
granulomatosa. É um caso de pneumonia 
por bactéria em cavalos, causada por 
Rhodococcus equi, que é uma bactéria 
comum do trato respiratório dos cavalos e 
que eventualmente pode causar quadros de 
Rodococose equina. É uma doença 
inflamatória pulmonar, caracterizada pela 
formação de piogranulomas que quando 
se rompem, flui pus para a cavidade nasal. 
Além disso, afetam o intestino. É uma 
doença aguda e fatal para o equino. É uma 
zoonose e fatal para o ser humano, com 
notificação obrigatória. 
 
 
Nas duas fotos acima há pneumonia por 
tuberculose, é chamado de padrão miliar 
da tuberculose. 
 
Esse acima é um pulmão de ovino que foi 
parasitado por Equinococcus granulosus. 
Geralmente, esse parasito, causa lesões 
inflamatórias no intestino. Mas 
eventualmente ele faz migração errática 
 
 
46 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
para o pulmão. Então podemos ver vários 
cistos parasitários no pulmão. 
 Pneumonia embólica 
Ocorrem por obstrução vascular, então sua 
via de infecção é exclusivamente 
hematógena. Um trombo pode chegar até o 
pulmão, obstruir e causar tromboembolia. 
Área que sofre tromboembolia se torna um 
foco purulento circundado por hiperemia 
e distribuído de forma aleatória pelo 
pulmão. Possui textura nodular. 
 
Exemplos de doenças → Tuberculose, 
doenças fúngicas, endocardite vegetativa e 
ruptura de abscessos hepáticos. Podem 
liberar pequenos focos de trombos. 
Sequelas → Abscessos pulmonares. 
[Neoplasias] 
 
Primário → Principalmente adenomas e 
adenocarcionomas. Normalmente ocorre 
mais em ser humano, raramente será visto 
em animais. 
Secundária → Geralmente ocorrem por 
metástases. Diversas 
 
[Defeitos no 
Desenvolvimento] 
 
 Palatosquise e queilosquise 
Ambas alterações são causadas por um 
defeito de fechamento de estruturas 
simétricas no feto. O feto é organizado em 
dois grandes tubos: neural e digestório. Ao 
longo do desenvolvimento do feto esses 
tubos vão se fechando e se formando. 
O que se observa na palatosquise é um 
defeito de fechamento fetal em que o palato 
duro não se fecha corretamente, que faz 
com que a cavidade oral se comunique com 
a cavidade nasal. O problema é que o 
neonato durante a mamada pode 
broncoaspirar porque o leite vai para a 
cavidade nasal dele e tudo que ele inala 
favorece a abertura da epiglote, e assim, o 
leite vai para traqueia. É uma condição que 
em veterinária é incompatível para vida. 
Hoje em dia tem cirurgia de reversão, porém 
são complexas. 
 
A queilosquise (lábio leporino) é o defeito 
de fechamento do lábio, desfavorece a 
apreensão da boca em relação a mamilo da 
mãe, dessa forma, não consegue executar a 
mamada. 
 
 
47 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
 Estomatites e gengivites 
Estomatite é qualquer lesão de origem 
inflamatória que atinge a cavidade oral. 
As lesões inflamatórias podem ser 
subclassificadas de acordo com a 
localização dentro da cavidade oral. Por 
exemplo, uma gengivite é uma estomatite, 
mas especificamente das gengivas, já a 
glossite é uma lesão da língua e palatite é 
inflamação do palato. Isso tudo é estomatite, 
envolve todas essas condições. 
As estomatites são caracterizadas pela 
perda do epitélio mucoso, desde uma 
erosão mais superficial, ou ulceração que 
é perda completa do epitélio até outra 
situação que é a necrose do epitélio. 
O causador desses processos são vírus (se 
enquadra por exemplo o vírus da febre 
aftosa em bovinos que tem um valor 
epidemiológico muito grande no brasil pelas 
perdas econômicas), toxinas (paciente com 
IRC acumula amônia na corrente sanguínea 
e ela é toxica para as mucosas), trauma 
direto por corpos estranhos, autoimune e 
infecções sistêmicas (FIV derruba a 
imunidade e faz com que tenha infecção 
bacteriana secundaria). 
Todas essas condições resultam em 
anorexia ou hiporexia, dor ao mastigar e 
ptialismo (salivação excessiva por motivos 
lesionais). 
Subclassifica-se os processos de estomatite 
de acordo com o padrão lesional: 
 Estomatites vesiculares 
São estomatites que tem como padrão a 
formação de vesículas ou bolhas que 
possuem no interior plasma translúcido 
primariamente. Vesículas são pequenas 
lesões de até meio centímetro, em geral. 
Acima disso, vira bolha.Exemplo: Herpervirus simples humano. Na 
veterinária as lesões das doenças 
vesiculares são mais intensas. 
Todas as estomatites vesiculares em 
veterinária são induzidas por vírus 
epiteliotrópicos, que possuem tropismo 
por epitélios. Além disso, são epitélios com 
alta taxa mitótica. O vírus vai na papila 
epidérmica e causa necrose dessas 
células que possuem alta taxa mitótica. 
Quando induz necrose nesse ponto, uma 
grande parte do epitélio é destruída, 
deixando um buraco no epitélio (que é a 
vesícula), que fica preenchida por plasma. 
Febre aftosa → Causada por um vírus 
muito pequeno chamado Picornavirus. Isso 
significa que ele é aerado muito mais 
facilmente, o que implica na melhor 
transmissão. Além disso, ele é 
extremamente resistente no ambiente, é 
encontrado até em carne congelada. É uma 
doença mórbida (não maior parte das vezes 
não mata), o animal apresenta um quadro 
clinico que dura umas 2 semanas e depois 
vai melhorar. Principalmente pro gado de 
leite, quando ele é infectado, ele fica muito 
debilitado e a produção de leite zera 
completamente. Ou seja, o prejuízo 
econômico é enorme e quando há uma 
doença como essa, ele não volta a produzir 
depois. Essa doença é sinônimo de falência 
para os produtores, por isso a importância 
dela. É uma doença de notificação 
obrigatória. Os animais de dedos 
ungulados (equinos não possuem) tendem a 
ser afetados, incluindo seres humanos 
(doença subclínica). Ela pode resultar em 
abortos, doenças bacterianas 
secundárias e laminite. Além disso, ela 
pode afetar locais de pele glabra (locais 
sem pelos) afetando focinhos, úbere, teto e 
vulva. O vírus fica viável no ambiente 
durante meses e o animal portador por mais 
que se recupere, transmite a febre aftosa 
por até seis meses, eliminando o vírus no 
ambiente. Esse é um outro motivo para o 
abate. 
 
 
48 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Diagnósticos diferenciais para febre 
aftosa → Estomatite vesicular por 
Rabidovírus (se dissemina menos e é 
menos resistente, porém é letal), Exantema 
vesicular dos suínos e doença vesicular dos 
suínos por enterovírus. A grande 
importância é que se parecem com Febre 
Aftosa, não é possível distinguir pela clínica. 
Preciso fazer exames laboratoriais. 
 
Nas fotos acima, observa-se o padrão de 
formação de vesículas ou bolhas. 
 
Já nessa imagem, há o casco de bezerro 
apresentando lesão ulcerada na borda 
coronária do casco, podendo gerar 
laminite. 
 Estomatites erosivas ou 
ulcerativas 
Grande parte delas são causadas por vírus, 
como: 
BVD → É uma doença mórbida e 
caracterizada por quadros de diarreia. 
Pseudoraiva → Conhecida também como 
doença de Augesky. É um herpervirus que 
causa lesão neurológica e úlceras na 
cavidade oral. Afeta mamíferos no geral e 
observa-se que o suíno é o reservatório, 
então ele não adoece. Possui letalidade 
altíssima e é uma zoonose fatal para o ser 
humano. 
Febre catarral maligna → Afeta 
herbívoros. É o herpervirus que tem como 
reservatório o ovino, que não apresenta a 
doença. Observa-se um quadro de erosões 
de úlceras no quadro oral e no trato 
respiratório, causando uma rinite catarral 
muito intensa. Também afeta o sistema 
nervoso central e é letal. 
Cálicivírus felino → Causa pneumonia e 
erosões de úlceras na cavidade oral. É de 
incidência alta e letalidade alta para felinos. 
Está no tríplice viral felino, sendo possível a 
imunização. 
Língua azul → Quando o animal vem a 
óbito, ele apresenta a língua azulada. É 
causada pelo orbevírus. Ele causa síndrome 
respiratória aguda por uma pneumonia 
intersticial e edema (animal se afoga no 
próprio edema e se asfixia). 
 
 
 
49 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Outras causas de estomatites erosivas: 
Uremia → Na IRC há perda na capacidade 
de eliminar ureia e ela se acumula. Quando 
chega ao intestino, as bactérias uréases 
intestinais transformam a ureia em amônia. 
Como a amônia é muito volátil, ela volta para 
circulação sanguínea, tendo uma 
hiperamonemia. A amônia é extremamente 
tóxica para as mucosas, sendo observado 
erosões de ulceras na cavidade oral 
(podendo haver necrose no bordo da 
língua). 
Corpos estranhos 
Granuloma eosinofílico felino 
Deficiência de vitamina C → Os primatas 
em geral não são capazes de produzir 
vitamina C, outras espécies tem essa 
capacidade. A privação de vitamina C causa 
necrose das gengivas pois a vitamina C 
protege as células contra a ação de radicais 
livres. No caso dos dentes, os radicais livres 
são produzidos pelas bactérias do tártaro 
então se não há vitamina C para proteger, 
vai haver feridas nas gengivas. 
 
Observa-se a mandíbula de um animal com 
BVD. Há um padrão de erosão. 
 
Observa-se o palato de bovino 
apresentando erosões. BVD. 
 
Observa-se glossite em bovino com BVD. 
 
Observa-se BVD com padrão de erosão na 
gengiva do animal. 
 
Na foto acima, há uma necrose do bordo 
da língua que amônia causa nos 
carnívoros. A amônia causa necrose de 
vasos sanguíneos da mucosa, gerando 
essa necrose da língua. 
 Estomatite papular 
Uma pápula é uma elevação avermelhada 
do epitélio que tende a ulcerar com o 
tempo. Duas doenças mais importantes: 
 
 
50 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Estomatite papular bovina e ectima 
contagioso dos ovinos. 
Estomatite papular bovina → É mórbida 
(baixa taxa de mortalidade) e tem uma 
gravidade muito menor que a febre aftosa. 
Ela causa pápulas na cavidade oral e 
locais de peles glabras no bovino. O 
animal não chega a zerar a produção de 
leite, mas o leite ordenhado vai ter uma 
menor qualidade. Ocorre sobre a forma de 
surtos, principalmente em épocas de frio. É 
uma zoonose e autolimitante. 
 
Como na foto acima, pode-se ver que no 
tratador podem ocorrer feridas que são 
elevações avermelhadas com o centro 
necrótico (pápula). 
Ectima contagioso de ovinos → É uma 
doença grave que possui letalidade muito 
alta. Tende a causar lesões mais 
rapidamente e em maior intensidade. 
 
Observa-se o espelho nasal no ovino com 
pápulas feridas. 
 
Observa-se um lábio completamente 
erodido com grande formação de crostas. 
 Estomatite necrotizante 
É caracterizada por necrose do epitélio. A 
mais importante é causada pelo 
Fusobacterium necrophorum, que é uma 
gram negativa normal na cavidade oral de 
ruminantes. Ele é um oportunista. Todas as 
doenças que foram citadas abrem porta 
para doença bacteriana secundária pelo 
Fusobacterium. O problema é que é difícil 
tratar pois tem alta resistência aos 
antibióticos. Causa uma inapetência, o 
animal não consegue comer, fica 
susceptível a doenças bacterianas 
secundarias e até sepse. 
 
Na foto acima, há uma cavidade oral de 
bezerro jovem com imunidade baixa que 
desencadeou a necrose. 
 Estomatite eosinofílica felina 
Muito comum nos gatos, mas pode 
acontecer eventualmente no cão. É 
caracterizada por uma apresentação com 
três formas diferentes: úlcera eosinofílica 
no lábio, granuloma eosinofílico, placa 
eosinofílica. 
O mecanismo que leva a essas lesões ainda 
não é muito claro, mas acredita-se em um 
distúrbio imunomediado, uma possível 
hipersensibilidade tipo IV. 
Quando vai fazer o diagnóstico dessa 
doença, muitas vezes faz por citologia e irá 
ser visto grande quantidade de eosinófilos, 
haverá também em menor quantidade 
macrófagos e linfócitos. O tratamento 
dessas lesões é corticoterapia. 
 
 
51 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
 
 
Onde está o ‘’granuloma’’ o professor 
prefere se referir a uma placa eosinofílica. 
 Estomatite linfoplasmocitária 
De caráter imunomediado e de etiologia 
desconhecida. O padrão lesional é causadopor vermelhidão e inchaço das gengivas 
dos gatos. Esse animal apresenta 
inapetência e sialorreia, podendo entrar em 
lipidose hepática. 
O padrão celular são linfócitos e 
plasmócitos em grande quantidade. O 
diagnóstico é mais facilmente realizado pela 
histopatologia, sendo encontrado grande 
quantidade de linfócitos e plasmócitos, e 
estes últimos apresentam um tipo especifico 
de degeneração, que é a degeneração por 
corpúsculo de Russel. Esses plasmócitos 
degenerados são chamados de células de 
Mott. 
Não se sabe se é autoimune ou 
hipersensibilidade do tipo IV por linfócitos 
citotóxicos, mas responde a corticoides. 
Se parar de dar o corticoide pode vir a surgir 
novos quadros ou não. E por isso, talvez 
tenha que fazer corticoterapia alternada 
enquanto ele apresentar os sinais da 
doença. 
 
 
 
 
 
52 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Hiperplasia 
A hiperplasia é resultado de inflamação 
crônica, sendo encontrada principalmente 
em animais de idade média a avançada. É 
um inchaço das gengivas com coloração 
pálida, próxima da cor da gengiva normal 
adjacente. Possui superfície lisa. As 
neoplasias tendem a ser lesões mais 
deformantes. Entre a neoplasia e 
hiperplasia têm-se o Épuli, que é uma 
hiperplasia desorganizada da gengiva. É 
uma displasia e exclusiva dos cães. Cresce 
em região periodontal e pode resultar na 
perda do elemento dentário. Não tem 
potencial de metástase e de recidiva. 
Épuli fibromatoso → Embaixo do epitélio 
da gengiva, os fibroblastos se proliferam. 
Épuli acantomatoso → Não é uma 
proliferação de fibroblastos, é uma 
proliferação do epitélio em relação a lâmina 
própria. É o mais grave pois se fizer a 
cirurgia de forma rasa, ele recidiva. 
Épuli osseificante → É um fibromatoso 
porém cresce osso no meio do tumor. É um 
tumor muito duro, ocorre uma metaplasia 
óssea. 
 
 Neoplasia 
O carcinoma de células escamosas é 
localmente agressivo e redicivante. Porém, 
demora para fazer metástase, sendo a 
vantagem de prognostico. É uma das 
principais neoplasias de cavidade oral em 
animais domésticos. 
 
 
Na foto acima, observa-se uma lesão 
periodontal que parece épuli, mas se tocar 
nesse tumor, ele sangra e se quebra. Logo, 
é uma lesão tumoral friável, que se 
desmancha facilmente. É um carcinoma de 
células escamosas. Eles podem surgir na 
gengiva sobre a forma de tumores: foto 1 ou 
feridas (foto 2 do cavalo) destrutiva. 
Diferente do melanoma, que é comum na 
boca dos cães, rapidamente metastático e 
agressivo. Muito mais comum em lábio de 
cachorros e em locais onde há 
hiperpigmentação. 
 
Há também o carcinoma de vias 
digestivas superiores em bovinos 
intoxicado por samambaia, que é causada 
por Pteridium aquilinum. 
[Dentes] 
 
 Falha na oclusão dentária 
Os carnívoros tem uma forma de 
fechamento da mandíbula que faz com que 
os caninos se fechem em ‘’tesoura’’. Esse 
fechamento em tesoura é o fechamento 
normal. O que se observa é que por falha de 
desenvolvimento fetal ou características 
genéticas da raça, essa oclusão em tesoura 
 
 
53 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
não ocorre, acaba ocorrendo muito 
cranialmente ou muito caudalmente, é o 
chamado bragnatia ou prognatia. 
[ Prognatia inferior → Quando ocorre o 
alongamento da mandíbula. 
[ Bragnatia inferior → Quando ocorre o 
encurtamento da mandíbula. 
[ Prognatia superior → Quando ocorre o 
alongamento da maxila 
[ Bragnatia superior → Quando o 
focinho é curto e isso dá uma falsa 
impressão que a mandíbula é grande. 
Comum em raças braquicefálicas. 
Essas falhas de oclusão dentária favorecem 
uma série de patologias secundárias nos 
dentes. Uma das patologias é o contato 
direto entre as superfícies dos dentes, 
que causa atrito e desgaste. 
 
Na imagem pode-se ver uma falha de 
oclusão que ocorreu devido a permanência 
de um canino de leite (por característica 
genética), se ele não cai ele acaba 
empurrando o canino permanente e ele 
desloca e entra em contato direto com 
canino inferior. Esse atrito entre caninos 
desgasta o esmalte dentário (é um filme 
bem delgado de substancia sobre a forma 
de esmalte que impermeabiliza os dentes) e 
a dentina (é o corpo mineral do dente). O 
grande problema desses desgastes é que 
dentro do corpo do dente permanente 
encontra-se uma estrutura chamada de 
poupa dentária (nervos e vasos sanguíneos) 
ou canal do dente (espaço onde a poupa 
dentaria fica). Essa estrutura é oca 
preenchida por nervos e vasos sanguíneos. 
Com esse atrito constante, pode haver 
exposição do canal dentário e infecção 
da poupa dentária. Se ela fica exposta ao 
ambiente os nervos e vasos sanguíneos vão 
estar correndo risco de infecção bacteriana 
pelas próprias bactérias da cavidade oral. 
Assim, causa um abcesso dentário. 
(tratamento de canal é tratamento da 
infecção da poupa dentária). Esse é um dos 
problemas das falhas de oclusão 
 
Nessa imagem acima, observa-se a falha de 
oclusão dentária, que também causa 
desvios importantes dos elementos 
dentários. 
 
Nessa foto acima, percebe-se que o contato 
do canino superior é muito próximo da 
gengiva. Da para observar a retração 
gengival nesse caso. Essa retração 
gengival não fica restrita ao tecido mucoso, 
ocorre também retração no osso da 
mandíbula. Se houver perda óssea, a 
mandíbula fica fragilizada, facilmente 
quebrável. À medida que a gengiva vai 
sendo retraída, a raiz do dente vai sendo 
exposta e como essa parte não é 
esmaltada, facilita a adesão de bactérias 
e cálculo dentário (tártaro). 
O filme bacteriano é uma película de 
bactérias que existe na cavidade oral, ela 
pode dar origem ao tártaro quando houver 
muita quantidade de bactéria. O cálculo se 
adere em formas de placas minerais na 
base do dente e o grande problema é que 
 
 
54 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
esse cálculo mecanicamente causa trauma 
gengival e com isso, ocorre mais retração 
gengival e óssea. A longo prazo vai haver 
uma exposição drástica na raiz do dente, 
a ponto de ele cair. Normalmente faz a 
extração de dentes antes de chegar nesse 
nível. Poderia utilizar aparelho dentário, mas 
não é uma realidade ainda. O tártaro tem 
outras causas além da falha de oclusão 
dentária. 
 Anomalias do desenvolvimento 
do dente 
 
[ Agenesia de elementos dentários → 
Principalmente de pré molares. É a 
ausência de elementos dentários. 
 
[ Hipoplasia de esmalte dentário → O 
dente se desenvolve após o 
nascimento. O vírus da cinomose é 
capaz de destruir o esmalte dentário, 
matando a célula que germina o esmalte 
dentário. Dessa forma, um cão que tem 
cinomose ou que sobrevive a ela, 
apresenta o seu esmalte dentário 
desgastado, hipoplásico. 
 
 
Na imagem é possível observar uma 
hipoplasia do esmalte dentário na cinomose. 
Quando esse cão era jovem, o canino 
estava nascendo normal. Quando surgiu a 
cinomose no cachorro, o vírus matou as 
células que produziam o esmalte dentário e 
o dente que foi nascendo nesse período foi 
nascendo sem esmaltação. Após se 
recuperar da cinomose, as células do 
esmalte dentário voltaram a germinar 
esmalte dentário. 
[ Intoxicação pela tetraciclina → Classe 
de antibiótico muito utilizado em 
veterinária. Ela causa a intoxicação das 
células que germinam o esmalte 
dentário, resultando em desgaste do 
dente. 
 
 
Na foto acima é possível observar 
intoxicação por tetraciclina em bovino e o 
dente esta marrom por conta de 
impregnação de líquidos da alimentação. 
 
 
[ Porfiria congênita → Doença rara e 
que afeta diversas espécies de animais. 
É uma condição genética na qual uma 
porção da hemácia não é 
adequadamente metabolizada pelo 
organismo. Quando uma hemácia 
morre, osmacrófagos tendem a 
fagocitar os restos dela. Ela é 
desmontada dentro do macrófago e a 
porção heme da hemoglobina vai ser 
desmontada e a partir dali cada 
elemento segue um caminho para 
formar novas hemácias. Na porfiria a 
porção heme não é degradada e se 
acumula dentro do organismo, 
causando um nível cutâneo 
fotossensível (causando dermatite) e 
torna ossos e dentes em coloração 
rosa. 
 
[ Intoxicação por flúor → O flúor é uma 
substância que captura moléculas de 
cálcio no intestino, impedindo a 
absorção do cálcio. Para os humanos, 
há flúor nas pastas de dentes e as 
crianças costumam engolir muito e é 
perigoso pois está na fase de 
desenvolvimento e faz com que os 
dentes nasçam porosos por falta de 
mineralização. Em animais é incomum, 
mas há casos específicos quando o 
 
 
55 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
pasto é contaminado por flúor (observa-
se isso quando o pasto é próximo a 
zonas industriais pois os poluentes 
industriais podem conter flúor). Como o 
processo é crônico, observa-se o 
desgaste dentário dos animais. 
 
Na imagem acima, observa-se o dente de 
criança intoxicada por flúor, observando 
falhas de mineralização. 
 
Observa-se acima alguns pontos de 
desgastes dentários em mandíbula de 
bovino. Da para observar áreas de trauma 
de esmalte dentário por capim muito 
liqueinificado, de baixa qualidade. Quando 
ocorre um trauma dentário o esmalte é 
perdido e a dentina é danificada. Existem 
dois tipos de dentina: primária que é branca 
e dentina secundaria, que é escura. Quando 
tem perda da dentina primário ocorre 
proliferação da dentina secundaria. 
 
Na imagem acima, observa-se os dentes de 
herbívoro. Os herbívoros possuem dentes 
com mesas dentárias, ou seja, uma 
superfície plana. Além disso, possuem o 
infundíbulo dentário para aumentar o atrito 
e consequentemente, a trituração do 
alimento. Alimentos de baixa qualidade 
(capim com muita lignina e de muito 
ressecado) podem ficar acumulados nos 
infundíbulos dentários, atraindo bactérias 
fermentadoras e acabam perfurando os 
dentes. A tendência é a exposição do 
canal do dente, tendendo a formação de 
um abscesso. 
[Glândulas salivares] 
 
 Sialoadenites → Inflamações de 
glândulas salivares, que são raras. 
Primariamente podem acontecer por 
vírus da raiva e cinomose. O vírus da 
raiva se prolifera nas glândulas 
salivares, por isso a saliva é um 
importante vetor. 
 
 Dilatação cística → Cistos que contem 
saliva que ocorre por má formação da 
glândula, normalmente congênito. 
 
 Sialolitíase → Cálculo de glândula 
salivar. Esses cálculos surgem a partir 
de falhas de metabolismo, 
principalmente nos cálcios. 
 
Na imagem da direita, observa-se a 
glândula salivar encontrada em um 
gato. Estava impactado por conta do 
ducto salivar. O cálculo causava uma 
dilatação enorme da glândula salivar por 
obstrução do ducto, chamada de ranula 
(não é congênito). 
 Sialocele ou mucocele → Ocorre 
quando uma glândula como a 
submandibular sofre um trauma, muitas 
vezes por mordedura. Havendo uma 
ruptura da glândula, a saliva acaba 
escoando para o subcutâneo e ela 
 
 
56 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
forma uma bolsa de saliva no 
subcutâneo na periferia da glândula. 
Ocorre um inchaço no rosto do animal 
por um trauma. Quando punciona vai 
ver liquido meio mucoso a espumoso 
pois a saliva no subcutâneo muda de 
consistência. Pode ver substancia na 
forma de gel/espuma ou pus (se for pus 
a forma de tratamento é antibiótico) e se 
vier saliva tem que retirar a glândula 
pois ela não sofre regeneração. Quando 
ela se cronificar, ela forma uma capsula 
de conjunto fibroso ao redor da saliva 
para isolar pois saliva é antigênica. 
 
 Neoplasias → São raras e em geral são 
adenomas ou adenocarcinomas 
(costuma fazer metástase para regiões 
adjacentes as glândulas). É localmente 
agressiva. 
[Língua] 
 
 Defeitos congênitos 
 
[ Fissuras → Epitélio da língua fissurado. 
 
[ Epiteliogênese imperfeita → Epitélio 
da língua não se forma completamente. 
 
[ Macroglossia/microglossia → Lingua 
grande ou pequena que inviabiliza o 
filhote ao mamar. Se olhar a língua de 
um neonato possui uma papila lingual 
que servem para ‘’abraçar’’ o teto da 
mãe, assim não há chance de falsa via. 
Na microglossia há uma condição em 
que essas papilas não se formam e o 
risco de falsa via é muito grande. 
 
[ Língua bífida → Algo bem comum em 
repteis e eventualmente pode acontecer 
nos mamíferos. 
 
[ Crescimento de pelos na língua 
 
[ Anquiglossia → Lingua presa no 
assoalho da mandíbula 
Apenas uma doença infecciosa importante 
em bovinos que é a língua de pau que é 
infecção por uma bactéria da terra que é a 
Actinobacillus lignieressi, que causa uma 
infecção piogranulomatosa da língua. Os 
bovinos ao pastejar, acabam comendo terra 
junto e quando há fissuras na língua, 
acabam inoculando essa bactéria. 
 
Na imagem de língua de bovina cortada 
transversalmente, é observado um buraco 
no centro (originalmente preenchido por 
pus), em volta uma grande área de 
inflamação e ao redor há presença de 
fibrose (era pra ter musculo). É uma bactéria 
oportunista que vai se proliferar quando há 
alguma fissura na língua. Quando ele infecta 
uma ferida previa, causa essa lesão que se 
cronifica, e faz com que a língua do bovino 
fique inchada e protusa (não consegue 
recolher a língua). Isso faz com que entre 
num quadro de incapacidade de comer e 
beber água e em consequência, acabará 
morrendo. 
 
No corte histológico, vai ser possível 
visualizar colônias especificas desse grupo 
de bactérias. Essa colônia é chamada de 
Splendore-Hoeppli, porque tem um 
aspecto raiado na borda. 
[ Candidíase oral 
[ Uremia 
[ BVD 
[ Febre aftosa 
[ Amiloidose 
[ Sarcocystis 
[ Trichinella spiralis 
[ Neoplasias 
 
 
57 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[Esôfago] 
 
 Anormalidades do desenvolvimento 
do esôfago 
 
[ Acalasias 
Acalasia é uma desordem de motilidade 
esofágica, pode estar associada a uma 
falha completa dessa motilidade. O esôfago 
conduz o alimento até o estômago através 
de movimentos peristálticos (movimentos 
musculares), quando a peristalse chega na 
região cárdia, ela se abre e permite a 
passagem de alimento para o estomago. Se 
o alimento descer só por gravidade, sem 
movimentos peristálticos, o cárdia esofágico 
não se abre, ele apenas se abre se a 
peristalse chega até lá. Indivíduos que 
nascem com acalasia tem dificuldade em 
conduzir o alimento até o estômago então se 
por gravidade o alimento acaba descendo, 
ele acaba impactando no terço final do 
esôfago e isso provoca dor e desconforto, 
sendo muito comum haver a regurgitação. 
Ocorre devido a defeitos em grupos de 
neurônios chamados de plexos neuronais 
que ficam na parede do esôfago. O nome 
especifico é plexo mioentérico, que estão 
ao longo de todo trato digestório. Ele é 
responsável por manter o estimulo e 
coordenação dos movimentos 
peristálticos do trato digestório. No caso da 
acalasia, o animal nasce com algum defeito 
no plexo, como uma hipoplasia ou aplasia, e 
isso faz com que não ocorra uma peristalse 
corretamente. 
 
 
Uma outra condição de forma congênita é a 
atresia de esôfago. É um esôfago que não 
se forma corretamente e em animais a 
consequência é acalasia devido ao defeito 
do plexo miontérico. 
A acalasia pode ser adquirida e esta ocorre 
normalmente por dano traumático ao 
esôfago (ingestão de corpo estranho ou 
processo inflamatório), levando a danos no 
plexo miontérico. Esse animal vai 
apresentar essa incapacidade de passagem 
do alimento e este vai se acumulando, 
dilatando o esôfago na porção final. Isso é 
conhecidocomo megaesôfago. À medida 
que ele vai dilatando, o alimento se acumula 
com mais frequência e pode apodrecer ali. 
O animal começa apresentar halitose 
pútrida (podre), incapacidade de ganho 
de peso, animal regurgita após consumir e 
come com muita vontade. 
A região do cárdia em algumas situações 
pode relaxar. Observa-se que alimentos 
muito oleosos ou com pH mais ácido 
conseguem relaxar o cárdia, permitindo a 
passagem de alimento. Logo, isso é uma 
forma de tratamento em casos dessa 
patologia. 
 
 Megaesôfago 
É a dilatação do esôfago. Como foi visto 
acima, ele pode ocorrer pela acalasia, mas 
nem sempre esta vai ser a única causa. 
O megaesôfago é uma ectasia ou dilatação 
do esôfago que pode acontecer por 
peristaltismo insuficiente ou 
incoordenado, defeitos na inervação, 
 
 
58 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
obstruções parciais, estenose, 
neoplasia, persistência de arco aórtico 
ou causa idiopática. 
Ocorre em cães, gatos, bovinos, ferrets e 
cavalos. 
[ Obstrução parcial → Como exemplo, 
os bovinos por não serem animais 
seletivos na alimentação, podem se 
alimentar de caroços de mangas e isso 
vai impactar no esôfago, causando uma 
obstrução parcial. Essa situação vai ter 
como consequência uma dilatação do 
esôfago. 
 
Na foto acima, é observado um quadro de 
megaesôfago por obstrução parcial por 
caroço de manga. O animal morre por 
timpanismo ruminal, por acumulo de gás. 
 
Na foto acima, é possível observar uma 
necropsia onde um bovino teve dilatação 
total por obstrução com laranja. 
[ Estenose esofágica → A estenose 
esofágica pode acontecer com muita 
frequência durante processos de 
cicatrização de esôfago (caso de 
laceração por corpo estranho), gerando 
megaesôfago na porção cranial. Esse é 
o maior risco de cirurgias em esôfago, 
pois pode consequentemente acarretar 
em uma estenose. 
 
[ Persistência do arco aórtico → 
Estrutura fetal que deveria involuir e 
quando não ocorre, acaba ‘’abraçando’’ 
o esôfago e a traqueia, levando a um 
estrangulamento e um megaesôfago 
cranial ao estrangulamento. 
 
 
Na foto acima, observa-se um Raio x de 
tórax, que para localizar esôfago tem que 
ser utilizado contraste de sulfato de bário 
(pasta de substância metálica que é 
radiopaca ao exame radiográfico). Observa-
se um animal que ingeriu durante o exame o 
sulfato de bário, e ocorreu dilatação do 
esôfago e parou no cárdia esofágica. O 
megaesôfago por perda de peristalse ocorre 
na porção mais caudal. 
 
 
 
59 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Parasitoses esofágicas 
A doença mais importante é a 
espirocercose causada por um nematoide 
chamado Spirocerca lupi, que causa um 
quadro em cães. O cão é o hospedeiro 
definitivo e os besouros são hospedeiros 
intermediários. O cão deve ingerir o besouro 
para se contaminar e no estômago, os ovos 
de Spirocerca que estavam no besouro, 
eclodem e liberam larvas. As larvas dele 
precisam de oxigênio, então vão subir pelo 
estômago em direção ao oxigênio. Como a 
distância é grande, as larvas acabam 
penetrando a parede do esôfago e 
encistam ali dentro. Causam inflamação 
granulomatosa, onde é encontrado parasita 
vivo. Isso pode levar a acalasia, ao 
megaesôfago, etc. Pode ocorrer um quadro 
mais grave que é quando a larva atravessa 
o esôfago e chega na artéria aorta, 
penetrando e danificando a parede dela. A 
artéria aorta sofre uma inflamação 
granulomatosa que torna a parede frágil, e 
como a pressão é sempre alta dentro dela, 
ela dilata. Isso é chamado de aneurisma 
(fragilidade da parede dilata a artéria). Isso 
pode levar a ruptura da artéria aorta, sendo 
fatal. 
Há outros parasitas como Gongylonema sp 
e Gasterophilus spp. 
 
[Pré-Estômagos] 
 
 Anatomia 
Há três pré estômagos: rúmen (maior 
câmara fermentativa que ocupa todo o lado 
esquerdo do abdômen de ruminantes), 
retículo (é um saco de fundo cego) e 
omaso. 
 
 
Na parte mais ventral do rúmen ficam os 
alimentos muito fibrosos, que precisam ser 
 
 
remastigados, ou precisam de mais 
fermentação (capim mais sólido). Na 
porção mais intermediária ficam alimentos 
pastosos, que já estão degradados e podem 
seguir para a próxima etapa. Na parte 
dorsal do rúmen há gás. 
 
A cada três minutos, há um movimento 
ruminal. Esse movimento ruminal faz com 
que o alimento pastoso progrida para os pré 
estômagos: retículo e depois omaso. 
O movimento ruminal faz com que o 
alimento mais fibroso possa voltar para a 
boca do animal para ser remastigado. Esse 
processo de remastigação é chamado de 
ruminação (ocorre na parte mais ventral) 
 
 
60 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Durante o movimento ruminal o gás tende 
ser eliminado na forma de eructação 
(ocorre na parte mais dorsal) 
Os pré estômagos são revestidos por um 
epitélio queratinizado, então ele não possui 
habilidade de lidar com pH ácido. 
Rúmen → Revestido internamente pelas 
papilas ruminais, que são revestidos por 
epitélio pseudoestratificado, como a pele. 
Isso favorece superfície de contato para que 
as bactérias possam entrar em contato com 
a matéria orgânica e quanto mais contato, 
maior é a fermentação da celulose. 
 
 
 
Retículo → Observa-se diversas 
dobraduras que favorecem o contato do 
alimento com a superfície do epitélio, repleto 
de bactérias. É parecido com favo de mel. 
 
Omaso → Também é chamado de saltério, 
folho ou folhoso, é a terceira divisão do 
estômago dos ruminantes. Omaso é mais 
uma câmara fermentativa e depois sai dos 
pré estômagos e entra no estômago 
verdadeiro e químico, que é o abomaso. 
Nesse o alimento vai ser quimicamente 
digerido. 
Omaso 
 
 
Abomaso 
 
 
A maior parte dos problemas de pré 
estômagos estão relacionados a motilidade 
e desbalanço de microflora ruminal. 
Qualquer doença influencia na motilidade 
ruminal. O desbalanço na microflora ruminal 
está mais ligado do que o animal se alimenta 
e a utilização de medicamentos. Herbívoros 
são criados para degradar celulose e não 
carboidratos simples, nas criações o 
pecuarista utiliza-se carboidrato simples 
como alimento em situações que faltam 
pastos na época de seca. Quando utiliza o 
carboidrato simples, acaba mudando a 
microflora ruminal, produzindo ácido lático 
e o epitélio não está adaptado a lidar com 
quedas bruscas de pH. Diminuição da 
motilidade e desbalanço na microflora 
ruminal podem fazer com que diminua o pH 
ruminal. Quando ele se torna ácido, a 
tendência é a queimadura do epitélio e 
produção excessiva de gás. 
O animal funciona como um sistema único, 
por exemplo, se o animal tem uma ferida no 
casco, já pode interferir na sua motilidade 
em função da dor que ele está sentindo. 
Diminuindo os movimentos peristálticos, a 
tendência vai ser o surgimento de vários 
problemas. 
 Timpanismo ruminal 
 
 
61 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
É uma doença que tem uma letalidade de 
50% dos casos e é caracterizada pelo 
acúmulo de gás dentro do rúmen do 
animal, o animal tem incapacidade de 
eructar (eliminar o gás) durante o processo 
de movimentação ruminal. 
 
 
 
Pode ser também chamado de meteriorismo 
e ainda pode ser subclassificado em 
timpanismo primário e secundário. O 
timpanismo primário ocorre pelo acúmulo 
de espuma dentro do rúmen, ou seja, o 
gás se acumula sobre a forma de espuma. 
O timpanismo secundário pela forma de 
gás livre. Ambas as situações clinicamente 
são caracterizadas por dilatação ruminal e 
alteração da simetria ruminal. 
 
 
 
Na foto acima, há uma dilatação simétrica 
do rúmen, olhando por trás do animal, que é 
a posição adequada para visualização, esse 
padrão de dilatação vista é característicoa cardiomegalia. O musculo não se 
repara por mitose, ele fibrosa e se torna 
afuncional. 
 
Figura 1 - Miócitos normais 
 
Figura 2 - Miócitos hipertróficos 
[ Atrofia → É a perda de volume 
muscular. Sendo observada em 
situações de forma crônica e hipóxia. 
 
[ Degeneração hidrópica → Causada 
pela hipóxia. Um coração que sofre um 
infarto do miocárdio, dependendo da 
intensidade, a obstrução do vaso vai 
resultando em degeneração hidrópica e 
depois necrose e esse é um processo 
reversível. Como reverter? Um 
procedimento é antes do infarto ocorrer, 
fazendo transplante de vaso em que 
pega a veia safena e transfere ela para 
o miocárdio. Ou entra com uma sonda 
pelo vaso obstruído, tentando 
desobstruir. 
 
 
5 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[ Degeneração gordurosa → Um 
indivíduo que passa por hiperlipidemia 
(excesso de gordura) pode acumular 
também gordura dentro das fibras 
musculares ou no fígado. Se o indivíduo 
passa um longo tempo acumulando 
gordura, as fibras perdem força contrátil 
e isso pode ser reversível. 
[ Infiltração gordurosa → Há infiltração 
de gordura entre as fibras cardíacas do 
coração, diminuindo sua capacidade de 
contração. 
[ Miocitólise → Caracterizado pela 
desnaturação de proteínas de dentro da 
fibra muscular (actina e miosina). As 
situações capazes de desnaturar 
proteína são mudanças na temperatura 
a pH. A temperatura deve ser de 40-60 
para desnaturar uma proteína, sendo 
raro (há uma doença chamada 
hipertermia maligna que faz com que 
aumente a temperatura dos músculos, 
porém, é rara). As alterações por pH são 
mais comuns sendo por metabolismo 
glicolítico pelo trabalho muscular 
intenso, produzindo ácido lático. Esse 
ácido reduz o pH causando miocitólise 
da musculatura estriada e se for muito 
intenso, ocorre no coração. 
[ Neoplasia de fibra muscular → 
Desarranjo completo da célula. É um 
processo raro pois são células 
cardíacas são células de baixa taxa 
mitótica e é na mitose que as células 
estão susceptíveis a mutação. 
[ Lipofuccinose → Caracterizado pelo 
acumulo de liquido marrom na periferia 
do núcleo. O liquido é o resto de 
metabolismo, lixo celular que vai se 
acumulando ao longo dos anos e faz 
com que a célula perca força. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[Resposta a agressões letais 
dos miócitos] 
As agressões letais resultam em necrose 
que não chegam a fazer a regeneração. 
Como exemplo, corte do suprimento de 
oxigênio (anóxia), bactérias produzindo 
toxina que matam as células musculares. 
[ Anóxia → Quando o tecido é privado de 
oxigênio, temos necrose muscular, 
havendo o desaparecimento das estrias 
musculares e núcleos, caracterizando 
uma lesão letal. Podemos observar 
também células inflamatórias, bactérias. 
À tendência é que a resposta do 
músculo cardíaco seja por cicatriz 
(fibrose). 
 
[ Fibrose → A cicatrização geralmente é 
fibrótica, havendo deposição de 
colágeno. 
[Avaliação histopatológica 
do miocárdio] 
Para avaliação tem que levar em 
consideração que a especificidade 
diagnostica limitada. Os animais que 
morrem de forma superaguda de 
insuficiência cardíaca podem não ter 
alterações microscópicas detectáveis. 
Lesões pontuais em lugares importantes do 
sistema de condução podem levar à morte. 
E lesões difusas no miocárdio podem ser 
assintomáticas. 
Algumas lesões pontuais podem ser 
extremamente fatais, enquanto lesões 
difusas não causam tantos danos. Como 
exemplo, Palicourea marcgravii (ácido 
monofluoracético). 
[Fisiopatologia cardíaca] 
O coração produz um fluxo sanguíneo 
adequado, então a importância dele está no 
fato de distribuir oxigênio, nutriente, retirar 
toxinas, distribuir hormônios, manutenção, 
termorregulação e formação direta de urina. 
Para manter todo esse trabalho 
funcionando, ele tem uma reserva de 
capacidade de 3-5 vezes, mesmo doente. 
Então se os sinais clínicos de doença 
cardíaca aparecerem hoje, é porque já tem 
problema há muito tempo. O coração faz 
essa reserva funcionar mesmo doente pois 
ele ativa os mecanismos compensatórios. 
[Mecanismos 
compensatórios] 
[ Dilatação cardíaca → Ocorre para que 
possa lidar com um maior volume. Por 
exemplo, um cachorro que tem lesão 
renal perde a capacidade de eliminar 
líquidos, então o coração vai ter que 
lidar com volumes grandes e para 
compensar isso, o coração se dilata. O 
coração também se dilata em situações 
onde o indivíduo está com aterosclerose 
e faz uma alimentação muito salgada, 
elevando sua pressão e resultando 
cronicamente em dilatação cardíaca 
 
[ Hipertrofia do músculo cardíaco → 
Aumenta a força de contração. Por 
exemplo, um indivíduo renal crônico 
(IRC), que elimina sem parar líquidos 
(poliúria), o mecanismo compensatório 
que o coração utiliza para uma baixa de 
volume é a hipertrofia para tentar 
aumentar a pressão arterial. 
 
[ Aumento de frequência → Aumenta a 
frequência cardíaca para poder 
aumentar a pressão arterial. 
 
[ Aumento da resistência periférica → 
Contração dos vasos sanguíneos para 
aumentar a pressão arterial. 
 
[ Aumento do volume sanguíneo → 
Maior polidipsia e menor produção de 
urina (oligúria). 
 
[ Redistribuição do fluxo sanguíneo → 
Acontece através da vasoconstrição e 
vasodilatação periférica. As arteríolas 
 
 
7 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
da periferia vão controlar a pressão 
arterial, fazendo vasodilatação ou 
vasoconstrição. 
Todos esses mecanismos são temporários 
e à medida que eles vão se esgotando surge 
então a insuficiência cardíaca. Antes desses 
mecanismos se esgotarem, o indivíduo não 
tem nenhum sinal de doença cardíaca e 
quando se esgotam é que começam a 
aparecer os primeiros sinais clínicos. 
[Síndromes da Insuficiência 
Cardíaca] 
Tanto a expressão aguda quanto a crônica 
podem acontecer por situações inerentes ao 
coração, ou seja, por doenças cardíacas ou 
por doenças externas ao coração. 
Expressões agudas 
Síncope → É uma situação em que o 
coração falha momentaneamente e o 
paciente perde a consciência. Os 
mecanismos compensatórios não 
conseguem agir. 
Morte súbita → Pode ser o primeiro sinal 
clínico de uma doença cardíaca. 
Expressões crônicas 
[ Insuficiência cardíaca congestiva → 
Toda doença cardíaca crônica vai levar 
a congestão. Tanto a expressão aguda 
quanto a crônica podem acontecer por 
situações inerentes ao coração, ou seja, 
por doenças cardíacas ou por doenças 
externas ao coração. Por exemplo, uma 
doença que é primária do coração, 
como uma necrose do miocárdio por 
Trypanossoma cruzi, pode evoluir 
para uma ICC, para uma morte súbita ou 
até uma sincope. Uma doença muito 
comum em cães é a endocardiose, onde 
as valvas ficam muito espessas e não se 
fecham direito e com isso o sangue reflui 
do ventrículo para o átrio. Essa 
condição pode levar a ICC ou síncope. 
 
[ Doenças congênitas → Como 
persistência do forame oval ou do ducto 
arterioso podem levar também a ICC, 
morte súbita ou síncope. 
 
[ Aumento de carga → Por perdas de 
casos sanguíneos, tendo fibrose 
pulmonar. Ele perde capilares, e espaço 
para sangue. O coração lida com essa 
perda se dilatando. 
 
[ Doenças pulmonares → Um indivíduo 
asmático pode desenvolver um quadro 
alérgico inflamatório no pulmão, devido 
a alergênicos externos. Se não for feito 
um tratamento, essa inflamação resulta 
em fibrose pulmonar, onde o pulmão vai 
perdendo parênquima e perde sua 
capacidade de realizar trocas gasosas. 
Isso reflete no coração, pois ele deve 
enviar sangue para o pulmão para que 
o mesmo seja oxigenado. Com o 
avanço da fibrose, odo timpanismo espumoso. Por que? Porque 
a espuma se espalha pelo rúmen e progride 
para os outros pré-estômagos (retículo, 
omaso podendo chegar ao abomaso). O 
timpanismo gasoso é caracterizado por um 
acúmulo alto, chamado de acúmulo 
paralombar esquerdo. Porque o gás livre 
sobe diferentemente da espuma. 
 
 Timpanismo espumoso causado 
por leguminosas 
As leguminosas são plantas ricas em água 
e açucares simples. A tendência é que as 
leguminosas tenham um grande potencial 
de fermentação e produção de gás. Não são 
todas as leguminosas que causam esse 
quadro, são leguminosas do gênero 
Trifolium e Medicago, que são os trevos 
invasores dos pastos, contaminando o 
pasto. Quando o pasto chega a 50% ou mais 
de leguminosas desses gêneros começam a 
surgir os casos de timpanismo espumoso. 
 
Geralmente esses gêneros possuem uma 
quantidade muito grande de mesófilos que 
são estruturas celulares da planta que são 
análogos a mitocôndria dos animais e, 
dentro dos mesófilos, tem uma grande 
quantidade de cloroplasto que é uma 
substância viscosa que quando liberada da 
folha triturada para o rúmen, torna o líquido 
ruminal extremamente viscoso. 
 
Gás em grande quantidade + líquido 
viscoso = espuma formada. 
 
A espuma o bovino não consegue eructar e 
ela vai se acumulando. 
 
É observado em nível epidemiológico que 
há uma susceptibilidade individual, animais 
com maior potencial de fermentação 
tendem a ser mais afetados. Um animal com 
essa característica tende a ser um animal 
com maior valor comercial, tende a ser a 
vaca com abdômen grande e distendido, 
significando uma maior conversão de 
alimentos em energia. Então, quanto maior 
o potencial fermentativo maior o risco e 
assim maior o valor comercial desse animal. 
 
O período de brotação de pastagem é um 
período predisposto geralmente é o período 
das primeiras chuvas. Ao longo do ano, 
 
 
62 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
nesse período há uma brotação muito 
intensa de pastagens ricas em águas e 
açucares e por isso há uma tendência de 
mais casos nesse período de chuva. 
 
Os bezerros são mais resistentes que os 
adultos por fermentarem menos em 
decorrência do rúmen menos desenvolvido 
e ovinos e caprinos raramente são afetados 
porque são seletivos na hora de pastejar. 
 
A evolução do quadro é muito rápida que 
podem ocorrer até 20 min após a introdução 
do animal ao pasto, lembrando que depende 
da quantidade que o animal vai ingerir. 
Alguns animais adoecem e outros não, 
lembrando que em 50% de mortalidade os 
outros 50% são de morbidade. Em 20 min 
começa a observar o aumento de volume 
do lado esquerdo, animal começa a 
apresentar dispneia (o diafragma vai ser 
comprimido pelo rúmen), salivação intensa 
(dificuldade para engolir, deglutir a saliva), 
dificuldade para eructar, pescoço esticado, 
vômitos e etc. Com um tempo o aumento 
que era só do lado esquerdo passa para o 
lado direito porque o abomaso que fica 
ventral ao rúmen, começa a encher de 
espuma também se desloca lateralmente 
para direita. 
 
Na necrópsia a espuma se desfaz logo 
depois a morte, então, se demorar para 
realizar a necropsia, tem que procurar 
outras características, como a região 
anterior do cadáver ficam extremamente 
congestas e a região posterior fica pálida. 
O motivo disso é porque o rúmen dilatado 
tem a passagem por cima dele a artéria 
aorta abdominal e comprime ela, por isso o 
sangue fica retiro no tórax do animal e a 
região posterior fica pálida. O fígado vai ser 
comprimido entre o rúmen e diafragma 
também fica pálido, vesícula biliar repleta 
de bile porque há compressão dos ductos 
biliares. Os pulmões ficam pálidos porque a 
respiração é dificultada e o animal respira de 
forma agressiva ele acaba rompendo 
alvéolos e essa ruptura acaba resultando 
em enfisema (são bolhas de ar). Outra 
alteração é hemorragia na traqueia, o 
epitélio mucoso na traqueia vai apresentar 
focos hemorrágicos porque a tendência é 
que a passagem brusca do ar acaba 
formando lesões. Outra alteração é a 
medida em que o rúmen se dilata, começa a 
comprimir parte do esôfago e isso causa 
uma isquemia do esôfago perdendo fluxo 
sanguíneo surgindo uma área de limitação 
bem marcada de congestão cranial e palidez 
caudal, essa linha é chamada de linha de 
timpanismo. 
 
 
 
 Timpanismo espumoso por 
grãos 
 
É mais comum que o de leguminosas. Há a 
utilização de grãos, principalmente em 
época de secas, e muito utilizados em 
animais em confinamento. É frequente em 
bovinos e ovinos, nem todos os animais 
morrem e os que não morrem cronicamente 
vão perdendo capacidade produtiva. 
 
Há a utilização de grãos ou ração finamente 
fareladas, e quando é feito isso é moído 
para aumentar o volume. O problema é 
quando o grão está na forma em pó, quanto 
mais farelar o grão maior é o risco porque 
nessa forma o carboidrato já está pronto 
para ser eliminado pelas bactérias ruminais 
então o processo fermentativo feito pelas 
bactérias vai ser muito rápido. Então, à 
medida que as bactérias vão produzindo 
gás, produzem também ácido lático que vai 
matando as bactérias gram negativas 
principalmente as do rúmen, essas 
bactérias gram negativas que morrem 
liberam uma substância chamada de 
mucopolissacarídeos, fazendo o mesmo 
mecanismo do cloroplasto, tornando o 
líquido ruminal extremamente viscoso 
levando a formação de espuma. 
 
 
 
63 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
O resto da evolução é idêntica ao 
timpanismo espumoso por leguminosas o 
que muda é na necropsia é observado a 
ração ou os grãos moídos dentro do 
rúmen. 
 
 Timpanismo gasoso 
 
É observada uma evolução parecida com o 
espumoso, entretanto é caracterizado por 
gás livre dentro do rúmen e ele é chamado 
de secundário porque é secundário há uma 
condição a qual o indivíduo perde a 
capacidade de eructar. 
 
As condições primárias que levam a perda 
de capacidade de eructar são: obstrução 
do esôfago por corpos estranhos, 
neoplasias, aumento de volume dos 
linfonodos mediastínicos (tuberculose e 
leucose enzoótica bovina), decúbito 
prolongado durante procedimento 
cirúrgicos ou durante condição de doença 
(peso do rúmen comprime o esôfago) e 
disfunção de motilidade ruminal 
(estresse, doença sistêmica ou 
inflamatória). 
 
Na clínica há um acúmulo mais alto, 
paralombar esquerdo. Animal tem dispneia 
e taquicardia por dor excessiva por conta 
da distensão da musculatura do rúmen e 
morte por asfixia da mesma forma. 
 
 
 
Os ruminantes são pouco seletivos 
quando pastejam, ou seja, é comum que ele 
ingira fiapos de arame, que vão acabar no 
rúmen e retículo levando a lesões no 
retículo. Os fitobezoários (concreções de 
plantas que se formam dentro do rúmen 
devido aos movimentos ruminantes) se 
formam em casos de pastagens muito secas 
se acumulando no rúmen e o rúmen vai 
moldando essas bolotas de capins, é 
apenas um achado sem significado 
patológico já que não há obstrução. 
[Patologias do Rúmen] 
 
 Doenças inflamatórias do rúmen 
(ruminite ou acidose lática 
ruminal) 
 
É uma doença comum que ocorre em 
ruminantes (principalmente bovinos) que 
são alimentados com carboidratos 
simples, em épocas de seca quando falta 
gramíneas e pasto então tem que ter o uso 
de ração e subprodutos da alimentação 
humana para bovinos. O proprietário acaba 
errando no manejo quando faz um farelo 
de carboidrato e isso causa uma alteração 
muito brusca na microflora ruminal. 
 
É possível a adaptação dos ruminantes a 
carboidrato simples, mas mesmo assim há 
perda de alguns animais. Alguns animais 
podem adoecer e morrer, outros só tem 
forma subclínica. O que é observado a 
medida que é introduzido o carboidrato 
simples, bactérias produtoras deácido lático 
no rúmen aumentam e essas bactérias 
acabam suplantando em número as 
bactérias utilizadoras de ácido lático que 
derrubam o pH ruminal (menores que 5,0) e 
causa queimaduras químicas graves no 
rúmen (o epitélio do rúmen não é revestido 
por mucosa). À medida que o pH vai caindo, 
as bactérias que são benéficas para os 
bovinos como o Estreptoccocus bovis, 
que produz ácidos graxos voláteis que são a 
base energética dos bovinos, transformam o 
propionato em glicose. Então, essas 
bactérias desaparecem assim o bovino 
entra em hipoglicemia. À medida que há as 
queimaduras químicas há extravasamento 
de líquido para dentro do rúmen, o ácido 
graxo é hiposmótico, levando água para 
dentro do rúmen, levando a desidratação. 
Esse animal vai entrar em hipovolemia e a 
tendência é o choque hipovolêmico. O 
ácido graxo ganha a corrente sanguínea 
 
 
64 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
levando a acidose metabólica e tende a ter 
choque e hemoconcentração 
(concentração de hemácias) 
 
Os sinais clínicos podem ser: anorexia, 
desidratação, atonia ruminal, distensão 
abdominal (acumula gás + líquido), diarreia 
(leva ao choque e o animal morre) 
 
O animal sobrevivente que faz quadro 
subclínico pode apresentar algumas 
sequelas como tromboembolismo (o ácido 
lático corrói os vasos sanguíneos causando 
danos que levam a formação de trombos), 
úlceras do abomaso, laminite (inflamação 
das laminas do casco pois durante o quadro 
quando as bactérias gram negativas 
morrem, liberam endotoxinas bacterianas e 
elas causam vasodilatação sistêmica no 
organismo, podendo levar a choque 
endotóxico, mas no animal que sobreviveu 
vão chegar na lâmina do casco e a 
vasodilatação faz edema e são comprimidas 
pelas muralhas do casco e isso leva a 
necrose isquêmica das lâminas do casco). A 
poliencefalomalácia também pode ser 
uma sequela que acontece durante o quadro 
de ruminite pois no rúmen morrem 
bactérias responsáveis pela produção de 
vitaminas importantes como a B1 ou 
tiamina, que é importante para a passagem 
de líquido da barreira hematoencefálica 
para o cérebro. Sem tiamina, esse controle 
não ocorre e a tendência é edema cerebral, 
e assim, sofre compressão contra a calota 
craniana e a tendência é que a camada de 
substância cinzenta do cérebro sofra 
necrose. Se no início do quadro 
suplementar com a vitamina B1, consegue 
melhorar o quadro. A ruminite é subclínica 
sendo encontrada só no matadouro dos 
animais. 
 
Nos quadros agudos é observado 
conteúdo ruminal líquido, odor ácido forte, 
sangue escuro e grãos em abundância. Vai 
haver manchas azuladas ou difusamente 
amarronzadas e ‘’deslocamento de 
mucosa’’. Pode ocorrer também infecção 
secundária por Fusobacterium 
necrophorus (bactéria do próprio rúmen 
oportunista). Em nível microscópico, pode 
ter degeneração hidrópica, necrose de 
coagulação e neutrófilos. Nos sobreviventes 
há cicatrizes ruminais pálidas. 
[Patologias do abomaso] 
O abomaso é o estômago químico dos 
ruminantes, é onde ocorre a produção de 
ácido clorídrico. 
 Deslocamento de abomaso 
É uma patologia que acomete bovinos. O 
abomaso está localizado ventralmente no 
abdômen do bovino, preso nessa posição 
por um ligamento que o prende no assoalho 
da cavidade ventral que é o ligamento 
abomasal. 
O deslocamento de abomaso pode ocorrer 
para esquerda ou direita, mas o bovino tem 
muito mais espaço para um deslocamento 
para direita (sendo assim, é mais fácil ter 
deslocamento a direita). No lado esquerdo 
tem o rúmen ocupando todo o antímero, é 
possível ter deslocamento a esquerda, mas 
é mais complexo. 
Essa patologia ocorre em animais com alta 
produção leiteira pois eles são 
alimentados com alimentos mais 
fermentativos e esse é um dos pontos que 
favorece o deslocamento. Animais que 
consomem muita quantidade de grãos, 
rações e silagem tendem a produzir muito 
gás e o abomaso acaba inflando, e com 
isso, vai ter mais mobilidade para se 
deslocar. É possível observar em gado de 
corte, mas essa condição está associada 
em uma época de mais brotação de 
pastagens (como as primeiras chuvas dos 
anos) e forragem mais nova, que é rica em 
açúcar e água. Esses fatores vão favorecer 
a fermentação bacteriana. 
Há uma associação dessa patologia com o 
pós parto. Durante a gestação o 
crescimento do feto dentro do abdômen 
comprime os pré estômagos (rúmen, omaso 
e até o abomaso) e essa compressão pelo 
aumento do volume do feto, empurra os pré 
estômagos e estômago cranialmente. Isso 
vai causar o esgarçamento do ligamento 
abomasal e se torna frouxo. Quando o 
filhote nasce, os pré estômagos se 
 
 
65 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
descomprimem e voltam a se posicionar na 
cavidade abdominal, o ligamento por estar 
frouxo, vai favorecer a mobilidade do 
abomaso tanto para esquerda quanto para 
direita. 
O deslocamento a direita é mais comum 
em animais de criação intensiva (gado de 
leite). Como o animal que é criado para gado 
de leite se alimenta com alimentos mais 
fermentáveis (ração, carboidrato simples), 
ele produz muito gás e com isso, faz mais 
deslocamento para onde há espaço, que é o 
lado direito. Regiões onde há mais criação 
de gado de leite são São Paulo e Paraná, 
sendo esses os locais mais atingidos pelo 
deslocamento de abomaso a direita. Além 
disso, há um fator hereditário associado, 
pois, a seleção desses animais faz com que 
haja animais com maior diâmetro 
abdominal, logo, eles vão fermentar mais os 
alimentos, ficando predispostos ao 
deslocamento. 
O deslocamento a esquerda vai ser mais 
comum em gados de corte. No caso do 
gato de corte, eles são alimentados de 
forma extensiva e normalmente essa 
patologia ocorre no pós-parto. Pelo 
ligamento estar frouxo e o animal não se 
alimentar com alimentos fermentáveis, o 
abomaso fica flácido e por isso, consegue 
deslizar entre o rúmen e o gradil costal, ou 
seja, se deslocando para esquerda. o 
deslocamento a esquerda ocorre entre o 
gradil costal e o rúmen (como ele não está 
cheio de gás, ele acaba ficando flácido). 
 
 
Sinais clínicos do deslocamento a 
esquerda → Os sinais clínicos dessa 
patologia são pouco evidentes. No gado de 
corte é difícil perceber pelo rebanho ser 
muito grande. Geralmente é o animal que 
não acompanha o rebanho, que possui 
hiporexia e fica mais parado. Costuma ter 
uma protrusão das costelas, sendo as três 
últimas costelas ficando protuídas pois o 
abomaso empurra essas costelas para fora 
(visualmente teria uma protrusão das três 
ultimas costelas do lado esquerdo). Quando 
faz a percussão pode-se auscultar um som 
metálico na região das três ultimas 
costelas pois há acumulo de gás e o 
estouro das bolhas de gás fará um som 
metálico. Ele raramente leva a morte, pode 
levar a um emagrecimento progressivo e 
isso pode levar a prejuízo. Na necropsia 
pode haver erosões ou úlceras na mucosa 
abomasal, aderências e pode haver fígado 
amarelado pela lipidose hepática. 
Sinais clínicos do deslocamento a direita 
→ Quando o deslocamento é à direita, o 
caso é mais grave pois pode gerar o vólvulo 
gástrico. É uma situação em que o 
abomaso gira 180 graus, deslocamento do 
abomaso com entrelaçamento da sua 
porção cranial e do duodeno. Isso vai levar 
a necrose isquêmica do abomaso, se 
rompendo e levando a hemorragia. Logo, o 
deslocamento a direita é uma situação muito 
mais grave que pode levar o animal a óbito 
muito rápido. O abomaso pode se romper e 
o conteúdo liberado irá para cavidade e a 
parede do abomaso vai estar toda 
hemorrágica. Vai haver liquido 
sanguinolento dentro e fora do abomaso. 
Além disso, o omaso e retículo podem 
também se deslocar junto. O animal vai 
apresentar anorexia, prostração, 
desidratação, diarreia,taquicardia, dor 
intensa e pode levar a morte. O quadro é 
rápido e é difícil intervir cirurgicamente a 
tempo. 
[Patologias do Estômago 
Simples de carnívoros e 
onívoros] 
 
 
 
66 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Dilatação e vólvulo gástrico 
Ocorre normalmente em cães de grande 
porte, como labrador, fila, boxer, etc. O 
vólvulo ocorre quando há entrelaçamento, 
há dois seguimentos entrelaçando. Na 
prática chamam tudo de torção gástrica, 
mas na teoria tem diversas diferenças. 
 
Dilatação gástrica é uma dilatação aguda 
do estômago devido a obstrução 
completa do piloro. Pode ser causada por 
corpo estranho, alimentação com ração 
muito seca em um grande volume (animais 
que comem uma vez ao dia, em grande 
quantidade e rapidamente). 
O animal fica fazendo quadros recidivante 
de dilatação gástrica. Quando ele faz esse 
quadro, ele fica prostrado, anoréxico, com 
dor abdominal, etc. O estômago vai 
apresentando um esgarçamento do 
ligamento gastrohepático, que é o 
ligamento que mantém o estomago firme em 
sua posição. À medida que ele vai fazendo 
dilatação, o estômago fica pesado e isso 
força o ligamento. À medida que ele força 
o ligamento, ocorre um movimento de 
rotação no sentido horário de 180 graus 
e o segmento do esôfago e duodeno 
entrelaçam. Isso vai levar a um 
estrangulamento do estômago, levando a 
necrose isquêmica e posterior ruptura. O 
vólvulo gástrico pode ocorrer na dilatação 
gástrica, nem sempre ocorre. Quando 
ocorre é muito grave e normalmente fatal. 
 
Na foto acima, há uma dilatação gástrica do 
estômago e não há vólvulo. É possível 
visualizar uma serosa hemorrágica. 
Essa patologia é de difícil de diagnóstico 
com quadro agudo. O animal fica 
vocalizando de dor, com abdômen tenso. É 
chamado de um quadro de abdômen 
agudo, que é quando o animal sente dor 
abdominal por um distúrbio interno do 
abdômen. 
A rotação do estômago também pode 
acabar tracionando junto o baço. O baço fica 
embaixo do estômago, preso pelo omento. 
Quando o estômago rotaciona, ele puxa o 
baço junto e este se desloca do lado 
esquerdo para a posição mesogástrica 
(meio do abdômen). Com isso, o baço pode 
se dobrar sobre ele mesmo e isso gera uma 
torção do baço. Essa torção do baço 
também pode causar necrose isquêmica do 
baço. Na necropsia o baço fica preto de 
sangue. 
 
Na foto acima, há um estômago rotado onde 
a cor enegrecida da víscera demonstra 
necrose. 
Vai haver comprometimento vascular, 
desequilíbrio ácido base (o animal para de 
produzir ácido clorídrico pois o estomago 
sofreu estrangulamento, ele para de 
 
 
67 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
excretar hidrogênio e com isso, ele acumula 
hidrogênio no sangue. Quando isso ocorre, 
ele encontra com monóxido de carbono e 
forma ácido carbônico, gerando uma 
acidose metabólica), isquêmica 
cardiovascular (pois ocorre uma perda 
grande de sangue para o estomago 
necrótico), arritmias e choque hemorrágico. 
 Lesões inflamatórias do 
estômago (gastrites) 
Clinicamente as gastrites em animais se 
apresentam na forma de êmese. Pode estar 
associado a desidratação e acidose 
metabólica. Muitas vezes é uma 
demonstração subclínica como prostração e 
hiporexia. 
Na necropsia vai haver um padrão de 
gastrite que pode ser caracterizado pela 
presença de erosões ou até úlceras. Se o 
animal tiver se alimentado pouco antes da 
necropsia, vai haver uma hiperemia 
estomacal fisiológica (é fisiológica durante 
a digestão) então não deve se considerar 
vermelhidão intensa como área de 
inflamação. 
Sinais de inflamação podem ser 
caracterizadas por áreas de vermelhidão 
escura (como na foto 2) pois houve 
hemorragia. A mucosa gástrica sangra 
facilmente em processos inflamatórios, ela é 
muito irrigada e quando o sangue sai do 
vaso sanguíneo, ele sofre oxidação pelo 
HCl. Então, na necropsia vai ser encontrado 
borra de café. Isso é importante pois essa 
mesma estria vai ser encontrada no vomito 
do animal que tem gastrite. Um animal que 
faz uma gastrite importante apresenta um 
vomito com manchas escuras. Na gastrite 
crônica pode haver os mesmos sintomas 
associado a espessamento da mucosa, 
nódulos e tumores. 
 
Na imagem acima, o cavalo provavelmente 
também tinha gastrite crônica pela presença 
de nódulos. A gastrite crônica tende a ser 
proliferativa. 
 
A gastrite crônica pode ser chamada de 
gastrite hipertrófica ou hiperplásica. 
Nesses casos ocorre perda de glândula 
gástricas e o indivíduo perde capacidade 
digestiva. Quando ele perde essas 
glândulas, ele não excretará hidrogênio, 
gerando uma acidose metabólica. Todo 
animal com gastrite crônica vai apresentar 
má digestão e acidose metabólica. Além 
disso, ele fará retenção crônica de fluidos 
gástricos e refluxo de bile. 
Algumas causas importantes para algumas 
espécies: 
1) Gastrite linfoplasmocitária em cães 
Em cães e gatos pode ocorrer um processo 
imunomediado de etiologia desconhecida 
que é a gastrite linfoplasmocitária de 
cães. É um cão que faz gastrite crônica, 
vômitos periódicos, anorexia ou hiporexia 
com perda de peso. Ela é responsiva a 
corticoterapia, podendo recidivar. 
 
 
68 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
Na foto acima, observa-se que a mucosa 
fica totalmente enrugada. Além das dobras 
também tem o enrugamento da mucosa. 
Isso é gastrite hipertrófica ou 
hiperplásica devido a uma inflamação 
linfoplasmocitária. Quando se faz uma 
biopsia endoscópica disso e tira um pedaço, 
o que se vê é uma inflamação riquíssima em 
linfócitos e plasmáticos. 
 
2) Habronema e trichostrongylos em 
equinos 
Habronema é um nematoide encontrado no 
pasto, muitas vezes a mosca pousa no 
pasto e se contamina com ovos da larva. A 
partir disso, leva os ovos a boca do cavalo, 
ocorrendo a eclosão dos ovos. As larvas 
migram da boca até o estômago. Elas 
tendem a penetrar na mucosa gástrica e 
fazer exatamente nódulos ou tumores 
granulomatosos. 
 Neoplasias de estômago e 
abomaso 
 
 Pólipos → Neoplasia benigna ou 
hiperplásica. É um pequeno nódulo de 
base larga e normalmente ocorre por 
inflamação crônica. 
 Leiomiomas ou leiomissarcomas 
 Linfossarcomas → Na foto 1, o 
estômago de um gato onde a mucosa 
está extremamente inchada e enrugada. 
Na foto 2 vê-se a mucosa gástrica de um 
cão e dá para observar o padrão 
parecido com o da gastrite hiperplásica 
linfoplasmocitária. Alguns autores dizem 
que esse padrão de gastrite pode ser a 
base para o linfoma em estômago de 
cães. Na foto 3 é um linfoma no 
abomaso de um bovino e podever os 
focos brancos do linfoma. Quem causa 
linfoma em bovinos é uma doença viral 
chamada Leucose Enzootica Bovina. 
 
 Carcinoma de células escamosas 
 Adenoma e adenocarcinoma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
69 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[Patologia da Diarreia] 
 
A diarreia é o principal sinal clínico de 
doenças intestinais. Tem como definição um 
aumento no volume e frequência de 
defecação. É importante não ficar preso só 
na morfologia das fezes, há diarreias em 
que o bolo fecal é bem formado. 
 
A patogenia é subclassificada em 4 tipos 
principais: 
 
 Má absorção 
 
O indivíduo ingere maior número de 
ingredientes que ele é capaz de absorver. 
Ocorre quando a luz intestinal está repleta 
de nutrientes e suplanta a capacidade do 
duodeno, jejuno e íleo de absorverem 
glicose, proteína e lipídios. É observado um 
bolo fecal muito rico em substâncias 
osmóticas, a tendência é que a água fique 
presa no bolo fecal e não seja 
adequadamente absorvida, acontece 
principalmente no cólon. Então, faz com que 
o bolo fecal fique hidratado. 
A morfologia das fezes é de pastosa a 
líquida. Outracaracterística é a coloração 
amarelada com bastante bile, nutrientes 
inteiros (fezes com gorduras, alimentos mal 
digeridos) e gás (fermentação por bactérias 
no cólon). Essa diarreia muitas vezes está 
incluída como parte de outras patogenias de 
diarreias. 
 
 Hipersecreção 
Ocorre mediada por alguns patógenos que 
tem capacidade de interferir com o 
metabolismo dos enterócitos que são 
células que revestem as vilosidades 
intestinais. Alguns vírus como o rotavírus e 
coronavírus atuam no metabolismo dos 
enterócitos estimulando a supersecreção 
pela própria célula de eletrólitos, como 
sódio, potássio e cloro. Não há uma lesão 
direta e a mucosa fica intacta. O que há é 
uma interferência no metabolismo 
celular. A mucosa fica intacta, mas as 
células começam a secretar eletrólitos e 
com isso secretam água também então por 
mais que a capacidade de nutrientes não 
seja demais o bolo fecal fica hidratado 
porque com a secreção dos eletrólitos 
perde água pro bolo fecal. 
A velocidade de passagem é o tempo que 
leva pro alimento passar no trato digestório. 
Se for alto, ocorre boa absorção e se for 
curto não ocorre boa absorção. A velocidade 
de passagem do bolo alimentar diminui, 
passando muito rápido, impedindo a 
absorção de nutrientes e ocorrendo a 
diarreia. 
As fezes são amolecidas ou aquosas com 
os nutrientes não absorvidos. Os 
patógenos também podem ser bactérias 
como Escherichia coli. O animal também 
pode ter hipocalemia (baixa grave de 
potássio), podendo resultar em alteração de 
ritmo cardíaco, causando morte súbita. 
 Exsudação 
O exsudato é uma coleção de substâncias 
inflamatórias (pus, exsudato fibrinoso, 
necrose e etc). Haverá perda de elementos 
do próprio sangue para a luz intestinal 
(como a fibrina, albumina, eletrólitos, 
leucócitos, eritrócitos). Nesse caso ocorre 
por lesão intestinal, uma lesão direta nos 
enterócitos. As diarreias dessa origem são 
doenças com perda de proteína e o grande 
problema é que ocorre perda de 
capacidade absortiva e a osmolaridade é 
acrescida. Nesses casos é uma diarreia 
mais grave e classificada como um caso de 
enteropatia por perda de proteína. 
 Hipermotilidade 
Na parede de todo trato digestório existem 
estruturas chamadas plexo neuronais, e 
estimulam atividades, como a peristalse. 
Quando há processo inflamatório, é possível 
que ela atinja esses plexos. O plexo 
mioentérico é o responsável pela peristalse 
e se a inflamação o atinge, a tendência é 
que a peristalse fique exagerada. Se há 
uma inflamação devido a um agente 
externo, o normal é aumentar a peristalse 
para expulsa-lo. Quando aumenta a 
peristalse, também aumenta a velocidade 
de passagem do bolo alimentar e do bolo 
 
 
70 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
fecal e isso faz com que não dê tempo de 
absorver os nutrientes e água. Por isso, a 
tendência é a diarreia. 
Logo, esse tipo de diarreia ocorre quando o 
mioentério é super estimulado, há 
algumas condições: uma delas é a ação de 
enterotoxinas que estimulam o plexo 
mioentérico. Há uma peristalse 
excessivamente alta e uma diminuição 
consequente da velocidade de passagem 
do bolo alimentar. Nesse caso os patógenos 
vão estimular uma diarreia pela velocidade 
de passagem. Uma doença inflamatória 
intestinal que seja grave e atinja a muscular 
também pode estimular aumento da 
peristalse, tendo dois padrões a diarreia por 
exsudação e por hipermotilidade. 
 Causas não intestinais 
 
[ Hipertireoidismo → Produção 
excessiva de hormônio tiroidiano que 
acaba, por sua vez, aumentando o 
metabolismo corpóreo. Então, por 
isso, a taxa de passagem de bolo 
alimentar fica com uma velocidade 
aumentada e o tempo de passagem 
reduzido. O animal vai ter o bolo fecal 
bem formado, porém vai ter aumento de 
velocidade e frequência de defecação. 
 
[ Insuficiência pancreática → 
Incapacidade do pâncreas em produzir 
suco pancreático, que é uma grande 
quantidade de enzima que digere o 
bolo alimentar, então nutrientes como 
proteína e lipídios não são absorvidos. 
 
[ Insuficiência renal crônica → O 
indivíduo perde a capacidade de retirar 
ureia e creatinina do sangue, então, o 
sangue fica rico desses compostos. No 
intestino, a ureia e creatinina sanguínea 
são convertidas em amônia pelas 
bactérias intestinais e a mucosa 
intestinal fica rica em amônia, assim, a 
osmolaridade aumenta pela ação da 
amônia e essa amônia atrai água da 
mucosa para a luz intestinal. Com isso, 
o indivíduo perde capacidade de 
absorção. Ocorre durante todo o trato 
digestório. 
 
 Consequências da diarreia 
 
A diarreia crônica leva a perda de peso e 
desnutrição. A diarreia aguda pode levar ao 
choque hipovolêmico. 
Na desidratação tem alguns fatores para 
avaliação: mucosas ressecadas, focinho 
ressecado, turgor cutâneo reduzido e o TPC 
aumentado. 
A partir disso tem sinais clínicos de 
desidratação, animal faz hipovolemia e o 
coração responde fazendo taquicardia, o 
pulso da artéria facial está rápido, porém 
fraco (indica hipoperfusão tecidual). Em 
relação ao sistema nervoso central pode 
ocorrer torpor, aos pulmões o animal faz 
dispneia e taquipneia para trocar o máximo 
possível com o pouco de pressão. Nos rins 
diminui a frequência e volume urinário 
(oligúria podendo evoluir pra anúria). 
Além de falhar o órgão por conta da 
hipoperfusão também entra em uma 
hipoglicemia porque não consegue 
absorver nutrientes e, com isso, o ciclo de 
Krebs diminui a atividade. Assim, todo o 
metabolismo aeróbio muda pro metabolismo 
de anaeróbio, gerando muito produção de 
ácido lático e também se não há glicose o 
ciclo de Krebs passa a utilizar lipídios sendo 
produzidos corpos cetônicos que se 
transforma em ácido acético. 
Há outros acontecimentos como a perda de 
potássio porque o potássio não é reservado 
no sangue, com isso em um quadro de 3 
dias sem comer por conta da diarreia entra 
em hipocalemia e assim o ritmo cardíaco 
muda e pode ocorrer morte súbita. 
 
Primeiro passo em diarreia aguda é fechar o 
sistema gastrointestinal, ver quanto tempo o 
animal está fazendo diarreia e vomito. Pedir 
6 horas de jejum hídrico e 12 horas de jejum 
alimentar. 
[Obstruções Intestinais] 
 
 Corpos estranhos → Pode ocorrer por 
corpos estranhos como brinquedos, 
ossos, etc. 
 
 Enterólitos → Pode ocorrer de forma 
enteral, os enterólitos são massas 
minerais que se solidificam e se tornam 
pedras em níveis de intestino de 
cavalos, como os cavalos árabes. Um 
corpo estranho metálico atrai esses 
minerais formando pedras de tamanhos 
variados que podem causar obstrução 
 
 
71 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
principalmente nas flexuras intestinais 
dos cavalos. 
 
 Compactações → A compactação 
alimentos é observado com frequência 
em cavalos quando alimentos de baixa 
qualidade lignificado se compactuam 
nas flexuras levando a obstrução 
intestinal. 
 
 
 
 Intussuscepção → É quando ocorre 
invaginações de segmentos intestinais, 
eles se fecham como uma luneta e isso 
está associado a situações e 
hiperperistalse. Os segmentos 
interpostos se estrangulam fazendo que 
ocorra isquemia e necrose. 
 
 
 
 
Nas duas imagens acima, é observado 
segmentos intestinais que sofreram 
intussuscepção. 
 
[Deslocamentos Intestinais] 
 
 Hérnias 
 
Hérnia é um deslocamento de um conteúdo 
para fora da cavidade. Por exemplo, a 
cavidade abdominal quando sofre um 
deslocamento de alças intestinais para fora 
da cavidade abdominal, chama-se isso de 
herniação. O termo hérnia ou herniação, é 
muito amplo e não se restringe apenas aos 
intestinos. 
 
Externas 
 
Hérnia diafragmática → Essa hérnia é 
caracterizada quando uma ruptura do 
diafragma permite que o conteúdo 
abdominal se desloque para o tórax. É 
classificada como uma hérnia externa 
porque ela se desloca para fora do 
abdômen, que é o local original dela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
72 Anatomia PatológicaEspecial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Hérnia umbilical → É uma hérnia externa 
na qual vísceras pelo seu próprio peso 
(normalmente em animais mais pesados, 
como cavalos e bois) se deslocam pelo 
forame umbilical que em determinada idade 
já deveria estar fechado, se fecha pouca 
semana após o nascimento. Em alguns 
casos esse forame se torna complacente e 
à medida que o animal ganha peso, as alças 
intestinais começam a se insuniar entre o 
forame, se alojando no subcutâneo ventral. 
Pode ser que passe o intestino ou só o 
omento. Se passar o intestino pode ser que 
ocorra encarceramento e pode ocorrer 
estrangulamento, já que no encarceramento 
com o tempo o anel pode ir se fechando e 
cicatrizando por dentro e isso estrangula a 
víscera levando a necrose isquêmica. 
 
 
 
Hérnia escrotal → É quando esse conteúdo 
abdominal migra completamente para a 
bolsa escrotal, coabitando conteúdo da 
bolsa escrotal com os testículos. 
 
 
 
Internas 
 
Hérnia epiplóica → O omento é uma 
membrana que pode aprisionar 
segmentos intestinais. Costuma-se 
observar as hérnias epiplóicas ou de omento 
quando cirurgiões fazem muitas fixações no 
omento, ou omentalização que é uma 
situação no qual o cirurgião sutura a 
membrana do emento numa cicatriz ou 
numa área onde ele exerceu um corte 
cirúrgico. 
 
 
 Evantrações → Quando o conteúdo de 
uma cavidade se expõe para o meio 
externo. 
 
 Prolapso retal → É a ejeção da ampola 
retal. A ampola além de ejetar, ela se 
everte. Isso acontece em condições 
relacionadas ao tenesmo (força 
excessiva ao evacuar) ou no pós parto 
(porque no parto se faz muita força para 
se ejetar o feto e como consequência 
pode ocorrer prolapso retal). 
 
 Vólvulos ou torções 
 
Os vólvulos ocorrem no eixo do 
mesentérico, ou seja, entrelaçando 
vísceras. Já as torções ocorrem no eixo do 
corpo intestinal. 
Ambas as condições vão resultar em 
estrangulamento e necrose isquêmica com 
bastante perda de sangue para a luz do 
intestino e para a própria parede visceral. 
 
A tendência é que durante a necropsia 
observe alterações hemorrágicas e 
vasculares importantes, como edema, 
congestão e necrose do segmento afetado. 
 
O risco de desfazer essas torções ou 
vólvulos é a síndrome de reperfusão de 
sangue toxico, ou seja, naquele segmento 
intestinal onde o sangue ficou parado, se 
formam trombos, acúmulos de ácidos como 
ácidos láticos, ácido acético e se desfaz a 
torção e libera esse sangue para a corrente 
sanguínea, pode levar o paciente a um 
choque devido a acidose sanguíneo. O 
certo é fazer a enterectomia, ou seja, tirar 
parte da alça intestinal. 
 
Mecanismos que podem resultar em torções 
ou vólvulos: rolamento (pode predispor o 
vólvulo intestinal), pós parto (as alças 
intestinais ficam muito moles), lipomas 
intra-abdominais (raros) pedunculados 
pode se enroscar nas alças intestinais 
podendo causar volvo e torção. 
 
 
 
 
73 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Na foto acima, observa-se um bezerro com 
um vólvulo de uma grande parte da alça 
intestinal. O mecanismo que fez isso foi 
peristalse excessiva, ou seja, o animal 
teve uma diarreia com uma peristalse 
excessiva que em tese pode causar isso. 
[Doenças inflamatórias e 
infecciosas] 
 
 Salmonelose 
 
A Salmonela é uma bactéria comum de trato 
digestório em quantidade baixa, que é 
considerada dentro do padrão normal. 
A doença em si, se instala, quando há uma 
contaminação exacerbada de Salmonela 
intestinal. Isso pode acontecer, muito 
frequentemente por condições sanitárias 
ambientais. 
A Salmonelose em animais é muito 
importante em fazendas, principalmente em 
animais muito jovens. Também pode 
acontecer em animais pet, como cães que 
ficam em canis com baixa qualidade 
sanitária ambiental. 
É zoonótica e pode contaminar humanos. A 
Salmonelose está fortemente relacionada 
com as intoxicações alimentares. 
Muitas vezes o pecuarista leva o bezerro até 
a vaca e expõe o animal à mãe, ela dá leite 
ao bezerro e depois esse bezerro é 
apartado. Mas isso se faz com muitos 
bezerros de uma vez só e depois eles vão 
para bezerreiro, que muitas vezes a 
condição sanitária é de baixa qualidade. O 
risco nesse momento de contrair salmonela 
é muito grande. 
A Salmonelose ocorre de 3 formas 
diferentes: 
Salmonelose septicêmica → Ocorre em 
animais neonatos, que ainda tem a 
imunidade muito baixa. É uma bactéria 
enteroinvasiva e é capaz de atravessar a 
barreira intestinal e cair na corrente 
sanguínea. O animal que não tem uma 
imunidade capaz de conter esse processo, 
rapidamente faz septicemia. Uma 
característica marcante da septicemia é a 
necrose de vasos sanguíneos, uma 
necrose caracterizada pela presença de 
fibrina, por isso o termo fibrinoide. A 
Salmonela induz a uma inflamação fibrinosa 
dos tecidos que ela afeta. 
É observado fibrina tanto a necropsia quanto 
na microscopia. Como ocorre essa necrose 
vascular, é de se esperar que ocorra CID e 
morte por choque séptico. 
Salmonelose aguda entérica → Essa é a 
segunda forma da Salmonelose que tem em 
torno de 50% de mortandade e também 
morbidade (não mata, mas deixa sequelas). 
Afeta animais jovens, mas fora da faixa dos 
neonatos. São animais que já tem uma 
imunidade capaz de segurar a Salmonela 
no intestino e evitar a forma septicêmica. 
O quadro é todo intestinal e clinicamente o 
animal vai apresentar uma diarreia aquosa e 
amarelada e com placas, moldes ou franjas 
de fibrinas. É uma enterite catarral difusa 
que afeta o IG apresentado necrose, fibrina, 
muco e sangue. 
 
 
 
 
74 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Na segunda foto, observa-se os moldes de 
fibrina, que na foto está verde por causa da 
pseudomelanose. 
Na necropsia é possível visualizar: 
[ Características de fibrinas, 
[ Alguns pontos de ulcera no íleo e no 
ceco. 
[ Edema 
Na histopatologia é possível visualizar: 
[ Necrose hepática focal e o padrão é 
a necrose fibrinoide 
[ Pequenos nódulos de hiperplasia 
de células de Kupfer (macrófagos 
do fígado) 
[ Colecistite fibrinosa (inflamação da 
vesícula biliar rica em fibrina). 
Salmonelose entérica crônica → Os 
animais que tem a forma entérica crônica 
são os que chamamos de portadores 
assintomáticos. São os que mantém a 
carga de salmonela alta no ambiente. 
Esses portadores, podem fazer episódios de 
diarreias crônica. 
Quando o animal vem a óbito, em 
matadouros de suínos, bovinos pode 
observar achar pequenos focos discretos de 
ulceras no intestino. 
Lesões vistas principalmente em suínos, 
podemos encontrar focos discretos de 
necrose e ulceração, úlceras botonosas no 
IG. Também é relatada a trombose das 
artérias retais. Esse processo inflamatório 
ocorre em vasos sanguíneos intestinais e 
também ocorre na ampola retal dos suínos. 
Esse processo inflamatório afetando vasos 
sanguíneos pode resultar na formação de 
trombos dentro das artérias, associada a 
baixa perfusão colateral ao reto nos suínos 
(arteríte hemorroidal cranial). O trombo 
quando se forma, causa um abaulamento na 
superfície do reto. Esses trombos são 
doloridos e quando o animal evacua, as 
fezes passam pelos trombos e causam dor. 
Então o animal passa a fazer a retenção de 
fezes e consequente acumula gás, faz 
distensão abdominal, come menos. 
 Rodococose 
É uma enterite em Equinos causado pela 
bactéria Rodococcus equi. É um bacilo 
anaeróbio residente da flora bacteriana. É 
uma zoonose. 
Quando causa doenças, afeta animais mais 
jovens como potros e adultos 
imunossuprimidos, idosos principalmente. A 
contaminação ambiental também é 
importante e de forma análoga a 
Salmonelose, também haverá adultos 
portadores assintomáticos, e geralmente 
são os adultos imunossuprimidos. 
Cargas muito grandes de bactérias, causam 
um processo inflamatório intestinal e 
pulmonar. Nesse ponto é diferente da 
Salmonela, pois o Rodococuscausa 
inflamação em 2 sistemas. 
A infecção em geral ocorre de forma aguda 
com evolução até a morte em questão de 1 
a 2 semanas e isso depende do suporte 
clinico que será dado ao animal. 
A bactéria em nível intestinal ela é 
caracteristicamente causadora de necrose 
de Placas de Peyer e por isso derruba a 
imunidade intestinal. Desde o íleo até o reto 
observa-se essa necrose. Ao longo do 
intestino observa a formação de 
piogranulomas na mucosa intestinal 
(nódulos piogranulomatosos cheios de pus). 
 
 
Na segunda foto, observa-se a luz intestinal 
edemaciada e com focos de ulceração. O 
animal faz uma diarreia purulenta. 
 
 
 
75 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Esses mesmos piogranulomas são 
encontrados no pulmão, e por isso o cavalo 
faz uma pneumonia piogranulomatosa 
purulenta, drena pus pelas narinas. O 
cavalo morre de septicemia. 
Em animais de prenhes a tendência é o 
aborto e placentite, ou seja, a bactéria 
atinge o feto. Outros linfonodos podem se 
tornar piogranulomatosos. 
A nível microscópico observa-se lesões 
piogranulomatosas, macrófagos contendo a 
bactéria e é possível fazer o diagnóstico 
pela histopatologia. 
 Enterite anterior dos equinos 
É uma doença considerada uma cólica de 
alto nível de dor. Cólica é qualquer 
condição de dor abdominal aguda. As 
reações de um cavalo com cólica são: 
[ Animal inquieto na baia 
[ Cava o chão constantemente 
[ Deita 
[ Rola com os membros para cima 
É um processo agudo causado pela 
infecção do ID, principalmente duodeno pelo 
Clostridium Perfringes. 
A infecção pelo Clostridium Perfringes 
está associada a condições alcalinas do 
duodeno e jejuno. O que pode resultar na 
alcalinidade do duodeno? É a diminuição do 
HCl que é causado por gastrite crônica. 
Cavalos de corrida sofrem gastrites crônica 
pela ação de antinflamatórios não 
esteroidais e estresse. O Clostridium se 
prolifera melhor em condições alcalinas e o 
intestino de herbívoros é riquíssimo em 
Clostridium, mas no intestino grosso e não 
no delgado. 
O clostridium produz enterotoxinas que 
causam necrose vascular e a tendência é 
a hemorragia intestinal. 
Na foto abaixo, observa-se uma enterite 
hemorrágica com grande perda de liquido 
para a luz intestinal. Há focos de hemorragia 
ao longo do jejuno. O animal perde sangue 
e desidrata para a luz intestinal. A perda de 
volume sanguíneo é uma efusão sanguínea 
porque o animal faz edema e esse liquido 
reflui para o estômago causando dilatação 
gástrica e por isso o animal sente dor. O 
tratamento inclui sondar o estômago para 
diminuir a quantidade de líquidos e diminuir 
a compressão. O problema é que quando 
tira o liquido o animal vai desidratar pois 
existe uma lesão vascular. 
 
 Diarreia viral bovina (BVD) 
 
O causador é o Pestivírus bovino, no 
ambiente observa 2 cepas diferentes desse 
vírus. No laboratório elas foram identificadas 
como citopatogênica e não 
citopatogênica. Ambas causam a mesma 
doença no bovino, mas nas placas de petri, 
só a citopatogenica mata a célula. 
É uma doença que afeta principalmente 
animais jovens, entre 6 meses e 2 anos 
pois a partir do momento que ele se 
reinfecta ele adquire imunidade. Vai causar 
a Infecção aguda em animais prenhes. 
Em animais não prenhes é subclínica e vai 
causar: 
 
[ Erosões 
[ Febre 
[ Diarréia 
[ Hipersalivação, 
[ Descarga nasal e tosse 
[ Erosões multifocais bem 
demarcadas em mucosa oral 
[ É uma doença autolimitante para 
animais infectados nessa faixa de 
idade 
 
Quando ela causa lesões em Placas de 
Peyer, existe um efeito imunossupressor 
intestinal, ou seja, deixa sequelas. É uma 
doença mórbida. 
 
Por causa desse efeito imunossupressor 
intestinal, um bezerro de 6 meses está muito 
susceptível a infecções secundárias, como 
a Salmonelose. Mas se o bovino é infectado 
ainda dentro do útero da mãe, esse vírus 
tem grande poder teratogênico, ou seja, 
causa má formações diversas, como: 
 
 
76 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[ Hipoplasia cerebelar 
[ Catarata congênita (opacidade do 
cristalino) 
[ Microftalia 
[ Displasia renal 
 
O feto, se nascer, vai nascer muito fraco e 
não cresce e não se desenvolve. 
Também pode causar: 
 
[ Repetição de cios 
[ Reabsorção embrionária 
[ Aborto 
[ Natimortos 
[ Mumificações fetais 
[ Bezerros fracos 
 
Animais infectados no útero no período de 
gestação de 40 a 120 semanas, vão se 
tornar persistentemente infectados, que 
são chamados de animais PI. Nesse período 
da gestação, os linfócitos do feto estão 
aprendendo a reconhecer o que é próprio do 
feto e ao ser infectado nesse período eles 
passarão a reconhecer o vírus como sendo 
próprio do feto e por isso ocorre uma 
simbiose. Não ocorre resposta inflamatória 
contra o vírus e ele fica ali se replicando 
devagar de forma latente e quando o animal 
nasce ele passa a excretar para o 
ambiente esse vírus. No útero ele foi 
infectado por uma das cepas e quando ele 
nasce se ele se encontra com a outra cepa, 
a tendência é que haja uma resposta 
imunológica brutal contra a outra cepa, a 
ponto de causar uma processo que 
chamamos de Doença das mucosas, que 
causa febre, diarreia hemorrágica, 
desidratação e morte por choque 
hipovolêmico. Erosões em língua, gengiva, 
palato, esôfago, rúmen e abomaso também 
ocorrem. Haverá placas de Peyer’s 
edematosas, hemorrágicas e necróticas. 
 
 
 
 Paratuberculose 
A paratuberculose também conhecida como 
Doença de Jhone’s é uma doença que afeta 
bovinos e é causada por uma 
microbactéria, Mycobacterium avium 
subespécie paratuberculosis. É uma 
bactéria ácido álcool resistente e isso quer 
dizer que para fazer o seu diagnóstico só 
através da coloração Ziehl-Neelsen. Esta 
característica é devida ao elevado teor de 
lipídios estruturais na parede celular destas 
bactérias, que provoca uma grande 
hidrofobicidade, dificultando a ação dos 
mordentes e diferenciadores de corantes 
aquosos. 
Como toda micobacteriose, é uma doença 
caracteristicamente granulomatosa, que 
no caso em especial da paratuberculose, 
resulta na formação de granulomas 
intestinais, mais especificamente na lâmina 
própria e na submucosa. A lâmina própria e 
a submucosa ficam abaixo das vilosidades, 
do epitélio absortivo. É nessa submucosa 
que se observa uma inflamação 
granulomatosa em que é possível ver os 
macrófagos contendo o bacilo da bactéria. 
É uma doença crônica que leva anos, tanto 
para surgir clinicamente quanto para levar a 
morte o animal, ou seja, é uma enterite 
crônica. 
Essa enterite crônica resulta no 
emagrecimento progressivo do animal, e 
os animais afetados são primordialmente 
bovinos, então eles irão apresentar 
emagrecimento progressivo e diarreia 
resultando muitas vezes em morte súbita ao 
final da vida. Esses animais vivem com a 
doença, em geral, 1 a 2 anos até a morte, ou 
seja, os sinais clínicos vão debilitando 
bastante esses animais. Por ser uma 
doença crônica que leva ao emagrecimento 
progressivo e perda de capacidade 
produtiva, o destino desses animais é uma 
morte precoce e muitas vezes vão parar 
em um açougue. 
Para identificar, antes do animal ser abatido 
precocemente, é necessário fazer o teste 
de tuberculinização. Esse teste é obrigado 
pela Vigilância Estadual Agropecuária, a ser 
feito em todo rebanho. Esse teste serve para 
poder identificar primariamente a 
tuberculose e paratuberculose. 
 
 
77 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Como é feito o teste? É aplicado o 
antígeno purificado de tuberculose no 
subcutâneo do pescoço do animal, em todo 
o rebanho da propriedade. O antígeno é a 
própria bactéria destruída, e isso é feito para 
observar se por acaso, vai causar uma 
reação subcutânea exagerada. Se for 
exagerada, vai mostrar que o animal já teve 
contato com a tuberculose antes. Essa 
reação, caso positiva,fica muito grande e é 
medida com um paquímetro 1 semana 
depois da aplicação. Se a reação for positiva 
esse animal será encaminhado para o abate 
sanitário e será marcado na testa com um 
“T” de tuberculose, depois abatido e 
enterrado. É de notificação obrigatória. Na 
anca do bovino é aplicado o antígeno da 
paratuberculose e também será observado 
após 1 semana se há reação subcutânea 
que será medida com o paquímetro. Esse é 
o diagnostico clinico feito em vida 
Lesões macroscópicas → Mesmo os 
animais positivos não são vistos lesões 
macroscópicas pois eles eram abatidos 
muito cedo. Mas os animais que vinham a 
óbito por causa da doença, apresentavam 
as seguintes lesões que ocorriam ao longo 
de todo o trato digestório, IG mais 
especificamente: 
 
Na foto acima observa-se um padrão de 
lesão que é um enrugamento da mucosa 
intestinal. É possível ver o tubo intestinal 
que apresenta um aspecto enovelado da 
mucosa intestinal. O que se observa por 
baixo dessa mucosa, é uma inflamação 
granulomatosa, a mucosa fica toda cheia 
de nódulos ou tumores granulomatosos o 
que diminui muito a capacidade de 
absorção do intestino, principalmente por 
via linfática, pois essa região é rica em 
vasos linfáticos. Proteínas e gorduras são 
absorvidas por via linfática o que fica 
prejudicada. Os Linfonodos mesentéricos 
ficam granulomatosos, aumentados e 
edemaciados. O animal perde bastante 
capacidade absortiva e por isso ocorre uma 
hiperplasia da mucosa intestinal, também 
chamado de aspecto cerebroide, e isso 
acorre para aumentar o poder de absorção. 
É um processo inflamatório crônico e por 
isso se perde muita proteína plasmática, em 
especial albumina. Todo processo 
inflamatório granulomatoso ou entérico 
crônico, faz com que o animal perca 
proteínas plasmáticas pela inflamação e faz 
com que o animal entre no que chamamos 
de enteropatia com perda de proteína. 
 Parvovirose 
Os Parvovirus são vírus muito pequenos. 
Então, por ele ser tão pequeno e leve, ele se 
dissemina muito facilmente e muitas vezes 
pelo ar. 
É um vírus encontrado em várias espécies, 
inclusive no ser humano. Mas nos seres 
humanos se caracteriza por exantemas 
febril cutâneos, ou seja, uma hiperemia na 
pele, rosto, braços e tronco. 
O parvovirus também é conhecido pelo vírus 
da Panleucopenia Felina pois esse vírus 
tanto em cães como em gatos. Tem um 
tropismo muito forte para células com alta 
taxa de mitose, e a medula óssea e órgãos 
linfoides como baço, linfonodos estão 
cheias delas. O vírus destrói a medula óssea 
e por isso panleucopenia, ou seja, puxa 
para baixo as linhagens de leucócitos. No 
gato isso é muito marcante e em geral uma 
infecção fatal. No cão também acontece, 
mas há um outro perfil que é o entérico, 
causa uma enterite hemorrágica segmentar. 
Enterite hemorrágica segmentar → Na 
foto abaixo, há todo o trato digestório de um 
cão, do estomago até o ceco e colón e 
observa-se segmentos do intestino, 
hemorrágicos e isso é muito característico 
nessa doença. Ao abrir, observa-se um 
conteúdo sanguinolento. Na mucosa 
intestinal é possível visualizar a 
macroscopia, bastante hemorragia 
 
 
78 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
multifocal, desde petéquias até sufusões 
(manchas hemorrágicas nas vísceras). 
 
Uma lesão que é muito marcante da 
parvovirose e que ajuda a orientar o 
diagnóstico na necropsia que é há necrose 
de placa de peyer. A placa de Peyer é um 
conjunto de folículos linfoides organizados 
na forma de placa. 
 
A clínica esperada para esse animal: 
 
[ Depressão central 
[ Desidratação, que é decorrente do 
vomito e da diarreia 
[ Vomito 
[ Diarreia que começa com traços de 
sangue e evoluir rapidamente para 
diarreia hemorrágica, ou seja, uma 
hematoquezia. Essa diarreia tem 
um cheiro característico que é pelo 
sangue digerido pelos 
microrganismos, um odor de 
putrefação. 
[ Febre moderada 
[ Ao exame hematológico haverá 
panleucopenia 
[ Destruição de tecido linfóide, e 
criptas intestinais ID, 
[ Hemorragia 
[ Linfadenite 
 
Esse diagnóstico torna essa doença muito 
semelhante a outras doenças virais que 
também causam queda de linfócitos, como 
a cinomose. Mas clinicamente ela é 
totalmente diferente pois evolui diferente. A 
cinomose não é uma doença tão aguda, ela 
leva 1 semana para aparecer os primeiros 
sinais, mas na primeira semana os sinais 
ainda são bem leves, na segunda semana é 
que os sinais ficam mais fortes. A sua 
diarreia não é hemorrágica, mas causa 
vomito e depressão. Ambas causam 
linfopenia e a parvo além da linfopenia 
também panleucopenia. 
Patogenia → O Parvovirus, tem tropismo 
por tecido linfoide e também tem um 
tropismo muito forte pelas criptas 
intestinais. Em relação ao intestino 
delgado, as criptas intestinais ficam no 
fundo das vilosidades, A cripta é importante 
pois é de lá que os enterócitos nascem. A 
medida em que a passagem do bolo 
alimentar e fecal esfoliam as células da 
superfície das vilosidades, nasce uma nova 
célula na cripta e empurram as outras para 
subir para a vilosidade, vão sendo 
empurradas para poder repovoar a 
vilosidade. O parvovírus destrói a cripta, 
então não tem como nascer novos 
enterócitos e à medida que as células da 
superfície vão sendo esfoliadas e perdidas, 
não tem células para repovoar. As 
vilosidades vão sendo perdidas e com isso 
o intestino fica desnudo. Debaixo dessas 
células intestinais existem muitos vasos 
linfáticos e vasos sanguíneos e com o 
epitélio intestinal exposto ocorre 
hemorragias, por isso se chama de enterite 
hemorrágica. 
Na microscopia dá para visualizar a 
destruição (necrose) da cripta intestinal e o 
desnudamento das vilosidades. 
 
 
 
79 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Neoplasias Intestinais 
 
Neoplasias intestinais são mais frequentes 
em cão e gato, principalmente pelo tempo 
de vida que eles têm e também pelo 
potencial de diagnóstico que os pequenos 
animais têm em comparação com os 
grandes. São neoplasias muito agressivas 
e recidivantes que tem prognóstico ruim na 
maior parte das vezes. 
 
As neoplasias são observadas com mais 
frequência nos gatos, principalmente 
linfoma intestinal atrelado ao vírus da 
Felv. Também ocorrem fibrossarcomas 
intestinais em gatos. 
 
Em cães é menos comum, mas observamos 
com mais frequência os adenocarcinomas, 
que é uma neoplasia de epitélio intestinal, 
em especial do epitélio mucoso (produtor de 
muco). 
 
 
[Anatomia E Fisiologia] 
 
Histologicamente as células musculares do 
estriado esquelético são células longas que 
possuem múltiplos núcleos podendo chegar 
até 12 núcleos numa única célula, isso faz 
com que essas células tem capacidade de 
regeneração grande. Então, se uma área 
sofreu lesão, outros segmentos reparam 
aquela área e isso é chamado de reação 
segmentar. A célula muscular tem 
capacidade grande de regeneração, mas 
não é capaz de replicação mitótica (se 
houver morte da célula como um todo a 
célula é perdida e o número daquelas 
células cai). 
 
Como é organizado os grupos 
musculares? Tem a fibra muscular que é 
uma célula e seu conjunto é organizado pela 
forma de fascículo muscular e esse 
fascículo é internamente preenchido por 
endomísio que é uma membrana que 
envolve internamente cada célula muscular. 
Mais externamente o fascículo muscular é 
revertido pelo perimísio (tecido conjuntivo 
fibroso) e externamente o epimísio (capa de 
tec. Conjuntivo fibroso) envolve o músculo e 
se transforma em tendões que são tecidos 
conjuntivos fibrosos que se aderem aos 
ossos. 
 
 
 
Dentro das células musculares tem as 
miofibrilas, dentro delas tem fibras de 
proteína actina e miosina intercaladas 
formando uma trama. Essas miofibrilas vão 
deslizar para favorecer o trabalho de 
contração ou relaxamento. Além de 
 
 
miofibrilas possuem mitocôndrias 
(produzem atp), sarcoplasma (serve para 
armazenar cálcio que é fundamentalpara a 
contração muscular) e o oxigênio é 
armazenado dentro da célula por 
mioglobina. Quanto mais vermelho o 
 
 
80 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
músculo mais oxigênio ele tem. São esses 3 
elementos para trabalho muscular. 
[Tipos de miofibras] 
 
 Tipo 1 → São ricas em mitocôndrias 
e fazem metabolismo oxidativo (via 
ciclo de Krebs). Fazem trabalho de 
esforço de longo período e uma 
contração mais lenta. Por exemplo, 
animais que fazem migração anual, 
animal que fazem trabalho durante 
dias. 
 
 Tipo 2 → Poucas mitocôndrias e 
tem metabolismo glicolítico, esforço 
rápido e contração rápida. 
 
 Tipo mista → Faz ambos os 
metabolismos. Os cães não 
possuem o tipo 2 a maioria é de 
grande capacidade oxidativa. 
Porém, na musculatura da 
mastigação há fibras do tipo mista 
que permitem o trabalho explosivo 
de morder. 
[Tipos de Injúrias] 
 
 Lesões penetrantes 
 Injeções intramusculares → Podem 
levar patógenos quando não é feita uma 
boa assepsia da região. 
 Fraturas ósseas → Podem cortar os 
músculos adjacentes ao osso fraturado. 
 Impacto levando a hemorragia/ruptura 
ou pressão excessiva causando 
necrose isquêmica. 
 Patógenos em gerais → Protozoários 
que fazem migração por células 
musculares, toxinas, dano autoimune 
(como cães que sofrem doença 
autoimune contra os músculos da 
mastigação – miosíte dos músculos 
mastigatórios) ou por imunocomplexos 
que são grumos de anticorpos que 
lesionam tecidos por onde passam. 
 Ruptura por tensão excessiva 
 Dano por excesso de exercício → Mal 
da segunda feira 
 Perda de inervação ou irrigação 
sanguínea → Pode levar a atrofia 
muscular. 
 Anormalidades endócrinas ou 
metabólicas → Com problema na 
tireoide há baixa produção de atp e 
assim há menor contração muscular. No 
hiperadreno as adrenais produzem mais 
cortisol que o normal, um animal com 
uma neoplasia na adrenal faz com que 
o cortisol seja produzido em excesso, 
como o cortisol consome reservas 
energéticas do organismo então 
consome gordura, carboidratos e 
proteína. Com isso os músculos 
atrofiam para produção de energia. 
 Defeitos genéticos 
 Deficiência de selênio e vitamina E → 
São conseguidas na dieta e são 
antioxidades musculares. 
 Plantas tóxicas → Como a senna 
ocidentalis que induz necrose 
muscular e também produtos tóxicos 
que induzem necrose muscular. 
[Respostas a Injúrias] 
 
Se há necrose de um grupo a tendência é 
que aquele grupo seja substituído por tecido 
conjuntivo fibroso. Agora se o dano não é 
um dano extenso e necrótico pode haver 
regeneração. 
 
 A atrofia no desuso, 
hiperadrenocorticismo, denervação, 
miopatia congênita, 
hipoadrenocorticismo. 
 
 O exercício resulta em hipertrofia. 
[Doenças congênitas e 
genéticas] 
 
DC → São doenças que o indivíduo já nasce 
com a doença. 
DG → São passadas em gerações devido a 
passagem de informações genéticas. 
 
Nem toda doença congênita é genética, mas 
toda doença genética é congênita. 
 Defeitos na inervação → pode ser uma 
alteração congênita sem características 
genéticas, por exemplo o nervo braquial 
não se formou e o braço atrofiou. 
 Defeitos no desenvolvimento → as 
hérnias que são aberturas observadAs 
em músculos planos, por exemplo o 
 
 
81 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
músculo abdominal e há a passagem de 
vísceras. 
 
 Hipertermia maligna → o músculo 
‘’cozinha’’ no animal vivo, excesso de 
produção de calor. É uma doença 
genética, ocorre eventualmente em 
humanos, suínos (ocorre muito nesses 
animais chamados de síndrome por 
estresse do suíno), equinos. É 
caracterizada por uma disfunção dos 
retículos sarcoplasmáticos ocorre 
estresse e exposição a algumas drogas 
como o halotano que é um anestésico 
fazem com que os retículos liberem 
cálcio pra musculatura, causando uma 
contração muscular sem controle 
produzindo calor. 
[Desordens Neuro-
Musculares] 
 
Os nervos periféricos inervam as 
musculaturas (exemplo é um dano no 
nervo ciático pode perder todo o movimento 
da perna e mesma coisa pelo nervo laríngeo 
recorrente). 
 
 Miastenia gravis adquirida ou 
congênita → Pode nascer com 
receptores defeituosos para estímulo 
muscular. Numa fenda neuro-muscular 
com receptores, há um axônio de nervo 
que se ligam nas fendas ao músculo e o 
axônio libera acetil colina para as fendas 
neuromusculares. Com isso, perde 
capacidade de contração muscular. 
Quando é adquirida é porque pode 
adquirir autoimunidade contra os 
receptores de acetil colina A. 
 
 Botulismo → O botulismo é uma 
doença que é uma intoxicação por 
toxina botulínica é comum nos cães e 
também nos bovinos. É um Clostridium 
que se prolifera nas cascaras/cadáveres 
em geral em decomposição. O cão se 
intoxica comendo a cadáveres. O boi já 
possui em seu rúmen Clostridium e 
quando boi come o cadáver, se intoxica. 
Com o solo da américa latina sendo 
pobre em fósforo isso faz que o animal 
pratique a osteofagia então o animal 
encontra essa forma de repor o fósforo 
na sua dieta e com isso acabam 
ingerindo a toxina. Muitas vezes são 
pastos sujos. A toxina botulínica causa 
uma paralisia flácida, age no axônio 
bloqueando de forma irreversível a ação 
de enzimas responsáveis pela liberação 
de acetilcolina. Uns animais morrem e 
outros apresentam sequelas, é uma 
doença de alta letalidade. 
 
 
 
82 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETOpulmão perde 
capacidade de receber sangue, 
diminuindo o volume sanguíneo que 
entra nele. Com isso, o coração enfrenta 
uma resistência vascular, sofrendo uma 
hipertrofia do coração direito. 
 
[ Doenças renais crônicas ou agudas 
→ Um indivíduo com doença renal 
aguda, reduz a quantidade de urina, 
retendo líquidos. Com isso, há um 
aumento da pressão arterial, ficando 
muito alta e o coração terá que dilatar 
para poder lidar com isso. Já o indivíduo 
com doença renal crônica, produz muito 
mais urina, e por isso o coração é muito 
mais acelerado o tempo todo para 
manter a pressão arterial. 
 
[ Doenças vasculares → O indivíduo 
com aterosclerose, terá que lidar com a 
pressão causada pela resistência 
periférica, levando ao aumento de carga 
do trabalho cardíaco. 
[Insuficiência Cardíaca 
Congestiva Projetada] 
A insuficiência cardíaca congestiva 
projetada ocorre a partir de um baixo débito 
 
 
8 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
cardíaco. O debito cardíaco (DB) é a fração 
de sangue ejetada a cada batimento. A 
consequência de um baixo debito cardíaco 
é uma baixa pressão arterial (PA) 
sistêmica (pois o coração tá fraco e sofre 
necrose do miocárdio). Quando há queda de 
PA, a tendência é que haja pouca perfusão 
sanguínea nos órgãos. 
O rim é o órgão que mais sobre com a 
hipoperfusão. Ele possui um sistema que 
detecta baixa perfusão que é o aparelho 
justa glomerular, que é um conjunto de 
células especializadas localizadas na 
arteríola aferente. Esse conjunto de células 
mede a pressão e oxigenação do sangue. 
Essa situação só ocorre quando todos os 
mecanismos compensatórios não são 
capazes de manter a pressão sanguínea. 
Esse aparelho justa glomerular detecta a 
baixa oxigenação (hipóxia) e baixa pressão. 
Então, o organismo utiliza um mecanismo 
hormonal para compensar, que é o Sistema 
Renina Angiotensina Aldosterona 
(SRAA). O rim passa a liberar renina, que é 
responsável por ativar o 
angiotensinogênio, que é uma molécula 
inativa. Ele converte a renina em 
angiotensina I, que posteriormente será 
convertida em angiotensina II, pela enzima 
ECA (muitos medicamentos no tratamento 
de insuficiência cardíaca utilizam inibidores 
de ECA). 
A angiotensina II terá efeito sobre: 
[ Hipotálamo → Estimula a sede (PA 
caiu então fará o animal beber mais 
água para aumentar a pressão arterial). 
[ Hipófise → Liberar o hormônio 
antidiurético (ADH). 
[ Córtex da adrenal → Estimula a 
liberação de aldosterona, atuando nos 
túbulos contorcidos renais para 
reabsorver solutos como sódio e cloro 
e assim, excretando potássio e 
hidrogênio. O potássio e hidrogênio 
precisam ser excretados pela urina pois 
sempre tem que estar em níveis 
normais no sangue. Se o nível de 
potássio aumenta muito, começa a 
haver alterações no ritmo cardíaco pois 
a hipercalcemia interfere com ritmo 
cardíaco. No caso do hidrogênio, se 
elevado, se liga a várias moléculas 
formando ácidos que podem acidificar o 
sangue e fazer vasodilatação. Ou seja, 
a aldosterona faz excreção forçada do 
potássio e hidrogênio. 
Após o SRAA entrar em ação, a pressão 
arterial começa a subir progressivamente e 
começa a chegar a níveis muito altos. É 
necessário um sistema complementar para 
controlar isso (um antagonista) e isso será 
feito pelo hormônio natriurético. 
O hormônio Natriurético é liberado na 
corrente sanguínea, e serve de mecanismo 
de controle para o aumento progressivo da 
PA (vasodilatação). Nas carótidas e na base 
da artéria aorta e no coração, temos 
barorreceptores que irão detectar o 
aumento de pressão, servindo de estímulo 
para a liberação do hormônio Natriurético. 
Além disso, ele também aumenta a 
permeabilidade dos capilares, permitindo o 
extravasamento de líquido, o que pode gerar 
edema. O edema não é consequência só do 
hormônio natriurético, a pressão alta nos 
vasos causa aumento da pressão 
hidrostática e isso também causa edema, 
então o hormônio apenas potencializa. O 
órgão mais severamente afetado pelo 
edema é o pulmão, além de reduzir a 
oxigenação sanguínea nos alvéolos. 
 
 
9 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
O objetivo do SRAA é aumentar o volume 
plasmático, que se dá pelo acumulo de 
água. Então as hemácias ficam diluídas num 
volume de água bem maior (o número de 
hemácias não muda) e com isso o aparelho 
justo glomerular detecta uma redução da 
tensão de oxigênio no sangue como uma 
falsa anemia. Então, o fígado e rim atuam 
juntos para liberar eritropoietina, hormônio 
que atua na medula óssea estimulando uma 
maior produção de hemácias. Agora, tem-se 
uma policitemia e uma maior viscosidade do 
sangue, o que dificulta a movimentação do 
mesmo pelo coração. Isso acaba 
acentuando a doença cardíaca. 
Isso se torna um ciclo vicioso de 
descompensamento cardíaco. O 
cardiologista trata tentando controlar os 
efeitos deletérios desse ciclo
 
[Insuficiência Cardíaca 
Congestiva Retrógrada] 
Essa insuficiência está acontecendo ao 
mesmo tempo que a projetada. 
O coração doente tem dificuldade de ejetar 
o sangue pois o debito cardíaco está baixo. 
Então, parte do sangue fui do ventrículo 
para a artéria aorta e parte fica no coração 
na forma de resíduos. Esses resíduos 
atrapalham a chegada de mais sangue no 
interior do coração, causando uma 
congestão anterior ao coração. 
Com o acumulo de resíduos, menos sangue 
irá conseguir entrar no coração, formando a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
congestão. Teremos uma vasodilatação do 
sistema vascular e o sangue fluirá mais 
devagar pela retenção. 
Além disso, a pressão hidrostática 
aumenta. 
Os órgãos que são capazes de armazenar 
sangue como fígado, baco e rins passam a 
reter um volume grande de sangue 
desoxigenado, então a hipóxia causa lesão 
nos órgãos, como necrose, fibrose, 
degeneração, etc. 
Quem joga sangue para a veia cava são as 
veias de menor calibre, as vênulas. Quem 
joga sangue para as vênulas são os 
capilares fenestrados. Como a pressão 
hidrostática desse está em alta, vai haver 
extravasamento de liquido, a consequência 
será edema. 
O fígado em noz moscada pode ocorrer na 
ICC (congestão crônica), intoxicação por 
plantas toxicas (Tretapterys causa necrose 
e consequentemente ICC) ou outras 
 
 
10 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
substancias que causam necrose de fígado 
(degeneração hidrópica, vai causar necrose 
e com o tempo, fibrose). 
A maior parte dos medicamentos usados 
para tratar patologias cardíacas é 
hepatotóxica ou nefrotóxica. Tem sempre 
que avaliar as enzimas hepáticas e 
metabolitos renais pois se estiverem altos, é 
necessário alterar os medicamentos. 
O fígado pode sofrer com o chamado 
fígado cardíaco que é deteriorado em 
função de uma doença cardíaca. No fígado, 
vão haver manchas pálidas que são 
decorrentes de degeneração e fibrose, 
causando uma superfície irregular. A 
consequência desse fígado cardíaco seria a 
cirrose hepática, mas normalmente não 
chega nesse estado pois o coração falha 
antes. 
Os rins são degenerados por hipóxia. Eles 
sofrem necrose e fibrose e isso 
consequentemente, diminui o tamanho dele. 
Além disso, deixa ele pálido e pode-se 
observar áreas de cicatriz fibrótica, que 
significa que houver infarto renal, que é uma 
área de necrose isquêmica. 
[Insuficiência do Coração 
Direito] 
A Dirofilária possui predileção pelos vasos 
pulmonares do animal, e as larvas adultas 
começam a ocupar o ventrículo direito, que 
deveria ser preenchido por sangue. A artéria 
pulmonar começa a sofrer fibrose, perdendo 
sua capacidade de dilatação. O sangue que 
chega da veia cava caudal encontrará 
dificuldade de entrar no ventrículo, havendo 
aumento da pré-carga, que é a forçaque o 
ventrículo exerce para retirar sangue do seu 
interior. Com isso, teremos uma hipertrofia 
cardíaca. Há um aumento da espessura da 
parede do ventrículo, para tentar reunir 
forças para expulsar aquele sangue do 
coração. 
A pós-carga é caracterizada pela 
dificuldade do coração em lidar com algum 
sistema defeituoso. A tendência é que a 
pós-carga force a dilatação do coração e a 
pré-carga aumente a espessura da parede 
do coração. 
[ Principais sinais clínicos → Edema 
subcutâneo ventral em ruminantes e 
equinos, ascite em cães e hidrotórax em 
gatos, fígado congesto. O coração 
esquerdo será afetado também, pois 
terá que trabalhar em excesso para 
forçar a oxigenação do sangue. 
[Insuficiência do Coração 
Esquerdo] 
A doença valvular mais comum em cães é a 
Endocardiose. É uma doença que as 
válvulas não funcionam como deveriam, 
elas não se fecham e isso resulta em um 
refluxo sanguíneo. 
Quando o sangue está no ventrículo e há 
sístole, a válvula deveria se fechar e o 
sangue deveria ser totalmente ejetado pela 
artéria aorta para o sistema. Na 
endocardiose, a válvula não se fecha 
totalmente, ocorre então o refluxo. Se ocorre 
o refluxo, o debito cardíaco é baixo e com 
isso todo o sistema de insuficiência 
projetada entre em ação. 
O volume de sangue que retornou ao átrio 
esquerdo causa uma congestão e à medida 
que o volume de sangue chega, o átrio se 
dilata. Vai ocorrer congestão retrograda 
das veias pulmonares e congestão 
pulmonar que causará edema pulmonar, 
que é o principal motivo da morte dos cães 
com endocardiose. 
O sopro é um sinal clinico que se escuta no 
fechamento errôneo da válvula. Então a 
endocardiose resulta em refluxo que é 
audível a ausculta, em forma de sopro. 
O que pode gerar doenças do coração 
esquerdo: perda de contratilidade, disfunção 
valvular (endocardiose), doenças 
congênitas, congestão e edema pulmonar. 
 
 
11 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[Anomalias congênitas] 
As alterações congênitas surgem por uma 
falha de formação de vários sistemas que 
acontecem por etapa, ela nunca é isolada. A 
importância pode ser bem variável. As 
causas de anomalias congênitas são bem 
variadas, podem ser de caráter hereditário 
ou adquirida de forma congênita. 
Algumas drogas como talidomida 
(antineoplásico, quimioterápico que quando 
não causava aborto, causava uma serie de 
anomalias), etanol, salicilatos, griseofulvina 
e cortisona podem levar a patologias no 
coração. Além disso, exposição ao raio-x, 
hipóxia fetal, deficiência de ácido fólico, 
deficiências nutricionais maternas (vitamina 
A, ácido pantotênico, riboflavina e zinco), 
excesso de vitamina A, ácido retinóico ou 
cobre são outros fatores que podem gerar 
patologias no coração. 
[ Persistência do ducto arterioso → O 
ducto arterioso é uma estrutura fetal que 
conecta a artéria pulmonar com a artéria 
aórtica e serve para evitar que chegue 
muito sangue no pulmão do feto pois 
ainda não está preparado. Ocorre um 
desvio por esse tubo. Se após o 
nascimento, houver persistência desse 
ducto, a pressão arterial dentro da aorta 
é tão grande que o fluxo inverte (passa 
a ser da artéria aorta para a artéria 
pulmonar) e passa a ter mais sangue 
retornando para o pulmão, em tese isso 
causa uma hipertensão pulmonar, 
mas na prática é normalmente 
subclínica. É frequente em Poodles, 
Collies e Pomerânio. 
 
[ Defeito do septo atrial → É uma 
persistência fetal do forame oval, que é 
uma estrutura com objetivo de desviar 
sangue do coração direito para o 
coração esquerdo do feto. Quando 
ocorre persistência, chama-se defeito 
do septo atrial e causa um desvio do 
coração direito para o esquerdo e isso 
promove a redução da oxigenação do 
sangue, levando a uma situação de 
cianose e cansaço. 
 
 
 
 
[ Defeito septoventricular → Surge por 
uma falha de estruturamento das 
câmaras cardíacas. Ocorre no septo, 
propiciando o desvio da circulação 
direita para esquerda. O animal 
apresentará hipóxia pela falta de 
oxigenação do sangue que está sendo 
desviado. Animais que tem esse quadro 
sofrem muito cansaço, crescem menos 
e podem apresentar cianose. 
 
 
 
12 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
 
[ Tetralogia de Fallot → Trata-se de um 
conjunto de alterações congênitas 
cardíacas, caracterizada por três lesões 
primárias: estenose de artéria 
pulmonar (cria pré-carga, resistência 
para o sangue entrar), defeito de 
fechamento septo ventricular (desvio 
do sangue para o coração esquerdo) e 
dextroposição da artéria aorta (se 
abre para os dois ventrículos). Todas 
essas resultam no desvio de sangue do 
coração direito para o esquerdo. A 
quarta lesão (secundária) é a 
hipertrofia concêntrica secundária e 
ocorre devido a pré carga sobre o 
ventrículo direito (para vencer a 
resistência, o ventrículo direito deve 
trabalhar mais e fazer mais força para 
fazer o sangue entrar na artéria) devido 
as outras lesões. É extremamente raro. 
 
[ Estenose de artéria pulmonar → 
Caracterizada pela presença de anel 
fibroso que estreita a base da artéria 
pulmonar, então tem-se uma pré carga 
que resulta em hipertrofia com ganho de 
massa (espessamento de parede) e 
perda de luz (hipertrofia concêntrica). 
Toda vez que o sangue encontra uma 
dificuldade para sair do coração, tem-se 
uma pré carga. 
 
[ Estenose subaórtica → Ocorre 
diminuição do calibre da artéria aorta. 
Tem a presença do anel fibroso que 
pode ser completo ou incompleto. 
Ocorre outras alterações como 
abaulamento da base da artéria aorta 
(ocorre, pois, quando passa sangue por 
ela, a pressão é tão alta que força a 
parede da artéria e dilata no ponto onde 
incide a pressão). Ocorre pré carga 
pois tem uma força que vai levar a 
hipertrofia com ganho de massa e perda 
de luz, ou seja, hipertrofia 
concêntrica. 
 
 
 
[ Hematomas valvulares → São 
alterações que são achados acidentais 
de ecocardiograma e necropsia. São 
cistos cheios de sangue que podem 
surgir na valva ou endocárdio. São 
comuns em bovinos e eventual em 
cães. Possuem tendência de involuirem 
com o tempo e não interferem no 
funcionamento da válvula. 
 
 
 
13 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 
[ Persistência do 4° arco aórtico direito 
→ Ocorre quando o 4ª arco aórtico, que 
é uma estrutura ligamentar, permanece 
abraçando o esófago e a traqueia. Vai 
causar um estreitamento esofágico e 
da traqueia muito importante. Quando o 
animal se alimenta, o alimento tem 
resistência para chegar até o estômago. 
Devido à essa grande resistência, o 
esôfago é muito forçado e causa 
megaesôfago. O esôfago pode chegar 
a perder seus movimentos peristálticos 
pela constrição extrema. 
 
[ Ectopia cordis → Condição 
extremamente rara onde há 
desenvolvimento do coração fora da 
cavidade torácica do recém-nascido. 
 
 
O pericárdio é uma formação sacular que 
envolve o coração, compreendida por uma 
estrutura externa, fibrosa, e outra interna, 
serosa. Envolve também as raízes dos 
grandes vasos. É formado por duas 
membranas, uma de constituição fibrosa e 
outra de consistência serosa, o pericárdio 
seroso. 
[Acúmulos de líquidos não 
inflamatórios] 
O saco pericárdio normalmente possui um 
filme bem fino para permitir o movimento do 
pericárdio durante os movimentos 
cardíacos. Mas não é comum acumulo de 
grandes volumes e quando isso acontece já 
é patogênico. Esse líquido pode ser um 
líquido aquoso, transparente ou amarelo 
claro. 
1) Hidropericárdio 
É o acúmulo de líquido edematoso dentro 
do saco pericárdio. O aspecto amarelo claro 
do liquido é comum quando há acúmulo de 
proteína, principalmente albumina. 
Sabemos que existem inúmeras 
possibilidades de mecanismos que causemedema. Abaixo, existem alguns exemplos 
de situações que podem causar 
hidropericárdio: 
[ Lesão vascular → Situações que 
aumentam a permeabilidade dos 
vasos. Um exemplo é a doença do 
coração em amora, em suínos. Gera 
uma hemorragia no epicárdico, que faz 
extravasar liquido para o pericárdio. É 
uma doença carencial causada por falta 
de selênio e vitamina E, que são 
protetores de membranas celulares 
contra a ação de radicais livres. Quando 
 
 
14 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
os radicais livres se ligam às 
membranas, eles conseguem quebrar 
suas moléculas constituintes. Logo, a 
função da vitamina E e do selênio é 
quebrar esses radicais, protegendo as 
membranas celulares. 
 
[ Doenças que causam edema 
generalizado → Doenças tóxicas 
causadas por Escherichia coli e 
Shiguela sp causam aumento de 
permeabilidade vascular pois elas 
produzem toxinas que lesionam os 
vasos. Em animais neonatos, a E. coli 
pode causar infecção intestinal que leva 
ao anasarca, que é um edema 
generalizado. 
 
[ ICC → A própria ICC causa congestão 
retrógrada. O coração possui vasos 
sanguíneos em sua superfície, no 
epicárdio, que também sofrem 
congestão quando há uma doença 
cardíaca. Essa congestão faz com que 
haja o aumento da pressão hidrostática 
e resultam em edema no próprio 
pericárdio. Então, congestão dos vasos 
do epicárdico resultam em edema por 
aumento da pressão hidrostática. 
 
[ Miocardiopatias com dilatação → 
Geralmente, são resultantes da ICC. 
Também são chamadas de 
cardiomegalias, e ocorrem por 
congestão retrógradas. 
 
[ Insuficiência renal → As doenças 
renais geralmente resultam em 
hipoproteinemia, pois o glomérulo 
perde a capacidade de filtração, e a 
maior parte das proteínas serão 
excretadas pela urina e vai perder 
proteínas plasmáticas. Por exemplo, um 
paciente com uma proteinúria de origem 
renal vai entrar rapidamente em um 
quadro de edema. OBS: Se 
hidropericárdio surge de forma súbita no 
organismo, pode ocorrer um processo 
de tamponamento cardíaco. Devido à 
grande quantidade de líquido 
acumulado dentro do saco pericárdico 
em tão porco tempo, faz com que o 
coração perca a capacidade de sístole, 
e com isso o animal virá a óbito por 
choque cardiogênico. Para reverter o 
quadro é necessário fazer 
pericardiocentese. 
 
[ Efusões hemorrágicas no saco 
pericárdico → No cadáver o 
hidropericárdio se torna efusão 
hemorrágica pela ruptura de hemácias, 
tingindo de vermelho os líquidos. Pode 
ocorrer em animal vivo por 
hemangiossarcoma cardíaco, que é 
uma doença incomum que ocorre 
primariamente nos átrios e talvez o 
primeiro sinal clinico seja a morte. 
 
2) Hemopericárdio 
Hemopericárdio é o acúmulo de sangue 
dentro do pericárdio. Pode ser causado 
por: 
 
 
15 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[ Ruptura de átrio → Por endocardiose 
(dilata excessivamente o átrio devido ao 
refluxo excessivo de sangue) ou por uso 
indevido de medicações como 
adrenalina. 
 
[ Ruptura de artéria aorta intra-
pericárdica → Casos de exercícios 
extremos (normalmente por uso de 
esteroides pois faz com que o msuculo 
estriado esquelético fique mais forte), 
tumores como quemodectoma (na base 
da artéria aorta, a massa fragiliza a 
parede da aorta até haver a ruptura). 
 
[ Injeções intra-cardíacas 
 
[ Atrofia serosa da gordura → Observa-
se em situações de fome crônica e 
intensa (caquexia). A gordura do 
epicárdio pode sofrer uma atrofia tão 
rápida que fica transparente. O valor 
patológico é indicar caquexia extrema. 
 
[Acúmulos de líquidos 
inflamatórios] 
1) Pericardite fibrinosa 
 
É o tipo mais comum de inflamação e é 
caracterizado pelo acúmulo de fibrina. 
Normalmente causada por bactérias. São 
bactérias que chegam por via hematógena 
ao coração. A principal causa, então, são 
infecções bacterianas. 
Nos bovinos observa-se que são bactérias 
que afetam outros sistemas, ou seja, o 
coração nesse caso é alvo de processos 
infecciosos secundários e não primários. 
Por exemplo, Pasteurelose é uma doença 
que frequentemente afeta o pulmão, 
causando pneumonias, então a partir dessa 
doença pode-se ter como efeito secundário 
a pericardite. No caso do pulmão é possível 
ocorrer por extensão (por eles estarem 
muito próximos) mas o mais comum é por 
via hematógena. O carbúnculo 
sintomático (atinge o tecido muscular e a 
bactéria chega ao coração por via 
hematógena), septicemias por coliformes 
(doenças intestinais) são outros exemplos 
de doenças que podem evoluir para 
pericardite. 
 
Em suínos há doença de Glasser que é 
uma doença bactéria causada por um 
Haemophilus parasuis e essa bactéria 
causa uma doença inflamatória em todas as 
serosas do organismo do animal. Serosa 
são todas as membranas transparentes 
(pericárdio, pleura, meninge). Além disso, a 
pneumonia, pasteurelose, pneumonia por 
micoplasma e salmonelose são doenças 
primarias e podem causar pericardite como 
doença secundária. 
 
Em equinos podem ter doenças causadas 
por estreptococos no trato respiratório. 
 
O aspecto da pericardite fibrinosa é 
caracterizado por aderências fibrinosa. É 
chamado de ‘’aspecto pão com manteiga’’. 
 
 
 
Os animais que passam por esse processo 
morrem rapidamente por septicemia, porém, 
o boi é uma exceção. O boi é um animal 
rústico que pode cronificar a doença e 
transformar em aderências fibrosas, 
fazendo com que saco pericárdio restrinja o 
movimento do coração e cronicamente o 
animal vai fazer ICC. Sinal clinico de ICC no 
boi é edema e jugular pulsante (cheia). 
 
2) Pericardite superativado 
 
Não é tão frequente e ocorre mais em uma 
condição especifica que é a 
reticulopericardite traumática. É uma 
condição na qual corpos estranhos como 
 
 
16 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
pregos, arames caem no reticulo (estrutura 
que fica à frente do rúmen), eles ficam 
presos e os movimentos peristáltico 
ruminais empurram o prego, fazendo com 
que haja ruptura do retículo, diafragma e 
coração (pericárdio). Assim, são inoculadas 
bactérias ruminais no saco pericárdico, 
formando uma infecção purulenta (muito 
pus). É normal o animal ficar em posição 
ortopnéica pois o animal tem dificuldade de 
respirar. 
 
 O miocárdio é caracterizado 
patologicamente por hipertrofias, na maior 
parte das vezes. A hipertrofia é uma lesão 
muito frequente nas doenças de miocárdio. 
 
Ele sofre um aumento de massa muscular 
que pode ser, muitas vezes, secundária ao 
aumento de carga de trabalho (geralmente 
reversível). Como exemplo, a estenose de 
artéria pulmonar faz com que todo o 
ventrículo tenha que fazer mais forca e o 
coração sofre hipertrofia, ganhando massa. 
Se o indivíduo passa por uma cirurgia 
cardíaca que alarga a artéria aorta, o 
coração passa a trabalhar normalmente. Ou 
seja, é reversível quando ela é secundaria a 
um aumento de carga de trabalho. Assim 
como a Dirofilária, a artéria pulmonar fica 
cheia de parasito e se remover através de 
cirurgia ou cateter, é possível haver 
reversão do quadro, e o coração voltar ao 
normal. 
 
Em alguns casos, pode ser hipertrofia de 
forma primária sem que haja uma causa 
especifica de aumento de trabalho. A 
hipertrofia primária não tem causa definida, 
é idiopática. São chamados de 
miocardiopatias primárias ou hipertróficas 
idiopáticas. Nesse caso é 
irreversível. Como exemplo, a 
miocardiopatia hipertrófica idiopática em 
felinos e cães. 
 
Existem dois padrões de hipertrofia que se 
observa nos dois casos: 
 
[ Hipertrofia excêntrica (ventrículo 
dilata) 
[ Hipertrofia concêntrica (quando a 
luz do ventrículo reduz pois houve 
ganho de massa). 
 
Toda vez que a resistência ao trabalho do 
coração ocorre de um defeito do próprio 
coração a hipertrofia é concêntrica. Vai 
ocorrersempre que houver uma pré carga, 
que é uma resistência dentro do coração, ou 
seja, algo que dificulte o sangue de sair do 
coração. Por exemplo: em uma estenose de 
artéria pulmonar, o ventrículo direito vai ter 
que fazer muita força para colocar para fora 
do coração esse sangue, e isso é uma pré 
carga e o padrão de hipertrofia é a 
concêntrica por perda de luz. 
 
Se o aumento de carga é por um motivo 
externo ao coração se chama hipertrofia 
excêntrica. Esse tipo de hipertrofia ocorre 
sempre que haja uma situação de pós 
carga, que é quando o coração tem que 
fazer uma força excessiva para vencer uma 
resistência fora do coração, ou seja, no 
sistema. Como no caso de uma pneumonia. 
 
No caso da Dirofilária, no início os ramos da 
artéria pulmonar ficam obstruídos então 
ocorre pós carga e dilatação do ventrículo 
direito. Com o tempo, há situação de pré 
carga e o coração fica espesso e grosso. 
Logo, numa situação avançada da Dirofilária 
há as duas hipertrofias. No caso da 
estenose há perda de luz, então há apenas 
pré carga. 
[Miocardiopatias 
primárias] 
Essas miocardiopatias não trazem 
correlação com pré carga e pós carga, por 
isso que são ditas como idiopáticas, pois 
não tem nada que explique o padrão de 
hipertrofia que elas vão apresentar. 
 
 
[ Hipertrófica 
[ Dilatada 
[ Restritiva 
 
 
1) Hipertrófica 
 
A mais comum de todas é a cardiomiopatia 
hipertrófica. Ela é caracterizada por perda 
 
 
17 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
da luz do ventrículo esquerdo. É uma 
doença silenciosa, pouco evidente ao 
exame clínico. 
 
 
 
Ocorre em várias espécies, sendo muito 
frequente em gatos. Epidemiologia sendo 
gatos machos de grande porte. Nesses 
gatos o coração esquerdo sofre uma 
hipertrofia crônica. 
 
O animal passa a maior parte do tempo 
quieto e dormindo, pois, a alteração no 
ventrículo esquerdo, acaba afetando o 
pulmão, deixando a capacidade respiratória 
(troca gasosa) diminuída. 
 
Os pesquisadores conseguiram 
correlacionar a deficiência de taurina no 
aminoácido essencial com a doença. Se 
suplementa o animal com taurina, diminui a 
escala de evolução da doença (mas ela não 
regride). 
 
O ventrículo esquerdo sofre uma hipertrofia, 
então o sangue que chega encontra uma 
resistência. O ventrículo esquerdo acaba 
recebendo bem menos volume de sangue 
que o normal e como ele ejeta menos 
sangue, se instala uma ICC progressiva. O 
átrio esquerdo dilata pelo volume 
sanguíneo. A tendência é que haja 
congestão pulmonar e muito provavelmente 
leve a um edema pulmonar. 
 
É um gato apático, não faz exercício físico, 
quando agitado ou estressado um dos sinais 
clínicos é a cianose de mucosa e ele pode 
fazer espuma branca pela narina, 
normalmente respira fazendo um chiado 
(dispneia). 
 
Quando o gato acelera o coração dele pelo 
estresse, o coração bate muito rápido e forte 
a ponto de piorar o edema. Quando ele se 
estressa o coração bate tão rápido e forte 
que a luz do ventrículo se fecha 
completamente, e o sangue não irá passar. 
O sangue vai ficar retido no átrio e vai 
acontecer uma estase sanguínea e esse 
sangue coagula e forma um trombo 
(acontece em segundos. Isso acontece em 
questões de segundos e normalmente não 
formaria trombo, mas no gato o sangue 
coagula rápido demais e o segundo que o 
coração fecha, forma uma massa de 
coagulo). Quando o gato se acalma ou 
ocorre síncope (perde a consciência e o 
coração relaxa), o coração relaxa e o 
coágulo solidificado vai para o ventrículo 
esquerdo e depois segue para artéria aorta. 
Disso ele pode ir para as ramificações 
diversas da aorta para os mais variados 
órgãos. Como o trombo é grande, é provável 
que ele siga até o final e pare na trifurcação 
das ilíacas (artérias que enviam sangue 
para perna e cauda). O trombo vai parar 
nessa trifurcação, impedindo o sangue de 
passar por essas artérias. Isso é chamado 
de trombo em sela. Havendo trombo em 
cela, há necrose isquêmica do quadril para 
baixo. Há palidez dos membros e eles ficam 
gelados. Além disso, ocorre necrose do 
nervo ciático. Apresenta então paralisia 
flácida do quadril pra baixo. O animal 
sente uma dor intensa e vocaliza sem parar. 
 
 
 
Em outros casos como nos cães, há morte é 
por edema pulmonar por não ter a 
coagulação de sangue muito rápida. 
 
2) Miocardiopatia dilatada ou 
congestiva 
 
É mais comum em cães do que em gatos. 
Observa-se mais em Dobberman, 
Dinamarquês e Boxers. A doença é 
caracterizada por uma dilatação 
 
 
18 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
biventricular e eles vão perdendo força de 
contração à medida que se dilatam. Doença 
de cães mais velhos que vai instalando um 
quadro de ICC. 
 
É comum observar sinais clínicos de ICC 
como cansaço, edemas, etc. 
 
À medida que o coração se dilata, ele perde 
a sua força de contração, 
descompensando. O animal entra em um 
ciclo vicioso de descompensamento, 
lançando mão do SRAA (congestão 
projetada). Pode vir a óbito por choque 
cardiogênico ou edema pulmonar. 
 
 
 
3) Miocardiopatia restritiva 
 
É rara e observa-se exclusivamente em 
gatos. Não há epidemiologia especifica, 
mas observa-se mais em animais mais 
velhos, é normalmente um achado de 
ecocardiograma ou necropsia. Além disso, 
os sinais clínicos são pouco evidentes. 
 
Ocorre o endurecimento do endocárdio. 
Com o endocárdio endurecido o coração, 
tem dificuldade para fazer diástole 
ventricular e ocorre uma fibrose difusa do 
endocárdio. O animal entra em um quadro 
de ICC e morre por isso. Em alguns casos, 
podemos ter o surgimento de trabéculas de 
tecido conjuntivo fibroso no VE, dificultando 
ainda mais o movimento. Pode ser chamada 
de Fibrose Difusa ou Fibroelastose Difusa. 
 
 
 
[necrose do miocárdio] 
O musculo quando sofre necrose tem uma 
tendência muito forte a ter mineralização. 
Existem no musculo, micro reservas de 
cálcio e servem para que haja contração 
muscular. Quando ocorre a necrose desse 
musculo, essas micro reservas de cálcio 
acabam sendo atraídas para as áreas onde 
ocorreu a ruptura do colágeno. Sabemos 
que quando o colágeno é rompido, expõem-
se cargas eletricamente negativas e por isso 
que atraem as micro reservas de cálcio, pois 
o cálcio é um cátion positivo. Então, 
ocorrendo a necrose do musculo vai haver 
muita carga elétrica negativa exposta. Por 
isso que há uma tendência muito forte de 
calcificação muscular em áreas de necrose. 
A necrose é caracterizada por manchas 
brancas difusamente distribuídas pelo 
miocárdio, que são encontradas no interior 
do coração também. 
As causas para a necrose do miocárdio são: 
1) Deficiência de selênio e vitamina E → 
Essa deficiência de selênio e vitamina E 
causa a doença dos músculos 
brancos é caracterizada como necrose 
de endocárdio e musculo, causada pela 
deficiência de selênio e vitamina E em 
bovinos. O selênio e a vitamina E são 
protetores de membranas celulares 
contra a ação de radicais livres. Os 
músculos em geral, como eles têm um 
metabolismo energético muito intenso, 
eles produzem muitos radicais livres e 
as membranas celulares ficam muito 
vulneráveis. Então o selênio e a 
Vitamina E agem bloqueando a ação 
 
 
19 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
dos radicais livres. Essa doença ocorre 
mais normalmente em regiões em que a 
pastagem é pobre em selênio, ou seja, 
não é tão comum no Brasil. 
 
2) Intoxicação por planta tóxica → No 
Brasil a causa mais comum da necrose 
é intoxicação pela planta tóxica 
Tetrapteris sp. Essa planta é 
encontrada em toda região do vale do 
Rio Paraíba. Ela possui um princípio 
toxico que causa necrose crônica do 
miocárdio, diferente da Palicoeuria que 
causa necrose aguda. Essa doença 
causa edema de barbela, jugular muito 
pulsante (sangue tem dificuldade de 
retornar). Ela irá causar essanecrose 
sob a forma de manchas brancas no 
miocárdio e o animal vai entrando em 
ICC. No corte histológico vemos o grau 
de degeneração vacuolar das fibras 
musculares e bastante fibrose 
entremeadas. 
 
A Senna ocidentalis é mais frequente 
no Sul do pais e a intoxicação por ela é 
acidental, o gado não tem costume de 
comer, ela normalmente contamina o 
feno. Ela causa necrose em vários 
músculos ao mesmo tempo. 
 
3) Outros meios de intoxicações: 
 
[ Epinefrina e noraepinefrina → São 
catecolaminas que agem sobre o ritmo 
cardíaco. Se usar epinefrina em doses 
altas leva o coração a necrose por 
esforço cardíaco. A noraepinefrina 
demora mais para se transformar em 
epinefrina, tem efeito mais controlado. 
As duas são análogas sintéticas da 
adrenalina. 
 
[ Efredina → Utilizada como doping. 
 
[ Histamina e vasodilatadores 
hipertensivos → A histamina é 
vasodilatadora e quando se usa ela 
frente a um quadro de choque 
anafilático a pressão arterial vai cair. 
Dessa forma, o coração vai trabalhar 
muito mais para mantê-la, causando 
necrose por esforço. Os vasodilatadores 
hipertensivos (Minoxidil, Hidralazina e 
Diazóxido) causam vasodilatação 
venosa muito rapidamente podendo 
causar necrose do miocárdio da mesma 
forma. 
 
[ Metilxantinas (Teobromina, Teofilina 
e Cafeína) → Substâncias como 
chocolate acumulam no sistema 
nervoso central e aceleram o ritmo 
cardíaco. Causam um estimulo 
neurológico e pode levar a necrose do 
miocárdio em crianças e animais. Risco 
de necrose por aceleração do coração. 
Pode causar também necrose do 
fígado. 
 
[ Ionóforos (Monensina, Lasalocida, 
Salinomicina, Narasina) → Classe de 
antibióticos utilizados para combater 
coccídeos (parasitas intestinais). Por 
exemplo, Cryptosporidium, Eimeria. 
Esses parasitos atingem normalmente 
pequenos ruminantes, jovens bovinos, 
coelhos e principalmente as aves. Se 
quer criar ave comercialmente, tem que 
usar antibiótico ionóforo pois a 
coccidiose causa muito prejuízo. As 
aves são extremamente resistentes aos 
Ionóforos. Nos bovinos o ionóforo é 
promotor de crescimento. No rúmem do 
boi o antibiótico seleciona bactérias 
gram negativas e aumenta a produção 
de energia. Os problemas são os erros 
de dose pois muitas vezes são feitos na 
própria fazendo pelo proprietário. O 
animal pode sofrer uma necrose de 
miocárdio e o animal morre 
rapidamente. Também pode haver 
intoxicação em bovinos pela cama de 
frango. Quando cria ave em galpão, 
forra o chão com maravalha ou palha. 
Quando as aves estão prontas para o 
abate, a cama que ficou repleta de 
fezes, tritura-se e faz ração de boi pois 
as fezes são riquíssimas em nitrogênio 
e as bactérias ruminais transformam 
nitrogênio em proteína. O grande 
problema é que as fezes das aves são 
riquíssimas de ionóforos, causando 
intoxicação de forma secundária. Isso 
hoje em dia é proibido por conta da 
doença da vaca louca (proibido 
 
 
20 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
alimentar bovinos com proteína de 
origem animal). 
[ Plantas tóxicas, gordura rancificada, 
micotoxinas fúngicas. Papaína, 
agressões físicas e choque vascular, 
traumatismo do SNC e estresse 
(choque neurogênico), exercício 
demasiado, desfibrilador elétrico. 
[Mineralização do 
miocárdio] 
A mineralização pode ocorrer por necrose, 
como exemplo que demos acima a doença 
dos músculos brancos, mesmo um quadro 
agudo pode levar a calcificação. 
Uma planta que possui efeito análogo a 
vitamina D, aumentando a captação de 
cálcio intestinal. Então só absorve cálcio 
porque produz vitamina D. Nesse caso, a 
planta possui veneno análogo a vitamina D. 
Observa-se músculos, tendões e vísceras 
calcificando. 
Deficiência de selênio e vitamina E também 
podem levar a mineralização e calcificação. 
[Distúrbios circulatórios] 
 
1) Hemorragias → As hemorragias 
podem ser lesões frequentes e podem 
não ter nenhuma correlação com a 
causa da morte. 
 
Em cavalos as hemorragias de 
miocárdio são inespecíficas. Por mais 
que encontre hemorragia no cavalo, não 
há valor patológico, pois, durante o 
processo de morte a contração do 
coração é muito intensa, rompendo 
pequenos vasos do miocárdio. 
 
Hemorragias também ocorrem em 
quadros de septicemia (como no caso 
de uma CID), anóxia, eletrocussão 
(coração contrai forte e rompe vasos do 
epicárdio), doença do coração em 
amora (deficiência de selênio e vitamina 
e em porco) e qualquer coagulopatia 
(falta de coagulação). 
2) Trombose e embolia → Condição que 
afeta as artérias coronárias. Em seres 
humanos é muito comum e em animais 
é raro. A doença que leva ao infarto do 
miocárdio é a aterosclerose (acumulo 
de gordura). Dessa forma, temos o 
turbilhonamento do sangue dentro delas 
e favorecendo a formação de trombos. 
São lesões que não ocorrem 
frequentemente em animais, apenas em 
doenças hormonais como o 
hipotireoidismo e 
hiperadrenocorticismo. A falta do 
hormônio tireoidiano faz com que o ciclo 
de Krebs produza pouco ATP e o 
organismo puxa gordura para utilizar no 
ciclo e o sangue fica cheio de gordura, 
gerando aterosclerose. 
[Inflamação do miocárdio] 
Para se chegar ao miocárdio, em geral, 
precisa ter uma via hematógena da 
infecção. 
 
[ Miocardite supurativa → Ocorre a 
partir de bactérias aeróbicas e 
piogênicas, que vão produzir pus. 
Muitas vezes, doenças infecciosas 
pulmonares, como por exemplo uma 
pneumonia ou uma dermatite evoluem 
para uma miocardite supurativa. 
Geralmente está associada a 
endocardite valvular vegetante. No corte 
histológico, vemos muita quantidade de 
neutrófilos e bactérias circulando entre 
as fibras musculares causando necrose 
liquefativa. 
 
 
[ Miocardite necrosante → Causada por 
parasitos, como o Toxoplasma. Esses 
parasitas tendem a causar tanto em 
 
 
21 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
seres humanos como em animais uma 
miocardite necrosante. Os protozoários 
podem fazer migração errática e 
produzir cistos parasitários nas células 
musculares, células do fígado, células 
do SNC, retina, e as células do musculo 
cardíaco. Esses cistos ficam inertes por 
muitos anos, esperando a imunidade do 
hospedeiro abaixar. 
 
[ Miocardite hemorrágica → É causada 
pelo carbúnculo sintomático e 
associado a clostridioses. O músculo 
fica com odor butírico, muito escuro. 
 
[ Miocardite linfocitária → É muito 
comum em neonatos, pois o coração 
ainda está fazendo bastante mitose. 
Logo, é um tecido muito favorável para 
replicação viral, além da imunidade do 
neonato ainda não estar plenamente 
desenvolvida. O principal é o 
Parvovírus, que tem predileção por 
essas células mitóticas e suas enzimas. 
[Neoplasias do miocárdio] 
Os mais comuns são os 
Hemangiossarcomas, e os mais raros são 
os Rabidomiomas ou Rabidomiossarcomas, 
que são neoplasias musculares, já que os 
músculos não fazem muita mitose. 
Os Hemangiossarcomas são mais comuns 
nos átrios direitos, podendo rompe-los e o 
primeiro sinal clínico é a morte súbita. São 
mais comuns em animais de grande porte. 
 
Podemos ter também os Linfomas, 
podendo ser difuso ou nodular. 
O Quemodectoma é benigno, crescendo 
na parede da artéria aorta, fragilizando-a. 
Pode fazer uma constrição ou ruptura dessa 
artéria. 
 
 
 
22 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[Endocardiose valvular] 
A endocardiose valvular é uma das 
principais causas de cardiopatia em cães. É 
uma doença muito comum. É uma 
degeneração do endocárdio valvular. 
Acomete valvas atrioventriculares e as 
vezes, em alguns casos das valvas 
semilunares, ou seja, é muito mais comum 
na valva mitral. É comum em raças 
pequenas e médias de meia a avançada 
idade. Além disso, o sinal clinico maisimportante é uma tosse intensa. 
 
Trata-se de um processo de degeneração 
no qual a válvula é infiltrada por uma 
substância rica em 
mucopolissacarídeos, uma substancia 
com aspecto de muco. O tecido fica 
inicialmente mixomatoso, tendo um aspecto 
de edema. 
 
A válvula em um primeiro momento incha, 
mas com o passar dos anos de evolução da 
doença, a tendência é que ela sofra um 
processo de cicatrização fibrótica. Ou 
seja, ela endurece e enruga. 
 
Então, inicialmente a válvula é infiltrada com 
essa substancia rica em 
mucopolissacarídeos, incha e 
posteriormente sofre uma retração cicatricial 
fibrótica. Essa retração fibrótica faz com que 
a válvula fique extremamente irregular, 
sob a forma de nódulos e não se feche. 
Como agora essa válvula não se fecha 
direito a cada ciclo cardíaco, ocorre então 
um refluxo de sangue do ventrículo para o 
átrio. 
 
 
 
 
Nessas fotos, observa-se o espessamento 
da válvula (na palpação fica dura e perde a 
flexibilidade) e olhando tem o aspecto de 
edema. O aspecto nodular impede o 
fechamento das válvulas e a consequência 
é o refluxo ventrículo atrial e esse refluxo vai 
gerar o que é audível sob a forma de sopro. 
Na ausculta pode ser percebido e o grau 
desse sopro vai variar de acordo com o grau 
da lesão. 
Considerando que essa degeneração é 
mais vista no VE, esse problema ocorre 
mais comumente na mitral ou bicúspide e se 
ela não se fecha vai haver refluxo do 
ventrículo para o átrio. O sangue chega 
oxigenado do pulmão para o átrio, adentra o 
VE e deveria ser todo ejetado pela a aorta 
para todo o sistema, mas o DC está baixo. 
Como a valva está defeituosa, na sístole 
ventricular o sangue deflui de volta para o 
átrio causando sobrecarga atrial. O átrio se 
dilata a cada ciclo cardíaco por um volume 
excessivo de sangue. Vai começar a ocorrer 
uma congestão retrógrada que levará a 
uma congestão pulmonar. 
 
O pulmão (as veias pulmonares mais 
especificamente) sofrem congestão porque 
há resíduo de sangue. Então essa 
congestão retrógada vai resultar em 
congestão pulmonar, causando uma 
hipertensão pulmonar que pode resultar em 
edema pulmonar, principalmente m 
situações de euforia. Animal que cansa fácil, 
apresenta dispneia, etc. 
 
O ventrículo esquerdo para fazer mais força, 
aumenta a sua frequência de contração 
para melhorar o DC, isso é um mecanismo 
compensatório. Ele pode ganhar um 
 
 
23 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
aumento de parede por dentro. Nesse caso 
começa a ocorrer uma insuficiência 
projetada e como o DC está baixo, 
consequentemente há queda da PA. Então 
o SRAA entra em ação e a pressão arterial 
sobe muito. O hormônio natriurético entra 
para antagonizar, mas na maioria das vezes 
o animal continua apresentando PA alta e 
isso denota uma situação de pós carga, 
por isso que a hipertrofia é excêntrica. A 
parede do VE vai dilatar, não ocorre perda 
de luz. O SRRA vai fazer com que o volume 
circulatório aumente muito, pois o animal 
passa a beber mais água, e retém mais 
urina então o coração vai ter que trabalhar 
com um volume maior. O animal com 
endocardiose fica com pressão alta. O 
problema da endocardiose é a pós carga. 
Ocorre também a congestão de outros 
órgãos. 
 
Em casos extremos a hipertensão 
pulmonar também cria pós carga afetando 
o VD. Ele precisa mandar sangue pela 
artéria pulmonar, mas o pulmão já está 
hipertenso, então com o tempo o VD 
também sofre dilatação. O coração de um 
animal com endocardiose é chamado de 
“coração romântico”, pois perde sua 
anatomia. 
 
À medida que os ventrículos vão se 
dilatando vão perdendo força de contração. 
O coração sobrecarregado vai ficando mais 
fraco e em um momento pode parar de 
contrair, podendo levar o paciente à uma 
situação de arritmia (animal entra em 
quadro de choque cardiogênico – evolução 
aguda). 
 
Pode se observar, clinicamente, que quando 
o animal está eufórico piora ainda mais a 
situação. O átrio dilatando começa a tocar o 
brônquio estimulando tosse no animal. A 
endocardiose em estado avançado o animal 
tosse bastante. 
 
A cada ciclo cardíaco, o jato de sangue bate 
na válvula e isso vai causando nessa região, 
um trauma, ou seja, uma lesão fibrótica. 
Em casos muito extremos pode ocorrer 
calcificação e metaplasia óssea. 
[Endocardite] 
 
Endocardite é a inflamação do 
endocárdio. As bactérias tem maior poder 
potencial de causar a endocardite. É 
possível também observar através da 
infecção por larvas de Strongylus vulgaris, 
principal nematoide dos cavalos. Muito 
raramente infecções por fungos, é 
necessária uma imunossupressão severa 
(gatos comprometidos por esporotricose). 
Uma das principais causas para ocorrer a 
endocardite é a gengivite por laceração 
durante brigas em cães, por exemplo. Além 
disso, dermatites muito extensas. Pode ser 
causada por pneumonias e infecções 
intestinais. 
O coração é um dos órgãos mais sensíveis 
quando há bacteremia pois dentro do 
coração há o turbilhonamento muito grande 
do sangue, esse sangue acaba fazendo com 
que as bactérias sejam arremessadas na 
parede do endocárdio e dessa forma 
bactérias que tem poder de adesão se 
aderem ali e acabam colonizando o 
endocárdio. O endocárdio é um dos alvos 
mais fáceis quando há bacteremia. É uma 
inflamação mais comum nas válvulas por 
esse motivo. 
A endocardite é subdividida em: valvular 
tendo as válvulas afetadas e mural quando 
a parede do endocárdio é afetada. É mais 
comum nas válvulas atrioventricular que 
semilunares. Em bovinos a atrioventricular 
direita e em outras espécies a esquerda. 
Também pode ser subdividida em 
endocardite vegetantes e verrucosas. A 
vegetante é uma endocardite no qual a 
infecção está ativa e a verrucosa é um 
processo no qual a inflamação e infecção 
esta inativa, ou seja, verrucosa é uma 
pequena cicatriz de algo que já ocorreu. 
 
Macroscopia 
 
Microscopia 
Válvulas encurtadas, 
espessas e nodulares 
Proliferação fibroelástica 
(fibrose) com depósito de 
mucopolissacarídeos 
Envolvimento das 
cordas tendíneas 
Ácido valvular gerando 
degeneração mixomatosa 
Ruptura da parede 
atrial esquerda (pela 
dilatação) 
 
 
 
24 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
Quando ocorre uma lesão no endotélio 
vascular, forma trombo e o mesmo ocorre 
no endocárdio. Então vai haver a formação 
de trombos. Essa é a inflamação ativa, 
vegetante. Na foto abaixo há uma massa de 
trombo aderida válvula atrioventricular. 
 
Já a verrucosa é uma cicatriz antiga de uma 
lesão, aparece tecido conjuntivo 
proliferado. 
 
 
Na foto abaixo há uma cicatriz verrucosa. 
 
O animal que sobrevive a endocardite pode 
se tornar um cardíaco crônico. 
Lesões são depósitos de fibrina bem 
aderidos, friáveis, amarelos acinzentados e 
microscopicamente além de fibrina, 
observa-se colônias de bactérias. Ou seja, 
são trombos sépticos onde as bactérias vão 
sobreviver. Fragmentos desse trombo 
podem se soltar e levar trombos com 
bactérias para todo o corpo. Esses trombos 
são um aglomerado de fibrina + colônias 
bacterianas + leucócitos e tecido de 
granulação. Então desses trombos podem 
surgir tromboembolismo séptico, 
ocorrendo o carreamento de bactérias apara 
outros órgãos. 
A endocardite bacteriana é mais comum na 
mitral, depois na tricúpiscide, aórtica e 
pulmonar, simultaneamente. 
É possível dissolver o trombo com 
antibiótico, mas o tecido de granulação 
invasivo fica. 
 
 
 
 
25 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
[ Streptococcus spp. é mais comum no 
trato respiratório então uma pneumonia 
pode gerar endocardite. 
[ Staphylococcus spp. é comum na pele 
então uma infecção grave de pele pode 
gerar endocardite. 
[ E. coli infecções intestinais podem 
gerar endocardite. 
Nos cães os agentes podem ser: 
[ Streptococcus spp[ Staphylococcus spp 
[ Escherichia coli 
[ Corynebacterium spp 
[ Erysipelothrix rhusiopathae 
[ Dirofilaria immitis 
Dirofilaria immitis pode causar endocardite, 
mas não é comum. 
Nos suínos os agentes podem ser: 
[ Erysipelothrix rhusiopathae → Causa 
a doença ‘’ruivo dos suínos’’, que 
recebe esse nome pois causa 
hemorragia na pele dos suínos. 
[ Streptococcus sp 
Nos equinos os agentes podem ser: 
1. Streptococcus equi 
2. Actinobacillus equuli → Na cavidade 
oral 
3. Larvas de Strongylus spp. → Principal 
nematoda de cavalos que pode fazer 
migração errática no sangue. 
4. Escherichia coli 
5. Pseudomonas aeruginosa 
6. Candida parapsolosis 
Nos bovinos e ovinos os agentes podem ser: 
[ Actinomyces pyogenes 
[ Streptococcus (enterococcus) 
Ambos podem causar abscessos no 
miocárdio ou miocardite difusa. 
O epitélio da cavidade nasal e dos seios 
nasais é o epitélio pseudoestratificado 
colunar ciliado. Esse epitélio é muito 
sensível e muitas coisas podem gerar 
lesões, como trauma, lesão viral ou gases 
tóxicos. Quando ocorre lesão com perda de 
epitélio, a lamina própria fica exposta, e isso 
facilita as infecções bacterianas então o 
organismo faz com que as células voltem a 
se proliferar de forma diferente, invés de se 
organizar na forma de epitélio 
pseudoestratificado ciliado, elas se formam 
como epitélio escamoso para fechar rápido 
essa lesão. Dessa forma, perde-se os cílios 
e eles são muito importantes pois fazem 
parte do sistema de limpeza mucociliar. 
[Distúrbios circulatórios] 
 
 Congestão e hiperemia → São esses 
distúrbios que resultam em edema e 
entupimento do nariz. Por ser muito 
vascularizado, temos muitas 
ocorrências de edemas no epitélio 
respiratório. São decorrentes de uma 
hiperemia por processo inflamatório 
(infecção viral ou bacteriana) ou 
decorrentes de processos alérgicos, 
que irão gerar congestão daquela 
região. 
 
 
 
26 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
 Hemorragia → O epitélio respiratório é 
muito frágil e vascularizado, logo é 
susceptível a processos hemorrágicos. 
A cavidade nasal é muito susceptível a 
hemorragias. A epistaxe é o 
sangramento nasal, e hemoptíase é a 
tosse com sangue. 
 
 Hematoma etmoidal em equinos → 
Completamente idiopática e também 
não tem predisposição. Massa nodular 
que se forma e obstrui parcialmente ou 
totalmente a cavidade nasal. Tratar só 
cirurgicamente, mas o problema é que 
pode ter recidiva pos cirurgia. O animal 
perde capacidade atlética pois respira 
mal. 
 
[Inflamações] 
O epitélio respiratório é muito susceptível a 
diversos patógenos. Para um patógeno 
atravessar a pele é muito difícil, pois esta é 
revestida por uma couraça de queratina, 
mas o aparelho respiratório tem um epitélio 
muito delgado e isso favorece a entrada 
desses patógenos. O vírus, por exemplo, se 
acostumou a isso e esta é a melhor forma 
de entrada no organismo. Um dos 
mecanismos desse sistema são os cílios e 
uma serie de defesas que veremos mais à 
frente. Os padrões inflamatórios do trato 
respiratório têm padrões muito definidos, 
porque de acordo com o tipo de inflamação 
consegue se identificar a causa. 
 Rinite ou sinusite 
É uma inflamação do trato respiratório 
superior. A inflamação das narinas é 
chamada de rinite. Já quando acomete os 
seios da face é chamado de sinusite. É 
muito comum que rinites evoluam para 
sinusites. A evolução dessa condição é 
chamada de rinosinusite. Pode ser que 
ocorre só rinite, mas dificilmente ocorrera só 
uma sinusite. 
Padrões inflamatórios: 
1) Serosa → O exsudato seroso é 
caracterizado por um avermelhamento 
da mucosa respiratória, edema e um 
corrimento nasal (rinorreia) bem 
translucido, seroso (liquido transparente 
e aquoso). Esse corrimento nasal é 
decorrente de edema pois está 
ocorrendo um extravasamento da 
mucosa. Vai haver a mucosa 
edematosa, inchada e cheia de liquido. 
Ocorre na rinite alérgica ou infecções 
virais (vírus mais brandos como 
rinovírus, alguns adenovírus, 
parainfluenza). Se o vírus consegue 
esfoliar ao epitélio, teremos uma 
resposta do epitélio tentando se 
regenerar. Se tivermos uma lacuna 
entre o tempo de lesão e o tempo de 
regeneração, podemos ter infecção 
bacteriana secundária, piorando a lesão 
e tornando-a mais grave de acordo com 
o agente patogênico. 
 
2) Catarral → É a evolução da 
inflamação serosa por patógenos 
mais agressivos e patogênicos. Temos 
uma produção muito intensa de muco. 
Podemos ter expulsão de muco pelas 
narinas ou pela boca. Com o passar do 
tempo, o muco começa a ter depósito de 
fibrina por um início de lesão vascular. 
O muco em combinação com a fibrina 
forma o catarro, um processo de 
evolução do epitélio respiratório. É uma 
lesão mais intensa. Agora, a rinorreia e 
a tosse produzem um exsudato 
elástico e opaco. Sua coloração pode 
ser muito variada, entre o amarelo, 
esverdeado e acastanhado. Se temos 
lesão vascular, temos a interferência do 
sangue. Logo, podemos ter sangue vivo 
na rinorreia. A coloração acastanhada 
se dá pela oxidação do ferro pelo ar, já 
que temos a presença de sangue pela 
lesão vascular. Podemos ter pus, de 
coloração amarela viva, que indica a 
presença de infecção bacteriana. 
 
3) Purulenta → É característico da 
infecção bacteriana secundária, se 
caracterizando por mucopurulento – 
fibrina, pus e muco. OBS: Bactérias 
aeróbicas são produtoras de pus. Já as 
anaeróbicas, não produzem. Quando a 
 
 
27 Anatomia Patológica Especial 
ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL [ MARIA LUIZA BORGES BARRETO 
lesão catarral é mais grave pode gerar a 
mucopurulenta. Normalmente por 
infecção bacteriana secundaria. 
 
4) Fibrinosa → Alguns agentes podem 
gerar inflamação fibrinosa como o 
Herpesvírus. Algumas bactérias como a 
Salmonella podem fazer isso também. 
Caracterizado por crostas e placas 
grossas de fibrina. O espirro é o 
principal mecanismo de expulsão de 
patógenos e/ou partículas. O animal irá 
expulsar pequenos “moldes” de fibrina 
ou placas e perceberemos a ausência 
de pus. 
 
Na foto acima há um crânio de bovino no 
corte medial onde os cornetos nasais 
possuem placas e moldes de fibrinas. É uma 
rinite fibrinosa por infecção de herpervirus 
bovino. 
5) Granulomatosa → Inflamação 
granulomatosa é caracterizada pela 
presença de nódulos ou tumores no 
nariz geralmente causada por parasitas 
ou agentes fúngicos. Pode ser causado 
também por corpos estranhos. Há uma 
enorme presença de macrófagos 
tentando fagocitar. 
 
Na foto acima há um crânio de cão cortado 
longitudinalmente. É possível visualizar uma 
massa branca disforme que devia ser o 
corneto nasal. Este foi completamente 
destruído pela ação de fungos. É uma 
inflamação granulomatosa do corneto nasal 
pela ação de Aspergillus. 
 
Na foto acima há o crânio de um boi cortado 
transversamente, embaixo do septo nasal 
há um granuloma parasitário (infecção 
granulomatosa) por Helminthosporium. O 
parasita fez migração errática causando 
rinite parasitaria deformando o septo nasal. 
Empiema é o acumulo de pus numa 
cavidade, no caso, em seios da fase. 
Quando há sinusite grave e sente dor na 
testa ou ao redor dos olhos é um empiema 
no seio da face. 
[Doenças específicas] 
 
Os equinos tem um grupo de doenças 
importantes que envolve desde doenças 
virais até doenças bacterianas. Dentre as 
doenças virais: 
 Rinopneumonia infecciosa → 
Causada pelo Herpervirus, que em 
geral, afeta animais muito jovens que 
nunca tiveram contato prévio com o 
vírus. Para o trato respiratório, ela causa 
um quadro brando de rinite serosa. 
Causa febre, apatia, algo brando e 
autolimitante. A importância da 
rinopneumonia na maior parte das 
vezes é que é uma doença que causa 
aborto em adultos que nunca tiveram 
contato com o vírus. Além disso,

Mais conteúdos dessa disciplina