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Fluidoterapia MV Esp. Vinícius Florentino Dias de Moura Definição A fluidoterapia consiste na administração de líquidos para corrigir desequilíbrios de líquidos e eletrólitos, seja em condições de desidratação, choque ou para manutenção das funções fisiológicas. A fluidoterapia intravenosa (IV) em equinos é uma técnica essencial para corrigir desidratação, distúrbios eletrolíticos e metabólicos, além de ser utilizada em procedimentos de reposição de volume e manutenção. O protocolo varia de acordo com o estado clínico do animal, as perdas de líquidos e eletrólitos, bem como a resposta ao tratamento. Abaixo, destaco as principais etapas e considerações tanto para reposição quanto para manutenção de fluidos em equinos Indicações para Fluidoterapia em Equinos Desidratação: Secura das mucosas, turgor diminuído da pele, aumento da frequência cardíaca. Choque hipovolêmico: Hipotensão, colapso circulatório, sinais de perfusão periférica reduzida. Distúrbios eletrolíticos e acidose: Desequilíbrios de eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) e alterações no equilíbrio ácido-base. Manutenção: Quando o animal não consegue manter a ingestão adequada de líquidos devido a condições médicas ou cirúrgicas. Avaliação Inicial Antes de iniciar a fluidoterapia, é essencial realizar uma avaliação completa do cavalo para determinar: O grau de desidratação (por exemplo, elasticidade da pele, tempo de enchimento capilar, mucosas). A presença de desequilíbrios eletrolíticos (através de exames laboratoriais, se disponíveis). A causa da perda de líquidos (diarreia, sudorese, hemorragia, obstruções intestinais, etc.). O estado clínico geral do animal (frequência cardíaca, temperatura, perfusão periférica, entre outros). Estado de hidratação Elasticidade da pele (teste de turgor). Tempo de enchimento capilar (normalmente 60 bpm em casos de desidratação severa). Frequência respiratória aumentada em casos de acidose. Temperatura corporal, perfusão periférica e produção urinária. Tipos de Fluidos Utilizados Cristaloides Soluções isotônicas: Como lactato de Ringer ou solução salina (NaCl 0,9%). Usados amplamente na reposição e manutenção. Soluções hipertônicas: Salina hipertônica pode ser usada em choque para expandir rapidamente o volume intravascular. Coloides Soluções contendo proteínas ou amidos (ex: Hetastarch), usadas em casos de hipoproteinemia ou choque. Tipos de Fluidos Utilizados Suplementação de Eletrólitos e Corretivos de Acidose Bicarbonato de sódio: Usado em acidose metabólica. Potássio: Deve ser suplementado cuidadosamente em caso de hipocalemia (baixa de potássio). Velocidade de Administração Em casos de choque hipovolêmico, a fluidoterapia deve ser rápida, com doses de 20 ml/kg em bolus, podendo repetir conforme necessário. Para desidratação moderada, pode-se iniciar com uma taxa de 10 ml/kg/hora e ajustar conforme a resposta. Fluido Terapia de Reposição A fluidoterapia de reposição é utilizada para corrigir déficits de líquidos e eletrólitos que ocorreram antes do tratamento. Aqui estão os principais passos: Cálculo do Déficit de Desidratação Estima-se o percentual de desidratação com base em sinais clínicos. A fórmula para o cálculo do volume de reposição é: Volume de reposição (litros) = Peso corporal (kg) × Percentual de desidratação (%) Exemplo: Um cavalo de 500 kg com 8% de desidratação: 500 × 0,08 = 40 litros de Fluido Terapia de Manutenção Após a reposição, ou para pacientes que não possuem grandes déficits de líquidos, utiliza-se a fluidoterapia de manutenção. O objetivo aqui é fornecer a quantidade adequada de água e eletrólitos para manter as funções corporais normais. Cálculo da Necessidade de Manutenção A necessidade diária de manutenção pode ser calculada como 40 a 60 ml/kg/dia. Exemplo: Um cavalo de 500 kg 500 × 50ml = 25litros/dia Ajustes para Perdas Contínuas Se o cavalo está perdendo fluidos devido a diarreia, vômitos ou sudorese excessiva, essas perdas devem ser estimadas e adicionadas ao cálculo de manutenção. Estima-se que perdas adicionais (como diarreia) podem variar de 10 a 40 litros/dia, dependendo da gravidade. Monitoramento Frequência cardíaca: Uma redução na frequência cardíaca indica melhora do volume sanguíneo circulante. Turgor da pele: Melhorias no turgor indicam recuperação da hidratação. Mucosas e enchimento capilar: A cor e o tempo de enchimento capilar são avaliados para verificar a perfusão. Diurese: Avaliar a produção urinária ajuda a determinar a resposta ao tratamento. Outros Cuidados Importantes Cânula intravenosa: Deve ser inserida com cuidado, preferencialmente na veia jugular, com monitoramento contínuo para evitar tromboflebite. Controle de eletrólitos: Além de líquidos, deve-se monitorar e corrigir eletrólitos como sódio, potássio, cálcio e cloreto. Pode ser necessário suplementar eletrólitos dependendo do quadro do cavalo. Equilíbrio ácido-base: Em casos de acidose metabólica, soluções como Ringer com lactato podem ser preferidas. Resumo Reposição: Cálculo do volume de acordo com a desidratação e administração rápida em casos críticos. Manutenção: 40-60 ml/kg/dia ajustados conforme perdas contínuas. Monitoramento: Avaliar continuamente parâmetros clínicos e laboratoriais para ajustar a terapia.