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TRATAMENTO NUTRICIONAL NOS TRANSTORNOS ALIMENTARES TERAPIA NUTRICIONAL NOS TA • O tratamento dos transtornos alimentares, de acordo com a American Dietetic Association (ADA), inclui o nutricionista como parte importante e essencial na equipe multiprofissional, em razão de suas ações de “intervenção e educação nutricionais” que já apresentaram bons resultados em vários centros de estudos. (ADA, 2006; 2011; Hsu et al., 1992; Huse & Lucas, 1983; Story, 1986). TERAPIA NUTRICIONAL NOS TA Terapia Nutricional processo que envolve o monitoramento do estado nutricional do paciente e o tratamento nutricionista + equipe trabalham juntos modificar os comportamentos relacionados à alimentação e ao peso do paciente TERAPIA NUTRICIONAL NOS TA Abordagem cordial Não chegar “enfrentando” a paciente • Reflexão sobre os paradigmas “dominantes” da dietoterapia “convencional”: - “Nutrição normativa”, - Paradigma da dieta eficaz / eficiente; - “Elegibilidade” alimentos “bonzinhos” e “vilões”... FUNCIONAM PARA TA ??? TERAPIA NUTRICIONAL NOS TA Terapia Nutricional nos TA tem duas fases educacional experimental • Fase educacional: coleta / transmissão informações - história alimentar do paciente - estabelecimento de uma relação de colaboração (possibilitar que o paciente fale sobre seus problemas e possa, assim superá-los) • FASE EDUCACIONAL - Definição de princípios e conceitos sobre alimentos (‘por que’ e ‘como’ o corpo responde à inanição e aos episódios de compulsão e purgação) Tópicos importantes de serem discutidos antes da paciente arriscar uma mudança dos hábitos alimentares. - Orientação básica para a família. (ADA, 1994; 2006;2011) A educação nutricional para a família deve ser oferecida cautelosamente junto com a terapia. TERAPIA NUTRICIONAL NOS TA • A objetivos da fase experimental: - separar comportamentos relacionados com o alimento e com o peso de sentimentos e questões psicológicas; - incrementar as mudanças de comportamentos alimentares até que o padrão de consumo alimentar esteja normalizado; - aumentar ou diminuir o peso gradativamente; - orientar a manutenção de um peso adequado, sem comportamentos anormais de alimentação e controle de peso; - orientar o comportamento com o alimento em ocasiões sociais. (ADA, 1994; 2006;2011) TERAPIA NUTRICIONAL NOS TA • O uso do diário alimentar é uma prática recomendada e de bom resultado no tratamento dietético dos TA. • Simboliza a relação entre o nutricionista e o paciente. • É uma técnica comportamental de automonitoração: são registrados o horário e o local de cada refeição; a qualidade e a quantidade dos alimentos ingeridos; a ocorrência de compulsões e compensações os sentimentos associados ao momento da alimentação. Diário Alimentar estratégia importante documento pessoal (provê controle, disciplina e avaliação constante) REABILITAÇÃO E ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • O Nutricionista deve sempre lembrar: - os pacientes com AN, ignoram os riscos que a doença apresenta para sua saúde (medo de engordar é maior que o medo de morrer); - as dificuldades para lidar com o alimento, medo, crenças errôneas e distorções sobre alimentação e nutrição, representam uma barreira ao tratamento; - os pacientes acreditam ter grandes conhecimentos sobre alimentação (tais “conhecimentos” estão restritos a conteúdo calórico e dietas de emagrecimento). A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Devemos ajudar o paciente a entender suas necessidades nutricionais e iniciar uma escolha alimentar adequada. • A técnica de abordagem nutricional efetiva envolve mudança das crenças errôneas e permite que o paciente tenha percepções e interpretações mais adequadas de dieta, nutrição e relação entre inanição e sintomas físicos. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • O padrão dietético de ingestão baixa requer planejamento altamente individualizado! • A realimentação com alimentos é a primeira escolha para recuperação do peso A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA Síndrome da Realimentação hipofosfatemia grave e súbita, quedas súbitas em potássio e magnésio, intolerância à glicose, hipocalemia, disfunção gastrintestinal e arritmias cardíacas. • Mais comum de ocorrer na enfermaria (em relação ao ambulatório); • Deve ser monitorada de perto durante o processo de realimentação. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • A retenção de água durante a realimentação deve ser discutida com o paciente. • Protocolo para pesagem: deve ser definido anteriormente (Quem e quando pesar? A paciente vai ou não saber seu peso?). • O nutricionista é o profissional mais indicado para realizar essa atividade (está apto a discutir as reações dos pacientes). • Um dos maiores medos dos pacientes é não parar de ganhar peso. O nutricionistas têm o papel de ajudar o paciente a alcançar um peso saudável aceitável e mantê-lo com o passar do tempo. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Tanto no tratamento ambulatorial quanto na enfermaria, as metas da reabilitação nutricional são as mesmas. Enfermaria processo é mais intenso há risco de morte • O plano nutricional deve ajudar o paciente a consumir o mais rápido possível uma dieta que seja adequada em energia e nutricionalmente balanceada para atingir as metas de peso estabelecidas previamente. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Fase 1 Objetivo: mobilização da paciente para o tratamento (relação colaborativa entre o nutricionista e o paciente). Nesta fase é feita a avaliação antropométrica e dietética, além de análise de exames bioquímicos complementares; A alimentação nesta fase cobre as necessidades metabólicas basais. Atendimento hospitalar: geralmente composto por cinco fases, com objetivos e estratégias específicas. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Fase 2 Objetiva promover um ganho gradual de peso, através de um aumento gradual de calorias na dieta. Ao final da Fase 2 o paciente deverá ter alcançado 85% do peso – alvo. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Fase 3 O objetivo é alcançar 100% do peso – alvo, através do aumento do aporte calórico na dieta e educação nutricional. • Fase 4 O objetivo é manter o peso alvo. Mantido o peso pôr duas semanas, a paciente passa para a fase 5, que corresponde a fase final do tratamento hospitalar e preparação para alta. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Fase 5 São revisados todos os tópicos discutidos nas fases anteriores. O paciente prepara o próprio cardápio e faz o porcionamento e auto-seleção dos alimentos que ingere. Após a alta, há um atendimento semanal junto ao grupo de pacientes do ambulatório. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • O tratamento ambulatorial segue as mesmas diretrizes básicas, de modo mais individualizado e com programação de tempo – de modo geral – mais flexível. • O tratamento é baseado no diário alimentar (paciente e nutricionista levantam as dificuldades em relação à alimentação). A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • O planejamento das refeições é essencial, mas a dieta não deve ser rígida. • O nutricionista determina as necessidades calóricasindividuais, e junto com o paciente elabora um plano nutricional que permita ao paciente atingir essas necessidades. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • A educação nutricional é essencial!! • Em geral são discutidos assuntos como: - a importância das mudanças de padrão alimentar; - o número das refeições, a qualidade e a quantidade dos alimentos; - comportamento alimentar, reintrodução de “alimentos proibidos” e como se comportar em situações sociais. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA • Todas as modificações realizadas durante o tratamento ambulatorial são baseadas no diário alimentar. • Devem acompanhar as dificuldades individuais, as preferências e aversões alimentares. Objetivos principais: - ganho de peso gradual; - restabelecimento das funções fisiológicas normais; - estabelecimento de um padrão alimentar saudável e regular; - eliminação de práticas alimentares não adequadas; - o redescobrimento do prazer em se alimentar!! A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • Fundamental: entender o comportamento bulímico e suas alterações em relação ao comportamento normal. • O comportamento bulímico alterna períodos de restrição e compensação, depende de uma série de fatores, incluindo a oportunidade de purgação, o tipo de alimento disponível e o humor. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • A seleção de alimentos na BN é muito variável e diferenciada entre as refeições regulares (sem compulsão alimentar) e as refeições com episódios de compulsão alimentar. • É fundamental acompanhar a ingestão alimentar do paciente, dia a dia (através do diário alimentar) para orientar as mudanças necessárias em razão do padrão apresentado. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • As restrições aleatórias e voluntárias da quantidade dos alimentos podem reforçar o ciclo da bulimia. • Uma ingestão aumentada é provavelmente necessária para normalizar as sensações de fome, apetite e saciedade. Os padrões de fome e saciedade na bulimia estão alterados. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA comportamentos alimentares perturbados BN cognições errôneas sobre conceitos nutricionais relação inadequada com o alimento • É necessário discutir tais temas dentro do programa de educação alimentar Enfoque mudança comportamental A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • A terapia nutricional na BN objetiva: - adequar os padrões nutricionais; - orientar sobre os comportamentos alimentares inadequados; Normalizá-los deve ser a primeira meta de tratamento! • Os padrões dietéticos anormais e suas conseqüências psicológicas servem para perpetuar a doença. • A doença usualmente tem início com uma dieta para emagrecimento; • Importante conhecer as dietas já realizadas pelo paciente, bem como suas crenças, tabus e restrições alimentares. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • O tratamento da bulimia deve acessar as atitudes destorcidas e os sentimentos sobre o corpo e a forma. Deve-se monitorar o peso das pacientes A retenção de fluidos e as flutuações de peso devem ser antecipadamente discutidas com o paciente (está orientado a parar com os mecanismos compensatórios) A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • Se há excesso de peso, uma perda razoável só será possível após o comportamento alimentar estar estabilizado. • Os esforços terapêuticos na bulimia podem ser comprometidos pelas adaptações metabólicas que podem levar ao ganho de peso quando o ciclo compulsão – purgação cessa. A REABILITAÇÃO E O ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA • O programa de tratamento nutricional ambulatorial para BN pode ser realizado em 18 semanas (como proposto no AMBULIM), no qual tópicos sobre alimentação adequada, relação com alimento e peso são abordados. • No programa de enfermaria, os mesmos tópicos são trabalhados de acordo com a programação do tempo de internação. • Os tópicos desenvolvidos em cada semana podem ser: - Semana 1: Como é o tratamento nutricional: método e importância; - Semana 2: O que é Bulimia Nervosa? O ciclo dieta – compulsão – purgação; - Semana 3: Definição dos nutrientes: o que são e para que servem - Semana 4: A roda dos alimentos: por que preciso de todos os nutrientes? - Semana 5: Pirâmide de alimentos: Como balancear uma refeição - Semana 6: Vitaminas e Minerais: fontes e importância - Semana 7: Fibras e funcionamento do intestino - Semana 8: Conceito de fome / apetite / saciedade - Semana 9: Absorção e digestão dos alimentos - Semana 10: Necessidades energéticas e metabolismo basal - Semana 11: Gasto energético e atividade física - Semana 12: Peso ideal, IMC, Compleição física - Semana 13: Planejamento de cardápios - Semana 14: Alimentos diet e light – vale a pena usar? - Semana 15: Dieta da moda: por que não funciona? - Semana 16: Como variar a alimentação? - Semana 17: Como “comer fora” em “festas” e como comprar alimentos? - Semana 18: Avaliação do período e discussão de técnicas para a manutenção de hábitos saudáveis. Considerações finais... • Os TA são doenças complexas; o tratamento efetivo deve contar com uma equipe de especialistas. • O nutricionista é o único qualificado para prover a terapia nutricional para estes pacientes, necessitando de formação especial e experiência na área, além de interação com os demais membros da equipe (ADA, 2001). • É importante considerar que as escolhas alimentares são decisões complexas, relacionadas as condições sociais, e tradições culturais, acrescentadas de elementos ‘irracionais’ que também fazem o seu papel!! Importante refletir Culpabilização X Vitimização