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1 - Contextualização teórica As inúmeras fontes de nutrientes em fármacos, medicamentos e correlatos propiciam o crescimento de microrganismos, cuja presença pode acarretar em prejuízos ao produto (alterações organolépticas e das propriedades físico-químicas) e/ou usuário (toxi-infecções) (de OLIVEIRA, 2019; FB, 2019). Avaliar o cumprimento das especificações microbiológicas, é uma das competências do setor de controle de qualidade, assegurando a correta execução das análises a fim de avaliar os produtos nas diferentes etapas do processo fabril (BRASIL, 2019). A depender da via de administração dos medicamentos e da probabilidade do acesso à corrente sanguínea, os produtos são classificados como do tipo estéreis ou não-estéreis (FB, 2019). Mesmo os produtos não-estéreis, devem ser submetidos ao controle de qualidade microbiológico, uma vez que deve-se garantir que haja o cumprimento dos limites aceitáveis para os microrganismos viáveis e ausência de microrganismos patógenos (PINTO; KANEKO, OHARA, 2003). Os limites microbiológicos especificados e a frequência dos testes é variável nos produtos não-estéreis, a depender da origem da matéria-prima (vegetal, mineral, animal, sintética), e características do produto acabado, tais como o elevado teor de água em soluções orais aquosas e cremes, por exemplo (FB, 2019). Os medicamentos estéreis devem não só garantir a ausência de microrganismos viáveis, mas também, de endotoxinas (FB, 2019). As endotoxinas são substâncias advindas da estrutura do microrganismo capazes de acarretar em uma resposta pirogênica, com presença de febre e inflamação. Assim, garantir sua ausência é importante, pois os principais procedimentos de esterilização são pouco efetivos na remoção de endotoxinas (GUIMARÃES, 2017). A Atividade de Projeto Estruturado (APE) visa discriminar a importância e os tipos de testes microbiológicos exigidos para cada tipo de categoria de registro de produtos farmacêuticos (estéril ou não-estéril), bem como, os testes de controle de qualidade de embalagens previstos para cada material, através da análise de casos e interpretação dos resultados. 2- Tema: Aplicando os Conhecimentos de Controle de Qualidade de Medicamentos e Embalagens Analise cada um dos casos descritos abaixo e responda às questões propostas. CASO 01 Considere que o setor de controle de qualidade microbiológico ao qual você trabalha deverá analisar amostras de comprimidos de captopril. Responda: a) Quais são os meios de cultura e as técnicas de contagem que poderão ser utilizados para a contagem total dos microrganismos viáveis? R: Os meios de cultura são macconkey, sabouraud, ágar nutritivo, triptona soja, e cetrimida e as técnicas de clivagem seriam contagem em placa, em câmara de Neubauer ou por filtração. b) Utilizando determinado método de contagem, foram obtidos os resultados apresentados na tabela abaixo. Calcule as Unidades Formadoras de Colônias (UFC) constatadas em cada uma das diluições. Ainda, forneça a média obtida. Dica: Há um exemplo de cálculo para o método de contagem na aula de 03 da unidade 04. Diluição da amostra Colônias por placas UFC/g ou mL 1:10 1600 16.000 UFC/ml 1:100 153 15.300 UFC/ml 1: 1000 17 17.000 UFC/ml Media das UFC/ml: Media= 16.000+ 15.300+ 17.000 = 16.100 UFC/ml 3 c) Complete a tabela abaixo com os microrganismos patogênicos a serem analisados no produto em teste, os respectivos meios de cultura e características das colônias que indicarão uma presença provável dos microrganismos. MICRORGANISMO MEIO DE CULTURA CARACTERÍSTICAS DA COLÔNIA Staphylococcus aureus, Ágar Manitol Salgado (AMS) Colônias amarelas (manitol positivo) Escherichia coli, Ágar MacConkey Colônias rosadas, pois, fermentam lactose. Candida albicans Ágar Sabouraud Colônias brancas e cremosas, lisas ou rugosas, com aspecto de levedura Listeria monocytogenes Ágar PALCAM Colônias pretas a cinzas, opacas, com halo de precipitação ao redor Clostridium botulinum Ágar TPGY Colônias Opacas, em forma de saco de papel, com odor característico. Salmonella spp Ágar xilose lysine deoxycholate Colônias amarelas/vermelhas com ou sem centro preto CASO 02 Em uma estação de tratamento de água realiza-se a análise microbiológica diária da água, a fim de identificar a presença de microrganismos. Para o método de contagem, foi empregada a técnica de número mais provável onde obteve-se os seguintes dados: Número de tubos positivos Data da coleta 10-1 10-2 10-3 Dia 01 3 2 2 Dia 02 3 2 1 Dia 03 2 2 1 Dia 04 2 1 1 Dia 05 1 0 0 Responda: a) Qual o número mais provável (NMP) por mL de água em cada um dos dias? Dia 1: 20 NMP/g Dia 2: 17 NMP/g Dia 3: 12 NMP/g Dia 4: 9,2 NMP/g Dia 5: 2 NMP/g CASO 03 Considere que o setor de controle de qualidade microbiológico ao qual você trabalha deverá analisar soluções aquosas injetáveis de butilbrometo de hioscina (escopolamina) a 200 mg/mL em ampolas de 1 mL. Responda: a) Descreva quais são os meios de cultura utilizados durante o teste de esterilidade e para quais tipos de microrganismos cada um deles está voltado a pesquisar. R: Meio de cultura de Caldo de Soja Caseína (TSB - Tryptic Soy Broth) usado para detectar bactérias aeróbias e anaeróbias estritas. Meio de cultura de Caldo de Tripticase de Soja (TSB): meio usado para detecção geral de bactérias. Meio de cultura de Caldo de Peptona de Água (PW): meio de cultura específico para detecção de enterobactérias. Meio de cultura de Caldo de Caldo Tioglicolato: meio de cultura usado para detectar anaeróbios facultativos e bactérias microaerofílicas. Meio de cultura de Ágar Sabouraud: meio usado para detectar fungos e leveduras. Meio de cultura de Caldo de Fosfato com Tween 80: meio usado para detecção de microrganismos fastidiosos, como micobactérias. b) Explique como é possível garantir que os meios de cultura irão promover o crescimento de microrganismos (quando presentes na amostra)? R: Para garantir que os meios de cultura promovam o crescimento de microrganismos presentes na amostra, é essencial seguir procedimentos adequados de preparação e armazenamento dos meios, garantindo que estejam livres de contaminação. Além disso, é importante manter condições ideais de temperatura, pH e oxigenação durante o processo de cultivo. A escolha do meio de cultura correto para o tipo de microrganismo que se deseja cultivar também é fundamental para o sucesso do crescimento. c) Descreva qual o tipo de inoculação é recomendado para realização do teste de esterilidade para o produto em teste, e como este procedimento é realizado. R: O tipo de inoculação recomendado para o teste de esterilidade em produtos farmacêuticos, como o butilbrometo de hioscina (escopolamina) a 200 mg/mL em ampolas de 1 mL, é a "inoculação direta". Neste procedimento uma pequena quantidade da amostra do produto é transferida para o meio de cultura estéril. A amostra é distribuída uniformemente no meio de cultura e são incubados nas condições apropriadas de temperatura e tempo para permitir o crescimento de microrganismos, caso estejam presentes na amostra. d) A farmacopeia brasileira vigente especifica que o limite de endotoxina não pode ultrapassar 555 EU/mg de butilbrometo de hioscina (escopolamina). Considerando o kit para o teste LAL a ser empregado apresenta uma sensibilidade de 0,125EU/mL (Unidades de Endotoxina por mililitro), calcule a máxima diluição válida (MDV) permitida para a análise da amostra, sem que hajam prejuízos na determinação do limite de endotoxina. R: MDV= Limite da endotoxina (EU/MG) Sensibilidade do kit (EU/ML) MDV=555 EU/mg = 4.440 0,125 EU/ml Isso significa que a amostra pode ser diluída até 4.440 vezes sem comprometera detecção do limite de endotoxina especificado pela farmacopeia brasileira. e) A imagem abaixo ilustra o que foi possível constatar no teste de endotoxina in vitro, ao verter o tubo teste e controle. O que é possível concluir a partir destes resultados? Os dados obtidos são confiáveis? R: Ausência de alteração no tubo teste o que indica que a amostra analisada pode estar isenta de endotoxinas, pois a formação de um gel ou alteração física é indicativa de uma reação positiva para endotoxinas. Ausência de alteração no tubo controle, um tubo controle negativo sem alterações significa que o teste foi realizado corretamente e que não há contaminação externa que pudesse afetar o resultado. Como o tubo controle não apresenta alterações, podemos concluir que o teste não foi contaminado e, portanto, os resultados são confiáveis. Além disso, a ausência de gel ou outra alteração no tubo teste sugere que não há endotoxinas detectáveis na amostra analisada f) Durante o controle de qualidade da embalagem (vidro do tipo I), realizou-se a pesagem de 10 ampolas preenchidas com água destilada (em temperatura de 24º C) após estas terem sido taradas vazias e secas. Analise os dados abaixo ilustrados e calcule a capacidade volumétrica total (CVT). Unidade Peso (g) Unidade Peso (g) 1 1,0220 6 1,0330 2 1,0123 7 1,0020 3 1,0103 8 0,9989 4 1,1111 9 1,0013 5 1,0001 10 0,9999 Media dos pesos das ampolas preenchidas: R: 1,0220 + 1,0123 + 1,0103 + 1,1111 + 1,0001 + 1,0330 + 1,0020 + 0,9989 + 1,0013 + 0,9999 = 10,1909 gramas Densidade da água a 24°c = 0,9973 g/ml CVT: 10,1909g = 1,0218 ml por ampola 0,9973 g/ml Capacidade volumétrica total das ampolas = 1,0218 ml 3- Referências bibliográficas Aulas conceituais no AVA – Unidades 3 e 4 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada nº 301 de 21 de Agosto de 2019. Dispõe sobre as Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, 22 ago 2019. de OLIVEIRA, A. M. Controle de qualidade [recurso eletrônico], volume 11. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019. FB. FARMACOPEIA BRASILEIRA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. 6.ed. Vol. 1. 2019. Disponível em: GUIMARÃES, D.S. Controle de Endotoxina na indústria Farmacêutica – Análise dos Métodos In Vivo e In Vitro. 2017. Monografia (Pós- Graduação em Tecnologias Industriais Farmacêutica), Instituto de Tecnologia em Fármacos- Farmanguinhos, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017, 43p. PINTO, T. J. A.; KANEKO, T. M.; OHARA, M. T. Controle biológico de qualidade de produtos farmacêuticos, correlatos e cosméticos. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2003. image1.png image2.png image3.png