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UFRPE- SEMINARIO

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UFRPE 
DECISO
BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS 
ANTROPOLOGIA E DIREITOS HUMANOS
PROFESSORA ROSA AQUINO
Amor, paz e harmonia em assuntos de justiça: o Brasil e os princípios internacionais dos direitos da criança e do adolescente. 
In: Políticas de proteção à infância: Um olhar antropológico. 
Patrice Schuch 
ALUNOS: LUIZ CARLOS, GILBERTO DIAS, JOEL GOMES, PEDRO ODILON E TIAGO FRANCISCO
A autora: 
Patrice Schuch é professora adjunta do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mestrado e doutorado em Antropologia Social por essa mesma universidade. É autora do livro: Práticas de Justiça: antropologia dos modos de governo da infância e juventude no contexto pós-ECA e coorganizadora das obras: Direitos e Ajuda Humanitária: perspectivas sobre gênero, família e saúde, Ética e Regulamentação na Pesquisa Antropológica, Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo, Políticas de Proteção à Infância: um olhar antropológico e Antropólogos em Ação: experimentos de pesquisa em direitos humanos.
Introdução
No livro Políticas de proteção à infância – um olhar antropológico, (1ª Ed. 320 pág. UFRGS – 2009) [org. Claudia Fonseca e Patrice Schuch] a antropóloga gaúcha Patrice Schuch faz um apanhado de reflexões sobre a atuação dos agentes das instituições de amparo ao menor após a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, amparada em cursos de capacitação para agentes jurídico-estatais.
Ela enfoca principalmente a questão das sensibilidades jurídicas com relação ao trabalho dos agentes e profissionais envolvidos no campo de atenção ao menor infrator, já que desde a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), as transformações jurídicas brasileiras no tocante a atenção à infância e juventude, provocaram um reordenamento das instituições, das práticas e saberes em atenção a essa parcela da população.
Para a autora, como sugere o próprio título do texto, na prática as mudanças referidas são de dois aspectos: afetam as regras e procedimentos, mas também as formas de pensamento, as sensibilidades.
A “cultura da paz” e o “indivíduo transcendental”
Sobre as palestras, a autora enfatiza a observação de um psicólogo que afirma estar o mundo vivendo uma crise de significado. Nessa palestra um dos argumentos usados foi a própria experiência pessoal do palestrante, item que foi indispensável na sua apresentação. Aspecto esse enfatizado em outras palestras e defendido pela autora como indispensável, já que a única palestrante que se ateve apenas aos aspectos científicos foi criticada e quase não restaram ouvintes em sua apresentação. 
As observações foram entrecortadas pelo depoimento de um funcionário do Juizado da Infância e da Juventude, que demonstrou ter uma relação de afeto para com os menores em situação de rua com os quais teve contato. 
A conversão dos educadores e a noção de “servir”
Também foi analisada a participação de uma voluntária que mudou toda a sua vida para montar um espaço para trabalhar com crianças abandonadas, fato este utilizado pela autora para demonstrar que os educadores precisam ter esse contato diferenciado com as crianças para poderem se conectar com o pensamento denominado de ética global, antes mencionado.
Como se fosse preciso que os agentes primeiro aprendessem sobre a forma mais correta de fazerem o trabalho deles, a partir da cultura do amor e da paz. Os valores pessoais dos agentes precisam estar fortemente direcionados a caridade. Tem de haver uma conexão entre os agentes e os menores, pois dessa forma conseguem-se mudanças realmente significativas.
A existência de uma “frente para o bem” de profissionais diferentes faz parte de um modelo de intervenção caracterizado como uma “cruzada moral” (NEVES, 2002) que difunde uma sociedade ideal harmônica e solidária, baseada na transcendentalidade do indivíduo “ajustado”, em contraposição ao desajuste causado pela racionalidade moderna que subjuga os valores como a afetividade e o amor. Os conflitos do mundo atual tornam os agentes pacificadores como moralmente privilegiados para converter “indivíduos desajustados” tendo a afetividade “amorosa, dedicada e desinteressada” uma aliada para transformar mutuamente sua relação. 
Considerações finais
 Os conflitos do mundo atual tornam os agentes pacificadores como moralmente privilegiados para converter “indivíduos desajustados” tendo a afetividade “amorosa, dedicada e desinteressada” uma aliada para transformar mutuamente sua relação.
A autora retorna ao conceito de “tópico de sentimento” de Boltanski (1993), já abordado anteriormente para destacar que a difusão de narrativas carregadas de sentimentos durante relatos testemunhais por parte dos palestrantes em cursos profissionais é que faz com os espectadores-afetados pela narração- sejam incentivados pela retórica a agir e intervir na realidade, gerando engajamento moral.
Salienta que o uso desses relatos também expõe que a formação de saberes intraprofissionais que lidam com crianças e adolescentes no contexto pós-ECA podem ser obtidos tanto pelo conhecimento científico quanto pelo prático (vivências individuais). Esse saber interiorizado pela experiência social como habitus na linguagem bourdieuniana se revela através de palavras comoventes, o choro, os olhares cativantes e outros gestos que revelam emoções.
Já no que se refere à relação entre os educadores e educandos essa relação do tópico do sentimento se revela nas interações face a face entre eles. Forma a relação direta entre os que dão amor e afeto e aqueles que os recebem. 
Mais imbuídos por valores religiosos pastorais do que científicos, os educadores se tornam como “agentes redentores”, que, desenvolvendo seu trabalho e depois de certo tempo obtendo resposta positiva por parte dos educandos, acabam por transformá-los a si mesmos e aos educandos. Essa transformação visando um ajustamento é que faz com que a antiga cultura de desajustamento seja quebrada, paulatinamente transformando-se efetivamente em uma “cultura de paz”.
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