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CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO – SEGUNDA HABILITAÇÃO ESTÁGIO SUPERVISIONADO – SEGUNDA HABILITAÇÃO Profº. MSc. Francisco Sandro Aureliano Professor de Estágio João Pessoa/2024 CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA JEAN CARLOS DE LIMA PROFESSOR: FRANCISCO SANDRO AURELIANO LOCAL DO ESTÁGIO: Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena SEGUNDA HABILITAÇÃO JOÃO PESSOA 2024 SUMÁRIO 1. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO ............................................................................................... 4 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................................................... 6 3. ANÁLISE CRÍTICA ........................................................................................................... 13 4. ANEXOS .............................................................................................................................. 14 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 17 4 1. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO O Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) é uma disciplina do 5º período do curso bacharelado em Biomedicina da Faculdade Internacional da Paraiba (FPB ), com carga horária de 500 horas, que visa à aplicação prática da teoria adquirida em sala de aula. O ESO é a passagem do estudante para o Biomédico, tem por objetivo complementar a formação do estudante, sendo essencial para a vivência de situações cotidianas, para o desenvolvimento de habilidades práticas e para a criação do networking. A supervisão do profissional da área escolhida e a orientação do professor oferecem suporte técnico para o discente e influenciam diretamente no amadurecimento, construção da confiança e do perfil profissional para o exercício ocupacional após a graduação. O ESO foi realizado no no Laboratório de Microbiologia do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, sob orientação das profissionais biomédica e farmaceuticas Ana Glória Gonzaga ,Francisca Moreira Estrela, , Veronica Maria Florenço de Morais e Maria de Fátima Sousa Santos. O Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena localizado na rua Orestes Lisbora, S/Nº, Bairro Pedro Godim, João Pessoa, Paraíba, é referência em traumatologia, ortopedia e queimadura, estando a serviço da comunidade de João Pessoa e região metropolitana há 20 anos. Considerado um centro de referência importante para o estado da Paraíba, possui cerca de 200 funcionários e 300 leitos divididos entre: UTI, UTQ, enfermarias, complexo pediátrico, área de emergência, consultórios, bloco cirúrgico. A unidade de análises clínicas atua significativamente na prestação de serviços de saúde, pois ajuda o diagnóstico clínico e fornece observação de várias doenças. A modalidade de laboratório consiste em muitas áreas, como hematologia, Estudos de imunologia e bioquímica, Microbiologia, Sistema imunológico, Líquidos corporais, genéticas, toxicológicas e citológicas (BRASIL, 2007). Segundo Rubia (2014), as analises laboratórias microbiológicas fazem parte do anexo do hospital, dentro delas destacam-se as etapas de triagem de materias para semeio, semeio de materias , leitura de placas para identificação bacteriana, testes bioquímicos e testes de Sensibilidade Bacteriana (TSA). A hemocultura é solicitado pelo profissional de saúde quando se verifica uma possibilidade de infecção no sangue, para isso a realização do teste/ triagem é necessária com o objetivo de identificar a presença de microorganismos circulantes. Ao identifcar os microorganismos, será possível determinar a fonte da infecção e a decisão correta sobre a possível intervenção a ser realizada com a terapia antimicrobiana mais coerente (RUBIA, 2014). 5 Na hemocultura, recomenda-se que se colhe pelo menos 2 (duas) amostras de 10 ou 20 ml de sangue do doente, em punções diferentes antes do início da antibioticoterapia, utilizando técnicas antisépticas: (desinfectar o local da punção com algodão embebido em solução alcoólica de iodo povidona ou álcool iodado). O sangue colhido é inoculado em 2 (dois) frascos; (anaeróbio e aeróbio) para maior clareza dos resultados. As amostras e as requisições dos doentes, quando chegam ao laboratório, são devidamente identificadas e posteriormente são incubadas em equipamentos automatizados: (Bact/ALERT VIRTUO, Bact/ALERT 3D e BACTEC 9000) (RUBIA et al, 2014). Outro procedimento utilizado, é a leitura de semeio em hemocultura que também é realizado para detecção de infecções da corrente sanguínea. Devendo ser utilizado amostra de hemocultura positiva, meios de cultura (Ágar Sangue e Ágar MacConkey), EPI (equipamento de proteção individual), câmara de fluxo, Aparelho Bactec Fx, alça descartável estéril (1ul - amarela para semeio), seringa, algodão, álcool a 70%. (OPLUSTIL et al, 2010) Já o teste de sensibilidade bacteriana TSA, que consiste em identificar os microorganismos e ajudar a determinar a fonte de infecção e a escolha da terapia antimicrobiana mais adequada. Assim como os procedimentos anteriores, essas combinação dos três procedimentos oferece um resultado mais robusto na conclusão do diagnóstico e a tomada de decisão para a intervenção clínica, favorecendo com isso o prognóstico do paciente. O teste de sensibilidade bacteriana TSA pode ser realizado de diversas formas, utilizando uma maior variedade de métodos laboratorias, nos quais dividimos em métodos qualitativos e quantitativos. É relevante ressaltar que os testes qualitativos são mais fáceis de serem performados, e historicamente, são realizados por métodos com discos de difusão. (GOMES et al, 2021) Os exames laboratoriais se tornaram cruciais para o diagnóstico e tratamento de uma variedade de condições médicas. Assim, é fundamental que os laboratórios de patologia clínica garantam a qualidade dos resultados obtidos durante as várias fases do processo laboratorial. A automação está se tornando cada vez mais comum nos laboratórios, o que permite um fluxo de amostra maior e tempo de resposta e erros menor. Como resultado, é possível obter resultados rápidos e confiáveis para um número maior de utentes em simultâneo (RUBIA et al, 2014).. Durante o período de estagio foram acompanhadas atividades envolvendo técnicas de preparo de meios de cultura, noções de cuidados na fase pré e pós analíticas dos exames de uroculturas, técnicas de coloração, bem como preparação, leitura e interpretação de lâmina de bacteriocopia etc. 6 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Trata-se de estudo descritivo, do tipo relato de experiência , realizado entre fevereiro de 2023 à junho de 2024, no Laboratório de microbiologia do Hospital de de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, onde o espaço eram equipados com capela de fluxo laminar,estufa, microscópio para leitura de Gram e geladeiras onde são armazenadas amostras. Na realização do período de estágio foi executada várias atividades, onde pude ter o acolhimento e assistência/suporte de diferentes profissionais, sendo eles: orientação das profissionais biomédica e farmaceuticas Ana Glória Gonzaga , Francisca Moreira Estrela, , Veronica Maria Florenço de Morais. No início da rotina laboratorial havia o processo de paramentação a partir do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) obrigatórios, utilizando-se principalmente jaleco, luvas, touca e máscara. Além disso, para poder realizar qualquer tipo de atividade no âmbito laboratorial era necessário que aqueles que adentrassem esse ambiente estivessem utilizando calça comprida e sapato fechado, paragarantir maior proteção frente a possível contaminação com material biológico. Este procedimento foi adotado para todos os setores. As analises laboratórias microbiológicas eram realizadas segundo as etapas de controle de qualidade e segurança que compreendiam em triagem de materias para semeio, semeio de materias , leitura de placas para identificação bacteriana, testes bioquímicos e testes de Sensibilidade Bacteriana (TSA). 2.1 Triagem No setor de microbiologia a rotina iniciava-se a partir da identificação das mais diversas amostras biológicas, destacando principalmente: urina e sangue. Após o registro dos dados do paciente (nome completo, ala e tipo de amostra), o material biológico era semeado em meios de cultura específicos. 2.2 Meios De Cultura E Suas Características Durante o estágio utilizamos meios de culturas que são preparações nas quais, ao longo de suas formulações, contêm nutrientes necessários para proporcionar o crescimento de micro- organismos; os mesmos podem ser sólidos, líquidos ou semissólidos; em sua composição, há a necessidade em haver nutrientes considerados essenciais, e em concentrações relevantes, para que não ocorra uma situação inibitória de crescimento. 7 Os meios de cultura são classificados em alguns tipos, que seguem abaixo: Seletivo; Diferencial; Enriquecimento; Transporte. Dentre esses os meios utilizados no laboratorio para realização dos testes foram Ágar MacConkey, Ágar Sangue, Ágar Manitol (BARBOSA, 2019). 2.2.1 Meios seletivos Os meios classificados como seletivos, são aqueles que suprimem o desenvolvimento (ato de crescimento) de determinados micro-organismos em benefício de outros. De uma maneira bem básica e popular, eles inibem o vmicro-organismo na qual o usuário não deseja, e deixa prevalecer somente o que ele deseja focar(BARBOSA, 2019). 2.2.1.2 Ágar MacConkey Esse ágar é considerado seletivo, pois pelo fato de conter em sua composição sais biliares e cristal de violeta, inibem as bactérias GRAM+, separando as GRAM. Em situações em que a bactéria fermenta lactose, o pH do meio torna-se ácido, obtendo coloração vermelha. Quando não há fermentação da lactose, significa que o meio possui caráter básico, obtendo cor amarela. Exemplo: E. coli ( fermentou ) S. aureus ( não fermentou) (BARBOSA, 2019). 2.2.1.2 Ágar Manitol É um meio de cultura seletivo: Contém peptonas e extrato de carne bovinos, que fornecem nutrientes essenciais; e, 7,5% de cloreto de sódio, que resulta na inibição parcial ou completa de outras bactérias que não os estafilococos. É um meio de cultura diferencial: Sua formulação contém o açúcar manitol (BARBOSA, 2019). 2.2.2 Meio Diferencial Os meios classificados como diferencial, entre diversos grupos de micro- organismos baseando-se na capacidade de metabolização de componentes específicos do meio de cultura ou morfologia das colônias, permitem a distinção (BARBOSA, 2019). 8 2.2.2.1 Ágar Sangue Segundo Barbosa (2019), o mesmo é considerado diferencial pois permite verificar se a bactéria ocasiona hemólise ou não. A hemólise é notada quando há presença de um halo ao redor da colônia. Há uma interpretação com respeito a hemólise também, ou seja: • β hemólise: hemólise total; • α hemólise: hemólise parcial; • γ hemólise: sem hemólise. Obs: Não é considerado um meio seletivo pois permite o crescimento tanto de bactérias GRAM+ como de GRAM-.. 2.3 Técnica de coloração de gram A coloração de Gram é um passo muito importante na caracterização e classificação inicial das bactérias. Afinal, esse método de coloração permite que as bactérias sejam visualizadas no microscópio óptico, uma vez que sem a coloração é impossível observá-las ou identificar sua estrutura(BARBOSA, 2019). O método de coloração de Gram recebeu esse nome em homenagem ao patologista dinamarquês Hans Christian Joachim Gram que realizou a descoberta em 1884 e, aliás, até hoje continua sendo a mais utilizada nos laboratórios de análises clínicas e microbiologia. Através da coloração é possível identificar e diferenciar os dois principais grupos de bactérias, sejam Gram-positivas ou Gram-negativas (BARBOSA, 2019). A princípio, há diferentes graus de permeabilidade na parede dos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos. As bactérias Gram-positivas retêm o cristal violeta devido à presença de uma espessa camada de peptidoglicano (polímero constituído por açúcares e aminoácidos que originam uma espécie de malha na região exterior à membrana celular das bactérias) em suas paredes celulares, apresentando-se na cor roxa. Já as bactérias Gram-negativas possuem uma parede de peptidoglicano mais fina que não retém o cristal violeta durante o processo de descoloração e recebem a cor vermelha no processo de coloração final (BARBOSA, 2019). 2.4 Materiais e procedimentos de analise de urocultura e hemocultura 9 Na urocultura, a urina era semeada com alça descartável de 0,01 µl a partir da introdução de uma linha reta no centro da placa, seguida do espalhamento da amostra com um séries de passagens usando um ângulo de 90° em meio CLED (para o crescimento de todos os microrganismos) e meio MacConkey (seletivo para bactérias Gram-negativas). Após semeadura, as amostras eram incubadas a 37ºC durante 24hs e 48 hs. Ao término do tempo preconizado havia a contagem de colônias, em em que valores superiores a 105 Unidades Formadores de Colônias (UFC) eram indicativos de infecção, enquanto que valores inferiores a 105 UFC indicavam a presença de contaminação. Para a hemocultura as amostras eram coletadas no setor solicitante e levadas ao laboratório em frascos de hemoculturas adequados (BD Bactec / Plus Aerobic) sendo identificadas e registradas no caderno de hemocultura e a identificação no frasco sendo realizada através da etiqueta do exame que e colocada no frasco mais o número correspondente do caderno de hemocultura (identificado para este fim); Após a identificação, os frascos,eram inseridos no aparelho de hemocultura automatizado. Neste momento eram lidos o código de barras do frasco, assim como o da identificação do paciente. Durante o período de incubação, quando amostra era positiva, o aparelho automatizado emitia um alarme sonoro e um alerta visual caracterizado pela luz vermelha. Assim que identificada a luz, a amostra era retirada do aparelho e o código de barras do frasco e do paciente era lido em seguida iniciava- se o semeio para descobrir a especie da bacteria, esse procedimento consitia nas etapas de: • Ligar a câmara de fluxo laminar, colocar a amostra e iniciar o semeio, • Identificar as placas (Ágar Sangue e Ágar MacConkey) com o registro do paciente do caderno, iniciais do nome do paciente, com o nome hemocultura seguido pelo número do frasco (1 e 2) e a data de semeio ; • Com o auxílio de um algodão umedecido com álcool a 70%, realizar a assepsia da parte superior do frasco (tampa); • Homogenizar a amostra; • Introduzir uma seringa no frasco a fim de coletar um pouco da amostra de sangue positiva; • A amostra deverá ser semeada nas placas que contém os meios de culturas (Ágar Sangue e Ágar MacConkey respectivamente); Para isso, coloca-se uma gota de sangue no ágar sangue e uma gota de sangue no ágar MacConkey e com auxílio da alça descartável estéril realizar semeio da placa por esgotamento, de preferência semeio realizado em três direções diferentes; • Realizar leitura da placa semeada a cada 24horas por um período de dois dias. • O resultado da indentificação do microrganismo eram registrado no livro. 10 2.5 Testes Bioquímicos Na microbiologia, testes bioquímicos são aplicados auxiliar a identificação das bactérias que acometem a população. A classificação é feita por meio das várias vias metabólicas de obtenção de energiae das enzimas particulares que cada bactéria usa para quebrar os substratos (GOLDMAN et al., 2008). Durante o meu estagio tive a oportunidade de acompanhar e realizar dos alguns tipos de provas bioquímicas a exemplo de testes bioquímicos de Coagulase, Ágar açucar Triplo Ferro ( TSI), Ureia,Citrato de Simmons, Lisina descarbolilase e Mio. 2.5.1 Teste de Coagulase : Importancia e metodologia da analise O teste da coagulase é utilizado para distinguir Staphylococcus aureus dos Staphylococcus não aureus. Esse teste tem a finalidade de verificar a capacidade de microrganismos reagirem com o plasma e formarem um coágulo, uma vez que a coagulase é uma proteína com atividade similar à protombrina, capaz de converter o fibrinogênio em fibrina, que resulta na formação de um coágulo visível. O procedimento do teste consiste em adicionar plasma humano ao meio em lamina contendo a bactéria em questão e observar se ocorre a formação de coágulos. Se houver coagulação, significa que a bactéria é coagulase positiva, enquanto a ausência de coágulos indica que é coagulase negativa. 2.5.2 Teste de TSI O Ágar Triplo Açúcar de Ferro (TSI Agar) é usado para a confirmação e identificação de Enterobacteriaceae. Este meio permite a diferenciação dos fermentadores da dextrose, lactose, e/ou sacarose e a detecção da produção de sulfeto de hidrogênio. A fórmula padrão atende à composição de ágar TSI definida nas normas NF ISO 6579-1 e NF ISO 19250 para a detecção de Salmonella spp. 2.5.3 Ágar tríplice açúcar ferro (TSI) A fermentação dos açúcares glicose, lactose e/ou sacarose, assim como a produção de ácido sulfídrico (H2S) e a formação de gás eram avaliadas através da utilização do meio TSI. 11 Com a alça, próximo ao bico Bunsen e utilizando todas as manobras assépticas, retirou-se uma porção da massa bacteriana e semeou-se no TSI, perfurando a sua base e estriando a parte inclinada, sendo estas incubadas em estufa bacteriológica a 35 °C. A presença de uma coloração amarelada no TSI é decorrente de uma acidificação do pH, evidenciada pela mudança da cor do indicador de pH (vermelho de fenol), devido a produção de ácidos pela fermentação dos açúcares analisados. procedendo-se a leitura tanto da base do tubo quanto no seu ápice. A coloração amarela na base demostra que a amostra fermentou glicose, enquanto a presença desta coloração no ápice, denota a fermentação da sacarose e/ou lactose. Se a base do TSI apresentar pequenas rachaduras ou bolhas de ar, atesta-se uma produção de gás por parte da bactéria. Por fim, se a amostra produzir ácido sulfídrico (H2S), a base desse meio se encontraria enegrecida, em decorrência da reação deste ácido com o tiossulfato de sódio contido no meio (GARY et al., 2018). 5.5.4 Ureia Para a prova da ureia era utilizado um meio líquido contendo ureia, no qual era semeado com o auxílio de uma alça bacteriológica. Na presença da enzima uréase, sintetizada pelos microrganismos, a ureia presente no meio é degradada em amônia, perceptível pela coloração rosa pink no meio após 24 horas de semeio. 5.5.5 Ágar Citrato de Simmons (CIT) Para a detecção da utilização do citrato de sódio como uma única fonte de carbono foi utilizado o ágar Citrato de Simmons. Os isolados microbianos erão semeadas por meio de estrias sobre a superfície do ágar, e o mesmo incubado por um período de 24hs. Decorrido este intervalo, foi realizada a leitura dos tubos para verificar a alteração da cor do indicador azul de bromotimol, de verde (neutro) para o azul (alcalino). Sendo que, se a amostra conseguir utilizar o citrato de sódio, como sua única fonte de carbono, devido a presença da enzima citrase, que converte o citrato em moléculas de piruvato e dióxido de carbono (CO2). Estes produtos ao se combinarem com sais inorgânicos de amônia, presentes no meio de cultivo formariam bicarbonato de sódio (NaHCO3) e amoníaco (NH3), que eleva o pH do meio de cultura e produziriam uma reação alcalina, evidenciada por uma alteração da cor do indicador azul de bromotimol, de verde (neutro) para o azul (alcalino) (GARY et al., 2018). 5.5.6 Lisina descarboxilase 12 Para a realização dessa prova era utilizado o meio ágar lisina de ferro, onde o mesmo era semeado por pique central, semelhante ao descrito no meio SIM. Com a finalidade de avaliar a descarboxilação da lisina através da degradação da lisina em cadaverina, consequentemente, alcalinizando o meio. Se o microrganismo fosse negativo o meio iria apresentar uma coloração amarelada, indicando a fermentação da glicose (GARY et al., 2018). 5.5.7 MIO A descarboxilação ornitina no meio MIO, a avaliação da ação das enzima arginina- descarboxilase se dá pela produção de aminas alcalinas. O teste é realizado em tubo contendo arginina, caso a bactéria contenha a enzima carboxilase haverá a produção de citrulina, levando a alcalinização do meio e em decorrência a isso a manutenção da cor azul-arroxeado do meio (TELES et al., 2001) De acordo com Vasconcelos et al. (2019), o meio MIO permite a execução simultânea de três provas bioquímicas de identificação de enterobactérias: descarboxilação da ornitina, motilidade e indol. • Motilidade: A bactéria é móvel através do seu flagelo. Flagelos ocorrem nos bacilos Gram-negativos, poucas formas de cocos são móveis. A bactéria pode conter um ou muitos flagelos e sua localização varia com a espécie da bactéria e as condições de cultura. • Indol: Determinam a habilidade do micro-organismo de metabolizar o triptofano em indol. Triptofano é um aminoácido que pode ser oxidado por certas bactérias resultando na produção de indol, após a adição do reagente de Kovacs. • Orinitina: As descarboxilases são um grupo de enzimas com substrato específico, capazes de reagir com o grupo carboxila dos aminoácidos para formarem aminas alcalinas. Essa reação, conhecida como descarboxilação, origina dióxido de carbono como produto secundário. A citrulina é convertida em ornitina, que sofre descarboxilação para formar putrescina, verificando a capacidade do micro- organismo utilizar a enzima, auxiliando na identificação (VASCONCELOS et al., 2019). 6 Teste de sensibilidade bacteriana TSA: 13 Segundo Marinho et al. (2021), o antibiograma é uma ferramenta para avaliar o perfil fenotípico de suscetibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos. Essa avaliação resulta na classificação em sensíveis, intermediários e resistentes. No LDIC, a suscetibilidade aos antimicrobianos era obtida através do teste de disco-difusão, utilizando-se do meio Ágar Müeller- Hinton enriquecido com 5% de sangue desfibrinado de carneiro para os gêneros Streptococcus spp. e Corynebacterium spp e o meio Ágar Müeller-Hinton (sem enriquecimento) para os demais gêneros bacterianos. As amostras com os microrganismos já identificados e oriundos de uma cultura pura eram suspensos em uma solução salina com o objetivo de se obter uma turvação semelhante ao da escala 0,5 de McFarland, o que equivale a uma concentração celular de aproximadamente 1,5 x 108 unidades formadoras de colônias (UFC)/mL. Após esse processo, eram semeadas por esgotamento na superfície das placas e, decorridos 5 minutos, essas eram acrescidos de 6 a 7 discos impregnados com antimicrobianos. As mesmas eram incubadas em estufa bacteriológica e após decorrido 24 horas os halos de inibições eram mensurados e comparados (MARINHO et al., 2021) 3. ANÁLISE CRÍTICA A atividade teve uma boa aceitação por toda equipe, no qual o objetivo foi agregar conhecimento e auxiliar na rotina de trabalho, desenvolvendo com ética e respeito os trabalhos propostos. Concluiu-se que ao longo desses oito meses de estágio em microbiologia, pude acompanhar de perto o funcionamento do laboratório nessa área específica. Foi possível compreender de maneira clara as característicase a relevância clínica de cada microrganismo identificado, assim como suas diferentes formas e as doenças associadas a eles. Devo destacar a importância da orientação e das técnicas ensinadas, as quais só foram absorvidas graças ao conhecimento e dedicação da minha supervisora, que demonstrou a amplitude da microbiologia e como uma simples amostra pode fornecer informações essenciais sobre o paciente. Além disso, enfatizo a atenção dada à correta utilização dos equipamentos de proteção individual e dos protocolos de segurança, essenciais para uma prática laboratorial eficiente em microbiologia. Isso contribuiu significativamente para a assimilação e a clareza no aprendizado dos conceitos teóricos aplicados em sala de aula. 14 4. ANEXOS Fonte: Próprio auto Fonte: Próprio autor 15 Fonte: Próprio autor Fonte: Próprio autor 16 Fonte: Próprio autor 17 REFERÊNCIAS ARDISSON, Lidiana; MIRANDA, Maicon; TEIXEIRA, Camilla. Panorama epidemiológico das infecções relacionadas à assistência à saúde. Cadernos Camilliani e-ISSN: 2594-9640, v. 16, n. 4, p. 1624-1639, 2021. BARBOSA, Renan Willian Amaral. Relatório do Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Universidade Estadual de Londrina (UEL) na área de clínica médica de animais de companhia. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Brasil. BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Rol de Procedimentos Profissionais. Pharmacia Brasileira 2007; Maio/Jun/Jul/Ago, p.24-41. GUAREZE, G. M.; BORDIGNON, J. C. Estudo comparativo entre hemocultura automatizada e manual em um laboratório do sudoeste do Paraná, Brasil. RBAC; Rio de Janeiro/RJ, v.48(3), 223- 228, 2016. MARINHO, Roberta Máira Pereira. Trabalho de Conclusão de Residência em área profissional de saúde em medicina veterinária. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Brasil. MES, et al. Hemoculturas: prevalência de microrganismos e perfil de suscetibilidades aos antimicrobianos em uma unidade hospitalar de Aracaju-Sergipe / Hemoculturas: prevalência de microrganismos e perfil de suscetibilidade a antimicrobianos em uma unidade hospitalar de Aracaju-Sergipe. Revista Brasileira de Revisão de Saúde , [S. l.] , v. 6, pág. 24366–24378, 2021. OPLUSTIL, C. P.; ZOCCOLI, C. M.; TOBOUTI, N. R.; SINTO, S. I. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica, São Paulo, 3a ed, SARVIER, 2010. RUBIA-ORTÍ, J. E. D. L. et al.. Taxa de contaminação de testes hematológicos e seus fatores determinantes. Acta Paulista de Enfermagem, v. 27, n. 2, p. 144–150, mar. 2014 TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 6ª Ed. Porto Alegre, Artmed, 2003. 827pp. 18 VASCONCELOS, Artur Bibiano de et al. Ocorrência de Salmonella sp. em bezerros e perfil de resistência a antimicrobianos no Sertão Alagoano. 2019.