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PATRIMÓNIO GENÉTICO 12ºANO Biologia 14 pag. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Património Genético O CONTRIBUTO DE MENDEL A genética é uma ciência jovem, iniciada nos pri- mórdios do século XX, altura em que foram redescobertas as leis da hereditariedade, estabelecidas por Gregor Mendel em 1865. As leis de Mendel foram estabelecidas a partir da análise estatística de resultados experimentais obtidos em cruzamentos realizados com a ervilheira (Pisum sa- tivum). A ervilheira é uma planta que apre- senta características adequadas ao estudo da hereditariedade, uma vez que possui caracte- rísticas diferenciadas e contrastantes, fácil cul- tivo e rápido cresci- mento, obtenção de vá- rias gerações e elevado número de descenden- tes num curto período e flor com estrutura ade- quada à autopolinização e ao controlo da fecun- dação. Mendel começou a sua investigação com a análise da transmis- são de um carácter iso- ladamente (monibri- dismo). Para cada uma das características selecionadas e durante dois anos, Mendel tentou isolar linhas puras, ou seja, indivíduos que, cruzados entre si, originam sempre descendência toda igual entre si e igual aos progenitores, para o carácter considerado. Selecionadas as linhas pu- ras, Mendel efetuou cruzamentos parentais, isto é, cruza- mentos entre indivíduos pertencentes a essas linhas pu- ras, que expressam de forma antagónica o carácter con- siderado. Para conseguir este cruzamento, Gregor Men- del recorreu ao modo de polinização cruzada artificial. INTERPRETAÇÃO DE MENDEL 1. Existem dois fatores (genes) alternativos para a ex- pressão de um dado carácter; 2. Para cada carácter, um organismo herda dois fato- res (genes), um de cada progenitor; 3. Se dois alelos são antagónicos, um é domi- nante (forma lisa das ervilhas) e é totalmente res- ponsável pelo fenótipo manifestado enquanto que o outro é recessivo (forma rugosa das ervilhas) e não interfere na aparência do indivíduo, quando em pre- sença do dominante correspondente. 4. Na formação dos gâ- metas os dois fato- res (genes) sepa- ram-se – cada gâ- meta fica só com um de cada par (princí- pio da segregação fatorial. Para simplificar o trata- mento dos dados utiliza-se símbolos para representar os fatores. Assim L designa o alelo responsável pela forma dominante e l o alelo responsável pela forma recessiva das se- mentes da ervilheira. Carácter– cor da semente; Característica– semente lisa ou rugosa. F 1 – 100% sementes lisas; logo, esta ca- racterística é domi- nante sobre a ru- gosa. Duas característi- cas na geração F 2 n proporção 3:1 Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark DE MENDEL À ATUALIDADE Fatores de Mendel – são atualmente, designados por ge- nes (segmentos de ADN). Cada carácter é determinado por um par de formas alternativas do mesmo gene – ale- los, situados no mesmo local relativo (locus) em cromos- somas homólogos; Genoma – conjunto de genes que constitui a informação genética de um indivíduo; Genótipo – constituição genética de um indivíduo em re- lação à (s) característica (s) considerada (s); Fenótipo – características observáveis (morfológicas ou funcionais) do individuo, resultante da expressão do genótipo (em interação com o ambiente); Indivíduo homozigótico – os alelos do par são idênticos e os seus gâmetas geneticamente semelhantes; Indivíduo heterozigótico – os alelos são diferentes e os seus gâmetas portadores de um alelo ou de outro. LEIS DE MENDEL 1ª lei de Mendel- os dois elementos de um par de genes alelos separam-se durante a formação dos gâmetas, de tal modo que há probabilidade de metade dos gâmetas transportar um dos alelos e a outra metade transportar o outro alelo. 2ª lei de Mendel- durante a formação dos gâmetas, a se- gregação dos alelos de um gene é independente da se- gregação dos alelos de outro gene. XADREZ MENDELIANO Os cruzamentos costumam ser representados através de um quadro ou matriz de cruzamento com duas entradas. Numa entrada do quadro inscreve-se a consti- tuição genética dos tipos de gâmetas possíveis para um dos progenitores; numa outra entrada, o mesmo tipo de informação para o outro progenitor. Através do xadrez mendeliano podem prever-se os genótipos e os fenótipos possíveis dos descendentes de um cruzamento bem como a probabilidade desses genótipos e fenótipos ocorrerem. No caso do cruzamento que tem vindo a ser con- siderado, a análise do xadrez mendeliano permite prever, para a 2ª geração, resultados semelhantes aos obtidos por Mendel. Na geração 𝑭𝟐, as plantas com flores vermelhas (fenótipo) podem possuir dois genótipos diferentes, isto é, ser genotipicamente homozigóticas ou heterozigóticas. Como distinguir umas das outras? CRUZAMENTO-TESTE A meiose permite compreender a segregação indepen- dente entre os alelos de genes localizados em cromosso- mas diferentes. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark DOMINÂNCIA INCOMPLETA CODOMINÂNCIA DIIBRIDISMO Mendel também analisou a transmissão simultânea de duas características – experiências de diibridismo. Ao efectuar cruzamentos de plantas homozigóticas para os dois caracteres em estudo (ex.: forma e cor da semente) verificou que: → Existe uma uniformidade dos híbridos da pri- meira geração (F1) em relação aos caracteres em estudo, manifestando-se os caracteres domi- nantes. Os recessivos não se manifestam. Todas as sementes são amarelas e lisas; → A geração F2 revelou-se heterogénea surgindo, além dos parentais (amarelo/liso - AALL e verde/rugoso - aall), outros dois novos fenótipos (verde/liso e amarelo/rugoso). Mendel conclui que os pares de fatores hereditários se comportam de uma forma independente, distribuindo- se ao acaso nos gâmetas. A união aleatória dos quatro tipos de gâmetas origina dezasseis fenótipos, com as se- guintes proporções fenotípicas: → 9 amarelas e lisas; → 3 amarelas e rugosas; → 3 verdes e lisas; → 1 verde e rugosa. CRUZAMENTO-TESTE: O fenótipo é intermédio, não ocor- rendo a mistura dos fenótipos pa- rentais nos heterozigóticos. Expressão de ambos os alelos de um dado gene. No sistema ABO, os indivíduos com os alelos A e B, apresentam os antigé- nios A e B à superfície das membranas dos glóbulos verme- lhos. Este fenómeno é importante nas transfusões sanguíneas. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark HEREDITARIEDADE LIGADA AOS CROMOSSOMAS SEXUAIS A mosca-da-fruta é um excelente material bio- lógico para trabalhos experimentais de genética (carió- tipo com apenas 4 pares de cromossomas, ciclo de vida curto, descendência com número elevado…). Ela apre- senta-se predominantemente com corpo cinzento, olhos vermelhos e asas longas e denomina-se de forma selva- gem. Alelo para olhos vermelhos- W⁺ (dominante) Alelo para olhos brancos- W Morgan concluiu que o gene responsável pela cor dos olhos estaria localizado num cromossoma para o qual não existisse um verdadeiro homólogo. As fêmeas pos- suem dois cromossomas X (verdadeiros homólogos), os machos possuem um cromossoma X e um cromossoma Y, sem genes correspondentes (não verdadeiros homólo- gos). As fêmeas designam-se homogaméticas e os ma- chos heterogaméticos. Morgan concluiu que o gene res- ponsável pela cor dos olhos estaria no cromossoma X. Os machos manifestamo único alelo, localizado no cromos- soma X (designam-se hemizigóticos). Quando uma característica se localiza no cro- mossoma X: surge com maior frequência nos machos; e um macho apenas transmite as características às filhas, que se tornam portadoras, podendo-as transmitir a todos os seus descendentes. LIGAÇÃO FATORIAL O número de cromossomas do cariótipo de um indivíduo é incomparavelmente menor do que o número de genes que condicionam o seu fenótipo. Um cromos- soma terá de ter, necessariamente, um grande número de genes. Os genes dispostos ao longo do mesmo cromos- soma dizem-se genes ligados fatorialmente ou em lin- kage e constituem um grupo de ligação fatorial, sendo transmitidos em bloco aos descendentes. Nesta situação não se verifica a segregação independente (2ª lei de Men- del) embora possa ser explicada pela teoria cromossó- mica da hereditariedade. Como resultado de crossing-over, durante a mei- ose, os genes podem separar-se e surgir nos gâmetas como se estivessem situados em cromossomas separa- dos. A descendência será qualitativamente igual à pre- vista numa segregação independente dos genes; quanti- tativamente, surgem proporções alteradas dado que o crossing-over é menos frequente do que a transmissão em bloco dos genes em causa. ALELOS LETAIS Nas mais variadas espécies, existem certos ale- los que, reunidos em homozigotia, podem conduzir à morte do seu portador. Em heterozigotia tais alelos não são letais o que permite a sua manutenção na população. Os seus efeitos podem manifestar-se logo no desenvolvi- mento embrionário ou após o nascimento, mais ou menos tardiamente. Na espécie humana, a doença de Huntington, Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark a anemia falciforme, a hemofilia ou a fenilcetonúria, es- tão relacionadas com alelos letais. INTERAÇÕES GENÉTICAS – POLIGENIA Diversas características são determinadas por vários genes, que interagem entre si, como por exemplo: → sistema sanguíneo (ABO/RH, etc); → determinação da cor do pêlo dos mamíferos. HEREDITARIEDADE HUMANA Na espécie humana o modo de transmissão da in- formação genética de geração em geração realiza-se através dos mesmos mecanismos de hereditariedade que operam noutras espécies. Dificuldades no estudo da he- reditariedade humana: → ciclo de vida longo; → pequeno número de descendentes em cada ge- ração; → elevado número de cromossomas; → impossibilidade de cruzamentos experimentais. Técnicas modernas utilizadas no estudo da here- ditariedade humana: análise do cariótipo, de proteí- nas e de DNA. HEREDOGRAMA Diagrama que evidencia a história da transmis- são de um dado carácter ao longo das gerações. A sua análise permite determinar se os genes envolvidos são dominantes ou recessivos e se estão localizados nos au- tossomas ou nos cromossomas sexuais (Homem: 44 au- tossomas + 2 cromossomas sexuais). ALELOS MÚLTIPLOS-SISTEMA ABO Numa população podem existir três ou mais ale- los do mesmo gene, concorrentes para um determinado locus que tem, assim, alelos múltiplos. Note-se que, mesmo nesta situação, um indivíduo possui apenas dois nos diversos alelos disponíveis (em cromossomas homó- logos). Na espécie humana, os grupos sanguíneos do sis- tema ABO constituem um exemplo de alelos múltiplos. Na população humana existem quatro grupos sanguíneos, A, B, AB e O, que constituem o sistema ABO. Um único locus (I) situado no cromossoma 9, pode ser ocupado por três tipos de alelos (A, B e O), envolvidos nas características dos quatro grupos de sangue. O alelo A domina o alelo O; o alelo B domina o alelo O; os alelos A e B são codominantes; o alelo O é re- cessivo em relação aos restantes. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Tipo A: hemácias com aglutinogénios A e plasma com aglutininas anti-B. Tipo B: hemácias com aglutinogénios B e plasma com aglutininas anti-A. Tipo AB: hemácias com aglutinogénios A e B e plasma sem aglutininas. Tipo O: hemácias sem aglutinogénios A e B, e plasma com aglutininas anti-A e anti-B. HEREDITARIEDADE AUTOSSÓMICA O albinismo e a fenilcetonúria são patologias causadas por alelos recessivos localizados em autosso- mas. Da análise da transmissão hereditária deste tipo de alelos pode concluir-se que: → homens e mulheres são igualmente afetados; → os heterozigóticos (portadores) apresentam fenótipo normal; → a maioria dos descendentes afetados possui pais normais; → dois progenitores afetados originam todos os seus descendentes com a anomalia. Da análise da transmissão hereditária de um gene autossómico dominante verifica-se que: → os homens e as mulheres são igualmente afeta- dos; → a anomalia tende a aparecer em todas as gera- ções; → quando um indivíduo manifesta a anomalia, pelo menos um dos progenitores também a possui; → quando um dos elementos do casal apresenta a anomalia, aproximadamente metade da sua des- cendência pode ser afetada; → os heterozigóticos manifestam a anomalia. HEREDITARIEDADE LIGADA AO SEXO A hemofilia e o daltonismo são anomalias here- ditárias causadas por alelos recessivos localizados no cromossoma X. Da análise da transmissão hereditária deste tipo de alelos pode concluir-se que: → afeta, com muito maior frequência, os homens; → as mulheres heterozigóticas (portadoras) não manifestam a característica; → os homens que manifestam a característica transmitem o alelo apenas às filhas; → uma mulher que manifeste a característica é fi- lha de um pai afetado e de uma mãe afetada ou portadora. MATERIAL GENÉTICO As informações hereditárias transmitidas ao longo das gerações, segundo determinados padrões, apresentam um suporte físico: o material genético. Gene: é a unidade da informação hereditária. É um seg- mento de DNA com informações para sintetizar uma de- terminada proteína (determinando uma característica). Genoma: conjunto de genes existente num indivíduo, abrange a totalidade da sua informação genética. Existe uma cópia do genoma em cada uma das células do orga- nismo. DNA nos procariontes: uma só molécula, não associada a proteínas, dispersa no citoplasma. DNA nos eucariontes: várias moléculas, associadas a pro- teínas, as histonas. Encontra-se no núcleo. Também existe DNA extranuclear em mitocôndrias e cloroplastos. Cromatina: filamentos de DNA associado a histonas, ge- ralmente dispersos no núcleo da célula. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Cromossomas: filamentos de cromatina condensados, curtos e espessos, observáveis ao microscópio, com afi- nidade para corantes. Surgem quando a célula está em divisão e contém os genes. Cariótipo: conjunto de cromossomas presente numa de- terminada célula, característico de uma espécie pelo seu número e morfologia (forma e tamanho). Em cada célula, apenas uma parte do seu genoma está a ser expresso, determinando as suas características. Esse conjunto de genes que se expressa varia consoante o tipo de célula, sendo esta a causa primeira da diferenciação celular. Este fenómeno é resultado da regulação da expressão dos genes. Nos organismos mais simples, como os procariontes, a regulação génica condiciona a eficiência energética e o consumo de recursos disponíveis, permitindo que estes organismos ajustem o seu metabolismo às modificações que ocorrem no meio, algo fundamental para a sua sobrevivência. TRABALHOS DE JACOB E MONOD François Jacob e Jacques Monod (1961) desenvol- veram trabalhos relativos à regulação génica em bacté- rias,nomeadamente o funcionamento dos genes envolvi- dos no metabolismo da lactose. Se no meio existir glicose, a bactéria utiliza este monossacarídeo como fonte de energia. Se a concentra- ção de glicose no meio for muito reduzida ou mesmo nula, a E.coli pode utilizar a lactose como fonte alternativa de energia. A lactose é um dissacarídeo formado por glicose e galactose. Para que a E.coli possa utilizar a lactose como fonte de energia, é necessário que a bactéria sinte- tize três enzimas: β-galactosidase, a galactose permease e a galactose transacetilase. Jacob e Monod verificaram que os genes respon- sáveis pela síntese destas três enzimas – genes estrutu- rais – encontravam-se numa secção contínua de molé- cula de DNA e eram controlados por outros genes próxi- mos. Ao conjunto dos genes estruturais com funções relacionadas e dos genes que os controlam chama-se operão. O operão da lactose (operão lac) é formado por três genes estruturais (lac Z, lac Y e lac A), que codificam as enzimas necessárias ao metabolismo da lactose, por dois segmentos de DNA que controlam a transcrição dos genes estruturais: o promotor e o operador. O promotor é a região onde a enzima RNA poli- merase, responsável pela transcrição dos genes estrutu- rais, se liga. O operador controla o acesso desta enzima aos genes estruturais. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark LACTOSE AUSENTE Quando não existe lactose no meio, um repressor está ligado ao operador, bloqueando a transcrição dos genes estruturais. Esta proteína repressora é codificada por um gene que se situa fora do operão e é de- signado gene repressor ou gene re- gulador, constantemente transcrito e traduzido. Assim, a bactéria produz continuamente pequenas quantida- des de proteína repressora. LACTOSE PRESENTE Quando existe lactose no meio, esta molécula liga-se ao re- pressor, altera a sua conformação de tal forma que este se torna inativo, desligando-se do operador. Assim, o operador fica livre, permitindo que os genes estruturais sejam transcri- tos e, posteriormente, traduzidos, formando-se as enzimas necessá- rias ao metabolismo da lactose. REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÉNICA A lactose funciona como um indutor, pois a sua presença permite ativar o operão. Por este facto, o ope- rão da lactose é, por vezes designado operão indutível. Quando a concentração de lactose começa a bai- xar drasticamente, devido à ação catalítica das enzimas, a lactose desliga-se do repressor, que, ao voltar a ficar ativo, liga-se ao operador, bloqueando a transcrição do operão. Assim garante-se uma poupança de recursos de- vido aos fenómenos de autorregulação descritos. Na ausência de lactose -o gene regulador determina a síntese de um repressor. -o repressor bloqueia o gene promotor ao ligar-se ao operador. -os genes estruturais não são transcritos; -não ocorre a síntese das três enzimas. Na presença de lactose -a lactose liga-se ao repressor, inativando-o; -o gene operador fica desbloqueado; -a enzima RNA polimerase liga-se ao promotor; -os genes estruturais são transcritos; -dá-se a síntese das enzimas. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark OPERÃO TRP O operão do triptofano (operão trp) é formado por cinco genes estruturais que codificam as enzimas necessárias à síntese do aminoácido triptofano, associados a um promotor e a um operador. TRIPTOFANO AUSENTE Quando a concentração intracelu- lar de triptofano está baixa, as enzimas necessárias à sua síntese são produzidas por transcrição dos genes estruturais, conduzindo a um aumento da concentra- ção do aminoácido. Tal como no operão lac, também existe uma molécula repressora codifi- cada por um gene mais distante, mas neste caso, é produzida sob a forma ina- tiva, não se podendo ligar ao operador e bloquear o operão. TRIPTOFANO PRESENTE Quando a concentração de triptofano atinge níveis elevados, algumas moléculas do aminoácido ligam-se ao repressor, alterando a sua conformação e tornando-o ativo (o trip- tofano é um co repressor). O repressor liga-se ao operador, blo- queando a transcrição dos genes estruturais do operão. Na ausência de triptofano Na presença de triptofano -o gene regulador produz um repressor, inativo. -o gene operador está livre. -a RNA polimerase pode ligar-se ao promotor. -dá-se a transcrição. -ocorre a síntese das enzimas. -o triptofano liga-se ao repressor, ativando-o. -o repressor liga-se ao operador. -a RNA polimerase não pode ligar-se ao gene promotor. -os genes estruturais não são transcritos. -não se sintetizam as enzimas. REGULÃO Nos casos dos operões lac e trp cada um é controlado por um regulador diferente. Existem casos em que um grupo de operões é controlado por um único tipo de regulador. Este grupo de operões toma a designação de regulão. Por exemplo, operões com intervenção no catabolismo de glícidos são controlados em simultâneo pelo mesmo gene regulador, tornando mais eficaz e rápida a conversão de glícidos em glicose. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark MUTAÇÕES O fenótipo dos indivíduos resulta de interações que se estabelecem entre fatores ambientais e o genoma. A célula tem capacidade para repara anomalias que afe- tam o DNA mas algumas persistem e alteram o genoma. O genoma dos indivíduos, em circunstâncias di- versas, sofre alterações chamadas mutações. As muta- ções ocorrem frequentemente de agentes mutagénicos internos ou externos ao organismo. Existem duas etapas fundamentais do mecanismo da síntese proteica: → Transcrição da mensagem genética: segmentos de DNA codificam a produção de RNA. → Tradução da mensagem genética: o RNA codifica a produção de proteínas. Mutações génicas: envolvem uma alteração pon- tual ao nível dos nucleótidos de um gene; Mutações cromossómicas: envolvem a estrutura ou o número de cromossomas. Afetam porções de cro- mossomas, cromossomas completos ou até conjuntos de cromossomas. MUTAÇÕES GÉNICAS EFEITOS DAS MUTAÇÕES O efeito de uma mutação é imprevisível. Pode ser benéfica se conduzir a uma característica vantajosa. Noutros casos é prejudicial, alterando o funcionamento da célula e conduzindo à sua morte. Frequentemente, o seu efeito é neutro dada a re- dundância do código genético, não provocando modificações na sequência de aminoácidos da proteína (mutação silenciosa). O novo aminoácido pode apresentar proprieda- des similares às do aminoácido substituído ou, ainda, a substituição ocorrer numa zona da proteína não determi- nante para a sua função. SUBSTITUIÇÃO (alteração ao nível dos genes como na anemia falci- forme ou na fenilcetonúria) Mutação silenciosa -Não provoca modificações na síntese de aminoá- cidos. -Mais frequente no 3.º nucleótido de cada codão, uma vez que o código genético é redundante. Mutação com perda de sentido -Ocorre a síntese de um outro aminoácido. -Pode afetar a funcionalidade da proteína e cau- sar graves problemas. Mutação sem sentido -A alteração num nucleótido provoca a mudança do aminoácido sintetizado originando um codão de finalização, com a formação de uma proteína com dimensões inferiores. INSERÇÃO (ganha um nucleótido, alterando-se por completo a mensagem a partir do codão onde ocorreu a mutação) Alteração do modo de leitura -Ocorre a introdução ou deleção de um nucleótido, com a modificação da leitura da mensagem gené- tica, pois os codões sofrem profundas alterações, comgraves consequências na proteína final. DELEÇÃO (perde um nucleótido, alterando-se por completo a men- sagem a partir do codão onde ocorreu a mutação) Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark CAUSAS DAS MUTAÇÕES As mutações podem ocorrer espontaneamente na Natureza ou serem induzidas, por exposição a deter- minadas radiações ou substâncias químicas. Estima-se que a probabilidade de um gene humano sofrer uma mu- tação espontânea é de 1:100000, dada à existência de me- canismos enzimáticos de reparação do DNA. No DNA mi- tocondrial e em bactérias e vírus não há mecanismos de reparação pelo que a taxa de mutação é muito superior. MUTAÇÕES E DESCENDÊNCIA Importa distinguir as mutações que ocorrem em células da linha germinativa ou em células somáticas. Em células somáticas: a mutação pode originar um clone de células mutantes, com possíveis efeitos na vida do in- divíduo, mas não afeta a sua descendência por não ser transmitida sexualmente. Em células gaméticas: a mutação pode ser transmitida aos descendentes estando presente em todas as suas cé- lulas. MUTAÇÕES CROMOSSÓMICAS ESTRUTURAIS Podem ocorrer quer em autossomas quer em cromossomas sexuais, desencadeando um conjunto de sintomas, globalmente designado por síndroma. O nú- mero de cromossomas mantém-se, mas ocorrem perdas, ganhos ou rearranjos de determinadas porções do cro- mossoma. Inversão Remoção de um segmento de DNA que é inserido numa posição invertida num outro local do mesmo cromos- soma. Translocação Troca de um segmento de DNA entre cromossomas não homólogos, que afetam a expressão dos genes com graves consequências. Deleção Perda de um fragmento do cromossoma, geralmente nas regiões terminais. Duplicação Aparecimento de duas cópias de uma dada região cro- mossómica, estando frequentemente associada à de- leção. MUTAÇÕES CROMOSSÓMICAS NUMÉRICAS É sobretudo a rutura da estrutura linear dos cro- mossomas durante o crossing-over, seguida de uma re- paração deficiente, que determina o aparecimento de al- terações estruturais. Euploidia: o cariótipo apresenta o número normal de cro- mossomas. Aneuploidia: o cariótipo, num determinado par de homó- logos, apresenta anomalias, por excesso ou por defeito, no número de cromossomas. Poliploidia: todo o conjunto de cromossomas fica multi- plicado. ANEUPLOIDIAS Trissomia: o indivíduo apresenta não um par de homólo- gos, mas três cromossomas (2n+1). Monossomia: para um determinado par, o indivíduo possui apenas um cromossoma (2n-1). Nulissomia: em casos muito raros pode não existir ne- nhum cromossoma de um determinado par (2n-2). Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark Durante a meiose pode ocorrer que uma não dis- junção de cromossomas homólogos na divisão I, quer uma não disjunção de cromatídeos na divisão II. De ambos os casos resultam células com excesso ou défice de cro- mossomas. Grande parte dos embriões que resultam de gâmetas com anomalias cromossómicas numéricas abortam espontaneamente. Outros sobrevivem. POLIPLOIDIA As mutações cromossómicas numéricas condu- zem frequentemente ao aparecimento de indivíduos po- liplóides. Nestes indivíduos existe um número de conjun- tos completos de cromossomas que é múltiplo do número haplóide primitivo existente nos gâmetas. Apresentam cariótipos triplóides (3n), tetraplóides (4n) ou mesmo nú- meros mais elevados de cromossomas. Causas: -Não disjunção dos cromossomas durante a mitose ou durante a meiose. -Disjunção dos cromos- somas, mas inexistência de citocinese. Efeitos da poliploidia: A poliploidia pode conduzir à formação de novas espécies. Estima-se que a maioria das espécies de plan- tas atuais sejam poliplóides (70% das angiospérmicas e 95% das gimnospérmicas). As espécies poliplóides apre- sentam vários conjuntos cromossómicos das espécies de onde provieram, apresentando vantagens adaptativas. ONCOGENES Proto-oncogenes: genes normais que estimulam a divisão celular, estando implicados na regulação da proliferação e da diferenciação das células. Oncogenes: são sequências de DNA resultantes da alte- ração quantitativa ou qualitativa (mutação) de proto-on- cogenes e que podem conduzir à formação de um tumor (cancro). A mutação de um proto-oncogene em oncogene resulta da exposição a fatores ambientais de natureza fí- sica, química ou biológica (agentes mutagénicos). Genes supressores tumorais: tal como os proto-oncoge- nes estão envolvidos na divisão das células, mas as pro- teínas a que dão origem contrariam o estímulo prolifera- tivo dos proto-oncogenes através de uma ação inibidora. Quando estes genes sofrem uma mutação per- dem a capacidade de realizar este controlo e a divisão celular realiza-se de forma descontrolada originando um cancro. Todos os cancros são genéticos na medida em que resultam de alterações do DNA, mas os cancros he- reditários são raros. Neste caso a alteração genética está presente em todas as células do indivíduo e manifesta-se muito cedo. A maioria dos cancros (cerca de 95%) são can- cros esporádicos e surgem como resultado de mutações somáticas que resultam da interação entre o genoma do indivíduo e o ambiente (vírus, bactérias, hormonas, fumo do tabaco, …). Consoante o cancro, varia a importância da componente genética em relação à ambiental. ÁCIDOS NUCLEICOS Cada nucleótido é formado por uma base azo- tada, uma pentose e um grupo fosfato. A ligação entre as duas cadeias de DNA é feita por complementaridade en- tre as bases azotadas: a adenina emparelhada com a ti- mina, e a citosina com a guanina. A molécula de RNA é formada por uma única cadeia de nucleótidos e, em vez de timina, apresenta uracilo. Para que a informação con- tida no DNA seja expressa terá de ser passada ao RNA, que se forma por complementaridade com o DNA, e tra- duzida sob a forma de proteínas. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark ENGENHARIA GENÉTICA A partir da década de 70 do séc. XX foi desenvol- vido um vasto conjunto de técnicas de análise e manipu- lação do DNA, com implicações éticas e sociais. A enge- nharia genética baseia-se num conjunto de técnicas e ferramentas que permite a intervenção no genoma de um organismo construindo novos genomas por recombina- ção de segmentos genómicos de um mesmo ou de dife- rentes cromossomas. ENZIMAS DE RESTRIÇÃO As enzimas de restrição fragmentam o DNA por hidrólise em locais específicos. A especificidade é dada pela sequência de nucleótidos que a enzima reconhece, fragmentando o DNA sempre que encontra essa sequên- cia. Formam-se fragmentos de DNA, em hélice dupla, mas com uma pequena extensão em cadeia simples em cada extremidade. As extremidades (coesivas) podem ligar-se, por complementaridade a outro DNA, com intervenção de outras enzimas: ligases do DNA. manipular e transferir genes de uma molécula de DNA para outra, isto é, de um organismo para outro. Na transferência de genes é necessária a exis- tência de um “transportador”, isto é, de um vetor que leva o material genético de um genoma para outro. Há diver- sos tipos de vetores sendo os plasmídeos das bactérias os mais utilizados. DNA RECOMBINANTE A tecnologia do DNA recombinante permite pro- duzir moléculas de DNA a partir da combinação de genes com proveniências diferentes. É possível introduzir um gene humano em bactérias para que estas produzam, em larga escala, uma determinada proteína humana. Além disso, o gene com interesse é clonado per-mitindo a sua conservação em diversas cópias para pos- teriores utilizações: biblioteca de genes. PLASMÍDEOS Muitas bactérias possuem, para além da molé- cula de DNA principal, pequenas moléculas de DNA em cadeia dupla: os plasmídeos. Geralmente, os genes dos plasmídeos não são essenciais à sobrevivência da bacté- ria, podendo ser retirados. Podem replicar-se indepen- dentemente da molécula de DNA principal, podendo fun- dir-se com ela. VETORES As enzimas de restrição e as ligases do DNA são ferramentas da engenharia genética que permitem Técnica do DNA recombinante: 1. “Abertura” da molécula de DNA do plasmídeo, num ponto específico, pela enzima de restrição; 2. Isolamento de genes de interesse noutras moléculas de DNA “dadoras” recorrendo a enzimas de restrição do mesmo tipo; 3. Junção do gene a inserir, do plasmídeo e de ligases do DNA; 4. Ligação do gene ao plasmídeo formando-se o DNA recombinante; 5. Introdução do plasmídeo recombinante em bactérias, que funcionam como células hospedeiras do novo gene; 6. Produção da proteína desejada a partir do DNA re- combinante. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark DNA COMPLEMENTAR Este DNA é obtido a partir do mRNA por complementaridade de bases, um mRNA que já sofreu processamento (não contém intrões). A produção de cDNA é possível por ação da enzima transcriptase reversa. O mRNA funciona como molde para a síntese de uma cadeia de DNA, um processo inverso do que se passa habitualmente na transcrição. Após a formação da primeira cadeia de cDNA, a DNA polimerase forma cadeia complementar, constituindo-se uma molécula estável. A comparação entre o cDNA (sem intrões) e o DNA original permite localizar as regiões codificantes (exões) e as não codificantes (intrões) de um determinado gene. O cDNA facilita a produção de proteínas de seres eucariontes em bac- térias uma vez que estas não possuem mecanismos de processamento do mRNA, isto é, em presença de um DNA original transcreveriam todo o gene, incluindo os intrões, obtendo-se proteínas diferentes das pretendidas. Ao ser inserido um clone de cDNA garante-se a produção de proteína normal. REAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO EM CADEIA (PCR É uma das técnicas para clonar DNA de modo a obter grandes quantidades a partir de uma pequena amostra. Fases do processo de amplificação de uma determinada porção de DNA: → Aquecimento do DNA para separar as duas cadeias; → Adição de nucleótidos e da enzima DNA polimerase para que a dupla hélice seja reconstruída a partir de cada uma das ca- deias simples; → Repetição do procedimento de modo a produzir cópias suficientes do DNA em estudo. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: liliana_mrebelo (lilianamrebelo@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark