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SEMANA AULA 8: CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO 
 
1- DA CONCILIAÇÃO 
1.1- CONCEITO 
 Segundo o Dicionário Aurélio, conciliação, consiste no “ato ou efeito de 
conciliar (-se)” ou na “harmonização de litigantes ou pessoas desavindas”. 
De forma mais objetiva, podemos dizer que conciliação é o ato pelo qual 
duas ou mais pessoas se ajustam amigavelmente, pondo fim às suas 
divergências. Pode ser judicial ou extrajudicial. A primeira é realizada em 
juízo; a segunda pode ser realizada fora do juízo e, diretamente, entre as 
partes em desacordo. 
Conforme o Guia de Mediação e Conciliação (Conselho Nacional de 
Justiça, 2015), a conciliação pode ser definida como um processo 
autocompositivo breve, no qual as partes ou os interessados são 
auxiliados por um terceiro, neutro ao conflito, ou por um painel de pessoas 
sem interesse na causa, por meio de técnicas adequadas, a chegar a uma 
solução ou a um acordo. 
A professora Maria Helena Diniz (2005), traz um conceito um pouco mais 
amplo. Vejamos: 
“Encerramento da lide feito pelas partes, no processo por meio 
de autocomposição e heterocomposição daquela. É o método 
de composição em que um especialista em conflitos faz 
sugestões para sua solução entre as partes, não é adversarial e 
pode ser interrompida a qualquer tempo. Pressupõe transigência 
e é aplicável a todos os conflitos e alguns da esfera penal em 
pequenos delitos e contravenções.” 
1.2- DA NATUREZA JURÍDICA E DA ESPÉCIES DE CONCILIAÇÃO 
 
 
 
A conciliação tem natureza jurídica de transação, pois as partes, por 
concessões recíprocas, extinguem o litígio existente entre elas. 
A doutrina subdivide a conciliação em 2 espécies, são elas: 
 
 Para ser CONCILIADOR a pessoa tem que ter curso de nível superior, 
em qualquer área, reconhecido pelo MEC ou ser estudantes, de qualquer 
curso de nível superior, a partir do 5º semestre, bem como ser certificado 
em curso de conciliação ministrado ou reconhecido pelo Tribunal de 
Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. A Resolução n.º 125/2010 do 
CNJ, a Lei da Mediação (2015) e o Novo Código de Processo Civil (2015) 
determinam que o mediador judicial e o conciliador devem ter capacitação, por 
meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro 
curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o 
Ministério da Justiça. 
O curso de capacitação com uma etapa teórica e outra prática. O módulo 
teórico deverá ter 40 horas/aula e abordar temas considerados fundamentais 
para quaisquer capacitações em mediação judicial ou conciliação. 
extrajudicial
caminho facultativo, denominado de 
extra ou pré-processual, se instaura 
antes de intentada a ação. É uma 
alternativa que não afasta o processo, 
quando muito, em alguns casos em que 
a conciliação é frutífera e homologada 
pelo juiz, tão somente elimina a fase de 
conhecimento do processo podendo ser 
executada de plano, mas não exclui a 
possibilidade de ingresso nas vias 
judiciais.
judicial
praticada pela autoridade judiciária ou 
por alguém que a represente e esteja 
sob a sua tutela. É realizada dentro do 
processo, ou seja, endoprocessual.
É o procedimento obrigatório realizado 
com o processo já iniciado e durante 
este, sendo a sua tentativa um dever do 
juiz.
 
 
 
Urge asseverar, que os tribunais têm autonomia para definir outros 
critérios para aceitação de conciliadores e mediadores. É necessário que os 
interessados entrem em contato com o Núcleo Permanente de Métodos 
Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC) ou com os centros de 
conciliação dos tribunais. 
É possível atuar como mediador ou conciliador em vários tribunais, 
podendo, no entanto, o tribunal optar pela criação de quadro próprio de 
conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de 
provas e títulos, observadas as disposições constantes do capítulo III do 
Código de Processo Civil. 
Ressalvada a hipótese de quadro próprio, a que se refere o 
parágrafo anterior, a remuneração devida aos mediadores e conciliadores 
será fixada pelos tribunais e paga pelas partes, assegurada a gratuidade 
aos necessitados, na forma da lei. 
Vejamos a notícia a seguir: 
 
 
 
 
Figura 1https://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/comunicacao-social/imprensa/noticias/trfs-farao-levantamento-de-
audiencias-de-conciliacao-em-que-as-partes-tem-justica-gratuita-para-verificar-impactos-orcamentarios.htm 
1.3- CONCILIAÇÃO X MEDIAÇÃO 
 
 
 
 
Partindo das diferenças supramencionadas podemos dizer que a 
conciliação pressupõe uma participação ativa do conciliador para a resolução do 
conflito, podendo ele sugerir soluções, enquanto na mediação, a intervenção do 
mediador mostra-se mais passiva, enquanto nessa ele atua como mero 
facilitador da negociação e as partes agem de forma conjunta para solucionar a 
controvérsia, devendo, por isso, o mediador deixar de externar sua opinião ou 
posicionamento sobre o assunto, pois isso poderia significar que estaria agindo 
conciliação
na conciliação, o terceiro envolvido 
propõe alternativas de resoluções, o que 
denota sua maior intervenção e 
responsabilidade para solucionar o 
conflito. Embora o acordo jamais possa 
ser imposto, a participação do 
conciliador na composição do litígio é 
mais efetiva, mostrando às partes 
envolvidas possibilidades de se chegar a 
um consenso. É importante lembrar que 
a consensualidade dos envolvidos é 
inerente à conciliação.
conciliação é um método de 
intermediação no sentido de 
convergir posições já 
antagonizadas, sendo parte de 
um processo judicial já existente.
mediação
nota-se um maior grau de 
empoderamento das partes que atuam 
de uma forma efetiva para solucionar o 
conflito, ficando a cargo do mediador o 
papel de facilitador da negociação. As 
partes estão autodeterminadas e são 
responsáveis pela composição do litígio, o 
que naturalmente facilita a elaboração, 
aceitação e posterior cumprimento do 
acordo firmado.
A diferença primordial é que a mediação 
é um método de colaboração entre 
quem não quer ficar em antagonismo, 
em que as próprias partes procuram o 
mediador para tentarem o acordo que 
evitará o processo judicial
 
 
 
paradar razão a uma das partes, o que poderia comprometer severamente a 
mediação. 
O Guia de Mediação e Conciliação do CNJ, traz outros pontos de 
distinção entre a mediação e a conciliação. São eles: 
i. A mediação visaria à “resolução do conflito” enquanto a conciliação 
buscaria apenas o acordo. 
ii. A mediação visaria à restauração da relação social subjacente ao caso 
enquanto a conciliação buscaria o fim do litígio. 
iii. A mediação partiria de uma abordagem de estímulo (ou facilitação) 
do entendimento,enquanto a conciliação permitiria a sugestão de uma proposta 
de acordo pelo conciliador. 
iv. A mediação seria, em regra, mais demorada e envolveria diversas 
sessões,enquanto a conciliação seria um processo mais breve com apenas uma 
sessão. 
v. A mediação seria voltada às pessoas e teria o cunho 
preponderantemente subjetivo,enquanto a conciliação seria voltada aos fatos e 
direitos e com enfoque essencialmente objetivo. 
vi. A mediação seria confidencial, enquanto a conciliação seria 
eminentemente pública. 
vii. A mediação seria prospectiva, com enfoque no futuro e em soluções, 
enquanto a conciliação seria com enfoque retrospectivo e voltado à culpa. 
viii. A mediação seria um processo em que os interessados encontram 
suas próprias soluções, enquanto a conciliação seria um processo voltado a 
esclarecer aos litigantes pontos (fatos, direitos ou interesses) ainda não 
compreendidos por esses. 
ix. A mediação seria um processo com lastro multidisciplinar, envolvendo 
as mais distintas áreas como psicologia, administração, direito, matemática, 
comunicação, entre outros, enquanto a conciliação seria unidisciplinar (ou 
monodisciplinar) com base no Direito. 
 
 
 
Atualmente, com base na política pública preconizada pelo Conselho 
Nacional deJustiça e consolidada em resoluções e publicações diversas, 
pode-se afirmar que a conciliação no Poder Judiciário busca o seguinte. 
i. Além do acordo, uma efetiva harmonização social das partes. 
ii. Restaurar, dentro dos limites possíveis, a relação social das partes. 
iii. Utilizar técnicas persuasivas, mas não impositivas ou coercitivas para 
se alcançarem soluções. 
iv. Demorar suficientemente para que os interessados compreendam 
que o conciliador se importa com o caso e a solução encontrada. 
v. Humanizar o processo de resolução de disputas. 
vi. Preservar a intimidade dos interessados sempre que possível. 
vii. Visar a uma solução construtiva para o conflito, com enfoque 
prospectivo para a relação dos envolvidos. 
viii. Permitir que as partes sintam-se ouvidas. 
ix. Utilizar-se de técnicas multidisciplinares para permitir que se 
encontrem soluções satisfatórias no menor prazo possível. 
1.4- DO PROCEDIMENTO 
Conforme o Manual do Conciliador, a conciliação deve desenvolvesse em 
quatro etapas: 
	(a) na primeira delas, o conciliador esclarece às partes acerca do 
procedimento e as implicações legais do alcance do acordo; 
(b) na segunda, as partes manifestam suas posições e o conciliador, 
ouvindo-as e questionando-as sobre os fatos, deverá identificar os pontos 
convergentes e divergentes da controvérsia, criando atalhos para a terceira 
etapa; 
(c) na terceira, são criadas as opções para a solução da lide, inclusive, 
se for o caso, com informações técnicas ou sugestões de terceiros, visando ao 
consenso ou ao fechamento do acordo; 
(d) na quarta e última, a redação do acordo/transação e sua assinatura. 
 
 
 
 
2- DA MEDIAÇÃO 
 
A mediação, diferente em procedimento da conciliação, é uma proposta 
de mudança em relação à resolução de conflitos, sejam eles em que áreas 
ocorrerem. É um convite para que as pessoas construam um ambiente melhor, 
fundado na confiança e no consenso, com a ajuda do mediador que deve ter 
sensibilidade para tornar esta situação possível, juntamente com as partes. O 
mediador será aquele que acolherá as dificuldades e as dúvidas dos mediandos, 
respeitando suas características e trabalhando, principalmente, com a 
comunicação entre as partes, independente do local onde esta mediação estará 
ocorrendo. 
Na mediação, o mediador atua exclusivamente como mediador. 
Apesar de parecer redundante e óbvio, se faz necessário enfatizar isto, vez que 
o mediador está eticamente impedido de exercer sua profissão de origem, 
inclusive no que diz respeito a prestar esclarecimentos técnicos às partes. 
É frequente, quando possível ou necessário, o trabalho em conjunto de 
mediadores, chamado de comediação. Em geral, usamos este termo para 
designar o trabalho em conjunto de duplas de mediadores, que apresenta 
características valorizadas namediação como: colaboração, diálogo e inclusão. 
Este é um trabalho enriquecedor porque, de certa forma, amplia a visão sobre o 
conflito, suas possibilidades de atuação, além de demonstrar para os mediandos 
a possibilidade de um trabalho colaborativo. 
Sendo assim, o mediador deve cumprir alguns princípios, quais sejam: 
• Ser imparcial, não só em relação aos mediados, mas também 
com relação aos temas que estão sendo tratados na mediação. 
Isso é fundamental para o estabelecimento da confiança das 
partes no mediador e na mediação. 
 
 
 
• Deve o mediador ser competente, o que significa ser capacitado, 
para que desta forma possa conduzir a mediação de forma 
satisfatória, zelando para manter a autonomia das partes e o 
protagonismo destas. 
• Deve, o mediador, resguardar a confidencialidade, o qual é o 
sigilo em relação às informações que forem surgindo durante a 
mediação. 
A doutrinadora Renata Malta Vilas-Bôas, traz outros princípios 
norteadores da mediação, os quais veremos em mapa mental: 
 
 
 
 
2.1- DAS PARTES 
princípios 
da 
mediação
Princípio da 
voluntariedade
as partes devem participar do procedimento de forma livre, voluntária, exercendo assim em 
plenitude a autonomia privada da vontade que deve regular essas relações. Significa dizer que as 
partes devem realizar o procedimento sem qualquer interferência em sua esfera de vontade, em 
outras palavras, temos que não se pode existir nenhuma coação ilegal, como por exemplo, uma 
chantagem
Princípio da 
não-
adversariedade
por esse princípio temos que as partes, livremente, desejam chegar a um acordo. Elas querem 
solucionar o problema existente e não meramente discutir, questionar e impor a sua posição, 
confrontando assim direitos. É buscar a solução ao problema existente e não criar outros.
Princípio da 
intervençã
o neutra de 
terceiro
esse princípio deve ser exercido logo no início do procedimento de mediação na fase ainda pré-
mediação, quando o mediador antes de iniciar a mediação deve perguntar se existe alguma 
circunstância que possa vir a gerar parcialidade no desenvolvimento da mesma.
Princípio da 
neutralidade 
no mérito
esse princípio nos remete a ideia de que para as partes envolvidas o mérito é extremamente 
importante o que na valoração do mediador pode não ocorrer. Buscando assim, preservar o 
procedimento de mediação, independente do tipo de questão que se apresente diante do 
mediador deverá ele agir com neutralidade, já que para as partes aquela questão é importante e 
por isso merece ser respeitada e solucionada.
Princípio da 
imparcialidade
por esse princípio temos que o mediador encontra-se acima das partes e de forma equidistante, 
isso significa dizer que ele irá ouvir as duas partes de forma igual e não irá representar ou 
aconselhar nenhuma das partes. Além disso, o mediador deverá agir sem qualquer favoritismo 
ou ainda isento de preconceitos com relação às partes, ao tema a ser desenvolvido, às palavras 
utilizadas ou à aparência dos mediados. Significa dizer que o mediador não poderá deixar-se 
influenciar por seus valores ou preconceitos para poder realizar devidamente o seu trabalho.
Princípio da 
autoridade 
das partes ou 
princípio 
dispositivo 
das partes
por esse princípio temos que as partes, sempre em conformidade com o princípio da autonomia 
da vontade podem dispor livremente, desde que não venha a contrariar a ordem pública. Isso 
significa que as partes são responsáveis pelos resultados e pelo próprio andamento do 
procedimento da mediação passando de uma fase a outra até chegar ao acordo ou não. Quem 
detém o poder de decisão são as partes.
Princípio da 
flexibilidade 
do processo
a mediação não se desenvolve mediante um procedimento rígido, ao contrário é preciso 
flexibilidade nesse processo para permitir que as partes escolham livremente quais as normas 
que serão aplicadas e de que forma. Essa flexibilidade decorre do princípio da autoridade das 
partes e da autonomia de vontade das partes, assim como elas são responsáveis por conduzir 
esse procedimento ele se apresenta de forma extremamente flexível.
Princípio da 
informalidade
como a mediação se caracteriza pela ausência de uma estrutura previamente estabelecida e a 
inexistência de qualquer norma substantiva ou de procedimento, novamente cabe as partes decidir 
qual e como caminho percorrer. Temos que levar em consideração que os atos praticados devem ser 
precisos, com clareza, concisão e simplicidade, tanto na linguagem quanto nos procedimentos de tal 
forma que atenda às necessidades das partes e à compreensão das mesmas.
Princípio da 
privacidade
Por esse princípio temos que as partes poderão mediar somente sobre as disposições que 
envolvam a autonomia de vontade que se encontram na esfera privada de cada uma delas, não 
sendo possível mediar ou pactuar quando houver interesse público envolvido. Cria-se com isso 
uma limitação ao poder de pactuar das partes envolvidas.
Princípio da 
competência 
do mediador
É preciso que o mediador tenha uma formação compatível com a mediação a ser realizada, isso 
significa que deverá estar em constante atualizaçãopara que a sua formação não fique desatualizada e 
defasada. O mediador somente deverá realizar participar de procedimentos de mediação quando tiver 
as qualificações necessárias para vir a satisfazer as expectativas razoáveis das partes.
Princípio da 
consensualidade
não é possível impor uma decisão às partes, mas sim se deve levar em consideração o resultado 
dos debates entre as partes e dessa vontade é que será extraída a essência do acordo que elas 
pretendem firmar. Na mediação as partes chegam a um acordo, nada é imposto ou decidido por 
elas. É preciso que a mediação seja, então, norteada pelo consenso entre as partes.
Princípio da 
confidencialidade
As informações que forem trabalhadas durante o procedimento de mediação serão de 
conhecimento apenas das partes e do mediador. São as devidas exceções, quando, por exemplo, 
as próprias partes tornam público o ocorrido, por acordo, nada poderá ser utilizado ou em juízo 
ou mediante publicidade.
Princípio da 
diligência dos 
procedimentos
o mediador deverá estar atento ao procedimento de mediação que deve ser tratado com toda a 
prudência e cuidados devidos, observando assim a qualidade do procedimento e observando 
sempre os seus princípios fundamentais.
Princípio da 
lealdade
todos os envolvidos, partes e mediador deverão devem tratar e serem tratadas com urbanidade e, 
ainda que todos os envolvidos deverão se portar pelas normas de moralidade e probidade, buscando 
sempre dizer a verdade, colaborando sempre para que se possa chegar a uma composição. Todos os 
envolvidos deverão agir de forma a atingir o que se propuseram, ou seja, realizar a mediação.
 
 
 
Em regra, são os participantes na mediação somente aqueles que têm 
o poder de decisão (mediandos) e o mediador. A participação de quaisquer 
outros poderá ser vista como uma violação ao caráter privado e confidencial da 
mediação, pondo em risco o sucesso da mesma, por dificultar a abertura do 
diálogo. No entanto, em muitos casos de mediação, a decisão poderá traduzir-
se em impacto nas relações pessoais dos intervenientes, pelo que, em tais 
casos, se promove a consideração da possível intervenção de outras pessoas 
relevantes para o processo. Mas, estas são situações que deverão ser 
analisadas caso a caso. 
As partes têm autonomia e protagonismo na mediação. Sendo toda e 
qualquer decisão fruto de suas reflexões e diálogos. Além disso, devem assumir 
a responsabilidade de tomar as decisões que influenciarão as suas vidas, no 
presente e no futuro. 
2.2- DOS ADVOGADOS 
 
Sabemos que a mediação é um processo que não envolve apenas 
direitos, mas outros interesses mais amplos. Na maior parte da mediação, 
quando há a presença dos advogados, estes não se manifestam, e se isto ocorre 
entendemos que estão desempenhando os seus papéis de forma correta. Por 
quê? O objetivo da mediação é a comunicação entre as partes, é permitir que 
estas se expressem livremente e que possam, a partir daí, se entender 
diretamente. 
Na mediação os advogados devem buscar serem assessores jurídicos 
das partes, assegurando que ninguém renunciará a direitos, sem estar 
plenamente consciente desta renúncia e dos ganhos possíveis decorrentes 
desta decisão. Desta forma, os advogados ou representantes legais, participarão 
das mediações, também esclarecendo os direitos de seus clientes. 
2.3 DO PROCESSO DE MEDIAÇÃO 
 
 
 
A mediação é composta de uma série de atos coordenados, no entanto, 
o mediador tem a liberdade de, dependendo da situação, flexibilizar o 
procedimento para que desta forma a mediação possa ser eficaz. Cada mediador 
desenvolve e tem um estilo próprio de mediar, respeitando as questões técnicas 
e éticas. É esta flexibilidade que torna a mediação um procedimento que requer, 
não apenas a capacitação, mas, também, a criatividade do mediador. 
Além de enfatizar a flexibilidade, na estrutura do processo de mediação, 
é importante destacar o tom de informalidade que a mediação deve incentivar. 
Para isso, é necessário que o mediador não se apresente como uma figura de 
autoridade. Ele deve coordenar a mediação em um tom de conversa, sem 
formalidades e estimulando o diálogo. Você deve entender que esta 
informalidade envolve a preservação de uma postura profissional adequada, até 
mesmo porque informalidade e postura profissional não se excluem. 
No Judiciário temos uma série de procedimentos que deverão ser 
seguidos para que a mediação ocorra. Podemos citar, entre eles, o 
encaminhamento para a mediação, o comparecimento obrigatório a partir da 
designação da mediação, além da possibilidade de poder desistir da mediação, 
sem mesmo ter comparecido, em um primeiro momento, a este processo. 
Porém, sabemos que a mediação pode ocorrer nas mais variadas áreas, 
incluindo aquelas ligadas ao Judiciário (a Defensoria Pública, os Escritórios de 
Prática Jurídica das Universidades, por exemplo), podemos ter a situação em 
que uma pessoa procura a instituição para dar entrada em uma ação e lhe é 
oferecida a mediação (com uma breve explicação sobre ela), a partir de uma 
avaliação sobre a pertinência deste procedimento, segundo o caso apresentado. 
Sendo aceita esta proposta pela parte, é importante que o contato com a outra 
parte seja realizado, por escrito ou por telefone, mas, principalmente, sob a forma 
de um convite para um diálogo e, não uma convocação. Havendo a aceitação do 
convite, pela outra parte, teremos um momento denominado de pré-mediação. 
 
 
 
O ambiente da mediação deve ser bem confortável, mantendo a 
privacidade, e estimulante para o diálogo. O espaço da mediação deve conter, 
sempre que possível, uma mesa redonda, onde é criada a garantia de que todos 
se veem e estão no mesmo plano. Todos devem ter acesso a papéis e canetas 
para realizarem as anotações que se fizerem necessárias. 
I- DA PRÉ- MEDIAÇÃO 
Este momento poderá ser feito individualmente ou com as duas partes 
simultaneamente. Na pré-mediação irá ocorrer a troca de informações que 
ocorre antes de iniciar a mediação propriamente dita. O mediador explica sobre 
o processo de mediação, avalia se a mediação é possível, a partir das 
informações das partes (breve relato das partes sobre o conflito), além de 
analisar a possibilidade da sua atuação como mediador naquele caso (se há 
algum impedimento quanto a sua imparcialidade, por exemplo). 
Vem ser de suma importância que neste momento os mediandos 
sejam informados sobre a técnica da mediação, seus objetivos e alcance. 
Serão descritos o papel do mediador e dos mediandos. Se estes 
comparecerem com seus advogados, o mediador deve esclarecer a 
importância destes como assessores e consultores jurídicos, assegurando 
que a mediação é uma prática colaborativa que busca o consenso. Devem 
ser tranquilizados sobre a necessidade destes na revisão legal do acordo 
e encaminhamento para a homologação do mesmo, caso seja necessário. 
II- DAS ETAPAS DA MEDIAÇÃO 
II.I- DA ABERTURA 
É chamado pela doutrina de “DISCURSO DE ABERTURA”, o qual dar 
início a mediação. O discurso de abertura pode ocorrer após a pré-mediação, 
principalmente, quando as partes comparecem juntas, ou em outro momento em 
que deve ser lembrado, de forma resumida, o que foi conversado na pré-
mediação. 
 
 
 
Neste discurso são estabelecidas as regras de comportamento dos 
mediandos, os princípios da mediação e o papel do mediador. O mediador 
começa a estabelecer uma relação de confiança e de imparcialidade com os 
mediandos. 
Quanto à regra fundamental, deve ficar claro que, para uma 
comunicação ser eficaz, quando uma parte fala, a outra deve escutar, sem 
interromper. O enfoque das partes deve ser nos interesses e não na 
discussão de provas jurídicas. 
Deve ser abordada a possibilidade de sessões individuais, além das 
expectativas do mediador em relação às partes. Será relembrado o papel dos 
advogados na mediação e explicado como a mediação ocorrerá (tempo de 
duração e caso ocorramoutros encontros, o dia, hora que deverão ser 
combinados com todos os participantes). O entendimento das regras pelas 
partes deverá ser confirmado, além da disposição de participarem. 
Após este momento, em alguns setores em que a mediação ocorre, há 
a assinatura de um termo que pode ser denominado de várias formas, por 
exemplo, Termo de Consentimento ou Termo de Participação, dependendo da 
instituição em que acontece a mediação. Este termo deve conter o que se 
entender necessário em relação às características do trabalho a ser realizado. 
Poderá expressar alguns aspectos relativos à mediação, os compromissos 
assumidos pelo mediando na mediação (boa-fé, sigilo, tratamento respeitoso, 
por exemplo), assim como os princípios assumidos pelo mediador neste 
momento (imparcialidade, sigilo, diligência, entre outros). 
II.II- DOS RELATOS DAS HISTÓRIAS 
Marca o início da 2 etapa. Neste momento, vamos ouvir a história de 
cada uma das partes sobre o conflito que as levou à mediação. O objetivo é dar 
a todos a oportunidade de ouvir o relato dos fatos e analisar as percepções das 
pessoas envolvidas. 
 
 
 
Neste momento, as partes passam a ter uma visão geral e, ao mesmo 
tempo, passam a identificar questões e interesses que estão por trás das 
posições declaradas nas histórias. 
Deve ser possibilitada a expressão de sentimentos, sem interrupções, 
ou outros impedimentos, sempre mantendo um clima respeitoso e educado. O 
mediador deverá escutar os relatos de forma ativa e após a exposição das partes 
sobre suas perspectivas, poderá elaborar perguntas, reunindo informações, que 
o auxiliarão a entender aspectos que podem não estar claros, em relação ao 
conflito trazido. 
II.III- DO RESUMO 
Após o relato das histórias, o mediador fará um resumo do que foi 
relatado, utilizando uma linguagem neutra ou positiva. O mediador deverá 
transformar posições trazidas nos relatos, como, por exemplo, “Eu não aceito 
pagar este valor pelo serviço prestado, porque isso não foi o combinado”, em 
interesses “Acredito que o senhor esteja falando que concorda em pagar o valor 
justo pelo serviço prestado”. 
Como você percebeu, o mediador faz uma leitura do conflito de forma 
despolarizada, evidenciando interesses comuns e compartilhados, que foram 
identificados nos relatos das partes, potencializando uma postura colaborativa. 
O resumo fornece uma orientação para a mediação, buscando 
centralizar o diálogo entre as partes para os principais pontos a serem 
trabalhados. 
O mediador deve construir uma versão imparcial, neutra e prospectiva 
daquilo que escutou e entendeu. Além disso, a realização do resumo possibilita 
avaliar a compreensão do mediador sobre o que foi trazido. É importante que 
você saiba que a técnica do resumo pode ser utilizada em etapas posteriores, 
como: após troca de informações importantes; após sugestões de possíveis 
soluções; lembrar os reais interesses; e apaziguar ânimos. 
II.IV- DA PAUTA DE TRABALHO 
 
 
 
Após o resumo realizado pelo mediador e a confirmação das partes 
sobre a compreensão do mediador em relação ao ocorrido, é definida uma pauta 
de trabalho, buscando organizar a mediação e promover certa tranquilidade aos 
mediandos, que saberão sobre os temas a serem tratados. Essa pauta de 
trabalho traduz os interesses ressaltados em temas a serem tratados. Essa 
pauta pode ser confirmada, retificada ou adequada pelos mediandos. 
Essa pauta de trabalho é dinâmica e deve ser atualizada conforme o 
trabalho na mediação vai acontecendo. Podem aparecer outros temas a serem 
incluídos na pauta no decorrer da mediação e deverão ser organizados pelo 
mediador, para manteremuma sequência lógica. 
ATENÇÃO! É importante que o mediador inicie o trabalho de 
mediação a partir dos temas que apresentam menos desacordo, para que 
com isso possa ser criada a percepção nos mediandos de que a 
colaboração entre eles é possível. 
II.V- DOS ESCLARECIMENTOS DAS CONTROVÉRSIAS 
Com o uso das ferramentas da mediação (conjunto de técnicas e 
procedimentos utilizados na dinâmica do processo de mediação), o mediador 
trabalhará as questões que constam da pauta de trabalho com os mediandos, 
buscando a elucidação destas questões. 
II.VI- DAS RESOLUÇÃO DE QUESTÕES 
A partir do trabalho realizado quanto ao esclarecimento das 
controvérsias e tendo sido alcançada a compreensão sobre o conflito, chegou a 
hora de o mediador utilizar as ferramentas para conduzir as partes para a 
análise das possíveis soluções. É importante que os mediandos elejam 
critérios objetivos na tomada de suas decisões, evitando o surgimento de novas 
polarizações. 
II.VII- DA FINALIZAÇÃO DA MEDIAÇÃO 
A mediação pode terminar com a assinatura ou não de um acordo, 
ou pode ser interrompida a qualquer momento, pelo mediador ou pelas 
 
 
 
partes, quando alguma situação impedir a sua continuidade. No entanto, 
isso não quer dizer que a mediação que não acaba em acordo, seja ele assinado 
ou não, é um fracasso. Muitas vezes, mesmo não acabando em um acordo, a 
mediação possibilitou a abertura para um diálogo, que levará a uma solução 
daquele conflito no Judiciário, frente ao juiz, se for o caso, ou em outromomento. 
O acordo escrito deve ser redigido pelo mediador, na linguagem dos 
mediandos, evitando, sempre que possível, o uso de termos técnicos que 
comprometam a compreensão dos mediandos. Deve refletir os compromissos 
mútuos e a complementaridade dos mediandos. A linguagem é positiva, otimista 
e com foco no futuro. 
Temos ainda possibilidade de um acordo provisório, que necessitará de 
um período de monitoramento ou de reavaliação para avaliar a eficácia ou não 
daquela decisão. Essa situação ocorrerá com a marcação de futuras sessões de 
mediação a fim de avaliar a necessidade ou não de revisão sobre o que foi 
combinado. 
3- DA ARBITRAGEM 
3.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Scavone Junior afirma o seguinte: 
“Arbitragem pode ser definida como o meio privado, 
jurisdicional e alternativo de solução de conflitos decorrentes de 
direitos patrimoniais e disponíveis através de sentença arbitral, 
definida como título executivo extrajudicial e prolatada pelo 
árbitro, juiz de fato e de direito, normalmente especialista na 
matéria controvertida (...)” 
 
“(...)A arbitragem resulta de negócio jurídico mediante o qual as 
partes optam pela solução arbitral, abdicando da jurisdição 
estatal em razão de seus direitos patrimoniais e disponíveis.” 
 
 
 
(SCAVONE JUNIOR, L. A. Manual de arbitragem, mediação e 
conciliação. Rio de Janeiro: Forense, 2015. P. 2-3) 
 
Câmara declara o seguinte: 
 
“A arbitragem é um meio de heterocomposição de conflitos, ou 
seja, um meio de composição do litígio em que este é 
solucionado por um terceiro, estranho ao conflito, isto é, a 
solução do conflito é obra de alguém que não é titular de nenhum 
dos interesses conflitantes. (...)” 
 
“(...)É uma técnica para a solução de controvérsias através da 
intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes 
de uma convenção privada, decidindo com base nesta 
convenção, sem a intervenção do Estado, sendo a decisão 
destinada a assumir eficácia de sentença judicial. 
(CAMARA, A. F. Arbitragem. Lei 9.307/96. 3.ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2002.) 
 
A partir das supramencionadas definições podemos concluir que a 
arbitragem é um meio de solução de conflitos alternativo a via judicial 
caracterizado pelo fato de serem as partes da controvérsia que escolhem quem 
vai decidi-la e, são também as partes, que conferem ao árbitro o poder e a 
autoridade de decidir. 
Podemos perceber que ao optar por este meio alternativo de solução de 
litígios, os titulares dos interesses em conflito, já demonstram uma predisposição 
para aceitarem a decisão do árbitro, já que foi escolhido por eles e é alguém de 
confiança dos mesmos. Desta forma, podemos entender que a decisão proferida 
pelo árbitro compõe o conflito, fazendo com que este sejaresolvido em sua 
totalidade e, não apenas o tornando juridicamente irrelevante. 
Mas quais seriam as vantagens da arbitragem? 
• Especialização – é possível, na arbitragem, nomear um árbitro 
especialista na matéria controvertida ou no objeto do contrato entre as partes. 
 
 
 
• Rapidez – a arbitragem é mais célere do que o procedimento judicial. 
• Irrecorribilidade – a sentença arbitral vale o mesmo que uma sentença 
judicial transitada em julgado e não é passível de recurso (SCAVONE JUNIOR, 
2015). 
• Informalidade – o procedimento arbitral não é formal como o 
procedimento judicial. Ele é estabelecido pelas partes quanto à escolha dos 
árbitros e do direito material e processual que serão utilizados na solução da lide. 
• Confidencialidade – a arbitragem é sigilosa, segundo o parágrafo 6 
do artigo 13 da lei 9.307 (1996), diferente do procedimento judicial que, em regra, 
é público, as exceções você pode encontrar no artigo 189 do Código de Processo 
Civil (2015), ressaltando o inciso IV, que diz respeito à arbitragem. 
ATENÇÃO! o árbitro exerce jurisdição porque aplica o direito ao caso 
concreto e coloca fim ao litígio que havia entre as partes. Sua decisão é 
declarada através de sentença, com qualidade de título executivo judicial, sem 
necessidade de ser homologada pela jurisdição estatal. O fato do árbitro não 
poder executar as decisões que toma, não retira o caráter jurisdicional daquilo 
que decide. 
O Código de Processo Civil em seus artigos 3º, §1º e 42º, que 
demonstram claramente a dualidade jurisdicional, estabelecendo um paralelo 
entre a jurisdição estatal e a arbitral. 
3.2- DO CABIMENTO 
No artigo 1º da Lei da Arbitragem (lei 9.307/1996), a arbitragem se limita 
à capacidade (Personalidade Jurídica- ex: art. 1 e 2 do CC) de contratar e aos 
direitos patrimoniais e disponíveis. Sendo assim, tal instrumento pode ser 
utilizado tanto por pessoas físicas, quanto por pessoas jurídicas. 
Os Direitos Patrimoniais são encontrados nas relações jurídicas, têm sua 
origem nos contratos, nos atos ilícitos e nas declarações unilaterais de vontade. 
A disponibilidade dos direitos patrimoniais está ligada à possibilidade de 
alienação e, principalmente, na possibilidade de transação. 
 
 
 
ATENÇÃO! não é possível transacionar sobre direitos ao próprio corpo, 
à liberdade, à igualdade e ao direito à vida, questões penais, questões ligadas 
ao estado das pessoas, matéria tributária e direitos pessoais que dizem respeito 
ao direito de família (filiação e poder familiar). No entanto, alguma violação 
destes direitos pode levar a uma indenização, sendo neste caso possível a 
aplicação da arbitragem. Por exemplo, alguém teve a sua honra ofendida. Esta 
ofensa gera o direito de receber uma indenização por danos morais. O valor da 
reparação, desde que haja um compromisso arbitral, pode ser decidido através 
da arbitragem. Outro exemplo que podemos citar encontra-se no artigo 852 do 
Código Civil. 
3.3- DAS ESPÉCIES DE ARBITRAGEM 
A arbitragem pode ser realizada a partir de duas espécies. As partes 
podem escolher uma entidade em funcionamento, que se dedique à atividade 
arbitral – instituição arbitral – ou um árbitro independente de uma instituição. 
Desta forma teremos a arbitragem institucional ou administrada em 
que uma instituição especializada administrará a arbitragem com regras 
procedimentais, conforme alei 9.307/1996, indispensáveis para a arbitragem 
(artigo 5º da lei 9.307/1996). 
Podemos ter ainda arbitragem avulsa ou arbitragem ad hoc, que se 
realiza sem a participação de uma instituição especializada. As partes contratam 
um árbitro e deverão dispor sobre o procedimento. Nestes casos, o risco de 
nulidade do ato é maior. 
3.4- NORMAS DE DIREITO MATERIAL APLICÁVEIS NA 
ARBITRAGEM 
Se houver cláusula ou compromisso arbitral, as partes podem escolher 
a norma aplicável para a solução de seus conflitos. ex: 
a) Leis internacionais de comércio. 
b) Lex mercatória, regras de entidades particulares, organismos 
internacionais ou de origem convencional. 
 
 
 
c) Leis internacionais. 
d) Leis corporativas. 
e) Equidade, isto é, o que parecer justo e coerente para o árbitro. 
f) Princípios gerais do Direito. 
 
ATENÇÃO! Caso as partes não escolham uma destas normas, o 
Direito Nacional será o utilizado. 
 
3.5- DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM: Cláusula Compromissória 
e Compromisso Arbitral. 
A lei da arbitragem (Lei 9.307/1996) criou a figura genérica de convenção 
de arbitragem para designar o ato jurídico privado cujo efeito é a instauração da 
arbitragem. Há duas espécies de convenção de arbitragem: a cláusula 
compromissória e o compromisso arbitral. 
 
 
 
 
Cláusula 
compromissória
Art. 4, da lei 9307/96
A cláusula compromissória é 
aquela mediante a qual as partes 
estabelecem no contrato ou em 
ato consecutivo que as 
controvérsias que surgirem deste 
serão decididas por árbitros. É um 
contrato preliminar, isto é, uma 
promessa de celebrar o contrato 
definitivo, que é o compromisso 
arbitral.
Esta cláusula deve ter forma 
escrita, podendo constar no 
próprio contrato a que se refere 
ou em ato separado sobre ele.
Chamamos de cláusula 
compromissória cheia, quando ela 
contém todos oselementos 
necessários para o procedimento 
arbitral. 
chamamos de vazia, a cláusula 
compromissória em que faltam os 
elementos necessários para a realização 
da arbitragem. Por exemplo, uma 
cláusula compromissória em que só 
exista a afirmativa de que “qualquer 
controvérsia que venha a surgir será 
resolvida na arbitragem”.
Compromisso arbitral
(art. 9, da lei 
9.307/96)
pressuposto uma controvérsia 
surgida entre as partes, diferente 
da cláusula compromissória que é 
celebrada antes do surgimento da 
lide. Após o surgimento da lide, as 
partes podem celebrar o 
compromisso arbitral e submeter-
se à arbitragem
O compromisso arbitral é um 
contrato de direito privado, cujo 
resultado é a instauração da 
arbitragem, na qual haverá a 
heterocomposição do conflito.
compromisso arbitral judicial 
ocorre quando as partes decidem, 
em juízo, optar pela arbitragem, 
sem jamais terem pactuado a 
cláusula compromissória.
Este compromisso deverá estar 
contido nos autos. 
compromisso arbitral 
extrajudicial deve ser celebrado 
por escrito, podendo ser através 
de instrumento público ou 
particular. No caso de ser um 
instrumento particular, duas 
testemunhas devem assinar.
 
 
 
3.6- DOS ÁRBITROS 
É identificado como o terceiro, estranho ao conflito, a quem compete a 
sua composição. É a pessoa de confiança das partes, sendo o responsável por 
fazer justiça no caso concreto que lhe é destinado. Tem um papel fundamental 
na pacificação social. 
A Lei da Arbitragem (lei 9.307/1996) trata deste tema em seis artigos. 
(vide. 13 a 18). Conforme a lei pode ser árbitra qualquer pessoanatural, 
civilmente capaz, sem a exigência em lei que seja bacharel em Direito ou 
advogado, nem mesmo para a arbitragem de direito. Também não se exige 
que o árbitro seja brasileiro, neste caso, devendo conhecer a língua 
portuguesa. 
3.7- DO PROCEDIMENTO ARBITRAL 
A grande vantagem da sentença arbitral é que ela não demora anos, 
para encontrar sua solução final, como a sentença judicial. Em geral, a sentença 
arbitral demora alguns meses para poder gerar o mesmo efeito da sentença 
judicial transitada em julgado. 
Para melhor compreensão vejamos o procedimento arbitral através da 
linha do tempo que segue: 
 
 
 
 
As partes ao escolherem a arbitragem, 
através da convenção de arbitragem 
respeitando os limites inpostos no art. 
21, §1º e §2º da lei 9.307/96
entendendo que algum ponto deva ser esclarecido 
como, por exemplo, o local da arbitragem, entre 
outros pontos, o árbitro poderá chamar as partes 
para a assinatura de um aditivo à convenção de 
arbitragem, chamado ata de missão.
Considera-se instituída a 
arbitragem quando aceita a 
nomeação pelo árbitro, se for 
único, oupor todos, se forem 
vários (art. 19, da lei 9.307/96)
celebração do termo de arbitragem. instrumento de natureza 
contratual, que não se confunde com a convenção de 
arbitragem e nem se trata, propriamente, de um aditivo a ela, 
mas de um documento adicional, celebrado por partes e 
árbitros e instituição de arbitragem, que: Define aspectos 
relativos ao modo de ser do procedimento; Estabelece custas e 
despesas e, conforme a maior parte das regras aplicáveis, a 
fixação dos pedidos deduzidos.
Ao ser instituída a arbitragem é estabelecido o 
termo inicial para a contagem do prazo para a 
sentença arbitral, que na ausência de convenção 
das partes, é de seis meses (artigo 23 da lei 
9.307/1996).
No início do procedimento, as partes são incentivadas à 
conciliação, segundo o artigo 21, §4º da lei 9.307/1996. 
Os advogados não são obrigados a participar, mas se 
uma das partes se faz representar por advogado, em 
razão da igualdade das partes, a mesma oportunidade 
terá a outra parte (artigo 21§ 3ºda
lei 9.307/1996).
Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral 
tomar o depoimento das partes, ouvir 
testemunhas e determinar a realização 
de perícias ou outras provas que julgar 
necessárias, mediante requerimento das 
partes ou de ofício. (art. 22)
Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para 
prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará 
em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua 
sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas 
circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral 
requerer (CARTA ARBITRAL) à autoridade judiciária que conduza a 
testemunha renitente, comprovando a existência da convenção de 
arbitragem. (art. 20 §2º)
coordenação entre a 
arbitragem e o Poder 
Judiciário pode existir. Por 
exemplo: condução coercitiva 
de testemunhas; efetivação de 
tutelas provisórias; busca e 
apreensão de documentos; 
entre outros. (vide art. 22-C, 
da Lei)
sentença na arbitragem possui a mesma força de uma sentença judicial 
transitada em julgado, porque o Código de Processo Civil (2015), coloca a 
decisão arbitral no rol dos títulos executivos judiciais. (art. 515, do CPC)
Requisitos para a sentença árbitral: art.24 e 26 da lei 9.307/96) 
 
 
 
CUIDADO, pois apesar de entendermos que as partes podem disciplinar 
o procedimento arbitral, tal tarefa não é absolutamente livre. Há alguns princípios 
que devem ser obedecidos para que a arbitragem não seja nula. O artigo 21, § 
2º estabelece para a arbitragem o seguinte: 
a) O contraditório 
b) A igualdade das partes 
c) A imparcialidade do árbitro 
d) O livre convencimento do árbitro 
 
ATENÇÃO! No procedimento da arbitragem, as partes podem se 
deparar com os seguintes eventos. 
• Impedimento ou suspeição (artigo 15, 20, § 1º, primeira parte, 32, II e 
33, § 2º da Lei de Arbitragem (lei 9.307/1996) – nestes casos, o árbitro analisa a 
exceção, acata (artigo 16 da lei 9307/1996) ou não acata (artigos 20, § 2º, 32, II 
e 33 da Lei de Arbitragem – 9.307/1996). 
• Nulidade da convenção de arbitragem, relativa ou absoluta (artigos 
166, 171, 172, 174 e 175 do Código Civil (2002) e artigo 20 da Lei da Arbitragem 
– 9. 307/1996). 
• Impossibilidade de atuação – (artigos 1º e artigo 20 da Lei da 
Arbitragem – 9.307/1996). 
3.8- Da Recorribilidade da sentença arbitral 
No prazo de 5 (cinco) dias a contar do recebimento da notificação ou da 
ciência pessoal da sentença arbitral, salvo se outro prazo for acordado entre as 
partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar 
ao árbitro ou ao tribunal arbitral que corrija qualquer erro material da sentença 
arbitral ou esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença 
arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-
se a decisão. 
 
 
 
 
Ou seja, é possível que as partes peçam a integração ou a correção de 
erros materiais na sentença, cabendo ao árbitro decidir em 10 (dez) dias, 
notificando as partes de sua decisão e, conforme o caso, aditando a sentença 
arbitral. (art. 30 da Lei). 
 
ATENÇÃO! A sentença arbitral não se submete a recurso ou a qualquer 
tipo de homologação pelo Poder Judiciário, produz seus efeitos imediatamente 
após sua prolação, dimanando eficácia executiva. 
3.9- Da Ação Anulatória 
 
A parte vencida na arbitragem poderá mover uma ação judicial para 
anular a sentença arbitral. O objeto dessa ação nunca será rever o mérito, o 
conteúdo material, do quanto decidido pelo árbitro; esta é uma análise 
vedada ao Poder Judiciário. 
Mas, estabelece-se um controle da legalidade quanto aos aspectos 
formais da sentença e do procedimento, só podendo a sentença arbitral ser 
anulada nas hipóteses taxativamente estabelecidas no art. 32 da Lei de 
Arbitragem. 
 A ação anulatória deve ser proposta no prazo decadencial de 90 
(noventa) dias após o recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial 
ou final, ou da decisão de pedidos de esclarecimentos, conforme o caso. Trata-
se de ação judicial por procedimento comum, a ser proposta em 1º grau de 
jurisdição, conforme regras ordinárias de competência. A parte interessada 
pode, igualmente, requerer que seja reconhecida a nulidade da sentença arbitral 
em sede de impugnação ao cumprimento de sentença. 
 
A decisão judicial que reconhecer a nulidade da sentença arbitral 
determinará, conforme o caso, que o árbitro profira nova sentença, sanado o 
 
 
 
vício. Ou seja, não se trata, ordinariamente, de substituição da decisão arbitral 
por decisão judicial no âmbito da ação anulatória de sentença arbitral.

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