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Mediação e Conciliação Empresarial e Internacional

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PERÍCIA,
AVALIAÇÃO E 
ARBITRAGEM
Conteúdo:
José Valter Januário
Pablo Rojas
Coordenador
J33p Januário, José Valter.
Perícia, avaliação e arbitragem [recurso eletrônico] / José Valter Januário; 
coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre: SAGAH, 2016.
Editado como livro impresso em 2016.
ISBN 978-85-69726-19-7
1. Contabilidade. 2. Perícia – Avaliação. I. Título. 
CDU 657.92
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016
Colaboraram nesta edição:
Coordenador técnico: Pablo Rojas
Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH
Imagem da capa: Shutterstock
Editoração: Renata Goulart
Reservados todos os direitos de publicação à
SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana
90040-340 - Porto Alegre, RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070
É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer 
formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, 
distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa.
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
140
INTRODUÇÃO
Mediação significa a resolução de conflitos, onde não existe a condição de 
adversários, onde profissional neutro e devidamente capacitado, auxilia 
as partes a encontrarem seus verdadeiros interesses e preservá-los, Na 
mediação não existe imposição de sentenças ou laudo e esse acordo, feito de 
uma maneira criativa, as duas partes ganham.
OBJETIVOS DA UNIDADE
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
• Entender o conceito de Mediação, sua aplicação e finalidade;
• Identificar casos onde a Mediação é a ferramenta indicada para encontrar o 
acordo entre as partes;
• Realizar a mediação de conflitos para obter resultados que satisfaçam as 
partes envolvidas.
PRECEITOS DA MEDIAÇÃO
Os preceitos da Mediação envolvem conhecimentos e ensinamentos 
multidisciplinares de áreas como:
• Direito; 
• Psicologia;
• Comunicação;
• Sociologia;
• Administração de Empresas;
• Diversas outras.
Além desses conhecimentos o mediador deve demonstrar: 
• Compreensão;
• Capacidade de induzir a necessidade e vontade de mudança dos mediados;
• Interesse na qualidade da relação entre eles;
• Ser portador de ética para ter credibilidade na condução da mediação. 
141
O mediador deve ter ciência que a necessidade da mediação é fruto da 
incapacidade de duas partes resolverem seus conflitos sem a ajuda de um 
terceiro. Em geral isso ocorre pela inflexibilidade de pontos de vistas diferentes 
do problema. Isso dificulta a solução e o mediador precisa trabalhar no sentido 
de proporcionar a visão objetiva da situação. Uma visão que permita as partes 
enxergarem todos os aspectos envolvidos com a situação conflitante.
Para obter sucesso na mediação, o mediador deve:
• Ter habilidade de inspirar sentimentos de segurança, credibilidade e 
confiança das partes mediadas; 
• Ter capacidade de transmitir interesse e respeito aos mediados (ele não deve 
usar os mediados para satisfazer suas próprias necessidades ou interesses);
• Ter conhecimento específico da área que envolve a mediação;
• Compreender o comportamento dos mediados, sem impor julgamento de 
valor, bem como, identificar padrões de comportamento contraproducentes 
nos mediados.
Perfil do cliente de Mediação
O cliente da mediação é um indivíduo capaz de decidir e que deseja preservar seu 
relacionamento com a outra parte. O que prevalece é o desejo de tomar decisões 
que contemplem e satisfaçam os interessados. Eles desejam que a Mediação 
transcorra em um clima cordial, sem discussões e em menor tempo possível.
Vantagens da mediação
A mediação oferece inúmeras vantagens, dentre elas: 
• A solução rápida dos casos;
• Menores despesas com o litígio;
• Tudo é confidencial;
• Evita que o caso se agrave;
• Evita reivindicações ou expectativas despropositadas:
• Possibilita a continuidade das relações interpessoais;
• Aumenta a possibilidade de cumprimento do acordo;
142
• Atende as necessidades das partes;
• Outras diversas vantagens.
Etapas da mediação
A base da mediação está depositada basicamente em seis etapas: 
1. Abertura: Esta fase tem como objetivo, “explicar o processo, avaliar as 
possibilidades e estabelecer regras e funções”. 
Nessa fase, o mediador deve colocar as partes a vontade, e ganhar a confiança 
necessária para a realização da mediação.
Para que a mediação possa ter êxito, o mediador deve “demonstrar 
comunicação eficaz através de suas ações”, esclarecendo o processo e 
entrosando as partes, estabelecendo regras, mostrando o papel das partes e 
do mediador, bem como tratando dos seus honorários.
2. Fala das Partes: Nesta fase, o mediador deve trabalhar no sentido de 
desenvolver uma boa relação entre as partes e para que elas exponham o 
problema a ser solucionado. Para isso é preciso fazer com que as partes 
explicitem suas percepções, para permitir a avaliação do ambiente emocional. 
As técnicas mais usadas nesta etapa são:
• A escuta ativa: O mediador estimula os mediandos a se ouvirem e 
expressarem suas emoções;
• O parafraseamento: Reformulação de frases com o objetivo de sintetizar as 
falas e conteúdo;
• A formulação de perguntas: Perguntas exploratórias sobre o conflito para 
encontrar sugestões e ideias para solução do conflito; 
• Resumo seguido de confirmações: Proporciona aos mediados a ideia de 
como esta transcorrendo a mediação;
• O cáucus copos em latim: Encontro amistoso (figurativamente) entre p 
mediador e cada um dos mediando em separado para diálogo confidencial;
• O brainstorming (em inglês, tempestade de ideias): Busca capturar as ideias 
dos mediando sobre como resolver a disputa;
• O teste de realidade: Proporciona aos mediandos a oportunidade de 
refletirem sobre as propostas realizadas entre as partes.
143
3. Resumo: Esta etapa consiste na “identificação dos problemas e interesses”, 
tendo como tarefa, esclarecer e confirmar os interesses de cada parte, ajudar 
as partes a começar a ver o ponto de vista uma da outra e motivar as partes 
para a solução de problemas.
4. Construções de Alternativas: Essa etapa é a de aprofundar a mediação nos 
problemas e nas diferenças entre as partes, desenvolver novas consciências 
e perspectivas nas partes.
Para cumprir essa etapa, o mediador deve, executar as tarefas de recompor o 
relacionamento interpessoal, desenvolver nova consciência e perspectivas e 
descobrir interesses ainda ocultos.
5. Escolhas das Alternativas: Nesta etapa, o mediador deve criar e avaliar 
opções que atendam aos interesses das partes e as tarefas consistem em 
ajudar as partes a desenvolver opções que atendam seus interesses e avaliar, 
selecionar e organizar propostas.
6. Fechar o Acordo: Nesta fase, deve-se fazer com que as partes formalizem 
o acordo, tendo o mediador, as tarefas de desenvolver os termos finais de 
um acordo, colocar os termos por escrito, obter a aprovação legal, redigir em 
conjunto com as partes o acordo final.
REFERÊNCIAS 
CAVAGNOLI, I. Curso de mediação e arbitragem do sindicato dos economistas 
do Estado de São Paulo. Disponível em: <www.ambito-jurídico.com.br> 
acesso em 19/01/2016.
WOLFSDDORF, Pablo J. Curso de técnicas de negociação extrajudicial na 
área cível, comercial, trabalhista e familiar. Sindicato dos Economistas do 
Estado de São Paulo. Disponível em: < http://www.sindecon-esp.org.br/> 
acesso em: 19/01/2016.
http://www.ambito-jur�dico.com.br/
http://www.sindecon-esp.org.br/
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
PERÍCIA,
AVALIAÇÃO E 
ARBITRAGEM
Conteúdo:
José Valter Januário
Pablo Rojas
Coordenador
PERÍCIA 
CONTÁBIL I
Aline Alves
Danielle Ferreira 
Fabiana Tramontin 
Tatiane Antonovz
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
P441 Perícia contábil I / Aline Alves ... [et al.] ; [revisão técnica:
 Lilian Martins]. – PortoAlegre : SAGAH, 2017.
 330 p. il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-150-1
 1. Contabilidade - Perícia. I. Alves, Aline.
CDU 657
Revisão técnica:
Lilian Martins
Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário
Professora do Curso de Ciências Contábeis 
Coordenadora do Núcleo de Assessoramento Fiscal (NAF) 
das Faculdades São Judas Tadeu
Mediação, conciliação e 
arbitragem: conceitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 De� nir os conceitos de mediação e conciliação.
 Descrever o conceito de arbitragem.
 Identi� car as vantagens do uso da mediação e da arbitragem.
Introdução
A mediação e a conciliação são dois diferentes instrumentos que as partes 
podem utilizar. A mediação é um processo formal. Ela depende do auxílio 
de um terceiro para ocorrer. Sua atuação deverá contar com absoluta 
independência. Já a conciliação é um processo um pouco diferente, 
mais leve e que pode ser conhecido como mediador. Esse processo, 
composto de seis diferentes etapas, visa a agilizar a solução para a lide, 
trazendo mais rapidez e objetividade para questões legais. A arbitragem, 
outra forma de solução de problemas legais, inclui também órgãos da 
administração direta e indireta. O perito contábil tem aqui novamente um 
papel decisivo. Cabe a ele calcular os valores envolvidos nos processos, 
as despesas relativas a eles ou os valores julgados como pagáveis ao 
final de todas as análises. Isso tanto na mediação quanto na conciliação 
ou na arbitragem. 
Neste texto, você irá entender as diferentes características tanto da 
mediação quanto da conciliação, suas fases e os envolvidos. Também 
vai compreender a arbitragem e todas as suas nuances. Além disso, verá 
como o perito desempenha suas funções, auxiliando no cálculo dos 
valores apurados.
U N I D A D E 4 
joliveira
Text Box
joliveira
Rectangle
Mediação e conciliação
A mediação é um processo formal. Nele, partes confl itantes recebem auxílio 
de um terceiro, que deverá obrigatoriamente ser imparcial em relação a elas. 
Esse terceiro pode ser substituído por um painel de pessoas também sem 
interesses diretos na causa da lide. 
A lide é o conflito de interesses manifestado em juízo. O termo lide frequentemente 
é utilizado como sinônimo da palavra ação. Ele também pode estar relacionado à 
demanda, ao litígio ou ainda ao pleito judicial (DIREITONET, 2005).
A pessoa ou o painel de pessoas, também denominado como mediador, 
não sugere nem impõe uma solução. Também não interfere nos termos de um 
eventual acordo entre as partes. Todo o trabalho de mediação é regido pelas Leis 
nº 13.105 e nº 13.140, ambas de 2015. O papel do mediador é fazer com que as 
partes divergentes possam chegar a um acordo julgado como bom para ambas.
A conciliação, por sua vez, é um processo mais breve. É oriundo de ajustes 
de interesses entre as partes discordantes. Além disso, sempre tem o objetivo 
de dirimir os conflitos a partir da interposição de um acordo. Em tal acordo, 
as partes divergentes recebem auxílio de um terceiro. Este também é impar-
cial. Se necessário, um painel de pessoas sem qualquer interesse na causa 
pode substituí-lo. O terceiro é denominado conciliador. Ele utiliza técnicas 
específicas para auxiliar todas as partes a chegarem a uma solução para o 
caso, denominada acordo.
Diferente do mediador, o conciliador apenas sugere uma solução para a 
lide. Ele não impõe qualquer possibilidade às partes, ficando tal prerrogativa 
ao árbitro ou a um juiz. Todo o processo de conciliação é normatizado pelo 
Manual de Mediação do CNJ (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2015).
O processo de mediação é composto de seis etapas distintas. São elas: 
1. Início e ambientação.
2. Reunião de informações.
3. Identificação de questões, interesses e sentimentos.
4. Esclarecimento das controvérsias e dos interesse.
Mediação e arbitragem: conceitos246
5. Resolução das questões do conflito.
6. Encerramento, que é o registro das resoluções encontradas.
Um mediador, no entanto, pode pular ou abreviar as etapas da maneira 
que julgar mais conveniente, sempre de forma que beneficie ambas as partes. 
Além disso, deve manter a total transparência do processo.
Tanto a mediação quanto a conciliação são regidas por alguns princípios 
básicos. São a independência, a imparcialidade, a autonomia da vontade, a 
confidencialidade, a oralidade, a informalidade e a decisão confirmada, todos 
definidos pela Lei nº 13.140 (BRASIL, 2015b).
De acordo com a legislação específica que versa sobre o tema, tanto a 
mediação quanto a conciliação têm a utilização aventada quando a divergência 
tiver a possibilidade de ser resolvida com o uso de diálogo. Isso vale para 
pessoas físicas e jurídicas, sejam elas públicas ou privadas.
A mediação é largamente utilizada. Ela possui maior eficácia quando já 
existe um vínculo entre as partes. A conciliação, por sua vez, é mais indicada 
em casos específicos, com uma controvérsia bem direcionada e delimitada. 
Nessas situações, não há a necessidade de se manter o relacionamento eventual 
entre as partes após os trâmites terem terminado.
É possível usar tanto a mediação quanto a conciliação de duas maneiras 
distintas: na esfera judicial e na esfera extrajudicial. A diferença entre as duas 
é que a primeira está ligada aos trâmites legais formais, e a segunda, não. 
Esta se caracteriza pelo maior nível de informalidade e, consequentemente, 
rapidez para as partes envolvidas na controvérsia.
Os juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público 
devem estimular essas formas de resolução de problemas. Afinal, elas são 
consensuais e mais ágeis. Cabe ao autor da ação indicar de maneira explícita 
na petição inicial se deseja ou não a audiência de conciliação ou de mediação.
A lei também estabelece que não cabe às partes a aceitação ou não dos 
mediadores. A única situação em que isso pode ocorrer é nos casos compro-
vados de impedimento ou suspeição por parte dos mediadores.
Para ações que não ultrapassam o montante de 40 salários mínimos e com 
menor potencial ofensivo, a conciliação passou a ser uma regra nas infrações 
penais, de acordo com o que estabelece a Lei nº 9.099 (BRASIL, 1995). Já 
no ano de 2016, uma resolução foi aprovada, a 174 do Conselho Superior da 
Justiça do Trabalho. Ela traz regulamentação para a mediação, mas no âmbito 
da Justiça do Trabalho. O objetivo é deixar esse ramo mais ágil, garantindo 
não somente os interesses dos funcionários, mas também os direitos dos 
empregadores.
247Mediação e arbitragem: conceitos
Já na esfera extrajudicial, a mediação trata de conflitos em que as partes 
procuram um profissional em mediação ou em conciliação. Alternativamente, 
uma entidade especializada neste tipo de serviço pode ser procurada pelas partes.
O convite para que a mediação extrajudicial ocorra deve ser feito com o 
uso de qualquer meio de comunicação. Ele deve deixar claro tanto a matéria 
que será objeto da negociação como a data e o local em que se pretende que 
ocorra a mediação. Caso esse pedido não seja respondido no prazo de 30 dias 
contados do seu recebimento, o mesmo será considerado rejeitado.
É possível realizar uma audiência de conciliação ou de mediação por 
meio eletrônico, não havendo necessidade de que tal meio seja homologado 
pela Justiça. O uso da internet está completamente liberado para a difusão de 
informação de áudio e vídeo das partes. Isso, como você deve imaginar, desde 
que não haja qualquer objeção de nenhuma parte envolvida.
Um perito contábil sempre será o responsável por calcular os valores envolvidos em 
um processo. Ele definirá quanto cada parte será responsável por cobrir. Nesse sentido, 
se consideram tanto despesas relativas ao processo quanto valores julgados como 
pagáveis ao final de todas as análises. Isso vale para a mediação e para a conciliação.
Existem duas maneiras distintas pelas quais as pessoas podem escolher a 
mediação. Elas são a cláusula compromissóriae o compromisso de mediação. A 
primeira delas, a cláusula compromissória, já vem explícita nos contratos. Ela 
estabelece que a mediação poderá ser o meio utilizado para dirimir os eventuais 
conflitos que ocorram. O compromisso de mediação se refere ao compromisso 
dos envolvidos em uma lide qualquer de utilização do processo de mediação. 
É possível verificar que a cláusula compromissória normalmente vem antes 
do compromisso de mediação, momento em que já há alguma rusga existente.
Também é importante você saber que, mesmo se tratando de situação extra-
judicial, em nenhum momento qualquer das partes está impedida de ingressar 
no Poder Judiciário com processo judicial. Se houver qualquer suspeita de que 
os procedimentos podem prejudicar uma parte, esta tem completa liberdade 
para exercer esses direitos. Um perito contábil é o melhor profissional para 
direcionar as partes e definir se um acordo está, de fato, trazendo justiça a 
um processo, seja ele judicial ou extrajudicial.
Mediação e arbitragem: conceitos248
O conceito de arbitragem
A Lei nº 9.307 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei nº 13.129/15, estabelece 
todas as normas relativas à arbitragem. Ela especifi ca que as pessoas podem 
se utilizar dessa ferramenta para acabar com problemas de ordem legal ligados 
a direitos patrimoniais disponíveis. Isso inclui órgãos tanto da administração 
direta quanto da administração indireta das três esferas governamentais.
O processo de arbitragem também possui alguns princípios norteadores 
explícitos. São a boa-fé das partes, a igualdade das partes, o contraditório e 
a ampla participação das partes no processo, a celeridade e a imparcialidade 
do árbitro, além de seu livre convencimento.
Nos casos em que a arbitragem tiver como parte a administração pública, seja ela 
direta ou indireta, se deve utilizar complementarmente o princípio da publicidade. 
Além dele, se fazem necessários os princípios gerais de direito e as regras internacionais 
de comércio, em sua integralidade.
Considere as situações em que se fazem necessários o cálculo e o 
levanta-mento de valores monetários para a identificação de direitos e a 
compensação financeira de qualquer parte. Nelas, o trabalho do perito 
contábil ganha im-portância. Afinal, ele é o único profissional capaz de 
realizar o levantamento preciso dos direitos e do que necessita ser 
compensado a cada parte envolvida na situação de arbitragem.
Para ser um árbitro, é necessário seguir o que estabelece a Lei nº 9.307 
(BRASIL, 1996), que é a Lei da Arbitragem, alterada pela Lei 13.129/15. 
De acordo com ela, se deve ter a confiança das partes envolvidas no 
processo, e a pessoa deve ser legalmente capaz. As partes podem efetuar a 
nomeação de um ou mais árbitros, mas sempre totalizando um número ímpar. 
Isso também vale para o número dos suplentes. A utilização de um número 
ímpar de árbitros evita a situação de empate nos julgamentos. As partes 
também podem convencionar que utilizarão um órgão arbitral institucional ou 
uma empresa que preste serviços de seleção de árbitros.
Enquanto estiver no pleno desempenho da função, o árbitro sempre deve 
agir com imparcialidade, com independência, com competência, com dili-
gência e com discrição. Assim como no caso dos juízes, os árbitros também 
249Mediação e arbitragem: conceitos
estão sujeitos a impedimento por suspeição. Nesse sentido, se aplicam a eles 
as mesmas obrigações e responsabilidades previstas no Código de Processo 
Civil (BRASIL, 2015a).
Outro fato merece destaque. O árbitro, de maneira distinta de um perito 
contábil, é considerado um funcionário público para efeitos penais enquanto 
estiver no pleno desempenho de suas funções. Além disso, você deve considerar 
que a sentença do árbitro não é sujeita a recurso nem necessita de homologação 
do Poder Judiciário. Isso faz com que ele seja um juiz não somente de fato, 
mas também de direito.
Uma das obrigações de um árbitro é, sempre que for instaurado o devido 
processo arbitral, a condução e a decisão da controvérsia. As partes e seus 
representantes legais, os advogados, são obrigados a colaborar, cooperar e 
fornecer ao árbitro todos os elementos necessários para que o julgamento da 
lide ocorra da melhor maneira.
Um processo arbitral é finalizado com a emissão da sentença. Esta é fir-
mada pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros, se houver. Para que ele seja 
finalizado, também é necessário que o relatório contenha os nomes de todas as 
partes e um breve resumo da causa geradora da lide. Nele devem constar ainda 
os fundamentos para a decisão tomada, em que se tomam como base todas as 
provas e ocorridos de fato e de direito. Nesse sentido, é necessário deixar claro 
que os árbitros julgaram o processo utilizando a equidade. Também se deve 
incluir no relatório o dispositivo utilizado para que os árbitros resolvessem as 
questões e definissem o prazo para que a decisão seja cumprida. Por último, 
devem constar o local e a data em que a sentença foi definida.
Caso não haja um prazo definido pelas partes, a sentença será proferida no prazo de 
até seis meses. Esse prazo é contado a partir do início do processo de arbitragem ou 
da eventual substituição do árbitro ou dos árbitros existentes.
Cabe lembrar que a sentença arbitral possui as mesmas prerrogativas legais 
de uma sentença proferida por um juiz. Ela é caracterizada como um título 
executivo de condenação.
Dado seu escopo, é salutar que um perito contábil calcule e defina os valores 
devidos pelas parte. Isso para efeito de compensação por prejuízos ou outras 
Mediação e arbitragem: conceitos250
perdas julgadas como procedentes pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros 
após proferida a sentença arbitral.
Comparativamente com a Justiça estatal, a arbitragem apresenta uma série 
de distinções. Estas trazem mais facilidade para o trabalho de todos. Considere 
uma perícia contábil, por exemplo, que é muito requisitada nos casos que 
envolvem bens tangíveis e intangíveis. Ela se torna muito mais direcionada 
e facilitada quando o processo é movido com o uso da arbitragem em vez do 
uso da Justiça comum.
O tempo médio de um processo tramitando no regime de arbitragem é de alguns 
poucos meses, não chegando a completar um ano, em média. Já um processo de 
mesma monta e importância, se ajuizado na Justiça comum e seguindo todos os 
trâmites, normalmente demora anos para ser considerado transitado em julgado.
Com relação aos custos incorridos por todas as partes, no caso da Justiça 
comum há as custas processuais ordinárias, além dos honorários advocatícios 
e dos ônus de sucumbência. Isso sem contar todos os protocolos e pagamentos 
necessários para recorrer a instâncias superiores nos casos de recursos a serem 
impetrados pelas partes. Já no caso da arbitragem, os custos do procedimento 
são bem inferiores aos ordinários. Isso faz com que todas as partes possam 
honrar com tais pagamentos sem prejudicar o seu equilíbrio financeiro de 
maneira indevida.
Quanto à representatividade realizada por terceiros, nos casos da Justiça 
comum, a constituição de um advogado e o pagamento de custas são obrigató-
rios. Assim, deixa de existir tal obrigatoriedade nos casos de arbitragem, pois 
a própria pessoa pode se representar e se defender sozinha. O mesmo ocorre 
com as possibilidades de negociação. Eles são muito amplas nos processos de 
arbitragem e mais restritas em se tratando de Justiça comum.
251Mediação e arbitragem: conceitos
Um processo que se encaminhe em uma câmara de arbitragem possui sigilo que pode 
ser pleiteado pelas partes sem qualquer restrição. Já na Justiça comum todos os pro-
cessos são de acesso público, a não ser que tramitem em regime de confidencialidade. 
Isso, contudo, se apresenta como exceção à regra de publicidade do direito brasileiro.
Outro fator que diferencia muito a arbitragem da Justiça comum é a efi-
cácia da sentença e os possíveis recursos que as partes podem impetrar. Na 
arbitragem, não há possibilidade de recurso. Já na Justiça comumexiste uma 
ampla possibilidade de recursos, se podendo chegar até a Suprema Corte 
brasileira em casos extremos.
Na esfera arbitral, a sentença é anunciada em instância única. Assim, é 
automaticamente constituída em título executivo judicial. É nesse momento 
que o trabalho do perito contábil se faz importante. Afinal, uma vez proferido 
o resultado final pelo árbitro, o perito contábil já pode iniciar os trabalhos de 
coleta de informações e de cálculos periciais para auxiliá-lo nos trabalhos finais.
Em se tratando da Justiça comum, a sentença judicial apenas é considerada 
como um título executivo após o julgamento do último recurso ajuizado pela 
parte interessada. Conforme você viu anteriormente, há várias possibilida-
des de recursos por parte dos interessados que se julgarem injustiçados ou 
prejudicados. Contudo, todos os recursos representam custas adicionais para 
os pleiteantes.
Vantagens do uso da mediação e da arbitragem
Não é novidade buscar novas soluções para fazer com que o Poder Judiciário 
fi que menos sobrecarregado. Como você sabe, hoje há imensa quantidade de 
processos em fi la para serem analisados e julgados. Assim, qualquer cidadão 
pode utilizar uma maneira alternativa, porém legal, de ter sua controvérsia 
analisada e seu problema resolvido. Isso sem a necessidade de recorrer ao 
Poder Judiciário de maneira direta, o que acarretaria mais um peso para o já 
tão sobrecarregado sistema brasileiro.
O profissionalismo da mediação e da arbitragem é equivalente ao de um 
juiz. Isso traz tranquilidade para todas as partes de um processo, assim como 
para seus representantes legais devidamente constituídos.
Mediação e arbitragem: conceitos252
Quando se retira do Estado a responsabilidade exclusiva pelo julgamento 
de lides entre diversas partes, não se retira de forma alguma o seu poder ou 
a sua soberania. O que se faz é exatamente o contrário. Afinal, o Estado 
continua tão poderoso que resolve delegar tal tarefa a outros partícipes. Estes 
são considerados tão competentes quanto ele para o desempenho de tarefas 
de julgamento e definição de sentenças.
No Brasil, existe tanto a Lei de Arbitragem quanto a Lei de Mediação. 
Elas resultam de uma evolução da cultura jurídica brasileira. Assim, dão 
à população a escolha de buscar a Justiça estatal ou a Justiça privada, sem 
qualquer prejuízo.
Essas leis buscam tornar o direito processual brasileiro mais social. Elas 
identificam os ajustes necessários decorrentes da nova realidade tecnológica. 
Além disso, rompem com o mito de que apenas o aparelhamento estatal tem 
o poder de resolver conflitos jurídicos.
Atualmente, a arbitragem passou a ser um instrumento muito usual nos negócios. 
Ela ganhou princípios e tem uma importância tão grande, que já passou a ser parte 
integrante de especificidades contratuais País afora. Essas influências podem ser tanto 
positivas quanto negativas, caracterizando a eficácia do uso da arbitragem como 
solucionadora de problemas entre partes.
A arbitragem possui um caráter bem amplo. Isso ocorre pois trata de 
relações entre particulares, sendo largamente utilizada no âmbito comercial. 
Causas mais ou menos complexas muitas vezes sequer necessitam do trabalho 
mais técnico de um perito contábil. Afinal, já estão claras as especificidades 
contratuais e os meandros de cada rusga contratual que eventualmente ocorra. 
No entanto, você sabe que não é possível prever todas as ocorrências, nem 
mapear todos os problemas de uma relação contratual. Dessa forma, o uso 
dos serviços de um perito contábil se faz presente e importante em muitos 
processos de arbitragem no País.
Como benefícios diretos da mediação e da conciliação, você pode consi-
derar a celeridade, a autonomia da vontade das partes, a informalidade dos 
processos, a efetividade, a confidencialidade, a exequibilidade e a prevenção de 
conflitos. Além disso, o processo é mais brando do que um processo normal. 
253Mediação e arbitragem: conceitos
Isso acontece porque as partes concordaram previamente em buscar uma 
solução alternativa para dirimir seus conflitos.
Toda a etapa procedimental também é mais simplificada, e as partes podem 
compreendê-la mais facilmente. Isso permite que elas mesmas criem artifícios 
e possam pensar em alternativas que auxiliem o mediador ou o conciliador 
durante as tarefas rotineiras. Com a aproximação mais latente entre as partes e 
os titulares pela mediação, eles identificam melhor as necessidades. Isso, é claro, 
sem deixar de respeitar as individualidades e os diretos de nenhuma das partes.
Para que a mediação seja realmente simples, é necessária uma análise mais minuciosa. 
Normalmente, um perito contábil realiza essa análise. Esse trabalho de perícia é muito 
mais ágil que uma perícia judicial. Isso ocorre pois ele normalmente possui um aval 
prévio da parte afetada, deixando o processo todo mais rápido.
Outro fator benéfico para todas as partes é que elas mesmas são responsáveis 
por apresentar possíveis soluções para os conflitos em questão. Isso gera uma 
possibilidade quase nula de insatisfação com os resultados finais alcançados. 
Você pode perceber isso especialmente se comparar essa situação com uma 
decisão imposta por um terceiro.
A mediação diminui o desgaste emocional, economizando tempo, recursos 
financeiros, controlando os riscos e mantendo a relação afetiva, negocial ou 
social que previamente existia entre as partes. Assim, representa uma ótima 
relação custo-benefício.
Se for interesse de ambas as partes que todo o processo seja levado sob sigilo, 
há o princípio da confidencialidade. Dessa forma, fica completamente resguardado 
o completo sigilo das informações e das deliberações realizadas pelo mediador 
ou pelo conciliador. Esse recurso é bastante atraente em determinadas situações.
Já para a arbitragem, as vantagens diretas estão ligadas à celeridade e à 
economia, assim como na mediação e na conciliação. Há ainda vantagens 
relacionadas à especialidade, à confidencialidade, à autonomia da vontade, 
à segurança jurídica processual e à irrecorribilidade, ou seja, à incapacidade 
das partes de recorrerem de uma decisão tomada por um árbitro. Isso deixa o 
processo mais rápido, diminuindo para zero as possibilidades de recursos ou 
postergações processuais tão comuns no Poder Judiciário.
Mediação e arbitragem: conceitos254
1. A mediação é um processo formal 
em que as partes conflitantes 
recebem o auxílio de um terceiro. 
Existe a possibilidade de substituir 
este terceiro por uma outra figura 
legal. Qual seria essa figura? 
a) Um comitê de pessoas.
b) Um painel de pessoas.
c) Uma junta de pessoas.
d) Um conselho.
e) Um parente de um 
dos envolvidos.
2. A mediação é regida por alguns 
princípios básicos, estabelecidos 
pela Lei nº 13.140/2015 (BRASIL, 
2015b). Assinale a alternativa que 
apresenta tais princípios: 
a) Imparcialidade do mediador, 
isonomia entre as partes, 
oralidade, informalidade, 
autonomia da vontade das 
partes, busca do consenso, 
confidencialidade e boa-fé.
b) Imparcialidade do mediador, 
isonomia entre as partes, 
eficiência, informalidade, 
autonomia da vontade das 
partes, busca do consenso, 
confidencialidade e boa-fé.
c) Imparcialidade do mediador, 
isonomia entre as partes, 
oralidade, formalidade, 
autonomia da vontade das 
partes, busca do consenso, 
confidencialidade e boa-fé.
d) Parcialidade do mediador, 
isonomia entre as partes, 
oralidade, informalidade, 
autonomia da vontade das 
partes, busca do consenso, 
confidencialidade e boa-fé.
e) Parcialidade do mediador, 
desigualdade entre as partes, 
oralidade, informalidade, 
autonomia da vontade das 
partes, busca do consenso, 
confidencialidade e boa-fé.
3. Em alguns casos, a arbitragem pode 
ter como parte a administração 
pública, seja ela direta ou ainda 
indireta. Nesses casos, de forma 
adicional, qual outro princípio 
deverá ser respeitado? 
a) Princípio da competência.
b) Princípio da publicidade.
c) Princípio da eficiência.
d) Princípio da eficácia.
e) Princípioda entidade.
4. O processo arbitral, quando 
instaurado, é composto de diferentes 
etapas. Para que ele seja finalizado, 
é preciso que o relatório contenha o 
nome de todas as partes, o resumo 
da lide e os fundamentos para a 
decisão tomada. Além disso, como 
pode ser caracterizada a finalização 
do processo arbitral? 
a) Como a emissão da sentença.
b) Como a emissão do laudo.
c) Como a emissão do relatório.
d) Como a emissão da nota técnica.
e) Como a emissão do recurso.
5. No Brasil, existe tanto a 
normatização relativa à 
arbitragem quanto a relativa à 
mediação. Ambas são 
consideradas como uma 
revolução na cultura brasileira, 
permitindo maior acesso à 
Justiça pela população em geral. 
Considerando que a arbitragem 
possui um caráter bem mais amplo, 
255Mediação e arbitragem: conceitos
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Brasília, DF, 1995. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017.
BRASIL. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 25 set. 2016.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 10 
ago. 2017.
BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 10 
ago. 2017.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Comitê Gestor Nacional da Conciliação. Manual 
de mediação judicial 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/
files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/c276d2f56a76b701ca94df1ae0693f5b.
pdf>. Acesso em: 18 set. 2017.
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Resolução CSJT nº 174, de 30 de setem-
bro de 2016. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.csjt.jus.br/c/document_li-
brary/get_file?uuid=235e3400-9476-47a0-8bbb-bccacf94fab4&groupId=955023>. 
Acesso em: 19 set. 2017.
DIREITONET. Lide. Sorocaba, 2015. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/
dicionario/exibir/873/Lide>. Acesso em: 19 set. 2017.
já que trata de relações entre 
particulares, qual é a sua forma mais 
comum de utilização? 
a) Âmbito público.
b) Âmbito litigioso.
c) Âmbito legal.
d) Âmbito administrativo.
e) Âmbito comercial.
Mediação e arbitragem: conceitos256
Conteúdo:
SOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
JURÍDICOS
Eduardo Zaffari
 
U N I D A D E 4
Mediação: princípios, 
tipos e áreas de atuação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar os princípios aplicáveis à mediação, bem como as suas áreas 
de atuação.
  Explicar os diversos tipos de mediação.
  Esquematizar as atitudes do mediador.
Introdução
Os princípios norteadores da mediação estão prescritos no Código de 
Processo Civil (CPC) de 2015 e na Lei de Mediação (Lei nº. 13.140, de 26 
de junho de 2015), além de estarem implícitos em outros princípios 
do ordenamento jurídico, como boa-fé e paridade. Como elementos 
estruturantes, os princípios da mediação devem ser observados e 
aplicados na mediação judicial e extrajudicial, independentemente 
da área mediada.
A mediação é única, consistindo em importante meio de resolução de 
conflitos. Entretanto, ante a variedade e a complexidade de assuntos que 
podem ser mediados, desenvolveram-se diferentes tipos de mediação, 
que poderão ser adotados conforme o assunto tratado ou a prática e a 
experiência do mediador. 
O mediador deverá se aperfeiçoar nas diferentes técnicas de me-
diação, habilitando-se para se tornar um facilitador, para que as partes 
construam a melhor solução para o conflito mediado. Com sensibilidade 
lalves
Retângulo
lalves
Retângulo
e flexibilidade, deverá adotar atitudes que restabeleçam a comunicação, 
o que permitirá a criação de um ambiente propício à composição.
Neste capítulo, você vai aprender os princípios, as áreas de atuação 
e os diferentes tipos de mediação. Você vai também verificar as atitudes 
necessárias do mediador.
Princípios aplicáveis na mediação 
e as suas áreas de atuação
Os princípios norteadores da mediação, mais do que apenas diretrizes 
orientadoras do instituto, importam no reconhecimento da dignidade da pessoa 
humana, conforme cláusula constante no art. 1º, III, da Constituição Federal 
de 1988. Trata-se de exteriorização da participação democrática do cidadão 
nas decisões que afetarão a sua vida.
Nesse sentido, buscam-se princípios nos dispositivos legais de forma ex-
pressa, tanto aqueles que tratam do processo quanto os que tratam dos meios 
de resolução de conflito. Observe que princípios expressos não excluem ou-
tros decorrentes da Constituição Federal e do processo civil que possam ser 
implicitamente deduzidos. No plano normativo, encontram-se os princípios 
da mediação no CPC de 2015, no art. 166:
  independência;
  imparcialidade;
  autonomia da vontade;
  confidencialidade;
  oralidade;
  informalidade;
  decisão informada.
Igualmente consta, no art. 2º da Lei nº. 13.140/2015, a qual trata especifi-
camente da mediação, que esse meio de resolução deverá observar, obrigato-
riamente, os seguintes princípios: 
  imparcialidade do mediador;
  isonomia entre as partes; 
  oralidade;
  informalidade; 
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação2
  autonomia da vontade das partes; 
  busca do consenso; 
  confidencialidade; 
  boa-fé.
Com poucas distinções entre ambos, examinemos os principais no plano 
normativo (BRASIL, 2015a).
Ao dispor a autonomia de vontade como princípio, está-se valorizando 
a liberdade como valor da dignidade da pessoa humana. Torna-se a parte 
envolvida no conflito protagonista e responsável pelas consequências do 
conflito e sua resolução. Confia-se na capacidade do indivíduo de escolher e 
valoriza-se seu senso de justiça, que deverá levar as partes a optar, de forma 
voluntariosa, pelo caminho de resolução consensual ao momento de crise. 
Sendo os envolvidos os protagonistas, deverão estes optar livremente pela 
mediação, mantendo-se livre a sua vontade para participar, escolher o caminho 
e manter-se na mediação desde o início do procedimento até seu fim. Em 
qualquer momento durante o procedimento, poderão as partes interromper o 
procedimento caso sintam-se constrangidas.
Ligado à autonomia de vontade, o princípio da decisão informada, segundo 
Tartuce (2018, p. 206), é o princípio que “[...] impõe o esclarecimento, por parte 
dos mediadores, sobre os direitos de aceitar participar da via consensual e de 
seguir participando das sessões”. Embora refira que esse princípio consiste 
em um esclarecimento quanto ao direito de participar da mediação, o autor 
reconhece a necessidade de que os participantes tenham dados suficientes 
para a construção da solução do litígio. 
Apenas se pode reconhecer uma vontade livre e autônoma de qualquer 
participante se houver a compreensão pelas partes sobre os direitos e deveres 
da mediação, sobre os direitos e deveres da discussão na mediação e as conse-
quências de eventual solução que as partes se comprometam em composição. 
O mediador não deve agir como advogado ou consultor das partes, sob pena 
de comprometer a necessária imparcialidade, mas deverá se certificar de que 
as partes estão devidamente informadas, sob pena de comprometimento da 
liberdade consensual necessária.
3Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
A Lei nº. 13.130, de 2 de março de 2015, prescreve expressamente o direito de a parte 
desistir da mediação a qualquer momento:
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios:
[...]
§ 2º Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de me-
diação (BRASIL, 2015b, documento on-line).
Os meios usuais de resolução de conflitos pelo Poder Judiciário podem ser, 
em alguns momentos, opressivos e confrontadores. Isso porque o processo 
judicial tem uma série de ritos, expressões e usos que podem ser,para o 
leigo, intimidadores. Os meios alternativos de solução de conflitos devem 
ser acolhedores, razão pela qual há expressa previsão legal do princípio da 
informalidade. Isso significa que a mediação deverá permitir a tranquilidade, 
a descontração e que as partes se sintam participantes do procedimento e da 
construção da solução. A informalidade não exime, entretanto, o mediador de 
esclarecer as partes sobre algumas regras a serem observadas no procedimento. 
Sem impedir que as partes imponham o clima que desejam ao procedimento, 
regras mínimas como respeito mútuo, ouvir o outro, confidencialidade, dentre 
outras, permitirão o procedimento. A flexibilidade do procedimento, fruto da 
informalidade, auxiliará para que os litigantes consigam estabelecer a comuni-
cação e construir a melhor solução para sua controvérsia. Para Spengler (2017, 
p. 149), “[...] nesse sentido, nada obsta que os envolvidos busquem soluções 
alternativas, desde que suas escolhas não firam a moral e os bons costumes”.
Os mediadores deverão atuar com imparcialidade e independência, ou 
seja, sem qualquer espécie de pressão, influência ou subordinação, seja em 
relação às partes, seja em relação ao Poder Judiciário. O princípio da inde-
pendência determina que, sempre que um mediador se sentir constrangido, 
verificar que não há condições de desenvolvimento do procedimento, ou 
constatar que o acordo que as partes pretendem é ilegal ou impossível de ser 
cumprido por qualquer dos participantes, deverá recusar-se de participar, 
conforme estabelece o Código de Ética de Mediadores e Conciliadores, da 
Resolução CNJ nº. 125, de 29 de novembro de 2010.
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação4
O princípio da imparcialidade prescreve que o mediador não deverá posi-
cionar-se em favor de qualquer dos envolvidos, velando os mesmos motivos de 
suspeição e impedimento que valem para os juízes de direito, além de qualquer 
outro motivo que possa, mesmo não revelado, influenciar que o mediador 
prestigie qualquer das partes da mediação. Quanto maior o reconhecimento 
da imparcialidade do mediador pelas partes, maior credibilidade este gozará 
para conduzir as partes à construção de uma solução para o litígio. Por esse 
motivo, o mediador deverá revelar, antes do início do procedimento, qualquer 
situação que embarace sua participação. Trata-se de um dever de revelação. 
Observe, contudo, que as adoções de técnicas de negociação não importam 
em comprometimento da imparcialidade do mediador.
Para o reestabelecimento da comunicação, o princípio da oralidade é 
essencial. Nas sessões, as partes terão a oportunidade de verbalizar, passar 
suas impressões, construir reflexões, escutar outras perspectivas e responder 
e formular questionamentos. É o momento de participação que permitirá a 
construção da solução mais adequada à crise discutida. Recordando que o 
processo oral não exclui a utilização da escrita para a formalização do acordo. 
Spengler (2017) afirma que a oralidade advém dos Juizados Especiais Cíveis 
e Criminais, Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995.
O processo do trabalho, já há muito tempo, valoriza a oralidade na colheita da prova 
e nos demais atos processuais, embora a Lei nº. 9.099/1995 a tenha expressamente 
prescrito no art. 62.
Dois pontos que suscitam algumas dúvidas quanto à oralidade são: 
1. se o mediador deverá ler para as partes o processo ou peças escritas 
do litígio, ou deverá permitir que as partes construam oralmente a 
controvérsia de que vão tratar;
2. se deverá o mediador transcrever o que as partes disserem durante a 
sessão de mediação.
5Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
Responder a esses questionamentos positivamente depende das ca-
racterísticas de negociação de cada mediador, ou seja, da maneira que se 
sinta o mediador mais à vontade na sessão e, por fundamental, que tais 
transcrições e leituras não tornem o procedimento formal e engessado. É 
importante que a solução a ser adotada para o conflito seja transcrita na 
medida em que os envolvidos permitam, de forma clara e objetiva. Embora 
não haja exigência legal de que o acordo seja escrito, essa forma permite 
um senso de responsabilidade maior e uma melhor organização psíquica 
dos termos do acordo. 
O princípio da busca de consenso se relaciona com a necessidade de 
cooperação entre as partes e a não competitividade. Segundo Tartuce (2018, 
p. 219): 
[...] verifica-se uma situação cooperativa quando um participante do processo, 
ligado de forma positiva a outro, comporta-se de maneira a aumentar suas 
chances de alcançar o objetivo, aumentando com isso também a chance de 
que o outro o faça. 
O mediador e todos os envolvidos no procedimento deverão atuar de forma 
contributiva para que se possa reestabelecer a comunicação e o diálogo, com 
um ambiente propício ao consenso. Observe que, mesmo que não cheguem ao 
consenso quanto à solução, poderão as partes criar um ambiente de comunicação 
que lhes oportunize, em outro momento, uma composição.
Nesse sentido, ganha enfoque a boa-fé, que deverá pautar os sentimentos 
das partes, que deverão atuar com honestidade, lealdade e justiça em relação a 
todos os envolvidos, sejam estes a parte adversa, os advogados, os mediadores 
ou terceiros. Os envolvidos poderão ter diferenças quanto a aspectos sobre o 
bem da vida discutido, mas isso não lhes permite que possam agir de forma 
desleal ou desonesta em relação ao outro. O ordenamento jurídico brasileiro 
ressalta, a todo o momento, a necessidade de que as partes guardem a boa-fé 
tanto na formação quanto na execução dos negócios jurídicos, conforme 
prescreve o art. 422 do Código Civil (BRASIL, 2002, documento on-line): 
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Observe que, 
pela natureza jurídica contratual da mediação, o art. 840 do Código Civil 
prescreve ainda que “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem 
o litígio mediante concessões mútuas”, o que deverá observar sempre a 
boa-fé contratual.
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação6
O Código Civil traz inúmeros exemplos em que a boa-fé vem prescrita como um 
pressuposto das relações civis, como nos arts. 128, 164, 167, 187, 242, 286, 307 e 309, 
entre inúmeros outros. 
A confidencialidade vem determinada no §1º do art. 166 do CPC, para 
que as partes possam se sentir à vontade para agir com transparência, com-
partilhando informações e dados que possam auxiliar na solução do problema. 
Absolutamente tudo o que for tratado na sessão de mediação será confidencial, 
mesmo que qualquer das partes admita fato controverso do litígio. Por esse 
motivo, apenas serão transcritos os fatos, as propostas e os encaminhamentos 
que todos os envolvidos concordem que sejam escritos. Igualmente, não poderá 
ser revelado oralmente o que for tratado entre as partes durante a mediação. 
Assim, a Lei determina que “[...] a confidencialidade se estende a todas as 
informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser 
utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes” 
(BRASIL, 2015b, documento on-line). As informações obtidas no processo de 
mediação não poderão ser usadas em qualquer processo judicial ou arbitral, e 
o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou 
depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. 
Por fim, as partes deverão ter igual oportunidade durante o procedimento, 
resguardando-se a isonomia. O mediador deverá observar que as partes te-
nham igual tempo para exposição de suas razões, mesmo número de sessões 
individuais, mesmas oportunidades de exposição e mesmos instrumentos 
negociais. A inobservância dessa igualdade, mesmo que não proposital, poderá 
dar a impressão ao supostamente prejudicado de que estaria sendo preterido, 
quebrando a necessária confiança e cooperação. 
Os princípios orientadores serão aplicados na mediaçãojudicial e na mediação 
extrajudicial, independentemente do tema que versará a mediação. Isso porque 
eles auxiliarão no reestabelecimento da comunicação, no respeito mútuo e na 
preservação das partes, facilitando na construção de uma solução aceita por todos 
e que pacifique o litígio. Evidentemente, um mediador extrajudicial, de confiança 
das partes, poderá desconhecer alguns desses princípios, o que não o exime de os 
observar. O importante é, na medida do possível ao mediador extrajudicial, que 
tenha ciência e treinamento adequados, aplicando-os no processo de mediação.
7Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
A mediação poderia se aplicar, se bem conduzida, a qualquer espécie de conflito. 
Porém, considerando-se que se torna mais eficaz e adequada quando existem laços 
anteriores, cuja compreensão de reestabelecimento acaba por conduzir as partes à 
responsabilização pelo conflito e sua resolução, algumas áreas têm tido preferência 
como meio de resolução.
Os conflitos familiares, os conflitos decorrentes de litígios sobre bens e 
direitos (Direito das Coisas) — como os direitos de vizinhos e sobre bens —, 
as divergências contratuais, as divergências associativas (de clubes e escolares) 
e as decorrentes de direitos sucessórios (heranças), têm sido as áreas em que 
há o melhor aproveitamento desse meio de solução de conflitos. Isso porque 
as partes se sentem responsáveis pelos outros e, em razão da ruptura momen-
tânea da comunicação, surge o litígio. Nesse sentido, a mediação surge como 
o meio mais adequado de aproximação e comunicação entre os conflitantes. 
Os diversos tipos de mediação
A mediação surge na necessidade de tratar um confl ito decorrente da busca 
pelo indivíduo de suprir uma necessidade, seja esta uma necessidade social, 
de segurança, de autoestima, de autorrealização ou até mesmo uma necessi-
dade fi siológica básica. Da contraposição de sentimentos e interesses entre 
os indivíduos para a satisfação dessas necessidades, surge a necessidade de 
tratamento adequado do confl ito.
As diferentes concepções sobre o conflito e as suas complexidades obrigam 
que o seu tratamento seja realizado de forma interdisciplinar, utilizando-se 
da psicologia, da filosofia, da matemática, da sociologia, da antropologia e de 
diversas outras ciências que possam, cada uma à sua maneira, reestabelecer a 
comunicação e permitir que os conflitantes busquem o consenso. Não há dúvida 
de que a mediação é única, consistindo em um meio de resolução adequado 
do conflito que, pela complexidade e variedade dos problemas envolvidos, se 
desdobrará em diversas formas de enfoque e escolas de abordagem.
Ressalta-se que as formas de abordagem do conflito não são excludentes, 
tampouco significam serem umas melhores do que as outras. Dada a trans-
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação8
disciplinaridade da mediação, os diferentes tipos serão aplicáveis conforme 
a sua adequação ao caso e a capacidade técnica e emocional dos envolvidos 
(partes, mediadores, auxiliares). Bacellar (2016, p. 108) classifica quatro 
diferentes tipos de mediação, embora não considere a última propriamente 
mediação, como adiante se explanará:
Mediação da Escola de Harvard. Essa modalidade de mediação é considerada 
a mediação clássica e desenvolve-se em fases bem defi nidas e estruturadas, ba-
seadas em princípios que buscam desvelar interesses acobertados por posições. 
Usa as técnicas negociais desenvolvidas pela Escola de Harvard, buscando a 
solução por meio de ganhos mútuos.
Mediação circular-narrativa. Conhecida também como modelo Sara Cobb. 
Deve-se buscar uma visão sistêmica, com foco não apenas nas pessoas en-
volvidas, mas também em suas historicidades e relações sociais pertinentes, 
pois o confl ito não se dá de forma isolada, relacionando-se com outros fatores 
nem sempre identifi cáveis de imediato.
Mediação transformativa. Conhecida como modelo de Bush e Folger, essa 
forma de mediação busca transformar a atitude adversarial dos envolvidos em 
uma postura colaborativa, confi ando na capacidade das partes de identifi car 
os interesses envolvidos e de decidir pelo reestabelecimento do vínculo para, 
a partir de então, encontrar uma solução que atenda aos interesses de todos 
os envolvidos.
Mediação avaliadora. Essa modalidade se diferencia das demais porque 
o mediador, depois de cumpridas todas as etapas da mediação e recolhidas 
todas as propostas de solução criadas pelos envolvidos, emite a sua opinião 
de solução de confl ito como forma de viabilizar o acordo.
Como se antecipou, Bacellar não considera a última dessas formas como 
uma efetiva mediação, pois o mediador e a mediação são facilitadores para que 
as partes construam as soluções que considerem mais adequadas e optem por 
solucionar o conflito numa dessas formas encontradas (BACELLAR, 2016). 
Nas três primeiras formas de mediação, o mediador não intervém no mérito do 
conflito e não participa escolhendo ou sugerindo um caminho. Na mediação 
avaliadora, o mediador, além de facilitar o processo de mediação durante o 
procedimento, recolhe as propostas de solução sugeridas pelas partes e emite 
a sua opinião, interferindo no mérito.
9Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
A Escola de Harvard desenvolveu as mais conhecidas técnicas negociais utilizadas 
mundialmente, fundamentando-se na negociação distributiva, em que há a criação 
de valor a partir do conflito, com a possibilidade de ganhos mútuos. Trata-se da busca 
por uma negociação ganha-ganha.
A mediação poderá ser ainda judicial ou extrajudicial. Indicada aos con-
flitantes que tenham um vínculo anterior, cuja identificação dos interesses 
facilitará a criação de soluções para a resolução do conflito, a mediação é 
prescrita no CPC, entre suas normas fundamentais e em seção própria. Sua 
previsão no art. 3º, § 3º, permite que esse meio de solução se irradie para 
todo o sistema processual. Embora o marco da mediação se encontre na Lei 
13.140/2015, a introdução desse meio de solução de conflito no CPC reforça 
a sua importância e explicita que um dos meios disponíveis aos operadores 
do Direito para a solução do litígio está dentro do processo.
Na mediação judicial, o encaminhamento para um dos Centros de Concilia-
ção e Mediação criados pelo Poder Judiciário, no âmbito dos diversos Estados da 
Federação, se dará durante o processo judicial, a qualquer tempo, ou antes mesmo 
do início da instrução processual, em sua fase inicial. Ao receber as manifestações 
iniciais das partes (inicial, contestação), o juiz poderá mandá-las imediatamente 
à mediação, considerando ser esta a melhor alternativa para o reestabelecimento 
da comunicação. Note-se que as partes poderão mediar todo o conflito ou apenas 
parcialmente. Mesmo quando não solucionado o conflito na mediação, a mera 
submissão ao procedimento poderá servir para o reestabelecimento do vínculo, 
para que as partes possam solucionar o processo judicial mais adiante.
A Resolução CNJ nº. 125/2010 introduziu no Brasil a Política Judiciária de Tratamento 
Adequado de Conflitos, aplicando-se seus preceitos indistintamente à mediação 
judicial ou extrajudicial
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação10
Mas o conflito poderá ser tratado extrajudicialmente também, usando-se 
os mesmos princípios, métodos, etapas (fases) ou modelos usados no Poder 
Judiciário. Em alguns países da África inclusive, a mediação extrajudicial 
com líderes comunitários é a prática, como em Angola. Os conflitantes poderão 
consensualmente optar por tratar o conflito pela intermediação de um terceiro 
imparcial na mediação quando surgido o litígio, ou poderão estabelecer 
contratualmente que eventual conflito decorrente em um contrato seja tratado 
na mediação, como possibilita o art. 22 da Lei da Mediação. Existindo interesse 
em prever contratualmente a mediação extrajudicial, as partes contratantes 
deverão estabelecer os seguintes requisitos: 
  prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de 
mediação,contado a partir da data de recebimento do convite; 
  local da primeira reunião de mediação; 
  critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; 
  penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à pri-
meira reunião de mediação.
 Caso não queiram os contratantes estabelecer esses requisitos considerados 
mínimos, poderão indicar o regulamento publicado por instituição idônea 
prestadora de serviços de mediação, no qual constem critérios claros para a 
escolha do mediador e a realização da primeira reunião de mediação.
Atitudes do mediador
Inicialmente, é importante lembrar que o mediador deverá ser qualifi cado, 
como prescrevem os arts. 9º e 11 da Lei de Mediação, de acordo com o fato de 
atuarem ou não em juízo. A Resolução CNJ nº. 125/2010 aponta as prescrições 
éticas a serem observadas pelo mediador.
Para atuar como mediador judicial, a pessoa deverá ser capaz, ser gra-
duada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição 
reconhecida pelo Ministério da Educação e ter obtido capacitação em escola 
ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional 
de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM) ou pelos tribu-
nais. Por outro lado, o mediador extrajudicial deverá ser qualquer pessoa 
capaz, que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, 
independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe 
ou associação, ou nele inscrever-se.
11Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
Embora parte da doutrina tenha criticado a menor exigência de requisitos 
para o mediador extrajudicial, tal fato se justifica como forma de habilitar 
qualquer pessoa que goze da confiança dos mediandos a servir de elo entre 
os litigantes. O legislador, nesse aspecto, teve a sensibilidade de compreender 
que alguém de confiança, mesmo sem a qualificação do mediador judicial, 
é muito mais eficaz para a aproximação das partes, justamente por ser de 
confiança destas. Segundo Didier Junior. (2015, p. 276):
O mediador exerce um papel um tanto diverso. Cabe a ele servir como veículo 
de comunicação entre os interessados, um facilitador do diálogo entre eles, 
auxiliando-os a compreender as questões e interesses em conflito, de modo 
que eles possam identificar, por si mesmos, soluções consensuais que gerem 
benefícios mútuos. Na técnica da mediação, o mediador não propõe soluções 
aos interessados. Ela é por isso mais indicada nos casos em que exista uma 
relação anterior é permanente entre os interessados, como nos casos de con-
flitos societários e familiares. A mediação será exitosa quando os envolvidos 
conseguirem construir a solução negociada do conflito.
Por essa razão, o mediador deverá observar uma flexibilização procedi-
mental, ou seja, embora a mediação tenha uma série de atos que podem ser 
seguidos pelo mediador, este não está obrigado a segui-los e, com o tempo, 
desenvolverá as suas próprias técnicas. Igualmente tem a prerrogativa de 
efetuar sessões individuais com as partes, ou parte, caso ache conveniente. O 
mediador também deverá adotar um tom informal, o que não dispensa uma 
técnica e, eventualmente, um roteiro a ser seguido.
Segundo Spengler (2017, p. 31), o mediador deverá exercer as seguintes 
funções e atitudes:
  Ajudar as partes conflitantes a identificar e a confrontar as questões 
do conflito — a presença desse terceiro, que será neutro e equidistante, 
permitirá que as partes se acalmem e ponham de lado as ansiedades 
para que possam confrontar-se com questões que não conseguiriam 
num ambiente não controlado. A presença do mediador também reduz 
eventuais assimetrias entre as partes, permitindo uma equivalência 
suficiente para a busca por uma solução.
  Ajudar a promover circunstâncias e condições favoráveis para se con-
frontarem as questões — o mediador possibilitará a criação de um 
espaço e uma atmosfera propícios para que as partes possam encontrar 
um espaço neutro, sem que as rupturas imediatas forcem qualquer das 
partes a pactuar, ou que estas se sintam tensas em razão do encontro 
com o outro conflitante. As partes serão recebidas em um ambiente 
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação12
acolhedor e equivalente, com espaços de tempo simétricos e sem qual-
quer espécie de pressão.
  Ajudar a remover os bloqueios e as distorções no processo comunicativo 
para que possa se desenvolver uma comunicação mútua — o mediador 
deverá estimular que os conflitantes, tanto o mais articulado quanto o 
menos articulado, consigam expressar completamente suas opiniões, 
viabilizando que a comunicação seja compreendida por ambos de igual 
forma. O mediador poderá, inclusive, treinar os conflitantes a se comu-
nicarem de forma mais clara e efetiva, para que possam se expressar 
melhor e viabilizar a comunicação rompida.
  Ajudar a estabelecer normas para a interação racional, como o respeito 
mútuo, a comunicação aberta, o uso de persuasão em vez de coerção e 
o desejo de atingir um acordo mutuamente satisfatório — em ambientes 
de conflito, é comum que algumas partes tentem atingir a outra com 
agressões verbais ou em seus pontos sensíveis, impedindo a formação da 
comunicação. Nesse sentido, o mediador poderá viabilizar que as partes 
observem regras justas no procedimento e que atentem ao respeito mútuo 
e à justa argumentação, para que uma parte não se sobressaia à outra.
  Ajudar a determinar que tipos de soluções são viáveis — o mediador 
deverá auxiliar na identificação de soluções pelas partes, tendo abso-
luto cuidado para jamais sugerir as possibilidades de solução para o 
conflito. Um mediador cuidadoso criará um ambiente e auxiliará na 
criação e identificação de alternativas de solução, sem que essa criação 
e identificação parta de si.
  Colaborar para que um acordo viável seja aceito pelas partes em con-
flito — o mediador deverá ser um facilitador para que apenas acordos 
viáveis sejam celebrados, pois as partes não se sentirão responsáveis 
e comprometidas caso realizem acordos inexequíveis ou prejudiciais 
aos interesses de um dos conflitantes.
  Ajudar a tornar as negociações e o acordo celebrado prestigiosos e 
atraentes para os públicos interessados — sendo o mediador um terceiro, 
neutro em relação às partes, deverá ter uma atitude que espelhe e esti-
mule os envolvidos a negociar e a celebrar um acordo de ganhos mútuos. 
A mediação poderá ser estruturada em estágios pelo mediador. O primeiro 
estágio consiste na orientação das partes e organização do espaço de reuniões. 
Neste, deve o mediador ouvir o problema e fazer perguntas para que se possa 
organizar o conflito a ser solvido. A sala e o mobiliário devem ser propícios, 
e as partes têm que sentir que o que disserem não sairá da sala. O segundo 
13Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
estágio consiste na reunião aberta, na qual as partes são esclarecidas sobre 
a mediação, em que há as primeiras declarações e a finalização da reunião, 
partindo-se para reuniões particulares, se for o caso. 
Segundo a Lei de Mediação, art. 19, “No desempenho de sua função, o mediador 
poderá reunir-se com as partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar 
das partes as informações que entender necessárias para facilitar o entendimento 
entre aquelas” (BRASIL, 2015a, documento on-line).
No terceiro estágio, o mediador fará reuniões particulares com as partes, nas 
quais conhecerá os interesses de cada um, a visão sobre os fatos importantes, 
suas expectativas, etc. No quarto estágio, efetuam-se as reuniões conjuntas 
e particulares, nas quais as partes discutirão as formas de solucionar o con-
flito e as soluções para os impasses que surgem. No quinto estágio, ocorre 
o encerramento da mediação com a redação do termo de acordo, caso tenha 
sido positiva a mediação.
1. O princípio da confidencialidade 
deve ser observado pelo mediador 
judicial e extrajudicial e significa que:
a) não se deve escrever o acordo 
realizado, para que ninguém 
tenha conhecimento.b) uma parte não poderá 
ouvir o que a outra afirma 
na sessão de mediação.
c) as partes, os mediadores e 
os auxiliares deverão guardar 
sigilo sobre tudo o que se 
tratar na mediação.
d) não se deve conversar sobre 
o mérito da controvérsia, mas 
apenas sobre o ponto que 
levou ao desentendimento.
e) serão escritos os termos do que 
for tratado, queiram as partes 
ou não, pois a confidencialidade 
não se aplica às partes.
2. O mediador deverá ser um terceiro 
imparcial. Isso importa que:
a) o mediador não deverá, em 
momento algum, se manifestar 
na mediação, deixando que 
apenas as partes falem.
Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação14
b) o ato de o mediador sentar-se 
entre as partes já é suficiente 
para que seja imparcial.
c) o mediador poderá se 
manifestar, mas cuidando 
para que não beneficie 
qualquer dos conflitantes.
d) o mediador não poderá 
ser tendencioso para o 
autor do conflito, pois este 
está em vantagem.
e) o mediador não poderá 
ser tendencioso para a 
vítima do conflito, pois esta 
está em vantagem.
3. A mediação é única, mas há 
diferentes abordagens. Então, 
é correto afirmar que:
a) os diferentes tipos de mediação 
são excludentes entre si.
b) as diferentes abordagens 
de mediação poderão ser 
usadas simultaneamente.
c) tais abordagens significam que 
o mediador dará uma sugestão 
de solução ao conflito.
d) tais abordagens não 
dependem do conflito a 
ser mediado, tampouco da 
experiência do mediador.
e) são abordagens erradas, 
pois apenas a mediação 
clássica deve ser utilizada.
4. Os requisitos entre os 
mediadores judiciais e 
extrajudiciais diferem porque:
a) o mediador judicial é 
mais importante que o 
mediador extrajudicial.
b) não há estrutura para treinar 
todos os mediadores.
c) se quer desestimular a 
mediação extrajudicial.
d) não há diferenças de requisitos.
e) sendo o mediador extrajudicial 
alguém escolhido pelas partes, 
ele não precisa ter a formação 
formal de mediador.
5. O mediador deverá facilitar 
a identificação da questão 
do conflito porque:
a) tal ação permite descobrir 
quem teve a culpa.
b) permite que as partes 
processem a outra quando 
cientes do real problema.
c) possibilita que as partes 
compreendam que 
apenas interessam seus 
próprios interesses.
d) permite ao mediador 
comunicar ao juiz o que 
realmente está em jogo, 
para que o Judiciário possa 
decidir o processo.
e) a identificação da questão 
permite que os conflitantes 
compreendam que o litígio 
tem causas subjacentes não 
identificadas, procurando-se 
superar essas causas por 
meio de um acordo.
15Mediação: princípios, tipos e áreas de atuação
BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2016.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 2 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 2015b. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 2 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº. 13.140, de 26 de junho de 2015. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil, Brasília, DF, 29 jun. 2015a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm>. Acesso em: 2 jul. 2018.
DIDIER JUNIOR., F. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual 
civil, parte geral e processo de conhecimento 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. v. 1. 
SPENGLER, F. M. Mediação de conflitos: da teoria à prática. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2017. 
TARTUCE, F. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Diário Oficial [da] República Federa-
tiva do Brasil, Brasília, DF, 27 set. 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L9099.htm>. Acesso em: 2 jul. 2018.
BRASIL. Resolução CNJ nº. 125, de 29 de novembro de 2010. Dispõe sobre a Política 
Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito 
do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em: <http://www.cnj.jus.
br/busca-atos-adm?documento=2579>. Acesso em: 2 jul. 2018.
MARASCHIN, M. U. (Coord.). Manual de negociação baseado na teoria de Harvard. 
Brasília: EAGU, 2017. 
http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/
http://www.planalto.gov.br/
http://www.cnj.jus/
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DIREITO 
APLICADO AO 
AGRONEGÓCIO
Renato Traldi Dias
Mediação e arbitragem 
no agronegócio
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir mediação, conciliação e arbitragem no Direito.
  Conceituar mediação conciliação e arbitragem com ênfase no 
agronegócio.
  Solucionar as alternativas dos conflitos, visando à resolução dos 
problemas.
Introdução
Algumas formas de resolução de conflitos são alternativas à via judicial 
tradicional em que um autor entra com uma ação contra um réu e um 
juiz emite uma sentença. Trata-se de métodos considerados mais céleres 
e menos complexos, muito úteis para casos em que as divergências 
entre duas partes não são tão graves ou em que ambas têm interesse 
em obter uma resolução rápida para o seu problema.
Neste capítulo, você vai ler sobre a mediação, conciliação e arbitra-
gem do ponto de vista geral do Direito, bem como vai compreender 
as diferenças conceituais entre cada uma. Você também vai analisar a 
aplicação desses conceitos ao agronegócio, com menção, inclusive, para 
alguns exemplos de processos de conciliação e mediação específicos 
previstos para esse setor. Por fim, você vai ver casos em que esses 
métodos de resolução de conflito apresentam problemas em si para 
aprender a lidar com isso.
Mediação, conciliação e arbitragem
no âmbito do Direito em geral
Para melhor compreendermos a aplicação dos institutos da mediação, 
conciliação e arbitragem em matéria de agronegócio, é preciso primeiro 
aprender o que eles representam exatamente e como funcionam no Direito 
de forma geral.
De início, ressaltamos que, embora esses três termos possam ser utilizados 
de modo praticamente fungível no dia a dia, no ordenamento jurídico, eles 
adotam significados explicitamente distintos. Todos centram-se na ideia de um 
terceiro que intervém em relação conflituosa entre duas ou mais pessoas para 
que se tente chegar a uma resolução que dispense a necessidade de condução 
de um — provavelmente — extenso processo jurídico em que, ao final, um 
juiz dá uma sentença, sendo que uma das partes é considerada a perdedora 
e a outra vencedora.
A comparação com essa conclusão de um processo jurídico comum é 
oportuna, pois destaca uma das características inerentes àqueles dois primeiros 
institutos de resolução de conflito, qual seja: o fato de que a mediação e a 
conciliação tendem a evitar cenários de perdedor e vencedor, já que, nas duas, 
se houver sucesso, será porque as partes chegaram a um acordo que ambas 
consideram aceitável.
Dizemos aceitável, pois é incomum que do acordo entre duas partes 
engajadas em um litígio — ou seja, em um cenário em que há conflito de 
interesses — decorra situação em que uma obtém resultado consideravel-
mente mais benéfico do que a outra; em geral, há compromisso de ambos os 
lados para se chegar a um meio termo. Contudo, é possível que uma parte, 
encontrando-se em situação em que não esteja convencida de que pode obter 
triunfo pela via jurisdicional tradicional, esteja mais aberta para chegar a 
um acordo em que tenha que arcar com uma maior onerosidade do que a 
parte contrária.Feita essa introdução, passamos então para o estudo dos conceitos de me-
diação, conciliação e arbitragem presentes em lei. A mediação e a conciliação 
têm tratamento conjunto no art. 165 do Código de Processo Civil, enquanto 
que a arbitragem se encontra regulamentada por legislação própria: a Lei nº. 
9.307, de 23 de setembro de 1996. Destarte, cabe analisar aqueles dois primeiros 
institutos em conjunto para, depois, abordarmos a arbitragem em separado.
Mediação e arbitragem no agronegócio2
O mencionado art. 165 determina que:
[...] os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, 
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e media-
ção e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e 
estimular a autocomposição (BRASIL, 2015, documento on-line) 
O que pode passar a impressão de que só podem ser convocados esses 
agentes oficiais — que, segundo o art. 167, têm até cadastro próprio, além de 
cadastro junto ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal. Todavia, 
o art. 168, § 1º, deixa claro que esse não é o caso, já que estabelece que “[...] o 
conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado 
no tribunal” (BRASIL, 2015, documento on-line).
Assim, a escolha por conciliadores ou mediadores oficiais é opcional; e 
esse espírito de flexibilidade e menor rigorosidade se estende até às próprias 
regras do procedimento de conciliação ou mediação, conforme art. 166, § 4º, 
que dispõe que “[...] a mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre 
autonomia dos interessados” (BRASIL, 2015, documento on-line).
Essa abordagem faz sentido, pois, como mencionado, são as próprias 
partes litigiosas que chegarão, ou não, a um acordo nesses dois processos. 
Dessa forma, é razoável que as partes tenham poderes para agir como bem 
entenderem para que se chegue a um compromisso, dispensando movimentação 
maior da notoriamente lenta máquina jurídica do Estado. 
Ademais, a rigorosidade excessiva faria esses processos se assemelharem 
demasiadamente a um processo judicial tradicional completo, de modo que 
seria redundante. Afinal, uma das funções principais desses institutos é re-
solver o conflito entre as partes de forma mais célere possível, do contrário, 
elas simplesmente recorreriam à via tradicional do Judiciário.
Isso não significa, evidentemente, que esses dois processos são desprovidos, 
de forma completa, de normas regulatórias e que os dispositivos legais que 
tratam deles são inúteis. Como é de praxe, a lei se preocupa com os casos 
mais extremos, como os comportamentos opostos aos bons costumes, casos 
de exacerbada desigualdade entre as partes e ações intimidatórias ou cons-
trangedoras da liberdade das partes. Ademais, a lei também define o papel 
do mediador na mediação e do conciliador na conciliação.
3Mediação e arbitragem no agronegócio
O art. 334, § 8º, do Código de Processo Civil estabelece que o não comparecimento 
injustificado de uma das partes a uma audiência de conciliação — que, via de regra, 
ocorre no início de um processo judicial — é considerado ato atentatório à dignidade 
da justiça, incorrendo em multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do 
valor da causa. Vale ressaltar que não é obrigatório realizar audiência de conciliação, 
pois, se ambas as partes manifestarem desinteresse, ela não ocorrerá; mas, ocorrendo, 
é de interesse público o sancionamento de quem desrespeitar esse compromisso 
(BRASIL, 2015).
O art. 165, § 2º, determina que o conciliador “[...] poderá sugerir soluções 
para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento 
ou intimidação para que as partes conciliem” (BRASIL, 2015, documento 
on-line). Já o § 3º estabelece que o mediador “[...] auxiliará aos interessados a 
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, 
pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos” (BRASIL, 2015, documento on-
-line). Ou seja, ambos tentam facilitar a comunicação e dirimir conflitos 
entre as partes, mas o mediador adota uma posição mais passiva do que a do 
conciliador, que pode sugerir soluções para o problema.
Em termos da escolha por um ou outro instituto — mediação ou conciliação 
—, o portal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) oferece alguma perspectiva, 
com base no que diz o restante do art. 165:
Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe relaciona-
mento duradouro entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação; para 
conflitos subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de 
que tal relacionamento perdure, indica-se a mediação. Muitas vezes, somente 
durante o procedimento, é identificado o meio mais adequado (CONSELHO 
NACIONAL DE JUSTIÇA, 2019, documento on-line).
O uso da existência ou inexistência de vínculo entre as partes para a 
escolha entre mediação e conciliação se justifica pelo argumento de que 
pessoas que já se conheçam — amigos, membros da mesma família, colegas 
de trabalho, entre outros — têm maior probabilidade de chegarem a um 
consenso por conta própria do que desconhecidos. Destarte, para partes com 
vínculo anterior ao litígio, tende a bastar que o terceiro atue como mediador, 
Mediação e arbitragem no agronegócio4
mas, em casos de partes que não têm nenhuma relação uma com a outra, é 
melhor que o terceiro atue na qualidade de conciliador, oferecendo soluções 
de um ponto de vista imparcial.
A conciliação e a mediação podem ser utilizadas anteriormente a uma ação judicial ou 
até mesmo no âmbito dela, já que um dos requisitos da petição inicial — documento 
pelo qual um autor acessa o Poder Judiciário, para fins de dar início àquela ação, 
presente no art. 319, VII, do Código de Processo Civil — é exatamente a indicação da 
preferência do autor por realizar ou não audiência de conciliação ou de mediação. 
Ademais, como menciona o portal do CNJ, após a opção por uma abordagem, é 
possível perceber que a outra seria melhor. Assim, considerando que o art. 334, § 2º, do 
Código de Processo Civil permite a realização de mais de uma audiência de conciliação 
ou mediação, é possível fazer a conciliação após ser tentada a mediação ou a mediação 
após ser tentada a conciliação. Vale notar, contudo, que o § 2º estabelece que todas 
as audiências desse tipo, subsequentes à primeira, devem ser realizadas dentro do 
período de 2 meses contados dela (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2019).
A arbitragem é um instituto regulamentado pela Lei nº. 9.307/1996. Ela 
difere da mediação e da conciliação principalmente pelo fato de que o terceiro 
escolhido para a realizar decidirá a melhor solução para o caso, em vez de 
induzir as partes litigiosas a chegarem a um acordo entre si.
É importante analisar o conteúdo do art. 1º da Lei nº. 9.307/1996, que deter-
mina que “[...] as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem 
para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis” (BRASIL, 
1996, documento on-line). Já o § 1º estabelece que “[...] a administração pública 
direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos 
a direitos patrimoniais disponíveis” (BRASIL, 1996, documento on-line).
Da leitura desses dispositivos, verificamos que podem utilizar a arbitragem 
todas as pessoas capazes de contratar e a Administração Pública direta e 
indireta. Esta última é facilmente compreendida, pois não há sequer neces-
sidade de se fazer distinção entre Administração Pública direta e indireta, já 
que ambas estão inclusas; porém, o conceito de pessoas capazes de contratar 
demanda explicação.
5Mediação e arbitragem no agronegócio
É necessário cuidado na leitura dos arts. 3º e 4º do Código Civil, que listam 
as pessoas consideradas, respectivamente, como absolutamente incapazes — 
que são só os menores de 16 anos — e relativamente incapazes — maiores 
de 16 e menores de 18 anos, pessoas com

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