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1 Disciplina de Semiologia II Textos de Apoio às Aulas Prof. Carlos Fernando Moreira Silva O objetivo dos textos seguintes é orientar o estudo da Semiologia e oferecer informações complementares às aulas. Para melhor aproveitamento, a leitura das informações aqui contidas deverá ser realizada antes das aulas. Semiologia do Aparelho Respiratório 1- Aspectos gerais Antes de abordarmos a Semiologia propriamente dita é necessária a revisão de conceitos e conhecimentos prévios, indispensáveis para obtenção, compreensão e interpretação dos sinais e sintomas. Relembremos os ensinamentos dos titios Gualter e Marcinho. O aparelho respiratório é constituído por um conjunto de tubos condutores que levam o ar inspirado até os alvéolos, área onde ocorrem as trocas gasosas com o sangue. Porém, a respiração envolve, também, uma etapa distributiva (circulação) e uma etapa celular (mitocôndrias) que não serão objetos do nosso estudo, no momento. A figura seguinte representa a estrutura geral do aparelho respiratório. O observe a localização e a distribuição anatômica das vias aéreas (nariz, laringe, traqueia, brônquios principais, brônquios secundários, bronquíolos, bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios e alvéolos, estes envolvidos pela rede de capilares pulmonares). Há ainda, a região intersticial, representada pela fina camada de tecido conjuntivo que envolve as vias aéreas e que se coloca entre os alvéolos e os vasos sanguíneos. Respeito o interstício. Você verá como essa região é importante. E lembre- se da pleura, com seus folhetos parietal e visceral, e do espaço pleural. Não se esqueça de estudar o posicionamento dos pulmões na caixa torácica. Os limites pulmonares são diferentes quando observados nas faces anterior, lateral e posterior do tórax. 2 A próxima figura representa o espaço alveolar, em detalhes. Observe a distribuição da rede capilar ao redor dos alvéolos. 2- Aspectos Fisiológicos A passagem doa ar através das vias aéreas – do nariz ou da boca até os alvéolos - é chamada ventilação. As trocas entre os alvéolos e o sangue – fornecimento de oxigênio e captação de gás carbônico – constituem o fenômeno da difusão. O transporte do oxigênio pelo organismo, através do sangue, constitui a distribuição. O uso do oxigênio pelas células, em nível mitocondrial constitui a respiração celular. Voltaremos constantemente a esses conceitos durante o estudo das síndromes respiratórias e, de modo especial, quando estudarmos a insuficiência respiratória. É muito importante que você compreenda as consequências das diversas doenças do aparelho respiratório sobre as etapas da respiração. 3- Exame do Aparelho Respiratório O conjunto formado pelos pulmões e pela caixa torácica forma uma caixa de ressonância dinâmica que produz movimento, vibrações e sons específicos. A análise dos movimentos e dos sons produzidos durante a respiração permite a identificação de alterações e contribui, de forma valiosa, para a identificação de doenças. O exame do aparelho respiratório compreende quatro técnicas: - inspeção: o examinador deve observar a forma do tórax e os movimentos produzidos durante a respiração; - palpação: técnica que permite ao examinador avaliar a expansibilidade do tórax e as vibrações produzidas pelo fluxo aéreo através dos pulmões. Tais vibrações são produzidas pela voz e, em algumas situações, pela própria respiração; - percussão: como os pulmões permanecem constantemente cheios de ar, a vibração da caixa torácica produz sons específicos. A percussão consiste em fazer vibrar a caixa torácica e analisar o resultado sonoro; - ausculta: a passagem do ar pelas vias aéreas e sua penetração nos alvéolos produz sons específicos que podem ser ouvidos com auxílio do estetoscópio. As variações desses sons podem significar doenças das vias aéreas ou da região alvéolo- intersticial. Há, ainda, sons anormais que surgem apenas quando há alguma alteração das estruturas pulmonares. Você deverá aprender e treinar as técnicas de exame durante as aulas práticas. O aparelho respiratório é generoso e permite a identificação das alterações com relativa facilidade. 3 3.1) Achados Normais e Anormais O exame do tórax normal produzirá alguns fenômenos com os quais é preciso familiarizar-se. Isso você fará nas aulas práticas. Portanto, não vacile! - na inspeção, espera-se que tórax não apresente deformidades e que os dois hemitórax expandam-se de forma simétrica e ampla, sem limitações; - na palpação, pesquisam-se os frêmitos. O frêmito tóraco-vocal é produzido durante a fala (pronunciar “trinta e três”) do paciente e deve apresentar-se simétrico, uniformemente distribuído e sem variações ao se comparar regiões equivalentes. Os frêmitos brônquico e pleural são anormais. O primeiro sugere obstáculo à passagem do ar pelas vias aéreas e o segundo, atrito entre os folhetos pleurais; - na percussão, a vibração da caixa torácica deve produzir o som claro pulmonar, típico do exame normal. A hipersonoridade sugere aumento do conteúdo aéreo pulmonar e a hipossonoridade (ou macicez) sugere redução do conteúdo aéreo pulmonar ou ocupação do parênquima por material denso; - na ausculta, o examinador obterá diversos sons produzidos pela passagem do ar durante a ventilação. Na região cervical ouvir-se-á o som traqueal. Nas regiões supra e infraclaviculares e supraescapulares serão ouvidos os som bronquial ou bronco- vesicular, representativos da passagem do ar pelos brônquios-fonte. Nas demais regiões será ouvido o som ou murmúrio vesicular, produzido pelo amortecimento progressivo dos sons à medida que se propagam pelo parênquima e pela abertura alveolar no momento da chegada do ar. A ausculta da voz produzirá a ressonância vocal, som percebido quando o paciente pronuncia “trinta e três”. Como sons anormais, o examinador poderá auscultar: . roncos: sons graves, predominantemente expiratórios, resultantes da dificuldade de passagem do ar através de brônquios maiores; . sibilos: sons agudos, ins e expiratórios, porém mais acentuados na expiração, semelhantes a chiados, resultantes da dificuldade de passagem do ar através dos brônquios menores e dos bronquíolos; . estertores grossos: sons de pequena intensidade, semelhantes à ruptura de pequenas bolhas, ins e expiratórios, resultantes da dificuldade de passagem do ar através dos bronquíolos, sugerindo acometimento da região bronquíolo-alveolar; . estertores finos: sons de pequena intensidade, semelhantes ao som produzido pela abertura de fechos de “velcro”, resultantes da dificuldade de abertura alveolar, sugerindo comprometimento da região alvéolo-intersticial; . sopro tubário: trata-se, na verdade, da propagação do som traqueal ou do som bronquial para uma região periférica do pulmão, onde não é normal que se ouçam tais sons. Resulta da condensação do parênquima pulmonar que passa a transmitir o som através de meio mais denso que o ar, conduzindo o som das grandes vias aéreas à periferia dos pulmões; . pectorilóquia ou broncofonia: ausculta-se a voz do paciente amplificada e anasalada quando se pesquisa a ressonância vocal. Tem o mesmo significado e a mesma origem do sopro tubário; . sopro anfórico e egofonia: sons anormais produzidos durante a ausculta da voz. São idênticos à pectorilóquia no tocante ao som produzido. Resultam da aproximação do parênquima pulmonar de uma grande via aérea. O sopro anfórico é observado na região apical do tórax, nos casos de pneumotórax. A egofonia pode ser auscultada nos limites superiores dos derrames pleurais; . atrito pleural: é um som áspero, rangente, rude, que se acentua ao pressionar o estetoscópio contra a parede torácica. É encontrado nas pleurites. 4- Interpretação dos Achados 4 Como foi dito, o aparelho respiratório é generoso ao revelar-se durante o exame físico. Porem, não basta que a semiotécnica seja corretamente executada e os dados pesquisadossejam obtidos. É fundamental que você saiba interpretar os achados. Consideremos, então: - as doenças pulmonares obstrutivas, comprometem o fluxo aéreo através das vias respiratórias e podem gerar roncos e/ou sibilos. Nessa categoria encontram-se: asma brônquica, bronquites agudas e crônicas, bronquiectasias, tumores endobrônquicos, e doença pulmonar obstrutiva crônica. Além dos achados de ausculta, essas doenças podem reduzir a expansibilidade torácica e o frêmito tóraco-vocal, causar o aparecimento do frêmito brônquico, além de causar hipersonoridade à percussão; - as pneumonias bacterianas cursam com preenchimento do espaço alveolar e/ou bronquiolar por exsudato inflamatório, dificultando a passagem do ar pelos bronquíolos terminais e a abertura alveolar, podendo gerar estertores grossos e finos. A exsudação acentuada causa consolidação do parênquima pulmonar, uma vez que a secreção preenche o espaço alveolar. Tal consolidação funciona como poderoso condutor do som. Caso haja na área afetada um brônquio livre, serão auscultados o sopro tubário e a pectorilóquia. Além desses achados, haverá redução da expansibilidade torácica, macicez à percussão e poderá haver aumento do frêmito tóraco-vocal; - as pneumopatias intersticiais comprometem o tecido conjuntivo da região entre os alvéolos e os capilares e dificultam a abertura alveolar. Aqui estão incluídas as pneumonias virais e fúngicas, as doenças autoimunes, a congestão pulmonar, a fibrose pulmonar, as pneumoconioses e as vasculites pulmonares, dentre outras doenças. O principal achado clínico serão os estertores finos e a redução da expansibilidade torácica; - no pneumotórax haverá ocupação do espaço pleural por ar, rechaçando o pulmão para o centro do mediastino. Haverá redução ou abolição do som vesicular, ausência do frêmito tóraco-vocal, hipersonoridade à percussão, redução acentuada da expansibilidade pulmonar, sendo que o local afetado poderá apresentar-se abaulado. O sopro anfórico poderá ser auscultado; - no derrame pleural haverá ocupação do espaço pleural por líquidos de varias naturezas. O parênquima pulmonar será rechaçado e ficará mais distante do examinador. Haverá redução ou abolição do som vesicular e do frêmito tóraco-vocal, macicez à percussão, redução da expansibilidade torácica e o local afetado poderá apresentar-se abaulado; - no colapso pulmonar (atelectasia), o conteúdo aéreo será removido, como consequência de obstrução completa de alguma via aérea, por bloqueio interno ou por compressão. Haverá colabamento dos alvéolos e o parênquima pulmonar “murchará”. O som vesicular estará abolido, o frêmito tóraco-vocal ausente, a expansibilidade reduzida. O local afetado poderá apresentar-se retraído e a percussão produzirá som maciço. Esteja atento às aulas específicas sobre cada uma das síndromes respiratórias mencionadas. 5 Semiologia do Aparelho Cardiovascular 1- Anatomia do Aparelho Cardiovascular – Revisão Geral Comecemos com um esquema bem básico da organização do aparelho cardiovascular. Na figura é possível perceber que o sistema é composto por tubos condutores (artérias e veias) dispostos ao redor de uma bomba (coração). Dois setores distintos caracterizam o funcionamento cardiovascular: a circulação entre o coração e os pulmões e a circulação entre o coração e o restante do corpo. A próxima figura mostra, de forma esquemática e simplificada, a distribuição das artérias e veias (rede vascular) pelo organismo. 6 Lembremo-nos da anatomia do coração. Trata-se de órgão muscular, formado por quatro câmaras que contraem e relaxam de forma sincronizada: - átrio direito: recolhe o sangue que retorna ao coração após circular pelo corpo. No átrio direito desembocam as veias cavas superior e inferior; - ventrículo direito: recebe o sangue que chega pelo átrio direito e o bombeia para os pulmões, através das artérias pulmonares; - átrio esquerdo: recolhe o sangue que retorna ao coração após passar pelos pulmões (onde o oxigênio é captado e o gás carbônico eliminado). No átrio esquerdo desembocam as veias pulmonares; - ventrículo esquerdo: recebe o sangue que chega pelo átrio esquerdo e o bombeia para o corpo através da artéria aorta. Entre as câmaras cardíacas e entre essas e os grandes vasos, existem valvas cuja função é controlar o fluxo do sangue que passa pelo coração: - valva pulmonar: localizada na saída da artéria pulmonar, a valva mantém-se aberta durante a sístole e fechada durante a diástole; - valva tricúspede: localizada entre o átrio e o ventrículo direitos, mantém-se aberta durante a diástole ventricular e fechada durante a sístole; - valva mitral: localizada entre o átrio e o ventrículo esquerdos, mantém-se aberta durante a diástole ventricular e fechada durante a sístole; - valva aórtica: localizada na raiz da aorta, na via de saída do ventrículo esquerdo, mantém-se aberta durante a sístole ventricular e aberta durante a diástole. A figura abaixo representa a anatomia do coração. Observe a morfologia do órgão e imagine o fluxo de sangue através dele: Agora vamos falar dos vasos sanguíneos: - artérias: são vasos que saem do coração para distribuir o sangue por territórios específicos (pulmões, órgãos e tecidos da circulação sistêmica). Podemos dizer que são prolongamentos dos ventrículos. São calibrosas e resistentes, ao deixar o coração, e vão emitindo ramos cada vez mais delgados terminando no polo arterial da rede capilar, na intimidade dos tecidos. Aí ocorrem trocas entre os tecidos e o sangue. - veias: são vasos que chegam ao coração, trazendo o sangue que retorna dos pulmões ou dos demais órgãos e tecidos. Originam-se no polo venoso da rede capilar e vão formando veias progressivamente calibrosas até desembocarem nos átrios. Esses, podem ser considerados prolongamento das veias. 7 As figuras abaixo representam a microcirculação, área de fundamental importância para a nutrição tecidual: O coração é um órgão contrátil, de natureza muscular. Seu funcionamento depende de contrações e relaxamentos harmônicos, sincronizados, rítmicos e organizados para que o sangue seja bombeado adequadamente. O controle dos movimentos cardíacos é exercido por um sistema de condução organizado em dois nós geradores de estímulo e vias condutoras que distribuem o estímulo elétrico pelas diversas regiões do coração. Faça uma revisão do assunto. 2- Fisiologia Cardiovascular – Revisão Geral Observe o quadro abaixo. Ele resume as funções do aparelho cardiovascular: Para que as funções da circulação sejam cumpridas adequadamente, o coração e os vasos sanguíneos devem ser capazes de atender às diversas demandas do organismo. Isso significa que o aparelho cardiovascular deve ajustar-se às variações do metabolismo orgânico, suprindo tanto o organismo em repouso quanto o organismo em atividade intensa ou em situações de stress. Surge aqui a necessidade de compreensão de um importante conceito associado à função cardíaca: o débito cardíaco (DC), que vem a ser o volume de 8 sangue que passa pelo coração em determinada unidade de tempo (um minuto) e que é expresso pela equação: Débito Cardíaco = Volume Sistólico x Frequência Cardíaca O débito cardíaco varia de acordo com as necessidades metabólicas do organismo. Você pode verificar facilmente a variação do DC quando pratica exercícios físicos. Nessa situação, a frequência cardíaca e a força contrátil do coração vão aumentar, resultando em maior volume sistólico, maior velocidade da circulação e consequentemente maior débito cardíaco. O volume sistólico depende da força contrátil cardíaca, da resistência dos vasos e do volume de sangue que chega ao coração. Esse volume é também chamado pré- carga. O ajuste da contratilidade e da frequência cardíacas sofre grande influência do sistema nervoso simpático, através da liberação de catecolaminas (noradrenalina, principalmente).Os vasos sanguíneos são responsáveis por fazer o sangue impulsionado pelo coração chegar aos tecidos. Para isso, necessitam que o fluxo seja livre, sem elementos que obstruam a luz dos vasos. Dependem, também, da manutenção da tensão da parede (ou pressão arterial) em níveis que permitam a progressão do sangue. Lembremo-nos que a perfusão dos tecidos é realizada durante a diástole ventricular, dependendo da pressão gerada pelos vasos. Também aqui entra em ação o sistema nervoso simpático. As catecolaminas são os principais agentes indutores da contração arterial. A compreensão de dois conceito torna-se necessária: - resistência vascular periférica: é a resistência exercida pelos vasos ao fluxo sanguíneo, também chamada pós carga. É determinante da perfusão;- perfusão: é o fluxo de sangue aos tecidos. Tecidos bem perfundidos são aqueles supridos por aporte adequado de sangue, A perfusão depende muito da integridade da microcirculação. Além dos desempenhos cardíaco e vascular, a circulação adequada depende do volume de sangue circulante, a volemia. A volemia é mantida às custas, principalmente, de: - equilíbrio hidreletrolítico, que depende da ingestão de líquidos; - função renal, que controla o volume de líquidos corporais, regulando o balaço hídrico; - ação do sistema renina-angiotensina-aldosterona que atua tanto na regulação da pressão arterial quanto no controle do volume circulante; - ação do peptídeo atrial natriurético, que participa da regulação da concentração de sódio e água no organismo; 3- Patologia do Aparelho Cardiovascular Abordaremos aqui apenas alguns conceitos e definições necessários à compreensão dos fenômenos envolvidos nas doenças cardiovasculares: - isquemia: é a redução do fluxo de sangue a um tecido, em níveis críticos, podendo resultar em sofrimento celular e lesão; - congestão: é o “bloqueio de saída” do sangue de algum tecido, resultando em estase do fluxo de sangue, que se acumula na área afetada; - hipóxia: é a redução da oferta de oxigênio a um determinado tecido; - sobrecarga de volume: situação na qual o coração recebe volume de sangue acima do normal durante a diástole; - sobrecarga de pressão: situação na qual o coração necessita vencer resistência maior que a normal para ejetar o sangue; 9 - remodelação: é o rearranjo da estrutura anatômica do coração, que perde a forma cônica e assume a forma globosa, prejudicando a contratilidade; - infarto: é a “morte”, ou necrose, de um tecido, resultante de isquemia; - choque: estado de redução disseminada da perfusão tecidual, podendo causar falência de múltiplos órgãos e sistemas. 4- Semiologia do Aparelho Cardiovascular As técnicas de exame e os achados clínicos serão abordados nas aulas práticas. Estude a semiotécnica da inspeção, da palpação e da ausculta cardíacas. Aprenda a identificar os sinais das alterações da circulação periférica, principalmente a distinguir as lesões arteriais das venosas. E não se esqueça das alterações linfáticas. 5- Pinga-fogo Segue uma série de situações de doença e suas consequências. Aqui você encontrará dados úteis para construir o raciocínio clínico: - valvas cardíacas estenosadas não se abrem no momento em que devem fazê- lo e represam o sangue nas câmaras que tentam esvaziar-se, provocando sobrecarga de pressão. A estenosa aórtica sobrecarrega o ventrículo esquerdo e a estenose mitral sobrecarrega o átrio esquerdo. As estenose tricúspede e pulmonar sobrecarregam o ventrículo e o átrio direitos, respectivamente. - valvas cardíacas insuficientes não se fecham no momento em que devem fazê- lo, permitem o refluxo de sangue e provocam sobrecarga de volume. A insuficiência mitral sobrecarrega o átrio esquerdo, mas haverá pouca repercussão porque o sangue regurgitado retornará ao ventrículo durante a diástole. Secundariamente, poderá haver sobrecarga volumétrica do ventrículo. Porém tal situação é bem tolerada e permite adaptação por muito tempo. A insuficiência aórtica sobrecarrega o ventrículo esquerdo, mas as repercussões também são tardias porque a adaptação é eficiente. No coração direito, as insuficiências valvares são raras e com poucas repercussões. - as sobrecargas de pressão sobre os ventrículos provocam hipertrofia da parede como uma forma de adaptar-se à necessidade de maior força contrátil. Até certo ponto, os ventrículos conseguem preservar sua função sem prejuízo da circulação. Lembre-se: o ventrículo esquerdo tem grande capacidade de hipertrofiar-se e suporta as sobrecargas pressóricas por mais tempo. Já o ventrículo direito tem pequena capacidade de hipertrofiar-se e apresentará disfunção precocemente. Superada a capacidade de adaptação ventricular, haverá dilatação da câmara e perda da força contrátil, resultando em insuficiência cardíaca. Os átrios têm mínima capacidade de hipertrofia e, quando sobrecarregados, dilatam-se precocemente. . as sobrecargas pressóricas acontecerão nas situações em que exista bloqueio da via de saída dos ventrículos. Os principais exemplos de tais situações são: estenose aórtica e hipertensão arterial sistêmica. - as sobrecargas de volume causam dilatação precoce das câmaras cardíacas para permitir a acomodação do maior volume recebido. Aqui também é possível a adaptação das câmaras, sem prejuízo funcional, até determinado ponto e na dependência da gravidade da sobrecarga. Ultrapassada a capacidade adaptativa haverá hipocontratilidade e insuficiência de bombeamento. . Os principais exemplos de sobrecarga de volume são: insuficiência aórtica, insuficiência mitral, estados hipervolêmicos (p ex.:insuficiência renal crônica) e estados de circulação hipercinética. -