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1 FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO Projeto Experimental – TCC Aline Vasconcelos Ferreira Cantarelli MARKETING DE SERVIÇO E SUAS RELAÇÕES COM O CLIENTE 2009 2 ALINE VASCONCELOS FERREIRA CANTARELLI MARKETING DE SERVIÇO E SUAS RELAÇÕES COM O CLIENTE Monografia apresentada para conclusão do Curso de Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, nas Faculdades Integradas Hélio Alonso, Campus Muniz Barreto - Botafogo. Orientador: Prof. Ricardo Torregrosa. Rio de Janeiro, 2º semestre de 2009 3 Dedico este trabalho a meus pais, pelo estímulo que me impulsionou na busca e realização deste objetivo, que com certeza, me possibilitará novas e grandes oportunidades. 4 SUMÁRIO Introdução .............................................................................................................................. 5 1 – Marketing ......................................................................................................................... 6 Abordagem Americana do Marketing .............................................................................. 10 A Ampliação dos P´s do Marketing Mix ........................................................................... 12 2 – Serviço ............................................................................................................................... 13 2.1 – O Setor de Serviço ......................................................................................................... 15 2.2 – Tipos de Serviços ........................................................................................................... 17 Serviços de Consumo ...................................................................................................... 17 Serviços Industriais ........................................................................................................ 18 2.3 – Características dos Serviços ......................................................................................... 18 Intangibilidade ............................................................................................................... 19 Heterogeneidade ............................................................................................................ 20 Produção e Consumo de Simultâneos ............................................................................ 20 Perecibilidade ................................................................................................................ 20 2.4 – A Importância da Comunicação e da Informação .................................................... 20 3 – Gestão da Qualidade dos Serviços ................................................................................. 23 3.1 – Estágios de Compra ...................................................................................................... 26 3.2 – Análise de Qualidade Total e Qualidade Percebida .................................................. 28 Qualidade Total .............................................................................................................. 28 Qualidade Percebida ...................................................................................................... 29 3.2.1 – Critérios de Avaliação da Qualidade dos Serviços ..................................................30 4 – Os Encontros de Serviços e a Teoria dos Scripts Cognitivos........................................ 33 5 – Comunicação em Serviços ............................................................................................... 35 5.1 – O SAC em Serviços ....................................................................................................... 36 6 – Marketing de Relacionamento Aplicado aos Serviços .................................................. 41 7 – O Impacto Econômico do Setor de Serviços no Mundo ............................................... 48 7.1 – Análise Mundial do Emprego no Setor de Serviços .................................................. 48 Conclusão ............................................................................................................................... 49 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 52 5 Introdução Para alcançar os objetivos do Marketing de Serviços, as empresas costumam recorrer roteiros comportamentais previamente elaborados para dirigir e controlar as situações interativas entre a organização e seus consumidores. A elaboração unilateral dos scripts, por outro lado, parece ser capaz de propiciar inúmeras e indesejáveis limitações para um adequado desenvolvimento da conversa entre a empresa e seus públicos, interno e externo. Algumas questões serão discutidas e analisadas; o modo de reflexão. Examinam-se algumas considerações teóricas que são propícias a apontar uma nova perspectiva para a conversa da organização com suas muitas platéias. Os serviços incluem uma grande gama de negócios que abrangem o lucro e outros que não visam ao lucro. Neste trabalho, serão analisados os conceitos e estratégias focadas nos serviços, nos diversos segmentos de mercado, bem como a importância dos scripts nos próprios serviços. Além disso, também serão analisadas algumas empresas que produzem bens e que oferecem serviços específicos dentro do seu segmento de mercado. Será analisada a importância do Marketing de Serviços no mercado atual e, também, a distinção, que parece ser nebulosa nas empresas que possuem negócios em ambos os lados da fronteira, entre os bens e serviços. O tratamento comumente adotado para otimizar os processos de interação em comunicação de serviços é uma abordagem que exige que os servidores aprendam seqüências de comportamentos previamente estabelecidos, para que as interações com os consumidores possam ser gerenciadas e controladas de maneira uniforme, regular e padronizada pela alta administração, com foco num relacionamento completo entre empresa e consumidor. 6 1 - Marketing A história do Marketing está diretamente ligada à história do comércio no mundo; relatos históricos mostram que essa atividade é muito antiga e remonta à pré-história. Na Idade Média, por exemplo, as atividades de troca, foco do Marketing, eram realizadas em prédios fechados, as bolsas de valores, onde mulheres e crianças eram impedidas de entrar, pois se considerava o comércio uma atividade pecaminosa que estimulava a usura. É importante lembrar que, até o fim da Primeira Guerra Mundial, não existiam produtos com marcas nos Estados Unidos. Com exceção de umas barras de chocolate, todos os demais produtos não tinham qualquer tipo de identificação. Tais produtos eram vendidos em armazéns como os encontrados ainda hoje no interior da ilha de Santa Catarina, as chamadas vendas. Um balcão separava os clientes dos produtos, o que impedia o self-service (auto- atendimento), dificultando e até mesmo impedindo as vendas por impulso. O Marketing como se conhece hoje, no entanto, surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 40 e início dos nos 50. Com o final da Segunda Grande Guerra, várias empresas que se dedicavam a produzir itens para o esforço de guerra, como por exemplo, munições, equipamentos de rádio comunicação e automóveis militares, perderam seu principal cliente: o governo norte americano. Foram obrigadas, portanto, ao final da guerra, a mudar seu foco e passaram a fabricar bens de consumo para os cidadãos, de uma maneira geral, tornando assim, o mercado extremamente amplo. Isso fez comé obrigada a rejeitar a idéia do consumidor como ator social, econômico e cultural complexo (Jaime Jr., 2000), reduzindo-o a uma das muitas variáveis que devem ser controladas pela empresa. O sucesso no uso do script depende igualmente do ambiente específico do serviço e de outras variáveis situacionais. Se as normas sugeridas pelo script forem poderosas para guiar adequadamente a conduta do prestador do serviço, e, se os eventos previstos adaptarem- se às variações de comportamento à medida que prossegue o encontro, com certeza, a interação não deverá proporcionar maiores incidentes. Mas, se qualquer uma destas condições não for constatada, o que acontece com muito mais freqüência do que os gerentes poderiam desejar, surgem as incontáveis dificuldades. 35 5 - Comunicação em Serviços Como já foi citado, dentro do Marketing Mix vamos encontrar os 4 P’s: Produtos, Preço, Praça (de local, de distribuição) e Promoção (de comunicação). A Promoção, no sentido de comunicação, é toda e qualquer forma de comunicação que a empresa realiza com seus diversos públicos. São diversas as ferramentas de comunicação: - Propaganda: é uma forma de comunicação impessoal, unilateral, paga e assumida pelo anunciante; - Publicidade: é a estratégia de comunicação que explora o caráter informativo da comunicação, criando fatos, provocando notícias, desenvolvendo a formação da imagem da empresa; - Relações Públicas: busca obter publicidade favorável e ampla, trata da imagem institucional e de sua identificação; - Venda Pessoal: qualquer forma de apresentação pessoal com compradores potenciais, tendo o propósito de realizar vendas; - Marketing Direto: é um sistema interativo que usa uma ou mais mídias de propaganda para obter uma resposta e/ou transação mensurável em qualquer localização; - Promoções de vendas: é a atividade mercadológica em que é ofertado um benefício extra e temporário ao consumidor, para induzir o ato da compra; - Merchandising: é uma atividade mercadológica que se destina a conduzir os canais através dos canais de distribuição; - Marketing viral ou boca a boca. Um bom roteiro de construção de uma Estratégia de Comunicação passa pela: - Identificação da audiência-alvo (ou público-alvo); - Determinação dos objetivos de comunicação; - Preparação da mensagem; - Decisão sobre os canais de comunicação; - Decisão sobre o composto de comunicação; - Administração e coordenação do processo global de comunicação e marketing; - Medição dos resultados. 36 Para obter um bom resultado, o consumidor deve selecionar canais eficientes de comunicação para veicular a mensagem. Os canais de comunicação são de dois tipos amplos: pessoal e impessoal. - Comunicação Impessoal: são dois canais que conduzem mensagens sem contato ou interação pessoal. Incluem a mídia, atmosferas e eventos. - Comunicação Pessoal: envolvem duas ou mais pessoas comunicando-se diretamente entre si. Elas podem comunicar-se face a face, corpo a corpo com a audiência, por telefone ou pelo correio. Os canais de comunicação pessoal são considerados eficazes pelas oportunidades que têm de individualizar a apresentação e o feedback. O Serviço de Atendimento ao Cliente, o SAC, é uma das formas de comunicação mais eficientes para as empresas de Serviços. É um meio que permite ao cliente expressar o que for necessário e à empresa, reagir individualmente em cada caso. As empresas ao optarem pela criação de um determinado tipo de SAC estão definindo a essência e potencialidade do programa a ser desenvolvido. Antes de qualquer coisa a empresa precisa ter a resposta para algumas perguntas tais como: quais as razões para se criar um SAC? (publicitárias, mercadológicas, “livrar-se” da lei, competitividade, imagem, resposta a uma crise, modismo). 5.1 - O SAC em Serviços O SAC pode ter várias dimensões estratégicas: - A função de ombudsman que é aquela dimensão de ouvir e proteger as necessidades e desejos dos clientes; - A função inovadora que busca apresentar um ferramental diferenciado de relacionamento com o mercado, além de poder se tornar um agente de mudança pela sua interatividade com o mercado; - A dimensão de auditoria das atividades de mercado que pode ser operado também como um radar das movimentações dos clientes detectando satisfações, insatisfações, desejos, entre outros. 37 É bom sempre lembrar que muitas das dimensões citadas têm também a função tático-operacional de ser informativo, solucionador de problemas ou, até mesmo, cosmético, uma forma de dar um certo brilho ao relacionamento. É útil ao gestor do SAC estar atento à organização dos fluxos internos entre as áreas de interface e a distribuição justa e honesta de informações para que todos tenham a garantia de estar trabalhando com os elementos da realidade da organização, e estar pronto para administrar explicitamente, contestações e confrontos entre os grupos internos para haver ajustamentos das funções à meta. A comunicação do SAC, como outras atividades de Marketing deve seguir uma ordenação própria, de tal forma a obter os melhores resultados – desde a concepção da informação propriamente dita até o aperfeiçoamento da comunicação, reiniciando novamente o processo. Sendo assim temos: - Concepção da Informação: característica do produto/serviço; benefícios, funções e especificações técnicas; uso e manutenção; prazo de validade; - Veículo da Informação: rótulo, bula, folheto, catálogo, certificado de garantia, contrato, guia de instalações e uso, materiais de propaganda, cursos, documentação técnico-científica; - Entrega da Informação: produto, promoções, publicações comerciais, mala direta, profissionais que interagem com os clientes, SAC; - Feedback do Cliente: SAC, testes comparativos, cartas de leitor, pesquisas; - Revisão da Informação: identificar as necessidades, conciliar requisitos do consumidor ao produto/serviço, eliminar informações desnecessárias e ineficazes; - Aperfeiçoamento da Informação. O SAC é um ótimo canal para ouvir reclamações do cliente. Lidar bem com as reclamações e um dos melhores exemplos de administrar relacionamentos ativos com os clientes. Infelizmente, não considerando a qualidade dos procedimentos adotados, apenas uma pequena fração de clientes insatisfeitos contatam uma empresa. Cinco coisas podem acontecer quando um cliente está insatisfeito: - Ele sofre em silêncio - Ele muda para outra empresa em silêncio - Ele fala com amigos e vizinhos sobre a sua insatisfação - Ele procura órgãos legais de proteção ao consumidor 38 - Ele procura a empresa. Um estudo muito citado do Rockefelter Center expõe os motivos por que os clientes deixam de manter relacionamento com as empresas, conforme a tabela a seguir: 1% De todos os clientes param de comprar porque morrem 3% Param de comprar porque a empresa ou o contato mudam 6% Param de comprar porque criam um relacionamento comercial com outros fornecedores 2% Param de comprar por motivos de concorrência, como o preço 4% Param de comprar devido à insatisfação como produto Por exemplo, tomaram uma decisão errada ao comprar e puseram a culpa no vendedor 11% Param de comprar devido a uma atitude negativa por parte do vendedor ou em outro funcionário da empresa Nem todas as empresas aproveitam esta grande oportunidade de resolver reclamações com uma perspectiva de pós-marketing. Quatro abordagens diferentes podem ser vislumbradas: as atitudes defensivas, as atitudes ouvinte, os atendimentos as reclamações e o pós-marketing que poderia muito bem ser chamado de pré-próxima (venda relacionamento, contato, entre outros.). Clientes satisfeitos representam oportunidade de pós-marketing. Os procedimentos seguintes são recomendadospara lidar com os cumprimentos dos clientes satisfeitos: - Nunca permita que um cumprimento de cliente fique esquecido; - Comunique-se com o cliente de maneira amigável e pessoal. Deixe-o perceber que ele é importante para a empresa; - Repita os cumprimentos e tente fazer com que o cliente faça o mesmo; 39 - Se for possível, tente expressar a satisfação da empresa ao cliente agradecendo seus cumprimentos; - Encerre a comunicação com um convite para ouvir novamente as opiniões do cliente no futuro. Aproveite também todas as oportunidades de treinar o cliente. Cliente treinado facilita o relacionamento, diminui tempo necessário para seu atendimento, diminui número de problemas, etc. Numa empresa a diretoria de Relacionamento com o cliente é responsável pelo gerenciamento das interações dos clientes com a empresa. As principais responsabilidades desta diretoria são as de elaboração e operacionalização de estratégias voltadas ao atendimento e antecipação das necessidades dos seus clientes e prospects. Dentre as várias estratégias com foco no atendimento às necessidades dos clientes, sem dúvida, algumas das mais importantes são as voltadas para o gerenciamento eficaz do desenvolvimento do call center, onde, com recursos finitos (atendentes), consegue-se maximizar os resultados de performance (tempo de espera em fila, nível de serviço observado, entre outros) e, conseqüentemente, aumentar a satisfação dos clientes. Em todo call center se observa que a diminuição da fila de espera sempre é um objetivo almejado e, para tanto, comumente, são utilizadas apenas a previsão de demanda com posterior contratação/realocação de mão-de-obra para atendê-la. Este gerenciamento de demanda e capacidade de atendimento do call center é feito pela área de Planejamento e Tráfego. Porém, apesar da constante necessidade de aumento de mão-de-obra em conseqüência do aumento da demanda que, normalmente, é gerada pelo aumento da quantidade de usuários das companhias, os custos associados a este aumento nem sempre são aprovados, pois os recursos muitas vezes não são previstos em orçamento na sua totalidade. Por este motivo, torna-se freqüente a situação de subdimensionamento de recursos frente à demanda recebida pelo call center, aumentando o grau de dificuldade da atividade de gerenciamento da performance pela área de Planejamento. Recomenda-se criar uma lógica para o início do processo de priorização de modo que este só funcione enquanto a fila estiver em um tamanho tal que o justifique (tempo de espera da ligação mais lenta superior a 20s). Caso contrário, a disciplina da Fila Inteligente migra automaticamente para uma disciplina de fila simples (FIFO). 40 Ainda, que sejam incluídos avisos sobre o tempo médio que o cliente deve esperar em fila. Por fim, juntamente com a disciplina de filas priorizadas criada, sugere-se trabalhar com o modelo, onde, além das durações médias das chamadas, é levado em consideração o perfil de cada uma e é feito o roteamento diferenciado para os atendentes. Dessa forma, são criadas estruturas de atendimento compartilhadas, chamadas, que adquirem um maior nível de especialização para cada tipo de assunto e leva à redução do tempo médio de atendimento de todas as ligações. 41 6 - Marketing de Relacionamento Aplicado aos Serviços O marketing de relacionamento é a construção de uma relação duradoura entre empresa e consumidor e constitui uma evolução do conceito de marketing. Apesar de o conceito ter sido cunhado nos anos 70, somente a partir da última década despertou interesse dos autores, que começaram escrever sobre o tema. O conceito de marketing de relacionamento é relativamente novo. Seu surgimento deu-se (segundo a maioria dos autores) a partir da década de 1990 e, em função disso, os conceitos relativos ao marketing de relacionamento ainda não são muito conhecidos. Inicialmente, o marketing de relacionamento dizia respeito apenas ao desenvolvimento de relações entre empresas e consumidores institucionais, ou seja, outras empresas. O chamado marketing be-to-be, ou marketing business to business. Os bancos, porém, começaram a usar o conceito aplicado a pessoas físicas e, assim, o conceito acabou estendendo-se a todo tipo de empresa. Não se pode de maneira alguma falar sobre marketing de relacionamento sem citar Regis McKenna, considerado, pela maioria dos autores pesquisados, o pai do marketing de relacionamento. Segundo McKenna (1992, p.06), “hoje o marketing não é uma função (...). É integrar o cliente à elaboração do produto e desenvolver um processo sistemático de integração que dará firmeza à relação”. Na concepção de McKenna, portanto, o vendedor, no sentido tradicional do termo, aquele que empurra o produto para o consumidor está morto. Em seu lugar surge o facilitador, o agente capaz de criar uma relação com o consumidor baseada na confiança e ganhos mútuos ao longo do tempo. Segundo Stone e Woodcock (1998), o marketing de relacionamento é o uso de várias técnicas e processos de marketing, vendas, comunicação e cuidado com o cliente para identificar clientes de forma individualizada e nominal, criar um relacionamento duradouro entre a sua empresa e esses clientes e administrar esse relacionamento para o benefício mútuo dos clientes e da empresa. De acordo com Dias (2003, p. 301), o marketing de relacionamento é: uma estratégia de marketing que visa a construir uma relação duradoura entre cliente e fornecedor, baseada em confiança, colaboração, compromisso, parceria, investimentos e benefícios mútuos, resultando na otimização do retorno para a empresa e seus clientes. Para Kotler (1998, p.30), “marketing de relacionamento é a prática da construção de relações satisfatórias de longo prazo com partes-chave (...), para reter sua preferência e negócios a longo prazo”. Gordon (1999, p.31) entende o marketing de relacionamento como 42 um “processo contínuo de criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria”. Já, para Bretzke (2003, p.01) marketing de relacionamento é: uma filosofia de administração empresarial que se baseia na aceitação da orientação para o cliente e para o lucro por parte de toda a empresa, e no reconhecimento de que deve buscar novas formas de comunicação para estabelecer um relacionamento profundo e duradouro com os clientes, como forma de obter uma vantagem competitiva sustentável. Em resumo, marketing de relacionamento é a construção de uma relação duradoura entre empresa e consumidor, baseada na confiança e em ganhos mútuos ao longo do tempo. Normalmente, as pessoas confundem o conceito de marketing de relacionamento com marketing de fidelização. Tal confusão (bastante comum) deve-se ao fato do marketing de fidelização fazer parte do processo de marketing de relacionamento. De acordo com Dias (2003, p. 300), “o marketing de fidelização é o primeiro nível do marketing de relacionamento”. O marketing de retenção ou fidelização é a estratégia mercadológica que tem por objetivo reter a preferência do consumidor no que diz respeito à compra de determinado produto. Ou, nas palavras do próprio Dias (2003, p.300), “fidelizar ou reter o cliente é o resultado de uma estratégia de marketing que tem como objetivos gerar freqüência de compra dos clientes, aumentar as vendas por cliente e recompensar o cliente por compras repetidas”. No entanto, isso é possível somente a partir do desenvolvimento de uma relação entre empresa e consumidor. De acordo com Connellan (1998), isso não significa ignorar a conquista de novos clientes, algo muito importante. A organização, entretanto, precisa se concentrar mais na manutenção dos que já existem, obtendo maiores volumes de cada conta e pensando emtermos de participação dentro da clientela em vez de participação de mercado. Já o marketing one-to-one, ou marketing um a um, também chamado marketing individualizado, é a parte final do processo de marketing de relacionamento. Nele cada cliente é tratado individualmente de maneira personalizada. A oferta da empresa é adaptada às necessidades e características dos consumidores, como no caso das agências de turismo, que criam pacotes personalizados para seus clientes. Para Kotler (1998, p. 619), “marketing de relacionamento é baseado na premissa de que os clientes importantes precisam receber atenção contínua”, independentemente de serem pessoas físicas ou jurídicas. O que vale aqui é o retorno que esse cliente dá à empresa. 43 Além de melhorar suas relações com seus parceiros da rede de suprimentos (atacadistas e varejistas) que distribuem seus produtos, algumas empresas têm especial interesse em melhorar seu relacionamento com seus consumidores finais. As organizações precisam prestar muita atenção na taxa de consumidores perdidos e tomar providências para reduzi-la, pois, de acordo com Kotler (1998, p.619), “o custo de atrair novos consumidores é cinco vezes maior que o custo de manutenção do atual consumidor.” Logo, é necessário muito esforço para induzir consumidores satisfeitos a abandonar seus fornecedores atuais, situação que se agrava em mercados altamente competitivos. Dias (2003, p.06) concorda com o conceito proposto por Kotler (1998, p.619) ao afirmar que “o marketing de relacionamento é um conceito (...) motivado por pesquisas que indicavam que conquistar um novo cliente custava em média, cinco vezes mais que reter um cliente”. Para determinar a taxa de consumidores perdidos, devem-se seguir quatro passos: a) A empresa deve definir e mensurar sua taxa de retenção de consumidores. No caso de uma agência de viagens ou operadora de turismo, o ideal seria medir a quantidade de clientes que utilizam seus serviços seguidamente. Em uma faculdade, por exemplo, uma boa medida pode ser dividir o número de graduados em relação ao número de matrículas; b) A empresa deve determinar as causas que levaram os consumidores a abandoná-la. A empresa deve classificar em porcentagem essas causas. Pouco pode se fazer no caso de consumidores que estão deixando a cidade ou que faleceram, por exemplo. No entanto, problemas como má qualidade ou mau atendimento podem e devem ser solucionados; c) A empresa deve contabilizar o volume de lucro perdido com esses consumidores, ou seja, o quanto deixou de arrecadar ao longo do tempo em que esse consumidor deixou de adquirir seu produto; d) A empresa precisa calcular quanto custaria reduzir a taxa de abandono de clientes. Se o custo for menor que o lucro perdido, essa mesma quantia deve ser destinada à redução da taxa de abandono. Em verdade, geralmente esse custo é muito menor. Alguns hotéis adotam medidas simples para reduzir a taxa de abandono, como por exemplo, bordar no roupão do hotel, o monograma do hóspede que lá se hospeda com uma determinada freqüência. (KOTLER, 1998). 44 A maior parte da teoria e prática na área de marketing concentra-se em atrair novos consumidores e não em manter os existentes. Há duas maneiras de se aumentar a taxa de retenção do consumidor: a) A primeira é erguer uma barreira para dificultar a troca de fornecedor. Os consumidores estão menos dispostos a procurar outro fornecedor quando isso envolve altos custos de capital, de procura, perda de descontos por fidelidade e assim por diante. Pensando nisso, as companhias aéreas criaram os chamados “programas de milhagem”, que oferecem milhas aéreas grátis em função da utilização dos serviços da empresa; b) Outra maneira é entregar alta satisfação aos consumidores, pois se torna difícil para um fornecedor atrair consumidores somente oferecendo preços mais baixos, já que o consumidor está plenamente satisfeito com o produto. É o que procura fazer a Disney, por exemplo. (KOTLER, 1998). Segundo Kotler (1998), para entender marketing de relacionamento com o consumidor deve-se em primeiro lugar entender o processo de atração e manutenção desse consumidor, ou seja, como a empresa transforma um consumidor provável em parceiro: a) O ponto de partida são os consumidores prováveis: todos os que podem comprar o produto ou serviço; b) A empresa deve trabalhar junto a eles para determinar os consumidores potenciais: pessoas com interesse pelo produto e em condições de pagar por ele; c) Os consumidores qualificados é o próximo passo: aqueles que a Empresa aceita por que têm crédito ou são rentáveis; d) A empresa espera converter muitos consumidores potenciais qualificados em consumidores novos: aqueles que nunca compraram seus produtos antes; e) Consumidores leais: indivíduos que dão preferência aos produtos da empresa; f) A empresa age para transformar esses consumidores leias em clientes: pessoas que compram produtos em categorias relevantes apenas da empresa; g) O passo seguinte é transformar os clientes em advogados: consumidores que defendam a empresa e estimulem outras pessoas a comprar dela; h) O desafio maior é transformar os advogados em parceiros: situação em que eles e a organização trabalham em conjunto. 45 Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer que alguns consumidores tornam-se inativos ou abandonam a empresa ou o destino turístico por razões diversas. O grande desafio da empresa é reativar os turistas insatisfeitos por meio de estratégias de recuperação. Normalmente, é mais fácil e mais barato recuperar do que encontrar novos consumidores. O desenvolvimento de consumidores mais leais aumenta o faturamento da empresa. Isso, entretanto, tem um custo. A grande questão é decidir quanto uma empresa deve investir no desenvolvimento do relacionamento com seus consumidores de maneira que os custos não excedam os ganhos. Para responder a essa questão Kotler (1998) afirma que é preciso distinguir cinco níveis diferentes de investimento: a) Marketing básico: o vendedor simplesmente vende o produto; b) Marketing reativo: o vendedor vende o produto e estimula o consumidor a telefonar se tiver dúvidas, comentário ou reclamações; c) Marketing responsável: o vendedor telefona ao consumidor, logo após a venda, para conferir e saber se o produto está atendendo às expectativas, além de solicitar sugestões par melhoria do produto; d) Marketing proativo: o vendedor da Empresa contata o consumidor de vez em quando para informar sobre melhores usos do produto e a utilidade de novos produtos; e) Marketing de parceria: a empresa trabalha continuamente com o consumidor para descobrir maneiras de ele economizar ou ajudá-lo a usar melhor o produto. Segundo Stone e Woodcock (1998) um programa de marketing de relacionamento deve seguir as seguintes etapas: a) Definir os objetivos: determinar aonde se quer chegar ou o que se pretende alcançar; b) Identificar as necessidades dos clientes: entender claramente o que desejam os clientes; c) Desenvolver a abordagem: criar uma abordagem, uma forma de contato com esse cliente; d) Definir níveis e segmentos de qualidade: estabelecer parâmetros em termos de qualidade; e) Implementar: colocar em prática o planejado; 46 f) Controlar o resultado: verificar se tudo está de acordo com o planejado. Já Kotler (1998) entende que essas etapas devem ser as seguintes: a) Identificação dos clientes-chave – os clientes-chave são aqueles que merecem uma atenção especial por algum motivo quer seja porque proporcionam maior retorno para a empresa, ou pelo potencial que possue o chamado ‘lifetime value’ (valor patrimonial de longo prazo); b) Designação de um gerente de relacionamento para cada um dos selecionados. Sugere-se a designação de um colaborador com treinamento específico para atender exclusivamente um dos clientes-chave;c) Desenvolvimento de um plano de ação para cada cliente-chave. Sugere-se, igualmente, a criação de um planejamento por cliente, que contenha objetivos, metas, estratégias, ações e recursos necessários para melhorar o relacionamento com os clientes-chave identificados; d) Estabelecimento de um sistema de controle para avaliar o desempenho dos gerentes de relacionamento em relação a seus clientes. A empresa deve determinar com clareza os critérios através dos quais cada gerente de relacionamento e seu “relacionamento” com os clientes-chave serão avaliados. Sugere-se aqui a criação de um “supervisor de relacionamentos”, que acompanhará e aconselhará os gerentes de relacionamento. Existem algumas ferramentas para desenvolver maior satisfação e confiança. Berry e Pasuraman (1995) apresentam o que eles denominam níveis de marketing de relacionamento: - Ser um advogado ou defensor da empresa: o cliente vende a empresa a outros consumidores, através do chamado “boca-a-boca”. Segundo Mckenna (1992, p. 116), “se cada cliente contar a outras duas pessoas sobre a empresa, e cada uma delas contar a outras duas (...)” pode-se imaginar o efeito resultante. - Ser um parceiro da empresa: como já se comentou anteriormente, alguns consumidores são elevados pela empresa à condição de parceiro. Como parceiros, eles contribuem através de sugestões para o aprimoramento, desenvolvimento e criação de novos produtos. 47 Outra idéia comum no mercado, que não está necessariamente correta, é o fato de se acreditar que os maiores clientes geram mais lucro. Esses clientes normalmente demandam mais serviços e recebem maiores descontos, reduzindo assim, o nível de lucro da empresa. Uma empresa não deve procurar atender a todos os clientes, sob pena de perder o foco. Ela deve segmentar o seu mercado e buscar os clientes que lhe proporcionem maior rentabilidade. Kotler (2000) define um cliente rentável como uma pessoa, residência ou organização que gera um fluxo ou receita para a empresa fornecedora e que excede o fluxo do custo de atrair, vender e servir o cliente. A expressão fluxo demonstra preocupação, não com o negócio específico a ser realizado, mas com a duração e potencialidade do relacionamento em si. Um bom exemplo de aplicação dessa regra no turismo pode ser visto na cidade de Florianópolis. Durante vários anos, a cidade foi invadida por uma multidão de turistas argentinos de baixa renda que superlotavam os atrativos locais e traziam um retorno financeiro apenas satisfatório para a cidade. Com a crise financeira na Argentina, a cidade passou a se concentrar no turista oriundo de estados vizinhos, como Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Com um nível de renda e um tempo de permanência maior, esse turista trazia para Florianópolis um retorno financeiro mais substancial e um impacto sócio ambiental menor, já que surge em menor quantidade, o que não havia se observado anteriormente em função da invasão Argentina. Em outras palavras, trocou-se quantidade por qualidade. No que diz respeito à gestão do relacionamento com cliente, Kotler (1992) cita algumas das características que o marketing de relacionamento deve possuir, como por exemplo: a) concentrar-se nos parceiros e clientes, em vez de nos produtos da empresa, transferindo o foco interno para o externo; b) atribuir mais ênfase à retenção e satisfação dos clientes existentes do que à conquista de novos clientes; c) confiar mais no trabalho de equipes, fomentando o marketing coordenado, do que nas atividades de departamentos isolados; d) ouvir e aprender mais do que falar e ensinar. 48 7 - O impacto econômico do setor de serviços no mundo Claramente, os serviços e as indústrias relacionadas a elas dominam a economia dos EUA e, assim, continuarão no futuro. Situadas de modo semelhante, as economias de outras nações, outrora conhecidas pelo seu poder industrial, também estão se tornando, predominantemente, economias de serviços. Países como a Grã-Bretanha, o Canadá, a França, a Itália, o Japão e a Alemanha têm economias de serviços que alcançam mais de 50% dos seus Produtos Internos Brutos. O setor de serviços privados aumentou a sua contribuição para o PIB em mais de 300% nos últimos 30 anos. Como resultado, agora, ele responde por mais de 70% do PIB. Por outro lado, o PIB atribuído à fabricação de bens caiu de 26% para 19%, desde 1970. Isso significa que, pela primeira vez na história dos EUA, a maioria das indústrias na nossa economia não produz objetos, aparelhos e coisas. Elas desempenham atos e esforços, tais como assegurar a propriedade pessoal, lidar com investimentos financeiros e assistir às necessidades de cuidados médicos dos consumidores. 7.1 - Análise mundial do emprego no setor de serviços No mundo todo, é evidente a passagem das economias de agrícolas para industriais e para as de serviços. Hoje, os fabricantes de bens empregam somente uma em cada seis pessoas nos Estados Unidos, uma em cada cinco na Grã-Bretanha e uma em cada três na Alemanha e no Japão. De 1970 a 1993, a força de trabalho dos EUA empregada pelas fábricas caiu de 27% para 16%. A força de trabalho da Grã-Bretanha experimentou um movimento semelhante de saída das fábricas em um índice de 37% para 20%. Em contraste, o trabalho empregado no setor de serviços subiu para 57% na Alemanha, 62% no Japão, 73% na Grã-Bretanha e 78% nos Estados Unidos. O aumento do emprego no setor de serviços dos EUA está diretamente relacionado com novas funções nesse setor. Durante o período de 1980 a 1990, 80% de todos os novos empregos foram desenvolvidos nas indústrias de serviços. As estimativas sugerem que 90% de todos os novos empregos entre 1990 e o ano de 2000 também estarão relacionados aos serviços. Os especialistas projetam que, em torno do ano 2005, somente 12% dos trabalhadores americanos terão empregos em fábricas e é esperado que esse número diminua para 10% em 2020. 49 Conclusão Adotando-se a perspectiva apresentada por Mintzberg, Raisinghani e Théorêt (1976), em que se define “decisão” como um comprometimento específico com determinada ação, e “processo de decisão” como um conjunto de ações e fatores dinâmicos que começa com a identificação de um estímulo para uma ação e termina com o comprometimento específico desta ação, pode-se considerar os processos de atendimento ao cliente nos encontros de serviços como seqüências de decisões sucessivas que começam com o estímulo da aproximação entre servidores e consumidores e terminam com o comprometimento eventual do servidor em suprir as necessidades do consumidor. As “horas da verdade” poderiam, assim, ser tratadas como processos decisórios presentes nas rotinas de trabalho dos prestadores de serviços. Há razões para duvidar da existência de diferenças fundamentais, em seu comportamento organizacional, entre os executivos e os outros membros da organização e que não existem duas categorias de seres humanos na organização, os executivos e os outros. Desse modo, não se pode afirmar que o processo decisório praticado por um prestador de serviços treinado para o atendimento aos consumidores seja menos importante do que as decisões de um executivo com a mesma incumbência de tomar decisões. No entanto, os scripts cognitivos nada mais são do que decisões tomadas previamente, prescritivamente e, muitas vezes, sem o menor contato com as situações reais de interação, por executivos que acreditam, desta maneira, estar otimizando as chances de sucesso do encontro de serviços. Os prestadores, em contato com o cliente, estariam, portanto, apenas pondo em prática as decisões anteriormente tomadas por outras pessoas ou, no máximo, decidindo entre opções de scripts mais adequadas às diversas situações. Na “hora da verdade”, porém, o surpreendente e o inesperado tornam-se rotina (Motta, 2000); as decisõesnão podem jamais ser todas tomadas de maneira prévia e a distância. Os tomadores das decisões devem estar presentes no momento e no local das interações. Não é difícil notar que o modelo decisório vinculado à utilização gerencial exclusiva dos scripts cognitivos estaria adequado aos padrões, nos modelos denominados “racionalistas”: proposição de uma abordagem puramente racional e sistemática; decisões baseadas em uma série de passos; os aspectos emocionais e políticos envolvidos nas decisões são ignorados; apenas os aspectos tecnocráticos são levados em consideração e a 50 fundamentação na falsa premissa de que o ser humano tem a capacidade de conseguir aprender tudo que precisa para tomar uma decisão puramente racional. Para romper os limites estipulados pelo mecanicismo reducionista, que, neste estudo, por meio dos scripts, trata a complexa questão das interações sociais de forma predominantemente racionalista, a sugestão por uma reformulação dos processos de conhecer e pensar, em que a unidade entre intelecto e emoção poderia romper os limites impostos pelo atual posicionamento teórico. Uma visão que não separasse as dimensões do cognitivo e do afetivo poderia oferecer à análise dos encontros de serviços uma estrutura holística, multidimensional e transdisciplinar, em que se obteria uma nova forma de concepção de serviços, na qual se pudesse adicionar a compreensão de atributos tais como inter-relacionamentos, subjetividade, impermanência, heterogeneidade, complexidade e imprevisibilidade. Em lugar de uma orientação funcionalista, que trataria as decisões presentes nas interações de serviços de forma racional e objetiva, poder-se-ia sugerir uma nova visão como aquela proposta por Gonçalves e Leitão (1996), que redefinem a decisão como uma rede de relações entre fatores influenciadores do processo, orientados por diferentes expressões da razão, associados à dimensão afetiva do ser humano, em um processo não-linear, não programável, fundamentalmente qualitativo e multidimensional. Nesta nova perspectiva, há, ainda, o estudo de Vergara e Branco (1994, p. 131), que alertam para “a necessidade de resgatar as dimensões esquecidas do ser humano, entendidas como as afetivas, intuitivas e espirituais”. Nesse estudo, focalizando-se a dimensão intuitiva, por meio de programas de treinamento e desenvolvimento levados a efeito nas empresas, mostra-se que existe uma tendência de que atividades associadas ao desenvolvimento da intuição, como artes plásticas, música, psicodrama, trabalhos com o corpo e meditação, estejam cada vez mais presentes dentro das organizações. Em interações sociais tais como os encontros de serviços, a intuição complementa o intelecto para a tomada de decisões, podendo mesmo a primeira predominar. O treinamento de pessoal visando à obediência aos scripts cognitivos não pode mostrar-se efetivo se for ignorada, dentre aquelas anteriormente citadas, a dimensão intuitiva (por exemplo) dos empregados da linha de frente em serviços. Sabe-se, ademais, que a experiência humana não compreende apenas a esfera intuitiva além dos processos racionais. Jamais estará completo qualquer estudo ou metodologia de abordagem para a questão da interação, que não compreenda todas as outras dimensões mencionadas. Até o presente momento, entretanto, poucos estudos dedicaram-se a 51 focalizar todo o espectro das dimensões existenciais do ser humano. Isso não significa, evidentemente, que possamos validar e endossar qualquer abordagem que trate a questão de maneira insatisfatória; ao contrário, tomar conhecimento de nossa ignorância talvez deva ser o primeiro (e mais importante) passo rumo ao entendimento. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, Karl. Serviços Internos. 3.ed. São Paulo: Thomson Pioneira, 2004. BARRET, Richard. Libertando a Alma da Empresa: como transformar a organização numa entidade viva. São Paulo: Cultrix, 2000. BERRY, Leonard L. Descobrindo a Essência do Serviço. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. 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No Brasil, o Marketing chegou com a abertura do país ao capital estrangeiro no governo Juscelino Kubitschek. Empresas norte americanas e européias que já dominavam as técnicas de marketing, ainda desconhecidas no Brasil, começaram a se instalar por aqui, trazendo consigo tais conhecimentos. Isso obrigou as empresas nacionais a se adaptarem a realidade norte americana, gerando departamentos especializados em criar e desenvolver conceitos e técnicas de marketing compatíveis com a realidade nacional. O termo marketing tem sido definido de várias maneiras pelos mais diversos autores ao longo dos anos. Isso nos possibilita encontrar uma série de conceitos formais de marketing, alguns corretos, outros nem tanto. Porém, antes de entendermos o que é marketing, é fundamental que se entenda primeiramente o que não é marketing. Muitas pessoas 7 confundem o marketing com a propaganda. Marketing e Propaganda não são a mesma coisa. Se compararmos o marketing ao corpo humano, poderíamos dizer que a propaganda representa um pedaço muito pequeno desse corpo, do tamanho do nariz, por exemplo. Entretanto, assim como o nariz, a propaganda está na cara, quer dizer, é a parte mais visível do marketing, o que faz com que o senso comum associe marketing à propaganda. Ou seja, o processo de comunicação com o consumidor, do qual a propaganda é um elemento significativo, faz parte do marketing, mas não é o marketing. Outra confusão bastante comum é achar que marketing e vendas são a mesma coisa. Assim como a propaganda, a venda é um elemento significativo do marketing, porém vale lembrar que o marketing atua antes, durante e depois do processo de venda. Ou seja, a venda é apenas um momento do marketing e não o marketing em si. Mas o que é marketing então? A palavra market em português significa mercado e o “ing” é o gerúndio da língua inglesa e indica ação continuada. Portanto, de maneira simples, pode-se dizer que marketing significa atuar no mercado. Para Richers (2000, p. 5), “marketing é simplesmente a intenção de atender e entender o mercado”. Ou seja, Richers deixa claro que o papel fundamental do marketing é conhecer e suprir as necessidades de seus consumidores. Também de maneira simples, Kotler (1998, p. 31) afirma que, “marketing é a atividade humana dirigida para a satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca”. Para Kotler, portanto, o marketing busca a satisfação dos consumidores através do processo de troca. A American Marketing Association (apud Liu, 2000, p.1) afirma: “marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, precificação, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam indivíduos e objetivos organizacionais”. O British Chartered Institute of Marketing (apud Middleton, 2002, p. 25) define marketing como “o processo de gerenciamento responsável por identificar, antecipar e satisfazer às exigências dos clientes, de forma lucrativa, a fim de atender aos objetivos organizacionais”. Segundo esse conceito, o marketing é o processo administrativo de identificação e satisfação das necessidades dos consumidores, de maneira a satisfazer também os objetivos das organizações. O conceito é, portanto, uma versão ampliada do conceito anterior, pois se refere também à satisfação da organização. Nessa mesma linha Churchill (2000, p. 4) afirma: “marketing é o processo de planejar a concepção, o preço, a promoção e a distribuição de bens e serviços para criar trocas que satisfaçam aos objetivos individuais e organizacionais”. Semelhante a Churcill, Blessa (2003, p. 17) afirma que marketing é o “processo de planejamento, execução, preço, comunicação e distribuição de idéias, bens e 8 serviços, de modo a criar (comércio) que satisfaçam aos objetivos individuais e organizacionais”. Ainda nessa linha, Vavra (1993, p. 41) comenta que, “marketing é o processo de conceber, produzir, fixar preço, promover e distribuir idéias, bens e serviços que satisfazem às necessidades de indivíduos e organizações”. O marketing, portanto, realiza uma grande quantidade de processos para distribuir bens e serviços. No conceito proposto por Vavra, além da menção às ferramentas mercadológicas (produto, preço, distribuição e composto promocional), sobre as quais comentaremos mais adiante, é reafirmada a necessidade do processo de marketing satisfazer simultaneamente organização e consumidor. Kotler acrescenta novos elementos ao conceito. De acordo com Kotler (1998, p. 27), “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Marketing é um processo social porque sua prática acontece em sociedade e gerencial porque na prática do marketing são utilizadas as funções administrativas criadas por Henry Fayol (planejamento, organização, coordenação, comando e controle), e publicadas em 1916 em seu livro “Administração Geral e Industrial”. Para Rocha e Christensen (1999, p. 15), “marketing é uma função gerencial que busca ajustar a oferta da organização a demandas específicas do mercado, utilizando como ferramental um conjunto de princípios e técnicas”. Rocha e Christensen encaram o marketing como um mediador entre oferta e demanda, uma espécie de ponte que liga quem está ofertando a quem está procurando. Ainda segundo Rocha e Christensen (1999, p. 15), marketing é: uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. Essa orientação reconhece que a tarefa primordial da organização é satisfazer o consumidor, atendendo as suas necessidades, levando em conta o seu bem-estar a longo prazo, respeitadas as exigências e limitações impostas pela sociedade e atendidas as necessidades de sobrevivência e continuidade da organização. À luz dos vários conceitos apresentados, pode-se afirmar, portanto, que o marketing é o processo gerencial de buscar por meio da troca a satisfação das necessidades dos consumidores e obter como conseqüência a consecução dos objetivos da organização. Antes de tentar adotar uma única e exclusiva compreensão da área específica de marketing, é interessante verificar como têm evoluído suas definições. Em 1960, a AMA (American Marketing Association) definia marketing como o desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou utilizador. 9 O mundo dos negócios, cada vez mais desenvolvido, gerou a necessidade de melhor conceituar o marketing, explicando sua natureza. Observa-se então uma evolução constante nas definições que o caracterizam cada vez de maneira mais ampla. Mas, afinal, o que é marketing? Em 1965, a Ohio State University definiu marketing como: "o processo na sociedade pelo qual a estrutura da demanda para bens econômicos e serviços é antecipada ou abrangida e satisfeita através da concepção, promoção, troca e distribuição física de bens e serviços". De outro lado, Philip Kotler e Sidney Levy sugeriram, em 1969, que o conceito de marketing deveria abranger também as instituições não lucrativas. Para William Lazer, em 1969, o marketing deveria reconhecer as dimensões societárias; isto é, levar em conta as mudanças verificadas nas relações sociais. David Luck instituiu, neste mesmo ano, em seu artigo "Broadening the concept of marketing too far", no Journal of Marketing, de julho, que o marketing deveria limitar-se às atividades que resultam em transações de mercado. Kotler e Levy respondem acusando Luck de uma nova forma de miopia e sugerem que "a cruz demarketing liga-se a uma idéia de troca antes da tese da transação de mercado". Através de outros comentaristas mercadológicos começa a esboçar-se a tese dupla de que: os limites do marketing passam a incluir as empresas não lucrativas e as dimensões sociais do marketing começam a configurar-se. O movimento para expandir o conceito de marketing tomou-se provavelmente irreversível quando o Joumal of Marketing passou a dedicar atenção especial às regras das mudanças sociais e ambientais. Ao mesmo tempo, Kotler e Gerald Zaltinen afirmam que "a criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações de planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing". Da mesma forma a tecnologia mercadológica foi aplicada para encontrar soluções para serviços de saúde, para problemas populacionais, entre outros. Kotler tem reavaliado sua posição inicial concernente aos limites do conceito de marketing e tem articulado um conceito "genérico" de marketing. Propõe que a essência do marketing é transação, definida como a troca de valores entre duas partes através do seguinte conceito: “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação oferta e troca de produtos de valor com outros”. 10 Robert Bartels fez a seguinte conclusão: "se o marketing é para ser olhado como abrangendo as atividades econômicas e não econômicas, talvez o marketing como foi originalmente concebido reaparecerá em breve com outro nome”. Aparecem então três questões-chave para definir a controvérsia da "natureza do marketing", tais como: Que espécie de fenômenos e fatos faz com que diversos autores se preocupem em incluí-los no escopo de marketing? Que espécie de fenômenos e fatos precisaria ser incluída no escopo de marketing? Como pode o marketing ser definido para abordar sistematicamente todos os fenômenos e fatos que precisariam ser incluídos e, ao mesmo tempo, sistematicamente excluir todos os outros fenômenos e fatos não pertinentes? Abordagem Americana do Marketing A abordagem americana considera o marketing como fenômeno do século XX, e tem como lastro autores como Bartels (1970), o qual propõe que o período entre 1900 e 1910 pode ser considerado o início do pensamento deste campo do conhecimento. É nesta época que o marketing foi concebido ou descoberto e sua expressão inicial foi dada a partir de idéias as quais se incorporaram ao seu corpo de pensamento. Neste período surgem as primeiras escolas do pensamento de marketing identificadas por Sheth et al (1988). Foram consideradas doze escolas, a saber: Commodity, Funcional, Institucional, Regional, Funcionalista, Administrativa, do Comportamento do Consumidor, Dinâmica Organizacional, Macromarketing, Sistêmica, Trocas Sociais e Escola Ativista. Um tema de fundamental importância na abordagem americana sobre a evolução do marketing é o marketing mix. Entre os personagens que figuram na história da construção deste conceito três terão seus trabalhos destacados respectivamente: Neil H. Borden, E. Jerome McCarthy e Philip Kotler. Borden (1975) justificando a adoção do termo “Marketing Mix” afirma que a sugestão lhe foi dada por um parágrafo num boletim de pesquisa em administração dos custos de marketing, escrito por seu, então professor associado, James Culliton, o qual, em seus estudos sobre os custos do marketing dos produtores, descreveu os executivos de negócios como: 11 [...] ’aquele que decide’, um ‘artista’ – um ‘misturador de ingredientes’, que às vezes segue uma receita à medida que avança, às vezes adapta uma receita aos ingredientes imediatamente disponíveis, e às vezes experimentam ou inventam com ingredientes nunca antes tentados (BORDEN, 1975, p.72). Borden adotou esse termo em seus trabalhos e em suas aulas. Dizia gostar da idéia de se aplicar o termo misturador de ingredientes (mixer of ingredients) aos executivos de marketing por considerá-los engajados, constantemente, em adaptar de maneira criativa uma mistura (mix) de procedimentos e políticas de marketing no intento de produzir um empreendimento lucrativo. Conforme Waterschoot e Van den Bulte (1992), os autores que discutiram sobre o marketing mix, procuraram ordenar por itens as influências em resposta ao mercado, que eram em grande número, as quais deveriam ser levadas em conta pelos praticantes do marketing, com a finalidade de facilitar a aplicação do conceito aos problemas operacionais concretos. Assim como Borden, que adotou uma lista de checagem proporcionando a compreensão das atividades do marketing as quais são complexas e com relações mútuas, outros autores desenvolveram classificações sucintas e convenientes as quais poderiam ser facilmente memorizadas e diagramadas sistematicamente, entre as quais somente a proposta por McCarthy (1960) sobreviveu por ser considerada eficaz e fácil de lembrar e reproduzir, conseqüentemente, a mais citada e utilizada na literatura e na prática. Os 4P´s, como são conhecidos hoje em dia, foram assim classificados por E. Jerome McCarthy em seu livro de 1960, “Basic Marketing: A Managerial Approach”. Em sua abordagem, McCarthy argumenta que o desenvolvimento de um produto e linhas de produtos não é tarefa fácil. Isto, não apenas devido às necessidades e preferências dos clientes mudarem, mas a concorrência torna, com freqüência, os produtos vigentes obsoletos. Desta forma, a busca pelo atendimento das necessidades dos clientes envolve o desenvolvimento do produto correto, o qual pode ser colocado no lugar correto, e vendido com o preço e promoção corretos. O autor desenvolve cada um dos P´s, mas reforça o fato de que o plano estratégico envolve muito mais do que reunir as quatro partes do marketing mix. O marketing mix deve ser combinado de um modo criativo de maneira que o mix apropriado seja desenvolvido com foco para o mercado alvo da empresa. 12 A ampliação dos P´s do Marketing Mix Os acadêmicos em marketing, de vez em quando, ofertam P´s adicionais à lista de categorias do marketing mix, por entenderem que a mesma se encontra muito limitada. Kotler (1986) em seu artigo Megamarketing, adicionou o P de Relações Públicas (public relations) e o P de Política (politics), expandindo a lista para seis P´s. No que se refere ao marketing de serviços, Booms e Bitner (1982), sugeriram a adição de três P´s, pessoa (people), evidência física (physical evidence) e processo (process). Judd (1987) entre outros argumentaram acrescentar apenas um novo P, o de pessoa. Autores que defendem o paradigma do marketing mix por vezes têm sugerido que “serviço” deveria ser incluso na lista dos P´s. Mas, como tem sido desde o estabelecimento dos 4P´s, novos itens são exclusivamente adicionados em forma de P´s. 13 2 - Serviço Dentre as mais variadas formas de se definir serviço existe uma que é bastante incisiva no que se pretende relatar nessa atividade, por isso Kotler (2006, p. 397) a define como “qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada”. Lovelock reafirma o que foi dito anteriormente ao dizer que: [...] um serviço é uma atividade econômica que cria valor e proporciona benefícios a clientes em horários e locais específicos, efetuando uma mudança desejada em quem recebe o serviço ou em seu nome (LOVELOCK, 2006, p.8). Portanto, serviço é caracterizado por uma ação, um esforço, um desempenho (LAS CASAS, 2006), que não é somente exercido por empresas prestadoras de serviços, mas pelos diversos segmentos de organização disponíveis no mercado. A meta de compreender os serviços e aquilo que ele pode oferecer permite que as empresas seposicionem competitivamente dentro de um mercado que atualmente não delimita os serviços apenas às empresas prestadoras de serviços, mas como para empresas de bens tangíveis. Grönroos, ao falar sobre gerenciamentos e serviços, faz uma explanação sobre a necessidade das empresas de bens se adequarem ao processo de oferta de serviços. Assim, ele diz que: As empresas prestadoras de serviços compreendem que a concorrência é agora tão intensa, que meras soluções técnicas oferecidas aos clientes não bastam para criar uma posição competitiva. A maioria das empresas de fabricação no chamado setor industrial da economia tem que oferecer a seus clientes uma variedade de serviços como parte integral do total de suas ofertas (GRONROOS,1993, p.4). As autoras Zeithmal e Bitner (2003) tratam o serviço conforme todas as atividades econômicas cujo objetivo não é uma construção ou produto físico, ou seja, é algo consumido no momento em que é produzido, proporcionando assim valor agregado em várias formas, como conveniência, entretenimento, oportunidade ou conforto. De uma forma figurativa, Fummersson, 1987, referindo-se a serviço como sendo algo que pode ser comprado e vendido, mas que você não consegue deixar cair sobre seu pé! Muitos vendedores cometem erros em concentrarem-se mais nos produtos físicos do que nos benefícios proporcionados por eles. Pensam sempre em vender o produto e não em satisfazer necessidades. O setor de serviços já detém a maior participação no PIB dos países desenvolvidos e em muitos dos países em desenvolvimento. Além disso, é o setor que atualmente, mais 14 emprega mão-de-obra. Os serviços hoje no Brasil representam mais de 55% da economia brasileira, ou seja, ou seja, mais da metade da produção e dos empregos brasileiros provém de serviços. O marketing de serviço tem como foco três principais dimensões: a) os clientes atuais e potenciais; b) os funcionários; e c) a interação cliente-prestador de serviço, a chamada “hora da verdade” (Carlzon, 1994; Normann, 1993) são aqueles momentos cruciais, comuns a quaisquer encontros de serviços, em que são estabelecidas relações diretas entre servidores e consumidores. Situações que determinam a percepção dos consumidores acerca da qualidade oferecida pela empresa. Somente quando estas três dimensões são bem atendidas é que o marketing de serviço pode alcançar os resultados desejados. As necessidades dos clientes vêm antes dos produtos e dos serviços. Não é possível inverter a ordem do processo. O cliente, o consumidor, mais do que nunca, está indicando as tendências para as empresas. É a partir dele e de suas necessidades e seus desejos, que produtos e serviços precisam ser concebidos. Definitivamente, não está disposto a aceitar o que a ele tentarem empurrar. Podemos considerar inúmeras diferenças entre tratar a administração mercadológica de produtos e a de serviços. Comecemos pela principal – o momento da produção. No mercado de produtos, as mercadorias são em geral, produzidas antes de serem vendidas. O que possibilita a execução do controle de qualidade antes da entrega ao cliente. No mercado de serviços, a venda ocorre antes da produção. Em outras palavras isto quer dizer que no mercado de produtos, o consumidor pode ter contato físico com a mercadoria antes de ter a posse desta mercadoria. Enquanto que, no de serviços, o consumidor compra uma promessa de entrega de serviços. Ele compra uma promessa que só vai ser concluída com a experiência do serviço pretendido, como, por exemplo, em um show. Para conhecer um serviço, portanto, o cliente tem que experimentá-lo já na situação de usuário, já na situação de compra realizada. Por isto, a percepção de risco tende a ser muito elevada nos serviços, pois eles não podem ser tocados, cheirados, degustados ou até mesmo provados antes do ato da compra. No mercado de serviços, portanto, a percepção da qualidade é fortemente influenciada pela experiência, um atributo que só pode ser avaliado depois do “uso” do serviço. 15 A qualidade do serviço é a base do Marketing de Serviços, enquanto no Marketing de Produtos é o seu desempenho. Serviço é a parte que deve ser vivenciada, é uma experiência vivida, é o desempenho. Mudanças substanciais estão acontecendo no ambiente mundial de negócios. Devido a essas mudanças, as empresas devem investir forte em treinamentos e desenvolvimentos de profissionais para a demanda grande por conhecimento de Marketing de Serviços. Os profissionais do setor de serviços aprenderam muito rapidamente que as estratégias de marketing e os modelos gerenciais tradicionais nem sempre se aplicam às características únicas de serviços. A importância do estudo do Marketing de Serviços foi alimentada por um grande crescimento de empregos no setor de serviços. Há uma contribuição cada vez maior desse setor para a economia mundial, e proporciona a desregulamentação de muitas indústrias de serviços. A vantagem diferencial dos serviços é uma mudança revolucionária na perspectiva a respeito de como as empresas de serviços deveriam gerenciar as suas empresas. 2.1 - O setor de Serviço O setor de serviços, hoje, é o segmento de maior participação na economia mundial, tanto nos países de economia mais desenvolvida, como em países em desenvolvimento. No Reino Unido, por exemplo, o setor de serviços representa mais de 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e nos EUA o setor de serviços corresponde a mais de 75% do PIB (TEBOUL, 2008). Na verdade, o setor cresceu significativamente, principalmente nas últimas três décadas, e continua mantendo esta tendência. A partir da década de 80, as organizações de serviço vêm representando uma parcela cada vez maior e mais importante no cenário econômico mundial. “Atualmente mais de 80% dos empregos nos Estados Unidos são ligados ao setor de serviços” (MCKENNA, 2002, p.31). Estas organizações buscam continuamente atingir a excelência em serviços, considerando a qualidade no atendimento aos clientes como questão fundamental para a conquista e manutenção dos mercados. Conforme afirmou Teboul (1999), muitas pessoas trabalham no setor de serviços e, no futuro, este número será ainda maior, consolidando o setor como o que mais emprega pessoas no mundo. Existe, na verdade, uma sociedade de serviços, conseqüência inevitável do grau elevado de personalização e de interação dentro de um ambiente competitivo, onde os consumidores tornam-se cada vez mais exigentes. Todas as pessoas, cotidianamente, são 16 clientes consumidores de serviços. Segundo o autor, um serviço é uma série de atividades que normalmente acontece durante as interações entre clientes e estruturas, recursos humanos, bens e sistemas do fornecedor, com a finalidade de atender a uma necessidade do cliente. Por sua vez, Lovelock (2001) define que serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte à outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores de produção. A importância do investimento em qualidade de serviços está explicitada nas pesquisas de Leonard Berry (2001), na afirmação de que todo mundo sai perdendo quando a qualidade dos serviços é baixa: os clientes, os funcionários, os gestores, os fornecedores, os acionistas, as comunidades e, até mesmo, os próprios países. Não há qualquer virtude em um serviço pobre ou medíocre. Implantar a excelência em serviços é mais lucrativo, mais prazeroso e melhora as perspectivas de futuro da empresa. Assim, no mundo inteiro, a excelência em serviços possibilita a vantagem competitiva, por meio da diferenciação dos concorrentes, da construção de relacionamentos consistentes com os clientes, da competição em valor sem competir em preço, da motivação dos funcionários na busca do aprimoramento em seu trabalho,além de possibilitar também um consistente dividendo financeiro. No caso do Brasil, onde também está havendo um grande crescimento do setor de serviços, é possível verificar que a participação do setor de serviços também passou a representar mais da metade do PIB nacional chegando a mais de 60% em 2002 (IBGE, 2004). Analisando a lista anual dos bilionários da revista Fortune, verifica-se que há quinze anos 60% dos bilionários brasileiros eram oriundos de um único setor, a construção civil. Hoje, metade deles tira sua fortuna pessoal do setor de serviços, graças à abertura de capitais de suas empresas que dá liquidez aos seus investimentos. Seus negócios vão de bancos a aviação e do varejo à venda de imóveis. Entre os bilionários brasileiros na lista em 2007, há um de administração de shoppings, três banqueiros, um de plano de saúde, além de um da maior rede privada de ensino superior do país. Na medida em que a revolução do serviço foi se expandindo, no Brasil e em todo o mundo, gerou, e continua gerando, um impacto direto e crescente na forma com que as empresas operam. Karl Albrecht (2004) trata dessa questão do novo pensamento gerencial 17 para a era do serviço, ressaltando a importância do desenvolvimento de uma forte cultura de serviço interno dentro das organizações, que depende muito da existência de idéias claras e factíveis a respeito da relação da empresa com seus clientes, bem como de seu clima organizacional e mecanismos operacionais. Afirma também que não existe realmente uma empresa que não esteja no negócio de prestação de serviços. “Todos têm que pensar sobre serviço, que é definido como o somatório de todos os valores entregues ao cliente, seja tangível ou intangível” (ALBRECHT, 2004, p.18). Assim, a revolução do serviço leva à fronteira de uma nova era, na qual o foco do sucesso é mais facilmente reconhecido como o contato total com o cliente. As empresas contemporâneas, por sua vez, começam a perceber e aprender que alcançar e manter um nível superior de serviços, que dê a elas uma vantagem competitiva, inicia pelo gerenciamento eficaz do processo de atendimento às necessidades e expectativas dos clientes. Porém, essa cultura de qualidade no atendimento deve começar pela excelência no atendimento ao cliente interno, pois a qualidade do serviço começa dentro da empresa. A empresa toda tem que servir àqueles que servem. “Se você não está servindo ao cliente, seu serviço é servir alguém que esteja. Nenhuma organização pode prestar um excelente serviço se estiver em guerra consigo mesma” (ALBRECHT, 2004, p.3). O pessoal da linha de frente, que tem contato com o cliente externo, não presta o serviço; na verdade, toda a organização presta o serviço e interfere diretamente na sua qualidade. 2.2 - Tipos de Serviço Serviços de Consumo Os Serviços de Consumo são aqueles prestados diretamente ao consumidor final. Nesta categoria eles subdividem-se em: a) De conveniência – ocorre quando o consumidor não quer perder tempo em procurar a empresa prestadora de serviços por não haver diferenças perceptíveis entre elas; b) De escolha – caracterizam-se quando alguns serviços têm custos diferenciados, de acordo com a qualidade e tipo de serviços prestados, prestigio da empresa, etc. Neste caso compensará ao consumidor visitar diversas firmas na busca de melhores negócios; 18 c) De especialidade – são aqueles altamente técnicos e especializados. O consumidor neste caso fará todo o esforço possível para obter serviços de especialistas. Serviços Industriais Os Serviços Industriais são aqueles prestados a organizações industriais, comerciais ou institucionais. Nesta categoria podem ser: a) De equipamentos – são serviços relacionados com a instalação, montagens de equipamentos ou manutenção; b) De facilidade – neste caso estão incluídos os serviços financeiros, de seguros, etc., pois facilitam as operações da empresa; c) De consultoria/orientação – são aqueles que auxiliam nas tomadas de decisão e incluem serviços de consultoria, pesquisa e educação. Além disso, são quatro os componentes do pacote de serviços: a) As instalações de apoio dizem respeito ao local que está instalado ou que necessita para que seja realizado o serviço. Pode ser também um equipamento que dá suporte ao serviço. É através das instalações de apoio que boa parte da “primeira impressão” sobre o serviço é construído na mente do cliente. A instalação de apoio é uma das partes tangíveis do serviço; b) Os bens facilitadores são aqueles que auxiliam a execução do Serviço ou que dão suporte e eles; c) Os serviços explícitos são exatamente o que se espera receber com aquele serviço; d) Os serviços implícitos, tudo o que está em volta do serviço propriamente dito e diz respeito ao que percebo ou obtenho através do uso daquele serviço. 2.3 - Características dos Serviços Atualmente se vive em uma economia de serviços. De acordo com dados estatísticos é possível afirmar que 70% de toda a riqueza mundial advêm do setor de serviços (KAHTAKLIAN, 2006). Afunilando ainda mais essa informação, segundo o IBGE (2008) – 19 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 58% do PIB nacional é obtido por meio dos serviços. Os serviços dominam a economia moderna, uma vez que afeta o modo com o qual a sociedade vive e trabalha, afirma Christopher Lovelock, que acrescenta: [...] os serviços são lançados continuamente para satisfazer nossas necessidades existentes e outras que nem sabíamos que tínhamos. [...] há menos de dez anos, poucas pessoas preveriam a necessidade de e-mail, serviços bancários on-line (LOVELOCK, 2006, p.3). O universo dos serviços é muito amplo, desde as telecomunicações aos bancos, escolas, hospitais, lavanderias, salões de beleza, óticas, profissionais liberais, passando pela internet e varejo. Existem algumas forças que moldam os mercados de serviços, conforme explicita Lovelock (2006), sendo elas as políticas governamentais, mudanças sociais, tendências em negócios, avanços na tecnologia de informação e internacionalização. A principal característica que diferencia o marketing de serviços do de bens está no grau de intangibilidade. São justamente no composto mercadológico que se devem direcionar essas principais diferenciações. Tais diferenças e as implicações de marketing são mostradas nas linhas que se seguem, adotando o modelo elaborado pelas autoras Zeithmal e Bitner (2003) que padronizam essas diferenças conforme a intangibilidade, heterogeneidade, produção e consumo simultâneos e perecibilidade. Intangibilidade É preciso, inicialmente, destacar as diferenças básicas entre bens e serviços. Os serviços são atuações e ações mais do que objetos, os mesmos não podem ser vistos, sentidos ou tocados. Isso resulta a impossibilidade de estocar serviços e a desautorização para patenteá-los legalmente, permitindo que surjam novos modelos de serviços, por vezes, copiados pela concorrência. Por conta dessa intangibilidade dos serviços eles podem ser percebidos através daquilo que é mostrado em suas instalações, no corpo de funcionários, principalmente os atendentes, nos equipamentos, formas e materiais de comunicação e até mesmo nos preços. Para Lovelock (2006), os elementos intangíveis dominam a criação de valor, uma vez que a inclusão de elementos tangíveis é importante, mas existe muito mais desempenho se o trabalho e o conhecimento técnico da equipe for condizente com a proposta da organização. 20 Heterogeneidade Uma excelente forma de representar essa questão é o simples fato de constatar que um serviço desempenhado por seres humanos nunca poderá ser prestado da mesma forma, sem contar que as pessoas (funcionários) mudam suas atuações de forma inesperada. Há outro ponto crucial que reside no fato de que os clientes jamais serão os mesmos,cada qual terá suas necessidades e expectativas distintas. Por isso, a heterogeneidade é considerada o resultado das ações decorrentes da interação humana. As empresas de serviços precisam dedicar atenção especial à seleção, ao treinamento e a motivação de sua equipe de profissionais (LOVELOCK, 2006, p. 11). Produção e Consumo de Simultâneos A maior parte dos bens é produzida antecipadamente, enquanto que os serviços correspondem a uma ação imediata, precedente a qualquer ocorrência. Isso significa que na maior parte dos casos o cliente está presente enquanto o serviço está sendo produzido, o que implica uma interação entre o prestador do serviço e cliente. Isso gera certas implicações para a organização, tais como a dificuldade de produção de serviços para a massa e a impossibilidade de garantir qualidade e satisfação nos serviços, pois estes ocorrem em tempo real, necessitando de ações dos funcionários e dos consumidores. Perecibilidade Os serviços não podem ser preservados, estocados, revendidos ou devolvidos, enquanto que os bens ou a mercadoria podem ser guardados no estoque ou revendidos em outro dia. Esse fato gera uma questão fundamental a ser enfrentada pelos gerentes de marketing, pois implica na necessidade de se criar estratégias tanto para recuperar como para executar aquilo que se objetiva. Segundo Kotler (2000), a implantação de preços diferenciados, o aproveitamento de períodos de baixa demanda e a prática de serviços complementares somadas a algumas estratégias que podem estabelecer equilíbrio entre demanda e oferta. 2.4 - A importância da Comunicação e da Informação Mudanças substanciais estão acontecendo no ambiente mundial de negócios. Devido a essas mudanças, as empresas devem investir forte em treinamentos e desenvolvimentos de profissionais para a demanda grande por conhecimento de Marketing de 21 Serviços. Os profissionais do setor de serviços aprenderam muito rapidamente que as estratégias de marketing e os modelos gerenciais tradicionais nem sempre se aplicam às características únicas de serviços. A importância do estudo do Marketing de Serviços foi alimentada por um grande crescimento de empregos no setor de serviços. Há uma contribuição cada vez maior desse setor para a economia mundial, e proporciona a desregulamentação de muitas indústrias de serviços. A vantagem diferencial dos serviços é uma mudança revolucionária na perspectiva a respeito de como as empresas de serviços deveriam gerenciar as suas empresas. Os clientes podem não ver a infra-estrutura de suporte e serviços de uma empresa, mas experimentam os benefícios da integração e do propósito do serviço. “Há duas décadas, as empresas diziam aos seus clientes como resolver seus problemas e qual a solução. Hoje, são os clientes que dizem às empresas o que eles querem que elas façam” (MCKENNA, 2002, p. 48). Não basta ter apenas o foco no cliente e sim considerar o foco do cliente também. O consumidor está mais consciente e, conseqüentemente, mais exigente nos últimos vinte anos devido ao excesso de experiências comerciais e ao crescente acesso à informação. Segundo McKenna (2002), os consumidores modernos sabem que estão sendo cortejados e sabem do seu poder em um mercado saturado de ofertas no qual a empresa vem a eles, de diversas formas e repetidas vezes, buscando atenção, apoio e fidelidade. A dinâmica do consumo mudou e hoje dentre as características mais relevantes das organizações estão a flexibilidade e agilidade para mudanças, inovação contínua e um modelo de gestão mais humanizado, colocando as pessoas, o clima interno e a qualidade do relacionamento interpessoal no centro das atenções. Os consumidores hoje querem mais. Mais do que benefícios, função e desempenho. Mais do que marcas. Mais do que preço. Querem valor. Querem relacionamento. Não estão mais interessados em serem apenas catequizados sobre os benefícios funcionais e características. Estão buscando conexões e isso é o que eles esperam. Como supracitado, há muita oferta no mercado e ter, por exemplo, um ótimo produto que funcione bem e tenha um desempenho satisfatório se tornou lugar comum. Agora, na era dos serviços, é essencial ter algo mais do que uma boa marca e/ou um serviço satisfatório. Para obter a diferenciação, será através da qualidade na construção de relacionamentos com os clientes. “Serviços são processos inerentemente orientados para relacionamento, é claro que as percepções de qualidade dos clientes se desenvolverão e se alterarão com o tempo, à medida que o relacionamento prossegue” (GRÖNROOS, 2003, p.106). 22 Muitas empresas já mudaram o perfil de atuação e o nome das áreas de contato direto com os clientes, por exemplo, de central de atendimento para central de relacionamento, pois perceberam que simplesmente atender não é mais suficiente, estreitar o relacionamento com os clientes é o que está fazendo a diferença no mercado atual. Para Albrecht (2004), a satisfação do cliente externo é a extensão do atendimento realizado entre as áreas no dia-a-dia dentro das empresas. Este é um dos grandes desafios com que as organizações contemporâneas têm de lidar e que deve começar de dentro pra fora, ou seja, da qualidade dos relacionamentos e serviços internos para o alcance da excelência na prestação de serviços aos consumidores. Segundo McKenna (2002), a distância entre a empresa e o consumidor está desaparecendo numa troca direta de informações, pois na base do relacionamento entre empresa e consumidor está a informação que, para ser comunicada de modo eficiente, deve ser constantemente interpretada, aperfeiçoada, recriada e eficientemente gerenciada para satisfazer às necessidades e expectativas dos clientes, pois num mercado altamente competitivo, em constante mudança, as preferências do consumidor e suas percepções estão sempre em movimento. Do ponto de vista dos consumidores, a informação é um componente vital de qualquer serviço. “A informação é um camaleão em suas várias representações porque ela pode mudar seu significado e importância em resposta a ambientes de mercado em constante mudança” (MCKENNA, 2002, p.159). Como a informação é intangível, pode ter diversos significados interpretados: tudo e todos que fazem interface com o cliente consumidor tornam-se um distribuidor de informação. A figura 1 mostra a evolução da curva da informação e o seu valor na era dos serviços. Portanto, o processo de comunicação interpessoal se apresenta como um processo estratégico da cultura de serviços e requer dos gestores e das equipes ações diárias e eficientes, capazes de assegurar a alta qualidade do fluxo de informações dentro das diferentes áreas da empresa. 23 3 - Gestão da Qualidade dos Serviços Em todas as suas formas, gestão é um processo disciplinado, composto de passos que devem ocorrer em seqüência e plenamente satisfeitos em suas necessidades individuais. Não poderia ser diferente em Qualidade dos Serviços. Inicialmente o gestor de qualidade em serviços deve realizar a tradicional análise da demanda necessária por qualidade e avaliar as diversas mediações existentes de controle sobre a qualidade. Neste momento, o gestor buscará conhecer o que o mercado espera antes de concluir sobre esta qualidade esperada. A partir deste primeiro passo, o gerente inicia o processo de percepção sobre a qualidade desejada do serviço e, a partir daí, toma as decisões necessárias sobre as especificações da qualidade. Em seguida é necessário o entendimento destas especificações da qualidade pelo público interno da empresa. E, a realização do endomarketing. O gestor deve ter a certeza de que os empregados, por sua vez, entenderam a qualidade desejada pelo cliente e estão dispostos e habilitados a terem um desempenho de acordo com as especificações traçadas. Enquanto isso, asatividades do Marketing estão sendo trabalhadas para desenvolver o processo da qualidade esperada através da comunicação ou outros instrumentos que possibilitem esta construção de imagem. E, é chegado um dos momentos mais importantes do relacionamento com o cliente: o momento do contato efetivo do cliente com o serviço, onde será construída a imagem da Qualidade Experimentada, a mais importante. A partir daí o processo vai retornando ao seu reinicio: deve ser realizada a interpretação do que é qualidade esperada e experimentada pelo cliente (internamento por todos os envolvidos no processo de construção da obtenção de qualidade) até que isto vai gerar uma nova percepção gerencial do que é qualidade esperada pelo cliente, reiniciando o ciclo. O serviço que um cliente recebe resulta tipicamente de uma cadeia de serviços afins. Alguns destes serviços têm lugar nos bastidores, distantes da experiência direta do cliente. Outros serviços o cliente experimenta diretamente. Deficiências em qualquer elo da cadeia de serviços podem afetar a percepção da qualidade dos serviços pelo cliente. A forma organizacional de se construir uma cadeia de serviços é a estrutura funcional. Porter (1999) sustenta que a competitividade de uma empresa no mercado está em sua capacidade de compatibilizar suas atividades. Para o autor, isto é a essência da estratégia. 24 Quando uma empresa consegue combinar todas as suas atividades de uma forma sistêmica, atinge uma vantagem competitiva capaz de promover rentabilidade e efetivo valor econômico. Toda empresa é composta por uma série de processos interdependentes, que formam uma cadeia de valor. Esta interdependência pode ser identificada pelo que Porter (1989) denomina de elos dentro da cadeia de valor. O autor sustenta que toda cadeia de valor possui um número significativo de elos, os quais, inclusive, são comuns a várias empresas. No entanto, os elos mais evidentes são aqueles que fazem a ligação entre os processos de apoio e os processos primários, sendo que os mais sutis ligam processos primários entre si. Estes elos proporcionam uma fonte sustentável para a obtenção de vantagem competitiva para qualquer empresa, na medida em que permitem estreitar a relação entre processos de cadeia de valor tanto em termos de custo quanto de desempenho. Segundo Porter (1999), os processos primários agrupam os processos que envolvem atividades diretamente relacionadas com o cliente externo como: produção, divulgação, venda e entrega. E os processos de apoio referem-se aqueles que oferecem atividades de suporte aos processos primários, bem como a si mesmos, tais como: tecnologia, gestão, capacitação de pessoas, compras, infra-estrutura, financeiro, dentre outros. Neste sentido, um processo de apoio fornece produtos (bens e serviços) aos processos primários e também aos demais processos de apoio, estabelecendo uma relação entre um fornecedor interno da empresa e um cliente interno, o que, com efeito, leva a performance do primeiro a influir na performance do segundo. Assim, é importante que se possa mensurar o desempenho dos processos de apoio visando avaliá-los e aperfeiçoá-los cada vez mais, procurando ainda estabelecer uma fina sintonia com os demais processos de negócio da empresa. De acordo com o autor, esta fina sintonia, confere uma das bases para a obtenção de vantagem competitiva sobre a concorrência, mormente em mercados cada vez mais severamente disputados como os atuais. Portanto, torna-se indispensável compreender, configurar e medir o desempenho de um processo de apoio no intuito de atender os processos e propósitos de seus clientes internos, considerando-se as relações existentes entre todos os processos do negócio de uma empresa. Para Albrecht (2004), antes de se atender efetivamente um cliente externo, atende-se uma série de clientes internos, que necessitam de resultados que agreguem valor ao seu trabalho, evidenciando-se, desta feita, a relevância dos processos de apoio e gestão, legítimos fornecedores internos. Assim sendo, estes processos precisam estar desenhados de forma a atender as necessidades de seus clientes internos e, assim, contribuir com a agregação de valor em cadeia, no intuito maior, de conduzir a empresa à prosperidade uma vez que vários 25 clientes internos precisam ser atendidos com eficácia antes que se alcance a satisfação do cliente externo. Albrecht (2004) enfatiza que a satisfação do cliente externo é a extensão do bom atendimento realizado entre as áreas no dia-a-dia dentro das organizações. E a satisfação do cliente interno não se resume apenas à oferta de salários e benefícios compatíveis com o mercado ou até mesmo acima. Muitas vezes o diferencial está no discurso organizacional alinhado à prática, na sinergia de valores entre as equipes das diferentes áreas da empresa, no modelo de gestão dos processos de trabalho e na existência de uma cultura de serviço interno direcionando e valorizando a relação cliente-fornecedor interno. Este autor ainda sustenta que alcançar e manter um nível superior de serviço que dê a empresa uma vantagem competitiva inicia pelo entendimento e o gerenciamento do atendimento ao cliente. Para o cliente, o serviço existe a partir do momento no qual ele conhece a empresa diretamente através de suas experiências com ela, daí a importância da visão de que as coisas certas têm que acontecer em vários níveis da organização. Não é suficiente que o funcionário da linha de frente deseje prestar um serviço excelente, pois não pode fazer isso sozinho. Tem que haver uma cadeia de qualidade que se estenda além dele até o pessoal de suporte dos departamentos de apoio que fazem com que as coisas aconteçam nas horas, lugares e tempos certos e não somente na ponta no atendimento ao cliente. Portanto, todas as pessoas da organização, estruturas e recursos devem estar alinhados para criar a melhor impressão possível na percepção da qualidade do serviço por parte do cliente, principalmente porque é o cliente que decide no ato a qualidade do serviço que recebeu. Segundo Albrecht (2004), o que devemos buscar no gerenciamento e operação de uma empresa com excelência em serviços não é nada mais do que a completa sinergia interna. A cultura, a visão e direção, a liderança, o alinhamento de recursos e funções e a motivação e comprometimento dos funcionários são todos ingredientes essenciais para a superioridade do serviço. Um fato curioso, e suas conseqüências, enfatizado por Albrecht (2004), é que na maioria das empresas de serviço é o pessoal menos qualificado da força de trabalho que é colocado em contato com o cliente externo. O pessoal de atendimento normalmente é formado pelos mais jovens, mais novos na empresa, menos experientes, menos instruídos e de menor salário. Uma das primeiras conseqüências que se verifica a partir disso é que fica bem claro para os novatos, como já é para todos os demais funcionários, que o atendimento ao cliente é o ponto mais baixo na estrutura funcional da organização e, conseqüentemente, 26 o sistema funciona de forma a estimular os funcionários a buscarem outra posição, afastando- se o mais breve possível do atendimento ao cliente externo e desvalorizando esta importante e estratégica função. Assim sendo, Albrecht (2004) cita desvantagens competitivas imediatas a partir daí, além de lembrar que tudo o que sabemos a respeito de competitividade em um mercado de serviços nos ensina que deveria ser o oposto: colocamos os recursos de pior qualidade no totalmente importante atendimento ao cliente e, permitimos que aqueles que não estão envolvidos diretamente neste atendimento, dispersem suas energias internamente e abandonem a própria sorte o apoio a este atendimento (ALBRECHT, 2004, p.7). Outra razão citada por Albrecht, que afasta o pessoal das posições de contatocom o cliente na linha de frente, é o fato de que estas posições são mais exigentes e desgastantes psicologicamente falando. É o que ele chama de “um elemento de trabalho emocional” (2004, p. 30) envolvido na interação constante com os clientes e suas diferentes demandas durante todo o dia. Na linha de frente, o cliente busca e exige o atendimento de qualidade e o funcionário tem que corresponder imediatamente e o elemento de satisfação sempre está presente, pois o cliente decide no ato a qualidade do serviço que foi prestado. É, portanto, um trabalho que apresenta um componente emocional significativo e a maioria das pessoas o considera muito estressante. Esta constatação, inclusive, deveria servir também não só para valorizar a cultura de serviço interno, mas para que os funcionários que trabalham numa área de apoio percebam a grande importância que reside em dar suporte ágil e de qualidade ao atendimento das demandas geradas pelos seus colegas da linha de frente, na difícil missão diária da busca da excelência na prestação de serviços aos clientes externos. 3.1 - Estágios de compra O comprador de alguns produtos ou serviços geralmente passa pelas seguintes etapas: NECESSIDADES INFORMAÇÕES AVALIAÇÃO DECISÃO PÓS-COMPRA 27 Processo de compra de serviços contábeis responsabilidade das empresas: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR RESPONSABILIDADE DOS CONTADORES DESPERTAR NECESSIDADES E PROBLEMAS CLARIFICAR E QUALIFICAR NECESSIDADES DE CLIENTES IDENTIFICAR OS PROBLEMAS DOS CLIENTES MOSTRAR INTERESSE EM SERVIÇOS OFERECIDOS IDENTIFICAR SERVIÇOS NECESSÁRIOS DEMONSTRAR CONVICÇÃO DIANTE DA COMPRA EXPLICAR COMO BENEFÍCIOS DOS SERVIÇOS SATISFAZEREM NECESSIDADES DEMONSTRAR DESEJO PELO SERVIÇO ESTABELECER EXPECTATIVAS EXPLICAR EXPECTATIVAS DE RESULTADOS DA RELAÇÃO COMERCIAL ESTAR PRONTO PARA A DECISÃO FECHAR O NEGÓCIO CONFIAR CONDIÇÕES COM O CLIENTE SATISFAZER NECESSIDADES De modo geral, a necessidade de algum serviço apresenta-se em três situações básicas: 1ª) O cliente tem parte do problema, mas não sabe como formulá-lo. 2ª) O cliente pensa num problema, mas na realidade ele tem outro. 3ª) O cliente pensa que tem um problema, mas na realidade não tem. Com base nestas situações, a interferência do prestador de serviços pode ocorrer da seguinte forma: a) O cliente tem parte do problema, mas sabe como formulá-lo. Deve ser feito um esforço de integração. O profissional, juntamente com seu cliente, desenvolve um trabalho de identificação do problema e sua formulação através de levantamento de dados e conversações. b) O cliente pensa num problema, mas na realidade tem outro. É uma situação muito comum, pois muitas vezes, a essência do problema não está muito visível. Neste caso, a experiência do profissional é importante, pois comparações e principalmente o envolvimento total na atividade auxiliam nesta determinação. c) O cliente pensa que tem problema, mas na realidade não tem. A venda profissional de serviços requer que o serviço a ser vendido seja verdadeiro e 28 necessário. Não se deve vender aquele serviço de que o comprador não necessita. Papéis desempenhados na compra de serviços de consumo: INICIADOR INFLUENCIADOR DECISOR COMPRADOR USUÁRIO Num Ciclo de Serviço, duas partes são muito importantes: o início e o fim do ciclo. O início porque é o momento onde é criada a primeira imagem; praticamente define se o cliente prosseguirá o processo de compra. O fim, pois é quando é criada a imagem que vai ficar com quem recebeu o serviço; praticamente define se o cliente voltará a comprar novamente no mesmo estabelecimento. Na Gestão da Qualidade em serviços temos que diferenciar a qualidade técnica da qualidade funcional. A diferença entre as duas diz respeito ao que o cliente recebe e a como o cliente recebe, respectivamente. Em qualidade, ainda temos: a Qualidade Esperada, a Qualidade Experimentada e a Qualidade Percebida. 3.2 - Análise de Qualidade Total e Qualidade Percebida Qualidade Total A Qualidade Total poderia ser definida como a ausência de defeitos na Qualidade Percebida. Um bom caminho para evitar chegar a uma negativa Qualidade Percebida seria seguir os passos a seguir: - Confiabilidade: envolve tratar com coerência o desempenho e procurar ao longo do tempo manter constância de proposta e atitude. - Competência: significa possuir as habilidades necessárias para o bem servir e o conhecimento necessário para a sua execução. - Cortesia: envolve tratar com boas maneiras, respeito, consideração e contato amigável do pessoal com o mercado como um todo. - Credibilidade: envolve a confiança necessária, o crédito, a honestidade e o envolvimento concreto como s interesses, antes de tudo, do cliente. 29 - Compreender e Conhecer o Cliente: envolve fazer um efetivo esforço para compreender todas as necessidades do cliente e demonstrar isto aplicando no dia-a-dia do atendimento. - Rapidez de resposta: diz respeito à disposição e à rapidez dos empregados para fornecerem o serviço esperado. - Acesso: envolve facilidade de estar sempre disponível, acessível, pronto para ser abordado, disposto a manter contato. - Comunicação: significa manter constantemente os clientes informados numa linguagem compreensível por eles. Além disto, demonstrar claramente que está sempre disposto a ouvir sobre as necessidades dos clientes. - Segurança: significa não deixar dúvidas quanto ao que vai ser “servido”, não oferecer qualquer tipo de perigo ou risco. - Tangíveis: procurar tangibilizar os serviços através de evidências físicas que a qualificam o serviço desejado. A busca da Qualidade Total em Serviços é a busca do diferencial de atendimento do mercado. Para este mercado, perceber que há um esforço controlado para melhor atender ajuda a construção da imagem da qualidade percebida. Qualidade Percebida A Qualidade Percebida como falamos, é o estágio final da construção da Imagem de Qualidade. Um componente importante deste processo é dar ao cliente a possibilidade de perceber que esforços estão sendo realizados para obter aquilo que é desejado. A este processo chamamos de Controle Percebido. Existem algumas ações que podem ser realizadas para evidenciar os controles sobre a qualidade no sentido de promover uma melhor Qualidade Percebida: - Profissionalismo e Habilidade: os clientes devem compreender que o prestador de serviços, seus empregados, os sistemas operacionais e os recursos físicos possuem o conhecimento e as habilidades necessárias para solucionar seus problemas d e forma profissional (critérios relacionados a resultados). - Atitudes e Comportamentos: os clientes devem perceber que os funcionários de serviços (pessoas de contato) estão preocupados com eles e se interessam 30 por solucionar seus problemas de uma forma espontânea e amigável (critérios relacionados ao processo). - Facilidade de Acesso e Flexibilidade: os clientes devem sentir que o prestador de serviço, sua localização, suas horas de operação, seus empregados, e os sistemas operacionais são projetados e operam de forma a facilitar o acesso aos serviços e estão preparados para ajustarem-se as demandas e aos desejos dos clientes de maneira flexível (critérios relacionados ao processo). - Confiabilidade e Honestidade – os clientes devem saber que qualquer coisa que aconteça ou sobre a qual se concorde será cumprida pela empresa, seus empregados e sistemas, para manter as promessas e Ter um desempenho coerente com os melhores interesses dos clientes (critérios relacionados a processo). - Recuperação – os clientes devem ter certeza de que sempre que algo der errado ou alguma coisa imprevisível e inesperada acontecer, o prestador deserviços tornará de imediato e ativamente ações para mantê-lo no controle da situação e para encontrar uma nova e aceitável solução (critérios relacionados a processo). - Reputação e Credibilidade – os clientes devem aceitar que as operações do prestador de serviços merecem sua confiança, valem o dinheiro pago e representam bom nível de desempenho e valores que podem ser perfeitamente compartilhados entre os clientes e o prestador de serviço (critérios a imagem). 3.2.1 - Critérios de Avaliação da Qualidade dos Serviços São muito variadas as formas de avaliar a Qualidade de um Serviço. Até mesmo porque as características de intangibilidade ajudam a construir estas dificuldades. O Gestor de Serviços deve procurar tangibilizar as variadas formas de experimentar a qualidade esperada, devem procurar dar consistência a esta qualidade, deve fazer com que todos demonstrem competência na execução, velocidade no atendimento e demonstrem flexibilidade. Alguns critérios servem de orientação ao cliente na hora de avaliar a qualidade do serviço. Embora o nível de importância de cada critério varie de acordo com as 31 características de cada serviço, podemos listar nove principais critérios de avaliação da qualidade do serviço utilizados pelo cliente: - Tangíveis: Refere-se à qualidade (aparência) de qualquer evidência física do serviço: bens facilitadores, equipamentos, instalações, pessoal. Ë um importante critério pela própria intangibilidade do serviço. - Consistência: É a ausência da variabilidade no resultado ou no processo. Consistência influencia até na propaganda ‘boca-a-boca’ realizada por clientes freqüentes e potenciais. É importante para clientes que querem saber o que esperar do serviço. - Competência: Refere-se à habilidade e ao conhecimento para executar o serviço (pode ser previamente conhecido pelo diploma, currículo, etc.) É importante para serviços profissionais: serviço médico, assistência jurídica, manutenção de automóveis e consultoria, por exemplo. - Velocidade de Atendimento: Critério importante para a maioria dos consumidores de serviços (na ótica deles sempre). O tempo pode Ter duas dimensões: a real e a percebida. Nem sempre a redução do tempo real é a desejada no tempo percebido. - Atendimento/Atmosfera: Refere-se à experiência que o cliente tem durante o processo de atendimento: a capacidade de agradar (de exceder) as expectativas. Tem relação direta com o atendimento personalizado. A capacidade de reconhecimento, o grau de cortesia criando o prazer da participação do cliente no processo de “produção do serviço”. A linguagem acessível no diagnóstico médico permitindo uma melhor interação com o paciente, por exemplo: Num restaurante, atém da cortesia pessoal irá contribuir para uma boa atmosfera a música, a luz, a temperatura, a decoração, etc. - Flexibilidade: É a capacidade de rápida adaptação às necessidades do cliente. Uma boa flexibilidade do sistema de operação vai proporcionar um bom processo de recuperação de falhas (serviços produzidos na frente do cliente ocasionam erros). São várias as possibilidades de Flexibilidades: - Flexibilidade e Projeto de Serviço é a habilidade de introduzir novos serviços que atendam as necessidades dos clientes. - Flexibilidade do Pacote de Serviço é a habilidade de oferecer serviços variados dentro de determinado período de tempo. 32 - Flexibilidade de Data de Fornecimento do Serviço é a habilidade de antecipar a entrega do serviço de acordo com o requerido pelo cliente. - Flexibilidade de Local de Fornecimento do Serviço é a habilidade de oferecer serviços em locais diferentes. - Flexibilidade de Volume de Serviço é a habilidade de adaptar a variações da demanda de serviços. - Flexibilidade de Robustez do Sistema de Operações é a habilidade de se manter em operações apesar das mudanças que possam ocorrer no processo de fornecimento de insumos e recursos. - Flexibilidade de Recuperação de Falhas é a habilidade de recuperar-se de uma falha percebida pelo cliente. - Credibilidade/Segurança: Refere-se à capacidade de transmitir confiança e a formação de baixa percepção de risco: A percepção de risco varia com a complexidade das necessidades do cliente e com o grau de conhecimento que este tem do processo do serviço. - Acesso é o que diz respeito à capacidade do cliente entrar em contato com o fornecedor do serviço. Localização adequada, bem sinalizada, disponibilidade de estacionamento, amplo horário de operação, facilidade de acesso telefônico, delivery system. - Custo: é o critério de quanto o cliente vai paga (em moeda) pelo serviço. Este critério esta associado a outros como o tempo, o esforço e o desgaste para obter o serviço. Geralmente relaciona-se preço alto à qualidade alta. Finalmente, um serviço pode ser mal avaliado pela falta de informações adequadas. 33 4 - Os encontros de serviços e a teoria dos scripts cognitivos Apesar das diferenças existentes entre os vários tipos de encontros de serviços, parece razoável admitir que estas experiências possam ser agrupadas em categorias mais elementares. As simplificações ajudam a reduzir o complicado processo das relações humanas em níveis mais facilmente gerenciáveis. Assim, as interações poderão ser organizadas segundo uma série de situações em que ocorrem seqüências de atividades ou eventos mais ou menos esperados. Comportamentos ritualizados em acordo com expectativas proporcionadas, quando são configurados papéis previamente conhecidos, são fatores capazes de afetar positivamente a eficácia e a eficiência da performance na “hora da verdade”. A interação evolui sem maiores dificuldades quando pode ser esperado certo tipo de conduta para um dos interlocutores e o comporta-mento complementar dos demais pode ser previsto, ainda que acreditar na previsibilidade do comportamento humano seja um exercício inteiramente utópico. Encontros de serviços são momentos tão importantes para o sucesso das organizações, que costumam merecer atenção especial por parte dos gerentes e dos teóricos da administração, especialmente no que tange às políticas de treinamento e desenvolvimento de pessoal para atendimento aos clientes das empresas de serviços. O script cognitivo descreve-se como uma “estrutura esquematizada de eventos que descreve uma seqüência de atividades apropriadas para uma situação particular”. No contexto do marketing de serviços, um script seria uma representação mental de uma interação durante a produção do serviço, incluindo os comportamentos esperados para o consumidor e para o servidor. “Nossos scripts”, diz Motta (2000), “apontam os desempenhos esperados em cada evento e as ações indicadas para expressá-los”. Os scripts especificam as ações ou eventos que ocorrem durante a prestação do serviço, a ordem destes acontecimentos, aqueles que praticam tais ações e o cenário em que estes eventos têm lugar. Por sua função de “facilitar os processos cognitivos” e por seu papel decisivo na avaliação pelos consumidores da qualidade na performance do serviço, os scripts cognitivos vêm sendo usados como base para o desenvolvimento das interações necessárias aos encontros de serviços. Mais do que uma via para a performance do serviço, o script é um roteiro para um futuro desejado (Motta, 2000). Não é difícil perceber, portanto, que a teoria dos scripts segue os preceitos do pensamento estrutural-funcionalista, por intermédio do qual o “consumidor médio”, uma 34 entidade abstratamente imaginada para servir aos interesses dos gerentes, passa a ser visto, então, como um alvo passivo à mercê da gerência, caracterizando a subordinação de um organismo mais simples e menos “competente” a uma mente privilegiada, capaz de imaginar um futuro “ideal” tanto para si quanto para o cliente. Neste sentido, a administração