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Clínica Cirúrgica - Estudo Pré-Prova Cicatrização É a cascata de eventos celulares e moleculares interagindo de forma coordenada para a reconstrução do tecido Animais superiores Possuem a capacidade regenerativa limitada Proliferação (processo de cicatrização): Epitelial Endotelial Fibroblástica – produção de colágeno Fases Inflamatória De desbridamento De reparo De maturação *O evento é em cascata, mas não ocorre de maneira uniforme. Uma ferida pode ter diferentes fases de cicatrização ao mesmo tempo. FASE INFLAMATÓRIA Ocorre logo após a lesão Sangramento (lesão)→ vasoconstrição (5 a 10 min - controle da hemorragia)→ vasodilatação↔ inflamação (através de mediadores químicos). Vasodilatação→ aumento do espaço intracelular aumenta→ fibrinogênio (fibrina), leucócitos e Fator Quimiotático Plaquetário (atrai mais células inflamatórias FASE DE DESBRIDAMENTO Presença do exsudato (identificação macroscópica da fase)→ limpeza da ferida→migração de fibroblastos Exsudato formado por leucócitos (neutrófilos – 6h e macrófagos – 12h), fluido e tecido morto FASE DE REPARO (neovascularização) Fibrócitos→ ativação de fibroblastos→ proliferação de fibroblastos (ocorre devido a uma ligeira queda do pH e O2 tecidual - 20 mmHg) Importante manter a [ ] O2 no sangue para que ocorra difusão do vaso para a ferida Para ocorrer a migração, precisa ser uma substância de base (colágeno, fibronectina – adesão e quimiotaxia de células de reparo ); Hipoxemia tecidual→ liberação de HIF-1 (fator induzível por hipóxia)→ neovascularização Proliferação fibroblastos→ tecido de granulação *Melhor fase para fazer enxerto de pele FASE DE MATURAÇÃO Início: 17-20 dias Término: indefinido (até anos) Tempo de maturação do colágeno: 12-18 meses ↑ resistência do tecido cicatricial Para que haja migração epitelial – tensão do O2 reestabelecida e energia (animal bem nutrido) Chalone (marcador do processo de cicatrização) – da substância ↓ à medida que a cicatrização avança Contração do ferimento – ferida diminui *gato tem cicatrização por segunda intenção mais lenta que o cão FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO Que retardam: Paciente Características do ferimento Externos Paciente Animais idosos – ↓metabolismo Desnutrição (hipoproteinemia) – dificuldade em formar colágeno PPT 105 microrganismos/g de tecido; Aparência ao exame: sujo, coberto por exsudato (viscoso e espesso) TIPOS DE FERIMENTOS Abrasão: Escoriação da pele ou mucosa de forma superficial Ocorre por fricção, meio mecânico Sensível à pressão e o toque Laceração: Ocorre rasgamento – danifica a pele e tecidos subjacentes Superficiais ou profundas Bordas irregulares Avulsão: Laceração ou rasgamento de tecido e suas ligações Criação de flapes cutâneos Lesão por desenluvamento – em membros locomotores com perda cutânea extensa Penetrante ou perfurante: Ocorrem por projéteis ou objetos pontiagudos Presença de pedaços da pele e pelo incrustado no ferimento Esmagamento:Compressão do tecido ou combinação de outros tipos de ferimentos Danos extensos Contusões na pele e nos tecidos mais profundos *Acompanhar a evolução da ferida diariamente Queimadura: Espessura: parcial ou completa Temperatura: calor ou frio Substância química * Resfriar a pele de imediato com compressa de água fria para reduzir a temperatura da pele Condutas adicionais 6 a 8 h, traumatismo mínimo e/ou contaminação mínima; Lavagem Desbridamento Fechamento primário Se ferida penetrantes: Limpeza /lavagem do pertuito Exploração cirúrgica Fechamento primário Tratar como ferimento aberto Objetivo: convertê-lo para limpo Controlar a infecção para a aproximação cirúrgica Algumas feridas irão cicatrizar por contração e epitelização * Projétil de arma de fogo queima o tecido do percurso que percorre. Só deve ser retirado se estiver comprometendo alguma função, caso contrário, a retirada pode ser mais prejudicial > 6 a 8h, traumatismo intenso e/ou contaminação intensa 1º Tricotomia (tesoura com óleo (para pêlo não cair na ferida)) 2º lavagem abundante (500 mL a 1L) Solução salina ou eletrolítica balanceada, estéreis e mornasfechado: trauma torácico rombo – tratamento conservador. Pneumotórax atraumático: espontâneo ou idiopático: tratamento conservador, considerando a pleurodese. E se essa técnica não funcionar fazer uma toracotomia com acesso por esternotomia mediana. Ruptura diafragmática: Ruptura do diafragma com migração dos órgãos abdominais para a cavidade torácica. É classificada em congênita ou adquirida. A congênita é rara e os animais morrem ao nascimento. A forma adquirida é mais comum e causada por acidentes automobilísticos. Fisiopatologia: Trauma ao aumento repentino da pressão intra-abdominal à glote ABERTA à esvaziamento abrupto dos pulmões --> gradiente de pressão pleuroperitoneal ou entre tórax e o abdome à ruptura do diafragma. Diagnóstico: Sem predisposição racial --> maior observação em machos, mas sem explicação genética, talvez pelo comportamento Duração de horas ou anos. Em casos crônicos: dispneia (em fêmeas agravada após gestação pela diminuição do espaço abdominal, aumentando a pressão contra o diafragma), intolerância a exercícios, anorexia, depressão e perda de peso, dor após a ingestão de alimentos, vomito e/ou diarreia. Exame físico: TPR, choque, arritmias cardíacas, hidrotórax (pelo fígado adentrar tórax) Exames complementares: RX, US (normalmente suficientes) e celiografia de contraste positivo (raramente indicada) Tratamento: Pré-operatório: suporte, decúbito esternal, elevar o tórax e deixar o abdome mais baixo. Lembrar de síndrome de reperfusão – iniciar a terapia de combate aos radicais livres antes da cirurgia. Posicionamento: decúbito esternal, treembleding Operatório: Laparotomia mediana supraumbilical ou transumbilical. Dificilmente combinada a esternotomia mediana, deixar como plano B. Reposicionamento de vísceras. Toracostomia. Rafia do diafragma – teste do borracheiro. Em caso de avulsão do diafragma, fazer sutura do diafragma nas costelas. Lâmina de Silastic pode ser usada para avulsão de diafragma também, mas é menos comum. Se a lesão é muito extensa fazer enxerto musculares: transverso do addômen + peritônio ou reto do abdômen + peritônio. CIRURGIAS ORTOPÉDICAS Cicatrização óssea Fatores que influenciam Biológicos Localização da fratura→ nutrição do osso vem de tecidos adjacentes: cobertura muscular maior oferece aporte sanguíneo maior Lesões concomitantes em tecidos moles Mecânicos Estabilidade dos segmentos e fragmentos ósseos Cicatrização direta x indireta Cicatrização óssea direta Cicatrização que ocorre com a substituição do tecido ósseo lesionado por outro tecido ósseo com formação de pouco tecido fibroso (ideal, é mais rápido)→ carpinteiro Para que ocorra, é necessário fragmentos estáveis e distância entre eles de 0,1 a 0,3 mm→ haverá formação de tecido fibroso em pouca quantidade→ deposição de matriz óssea→ osso Cicatrização óssea indireta Quando há vários fragmentos ósseos, sendo impossível uni-los perfeitamente, se trabalha pensando em preservar o envoltório da ferida→ jardineiro Se não ocorre estabilização dos fragmentos e distância entre eles de até 0,1 a 0,3 mm→ formação de tecido fibroso inicial em grande quantidade→ tecido fibrocartilaginoso→ cartilagem→ osso (caminho mais longo) Objetivos da cirurgia ortopédica 1°: promover a cicatrização Direta ou indireta: observar se a fratura é passível de cicatrização direta, se não, utilizar a indireta É possível que a fratura cicatrize sem cirurgia, mas ao realiza-la está se fazendo promoção da cicatrização (aproximar ao máximo de cicatrização óssea direta) 2°: restaurar a função 3°: obter aparência cosmética aceitável Como alcançar esses objetivos? 1°: avaliar a fratura 2°: seleção adequada no método de coaptação Escore de avaliação de fraturas Baseia-se na graduação dos fatores Fatores mecânicos Número de membros lesionados Se o animal tem 1 membro lesionado, ele realiza apoio nos outros 3→ cães e gatos devem sustentar o peso em pelo menos 3 membros Se tem 2 membros lesionados, o apoio já se torna complicado Tamanho e atividade do paciente Animais mais pesados e ativos aumentam esforço sobre o foco de fratura (membro menos instável→ afeta cicatrização) Capacidade de obter fixação com divisão de carga entre a coluna óssea e o implante A intenção ao se colocar implante é que ele, durante o tempo de cicatrização do osso, sustente a carga daquele segmento fraturado e a medida em que o osso cicatriza, a carga do implante deve ser passada gradualmente ao osso→ se o implante não for capaz de proporcionar esse suporte, irá atrapalhar a cicatrização Quanto maior o número, mais fácil é a cicatrização Auxilia na escolha do implante Fatores biológicos Consideram o tempo no qual os implantes deverão ficar funcionais Idade do paciente Paciente mais idoso: metabolismo lento → processo de cicatrização lento Local de fratura Fraturas da diáfise distal de tíbia ou rádio Tecido envoltório mais esparso = consolidação mais lenta Fraturas femorais ou umerais semelhantes = consolidação mais rápida Quanto maior o número, mais fácil é a cicatrização Fatores clínicos Estão relacionados a cooperação do paciente e do tutor: se não há cooperação, haverá mobilidade da fratura (existe mobilidade com cuidados adequados, mas é mínima) Quando não é prevista uma consolidação óssea precoce Precoce: Algodão da atadura sobre o tronco do animal (na porção pélvica ou torácica) Estribo→malha ortopédica→ algodão (3 a 6 camadas)→ atadura crepom Schroeder-Thomas Indicações Fraturas mediais: rádio/ulna, tíbia Boa estabilização do membro pré-operatório Material Liga de alumínio: diâmetros (em polegadas) de 1/8, 3/16 ou 3/8 Complicações Contraturas do musculo quadríceps (ocorre mais em animais de raças pequenas) Técnica 45º para membro pélvico e 30º para membro torácico Métodos de fixação cirúrgica Métodos de coaptação externo não cirúrgicos utilizados geralmente no pré-operatório→ em animais com escores baixos, esses métodos podem ser utilizados como correção definitiva Externos Fixadores esqueléticos externos Fixador fica implantado somente por pinos (pinos inteiros ou meios pinos) ao osso e a barra que faz a estabilização dos segmentos é externalizada Vantagens Possibilidade de colocar fixador sem mexer no foco de fratura (atende bem ao quesito do jardineiro) Pode retirar o fixador com facilidade(ambulatorialmente) após terminado o processo de cicatrização Indicações Fraturas Artrodeses temporárias Tipos Aparelho de Kirshner Fixador externo de resina acrílica Ilizarov: método de extiramento Internos Implante fica em contato direto com o osso Pinos intramedulares Indicações Fraturas: úmero, fêmur, tíbia (literatura não indica para rádio) Métodos complementares Objetivo: neutralizar forças rotacionais e axiais Se o fêmur, por exemplo, girar em torno do próprio eixo: pino não consegue estabilizar Força no sentido do pino: não estabiliza Fios de cerclagem Fixação externa não cirúrgica Fios ortopédicos (de aço) Técnicas Cerclagem Hemicerclagem Indicações Sempre em combinação com outros métodos para neutralizar força axial, rotacional, de curvatura Método Fios colocados de 3 a 4 mm da extremidade da fratura Fios distanciados 1 cm um do outro A cerclagem (ossos 4 e 5 da figura) são usadas para fraturas obliquas e as hemicerclagem para fraturas obliquas e transversais (ossos 1, 2 e 3). O fio é colocado de meio a um centímetro da fratura e são colocados no mínimo dois fios Placas e parafusos Métodos mais rígidos Indicações Fraturas de ossos longos Fraturas de esqueleto axial Método Sistema AO/ASIF (association for the study of internal fixation) Técnica Sempre atravessar 6 corticais por segmento Parafuso não passa pelo foco de fratura Escolha do implante Escores baixos: 0-3 Placa óssea e parafusos Prolongamento das placas ósseas Placa óssea + bastão intramedular Fixador esquelético externo + placa óssea Fixador esquelético externo + pino intramedular (com ou sem conexão) Usar roscas em relevo ou uma combinação de pinos de transfixação com roscas em relevo e lisos Escores Intermediário: 4-7 Neste caso, o implante divide a carga com o osso Placas ósseas Fixadores esqueléticos externos tipos I e II Pino intramedular + fixador esquelético externo (com ou sem conexão) Pino intramedular + cerclagem Escores altos: 8-10 Neste caso espera-se uma divisão de carga imediata entre osso-constructo de implante a rápida consolidação óssea Fixadores esqueléticos externos tipo I com pinos de transfixação lisos Pino intramedular + fio de cerclagem + coaptação externa Classificação de fraturas expostas Fratura exposta é emergência ortopédica (não necessariamente precisa ser operado imediatamente→ estabilizar primeiro) Tipo 1: houve trauma e o osso fraturado causou lesão de dentro para fora. O osso não está exposto para o meio externo, mas já é visível pela pele Tipo 2: segmento ósseo bastante visível Tipo 3: laceração grande do tecido que recobre osso, exposição do osso. Fratura que há comprometimento arterial (não há fornecimento de sangue) não terá sucesso na cirurgia ortopédica se não fizer recomposição da vascularização Caso clínico: animal foi operado após 30 dias da fratura→ perdeu benefício do coágulo (do jardineiro)→ só dá para realizar em 10-15d pós fratura, nesse caso já há bastante tecido fibrosado Realizado método Tain? Animal de escore elevado: ele era muito agitado Recomposição dos fragmentos, cerclagem, pino intramedular conectado a um aparelho de fixação externa Realizar radiografia após 8 semanas para ver se houve a formação de ponte óssea Depois da formação da ponte, implementa-se técnica de ativação do fixador: diminui rigidez do fixador para aumentar a carga sobre a região afetada → nesse caso, foi retirado o pino intramedular Caso clínico: fratura distal de rádio (transversa) geralmente ocorre em cães de raças pequenas Uma das mais difíceis de operar: mais pobre em resultado, cobertura muscular pobre, obriga método de fixação óssea direta Uma das técnicas mais utilizadas é placa em T: musculatura é pobre e não há vascularização entre a placa e o osso, então se perde toda a irrigação cranial→ atraso grande na cicatrização ou até não cicatrizar Outra opção é colocar placa no sentido lateral: vantagem é o fácil acesso Professor usou técnica de fixador externo: pino distal entra cruzado e dois pinos no segmento proximal→ não oferece fixação tão rígida quanto a colocação de placa (pinos são muito finos, necessário colaboração do tutor) Caso clínico: fratura completa de rádio e ulna (transversal) Animal de temperamento equilibrado e de musculatura forte Colocação de placa, mas no segmento proximal não era possivel adotar o principio das 6 corticais e foi colocado um pino intramedular na ulna para melhor fixação (pino na ulna não consegue chegar na extremidade distal pois o canal se estreita) Pós-operatório Animal não pode correr após, ideal é caminhar (usar coleira) Antibioticoterapia Indicações Lesões abertas Traumas graves: contusão significativa de tecido mole, fraturas múltiplas, tempo cirúrgico superior a 2h Microorganismos mais frequentes: Staphylococcus spp., E. coli, anaeróbios Radiografia Após imobilização 4 a 6 semanas durante a cicatrização→ só liberar animal quando estiver perfeita dentro do possível Crioterapia (fase aguda) Redução do edema e da dor Iniciar no pós-operatório imediato Panqueca de gelo: 20 min 3x ao dia ou 15 min 4x ao dia durante 2 a 3 dias Calor (fase crônica) Redução da dor e melhora da circulação Após 3 dias Durante 20 minutosPressão (7 a 8 psi) – soro, equipo e agulha 18G acoplada 3° proteger a área em torno da ferida; Aplicação de um lubrificante hidrossolúvel estéril (KY Jelly) ou tampões embebidos em solução NaCl 0,9% *Pomadas devem ser aplicadas apenas ao redor da ferida 4º preparar a pele depilada Uso de iodo-povidine ou gliconato de clorexidina (melhor – menos irritante) 5º desbridamento 6º manter aberto para reduzir o número bacteriano ou colocar drenos Ferimentos por mordedura: São contaminados Devem ser tratados como ferimentos abertos ou fechados com drenagem Nas escarificações: Evitar o uso de detergentes – causam irritação, intoxicação e dor, além de facilitarem a infecção *Não utilizar álcool em feridas, somente em pele íntegra TÉCNICAS DE DESBRIDAMENTO Cirúrgico Autolítico Ambiente úmido no ferimento Ação de enzimas endógenas Mecânico Curativos secos que se aderem ao ferimento, ao retirar faz o debridamento Enzimático Enzimas que fazem a proteólise no ferimento – pomada Iroxol Biocirúrgico Larvas de moscas (Lucelia sericata) – em tecidos necrosados. Debridamento mais seletivo Avaliação da Viabilidade Tecidual Viável: enchimento capilar bom, rosado, flexível, morno, sensível Viabilidade duvidosa: enchimento capilar ruim, azul a roxa, sensibilidade deficiente – faz monitoramento e aguarda até o dia seguinte para classificar em viável ou inviável Inviável: enchimento capilar ausente, preto a preto azulado, inflexível, frio, insensível Drenos Presença ou não de vácuo (80mmHg) Ativo – tem vácuo e é sempre fechado. Vantagem que não precisa ser no ponto mais baixo da ferida, porém drena pouco Passivo – não tem vácuo e é aberto. Depende da gravidade e dever ser colocado no ponto mais baixo da ferida Tipo de coleta do material drenado Fechado – material drenado é coletado em tubo Aberto – material é drenado para o ambiente CIRURGIA ÓTICA Otite – inflamação do conduto auditivo Otohematoma – coleção de sangue dentro da placa cartilaginosa Marcos anatômicos cirúrgicos do pavilhão auricular Trago Incisura pré-trágica Incisura intertrágica OUVIDO EXTERNO Conduto vertical + conduto horizontal (forma de “L”) Cartilagem auricular e cartilagem anular (porção horizontal) até o osso petroso OUVIDO MÉDIO Membrana timpânica e cavidade timpânica (cheia de ar – conecta à faringe pela tuba auditiva) Ossículos (martelo, estribo e bigorna) – conectam a membrana timpânica ao ouvido interno *pode ocorrer otite média sem que ocorra otite externa Em cães: pequeno recesso epitimpânico dorsal e grande bula timpânica ventral Em felinos: fino septo ósseo (cavidade timpânica dividida) – separa a cavidade timpânica do recesso epitimpânico. Para a drenagem completa deve perfurar o septo ósseo Comunicação entre os compartimentos pela fenda estreita dorsal Perto da fenda localiza-se o promontório – inervação simpática – lesão = Síndrome de Horner OUVIDO INTERNO Labirinto ósseo e membranoso Localizado na parte petrosa do osso temporal Audição e equilíbrio Classificação das otites QUANTO À LOCALIZAÇÃO Otite externa compromete: Conduto vertical Conduto horizontal Estruturas adjacentes: meato auditivo externo e pavilhão auricular Otite média compromete: Cavidade timpânica Membrana timpânica Otite interna compromete: Labirinto ósseo e membranoso Audição e equilíbrio – inclinação da cabeça e andar circular pequeno para o lado da lesão *4 primeiros pares de nervos cranianos o sinal clínico é contralateral à lesão Pré-Operatório: Exames: Otoscopia: lesões no canal auditivo externo, integridade da membrana timpânica (retilinizar a pina para visualizar a membrana timpânica Radiografias cranianas: neoplasia, otopatia média Verificar se há ossificação de conduto timpânico e bula timpânica que ocorre em otite crônica Citologia da secreção Cultura e antibiograma (se for indicado a depender da citologia) Determinar a extensão e gravidade da doença: Otohematoma Dor aguda à palpação profunda do ouvido Espessamento e calcificação do canal auditivo Abscesso periorbital ou retrobulbar – otite crônica Hipoplasia/má formação do palato mole – doença do ouvido médio em cães Sinais clínicos de otopatia média e/ou interna: Inclinação de cabeça Nistagmo Ataxia assimétrica Marcha em círculos Rolamento Dificuldade de ficar em estação Náuseas/vômitos Síndrome de Horner (otite média) Enoftalmia unilateral Protuberância da membrana nictitante Miose Ptose em grau variável (leve inclinação da pálpebra superior) Paralisia do nervo facial O nervo facial sai pelo forame estilomastóideo caudal. Pela localização do nervo a otite média ou interna pode acometer o nervo e inflamar esse tronco Diminuição do reflexo palpebral Alargamento da fissura palpebral Queda da orelha e do lábio Salivação excessiva Tratamento: Lavar o ouvido com NaCl 0,9% para avaliar o conduto auditivo e planejar cirurgia – animal sedado. Aspirar no final com aspirador cirúrgico Tópico: otites externas Ceruminolíticos Pomadas EDTA EDTA + álcool benzílico + trometamina – infecções resistentes *Não usar álcool se a membrana timpânica estiver rompida Otite média: responde melhor a antibioticoterapia Sistêmico – pouco eficiente para otite externa Penetração eficiente a partir da mucosa da membrana timpânica ATB + AI Antibioticoterapia: mesmas usadas em dermatites: penicilina sintética, cefalosporinas Coletar cerúmen para citologia e cultura TRANSOPERATÓRIO Técnicas: Otite externa: Ressecção lateral do canal auditivo (RLCA) – procedimento de Zepp Ablação vertical do canal auditivo Ressecção total do canal auditivo (TECA) – canal horizontal comprometido Otite média: Osteotomia da bula ventral ou lateral Miringotomia – se detectada otite média com secreção no ouvido médio – perfuração da membrana timpânica com agulha e drenagem para nasofaringe Ressecção Lateral do Canal Auditivo (Técnica de Lacroix modificada pelo procedimento de Zepp) Objetivo: melhorar drenagem e ventilação Indicações: hiperplasia mínima do epitélio do canal auditivo vertical Neoplasias pouco extensas Vantagem: preserva conduto auditivo Contra-indicações: estenose ou obstrução do canal auditivo horizontal otite média intercorrente (osteotomia da bula ventral) hiperplasia epitelial intensa Hipotireoidismo e seborreia idiopática primária Obs: Tratamento não curativo, necessidade de tratamento acompanhamento clínico pelo resto da vida. Ablação Canal Vertical Objetivo: melhorar drenagem e ventilação Indicações:Canal vertical doente, mas horizontal sadio Neoplasias no canal vertical Otite externa crônica (alguns animais) Complicações (raras) Paralisia do nervo facial Ablação Total do Canal Auditivo (TECA) Objetivo: melhorar a drenagem e ventilação Indicações:Otite externa crônica não responsiva a tratamento clinico Intensa calcificação e ossificação da cartilagem auricular Hiperplasia epitelial grave que se estende para além de pavilhão auricular ou do canal vertical Animais nos quais as RLCA falhou Animais com canais auditivos muito estenosados Riscos: lesão neurológica Contraindicações: Animais com doença passageira *Ressecção até o osso petroso Recomendável a divulsão romba Remover epitélio da porção óssea Ostectomia da Bula Timpânica – ventral ou lateral Indicações: Otite externa crônica Neoplasia do ouvido médio em gatos que tem pólipo nasofaríngeo – drenagem do ouvido médio *Antes fazer uma rinoscopia e/ou tomografia *Se for necessário fazer nos dois ouvidos, o melhor acesso é oventral. Se for em um ouvido só, fazer acesso lateral Objetivo: drenagem Colocação de dreno – temporário. Após retirada, cicatrização por 2º intenção Acesso Ventral Permite:Maior exposição da cavidade timpânica Acesso a ambas as bulas sem reposicionamento do animal Melhor drenagem da bula que a osteotomia lateral *Antes da osteotomia, tentar fazer drenagem por meringotomia Complicações: TransitóriasMais frequentes em felinos Otohematoma: Coleção de sangue dentro da placa de cartilagem do ouvido Inchaços flutuantes na superfície côncava do pavilhão auricular Fisiopatologia: Causa não bem compreendida Associado a: otite externa otite bacteriana (cães) otite parasitária (gatos) agitação da cabeça traumas fragilidade capilar – animais sem otite externa (Síndrome de Cushing) Origem do hematoma: ramos da artéria auricular dentro da cartilagem auricular fraturada Tratamento cirúrgico Tratamento Objetivos: remover o hematoma, prevenir recorrência,manter a aparência natural do ouvido Técnicas: Colocação de drenos (não muito recomendado – pode favorecer o crescimento bacteriano e virar abscesso) Incisão cirúrgica + sutura – somente na parte côncava de espessura completa *Espessura parcial – ancora a sutura na cartilagem convexa Laser de dióxido de carbono – sem suturas Sutura sempre paralela à incisão – 1ª linha de sutura paralela à linha de incisão, 2ª linha de sutura paralela à 1ª e entre duas suturas Incisão fecha por segunda intenção Curativo Algodão hidrofílico e gaze – enrola a orelha como um charuto Fazer capacete: malha ortopédica, 3 camadas de algodão ortopédico (hidrofóbico) e atadura crepom Colar elizabetano CIRURGIAS ESOFÁGICAS Esofagotomia Esofagectomia Anatomia cirúrgica Início: C1 Porções: Cervical: Início na faringe, na altura da 1ª vértebra cervical à esquerda da linha média Torácica: à esquerda da linha média até a bifurcação traqueal e à direita da linha média a partir da bifurcação Abdominal: pequeno – imperceptível no cão Camadas da parede: Mucosa Submucosa: Camada de sustentação, a ser incorporada em todas as suturas (ponto de ancoramento) Muscular Adventícia Áreas com menor capacidade de expansão (locais mais prováveis de reter corpo estranho): Entrada do tórax; Base do coração ; Região epifrênica (no hiato esofágico) Doenças mais frequentes Corpo estranho Perfurações Lacerações Sinais Clínicos de Esofagopatias Regurgitação Disfagia Dispnéia Ptialismo Alterações do apetite ou normal Alterações na preensão x deglutição Dilatação do esôfago cervical durante a expiração Tosse (pode fazer falsa via e causar pneumonia aspirativa) Outros sinais: Inapetência Inquietação/depressão Desidratação Angústia respiratória Perda de peso – obstrução crônica Perfuração de vasos maiores adjacentes ao esôfago – choque hipovolêmico Sinais de pneumonia aspirativa Dispneia Febre Secreção nasal purulenta bilateral Crepitações *Sempre que um cão apresentar pneumonia, deve-se considerar a aspiração como diagnóstico diferencial mesmo que não haja relato de vômito Fisiopatologia CE à estímulo à peristalseàpersistência e/ou pressão do CEàperfuração + necrose Diagnóstico Maior incidência em cães de raças pequenaserutação, vômito, abertura pilórica→ Rotação do estômago→ Rotação do baço em seu pedículo Alterações: Compressões da veia cava caudal e veia porta resultando; Sequestro de sangue nas redes capilares esplênica, renal e da musculatura caudal; Redução no retorno de sangue venoso ao coração; Redução do débito cardíaco e pressão arterial; Choque Obstrutivo Anaerobiose; Redução do metabolismo hepático sobre endotoxinas Choque Séptico Hipoperfusão: Degeneração do miocárdio, inflamação e necrose; Estase vascular, hipóxia e acidose: Coagulopatia vascular disseminada (CID); Insuficiência respiratória; Dificuldade de expansão do tórax; Redução da complacência pulmonar; Agravamento da hipóxia. Diagnóstico Anamnese + Sinais clínicos: Abdome cranial progressivamente distendido e timpânico; Vômito improdutivo; Sialorréia; Agitação; Depressão; Sinais de choque: palidez em mucosas, pulso fraco, freqüência cardíaca aumentada, TPC elevado, taquipnéia. Radiografia: Simples, decúbito lateral direito; Contrastadas; Abdominocentese ou lavagem peritoneal diagnóstica Tratamento Pré-Operatório; Fluidoterapia agressiva; Cateterizar as veias jugular ou cefálica, evitar safena; 90 mL/kg em 30 a 60 min. Correção de desequilíbrio ácido-básico; Corticoterapia ou uso de AINEs (?); Combate aos radicais livres; Mensilato de deferoxamina; 10 minutos antes da descompressão e duas horas depois; 10 mg/kg; IV; Antibioticoterapia; Descompressão gástrica; Passagem de sonda orogástrica; Gastrocentese percutânea (18G); Gastrotomia sob anestesia local Operatório : Objetivos: correção do posicionamento do estômago, acesso e tratamento das lesões isquêmicas do estômago e do baço, prevenção de recorrência; Técnicas Reposicionamento do estômago; Gastropexia permanente; Gastrectomia parcial (10% dos casos); Reposicionamento do baço; Esplenectomia; Coloração da Serosa no Período Transoperatório Serosa pálida de coloração esverdeada à acinzentada; Sugere: lesão arterial ou arteriovenosa com isquemia ou necrose da parede gástrica; Indica: possível ressecção; Serosa preta ou azul-escura; Sugere: oclusão venosa com hemorragia subserosa ou intramural; Indica: reposicionamento e reavaliação; Serosa vermelho-escura hemorrágica; Sugere: lesões reversíveis; Indica: reposicionamento. Reavaliar entre 10 e 15 min após reposicionamento. Pós-Operatório Fluidoterapia; Repor potássio (15 a 20 mEq/L); PPTRetração ou crescimento desordenado da gengiva (hiperplasia gengival) Fisiopatologia CÁLCULO DENTÁRIO (TÁRTARO)→ Toxinas bacterianas→ PERIODONTITE→ alveolite e reabsorção óssea→ COMPROMETIMENTO DA SUSTENTAÇÃO Diagnóstico Anamnese: Halitose; Hiporexia; Evita roer objetos; Exame físico; Inspeção; Palpação; Gengivite: sangramento ao toque; Investigar – Coração, rins, fígado e articulações. Pré-operatório Antibioticoterapia profilática; Investigar lesões em outros órgãos. Tratamento Remoção do cálculo: Coroa e áreas expostas da raiz; 1º Passo: Ultrassom; Cuidado: Microlesões da superfície dentária; Produção de calor lesivo; Potência mais baixa possível; Utilizar pouca pressão na aplicação da ponta; Subgengival – Atenção com resfriamento 2º Passo: Scaler universal; Complementa a limpeza; 3º Passo Limpeza dos sulcos gengivais e das bolsas periodontais; Uso de cureta; Aplainamento das raízes; Curetagem subgengival; 4º Passo; Polimento da coroa; Pômice (pasta de areia média prophy); Motor com acessório ângulo prophy e taça; Objetivo: torná-las lisas Pós-operatório Profilaxia oral; Alimentação com ração seca; Escovação dentária; Especial atenção na saída das glândulas parótidas; Uso de brinquedos; Limpeza anual. Prognóstico Gengivite – Bom após a limpeza; Periodontite: Reservado; Lesões irreversíveis; Raízes dos dentes expostas; Gengiva retraída Intestino Delgado Enterotomia; Enterectomia; Anastomoses intestinais; Enteroenteropexia; Enteropexia Camadas Mucosa; Submucosa: vasos sanguíneos, linfáticos e inervação; Muscular; Serosa Indicações Cirúrgicas Obstrução intestinal por corpos estranhos ou massas; Traumatismos; Perfuração; Isquemia; Mal posicionamentos;Infecções; Procedimentos diagnósticos ou de suporte; Coleta de material para biopsia, cultura ou citologia; Posicionamento de sondas alimentares. Diagnóstico Diferenciar doenças do intestino delgado de doenças do intestino grosso; Radiografias simples e/ou contrastadas; Ultrassonografia; Endoscopia digestiva; Abdominocentese e/ou lavagem peritoneal diagnóstica Tratamento Pré-operatório: Principais produtores de toxinas: Escherichia coli; Clostridium spp; Controle da flora bacteriana; Jejum alimentar; Antibioticoterapia profilática; Considerar: Diarréia sanguinolenta, leucocitose, leucopenia e/ou choque; Obstrução intestinal; Cirurgia com duração superior a 2h. Corpos Estranhos Diagnóstico; Anamnese: proprietário presenciou a ingestão; Felinos: corpos estranhos lineares; Sinais clínicos: Relatados: vômito, anorexia, depressão, diarréia e dor abdominal; Ao exame físico: além dos anteriores, postura anormal, desidratação; Palpação abdominal; Exames complementares; Radiografias, ultrassonografia, endoscopia; Tratamento; Enterotomia Tumores Intestinais Considerações: Maioria é maligna; Prevalência maior em animais idosos (9 a 13 anos); Intestino delgado; Cães e gatos Siameses; Adenocarcinomas; Felinos: Linfossarcomas (FIV e FeLV em felinos); Adenocarcinomas; Mastocitomas Tratamento; Ressecção cirúrgica; Quimioterapia; Radioterapia: tumores na metade distal do reto e canal anal Intussuscepção Conceito: invaginação de um segmento intestinal (intussuscepto) no interior do lúmen de um segmento intestinal adjacente (intussuscepiente). Ocorrência; Qualquer segmento do intestino Ileocólica e jejuno-jejunais; Cães (Pastores Alemães); Animais com menos de 1 ano de idade; Gatos (Siameses são mais afetados); Causas Enterites; Iatrogênica: íleo paralítico, aderências ou disfunção na anastomose após cirurgia; Tratamento Correção cirúrgica: Enterectomia e enteroanastomose; Enteropexia; Enteroenteropexia; Evitar recorrência de intussuscepção Local: Ligamento duodenocólico até a junção ileocólica Intestino Grosso, Períneo, Reto e Ânus Funções; Armazenamento e expulsão do bolo fecal; Absorção de água e eletrólitos; Redução de 90% do volume fecal; Reabsorção de água, sódio e cloreto; Cálcio (cães); Secreção: bicarbonato de sódio e potássio Flora bacteriana – 1014 bactérias/grama • 1011 anaeróbios obrigatórios; Digestão de materiais residuais; Biotransformação de fármacos; Suprimento sanguíneo; Artéria ileocólica (Íleo,ceco, cólons ascendente e transverso); Artéria mesentérica caudal (Cólon descendente e reto) Cuidados Pré-Operatórios Dieta pobre em resíduos (2 a 3 dias antes); Jejum alimentar – 24h – 4 a 8h (em pacientes pediátricos); Reposição hidroeletrolítica; Laxantes (24h antes) – Polietilenoglicol – Bisacodil; Enemas – Água morna (24h antes) – Iodo-povidona a 10% (3h antes); CUIDADO: perfurações, debilidade da parede e/ou obstruções DOENÇAS COLÔNICAS • Colopexia • Colectomia • Tiflectomia INDICAÇÕES CIRÚRGICAS • Lesões que provoquem: Obstrução • Tumores • Intussuscepção • Massas granulomatosas Perfuração Inércia colônica Inflamação colônica Inversão cecal OBSTIPAÇÃO • Definição • Causas de constipação – Dietéticas e ambientais – Dor à defecação – Obstrução mecânica – Doenças neurológicas – Doenças endócrinas e metabólicas – Induzida por fármacos • Diagnóstico – Ocorrência: animais idosos • Fraturas pélvicas • Corpos estranhos (ossos) – Sinais clínicos • Anorexia, vômito, depressão e inapetência • Tenesmo • Defecação em pequena quantidade com muco • Hematoquezia • Aumento de volume abdominal – Exame físico • Tratamento – Conservador – Cirúrgico • Colotomia • Reconstrução pélvica • Colectomia parcial • Castração/ prostatectomia MEGACÓLON IDIOPÁTICO • Causa – Desconhecida – Doença adquirida • Sinais Clínicos – Anorexia, vômito, desidratação, depressão e perda de peso • Diagnóstico – Exame físico – Exames complementares • Radiografia • Tratamento – Conservador • Cisaprida, laxativos, manejo dietético – Cirúrgico • Colectomia parcial ou subtotal – Anastomose ileoretal – Anastomose entre segmentos colônicos TUMORES • Ocorrência – Cães – Pólipos • Adenomatosos • Adenocarcinomas – Outros • Leiomiomas e leiomiossarcomas • Plasmocitomas • Mastocitomas • Diagnóstico • Tratamento DOENÇAS PERINEAIS HÉRNIA PERINEAL • Definição Separação dos músculos perineias permitindo que o conteúdo pélvico e/ou abdominal desloque a pele perineal • Sinonímia Hérnia caudal, ciática, dorsal ou ventral • Prevalência – Cães • Machos intactos (93%) • Machos com mais de 5 anos • Cadelas↔traumatismos – Lado direito • Fisiopatologia – Enfraquecimento do diafragma pélvico • Hormônios masculinos • Esforço • Fraqueza • Atrofias musculares– Congênitas – Adquiridas – Afecções que causem esforço • Prostatite, cistite, obstrução do trato urinário • Obstrução colorretal, desvio/dilatação retal • Inflamação perianal, saculite anal • Diarréia/constipação • Classificação – Unilateral ou bilateral – Caudal • Mais frequente • Entre os músculos elevador anal, esfinctérico anal externo e obturador interno – Ciática • Entre o ligamento sacrotuberoso e o músculo coccígeo – Dorsal • Entre os músculos elevador anal e coccígeo – Ventral • Entre os músculos isquiouretral, bulbocavernoso e isquiocavernoso • Saco herniário – Camada fina de fáscia perineal, tecido subcutâneo e pele • Anel herniário • Conteúdo herniário – Cães • Gordura pélvica ou retroperitoneal • Fluido seroso • Reto • Próstata • Bexiga • Intestino delgado – Felinos • Reto • Tratamento – Pré-operatório • Esvaziamento da bexiga – Cistocentese ou cateterização – Cirúrgico • Herniorrafia • Orquiectomia – Machos inteiros tem recorrência 2,7 vezes maior FÍSTULAS PERIANAIS • Definição – Tratos ulcerantes profundos, progressivos e supurativos nos tecidos perianais • Sinonímia – Anusite, fístulas pararretais, fístulas perineais • Prevalência – Cães com base da cauda larga e inserção baixa – Pastores Alemães • Maior densidade de glândulas apócrinas na zona cutânea do canal anal – Setter Irlandês • Fisiopatologia – Etiologia: desconhecida – Causaspredisponentes • Infecção e abscedação das glândulas perianais • Ambiente anal úmido e contaminado • Conformação da cauda • Tratamento – Cirúrgico • Debridamento e fulguração das fístulas • Amputação da cauda DOENÇAS RETAIS • Ressecção de: – Tumores – Segmento intestinal não funcional • Reparo de: – Prolapso retal – Perfurações – Fístulas PROLAPSO RETAL • Definição Protrusão de mucosa retal do ânus • Sinonímia Eversão retal, eversão anal, prolapso anal • Prevalência Caninos e felinos Manx: frouxidão da musculatura anal • Causas – Enterite em animais jovens (endoparasitismo) – Tumores ou hérnias perineais em animais de meiaidade a idosos – Qualquer afecção que cause tenesmo • Fisiopatologia – Fraqueza dos tecidos conjuntivos ou músculos perirretais e perianais – Contrações peristálticas descoordenadas – Inflamações ou edemas de membranas mucosas retais – Edemaciação do tecido evertido impedindo retorno espontâneo e levando ao ressecamento, escoriações, sangramento e necrose • Classificação – Incompleto: envolve somente a mucosa – Completo: envolve as demais camadas • Tratamento – Prolapso agudo com danos teciduais e edema mínimos • Lavagem com soluções salina • Redução digital • Aplicação de sutura em bolsa de tabaco – Identificar e tratar a causa • Tratamento – Prolapso não redutível ou severamente traumatizado • Antibioticoterapia profilática – Gram negativos e anaeróbios • Resseccção • Colopexia (recidivas repetidas) DOENÇAS DOS SACOS ANAIS IMPACTAÇÃO E INFECÇÃO DE SACO ANAL • Definição Acúmulo anormal de secreção do saco anal secundário à inflamação, infecção ou obstrução do duto • Sinonímia Saculite anal, abscesso das glândulas ad-anais - FISIOPATOLOGIA - Infecção ou obstrução do duto ↨ ↨ Supercrescimento bacteriano →Inflamação→ Aumento das secreções Impactação→Rompimento • Tratamento – Clínico – Cirúrgico • Saculectomia TRAUMA ABDOMINAL Lesões abdominais penetrantes Lesões abdominais não penetrantes EXAME FÍSICO Acessar rapidamente os sinais vitais TPR Sinais de choque Palpação abdominal Distensão por gases Líquido livre Limitações 50% de eficácia n Condições do paciente Desenvolvimento atrasado dos sinais Base mínima de dados Hematócrito Proteínas Plasmáticas Totais Uréia sérica Glicose sérica Urinálise Outro exames úteis: Sódio sérico, Potássio sérico, Hemogasometria TÉCNICAS INVASIVAS Paracentese Em quatro quadrantes Lavagem Abdominal Diagnóstica (LAD) MÉTODO DE LPD Solução NaCl 0,9% morna n 22 mL/Kg Recuperação do líquido, Citologia, Análise bioquímica, Tubo com EDTA, Tubo sem EDTA RESULTADOS DA LPD Sangue Visualização direta (“método do jornal”) Amostras a cada 5 a 20 min Houve aumento do Ht? Choque não responde à fluidoterapia? Neutrófilos degenerados, bactérias, fibras vegetais Creatinina: ruptura do trato urinário Amilase: lesão no pâncreas Fosfatase alcalina (isquemia intestinal) Contagem leucocitária (células/mL) “Saudáveis” 2.000 n> 9.000 (animais recém operados) LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA Quadrante Cranial Diafragma Fígado Vesícula e árvore biliar Estômago, piloro, duodeno proximal Baço Pâncreas Veia porta, artérias hepáticas e veia cava caudal Quadrante Caudal Duodeno ao Cólon Mesentério Bexiga Uretra Próstata ou útero Anéis inguinais “Calhas” direita e esquerda Rins, Ovários, Adrenais, Ureteres COMPLICAÇÕES Deiscência de suturas Método de Remendamento de Serosa Peritonite PERITONITE TRATAMENTO Antibioticoterapia sistêmica Cultura e antibiograma a partir da LPD n SUPORTE Flunixin-meglumine n 1 mg/Kg, IV, s.i.d. DRENAGEM ABDOMINAL ABERTA (DAA) Heparina em dose baixa n 50 a 100 UI/Kg, SC, b.i.d Heparina + Plasma (CID) n 5 a 10 UI + 1 unidade de plasma fresco Incubar por 30 minutos Administrar 10 mL/Kg, IV CIRURGIAS URINÁRIAS Anatomia cirúrgica Rim esquerdo é mais caudal que o direito. O rim dos gatos é relativamente maior que o dos cães. A irrigação é feita pelas artérias renais e a drenagem pelas veias renais. Os machos tem a uretra mais longa e é dividida em porção peniana, porção membranosa e porção prostática. Laparotomia deve ser feita paramediana por conta do prepúcio Sintópia: uretra fica ventral ao reto. Nos felinos tem as glândulas bulbo-uretrais e serve como um marco anatômico para a uretrotomia perineal. Inervação: simpática, parassimpática e somática. Nervo pélvico (ramo do nervo sacral) – parassimpática – bexiga e trato urinário inferior. Nervo hipogástrico – simpática Nervo pudendo – somática – trato urinário inferior (maior inervação nos felinos – sondagem sempre com uso de anestesia. A ausência causa contração da uretra e não há progressão da sonda, podendo romper na uretra pélvica). Doenças de tratamento cirúrgico TUS: ureter ectópico; urólitos, neoplasias, abcessos perirrenais (conteúdo purulento do parênquima renal invade cápsula renal) ou perinéfricos. TUI: urólitos, obstrução (cálculos ou tumor); cistite idiopática felina (CIF); ruptura de bexiga. Urolitíases São cálculos formados no trato urinário. Esses cálculos são de diferentes composições (estruvita, oxalato de cálcio, urato de amônio, oxalato de cálcio e cistina) e, é importante mandar os cálculos para a patologia para identificar a sua composição e a principal causa da formação desses cálculos --> cada tipo de concreção tem uma causa Os cálculos de estruvita, mais comuns em felinos, estão relacionados com a inflamação --> mudanças no pH urinário devido a dieta à aumento da concentração da urina, levando à formação de concreção à Infecção de trato urinário (felinos ao possuírem alimentação de, por exemplo, somente 2x vezes por dia promove alteração de pH) Nos cães é diferente, começa com uma infecção do trato urinário à mudança de pH à formação da concreção. Localização: maior parte dos cálculos estão na bexiga e uretra, de 90 a 95%, somente 5 a 10% localizam-se nos rins e ureteres Fatores contribuintes: pH urinário, infecção, concentração aumentada de cristais Esquema: mudança de pH --> formação da concreção --> ITU Nos dálmatas (cálculos de urato): falha do transporte hepático de ácido úrico, levando à redução na produção de alantoína ao aumento da excreção de ácido úrico (mais sais – maior concentração de sais – maior probabilidade de agregação de solutos). Urolitíases vesicais e uretrais: Incidência dos cálculos é maior em fêmeas e as obstruções são maiores em machos – explicado pela própria anatomia. Fêmeas – fácil fazer uma cistite infecciosa (predispõe aos cálculos), mas é difícil observar obstruções uretrais em fêmeas pois a uretra é mais larga. Pode empurrar esses cálculos para a bexiga. Difícil ocorrer cálculos em machos pela uretra ser mais longa, urina é estéril, infecciosa somente pela última porção, protege mais o trato urinário do macho, no entanto, são mais predispostos às obstruções uretrais pois há abaulamento do canal da uretra em certos pontos Observar a causa da formação dos cálculos e como eles são formados é importante para evitar que aja recorrência. Cálculos mais encontrados: fosfato amoníaco magnesiano, oxalato de cálcio, urato, silicato, cistina, mistos Diagnóstico: Exame físico/ anamnese: ITU, distensão vesical, dor abdominal, estrangúria, azotemia pós-renal (laboratorial, se não tratada pode evoluir para azotemia renal), ruptura vesical (uroabdome, sinal de Cullen, formação de halo vermelho em volta do umbigo). Exames complementares: RX simples e contrastado (se tem hematúria – não fazer duplo contraste) – cistografia e uretrografia; US; patologia clínica; urocultura e antibiograma (em caso de suspeita de infecção). Indicações cirúrgicas: Dissolução do urólito ineficaz – pode ser pela compressão, por alteração da dieta; Anormalidades anatômicas intercorrentes (não consegue eliminar); Cálculos muitograndes – possibilidade de obstrução uretral – cirurgia; Uropatia obstrutiva – hidronefrose, hidroureter, insuficiência renal (podem levar a azotemia pós-renal – grave) --> reestabelecer fluxo urinário conforme o caso Tratamento clínico para cálculos uretrais Retropropulsão (por toque retal, compressão do assoalho do reto, região mais proximal, desobstruir uretra na região proximal, retirar cálculo pela bexiga, compressão digital, injetar fluido, mais fácil empurrar para a bexiga) Urohidropropulsão (aliviar a pressão da bexiga e empurrar o cálculo, para pequenos cistólitos). Sondagem uretral e tentativa de empurrar o cálculo para a bexiga (felinos sedação, realizar citocentese, corrigir necessidades hidroeletrolíticas e aí sim realizar procedimento de sondagem). DEVE-SE fazer fluidoterapia A dissolução por meios clínicos é possível para: estruvita, cistina, urato Recuperação cistostópica Pré-operatório: corrigir a azotemia, distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, avaliar a ITU e tratá-la + antibioticoterapia --> utilizar Ringer Lactato (60 ml/kg/hora), relativamente agressiva, normalmente utilizar cristalóide Cuidar o potássio, normalmente paciente será hipercalêmico, acompanhar potássio sérico e esperar diminuir, se não diminuir animal pode morrer --> entrar com terapia adjuvante, como: Insulina + glicose 50% --> insulina regular (infusão lenta de 0,1 a 05 U/KG IV) e glicose através do Bolus (2 a 4 ml/U de insulina diluída 1:1 em solução de NaCl a 0,9%, imediatamente após a administração de insulina) ou pelo fluido (50 ml de glicose a 50%/C de fluido ?, glicose a 5% é inadequada) Bicarbonato de sódio: não é muito indicado, deve-se usar 0,3 x déficit de base x peso corporal (kg) para chegar ao pH 7,4 – contraindicado em pacientes com pH maior que 6,9 (exacerbação de hipecalcemia); inicia de 30 a 60 minutos seu efeito e dura horas Gliconato de cálcio a 10%: trata efeito cardiovasculares, não reduz hipercalemia (K sérico elevado) mas diminui os efeitos deletérios da mesma (arritmia, por exemplo, comprometendo a vida do animal) --> 0,5 a 1 mg/kg, IV, de 5 a 15 minutos, início imediato, monitorar frequência cardíaca com o ECG; bradicardia ou diminuição do intervalo QT deve-se descontinuar temporariamente a infusão Operatório: cistotomia (machos e fêmeas), cistostomia (cateterização pré-púbica) e uretrotomia (cães machos, pré-escrotal ou perineal) Indicações de uretrotomia: remover urólitos que não puderam ser deslocados para a bexiga, facilitar a colocação de catéteres vesicais, obter tecido para biopsia Uretrostomia: Técnicas: pré-escrotal (cães), escrotal (cães), perineal (cães e gatos); pré-púbica ou ante-púbica (cães), transpúbica (gatos) e sub-púbica (cães e gatos) Indicações: Cálculo obstrutivo recorrente que não pode ser controlado com medicamentos; Cálculos que não podem ser removidos por retropropulsão ou uretrotomia; Estreitamento da uretra (traumas); Neoplasia ou trauma grave uretral ou peniano, amputação peniana. Transpélvica: realizada em gatos machos, alternativa para pré-púbica ou subpúbica Remoção de porção do isquio: exteriorização da uretra ventralmente Subpúbica: mais tolerada por gatos, constrição repetida após uretrostomia perineal --> uretra exteriorizada caudal a sínfise do púbis Cicatrização/regeneração da bexiga: após ser operada tem 100% do vigor tecidual entre 14-21 dias e reepitelização completa em 30 dias. Uretra: regeneração da mucosa em até 6 dias; extravasamento de urina à retarda a cicatrização, sobretudo urina infectada; promove fibrose periuretral e est reitamento subsequente. Colocação de cateter uretral – sim (contato da urina com a ferida – promove a estenose, realizar desvio urinário para evitar – prof prefere colocar cateter) x não. Suturas: padrões: Uma camada: simples continua ou interrompida. Duas camadas: mucosa: simples contínua (diminui o sangramento); seromuscular: Cushing ou lembert. Prof prefere Fios monofilamentosos absorvíveis; O isolamento é com compressas secas. As compressas úmidas são usadas apenas para contato com o órgão. Ácido poliglicólico, poliglecaprone e poliglactina – 910 não são indicados Poligliconato, Glycomer, Polidiaxanona, Poliglitone são indicados Após sutura, encher de soro e pressionar para garantir que não haja vazamento. Cistite idiopática felina: (CIF) Definição: processo inflamatório vesical sem causa definida. Introdução Incidência de DTUIF: 10% de todos os atendimentos em felinos são relacionados com DTUIF, animais de meia idade, aproximadamente 3% dos 10% são casos sobre CIF Acomete machos e fêmeas igualmente, no entanto, machos são muito mais propensos a obstrução uretral do que fêmeas Etiologia Multifatorial: dieta, ITU, obesidade, alcalinidade da urina - agentes virais não possuem correlação direta Doenças neuroendócrinas: sinais clínicos iniciados por estresse e fatores ambientais. Fatores de risco ● Excesso de peso/escore corporal ● Animais sedentários ● Comportamento de caça reduzido ● Comportamento mais nervoso e medroso ● Felinos propensos a se esconder na presença de desconhecidos ● Baixo consumo de água ● Gatos confinados no interior de casas ● Locais com muitos gatos ● Estresses ambientais como brigas com os demais gatos ● Jato urinário limpa a via urinária uretral, portanto, quanto mais frequente o fluxo urinário a limpeza da uretra é melhor, diminuindo chances de desenvolver CIF Classificação: Histológica Não ulcerativa (tipo 1): mais associada às alterações neurogênicas e mais comum em felinos Ulcerativa (tipo 2): mais associada à inflamação, rara em gatos Não obstrutiva Obstrutiva: (estrelinhas são os pontos de obstrução) Obstrutiva e não obstrutiva causam disúria Fisiopatologia Parede vesical saudável: Inflamação vesical neurogênica Sinais clínicos: sinais de DTUIF, polaciúria, estrangúria, hematúria Outros sinais inespecíficos: apatia, hiporexia ou anorexia, depressão e uremia Combinação variável de comorbidades: comportamentais, endócrinas, cardiovasculares, gastrintestinais Sinais clínicos de CIF obstrutiva de 36 a 48 horas: anorexia, desidratação, vômito, hipotermia, estupor, bradicardia O exame clínico deve focar nessa diversidade de sinas e não apenas nos relacionados à bexiga Diagnóstico Exame físico: bexiga distendida e firme, dor a palpação abdominal, machos fazer palpação uretral – lembrar que animal com CIF obstrutiva e não obstrutiva apresentará disúria Pré-operatório: Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos – acidose metabólica e hipercalemia (hipercalemia mais propensa a causar morte no momento transoperatório do animal) Animais com anúria mais comum hipercalemia, animais com poliúria (não é o caso da CIF) ocorre hiperpotassemia Suporte – alimentação e fluido. Tentativas de desobstrução: palpação peniana (as vezes é possível sentir e desfazer a desobstrução, dependendo do caso do animal), compressão vesical (animal com hematúria normalmente possui compressão), sondagem uretral sob anestesia geral (retrohidropropulsão), cistocentese aliviatória (drenar líquido, diminui a hipercalemia, níveis de potássio voltam ao normal, animal estável para cirurgia) Se fizer 2 cistotomias, melhor optar por uma cistostomia – último caso. Tratamento clínico: conservador Deixar o animal em um local tranquilo para evitar o estresse. Administrar tranquilizantes e analgésicos – acelilpromazina + buprenorfina + medetomidina. Esvaziar a bexiga repetidamente – cistocentese e compressão (caso o animal não esteja com miccção espontânea após ação dos fármacos) Se o animal melhorar com esses procedimentos, dispensa a cirurgia Administrar fluídos se necessário Tratamento operatório - indicações Cistotomia: em casos de obstrução, cistotomia da bexiga para retirada de cálculo Uretrotomia perineal: só fazer quando se esgotar os outros recursos, em animais com episódios repetidos,tratamento de obstruções não eliminadas por cateterismo, estenose uretral pela obstrução e cateterização (não há fluxo urinário). Complicações pós-operatórias inerentes a técnica: Infecções bacterianas – alterações do meato uretral (na fêmea há vagina para proteger, no macho a região é mais propensa a infecções), comprometimento dos mecanismos intrínsecos de defesa, perda da função do esfíncter uretral estriado (em alguns casos), incontinência urinária (rara). Padrão de sutura de uretrostomia: in n out Teste feito no meato uretral: colocação de pinça Halsted e pinça deve conseguir penetrar no meato, se sim, cirurgia foi bem sucedida TRAUMATOLOGIA Tipos de lesões abdominais: Penetrantes: são cirúrgicas Não penetrantes ou contusos: um desafio diagnóstico. Diagnóstico: Exame físico: Abordagem rápida dos sinais vitais (TPR); ABC do trauma; Palpação abdominal: presença de liquido livre, distensão de abdômen por gás, neste caso estaremos a um passo bem a frente do diagnóstico, geralmente os sinais são inconclusivos Acurácia: em 50% dos pacientes o exame físico não é acurado, dificilmente é possível estabelecer causa e diagnóstico no exame físico, tanto por motivos das condições do paciente quanto pelo desenvolvimento atrasado dos sinais. Desenvolvimento atrasado dos sinais: havendo hemorragia em fígado ou baço os sinais podem aparecer após 4 horas; em avulsão mesentérica podem demorar dias; em extravasamento de bile podem demorar semanas à erros de diagnóstico. Exames complementares: são muito importantes para formação de uma base de dados, mesmo que o animal apresente-se inicialmente bem Coletar sangue: hematócritos, dosagem de PPT e albumina, uréia, glicose, hemogasometria (solicitar sódio e potássio no mínimo). Coletar urina: urinálise; as vezes pelo aspecto macroscópico já se tem algum caminho a seguir. US: FAST (técnica ultrassonográfica focada para trauma, extremamente rápida, foca-se nos pontos de trauma) --> possui limitação de evolução da doença, nem sempre paciente com trauma irá apresentar edema (mais comum pacientes instáveis apresentar) Paracentese: caso a FAST indique líquido livre, pode ser por punção única (um dedo a direita ou a esquerda da cicatriz umbilical) ou em quatro quadrantes (é usada porque é necessária uma quantidade mínima de liquido para o diagnóstico = 5ml). Lavagem peritoneal diagnóstica (LPD): certificar que não há trauma de diafragma. Fazer quando não conseguir liquido suficiente ou não puder fazer a paracentese. Infusão de solução NaCl 0,9% morna, 22ml/kg à movimenta o animal à recupera esse material e coloca em tubo com EDTA, sem EDTA (levar pra citologia e bioquímica). Como realizar a Lavagem Peritoneal diagnóstica? Material: solução NaCL 0,9% morna, aproximadamente 22 ml/kg, utiliza-se seringa + agulha e injeta líquido em tubo com EDTA e sem EDTA Se o líquido conter sangue, mandar um tubo para citologia Resultados da LPD: Método do jornal: visualização direta - Colocar o tubo com líquido na frente do jornal se conseguir ler o jornal – não é emergência cirúrgica --> monitorar amostra de 5 em 5 até 20 em 20 minutos - Se não conseguir ler o jornal – o animal precisa ser operado imediatamente. Sangue para hematócrito (em animais não emergenciais): confrontar: Ht da LPD x Ht venoso. Monitoramento: coletar cada amostra de 5 em 5 minutos: - Se Ht do sangue venoso for = ou animal com choque não tem relação com este pressuposto e normalmente não responde ao tratamento, deve ir direto para a cirurgia mesmo sem avaliação de líquido nessa situação - Se Ht venoso > LPD cirurgia pode esperar, fazendo monitoramento de 5, 10 ou 20 minutos à tratamento para a estabilização. Se não houver resposta clinica o animal pode ser enviado para a cirurgia. Estimativa de perda de sangue para a reposição: X = L x V/ H – L ● X = volume de sangue no abdômen ● L = Ht da LPD ● H = Ht sangue periférico antes da fluidoterapia ● Essa forma determina o volume de sangue no abdômen e é importante para saber o quanto deve ser reposto de sangue ao animal. Diagnóstico de peritonite: Diagnóstico por imagem Radiografia: simples e contrastadas (em casos de suspeita de perfuração – cuidado). Uretrocistografia ou urografia excretora: quando creatinina do LPD maior que creatinina sérica US: método FAST, AFAST, TFAST, deve-se realizar US abdominal e pélvica Tomografia computadorizada: ótima, mas nem sempre disponível Ressonância magnética: recomendada para pacientes estáveis Tratamento cirúrgico: laparotomia exploratória Os traumas perfurantes são obrigatoriamente cirúrgicos. Os traumas contusos são necessários investigar e adotar a melhor conduta. O fígado, o baço são os mais comumente afetados. Incisão mediana ou paramediana: xifo-pubiana Celotomia e laparotomia não são termos corretos, mas são utilizados como sinônimos de abertura da cavidade abdominal Exploração sistemática: quadrantes e calhas. Quadrantes: Cranialmente: diafragma. Fígado, vesícula e arvore biliar, estomago e piloro, duodeno proximal. Caudal: duodeno ao cólon, mesentério, bexiga, uretra, próstata ou útero, anéis inguinais. Calhas: afastam os outros e inspeciona: Os rins, ovários, adrenais e ureteres. Complicações mais frequentes Eventração e evisceração/ deiscência de suturas: prevenção – recobrimento com omento ou serosa. Peritonite: Em derramamento de urina não há emergência cirúrgica se a urina estiver estéril. Fazer a estabilização do animal para fazer a cirurgia. A peritonite nesse caso é química e é resolvida pelo organismo. Se a urina estiver infecciosa – fazer imediatamente. Tratamento: Antibioticoterapia sistêmico a partir de cultura e antibiograma a partir de LPD. Suporte de oxigênio e nutricional. Lavagem copiosa com 200 a 300mL de soro fisiológico. Flunixina-meglumina 1mg/kg IV, 24 horas --> antinflamatório Remoção dos debris e evitar a CID: Heparina em dose baixa: 50 a 100UI/kg, SC, BID. Heparina + plasma (CID): 5 a 10UI + 1 unidade de plasma fresco, deixa incubar por 30 minutos e administrar 10ml/kg/IV. Drenagem abdominal aberta: DAA: é feita uma sutura entre o peritônio e a pele criando uma fístula de tamanho suficiente para que a lavagem seja realizada (2x ao dia, e o procedimento é cirúrgico). Após lavagem, fazer curativo com gazes estéril e uma barreira de compressa molhada em iodo-povidona e uma atadura por cima. Peritonite generalizada à DAA. Drenagem peritoneal fechada: indicado para peritonite focal ou quando for usado um dreno pode ser feita em casos de peritonite generalizada (dreno colocado entre o fígado e diafragma e uma porção é exteriorizada até um coletor). Animais muito grandes pode ser usado até dois drenos. TÓRAX Anatomia TRS: cavidades nasais, nasofaringe, laringe, traqueia até a entrada torácica TRI: traqueia intratorácica, brônquios, pulmões, pleuras, diafragma, parede torácica. A parede torácica é formada por 13 pares de costelas, e pode ser variável dependendo do animal. As ultimas 4 costelas não fazem conexão com o esterno, somente os 9 primeiros --> parte mais cranial do esterno é chamada de manúbrio, 4 costelas que não se interligam com o esterno denominam-se arco costal Diafragma tem a porção muscular e a porção tendinosa. A porção muscular é nomeada de acordo com a inserção do musculo, costaris, lombaris e ++. Existe o forame cava, o hiato esofágico e o hiato aórtico. Lobectomia: técnica cirúrgica de retirada do lobo pulmonar Pleura e mediastino: Pleura parietal reveste a cavidade torácica e pleura visceral reveste os órgãos. Mediastino é delgado sendo permeável a líquidos e ao ar. Pressão negativa faz com que ocorra movimentos da inspiração e expiração, quando as costelas são “puxadas” pela inspiração, os lobos pulmonares também se movimentam, “puxando” o ar para dentro A irrigação da parede torácica é feitapelas artérias intercostais (artéria aorta dá origem às artérias intercostais). A drenagem é feita pelas intercostais. As intercostais drenam para a veia Ázigos direita que desemboca na cava cranial ou entre as cavas (diferenças individuais). O plexo vasculonervoso passa caudal as costelas. Protocolo geral: Pré-operatório: Exame físico: Inicia-se pelo estado geral do paciente Observar o animal em decúbito esternal em posição quadrupedal Há dispneia? -- inspiratória (doença do TRS, animal demora mais tempo inspirando) ou expiratória (doença do TRI, animal demora mais tempo expirando). Padrão respiratório: restritivo (animal não consegue expandir totalmente o tórax); paradoxal (tórax move-se em um momento e abdômen se move em momento diferente, uma janela entre as costelas vai para dentro, todos os espaços intercostais se movem na inspiração e um espaço se movimenta em direção contrária – indicativo de fatura múltipla de costelas) Observar se há simetria das costelas durante o movimento de respiração de acordo com a posição dele, deve estar simétrico Condutas para estabilizar o paciente: Atenção ao decúbito: Lateral – hemitórax com a lesão para baixo; Esternal – nas suspeitas de pneumotórax. Lateral com lado acometido para baixo (lesões neoplásicas extensas) Monitorar as funções respiratórias e cardíacas: TPR, hemogasometria e oximetria de pulso. Fornecimento de oxigênio: Punção cricóide ou cricotiroidostomia: introduz uma agulha ou cateter venoso na camada cricóide. Pode passar um fio de náilon no cateter e amarra no traqueo-tubo e faz a intubação retrograda. Cateter transtraqueal: cateter entre os anéis traqueais, oferecer oxigênio umidificado, com solução NaCl --> mais invasivo que sonda nasal, necessita de bloqueio local Sonda nasal: uni ou bilateral, com gasto de oxigênio menor --> penetrar até lateral do olho, utiliza-se somente bloqueio por colírio nasal (Tetracaína) Máscara: a atmosfera é menos rica e é de fácil execução, gera muito stress Tubo endotraqueal: possível em animais com perda de consciência e em animais com dificuldades de respiração maior --> precisa que o animal esteja sem consciência e se reflexos, maior oferecimento de oxigênio Tenda: gasto alto de oxigênio, promove formação de atmosfera em volta do animal, método que promove maior conforto para o animal, o ambiente fica saturado por CO2, a vantagem é em animais muito agitados e bravos --> caríssima, aumenta oximetria e reduz capnografia, mas seria o melhor método menos estressante Diagnóstico: Há suspeita de pneumotórax: toracocentese diagnóstica e se houver ar, fazer a drenagem Bloqueios nervosos intercostais – bloqueio das costelas ao lado. Radiografia torácica -- 3 posições Tomografia – se radiografia não for suficiente Ressonância -- se tomografia não for suficiente Toracocentese: material – sistema fechado: Para punção: agulha (19G a 23G), agulha hipodérmica, escalpe ou cateter ou sonda mamaria para bovinos. Colocação de dreno torácico -- tamanho do tubo -- mesmo tamanho do brônquio principal. Se for drenar ar é melhor usar um dreno menor. Sistema de drenagem --> quando há líquido usar o sistema com 2 garrafas, quando há somente ar usar 1 garrafa, dificilmente usar 3 garrafas: O material vai para: Tubo com EDTA, tubo sem EDTA, citologia. Toracostomia: drenagem de líquido ou ar, sondas uretrais são as mais indicadas para drenar grandes quantias de ar --> catéter inserido com sonda hemostática, inclinando e inserindo até romper parede torácica --> bolsa de tabaco ou sandália de bailarina para suturar sonda na pele Pós-operatório: Monitorar a função respiratória; animais submetidos a toracotomia podem apresentar uma claudicação transitória por causa da lesão do musculo grande dorsal (evitar secção do grande dorsal, somente abertura das fibras) Cães e gatos são resistentes à pleurodese (animais não formam fibrina com tanta facilidade como a espécie humana) Complicações: Edema pulmonar de reexpansão (EPR): Ocasionado pelo aumento da permeabilidade associada a lesão de microvasos pulmonares. Anormalidades dos microvasos pulmonares provocadas pelo colapso crônico; Estresse mecânico ocasionado pela expansão abrupta, perda da pressão negativa muito rápida Tromboembolismo pulmonar (TEP): Obstrução do fluxo sanguíneo nos vasos pulmonares. Trombo ou êmbolo originário à originário do sistema venoso sistêmico ou coração direito. Tratado com uso de anticoagulantes. Técnicas cirúrgicas utilizadas Fios monofilamentares absorvíveis ou inabsorvíveis --> absorvíveis monofilamentosos devem ser os mais utilizados, multiilamentosos s~çao contraindicados Afastadores auto estáticos Pinças anguladas (de Stankcy ou Mixer) Serras de esterno ou para ossos. Pulmões e parede torácica: Colheita para biópsia: por toracoscopia, dirigida em janela, cirúrgica, intratorácica Lobectomia parcial ou total Esternectopia parcial. Cavidade pleural e diafragma: Toracocentese: diagnóstica ou de drenagem Toracostomia Toracotomia: Simples: intercostal: com ressecção de costela; Esternectomia mediana; Transesternal. Combinada: toracoabdominal ou toracocervical. Pleurodese: ineficiente em cães e gatos Comunicação pleurovenosa ou pleuroperitoneal ativa. Linfangiografia mesentérica Ligadura do ducto torácico. Doenças de tratamento cirúrgico: Pulmões e parede torácica: Tórax instável. Abscesso pulmonar --> material purulento na cavidade torácica leva a quadro grave Torção do lobo pulmonar --> leva a isquemia e necrose se não tratado Pectus excavatum (peito escavado) --> tórax mais “afundado” ao centro, correção no tratamento por aparelho ortopédico Pectus carinatum --> tórax forma uma “cunha”, oposto do exacavatum Cavidade pleural e diafragma: Pneumotórax. Hérnia diafragmática: adquirida, congênita/peritôniopericárdica (animal normalmente morre nas primeiras horas de vida, observar na necropsia) Efusão pleural: quilotórax e piotórax. Timonas: cistos branquiais tímicos e cistos mediastinicos (neoformações) Pneumotórax É o acúmulo de ar ou gás dentro do espaço pleural. Classificação: unilateral ou bilateral, aberto ou fechado, não traumático ou traumático, por tensão (flape tecidual atuando como válcula de uma via), não traumático/espontâneo/idiopático (primário e secundário), pneumomediastino Pneumotórax fechado traumático: Fisiopatologia: 1. trauma --> 2. compressão torácica gerada --> 3. quando encontra glote fechada --> 4. leva à ruptura do parênquima ou árvore brônquica Um trauma rombo causa compressão torácica. Se a glote estiver fechada há uma ruptura do parênquima ou da arvore brônquica. Pode ser que não há o rompimento completo e haja a formação de vesículas subpleurais que se rompem posteriormente e causam o pneumotórax. Outra forma dele acontecer é a onda de choque do trauma causar uma força de rasgamento do parênquima. Diagnóstico Anamnese: traumatismo. Exame físico: dispneia aguda, respiração restritiva, sons pulmonares abafados dorsalmente a auscultação, enfisema subcutâneo, percussão timpânica. Solicitar radiografia (antes e após drenagem) Conduta: Providenciar um ambiente rico em oxigênio; Em caso traumático: toracocentese para drenagem, animal em repouso por 3 a 5 dias e esperar melhora, se não houver melhora fazer toracotomia Toracotomia para drenagem na região intercostal ou esternotomia mediana Se houver fratura de costela fazer o bloqueio anestésico no plexo intercostal; Depois da toracotomia cobrir a ferida; Considerar pleurodese: função de criar uma aderência entre as pleuras ajudando a fechar as lesões. Nos cães é melhor a sanguínea. Tratamento: Toracotomia exploratória de urgência. A estabilização fisiológica é mais importante. Indicações: Pneumotórax traumático aberto: aberto torácico penetrante – toracotomia exploratória de urgência. Fazer a exposição por esternotomia mediana. Pneumotórax traumático