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U N I D A D E 1 0 TÉCNICAS PARA TERAPIA DIRETA Cristiane Angelini AUTOR(A) FLUÊNCIA Proporcionar base científica para a compreensão e o estudo da fluência; Abordar fenômenos complexos para a compreensão da fluência que considera a interação de fatores biopsicossocial: ambientais, psicológicos e neurológicos; Empregar o modelo teórico de linguagem, sujeito e de intervenção coerente; Garantir a assertividade no planejamento terapêutico para tomada de decisões clínica Desenvolver o raciocínio clínico para atendimento de pessoas com queixa de transtornos da fluência Sejam bem-vindos a disciplina de Fluência do curso de fonoaudiologia. A nossa disciplina propõe fornecer conhecimento sobre fluência da fala de forma a possibilitar uma análise do funcionamento cognitivo-linguístico durante a fala fluente, conhecendo as teorias por trás de cada concepção de gagueira, as técnicas de avaliação, diagnóstico e terapia para crianças e adultos. Nossa disciplina está dividida em 3 módulos. No primeiro módulo vamos falar a fluência, definir e diferenciar os transtornos da fluência da fala: gagueira, taquilalia e taquifemia. Falaremos ainda sobre as diferenças teorias de como olhar para os transtornos da fluência, isso incluir compreender a etiologia e suas manifestações. No segundo modulo, falaremos sobre a avaliação da fluência levando em consideração as diferentes formas de conceber a fluência, compreendendo as concepções de sujeito, doença. Conheceremos a sintomatologia da gagueira, ou seja, aprenderemos a interpretar os sinais e sintomas observados na avaliação do paciente. No último e terceiro modulo, abordaremos os aspectos que envolvem o tratamento da gagueira, abordaremos terapêuticas dos transtornos da fluência, pensando na intervenção individual, em grupo e na orientação familiar/escolar. E abordaremos aspectos referente a prevenção das disfluências. O objetivo principal da disciplina é conhecer as publicações dos principais pesquisadores e internacionais, bem como visitar as principais pesquisas na área, trazendo discussão nos fóruns sobre o assunto. Para chegar a esse objetivo vamos desenvolver as seguintes competências: APRESENTAÇÃO 01 Olá, muito prazer em estar aqui com você, eu sou a professora Cristiane Angelini, fonoaudióloga formada pela PUC SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) em 2004. Desde a graduação sou apaixonada pela área da linguagem. Atuo há 18 anos no meu consultório com experiência em atendimento clínico de crianças e adultos com alteração de linguagem com enfoque em: atraso no desenvolvimento de linguagem oral, distúrbios motores da fala, transtornos do espectro autista, disfluência, alterações na leitura e escrita Sou mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo desde 2017 cuja tese foi intitulada de “Instrumento de Vigilância de Desenvolvimento de Linguagem para crianças de 12 a 36 meses - estudo Piloto” Sou especialista em linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. Sou professora do Centro Universitário Santanna (Unisantanna) desde 2022, sendo responsável pela disciplina de Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia na clínica escola da Unisantanna/SP e pelas disciplinas de linguagem oral. Sou professora de cursos livres em fonoaudiologia sobre Desenvolvimento de linguagem, Pragmática, Fonologia e Transtorno do espectro Autista. Sou fonoaudióloga com o Selo Fonoaudiólogo Amigo da Gagueira que é uma certificação conferida aos profissionais fonoaudiólogos que concluíram o Curso de Formação da Oficina de Fluência e que passam a fazer parte da Equipe Oficina de Fluência, participando ativamente de reciclagens, grupos de estudo, discussões de casos e inovações no atendimento clínico. CONHEÇA A CONTEUDISTA Cristiane Angelini 02 CONTEÚDO DA UNIDADE Introdução Como estudamos anteriormente, a função do fonoaudiólogo é determinar quais são as estratégias mais eficaz para a pessoa que gagueja. A escolha dos objetivos terapêuticos deve ser centrada da dificuldade daquela pessoa que gagueja e por tanto é singular e particular. Sendo assim, cada processo terapêutico é único e por esse motivo as escolhas de quais aprendizados serão necessários é determinada pela avaliação de fluência e da percepção do fonoaudiólogo das necessidades, angústias e dificuldades da pessoa que gagueja. Nesta unidade abordaremos as técnicas para a terapia indireta para o tratamento da disfluência. Na terapia indireta são realizadas orientação familiar e mudança no ambiente em que a pessoa que gagueja está inserida: escola, comunidade, trabalho etc. Neste sentido são utilizadas técnicas de conscientização da fala e da comunicação, além de técnica para a dessensibilização da gagueira. Terapia de conscientização A terapia de conscientização deve ser utilizada para que a pessoa que gagueja tenha consciência/percepção de como é o funcionamento da fala, criando assim maior percepção corporal. Além de abordar como a comunicação acontece por meio da discussão da gagueira de uma forma aberta, divertida e leve. Para tanto, é necessário que a pessoa que gagueja mostre seu conhecimento sobre o assunto para que possa ser esclarecido todas as dúvidas e angústias. Apresentarei um resumo das possibilidades de abordagem UNIDADE 10 03 Como vimos na unidade anterior o Modelo de Demanda e capacidade deve ser usada nessa fase da terapia para proporcionar a pessoa que gagueja um ambiente facilitador, já que a gagueira pode aumentar devido a demanda ambiental/social. A fala tem a influência do ambiente devido a presença de estressores comunicativos, estressores interpessoal e estressor das situações vivenciadas: “ (...) fatores ambientais que estão associados com o estresse comunicativo (vocabulário excessivamente elaborado, conversação numa velocidade aumentada, questionamentos frequentes, interrupções verbais, competição para falar, correção dos padrões de fala, frases extensas e complexas), estresse interpessoal (rotina familiar inconsistente, demanda aumentada para a capacidade da criança, comparação e competição entre irmãos, falta de tempo com os pais) e estresse das situações vivenciadas (conflitos na família, datas comemorativas, feriados, eventos inesperados, mudanças na rotina, doenças, experiências traumáticas)” Oliveira CMC de, Yasunaga CN, Sebastião LT, Nascimento EN. Orientação familiar e seus efeitos na gagueira infantil. 2010 04 FLUÊNCIA Como podemos observar, o controle do ambiente faz parte do processo terapêutico. As reações negativas dos interlocutores frente a pessoa que podem interferir negativamente no prognóstico terapêutico e consequentemente prejudicar a comunicação. Passar diversas vezes por situações de desconforto no momento da fala pode desenvolver uma crença na incapacidade de fala e gerar fuga de situações comunicativas. Refletir sobre a gagueira e como cada paciente percebe sua fala é um ponto essencial para a conscientização e melhora da percepção. 05 FLUÊNCIA Sendo assim, é necessário abordar com a pessoa que gagueja a sua percepção da fala. Para tanto, podemos usar o desenho ou a escrita para alcançar esses sentimentos. Sugiro que seja solicitado a estratégia do desenho/escrita da fala fácil x fala difícil. Essa atividade é inspirada no livro da Chmela e Reardon entitulado: “The school-age child who stutters: working effectively with attitudes and emotions.” que oferece diversas ferramentas para terapia, concentrando-se nos sentimentos e crenças em crianças que gagueja em idade escolar. Nesta atividade o foco não é a gagueira por isso não usamos “quando gaguejo e quando não gaguejo”. Utilizar o termo fala fácil e difícil guia a pessoa que gagueja expressar os sentimentos existentes nos momentos de comunicação onde a fala é fácil ou difícil. Particularmente nas crianças, o desenho é uma forma de expressão e podemos guiar a ela a expressar suas sensações e sentimentos durante a fala. Souza (2001) descreve a gagueira como uma dificuldade relacional e que, portanto,social - refletem apenas diferenças no modo como o cérebro processa a fala de acordo com a circunstância, usando um de dois sistemas pré-motores para fazer a temporalização do movimento: o sistema pré-motor medial ou o sistema pré-motor lateral. Na gagueira, o sistema pré-motor medial, responsável pela fala espontânea e integrado pelos núcleos da base, é o que tende a estar comprometido. Por outro lado, o sistema pré-motor lateral, responsável pela fala não-espontânea (como falar sozinho, cantar, ler em coro, representar um personagem e sussurrar) e integrado pelo cerebelo, tende a estar íntegro. Assim, a melhora da gagueira em situações que não envolvem fala espontânea é esperada e não significa que esta melhora possa ser transferida para a fala espontânea, uma vez que são processamentos distintos. 10 Mito 1: A gagueira é um hábito adquirido. MITO Afirmar que a gagueira é um hábito significa que a pessoa começaria a gaguejar voluntariamente e, com a prática, a gagueira se tornaria automática. Não é isso o que acontece. A gagueira é um distúrbio neurobiológico causado provavelmente pelo mau funcionamento de áreas do cérebro responsáveis pela automatização da fala: os núcleos da base não conseguem ajustar adequadamente o tempo de duração de sons e sílabas, ocasionando alongamentos, bloqueios ou repetições. Esta disfunção é resultado de uma predisposição genética ou de uma alteração na estrutura do próprio cérebro. Portanto, a gagueira não pode ser simplesmente aprendida por imitação, porque ocorre em pessoas que, de alguma forma, estão propensas a ela. FLUÊNCIA Mito 3: Pessoas com gagueira nunca gaguejam cantando ou quando representam um personagem no teatro VERDADE A maior parte das pessoas com gagueira realmente não gagueja quando canta. Entretanto, algumas pessoas com gagueira podem enfrentar dificuldades para iniciar o canto, outras podem gaguejar apenas quando cantam músicas de ritmo quase falado (como o rap, por exemplo) e outras ainda podem gaguejar no canto da mesma forma que gaguejam quando falam. Da mesma forma, boa parte das pessoas com gagueira não gagueja quando representa um personagem no teatro. A explicação para a ausência da gagueira durante o canto ou a representação de um personagem está em como o cérebro processa estas formas de expressão verbal: ambas tendem a ser processadas pelo sistema pré-motor lateral, que tende a estar preservado nas pessoas que gaguejam. Quando a gagueira ocorre durante o canto ou durante a representação de personagens, significa que o processamento não foi transferido para o sistema pré-motor lateral ou que também há algum comprometimento neste sistema. Mito 4: O fato de as pessoas com gagueira experimentarem melhora na fluência em situações de alteração de feedback auditivo (atraso, alteração de frequência ou mascaramento) prova que a gagueira é psicológica, porque não haveria nenhuma razão para a gagueira melhorar sob estas condições. MITO Quando o feedback auditivo é modificado, a fala não é mais processada de forma automática pelo cérebro. Nestes casos, o cerebelo entra em ação, porque se torna necessário extrair pistas acústicas do som externo para temporalizar a fala. É o mesmo efeito que ocorre com a leitura em coro e com o falar ao ritmo de um metrônomo, que também melhoram a gagueira de muitas pessoas. 1 1 FLUÊNCIA Mito 5: O fato de as pessoas com gagueira vivenciarem piora da gagueira de acordo com o interlocutor prova que a gagueira é psicológica. MITO Oscilações na gagueira que dependem do interlocutor geralmente podem ser explicadas pela ativação da resposta de congelamento. A resposta de congelamento está relacionada a uma baixa geral de atividade do organismo, incluindo diminuição dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e dos movimentos de fala. Quando uma pessoa (com gagueira ou não) se encontra em uma situação de dúvida, o cérebro dá uma ordem para o corpo se movimentar menos até que a pessoa decida o que fazer. No caso de pessoas que gaguejam, a situação de ambiguidade pode piorar a gagueira. Este efeito também pode explicar a melhora da gagueira quando a pessoa fala ou lê sozinha. Mito 6: Geralmente tenho dificuldade para dizer meu nome e meu número de telefone quando as pessoas solicitam. Entretanto, consigo dizê-los fluentemente se estou sozinho. Isso é uma evidência de que a gagueira é psicológica. MITO Este efeito pode ser explicado por três fatores. Primeiro, a gagueira é um distúrbio de fala espontânea, isso quer dizer que ela tende a se manifestar com maior intensidade quando a fala é utilizada de maneira proposicional, isto é, quando a fala de fato tem finalidade prática. Falar uma expressão fora de contexto (quando se está sozinho, por exemplo) diminui a proposicionalidade daquela expressão, fazendo com que a gagueira também diminua. Segundo, no contexto real, existe uma pressão de tempo natural, ou seja, a expressão deve ser proferida no tempo adequado. Lembrando que a dificuldade de temporalização é justamente a maior dificuldade das pessoas que gaguejam, não é de se espantar que a dificuldade aumente quando a pressão de tempo está presente. Terceiro, se a pessoa reagir negativamente frente à antecipação da ocorrência da gagueira, a gagueira também terá maior probabilidade de ocorrer devido à ativação da resposta de congelamento, que faz com que o corpo tenda a paralisar, alterando assim a produção da fala. É bom lembrar que muitos outros distúrbios oscilam de acordo com a situação (por exemplo: Síndrome de Tourette, disfonia espasmódica, doença de Parkinson), não sendo está uma característica exclusiva da gagueira. 12 FLUÊNCIA Mito 7: Se eu não gaguejasse, minha vida seria perfeita e eu conseguiria realizar todos os meus sonhos. MITO A gagueira de origem hereditária parece envolver níveis elevados do neurotransmissor dopamina e um funcionamento atípico de receptores dopaminérgicos em determinadas áreas do cérebro. O excesso de atividade dopaminérgica está relacionado a dificuldades na automatização de movimentos (como os de fala, gerando a gagueira), mas também está relacionado a um maior desempenho intelectual, maior capacidade de atenção e menor tendência à hiperatividade e impulsividade. A gagueira por lesão neurológica envolve dano físico ou bioquímico aos núcleos da base, estando relacionada a menor capacidade de atenção e maior tendência à hiperatividade e impulsividade. Portanto, se você não gaguejasse, você não seria quem é; sua vida e seus problemas seriam outros. Mito 8: Pessoas que gaguejam são menos inteligentes. MITO Não há relação de causa ou consequência entre gagueira e inteligência, ou seja, não é a falta de inteligência que causa a gagueira e nem a gagueira deixa a pessoa menos inteligente. Algumas pessoas com gagueira optam por expressar menos suas opiniões oralmente; eventualmente esta atitude pode dar a impressão para o interlocutor de que a pessoa é menos inteligente, mas este geralmente não é o caso. Mito 9: A gagueira está mais presente em sociedades que estimulam a competição e que cobram melhor desempenho do indivíduo. MITO A gagueira é um distúrbio que parece afetar igualmente todas as classes sociais, etnias, sociedades e culturas - desde comunidades indígenas da América do Sul ou do Norte, até executivos de Tóquio e Wall Street. Mito 10: A criança gagueja para chamar a atenção dos pais. MITO A gagueira não é um comportamento voluntário. Portanto, a criança não gagueja porque quer ou para chamar a atenção dos pais. 13 FLUÊNCIA Mito 11: A criança começou a gaguejar depois do nascimento do irmão, porque ficou com ciúmes dele. MITO A aparente relação causal entre o início da gagueira e o nascimento de um irmão mais novo não passa de mero acaso. O frequente intervalo de 2-3 anos entre o nascimento de dois irmãos é a chave de toda a explicação. A gagueira inicia geralmente por volta dos 2-3 anos em razão de uma fase natural de desenvolvimento das estruturas cerebrais responsáveis pela automatização da fala (os núcleos da base). Esse período coincidecom a diferença de idade que é mais comum entre dois irmãos. Ou seja, devido ao fato acidental de que ambos, o surgimento da gagueira e a diferença mais provável de idade entre irmãos, estejam em torno de 2-3 anos, há uma grande probabilidade de que uma criança comece a gaguejar próximo ao nascimento do seu irmão. Mito 12: Pais de crianças que gaguejam são os principais responsáveis pelo distúrbio do filho, pois a gagueira resultaria de uma educação repressora e recriminadora. MITO A gagueira é um distúrbio neurobiológico cuja manifestação, na grande maioria das vezes, acontece à revelia de qualquer comportamento dos pais. • Quando a gagueira ocorre devido à herança genética, significa que a criança possui genes que a predispõem ao distúrbio. Como os genes são determinados no momento da fecundação, os pais não podem escolher os genes que o filho irá receber. Por outro lado, sabe-se que o ambiente influencia a expressão genética. Desta forma, propiciar que a criança se desenvolva em ambientes (familiar, escolar, social) que favoreçam o adequado desenvolvimento da linguagem pode ser considerado como um fator de proteção. • Quando a gagueira ocorre devido à lesão neurológica, geralmente a lesão foi causada por algum acidente em que a criança bateu a cabeça (acidentes domésticos, esportivos ou automobilísticos). Crianças entre 0 e 4 anos e adolescentes entre 15 e 19 anos são os mais propensos a sofrer trauma de crânio. O que os pais podem fazer é tentar evitar a ocorrência destes acidentes, tomando as precauções necessárias. Embora os pais praticamente não possam evitar o início da gagueira, podem evitar que ela se agrave e se torne crônica. E é justamente em relação a estes aspectos que atitudes esclarecidas por parte dos pais são importantes. 14 FLUÊNCIA Mito 13: A criança começa a gaguejar por excesso de cobrança dos pais MITO E VERDADE Os pais de pessoas que gaguejam são alvos de diversos estereótipos sociais. Seriam pais dominadores, superprotetores, com altas expectativas, perfeccionistas, com sentimento de rejeição e avaliações indesejáveis sobre a personalidade do filho que gagueja. Entretanto, os avanços científicos já demonstraram que os pais não são os responsáveis pela gagueira de seus filhos. Por outro lado, determinadas atitudes podem piorar a gagueira (por exemplo, dizer para a criança parar de gaguejar, pensar antes de falar ou ficar calma). Deste modo, o ambiente familiar também desempenha um papel importante, mas não tanto no surgimento e, sim, na recuperação da gagueira. Por isso, é extremamente importante que os pais adotem atitudes que promovam a fluência. Mito 14: Pode-se pegar gagueira por imitação ou por ouvir uma outra pessoa que gagueja. MITO Ninguém pode pegar gagueira. Se fosse assim, todas as pessoas que convivessem com alguém que gagueja, gaguejariam também, mas isso realmente não acontece. Além disso, dizer para uma pessoa que gagueja que ela aprendeu a gaguejar por imitação significa rebaixá-la e humilhá-la: com tantas características favoráveis para imitar, por que escolheria a gagueira, que lhe seria prejudicial e traria desvantagens? Mito 15: Um susto pode causar a gagueira. MITO Se sustos causassem gagueira, então provavelmente todas as pessoas gaguejariam, porque, afinal, quem nunca levou um susto? 15 FLUÊNCIA Mito 16: Nervosismo, ansiedade, insegurança, timidez e baixa autoestima causam gagueira. MITO Fatores psicológicos não causam gagueira, embora possam agravá-la. Além disso, também está incorreto assumir que pessoas que gaguejam sejam mais propensas a serem nervosas, medrosas, ansiosas, tímidas ou com baixa autoestima. Algumas pessoas com gagueira podem apresentar ansiedade, insegurança, timidez e/ou baixa autoestima para falar, mas essas características tendem a ser consequências de vivências comunicativas frustrantes relacionadas à gagueira e não causas da gagueira. Mito 17: Estresse causa gagueira MITO O estresse não causa gagueira, mas pode agravá-la e, às vezes, até mesmo melhorar a gagueira. Há relatos na literatura científica, por exemplo, de soldados com gagueira que falam fluentemente em situações de guerra e de pessoas que, em situações de discussão, experimentam uma grande redução da gagueira. As mudanças fisiológicas ocasionadas pelo grau da resposta de congelamento explicam a melhora ou a piora da gagueira sob estresse. Mito 18: Gagueira por herança genética é melhor do que gagueira por lesão cerebral. MITO Não é melhor e nem pior, apenas diferente. A gagueira hereditária pode ser transmitida de geração para geração. Por outro lado, a gagueira lesional pode envolver danos mais amplos ao cérebro. O mais importante é que ambas respondem favoravelmente ao tratamento especializado. 16 FLUÊNCIA Mito 19: Se a criança começar a gaguejar, é melhor fazer de conta que nada está acontecendo para que ela não tome consciência do problema MITO Acreditava-se que chamar a atenção da criança para sua fala seria a causa imediata da gagueira, fazendo com que hesitações comuns se transformassem em gagueira. Atualmente, sabe-se que isso não é verdade. Falar com a criança sobre sua gagueira não fará com que o distúrbio se instale ou piore. Falar abertamente com a criança sobre sua gagueira fará com que ela sinta o apoio dos pais, sentindo-se encorajada para compartilhar suas dificuldades. A conspiração do silêncio em torno da gagueira só contribui para aumentar a distância entre pais e filhos. Mito 20: Se a criança começou a gaguejar, é só esperar que passa. MITO Boa parte das crianças que começa a gaguejar melhora espontaneamente pouco tempo após o início dos primeiros sintomas de gagueira. Entretanto, os pais não têm como saber de antemão quais as chances de ocorrer melhora espontânea com seu filho. Por isso, é fundamental realizar uma avaliação com um fonoaudiólogo especializado em gagueira para saber se é mais alta a chance de a gagueira melhorar espontaneamente ou se é mais alta a chance de a gagueira persistir. Uma intervenção precoce adequada é o melhor caminho para diminuir o impacto negativo da gagueira na vida da criança e dos pais. Mito 21: Ajuda dizer à pessoa para ficar calma, relaxar, respirar fundo antes de falar ou pensar antes de falar. MITO Este tipo de recomendação faz com que a gagueira pareça algo muito simples de se resolver. Se realmente fosse assim, não haveria tantas pessoas com gagueira persistente e talvez nem seria necessário tratamento para gagueira. Quando a pessoa com gagueira ouve de seu interlocutor algo como fique calmo, relaxe, respire ou pense antes de falar, ela fica ainda mais preocupada com seu distúrbio, o que provavelmente contribuirá para piorar a gagueira. Sendo assim, na intenção de ajudar, o interlocutor acaba atrapalhando ainda mais. Muitas vezes, o mal-estar que o interlocutor sente é maior do que o da própria pessoa que gagueja e é ele quem precisa ficar calmo e relaxar. Reações mais úteis para o interlocutor incluem esperar a pessoa que gagueja terminar sua fala, não completar palavras e procurar falar de modo mais lento e articulado. Enfim, respeitar o tempo e a forma de falar do outro. 17 FLUÊNCIA Mito 22: Obrigar a criança a ler em voz alta na sala de aula faz com que ela perca a timidez e o medo de falar. MITO Timidez e medo não causam gagueira. Portanto, é infundada a crença de que, se a criança deixar de ser tímida ou deixar de ter medo para falar, a gagueira irá desaparecer. Na verdade, a timidez e o medo de falar podem ser consequências da gagueira: a criança pode ter medo de falar não porque acha que pode gaguejar, mas porque sabe que vai gaguejar, porque também sabe que não consegue impedir a ocorrência da gagueira, e, muitas vezes, por acreditar que deveria ser capaz de fazer algo para não gaguejar. Por outro lado, o medo realmente pode agravar a gagueira. Assim, obrigar a criança a ler em voz alta na sala de aula só vai contribuir para piorar o problema. Em termos jurídicos, obrigar o aluno com gagueira a ler em voz alta ou apresentar seminários é fato gravíssimoque justifica a abertura de processo legal em razão do constrangimento gerado pelas situações. Mito 23: A pessoa gagueja, porque pensa mais rápido do que fala. MITO Todas as pessoas pensam mais rápido do que falam. Por exemplo, ao presenciarmos uma briga, nosso pensamento rapidamente detecta que a situação em questão é uma briga, percebemos quase que instantaneamente o local em que se passa e as pessoas envolvidas. Mas, por outro lado, se tivermos que falar sobre o que presenciamos, necessitaremos de um tempo muito maior para fazer isso. Para todo mundo, o pensamento é como se fosse um relâmpago e a fala, o trovão que o acompanha instantes depois. Portanto, a velocidade do pensamento não pode ser a causa da gagueira, porque todo mundo pensa mais rápido do que fala, mas nem todo mundo gagueja. Mito 24: Susto pode curar gagueira. MITO Um susto não tem o poder de alterar a predisposição genética para gagueira ou de modificar a estrutura e funcionamento do cérebro de pessoas que gaguejam. Portanto, sustos não curam gagueira. 18 FLUÊNCIA Mito 25: Se a pessoa realmente tiver força de vontade para falar, ela consegue falar sem gaguejar. MITO Tendo em vista que a ocorrência da gagueira é involuntária, a pessoa que gagueja não consegue ter controle absoluto sobre a sua fala. Por isso, nem a maior força de vontade poderia impedir a ocorrência da gagueira. Por outro lado, a força de vontade pode ser uma grande aliada na superação da gagueira, facilitando a adesão aos tratamentos especializados. No processo terapêutico, torna-se importante trabalhar com a propriocepção, o relaxamento e a coordenação fala e respiração. Sugiro trabalhar a respiração e relaxamento, com objetivo de melhorar a percepção da respiração e da tensão muscular. Essa técnica foi proposta pelo médico Jacobson (1938) para o controle da contração e relaxamento cervical. Esta técnica consiste em contrair e relaxar grupos musculares específicos, em sequência. Desta forma, cada um vai-se tornando mais consciente do seu corpo e das sensações físicas, ao mesmo tempo que relaxa o cérebro. Também podemos trabalhar a respiração pedindo para a pessoa que gagueja fique deitado e colocar um livro na barriga para ter a percepção da inspiração e expiração. Sugere-se que fazer inspirações longas e expirações lenta para melhorar a percepção. A percepção entre contração e relaxamento é muito importante quando realização de outras técnicas pois será necessário identificar os pontos de tensão presentes durante a fala. 19 FLUÊNCIA Para finalizar a terapia indireta, podemos trabalhar técnicas da meditação para ajudar a consciência, respiração e atenção ao momento presente, também conhecido como Mindfulness. Diversas pesquisas apontam que é uma abordagem que apresenta resultados positivos em diferentes desordens psicossomáticas e transtornos mentais. “As técnicas de mindfulness vêm sendo utilizadas como auxiliar na terapia de modificação da gagueira no que diz respeito a sua dessensibilização, uma vez que as técnicas de atenção plena voltadas a gagueira possuem essa premissa. O levantamento permitiu avaliar os achados, explicitando que a gagueira e o medo social estão relacionados. Uma associação que pode influenciar especificamente na gravidade da gagueira e no comportamento de fala de maneira mais geral. A eficácia do mindfulness foi identificada principalmente nos momentos que o indivíduo necessita verbalizar, explicitando achados como: redução das disfluências, dos sentimentos e emoções negativas, melhora na confiança comunicativa, fala e autoestima, assim como também foi evidenciado melhora no bem-estar do indivíduo reduzindo o impacto da gagueira no sujeito” DA SILVA, C. A. C.; OLMEDO, P. B. Mindfulness e a gagueira: uma revisão de literatura / Mindfulness and stuttering: a literature review. Brazilian Journal of Health Review Essa abordagem tem se destacado devido esse termo em inglês, mas sempre fez parte do método integrativo existencial descrito pela pesquisadora e fonoaudióloga Isis Meira. No caso de G. A, apresentado no livro Tratando Gagueira – Diferentes abordagens (2002) foi apresentado o trabalho realizado: “Ampliação do nível de consciência do corpo e da fala, notando as alterações de tônus que constituem a sua gagueira ou estão com ela relacionadas, mesmo que sejam sutis, reconhecendo tendência à hipertonia ou à hipotonia. • Mudança para um tônus equilibrado desta musculatura que constitui a gagueira, através da prática de exercícios corporais vivenciados em terapia e diariamente fora da terapia. • Mudança para um uso equilibrado desta musculatura que constitui a gagueira através de treinamento feito no ato de fala, com o objetivo de inibir os hábitos musculares que constituem a gagueira e estimular novos hábitos, próprios de uma fala fluente. 20 FLUÊNCIA É importante notar que este é um trabalho que aborda a integração fisiopsíquica. Ao invés de cisão, trabalhamos a integração gago-gagueira, tensão-emoção, mente-corpo, físico-psíquico. Quando, por exemplo, um relaxamento é aplicado, promove-se ao mesmo tempo, tanto o equilíbrio das emoções (mente) como o equilíbrio das tensões (corpo físico). Através de uma mesma abordagem podemos estar trabalhando a ampliação do nível de consciência do corpo e das emoções e atitudes. Neste momento o gago pode ter “insights", percepções sutis, que levam à compreensão e ampliação de seu nível de consciência tanto de si mesmo, quanto de sua gagueira.” (Meira, Isis Tratando gagueira: diferentes abordagens (2002) Dessensibilização da gagueira Avançamos mais uma etapa da terapia indireta da gagueira e agora abordaremos as técnicas de dessensibilização da gagueira, cujo objetivo principal é reduzir as emoções negativas ligadas a gagueira, além de eliminar outras reações de fuga. A dessensibilização visa modificar as emoções que podem interferir na fala e na qualidade de vida das pessoas que gaguejam. Sendo assim, as atividades abordadas aqui têm como objetivo diminuir os sentimentos negativos relacionado com a gagueira, fazer com que a pessoa que gagueja perceba fatos do ambiente que são positivos ou negativos para fala, compartilhar ideias para transformar a sociedade e tirar a postura de vítima. As atividades feitas nessa etapa podem ser: 21 FLUÊNCIA Na atividade dos meus sentimentos/5 dedos, a pessoa que gagueja descreve seus sentimentos quando fala. Ao usar os 5 dedos ela pode usar a mão direita para descrever sentimentos positivos ou qualidades que ela tem e a mão esquerda os sentimentos negativos e seus defeitos. Depois essas características são apresentadas e refletidas. 22 FLUÊNCIA A próxima atividade chamada Ajuda ou Atrapalha tem como objetivo que a pessoa que gagueja fale/escreva/desenhe sobre os fatores que ajudam e atrapalham a fluência, assim é possível levantar hipótese e conscientizar das estratégias que poderão ser usadas nas estratégias de fluência e de habilidades comunicativas. Pode direcionar com algumas perguntas: Após ter descrito e analisado o que ajuda e atrapalha na fluência é o momento da atividade “Se as pessoas soubessem” no qual a pessoa que gagueja pode dizer o que as outras pessoas fazem que atrapalha a sua fluência e colocar essas situações para que o ambiente que essa pessoa vive: casa, familiares, escola, trabalho, atividade extracurriculares saibam o que afeta positivamente e negativamente a fala. E para deixar mais lúdico, pedimos para a pessoa que gagueja escrever uma mensagem com o que ela acha que as pessoas devem saber. 23 FLUÊNCIA Na atividade “meu iceberg” devemos solicitar que a pessoa que gagueja fale/escreva no topo do iceberg o que as pessoas vêm da sua gagueira e na parte que fica escondida falar sobre os sentimentos e frustações que as pessoas não podem ver a respeito da sua gagueira, mas que somente ele/a próprio/a pode ver e sentir. Assim, conversamos o que é possível ser modificado. Na atividade da gagueira maluca é o momento de trabalhar a percepção de como é possível ter um certo controle sobe a forma comofalamos. Nesta atividade a pessoa que gagueja deve pegar uma carta e falar como está sendo pedido. 24 FLUÊNCIA Na atividade repórter por um dia, solicitamos que a pessoa que gagueja faça uma pesquisa com amigos e familiares e depois com pessoas desconhecidas sobre a gagueira. Durante a terapia deve ser elaborado um questionário com mitos e verdades sobre a gagueira para que a possa ser abordado mais abertamente e mostras que algumas pessoas tem pouco conhecimento sobre a gagueira e que a pessoa que gagueja pode ajudar as outras pessoas a compreender. Pode-se seguir uma sugestão de script e também criar a partir da vivência da pessoa que gagueja. Durante a atividade Na Ponta da Língua, mostramos as diferentes formas de reagir e responder a situações em que a pessoa com gagueira se senta ofendida de alguma forma. O objetivo dessa atividade é fortalecer a pessoa que gagueja para que posse se defender e passar informações sobre a gagueira. Sendo assim, iniciamos discutindo algumas situações nos ambientes em que a pessoa que gagueja vive. Para realizar a atividade avisando os ouvintes, fazemos algumas dramatizações com objetivo de avisar a pessoa com quem a pessoa que gagueja vai conversar que ela gagueja. Podemos começar com dramatizações e depois passar para situações reais, como falar com um vizinho, ligar para pedir informações etc. 25 FLUÊNCIA E para finalizar as estratégias de dessensibilização abordamos os famosos que gaguejam. Essa atividade tem o objetivo de tirar o estigma das pessoas que gaguejam como pessoas malsucedidas e tristes. Além de criar uma identificação positiva quando ver pessoas famosas que passaram ou ainda passam pela mesma situação. Sendo assim, passamos o vídeo um vídeo com pessoas famosas que gaguejam. 26 FLUÊNCIA https://www.youtube.com/watch?v=VOmyr5L3MSw 27 FLUÊNCIA Finalizamos a unidade de terapia indireta com apresentação de diversas atividades de conscientização e dessensibilização da gagueira. Aguardo você na próxima unidade, onde abordaremos a terapia direta com estratégias para fluência. https://www.youtube.com/watch?v=VOmyr5L3MSw Minha dica é o site com meditações Atenção Plena (sextante.com.br) www.asextante.com.br/atencaoplena DICA DO PROFESSOR 28 https://www.sextante.com.br/atencaoplena/ http://www.asextante.com.br/atencaoplena Questão 1) O que é a terapia de conscientização? a) é uma terapia de consciência do problema da fala b) é uma avaliação objetiva e direta da consciência da fala c) é uma terapia de conscientização para que a pessoa que gagueja tenha percepção de como é o funcionamento de seu corpo e de sua fala. d) é uma terapia com objetivo de modelar a fluência EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 29 SEU GABARITO SEU GABARITO Questão 2) Susto cura a gagueira? Por quê? a) Não, porque não há um tratamento para os sintomas da disfluência b) Sim, porque modifica o funcionamento cerebral c) Sim, porque a pessoa vai falar mais devagar e por isso não gaguejar d) Não, porque a gagueira ocorre por uma predisposição genética e um susto não tem a capacidade de fazer essa mudança. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 30 Questão 3) Qual objetivo da atividade de dessensibilizarão chamada Na Ponta da língua? a) simular situações de diálogo para fazer a pessoa a gaguejar b) mostrar as diferentes formas de reagir e responder a situações difíceis c) Mostrar que falar e ouvir fazem parte de uma boa comunicação d) aumentar a percepção da fala durante a gagueira. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 31 SEU GABARITO Questão 4) O que é a terapia direta para a gagueira? a) mudança das situações de comunicação durante a gagueira b) identificação e modificação na fala c) relaxamento e interrupção das disfluências, d) orientação a pais, escolas e comunidades. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 32 SEU GABARITO SEU GABARITO Questão 5) Qual objetivo da atividade gagueira maluca na terapia indireta da gagueira? a) trabalhar a percepção de como é possível ter um certo controle sobe a forma como falamos b) diminuir a capacidade de falar fluente c) Aumentar a quantidade de vezes que a pessoa gagueja para quando ela gaguejar perceber que gagueja pouco d) trabalhar as diferentes formas de gaguejar para descrever seus sentimentos no momento da gagueira. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 33 34 ANOTAÇÕES Para ampliar sensibilizar as pessoas que gaguejam a falar abertamente sobre sua gagueira sugiro ver a entrevista do presidente dos Estados Unidos Joe Biden no qual ele fala abertamente sobre sua gagueira. SAIBA MAIS 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25 mitos sobre gagueira. Org.br. https://gagueira.org.br/gagueira-caracteristicas/25-mitos- sobre-gagueira, 2020 Da Silva, CAC; Olmedo, PB Mindfulness e a gagueira: uma revisão de literatura / Mindfulness and stuttering: a literature review. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 5, n. 3, p. 9752–9763, 2022. Jacobson, E. Relaxamento Progressivo. Chicago, IL: Universidade de Chicago Press. 1938. Meira, I. Tratando a gagueira: diferentes abordagens São Paulo. 2002. Oficina da Fluência - Curso de formação modulo prático. Novembro/ 2020. Oliveira CMC de, Yasunaga CN, Sebastião LT, Nascimento EN. Orientação familiar e seus efeitos na gagueira infantil. Rev soc bras fonoaudiol 36 https://gagueira.org.br/gagueira-caracteristicas/25-mitos-sobre-gagueira GABARITOS Questão 1) Gabarito: C Justificativa do gabarito: A terapia de conscientização deve ser utilizada para que a pessoa que gagueja tenha consciência/percepção de como é o funcionamento da fala, criando assim maior percepção corporal. Questão 2) Gabarito: D Justificativa do gabarito: Um susto não tem o poder de alterar a predisposição genética para gagueira ou de modificar a estrutura e funcionamento do cérebro de pessoas que gaguejam. Portanto, sustos não curam gagueira. Questão 3) Gabarito B Justificativa do gabarito: Durante a atividade Na Ponta da Língua, mostramos as diferentes formas de reagir e responder a situações em que a pessoa com gagueira se senta ofendida de alguma forma. O objetivo dessa atividade é fortalecer a pessoa que gagueja para que posse se defender e passar informações sobre a gagueira Questão 4) Gabarito: B Justificativa do gabarito: A terapia direta preza pela identificação e modificação na fala e linguagem da pessoa que gagueja. Questão 5) Gabarito: A Justificativa: A estratégia da gagueira maluca é o momento de trabalhar a percepção de como é possível ter um certo controle sobre a forma como falamos. 37falamos. Nesta atividade a pessoa que gagueja deve pegar uma carta e falar como está sendo pedido. 24 FLUÊNCIA Na atividade repórter por um dia, solicitamos que a pessoa que gagueja faça uma pesquisa com amigos e familiares e depois com pessoas desconhecidas sobre a gagueira. Durante a terapia deve ser elaborado um questionário com mitos e verdades sobre a gagueira para que a possa ser abordado mais abertamente e mostras que algumas pessoas tem pouco conhecimento sobre a gagueira e que a pessoa que gagueja pode ajudar as outras pessoas a compreender. Pode-se seguir uma sugestão de script e também criar a partir da vivência da pessoa que gagueja. Durante a atividade Na Ponta da Língua, mostramos as diferentes formas de reagir e responder a situações em que a pessoa com gagueira se senta ofendida de alguma forma. O objetivo dessa atividade é fortalecer a pessoa que gagueja para que posse se defender e passar informações sobre a gagueira. Sendo assim, iniciamos discutindo algumas situações nos ambientes em que a pessoa que gagueja vive. Para realizar a atividade avisando os ouvintes, fazemos algumas dramatizações com objetivo de avisar a pessoa com quem a pessoa que gagueja vai conversar que ela gagueja. Podemos começar com dramatizações e depois passar para situações reais, como falar com um vizinho, ligar para pedir informações etc. 25 FLUÊNCIA E para finalizar as estratégias de dessensibilização abordamos os famosos que gaguejam. Essa atividade tem o objetivo de tirar o estigma das pessoas que gaguejam como pessoas malsucedidas e tristes. Além de criar uma identificação positiva quando ver pessoas famosas que passaram ou ainda passam pela mesma situação. Sendo assim, passamos o vídeo um vídeo com pessoas famosas que gaguejam. 26 FLUÊNCIA https://www.youtube.com/watch?v=VOmyr5L3MSw 27 FLUÊNCIA Finalizamos a unidade de terapia indireta com apresentação de diversas atividades de conscientização e dessensibilização da gagueira. Aguardo você na próxima unidade, onde abordaremos a terapia direta com estratégias para fluência. https://www.youtube.com/watch?v=VOmyr5L3MSw Minha dica é o site com meditações Atenção Plena (sextante.com.br) www.asextante.com.br/atencaoplena DICA DO PROFESSOR 28 https://www.sextante.com.br/atencaoplena/ http://www.asextante.com.br/atencaoplena Questão 1) O que é a terapia de conscientização? a) é uma terapia de consciência do problema da fala b) é uma avaliação objetiva e direta da consciência da fala c) é uma terapia de conscientização para que a pessoa que gagueja tenha percepção de como é o funcionamento de seu corpo e de sua fala. d) é uma terapia com objetivo de modelar a fluência EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 29 SEU GABARITO SEU GABARITO Questão 2) Susto cura a gagueira? Por quê? a) Não, porque não há um tratamento para os sintomas da disfluência b) Sim, porque modifica o funcionamento cerebral c) Sim, porque a pessoa vai falar mais devagar e por isso não gaguejar d) Não, porque a gagueira ocorre por uma predisposição genética e um susto não tem a capacidade de fazer essa mudança. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 30 Questão 3) Qual objetivo da atividade de dessensibilizarão chamada Na Ponta da língua? a) simular situações de diálogo para fazer a pessoa a gaguejar b) mostrar as diferentes formas de reagir e responder a situações difíceis c) Mostrar que falar e ouvir fazem parte de uma boa comunicação d) aumentar a percepção da fala durante a gagueira. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 31 SEU GABARITO Questão 4) O que é a terapia direta para a gagueira? a) mudança das situações de comunicação durante a gagueira b) identificação e modificação na fala c) relaxamento e interrupção das disfluências, d) orientação a pais, escolas e comunidades. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 32 SEU GABARITO SEU GABARITO Questão 5) Qual objetivo da atividade gagueira maluca na terapia indireta da gagueira? a) trabalhar a percepção de como é possível ter um certo controle sobe a forma como falamos b) diminuir a capacidade de falar fluente c) Aumentar a quantidade de vezes que a pessoa gagueja para quando ela gaguejar perceber que gagueja pouco d) trabalhar as diferentes formas de gaguejar para descrever seus sentimentos no momento da gagueira. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 33 34 ANOTAÇÕES Para ampliar sensibilizar as pessoas que gaguejam a falar abertamente sobre sua gagueira sugiro ver a entrevista do presidente dos Estados Unidos Joe Biden no qual ele fala abertamente sobre sua gagueira. SAIBA MAIS 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25 mitos sobre gagueira. Org.br. https://gagueira.org.br/gagueira-caracteristicas/25-mitos- sobre-gagueira, 2020 Da Silva, CAC; Olmedo, PB Mindfulness e a gagueira: uma revisão de literatura / Mindfulness and stuttering: a literature review. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 5, n. 3, p. 9752–9763, 2022. Jacobson, E. Relaxamento Progressivo. Chicago, IL: Universidade de Chicago Press. 1938. Meira, I. Tratando a gagueira: diferentes abordagens São Paulo. 2002. Oficina da Fluência - Curso de formação modulo prático. Novembro/ 2020. Oliveira CMC de, Yasunaga CN, Sebastião LT, Nascimento EN. Orientação familiar e seus efeitos na gagueira infantil. Rev soc bras fonoaudiol 36 https://gagueira.org.br/gagueira-caracteristicas/25-mitos-sobre-gagueira GABARITOS Questão 1) Gabarito: C Justificativa do gabarito: A terapia de conscientização deve ser utilizada para que a pessoa que gagueja tenha consciência/percepção de como é o funcionamento da fala, criando assim maior percepção corporal. Questão 2) Gabarito: D Justificativa do gabarito: Um susto não tem o poder de alterar a predisposição genética para gagueira ou de modificar a estrutura e funcionamento do cérebro de pessoas que gaguejam. Portanto, sustos não curam gagueira. Questão 3) Gabarito B Justificativa do gabarito: Durante a atividade Na Ponta da Língua, mostramos as diferentes formas de reagir e responder a situações em que a pessoa com gagueira se senta ofendida de alguma forma. O objetivo dessa atividade é fortalecer a pessoa que gagueja para que posse se defender e passar informações sobre a gagueira Questão 4) Gabarito: B Justificativa do gabarito: A terapia direta preza pela identificação e modificação na fala e linguagem da pessoa que gagueja. Questão 5) Gabarito: A Justificativa: A estratégia da gagueira maluca é o momento de trabalhar a percepção de como é possível ter um certo controle sobre a forma como falamos. 37