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UNIDADE I – Obrigação Tributária, Sujeitos
da Relação Jurídico-Tributária e
Responsabilidade Tributária
Noções Introdutórias
· Difere da obrigação civil, pois tem como única origem a lei.
· Nasce com a prática do fato gerador: materialização da hipótese de incidência.
· Hipótese de incidência: É uma descrição abstrata, prevista na lei, de uma situação que, se acontecer na vida real, vai fazer com que a obrigação de pagar o imposto comece. Por exemplo, a lei do IPVA descreve que quem é dono de um carro deve pagar esse imposto.
· Em outras palavras, se alguém não tem um carro, não há obrigação de pagar o IPVA. Isso porque a situação de ser dono de um carro, prevista na lei, não existe na vida dessa pessoa. A obrigação de pagar o imposto só surge quando essa situação descrita na lei realmente acontece. 
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA + FATO GERADOR = OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
1.2) Obrigação tributária principal e acessória (art. 113, §§ 1º e 2º, do CTN)	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
· Obrigação principal: consiste na obrigação de dar coisa ao fisco, ou seja, quando você precisa entregar dinheiro ou algo de valor diretamente ao governo, como pagar um imposto.
· Obrigação acessória: É quando você precisa fazer ou deixar de fazer algo relacionado ao pagamento de impostos, como fornecer documentos ou cumprir certas formalidades, conforme exigido pela lei tributária. Por exemplo, apresentar declarações fiscais ou manter registros contábeis específicos.
· Diferente do direito civil, a obrigação tributária acessória não acompanha a obrigação tributária principal.
· A obrigação acessória incide independentemente da obrigação principal.
· Obrigação principal (ex lege);
· Obrigação acessória (legislação tributária);
· A obrigação tributária acessória se transforma em principal quando você não cumpre uma obrigação acessória, como não apresentar uma declaração fiscal, e acaba sendo multado (art. 113, § 3º, do CTN). Nesse caso, a multa se torna uma obrigação de pagar dinheiro ao Fisco, transformando a obrigação acessória em principal.	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
Exemplo: Caio é sujeito passivo do imposto de renda, todavia, furta-se a apresentar à Receita Federal do Brasil a respectiva declaração de ajuste, obrigação tributária acessória de fazer. Pelo descumprimento de tal obrigação, Caio é multado. Tal sanção deixa de ser uma obrigação de fazer e passa a ser uma obrigação de dar dinheiro ao Fisco Federal, transformando-se a obrigação acessória em principal.
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA
2.1) Sujeito ativo
· Ente federado que possui o poder de tributar, é o detentor do crédito tributário. É o Fisco.
· É quem possui a competência tributária.
· O STN não admite a solidariedade tributária ativa: “Na obrigação tributária não pode haver a pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda, pois a capacidade ativa tributária decorre exclusivamente de lei e se acha adstrita à competência (privativa) para exigir a obrigação respectiva” (Bernardo Ribeiro de Moraes).
· Em matéria tributária não cabe a bitributação, que consiste na existência de dois entes federados exigindo tributos idênticos sobre o mesmo fato gerador. Frise-se que também é vedado o instituto do bis in idem, que ocorre quando o mesmo ente federado exige tributos idênticos sobre o mesmo fato gerador e, por isso, não se confunde com a bitributação.
· O destinatário da receita não se confunde com o sujeito ativo. Ex: contribuições destinadas a pessoas jurídicas de direito privado.
2.2) Sujeito passivo
· Pessoa, natural ou jurídica, que tem o dever de adimplir (cumprir) a obrigação, seja ela principal ou acessória.
· Sujeito passivo da relação jurídico-tributária pode ser o contribuinte ou o responsável - art. 121 do CTN.	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
· Contribuinte (sujeito passivo direto) é aquele que possui relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação tributária, enquanto o responsável (sujeito passivo indireto) é aquele que não possui tal relação, e sua obrigação decorre de disposição expressa da lei.
· Contribuinte de direito: aquele que efetivamente pratica o fato gerador da obrigação tributária e tem a obrigação de recolher o tributo;
· Contribuinte de fato: aquele que suporta o ônus financeiro do tributo, que na maioria dos casos é o consumidor final.
· Responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar (STJ), art. 128 do CTN, que tem status de lei complementar.	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. 
· A relação entre o sujeito passivo (quem deve pagar os impostos) e o fato gerador (a situação que dá origem à obrigação tributária) é estabelecida unicamente pela legislação tributária, não sendo influenciada por contratos privados. Isso significa que os acordos entre particulares não têm o poder de alterar quem é responsável pelo pagamento de impostos perante o fisco. Essa regra é estabelecida pelo artigo 123 do CTN. Por exemplo, em um contrato de locação onde o locatário assume o pagamento do IPTU, essa cláusula não tem efeito perante o fisco; apenas importa no contexto civil em caso de inadimplência.	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. 
2.2.1) Solidariedade passiva (arts. 124 e 125, CTN)	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 124. São solidariamente obrigadas:
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.
· Solidariedade é um ou mais credores ou devedores na mesma relação jurídica.
· A solidariedade ativa não é admitida pois o STN veda a bitributação.
· Todos os devedores solidários podem ser cobrados pelo valor total da dívida, sem distinção entre eles, não cabendo o benefício de ordem.	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: O benefício da ordem é um princípio que permite que, em uma obrigaçãosolidária, o devedor possa exigir que a cobrança seja feita primeiramente dos demais devedores antes de ser cobrado. Isso significa que, em uma obrigação solidária, cada devedor pode exigir que o credor cobre primeiro os outros devedores antes de exigir o pagamento dele. No entanto, na solidariedade passiva tributária, esse benefício não se aplica, ou seja, todos os devedores podem ser cobrados pelo valor total da dívida sem distinção.
· Um exemplo acerca do interesse comum se dá nos casos de copropriedade de bens imóveis. Digamos que um imóvel tenha três proprietários em proporções distintas, sendo que Caio é proprietário de 70% do bem, Tício é proprietário de 20% do bem e Mévio, de 10%. Nesse exemplo, os três serão considerados devedores solidários, pois há o claro interesse comum no adimplemento da obrigação tributária relativa ao IPTU. Isso porque os três são contribuintes e, caso o imposto não seja pago, os três irão perder o imóvel, uma vez que o IPTU é um tributo propter rem, que não está protegido como bem de família, ainda que o fosse.	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Propter rem significa “por causa da coisa”. Assim, se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título translativo. A transmissão é automática, independente da intenção específica do transmitente, e o adquirente do direito real não pode recusar-se a assumi-la. 
· Nesse caso, o fisco poderá efetuar a cobrança de qualquer dos três e, se o pagamento for efetuado por Mévio, detentor de somente 10% da propriedade do imóvel, não caberá o benefício de ordem, somente uma ação de regresso na esfera cível.
2.2.2) Capacidade Tributária
· Consiste na possibilidade de aquisição de direitos e obrigações tributárias perante os sujeitos ativos.
· Art. 126 do CTN	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.
· Não se confunde com a capacidade civil.
· A capacidade tributária independe da capacidade civil, não importando se o sujeito passivo é ébrio, menor ou se a empresa foi ou não constituída de forma regular. Tal medida é de suma importância no âmbito tributário para evitar fraudes e evasão fiscal.
Exemplo: atores e atrizes mirins, que auferem renda pelo seu trabalho. O imposto de renda é devido, ainda que não detenham a capacidade civil. Assim, caso o menor pratique o fato gerador de um tributo, ele é devido.
2.2.3) Domicílio Tributário
· Consiste no local em que o contribuinte estabelece relações com o fisco.
· Recebe tratamento distinto para as pessoas naturais e as pessoas jurídicas - art. 127 do CTN. 	Comment by Douglas Faustino de Oliveira: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.
· Domicílio tributário da pessoa natural: o lugar de sua residência habitual.
· Eleição de domicílio: o CTN concede ao sujeito passivo a possibilidade de eleger seu domicílio, mas, se não o fizer, será considerado como tal aquele da sua residência, que se for incerta ou desconhecida, será considerado o domicílio o centro habitual de sua atividade.
· Pessoas jurídicas de direito público: Essas entidades são consideradas domiciliadas em qualquer lugar onde tenham uma unidade administrativa, para efeitos de cobrança de impostos e obrigações tributárias.
· Pessoas jurídicas de direito privado: será o lugar da respectiva sede. Se a pessoa jurídica de direito privado tiver mais de um estabelecimento, cada um será considerado o domicílio responsável pelos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
AUDIO ENVIADO NO GRUPO DA TURMA PARA A 2° PROVA
GARANTIAS E PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Código Tributário Nacional, artigos 183 a 193.
· GARANTIAS: são os meios jurídicos assecuratórios que o Estado pode utilizar para receber a prestação do tributo. “São os meios legais que fazem com que o crédito tributário seja protegido, para que ao final na execução fiscal seja possível satisfazer o crédito” (JACOB, juliana). São meios legais que o Estado pode utilizar para assegurar o recebimento dos tributos devidos pelos contribuintes... “Inscrição em dívida ativa, que garante a fraude, ou seja, é fraude se o bem for alienado ou gravado, depois da inscrição em dívida ativa” (JACOB, juliana). 
· PREFERÊNCIAS: dizem respeito à posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário, quando comparado com os demais créditos. “O crédito tributário comum prefere a todos, com exceção dos créditos decorrentes da legislação trabalhista e do acidente de trabalho” (JACOB, juliana). Na falência outros créditos preferem o crédito tributário (vem na frente do crédito tributário). 
· vindo primeiro os créditos extraconcursais que são pagos na falência, ou seja, fatos geradores ocorridos após a decretação da falência.
· em seguida, valores restituíveis, legislação acidente do trabalho (valor máximo de 150 salários-mínimos), a garantia real (que se limita ao valor do bem) e multas dos créditos tributários. Entretanto esta última, “quase nunca é paga por que muitas outras acabam passando na frente” (JACOB, juliana).
Exemplos: (vai ciar uma questão relacionada a isso)
Um exemplo auxilia a compreender a preferência comum: Imaginemos que o sujeito passivo X
possui diversas dívidas. Ele deve R$ 200.000,00 para uma instituição financeira, R$ 150.000,00
para os seus empregados e R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos inadimplidos. A dívida da instituição financeira foi garantida por meio de hipoteca de um imóvel de sua propriedade. Os demais débitos não se encontram garantidos. Passado algum tempo sem que o sujeito passivo fizesse o pagamento voluntário, a instituição financeira ingressou com a ação de execução, requerendo a penhora e a arrematação do imóvel hipotecado. Igual medida foi tomada pelos empregados e pela União Federal, que nas suas ações de execução penhoraram o bem imóvel hipotecado pela instituição financeira. Não foram encontrados outros bens de propriedade do executado. O imóvel foi arrematado por R$ 250.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado?
· Por força do artigo 186 do Código Tributário Nacional, a preferência é dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Assim, os empregados devem receber o valor de R$ 150.000,00, o que representa a quitação da dívida com relação a eles. O valor remanescente, de R$ 100.000,00, deve ser repassado para a União Federal, por se tratar de dívida de natureza tributária. Como houve o esgotamento do valor arrecadado, nada é repassado à instituição financeira. 
· R$ 150.000,00 – legislação do trabalho
· R$ 100.000,00 – União
· R$ 0,00 – Instituição Financeira
No caso de falência, imaginemos que o devedor falido X possui diversas dívidas. Eledeve R$
200.000,00 para um credor hipotecário (instituição financeira), R$ 100.000,00 para a União Federal, referente a tributos inadimplidos, e R$ 1.000.000,00 para fornecedores sem qualquer garantia e os créditos extraconcursais somam R$ 30.000,00. Supomos que o único bem de sua propriedade seja justamente aquele que foi hipotecado, o qual foi arrematado na falência pelo valor de R$ 300.000,00. Nessa perspectiva, como deve ser repartido o valor arrecadado?
· RS 30.000,00 – créditos extraconcursais
· RS 200.000,00 – Instituição Financeira
· RS 70.000,00 – União
· R$ 0,00 – Fornecedores
Certidão de Dívida Ativa: É um documento/título executivo extrajudicial, que da embasamento a execução fiscal e ela necessariamente tem que estar presente para propor a execução fiscal e ela não pode ser substituída em se tratando do sujeito passivo, mas ela pode ser substituída pela fazenda pública até a prolação da sentença (decisão em 1° instância), para correção de erro material e formal.
· Qual o limite da fazenda publica no momento de divulgação das informações e quais são os requisitos para divulgação das informações?
A PGFN divulga informações sobre pessoas ou empresas com débitos na Fazenda Nacional ou FGTS que estão em situação irregular. Isso é feito no site da PGFN ou por um aplicativo móvel. Os dados incluem informações da dívida e dados públicos do devedor, mas o CPF é parcialmente ocultado.
Não são divulgadas dívidas suspensas por lei ou em disputa judicial com garantia adequada. Essas dívidas são consideradas em situação regular; as demais são consideradas irregulares.
O marco temporal utilizado pela Lei para caracterização da fraude à execução é a INSCRIÇÃO
DO CRÉDITO EM DÍVIDA ATIVA, que ocorre antes mesmo do ajuizamento da ação de execução
fiscal, conforme demonstra o gráfico abaixo:
185-A do CTN, “exige-se apenas a inscrição em dívida ativa prévia à alienação para caracterizar a presunção relativa de fraude à execução em que incorrem o alienante e o adquirente (regra aplicável às alienações ocorridas após 9.6.2005);”
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