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Economia Criativa: Conceitos e Impactos

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erika morais

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Marcelo Henrique Dos Santos
INOVAÇÃO 
E ECONOMIA CRIATIVA
E-book 3
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
A ECONOMIA CRIATIVA ����������������������������������������4
PRINCÍPIOS DA ECONOMIA CRIATIVA �����������10
CIDADES CRIATIVAS ���������������������������������������������15
A abordagem “variedade relacionada” ����������������������������������19
ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL ������������������� 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������������� 32
SÍNTESE ��������������������������������������������������������������������34
2
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, vamos discutir sobre a economia 
criativa: suas origens e princípios� Em termos eco-
nômicos, a criatividade é um combustível renovável 
e seu estoque aumenta com o uso� Além disso, a 
“competição” entre todos os agentes criativos atrai 
e incentiva a ação de novos produtores, em vez de 
saturar o mercado�
Vamos discutir que essas e outras características 
tornam a economia criativa uma oportunidade de 
resgatar cidadãos, inserindo-os na sociedade por 
meio de um ativo que provém de sua própria cul-
tura e raízes� Esse cenário de convivência entre os 
universos simbólicos e o mundo concreto é o que 
transforma a criatividade em um catalisador de valor 
econômico�
Uma das questões centrais desta nossa unidade 
será a sustentabilidade da produção cultural (que é 
extremamente dependente da aptidão dos talentos), 
a circulação dessa produção ou tradição (garantin-
do assim a renovação da diversidade cultural); e no 
acesso garantido a essa produção (especialmente 
para os jovens) em um jogo de forças da cultura de 
massa, instigado pela globalização� Além disso, será 
possível falar sobre as cidades criativas, as diferen-
ças de conceitos, e a economia criativa no Brasil�
3
A ECONOMIA CRIATIVA
A economia criativa é o negócio das ideias, pois 
transforma as ideias em produtos� Segundo Howkins 
(2001), as pessoas podem ganhar dinheiro com 
ideias; a economia criativa está estritamente re-
lacionada com a composição entre criatividade e 
economia� A criatividade não é nova e nem a eco-
nomia; o que é novo é a natureza e a extensão do 
relacionamento entre elas e como elas podem ser 
combinadas para criar valor e riqueza�
SAIBA MAIS
[vídeo] Economia criativa: as possibilidades de fu-
turo com Lala Deheinzelin�
Neste vídeo, Lala Deheinzelin apresenta as possi-
bilidades que nos aguardam, nos próximos anos, 
a partir dos princípios da economia criativa�
No Global Competitiveness Report 2000, foi apre-
sentado o índice de Criatividade Econômica� As na-
ções podem vincular o motor da tecnologia global: 
sendo centros de inovação (países inovadores) ou 
facilitando a transferência de tecnologia e a rápida 
difusão da inovação (países de transferência de tec-
nologia)� No Índice de Criatividade Econômica de 
2000, os Estados Unidos ocupavam o primeiro lugar, 
como inovador� A Finlândia é a segunda, seguida 
por Singapura (3), Luxemburgo (4), Suécia (5), Israel 
(6), Irlanda (7), Países Baixos (8), Reino Unido (9) e 
4
https://www.youtube.com/watch?v=vJ0viL87GAI
Islândia (10)� Nas novas economias, existem algu-
mas indústrias – chamadas indústrias criativas – em 
que a criatividade é considerada o recurso bruto mais 
importante e o mais valioso produto econômico� Tais 
indústrias incluem softwares, publicação, design, 
música, vídeo e jogos eletrônicos� Mais de 50% dos 
gastos do consumidor são em produtos de indústrias 
criativas nos países do G-7� (RYAN, 2003)
Essa será a verdadeira tendência para as economias 
de renda média e alta do leste da Ásia� Alguns se-
tores são chamados de indústrias criativas, a The 
International Intellectual Property Alliance (IIPA) de-
fine o núcleo industrial do país com as seguintes 
categorias: produção de filmes e vídeos, edição de 
livros, edição de jornais, informática, software, teatro, 
publicidade, TV, rádio, etc� Estima-se que essas indús-
trias contribuíram com 3,65% do Produto Nacional 
Bruto americano (PNB), em 1997, e que entre 1977 
e 1997 cresceram 6,3% ao ano em comparação com 
o total geral do país, que obteve um crescimento de 
2,7% ao ano� Eles contribuíram mais para a economia 
americana do que qualquer outra indústria� Na tabela 
1 é apresentado o tamanho estimado da economia 
criativa�
5
SETOR GLOBAL EUA REINO UNIDO
Publicidade 45 29 8
Projeto 140 50 27
Filme 57 17 3
Música 70 25 6
Publicação 506 137 16
P&D 545 243 21
Software 489 325 56
TV e rádio 195 82 8
TOTAL 2�240 960 157
Tabela 1: O tamanho da economia criativa no mercado, em 
US$ bilhões (Howkins, 2001)
O tamanho da economia criativa depende também do 
gerenciamento da criatividade� As indústrias criativas 
estão entre as mais intensivas em habilidades, seus 
trabalhadores são qualificados e utilizam a alta tec-
nologia, além disso, as indústrias criativas também 
procuram um meio urbano bem-dotado de instala-
ções recreativas e serviços de educação e saúde de 
classe mundial� Para as cidades e comunidades que 
desejam se tornar cidades criativas e comunidades 
criativas é preciso investir no desenvolvimento urba-
no e na criatividade�
A economia criativa tem um papel crescente na eco-
nomia mundial� Sua dinâmica é alta e mais acelerada 
do que em outros setores� As indústrias criativas são 
as que mais exigem habilidade e são mais exigentes� 
A chave para entender a nova geografia econômica 
da criatividade e seus efeitos sobre os resultados 
6
econômicos estão nos 3Ts da teoria do desenvolvi-
mento econômico: tecnologia, talento e tolerância�
Cada um desses elementos é necessário, porém 
devem ser aplicados em sinergia� O The Creative 
Intelligence Newsletter (2002) fornece dados sobre 
as questões de alta importância para o futuro das 
regiões� Essa publicação fornece os indicadores re-
gionais com os dados sobre salários para os três 
principais setores da economia: criativo, de manufa-
tura e de serviços� Enquanto a classe criativa com-
põe 30% da força de trabalho, ela representa quase 
metade de todos os ordenados e salários, conforme 
a Tabela 2�
PORCENTAGEM DE 
TRABALHADORES
SALÁRIO
Classe Criativa 30% 47%
Classe de Trabalho / Manufatura 26% 23%
Classe de Serviço 44% 30%
Tabela 2: Participação salarial e porcentagem de traba-
lhadores nos três principais setores da economia: criativo, 
setores de manufatura e serviços (The Creative Intelligence 
Newsletter, 2002)
Pessoas criativas preferem lugares diversos, tole-
rantes e abertos a novas ideias, a diversidade atrairá 
diferentes tipos de pessoas criativas com diferentes 
conjuntos de habilidades� A chave do crescimen-
to econômico não reside apenas na capacidade de 
atrair a classe criativa, mas no processo de tradução 
das vantagens subjacente em resultados econômicos 
7
criativos em forma de novas ideias, novos negócios 
de alta tecnologia e crescimento regional�
A economia criativa está intimamente relacionada 
às indústrias criativas e culturais� O termo indús-
tria cultural foi difundido nos anos 1980 e referia-se 
àquelas formas de produção e consumo cultural que 
possuía em seu centro um elemento simbólico ou 
expressivo� O conceito foi disseminado pela UNESCO� 
Nos anos 1980, sua definição foi gradualmente incor-
porada a uma ampla gama de indústrias: a música, 
as indústrias relacionadas à arte, redação, moda e 
design, mídia e produção artesanal� Desde a popu-
larização do termo “economia criativa”, em 2001, as 
indústrias dos chamados meios culturais e criativos 
começaram a gerar crescimento econômico a uma 
taxa progressivamente crescente�
Em nível global, conforme UNESCO (2013), essa eco-
nomia gerou US$ 2,2 trilhões em todo o mundo, em 
2000, e cresceu a uma taxa anual de 5%� No que diz 
respeito ao cenário europeu, a Europa tem um forte 
interesse nas indústrias culturais e criativas, pois 
elas são fonte de crescimento econômico� A cultura 
e os setores criativos representam quase 4,5% da 
economia europeia, graças a quase 1,4 milhão de pe-
quenas e médiasempresas� Essas empresas geram 
e distribuem conteúdo criativo em toda a Europa� Os 
setores culturais e criativos demonstraram grande 
resiliência durante a crise – e continuam a crescer 
– enquanto estimulam a criatividade e a inovação 
em outros setores� Cerca de 8,5 milhões de pessoas 
estão empregadas em setores criativos em toda a 
8
Europa – e muito mais, se levarmos em conta seu 
impacto em outros setores, como o turismo e a tec-
nologia da informação�
De acordo com European Creative Industries Summit 
(2015), entre 2012 e 2014, apesar do cenário global em 
crise, as empresas que investiram em criatividade au-
mentaram sua rotatividade em 3,2%� Essas empresas 
que investiram na criatividade foram recompensadas 
com um aumento de 4,3% nas exportações� Além dis-
so, as 443�208 empresas do setor cultural do sistema 
de produção, correspondem por 7,3% das empresas 
domésticas e atingiram 5,4% da riqueza produzida na 
Itália (aproximadamente 78,6 bilhões de euros)� Deve-
se prestar especial atenção aos efeitos multiplicadores 
gerados pela economia da cultura e aos efeitos posi-
tivos no impacto no emprego: as indústrias culturais 
e criativas, bem como os setores histórico, artístico 
e patrimônio arquitetônico, artes cênicas e artes vi-
suais, empregam 1,4 milhão de pessoas, ou seja, 5,9% 
de todo o emprego italiano – em mais de 1,5 milhão, 
igual a 6,3% da taxa total de emprego, se incluirmos 
também o setor público e sem fins lucrativos.
FIQUE ATENTO
A economia criativa está se tornando um dos com-
ponentes mais relevantes das economias pós-
-industriais modernas baseadas no conhecimento, 
devido à percepção do potencial de geração de 
renda e emprego, que está acima da média de ou-
tros setores�
9
PRINCÍPIOS DA 
ECONOMIA CRIATIVA
A economia criativa tornou-se uma poderosa força 
transformadora no mundo de hoje� Seu potencial 
para o desenvolvimento é vasto� É um dos setores 
que mais cresce no mundo da economia, não apenas 
em termos de geração de renda, mas também para 
a criação de empregos e ganhos de exportação� A 
criatividade e a inovação, tanto no nível individual 
quanto no grupo, são a chave impulsionadora dessas 
indústrias e se tornaram as verdadeiras riquezas das 
nações no século 21� Indiretamente, a cultura sus-
tenta, cada vez, mais a forma pela qual as pessoas 
em todos os lugares entendem o mundo, veem seu 
lugar nele� Expandir o potencial da economia criativa 
envolve, portanto, promover a criatividade geral das 
sociedades, afirmando a identidade distintiva dos 
lugares onde floresce, melhorando a qualidade de 
vida, melhorando a imagem local e prestigiando e 
fortalecendo os recursos� Em outras palavras, o pro-
cesso criativo da economia é a fonte, metaforicamen-
te falando, de uma nova “economia da criatividade”, 
cujos benefícios vão além do domínio econômico�
As indústrias culturais e criativas, embora não ofere-
çam uma solução rápida para a conquista do desen-
volvimento sustentável, estão entre as mais podero-
sas fontes de novos caminhos de desenvolvimento 
que incentivam a criatividade e a inovação na busca 
10
de inclusão, crescimento e desenvolvimento equita-
tivos e sustentáveis�
Segundo as UNITED NATIONS/UNDP/UNESCO 
(2013), os Relatórios de Economia Criativa de 2008 e 
2010 foram preparados pela Conferência das Nações 
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e for-
necem uma sólida estrutura para identificar e en-
tender o funcionamento da economia criativa como 
uma economia de setor, particularmente no que diz 
respeito à sua crescente importância no comércio 
internacional� O relatório deu importantes contribui-
ções ao esforço conjunto e contínuo de especialistas 
em todo o mundo que argumentam que existe um 
considerável, forte e valioso setor produtivo� Esses 
especialistas forneceram uma base de evidência, 
demonstrando as maneiras pelas quais as principais 
esferas do crescimento e da inovação na contempo-
raneidade da economia são compostas por setores 
como alta tecnologia industrial, manufatura neoar-
tesanal, serviços comerciais e financeiros, indústrias 
de produtos culturais (incluindo a mídia), e assim 
por diante�
SAIBA MAIS
[vídeo] Economia Criativa – Quando a ficha vai 
cair? De Sergio Sá Leitão� Nesse vídeo é possível 
refletir sobre os princípios da economia criativa 
e o seu papel na cultura, como um todo� Além de 
entender quão importante é esse segmento para 
a economia�
11
https://www.youtube.com/watch?v=z4yMHuvPugI
https://www.youtube.com/watch?v=z4yMHuvPugI
Esse relatório ainda mostra que o investimento nos 
setores criativos e culturais pode ser uma poderosa 
opção de desenvolvimento, fornecendo evidências 
de que, apesar das recentes recessões no mundo 
desenvolvido, a criatividade econômica continuou 
a crescer em todos os lugares e, geralmente, mais 
rapidamente do que outros setores� De fato, os paí-
ses estão começando a incorporar as categorias 
da economia criativa nos investimentos e em seus 
cálculos do produto interno bruto (PIB), notadamente 
no que diz respeito à propriedade intelectual, como 
pesquisa e desenvolvimento (P&D), entretenimento, 
originais literários e artísticos, e software�
De acordo com a UNITED NATIONS/UNDP/UNESCO 
(2013), essa edição especial do relatório de econo-
mia criativa demonstra que criatividade e cultura 
são processos ou atributos intimamente ligados à 
imaginação e à geração de novas ideias, produtos 
ou formas de interpretação� Todos eles têm valores 
monetários e não monetários que podem ser reco-
nhecidos como instrumentais� Nesse contexto, o 
relatório reconhece que o processo criativo parte 
de várias fontes; essas indústrias também geram 
benefícios que não são mensuráveis apenas pelos 
preços de mercado� Como motor do desenvolvimen-
to, a criatividade e a cultura são reconhecidas pelo 
valor econômico que geram em termos de criação 
de empregos e pelo modo como estimulam o sur-
gimento de novas ideias ou tecnologias criativas�
12
A economia criativa deve ser vista como um siste-
ma complexo que deriva seu “valor econômico” a 
partir da facilitação da evolução econômica – um 
sistema que fabrica atenção, complexidade, identi-
dade e adaptação, embora o principal recurso seja 
a criatividade� Nessa visão, as indústrias culturais 
e criativas são pioneiras, alimentando disposições 
sociais abrangentes que estimulam a criatividade e 
a inovação, trabalhando para o benefício de todos� 
Por esse motivo, a UNITED NATIONS/UNDP/UNESCO 
(2013), utiliza o termo criativo e economia para pri-
vilegiar as atividades que envolvem a cultura e/ou 
a inovação�
É importante ressaltar que os benefícios não moneti-
zados da cultura também impulsionam o desenvolvi-
mento e podem levar a mudanças transformadoras, 
quando os indivíduos e as comunidades têm o poder 
de se apropriar de seus processos de desenvolvimen-
to próprio, incluindo o uso de recursos, habilidades 
e conhecimentos em diversas atividades culturais e 
expressões criativas�
De acordo com Howkins (2001), o termo economia 
criativa foi popularizado em 2001, na aplicação da 
nomenclatura em 15 indústrias de artes, ciência e 
tecnologia� Essa economia criativa valia, em 2000, 
a quantia de US$ 2,2 trilhões, em todo o mundo, e 
crescia anualmente uma taxa de 5%� Esse conceito 
abrange não apenas bens e serviços culturais, mas 
também brinquedos e jogos e todo o domínio de 
pesquisa e desenvolvimento (P&D)�
13
O termo indústria cultural não se limita à produção 
intensiva de tecnologia como uma grande produção� 
O investimento no artesanato, por exemplo, pode 
beneficiar artesãos ao promover a capacitação, im-
pulsionando suas vidas e gerando renda para suas 
famílias� Todos esses domínios produtivos têm um 
valor econômico significativo, mas também são ve-
tores de significados sociais e culturais profundos.
O termo indústria criativa é aplicado a um conjunto 
produtivo amplo, pois inclui bens e serviços produzidos 
pelas indústrias culturais e aquelas que dependem de 
inovação, incluindo muitos tipos depesquisa e softwa-
re� A nomenclatura começou a entrar na formulação de 
políticas, como a política cultural nacional da Austrália, 
no início da década de 1990, seguida pela transição 
feita por influentes departamentos de cultura, mídia e 
esporte dos Estados Unidos� Esse uso também resul-
tou na vinculação da criatividade ao desenvolvimento 
econômico urbano e ao planejamento urbano�
FIQUE ATENTO
A análise regional mostra que, no Brasil, os estados 
mais avançados são: São Paulo e Rio de Janeiro� 
Esses estados possuem uma representação cria-
tiva do núcleo no PIB de mais de 3,5%� No entanto, 
pesquisas indicam que, apesar da cobertura de sua 
cadeia produtiva, a economia criativa no Brasil não 
está entre as 20 maiores do mundo – liderada por 
China, Estados Unidos e Alemanha – e está abaixo 
do seu potencial (UNCTAD, 2010)�
14
CIDADES CRIATIVAS
As novas mídias abrangem uma ampla gama de ati-
vidades criativas, de jogos a downloads de imagens 
ou músicas no celular ou iPod – cada vez mais oni-
presentes� Todos os meios geram dinheiro e, como 
se trata de grandes quantias, induzem à regulamen-
tação, como acontece com programas de TV inte-
rativos, em que as linhas telefônicas premium são 
os meios pelos quais o espectador dá seu voto� O 
telespectador fica aguardando, precisa responder a 
perguntas impossíveis ou pode apenas votar�
Alguns anos atrás, uma TV interativa de Londres, 
sofreu um escândalo que causou o fechamento de 
canais e programas para impedir a prisão de seus 
autores� Pense, ainda, em fenômenos como o Google, 
carregando toda a literatura ocidental em seu site, 
apesar da existência de uma lei de direitos autorais; 
sem falar no Youtube e outras plataformas do gênero 
que cometem pirataria de vídeos de Hollywood e 
trechos clássicos, por exemplo�
Essas ilustrações mais flagrantes são expostas ape-
nas para articular a distinção entre o modo da produ-
ção cultural e o da produção de conteúdo “criativo”� 
Artistas, cantores, curadores e músicos treinados 
caracterizam o primeiro; o empreendedorismo que 
faz fronteira com a extorsão caracteriza grande parte 
do segundo�
15
Suas bases institucionais na academia ou no conser-
vatório – seguidas pelo emprego como especialista 
subsidiado pelo governo – contrastam quase inteira-
mente com o das indústrias criativas, que podem ter 
suas origens, para alguns, no ensino superior; mas 
para muitos, o conhecimento significa saber o que 
está acontecendo nas ruas� 
SAIBA MAIS
[vídeo] Palestra “Cidades Criativas”, com Ana Carla 
Fonseca�
Nesse vídeo, Ana Carla Fonseca Reis apresenta 
os princípios e tendências das Cidades Criativas 
e a sua contribuição para o desenvolvimento da 
economia�
Ser claro analiticamente não implica necessariamen-
te que tais esforços sejam condizentes com a reali-
dade� Geralmente, as cidades criativas são pensadas 
em termos que combinam a economia cultural e as 
indústrias criativas, embora usualmente ocupem 
diferentes espaços� Pesadas práticas de exploração 
de conhecimento, como as artes, combinam grande 
complexidade de sua dialética característica de dis-
cordância, com a insatisfação e até alienação, que é 
o principal gatilho e o direcionador subsequente do 
trabalho criativo (COOKE, 2006)� 
Isso, por definição, procura ser diferente, original e 
inovador, uma condição que exerce um imperativo 
psicossocial em relação à interação social, reco-
16
https://www.youtube.com/watch?v=vL9_nv6MwgM
nhecimento e consideração dos pares, bem como 
discutido na literatura sobre “comunidades de práti-
ca” (WENGER, 1998) e “comunidades epistêmicas” 
(HAAS, 1992)� Grande parte dessa pesquisa de “co-
munidades”, em relação ao agrupamento, concentra-
-se na complexidade da pesquisa de engenharia ou 
negociação política, apontando para os problemas 
de “espaços de transação” inadequados e “zonas de 
tradução”, onde o conhecimento implícito não pode 
ser facilmente articulado como conhecimento explí-
cito e muito mais, a interpretação intermediária deve 
continuar envolvendo profissionais com habilidades 
de compreensão e expressão�
Poucas tentativas já foram feitas para avaliar até que 
ponto o trabalho e o discurso artísticos estão sujeitos 
às mesmas soluções de “proximidade” (proximidade 
significada conscientemente, em termos de proximi-
dade geográfica ou vizinhança). Portanto, o agrupa-
mento é uma condição fundamental da economia cul-
tural e da indústria criativa; e a cidade, especialmente 
a metrópole, tem a especialização necessária, bem 
como a “variedade relacionada” (BOSCHMA, 2005) 
para sustentar o agrupamento em ambas as esferas� 
Em cidades realmente vibrantes e de cultura criativa, 
pode haver espaço para muitos grupos culturais e 
criativos� Na verdade, essa é uma expressão clara, 
não da forma especializada representada pelo clus-
ter, mas na forma de variedade relacionada, repre-
sentada pelo que poderia ser chamado de plataforma 
cultural-criativa da cidade criativa�
17
Acesse o Podcast 1 em Módulos
A abordagem dos “mundos da produção”
Essa abordagem está mais associada aos esforços 
para caracterizar a variedade básica das formas or-
ganizacionais industriais no espaço regional na era 
fin de siècle (STORPER, 1997)� É o arcabouço teórico 
elaborado nesse trabalho que se mostrou mais inte-
lectualmente penetrante desde que foi publicado� O 
conceito central, de importância fundamental para 
o trabalho de análise e investigação proposto, é que 
diferentes formas de organização da produção são 
internamente coerentes em termos de instituições 
de condução, interações e convenções de rede�
Na era atual, eles resolvem as quatro “tensões” re-
presentadas na Figura 1� A primeira delas refere-se à 
produção “padronizada”, praticada nas indústrias de 
produção em massa, como bancos e automotivas� 
Isso está em “tensão” com a produção “dedicada”, 
que é personalizada para determinados requisitos de 
nicho, como consumo de luxo (por exemplo, customi-
zado), mas também podemos relacionar o software 
ou, cada vez mais, “soluções de medicamentos pro-
jetados”, em assistência médica ou serviços perso-
nalizados de vários tipos�
A “especialização” envolve produtos genéricos sendo 
produzidos de maneiras especializadas, como for-
mas especializadas de um “turismo” genérico que 
pode incluir, por exemplo, cruzeiros arqueológicos� 
Por fim, o estágio “genérico” significa a utilização de 
18
processos especializados sendo usados para produ-
tos padrão (por exemplo, aquicultura)� As setas re-
presentam certas tensões entre elas, em dimensões 
específicas. Essa representação pode ser analisada 
na imagem abaixo:
Padronizada Dedicada
Especializada
Atividade Industrial
Genérica
Figura 1: Mundos de produção regionais na era contempo-
rânea (STORPER; SALAIS, 1997)�
A abordagem “variedade relacionada”
A “variedade relacionada” é um conceito evolutivo, 
cujo uso foi mais avançado no campo acadêmico 
da geografia econômica evolutiva. É útil dentro do 
contexto presente, pois se trata de um conceito re-
lacional; isso significa que a dimensão espacial é 
de fundamental importância para sua força teóri-
ca� Enquanto os economistas industriais tendem a 
construir conceitos de maneira vertical, como seto-
res e aglomerados, os geógrafos veem as coisas de 
maneira mais horizontal� Assim, Cohen e Levinthal 
19
(1989) introduziram um importante conceito ver-
tical de “capacidade de absorção” para articular o 
desafio do conhecimento a uma grande empresa, 
terceirizando o conhecimento de P&D anteriormente 
pesquisado internamente para um subcontratado 
externo com recursos comparáveis, mas provavel-
mente mais baratos� 
O desafio era manter na empresa terceirizada as 
habilidades cognitivas necessárias para avaliar os 
resultados terceirizados� Entretanto, se introduzir-
mos a ideia de capacidade de absorção lateral, uma 
perspectiva mais espacial, ela se tornará uma oportu-
nidade, mais que um desafio, porque o que se busca 
são transbordamentos complementares de conheci-
mento, possivelmenteem uma região de indústrias 
vizinhas ou atividades comerciais que possam inovar 
o processo ou o produto para se difundir rapidamente 
entre uma ou mais empresas ou setores� A variedade 
relacionada aprimora isso em virtude do efeito se-
torial de proximidade, em vez de um efeito setorial 
de portfólio (BOSCHMA, 2005)� Essa abordagem 
também resolve satisfatoriamente um dilema em 
andamento na economia, datado de Marshall (1918) 
e Jacobs (1969)� Atualmente, o que é descrito como 
a tese de Marshall-Arrow-Romer é que as repercus-
sões do conhecimento se movem mais rapidamente 
e levam à inovação de maneira mais eficiente e eficaz 
quando a economia industrial é especializada� Essa 
visão é reiterada por numerosos estudos, como o de 
Glaeser et al�, (1992), que argumenta que essa é a 
principal vantagem econômica das cidades, embora 
20
seu argumento seja expresso principalmente em 
termos de capital humano especializado�
Por outro lado, Jacobs (1969) argumentava que esse 
dinamismo oferecido pelas cidades era mais uma 
característica da diversificação do que da especia-
lização, e o atrito de indústrias, empresas e pessoas 
contra práticas distintas era a fonte mais provável 
de novidade e inovação� Mais tarde, essa visão foi 
apoiada por resultados de pesquisas de Audretsch e 
Feldman (1996; 1999)� No entanto, a pesquisa empí-
rica de Frenken & Boschma (2003) sugere que nenhu-
ma delas está correta e que todo o conjunto de áreas 
urbanas holandesas que eles examinaram através 
das lentes da “variedade relacionada” revelou que 
aquelas com maior variedade relacionada cresceram 
mais rapidamente em termos do PIB (1998-2006), 
um indicador de que uma perspectiva de variedade 
relacionada, localizada entre os extremos de espe-
cialização (clusters) e diversificação (setores), pro-
vavelmente é superior intelectualmente e em termos 
de intervenções políticas� 
Posteriormente, Cantwell e Iammarino (2003) encon-
traram as regiões italianas com melhor desempenho 
e exibiram uma “variedade relacionada” e pesquisas 
ainda não publicadas, mas publicamente apresenta-
das por Ketels e Porter (2006), sugerem fortemente 
o mesmo da pesquisa norte-americana que eles e 
seus colegas realizaram� Consequentemente, essa 
nova e empolgante perspectiva merece mais testes 
no contexto de regiões (rurais) em contato razoável 
com mercados urbanos e capazes de atrair turistas, 
21
incluindo o “turismo gastronômico” (LONG, 2005), 
demanda de intersetorialidade das plataformas de 
economia�
22
ECONOMIA CRIATIVA NO 
BRASIL
A Economia Criativa é reconhecida desde os anos 
1990 como uma variedade de setores, serviços, pro-
dutos, atividades e arranjos que sistematizam esse 
princípio a partir da combinação de três coisas: cultu-
ra, criatividade e inovação� Essa articulação permitiu 
abordar questões relacionadas ao desenvolvimento 
econômico, que mudam os papéis dos territórios no 
processo produtivo, bem como a dimensão social 
da produção, organização e distribuição nesta nova 
economia (BAUMOL, 2006)�
Acesse o Podcast 2 em Módulos
A pedra angular da economia criativa é a diversida-
de de práticas, produtos e atividades� Essa diversi-
dade espelha, entre outros fatores, os geográficos 
e a divisão social do espaço onde se desenvolve� 
As relações entre o processo criativo e as questões 
econômicas e regionais são objeto de uma série de 
estudos que evidenciam a importância da investi-
gação, guiada pelas distinções locais� No caso de 
países em desenvolvimento, como o Brasil, não é 
diferente, embora existam distinções locais� Apesar 
de o Brasil possuir dimensões continentais, diversos 
grupos étnicos, proporcionando uma diversidade 
cultural incomparável, o fato de ser uma das maiores 
economias do mundo e parte dos BRICs, existe uma 
23
https://famonline.instructure.com/files/184260/download?download_frd=1
série de problemas que impedem a evolução de sua 
economia criativa� Entre elas, as ações desarticula-
das de uma política industrial que concentram os 
recursos em setores consolidados, como indústria 
automotiva, petróleo e construção civil� Além disso, 
as atividades culturais não recebem uma prioridade 
na distribuição de recursos orçamentários, tendo que 
competir com áreas importantes como educação, 
saúde, educação básica, saneamento, entre outros� 
Para muitas administrações governamentais, a cul-
tura ainda é considerada supérflua e artigo de luxo, 
ocupando uma posição de menor prioridade nas 
despesas públicas� E, quando é escolhido investir 
em ações culturais e criativas, a iniciativa é restrita 
à administração de ativos existentes, que fragmen-
ta e interrompe essas iniciativas� Por outro lado, o 
setor privado tende a depender de gastos públicos, 
investindo em segmentos em que há benefícios de 
isenção de impostos e incentivos fiscais.
Em relação à demanda por bens e serviços cultu-
rais e criativos, existem muitos problemas relacio-
nados à formação de público, além de insuficiência 
financeira e recursos de infraestrutura. O baixo nível 
educacional combinado à falta de lazer e à grande 
distância dos principais centros culturais de baixa 
renda levam o público a ser composto por classes 
de elite, especialmente em grandes centros urbanos� 
Apesar do contexto levemente desanimador, existem 
segmentos da economia criativa brasileira emergindo 
ou consolidando-se nesse cenário, devido à mencio-
nada diversidade criativa e cultural; iniciativas de em-
24
preendedores, produtores, artistas e algumas ações 
institucionais voltadas para estimular as indústrias 
culturais e criativas (ICC)�
Nos últimos 15 anos, houve um aumento descontí-
nuo, mas importante, no escopo das políticas cul-
turais no Brasil, entre as várias atividades, duas se 
destacaram nos últimos dez anos: a produção dos 
jogos digitais e a indústria da moda� A indústria bra-
sileira de jogos digitais é um setor emergente, com-
posto de pequenas e médias empresas, altamente 
dependentes de softwares importados� Contudo, o 
grau de consumo foi substancialmente aprimorado 
pelo ampliado acesso a smartphones e outras mídias 
móveis (LAZZERETTI, 2013)�
O Brasil é o quarto maior consumidor e o décimo 
primeiro produtor do mundo (NEWZOO, 2016)� Sua 
capacidade de interação impulsionou a implementa-
ção de centros tecnológicos e startups destinados a 
desenvolver jogos e aplicativos que abrangem uma 
ampla variedade de finalidades relacionadas, por 
exemplo, com jogos sérios, especialmente nas áreas 
de educação, saúde e entretenimento� Em relação à 
indústria da moda, o Brasil possui uma indústria têxtil 
consolidada, sendo o quarto maior produtor do mun-
do� Nesse setor, houve uma combinação de experiên-
cias compartilhadas entre conhecimento tradicional, 
artesanato e o desenvolvimento de têxteis adequa-
dos ao clima tropical� A introdução de semanas de 
moda ajudou a criar uma identidade na produção 
nacional e a trazer visibilidade internacional� E essa 
sinergia entre o tradicional e o contemporâneo foi 
25
possibilitada pelo trabalho de designers preocupados 
não apenas com as tendências internacionais, mas 
também com o conhecimento e as características 
das diferentes regiões do país�
A ruptura tecnológica causada pelo advento da di-
gitalização é presente desde a década de 1980� E, 
como qualquer ruptura tecnológica, as Tecnologias 
de Comunicação e Informação (TICs) afetavam o 
modo de pensar e viver em sociedade, definindo no-
vos caminhos para a economia, política e cultura� 
Assim, observamos um aumento na produção e no 
consumo de bens intangíveis, globalização do mer-
cado, crescimento do terceiro setor, principalmente 
comunicações, finanças, logística, cultura, entrete-
nimento, entre outros� Isso também aumenta a ne-
cessidade de diferenciação de produtos por meio do 
aumento da criatividade e do conhecimento�
A economia criativa emerge, nesse contexto, como 
um modo de produção e organização, tornando-se o 
foco de interesse dos atores econômicos, culturais e 
políticos� Pode ser entendidocomo um conjunto de 
políticas e ações direcionadas a dinamizar setores 
estabelecidos, como música, artes audiovisuais, ar-
tes plásticas, antiguidades, artes cênicas, artesanato, 
publicidade, jogos e aplicativos, arquitetura, edição 
e publicação de livros, design, moda, TV e rádio, ci-
nema, gastronomia, patrimônio cultural (tangível e 
intangível), etc� Esses setores foram considerados 
parte das ICC pelo Departamento de Cultura, Mídia 
e Esportes do Reino Unido (DCMS, 1998) e pela 
UNCTAD/UNDP (UNCTAD, 2010)�
26
Mesmo que a contagem de atividades que fazem 
parte das ICC seja variável e, dependendo das ca-
racterísticas comportamentais de diferentes países, 
um consenso está se formando a partir da litera-
tura econômica sobre o impacto das TICs nesses 
segmentos, ou seja, a análise teórica por meio do 
uso de abordagens referentes à teoria evolucionária� 
De acordo com a teoria da evolução, baseada em 
Schumpeter (1942), a inovação é definida em termos 
econômicos como a criação de novos produtos e 
processos relacionados ao desenvolvimento, dis-
tribuição e difusão da economia, constituindo uma 
força de apoio à dinâmica capitalista, a longo prazo� 
O foco dessa literatura é, em ciência e tecnologia, 
relacionada ao progresso técnico, patentes, setores 
industriais e produção tangível� No entanto, a inova-
ção em serviços, principalmente os relacionados às 
ICC, tornam-se evidentes por seu aspecto estético, 
simbólico e intelectual� O foco então se volta para o 
criativo e a natureza organizacional da inovação su-
gere que a inovação nesses limites se apresenta, por 
um lado, como um processo cultural e uma inovação 
de produto; e, por outro, como produtos tecnológicos 
da inovação processo (PETROVA, 2016)�
Dessa maneira, as ICC atuam como uma confede-
ração de atividades organizadas em torno da cria-
ção, transformação e consumo de conhecimentos, 
ideias e cultura� A estrutura produtiva cria e difunde 
também a partir das TICs e, portanto, cria um ciclo 
virtuoso que modifica e é modificado pelo paradig-
ma tecnológico em evolução� Potts (2007) acredita 
27
que a atividade criativa funciona como alguém que 
apresenta essa transformação: a união da criativi-
dade humana e da propriedade intelectual, e a trata 
como um recurso primário não apenas para a cul-
tura, mas também para a economia como um todo� 
Potts (2011) aponta que os ICCs não são apenas 
intensivos em inovação e rápidos em crescimento, 
uma vez que também transbordam esses avanços 
para outros setores econômicos� Em outras palavras, 
eles promovem efeitos colaterais� Bakshi, McVittie e 
Simmie (2008), enfatizam o papel e a forte presença 
das indústrias criativas nos sistemas de inovação� 
Em um estudo sobre as ICC no Reino Unido, eles rati-
ficaram os efeitos do transbordamento e a presença 
de efeitos do transbordamento de conhecimento das 
CCIs para outros setores da economia�
Além do caráter evolutivo das ICC, outra importante 
questão é a formação de clusters� Lazzeretti, Boix 
e Capone (2013) enfatizam que, mesmo se a digi-
talização do mercado favorecer a descentralização 
espacial dos produtores e consumidores, dado que 
muito do que é produzido é intangível ou virtual, o 
ambiente que agrega criatividade acaba aumentando 
os negócios e a competitividade, impondo e inten-
sificando o processo criativo por meio da inovação, 
criando para os negócios e para o empreendedor 
criativo visibilidade para o sucesso de seu produto�
Sem perder de vista a literatura internacional sobre 
a natureza e dinâmica das ICC, na década de 1970, 
Furtado (2008) escreveu que a liberdade de criar se 
aplica no próprio conceito de desenvolvimento e é 
28
um insumo para a transformação social, constituindo 
uma forma de enfrentar as desigualdades sociais� 
Essa visão converge ao papel proposto das ICC como 
uma das possíveis estratégias de desenvolvimento, 
uma vez que compreendemos que, se a criativida-
de e os recursos culturais existem universalmente 
em abundância (uma vez tangível) e de forma “au-
togerada”, atravessam as fronteiras da pobreza e do 
subdesenvolvimento� 
Segundo Pagliotto (2016), esses países contariam 
com as condições semelhantes à economia desen-
volvida em termos de talentos, instintos empresariais, 
expressões culturais, abertura ao novo e ao diferen-
te� No entanto, esse potencial é pouco explorado 
em termos de criação de riqueza� A interação dos 
aspectos econômicos, culturais e sociais entre si e 
a tecnologia (especialmente as conexões de rede), 
a propriedade intelectual e o turismo permitiriam, 
assim, a criação de estratégias que demandariam 
investimentos relativamente pequenos, rompendo 
barreiras que poderiam realizar as possíveis cone-
xões com a economia global�
As condições desiguais devem ser consideradas 
nas estratégias de propagação da economia criativa 
nos países periféricos� Em 2008, o então ministro da 
Cultura do Brasil, Gilberto Gil, escreveu que “a diver-
sificada e sofisticada produção cultural brasileira, 
além de sua relevância simbólica e social, deveria ser 
entendida como um dos maiores ativos econômicos 
do país, capaz de gerar desenvolvimento�” (LEITÃO, 
2016)� Desde então, com o apoio do Ministério da 
29
Cultura, uma série de políticas e ações nas três es-
feras foram implementadas, mas pouco consolida-
das, devido à descontinuidade política� Entre 2003 e 
2010, o Ministério da Cultura floresceu, expandindo 
suas atividades, inclusive para a economia criativa� 
A criação de um Centro Internacional de Economia 
Criativa (ICCE) foi proposta para ser estabelecida em 
Salvador, Bahia, mas não foi levada adiante, assim 
como o Plano de Secretaria de Economia Criativa 
(2011) e o Plano Brasil Criativo (2012)� Muitos dos 
esforços foram convertidos em um simples exercí-
cio retórico, não tendo sido adotadas políticas de 
fomento à economia criativa� No entanto, algumas 
ações deram resultado, por exemplo: foram criados 
bancos de dados nos setores criativos, foi estabele-
cida uma linha de crédito Procult, a partir do BNDES, 
que financiou muitos projetos da economia criativa, 
apoiando micro e pequenos empreendedores cria-
tivos do SEBRAE� 
A Cultura Nacional, por outro lado, conforme Pagliotto 
(2016), aponta que a entrada de países periféricos 
pode contribuir para manter a dependência exter-
na, uma vez que as condições iniciais continuam 
desiguais, em muitos aspectos estruturais – o que 
reforça a existência de um sistema produtivo duplo, 
em termos tecnológicos, educacionais, e de inser-
ção profissional (o que representa altos índices de 
informalidade)�
30
FIQUE ATENTO
A sociedade brasileira é reconhecida por sua di-
versidade cultural e potencial criativo, porém sua 
economia criativa figura nas pesquisas internacio-
nais em um estágio embrionário� A preocupação 
com o uso da Economia Criativa no Brasil é muito 
recente e foi oficialmente criada uma medida para 
ser implementada por políticas públicas, com a 
Secretaria do Comitê Criativo da Economia (SEC), 
em 2011�
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A economia criativa tornou-se um elemento-chave 
na geração de ideias, produtos e serviços, sendo um 
conceito em evolução baseado em ativos criativos, 
que modificam o perfil da indústria e do mercado glo-
bal, a partir da parceria entre criatividade e economia, 
combinadas com inovação e tecnologia�
No Brasil, Parques Tecnológicos e Incubadoras, por 
sua vez, ainda não se dedicaram com real interes-
se a esse setor emergente; eles estão envolvidos 
principalmente com tecnologias para áreas como 
biotecnologia, meio ambiente, eletrônica embarcada, 
energia alternativa, petróleo, software e, principal-
mente, TI (TIC)� 
Como conclusões, mencionamos algumas questões 
que dizem respeito principalmente ao fato de que:
O gerenciamento criativo e inovador é um conceito 
moderno que continua sendo discutido pela literatura 
e profissionais do mercado;
O empreendedor criativo reúne as qualidades de em-
preendedor e de pessoa criativa;
O gerente conceitual tem umestilo de gerenciamento 
considerado apropriado para a economia criativa 
(abordagem da psicologia econômica)�
Para finalizar, deixo uma reflexão para você. As crises 
experimentadas em várias áreas, no Brasil – sejam 
sociais, econômicas, ambientais ou culturais – ex-
32
pressam a necessidade de se revisar e reformar o 
modelo aplicado até o momento� A saída para proble-
mas estruturais e econômicos da economia brasileira 
é um desafio à inventividade, que levará à geração 
de superavit econômico, e que pressionará pela re-
tomada do desenvolvimento� Você está preparado?
33
SÍNTESE
Economia criativa no Brasil
• Contextualização.
Cidades criativas
• Características das Cidades criativas;
• A abordagem dos "mundos da produção";
• A abordagem "variedade relacionada".
Princípios da economia criativa
• Características da economia criativa; 
• Relatórios de Economia Criativa;
• Indústria cultural e indústria criativa.
A Economia criativa
• Definição de economia criativa;
• Criatividade econômica;
• Tamanho da economia criativa;
• Participação salarial e porcentagem de trabalhadores; 
• Indústrias criativas e culturais.
Inovação e 
Economia Criativa
Introdução
• A economia criativa: suas origens e princípios;
• Sobre a sustentabilidade da produção cultural;
• Cidades criativas: as diferenças de conceitos e a economia criativa no brasil.
ECONOMIA CRIATIVA
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	Introdução
	A Economia criativa
	Princípios da economia criativa
	Cidades criativas
	A abordagem “variedade relacionada”
	Economia criativa no Brasil
	Considerações finais
	Síntese

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