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Marcelo Henrique Dos Santos INOVAÇÃO E ECONOMIA CRIATIVA E-book 3 Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 A ECONOMIA CRIATIVA ����������������������������������������4 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA CRIATIVA �����������10 CIDADES CRIATIVAS ���������������������������������������������15 A abordagem “variedade relacionada” ����������������������������������19 ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL ������������������� 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������������� 32 SÍNTESE ��������������������������������������������������������������������34 2 INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos discutir sobre a economia criativa: suas origens e princípios� Em termos eco- nômicos, a criatividade é um combustível renovável e seu estoque aumenta com o uso� Além disso, a “competição” entre todos os agentes criativos atrai e incentiva a ação de novos produtores, em vez de saturar o mercado� Vamos discutir que essas e outras características tornam a economia criativa uma oportunidade de resgatar cidadãos, inserindo-os na sociedade por meio de um ativo que provém de sua própria cul- tura e raízes� Esse cenário de convivência entre os universos simbólicos e o mundo concreto é o que transforma a criatividade em um catalisador de valor econômico� Uma das questões centrais desta nossa unidade será a sustentabilidade da produção cultural (que é extremamente dependente da aptidão dos talentos), a circulação dessa produção ou tradição (garantin- do assim a renovação da diversidade cultural); e no acesso garantido a essa produção (especialmente para os jovens) em um jogo de forças da cultura de massa, instigado pela globalização� Além disso, será possível falar sobre as cidades criativas, as diferen- ças de conceitos, e a economia criativa no Brasil� 3 A ECONOMIA CRIATIVA A economia criativa é o negócio das ideias, pois transforma as ideias em produtos� Segundo Howkins (2001), as pessoas podem ganhar dinheiro com ideias; a economia criativa está estritamente re- lacionada com a composição entre criatividade e economia� A criatividade não é nova e nem a eco- nomia; o que é novo é a natureza e a extensão do relacionamento entre elas e como elas podem ser combinadas para criar valor e riqueza� SAIBA MAIS [vídeo] Economia criativa: as possibilidades de fu- turo com Lala Deheinzelin� Neste vídeo, Lala Deheinzelin apresenta as possi- bilidades que nos aguardam, nos próximos anos, a partir dos princípios da economia criativa� No Global Competitiveness Report 2000, foi apre- sentado o índice de Criatividade Econômica� As na- ções podem vincular o motor da tecnologia global: sendo centros de inovação (países inovadores) ou facilitando a transferência de tecnologia e a rápida difusão da inovação (países de transferência de tec- nologia)� No Índice de Criatividade Econômica de 2000, os Estados Unidos ocupavam o primeiro lugar, como inovador� A Finlândia é a segunda, seguida por Singapura (3), Luxemburgo (4), Suécia (5), Israel (6), Irlanda (7), Países Baixos (8), Reino Unido (9) e 4 https://www.youtube.com/watch?v=vJ0viL87GAI Islândia (10)� Nas novas economias, existem algu- mas indústrias – chamadas indústrias criativas – em que a criatividade é considerada o recurso bruto mais importante e o mais valioso produto econômico� Tais indústrias incluem softwares, publicação, design, música, vídeo e jogos eletrônicos� Mais de 50% dos gastos do consumidor são em produtos de indústrias criativas nos países do G-7� (RYAN, 2003) Essa será a verdadeira tendência para as economias de renda média e alta do leste da Ásia� Alguns se- tores são chamados de indústrias criativas, a The International Intellectual Property Alliance (IIPA) de- fine o núcleo industrial do país com as seguintes categorias: produção de filmes e vídeos, edição de livros, edição de jornais, informática, software, teatro, publicidade, TV, rádio, etc� Estima-se que essas indús- trias contribuíram com 3,65% do Produto Nacional Bruto americano (PNB), em 1997, e que entre 1977 e 1997 cresceram 6,3% ao ano em comparação com o total geral do país, que obteve um crescimento de 2,7% ao ano� Eles contribuíram mais para a economia americana do que qualquer outra indústria� Na tabela 1 é apresentado o tamanho estimado da economia criativa� 5 SETOR GLOBAL EUA REINO UNIDO Publicidade 45 29 8 Projeto 140 50 27 Filme 57 17 3 Música 70 25 6 Publicação 506 137 16 P&D 545 243 21 Software 489 325 56 TV e rádio 195 82 8 TOTAL 2�240 960 157 Tabela 1: O tamanho da economia criativa no mercado, em US$ bilhões (Howkins, 2001) O tamanho da economia criativa depende também do gerenciamento da criatividade� As indústrias criativas estão entre as mais intensivas em habilidades, seus trabalhadores são qualificados e utilizam a alta tec- nologia, além disso, as indústrias criativas também procuram um meio urbano bem-dotado de instala- ções recreativas e serviços de educação e saúde de classe mundial� Para as cidades e comunidades que desejam se tornar cidades criativas e comunidades criativas é preciso investir no desenvolvimento urba- no e na criatividade� A economia criativa tem um papel crescente na eco- nomia mundial� Sua dinâmica é alta e mais acelerada do que em outros setores� As indústrias criativas são as que mais exigem habilidade e são mais exigentes� A chave para entender a nova geografia econômica da criatividade e seus efeitos sobre os resultados 6 econômicos estão nos 3Ts da teoria do desenvolvi- mento econômico: tecnologia, talento e tolerância� Cada um desses elementos é necessário, porém devem ser aplicados em sinergia� O The Creative Intelligence Newsletter (2002) fornece dados sobre as questões de alta importância para o futuro das regiões� Essa publicação fornece os indicadores re- gionais com os dados sobre salários para os três principais setores da economia: criativo, de manufa- tura e de serviços� Enquanto a classe criativa com- põe 30% da força de trabalho, ela representa quase metade de todos os ordenados e salários, conforme a Tabela 2� PORCENTAGEM DE TRABALHADORES SALÁRIO Classe Criativa 30% 47% Classe de Trabalho / Manufatura 26% 23% Classe de Serviço 44% 30% Tabela 2: Participação salarial e porcentagem de traba- lhadores nos três principais setores da economia: criativo, setores de manufatura e serviços (The Creative Intelligence Newsletter, 2002) Pessoas criativas preferem lugares diversos, tole- rantes e abertos a novas ideias, a diversidade atrairá diferentes tipos de pessoas criativas com diferentes conjuntos de habilidades� A chave do crescimen- to econômico não reside apenas na capacidade de atrair a classe criativa, mas no processo de tradução das vantagens subjacente em resultados econômicos 7 criativos em forma de novas ideias, novos negócios de alta tecnologia e crescimento regional� A economia criativa está intimamente relacionada às indústrias criativas e culturais� O termo indús- tria cultural foi difundido nos anos 1980 e referia-se àquelas formas de produção e consumo cultural que possuía em seu centro um elemento simbólico ou expressivo� O conceito foi disseminado pela UNESCO� Nos anos 1980, sua definição foi gradualmente incor- porada a uma ampla gama de indústrias: a música, as indústrias relacionadas à arte, redação, moda e design, mídia e produção artesanal� Desde a popu- larização do termo “economia criativa”, em 2001, as indústrias dos chamados meios culturais e criativos começaram a gerar crescimento econômico a uma taxa progressivamente crescente� Em nível global, conforme UNESCO (2013), essa eco- nomia gerou US$ 2,2 trilhões em todo o mundo, em 2000, e cresceu a uma taxa anual de 5%� No que diz respeito ao cenário europeu, a Europa tem um forte interesse nas indústrias culturais e criativas, pois elas são fonte de crescimento econômico� A cultura e os setores criativos representam quase 4,5% da economia europeia, graças a quase 1,4 milhão de pe- quenas e médiasempresas� Essas empresas geram e distribuem conteúdo criativo em toda a Europa� Os setores culturais e criativos demonstraram grande resiliência durante a crise – e continuam a crescer – enquanto estimulam a criatividade e a inovação em outros setores� Cerca de 8,5 milhões de pessoas estão empregadas em setores criativos em toda a 8 Europa – e muito mais, se levarmos em conta seu impacto em outros setores, como o turismo e a tec- nologia da informação� De acordo com European Creative Industries Summit (2015), entre 2012 e 2014, apesar do cenário global em crise, as empresas que investiram em criatividade au- mentaram sua rotatividade em 3,2%� Essas empresas que investiram na criatividade foram recompensadas com um aumento de 4,3% nas exportações� Além dis- so, as 443�208 empresas do setor cultural do sistema de produção, correspondem por 7,3% das empresas domésticas e atingiram 5,4% da riqueza produzida na Itália (aproximadamente 78,6 bilhões de euros)� Deve- se prestar especial atenção aos efeitos multiplicadores gerados pela economia da cultura e aos efeitos posi- tivos no impacto no emprego: as indústrias culturais e criativas, bem como os setores histórico, artístico e patrimônio arquitetônico, artes cênicas e artes vi- suais, empregam 1,4 milhão de pessoas, ou seja, 5,9% de todo o emprego italiano – em mais de 1,5 milhão, igual a 6,3% da taxa total de emprego, se incluirmos também o setor público e sem fins lucrativos. FIQUE ATENTO A economia criativa está se tornando um dos com- ponentes mais relevantes das economias pós- -industriais modernas baseadas no conhecimento, devido à percepção do potencial de geração de renda e emprego, que está acima da média de ou- tros setores� 9 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA CRIATIVA A economia criativa tornou-se uma poderosa força transformadora no mundo de hoje� Seu potencial para o desenvolvimento é vasto� É um dos setores que mais cresce no mundo da economia, não apenas em termos de geração de renda, mas também para a criação de empregos e ganhos de exportação� A criatividade e a inovação, tanto no nível individual quanto no grupo, são a chave impulsionadora dessas indústrias e se tornaram as verdadeiras riquezas das nações no século 21� Indiretamente, a cultura sus- tenta, cada vez, mais a forma pela qual as pessoas em todos os lugares entendem o mundo, veem seu lugar nele� Expandir o potencial da economia criativa envolve, portanto, promover a criatividade geral das sociedades, afirmando a identidade distintiva dos lugares onde floresce, melhorando a qualidade de vida, melhorando a imagem local e prestigiando e fortalecendo os recursos� Em outras palavras, o pro- cesso criativo da economia é a fonte, metaforicamen- te falando, de uma nova “economia da criatividade”, cujos benefícios vão além do domínio econômico� As indústrias culturais e criativas, embora não ofere- çam uma solução rápida para a conquista do desen- volvimento sustentável, estão entre as mais podero- sas fontes de novos caminhos de desenvolvimento que incentivam a criatividade e a inovação na busca 10 de inclusão, crescimento e desenvolvimento equita- tivos e sustentáveis� Segundo as UNITED NATIONS/UNDP/UNESCO (2013), os Relatórios de Economia Criativa de 2008 e 2010 foram preparados pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e for- necem uma sólida estrutura para identificar e en- tender o funcionamento da economia criativa como uma economia de setor, particularmente no que diz respeito à sua crescente importância no comércio internacional� O relatório deu importantes contribui- ções ao esforço conjunto e contínuo de especialistas em todo o mundo que argumentam que existe um considerável, forte e valioso setor produtivo� Esses especialistas forneceram uma base de evidência, demonstrando as maneiras pelas quais as principais esferas do crescimento e da inovação na contempo- raneidade da economia são compostas por setores como alta tecnologia industrial, manufatura neoar- tesanal, serviços comerciais e financeiros, indústrias de produtos culturais (incluindo a mídia), e assim por diante� SAIBA MAIS [vídeo] Economia Criativa – Quando a ficha vai cair? De Sergio Sá Leitão� Nesse vídeo é possível refletir sobre os princípios da economia criativa e o seu papel na cultura, como um todo� Além de entender quão importante é esse segmento para a economia� 11 https://www.youtube.com/watch?v=z4yMHuvPugI https://www.youtube.com/watch?v=z4yMHuvPugI Esse relatório ainda mostra que o investimento nos setores criativos e culturais pode ser uma poderosa opção de desenvolvimento, fornecendo evidências de que, apesar das recentes recessões no mundo desenvolvido, a criatividade econômica continuou a crescer em todos os lugares e, geralmente, mais rapidamente do que outros setores� De fato, os paí- ses estão começando a incorporar as categorias da economia criativa nos investimentos e em seus cálculos do produto interno bruto (PIB), notadamente no que diz respeito à propriedade intelectual, como pesquisa e desenvolvimento (P&D), entretenimento, originais literários e artísticos, e software� De acordo com a UNITED NATIONS/UNDP/UNESCO (2013), essa edição especial do relatório de econo- mia criativa demonstra que criatividade e cultura são processos ou atributos intimamente ligados à imaginação e à geração de novas ideias, produtos ou formas de interpretação� Todos eles têm valores monetários e não monetários que podem ser reco- nhecidos como instrumentais� Nesse contexto, o relatório reconhece que o processo criativo parte de várias fontes; essas indústrias também geram benefícios que não são mensuráveis apenas pelos preços de mercado� Como motor do desenvolvimen- to, a criatividade e a cultura são reconhecidas pelo valor econômico que geram em termos de criação de empregos e pelo modo como estimulam o sur- gimento de novas ideias ou tecnologias criativas� 12 A economia criativa deve ser vista como um siste- ma complexo que deriva seu “valor econômico” a partir da facilitação da evolução econômica – um sistema que fabrica atenção, complexidade, identi- dade e adaptação, embora o principal recurso seja a criatividade� Nessa visão, as indústrias culturais e criativas são pioneiras, alimentando disposições sociais abrangentes que estimulam a criatividade e a inovação, trabalhando para o benefício de todos� Por esse motivo, a UNITED NATIONS/UNDP/UNESCO (2013), utiliza o termo criativo e economia para pri- vilegiar as atividades que envolvem a cultura e/ou a inovação� É importante ressaltar que os benefícios não moneti- zados da cultura também impulsionam o desenvolvi- mento e podem levar a mudanças transformadoras, quando os indivíduos e as comunidades têm o poder de se apropriar de seus processos de desenvolvimen- to próprio, incluindo o uso de recursos, habilidades e conhecimentos em diversas atividades culturais e expressões criativas� De acordo com Howkins (2001), o termo economia criativa foi popularizado em 2001, na aplicação da nomenclatura em 15 indústrias de artes, ciência e tecnologia� Essa economia criativa valia, em 2000, a quantia de US$ 2,2 trilhões, em todo o mundo, e crescia anualmente uma taxa de 5%� Esse conceito abrange não apenas bens e serviços culturais, mas também brinquedos e jogos e todo o domínio de pesquisa e desenvolvimento (P&D)� 13 O termo indústria cultural não se limita à produção intensiva de tecnologia como uma grande produção� O investimento no artesanato, por exemplo, pode beneficiar artesãos ao promover a capacitação, im- pulsionando suas vidas e gerando renda para suas famílias� Todos esses domínios produtivos têm um valor econômico significativo, mas também são ve- tores de significados sociais e culturais profundos. O termo indústria criativa é aplicado a um conjunto produtivo amplo, pois inclui bens e serviços produzidos pelas indústrias culturais e aquelas que dependem de inovação, incluindo muitos tipos depesquisa e softwa- re� A nomenclatura começou a entrar na formulação de políticas, como a política cultural nacional da Austrália, no início da década de 1990, seguida pela transição feita por influentes departamentos de cultura, mídia e esporte dos Estados Unidos� Esse uso também resul- tou na vinculação da criatividade ao desenvolvimento econômico urbano e ao planejamento urbano� FIQUE ATENTO A análise regional mostra que, no Brasil, os estados mais avançados são: São Paulo e Rio de Janeiro� Esses estados possuem uma representação cria- tiva do núcleo no PIB de mais de 3,5%� No entanto, pesquisas indicam que, apesar da cobertura de sua cadeia produtiva, a economia criativa no Brasil não está entre as 20 maiores do mundo – liderada por China, Estados Unidos e Alemanha – e está abaixo do seu potencial (UNCTAD, 2010)� 14 CIDADES CRIATIVAS As novas mídias abrangem uma ampla gama de ati- vidades criativas, de jogos a downloads de imagens ou músicas no celular ou iPod – cada vez mais oni- presentes� Todos os meios geram dinheiro e, como se trata de grandes quantias, induzem à regulamen- tação, como acontece com programas de TV inte- rativos, em que as linhas telefônicas premium são os meios pelos quais o espectador dá seu voto� O telespectador fica aguardando, precisa responder a perguntas impossíveis ou pode apenas votar� Alguns anos atrás, uma TV interativa de Londres, sofreu um escândalo que causou o fechamento de canais e programas para impedir a prisão de seus autores� Pense, ainda, em fenômenos como o Google, carregando toda a literatura ocidental em seu site, apesar da existência de uma lei de direitos autorais; sem falar no Youtube e outras plataformas do gênero que cometem pirataria de vídeos de Hollywood e trechos clássicos, por exemplo� Essas ilustrações mais flagrantes são expostas ape- nas para articular a distinção entre o modo da produ- ção cultural e o da produção de conteúdo “criativo”� Artistas, cantores, curadores e músicos treinados caracterizam o primeiro; o empreendedorismo que faz fronteira com a extorsão caracteriza grande parte do segundo� 15 Suas bases institucionais na academia ou no conser- vatório – seguidas pelo emprego como especialista subsidiado pelo governo – contrastam quase inteira- mente com o das indústrias criativas, que podem ter suas origens, para alguns, no ensino superior; mas para muitos, o conhecimento significa saber o que está acontecendo nas ruas� SAIBA MAIS [vídeo] Palestra “Cidades Criativas”, com Ana Carla Fonseca� Nesse vídeo, Ana Carla Fonseca Reis apresenta os princípios e tendências das Cidades Criativas e a sua contribuição para o desenvolvimento da economia� Ser claro analiticamente não implica necessariamen- te que tais esforços sejam condizentes com a reali- dade� Geralmente, as cidades criativas são pensadas em termos que combinam a economia cultural e as indústrias criativas, embora usualmente ocupem diferentes espaços� Pesadas práticas de exploração de conhecimento, como as artes, combinam grande complexidade de sua dialética característica de dis- cordância, com a insatisfação e até alienação, que é o principal gatilho e o direcionador subsequente do trabalho criativo (COOKE, 2006)� Isso, por definição, procura ser diferente, original e inovador, uma condição que exerce um imperativo psicossocial em relação à interação social, reco- 16 https://www.youtube.com/watch?v=vL9_nv6MwgM nhecimento e consideração dos pares, bem como discutido na literatura sobre “comunidades de práti- ca” (WENGER, 1998) e “comunidades epistêmicas” (HAAS, 1992)� Grande parte dessa pesquisa de “co- munidades”, em relação ao agrupamento, concentra- -se na complexidade da pesquisa de engenharia ou negociação política, apontando para os problemas de “espaços de transação” inadequados e “zonas de tradução”, onde o conhecimento implícito não pode ser facilmente articulado como conhecimento explí- cito e muito mais, a interpretação intermediária deve continuar envolvendo profissionais com habilidades de compreensão e expressão� Poucas tentativas já foram feitas para avaliar até que ponto o trabalho e o discurso artísticos estão sujeitos às mesmas soluções de “proximidade” (proximidade significada conscientemente, em termos de proximi- dade geográfica ou vizinhança). Portanto, o agrupa- mento é uma condição fundamental da economia cul- tural e da indústria criativa; e a cidade, especialmente a metrópole, tem a especialização necessária, bem como a “variedade relacionada” (BOSCHMA, 2005) para sustentar o agrupamento em ambas as esferas� Em cidades realmente vibrantes e de cultura criativa, pode haver espaço para muitos grupos culturais e criativos� Na verdade, essa é uma expressão clara, não da forma especializada representada pelo clus- ter, mas na forma de variedade relacionada, repre- sentada pelo que poderia ser chamado de plataforma cultural-criativa da cidade criativa� 17 Acesse o Podcast 1 em Módulos A abordagem dos “mundos da produção” Essa abordagem está mais associada aos esforços para caracterizar a variedade básica das formas or- ganizacionais industriais no espaço regional na era fin de siècle (STORPER, 1997)� É o arcabouço teórico elaborado nesse trabalho que se mostrou mais inte- lectualmente penetrante desde que foi publicado� O conceito central, de importância fundamental para o trabalho de análise e investigação proposto, é que diferentes formas de organização da produção são internamente coerentes em termos de instituições de condução, interações e convenções de rede� Na era atual, eles resolvem as quatro “tensões” re- presentadas na Figura 1� A primeira delas refere-se à produção “padronizada”, praticada nas indústrias de produção em massa, como bancos e automotivas� Isso está em “tensão” com a produção “dedicada”, que é personalizada para determinados requisitos de nicho, como consumo de luxo (por exemplo, customi- zado), mas também podemos relacionar o software ou, cada vez mais, “soluções de medicamentos pro- jetados”, em assistência médica ou serviços perso- nalizados de vários tipos� A “especialização” envolve produtos genéricos sendo produzidos de maneiras especializadas, como for- mas especializadas de um “turismo” genérico que pode incluir, por exemplo, cruzeiros arqueológicos� Por fim, o estágio “genérico” significa a utilização de 18 processos especializados sendo usados para produ- tos padrão (por exemplo, aquicultura)� As setas re- presentam certas tensões entre elas, em dimensões específicas. Essa representação pode ser analisada na imagem abaixo: Padronizada Dedicada Especializada Atividade Industrial Genérica Figura 1: Mundos de produção regionais na era contempo- rânea (STORPER; SALAIS, 1997)� A abordagem “variedade relacionada” A “variedade relacionada” é um conceito evolutivo, cujo uso foi mais avançado no campo acadêmico da geografia econômica evolutiva. É útil dentro do contexto presente, pois se trata de um conceito re- lacional; isso significa que a dimensão espacial é de fundamental importância para sua força teóri- ca� Enquanto os economistas industriais tendem a construir conceitos de maneira vertical, como seto- res e aglomerados, os geógrafos veem as coisas de maneira mais horizontal� Assim, Cohen e Levinthal 19 (1989) introduziram um importante conceito ver- tical de “capacidade de absorção” para articular o desafio do conhecimento a uma grande empresa, terceirizando o conhecimento de P&D anteriormente pesquisado internamente para um subcontratado externo com recursos comparáveis, mas provavel- mente mais baratos� O desafio era manter na empresa terceirizada as habilidades cognitivas necessárias para avaliar os resultados terceirizados� Entretanto, se introduzir- mos a ideia de capacidade de absorção lateral, uma perspectiva mais espacial, ela se tornará uma oportu- nidade, mais que um desafio, porque o que se busca são transbordamentos complementares de conheci- mento, possivelmenteem uma região de indústrias vizinhas ou atividades comerciais que possam inovar o processo ou o produto para se difundir rapidamente entre uma ou mais empresas ou setores� A variedade relacionada aprimora isso em virtude do efeito se- torial de proximidade, em vez de um efeito setorial de portfólio (BOSCHMA, 2005)� Essa abordagem também resolve satisfatoriamente um dilema em andamento na economia, datado de Marshall (1918) e Jacobs (1969)� Atualmente, o que é descrito como a tese de Marshall-Arrow-Romer é que as repercus- sões do conhecimento se movem mais rapidamente e levam à inovação de maneira mais eficiente e eficaz quando a economia industrial é especializada� Essa visão é reiterada por numerosos estudos, como o de Glaeser et al�, (1992), que argumenta que essa é a principal vantagem econômica das cidades, embora 20 seu argumento seja expresso principalmente em termos de capital humano especializado� Por outro lado, Jacobs (1969) argumentava que esse dinamismo oferecido pelas cidades era mais uma característica da diversificação do que da especia- lização, e o atrito de indústrias, empresas e pessoas contra práticas distintas era a fonte mais provável de novidade e inovação� Mais tarde, essa visão foi apoiada por resultados de pesquisas de Audretsch e Feldman (1996; 1999)� No entanto, a pesquisa empí- rica de Frenken & Boschma (2003) sugere que nenhu- ma delas está correta e que todo o conjunto de áreas urbanas holandesas que eles examinaram através das lentes da “variedade relacionada” revelou que aquelas com maior variedade relacionada cresceram mais rapidamente em termos do PIB (1998-2006), um indicador de que uma perspectiva de variedade relacionada, localizada entre os extremos de espe- cialização (clusters) e diversificação (setores), pro- vavelmente é superior intelectualmente e em termos de intervenções políticas� Posteriormente, Cantwell e Iammarino (2003) encon- traram as regiões italianas com melhor desempenho e exibiram uma “variedade relacionada” e pesquisas ainda não publicadas, mas publicamente apresenta- das por Ketels e Porter (2006), sugerem fortemente o mesmo da pesquisa norte-americana que eles e seus colegas realizaram� Consequentemente, essa nova e empolgante perspectiva merece mais testes no contexto de regiões (rurais) em contato razoável com mercados urbanos e capazes de atrair turistas, 21 incluindo o “turismo gastronômico” (LONG, 2005), demanda de intersetorialidade das plataformas de economia� 22 ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL A Economia Criativa é reconhecida desde os anos 1990 como uma variedade de setores, serviços, pro- dutos, atividades e arranjos que sistematizam esse princípio a partir da combinação de três coisas: cultu- ra, criatividade e inovação� Essa articulação permitiu abordar questões relacionadas ao desenvolvimento econômico, que mudam os papéis dos territórios no processo produtivo, bem como a dimensão social da produção, organização e distribuição nesta nova economia (BAUMOL, 2006)� Acesse o Podcast 2 em Módulos A pedra angular da economia criativa é a diversida- de de práticas, produtos e atividades� Essa diversi- dade espelha, entre outros fatores, os geográficos e a divisão social do espaço onde se desenvolve� As relações entre o processo criativo e as questões econômicas e regionais são objeto de uma série de estudos que evidenciam a importância da investi- gação, guiada pelas distinções locais� No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, não é diferente, embora existam distinções locais� Apesar de o Brasil possuir dimensões continentais, diversos grupos étnicos, proporcionando uma diversidade cultural incomparável, o fato de ser uma das maiores economias do mundo e parte dos BRICs, existe uma 23 https://famonline.instructure.com/files/184260/download?download_frd=1 série de problemas que impedem a evolução de sua economia criativa� Entre elas, as ações desarticula- das de uma política industrial que concentram os recursos em setores consolidados, como indústria automotiva, petróleo e construção civil� Além disso, as atividades culturais não recebem uma prioridade na distribuição de recursos orçamentários, tendo que competir com áreas importantes como educação, saúde, educação básica, saneamento, entre outros� Para muitas administrações governamentais, a cul- tura ainda é considerada supérflua e artigo de luxo, ocupando uma posição de menor prioridade nas despesas públicas� E, quando é escolhido investir em ações culturais e criativas, a iniciativa é restrita à administração de ativos existentes, que fragmen- ta e interrompe essas iniciativas� Por outro lado, o setor privado tende a depender de gastos públicos, investindo em segmentos em que há benefícios de isenção de impostos e incentivos fiscais. Em relação à demanda por bens e serviços cultu- rais e criativos, existem muitos problemas relacio- nados à formação de público, além de insuficiência financeira e recursos de infraestrutura. O baixo nível educacional combinado à falta de lazer e à grande distância dos principais centros culturais de baixa renda levam o público a ser composto por classes de elite, especialmente em grandes centros urbanos� Apesar do contexto levemente desanimador, existem segmentos da economia criativa brasileira emergindo ou consolidando-se nesse cenário, devido à mencio- nada diversidade criativa e cultural; iniciativas de em- 24 preendedores, produtores, artistas e algumas ações institucionais voltadas para estimular as indústrias culturais e criativas (ICC)� Nos últimos 15 anos, houve um aumento descontí- nuo, mas importante, no escopo das políticas cul- turais no Brasil, entre as várias atividades, duas se destacaram nos últimos dez anos: a produção dos jogos digitais e a indústria da moda� A indústria bra- sileira de jogos digitais é um setor emergente, com- posto de pequenas e médias empresas, altamente dependentes de softwares importados� Contudo, o grau de consumo foi substancialmente aprimorado pelo ampliado acesso a smartphones e outras mídias móveis (LAZZERETTI, 2013)� O Brasil é o quarto maior consumidor e o décimo primeiro produtor do mundo (NEWZOO, 2016)� Sua capacidade de interação impulsionou a implementa- ção de centros tecnológicos e startups destinados a desenvolver jogos e aplicativos que abrangem uma ampla variedade de finalidades relacionadas, por exemplo, com jogos sérios, especialmente nas áreas de educação, saúde e entretenimento� Em relação à indústria da moda, o Brasil possui uma indústria têxtil consolidada, sendo o quarto maior produtor do mun- do� Nesse setor, houve uma combinação de experiên- cias compartilhadas entre conhecimento tradicional, artesanato e o desenvolvimento de têxteis adequa- dos ao clima tropical� A introdução de semanas de moda ajudou a criar uma identidade na produção nacional e a trazer visibilidade internacional� E essa sinergia entre o tradicional e o contemporâneo foi 25 possibilitada pelo trabalho de designers preocupados não apenas com as tendências internacionais, mas também com o conhecimento e as características das diferentes regiões do país� A ruptura tecnológica causada pelo advento da di- gitalização é presente desde a década de 1980� E, como qualquer ruptura tecnológica, as Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) afetavam o modo de pensar e viver em sociedade, definindo no- vos caminhos para a economia, política e cultura� Assim, observamos um aumento na produção e no consumo de bens intangíveis, globalização do mer- cado, crescimento do terceiro setor, principalmente comunicações, finanças, logística, cultura, entrete- nimento, entre outros� Isso também aumenta a ne- cessidade de diferenciação de produtos por meio do aumento da criatividade e do conhecimento� A economia criativa emerge, nesse contexto, como um modo de produção e organização, tornando-se o foco de interesse dos atores econômicos, culturais e políticos� Pode ser entendidocomo um conjunto de políticas e ações direcionadas a dinamizar setores estabelecidos, como música, artes audiovisuais, ar- tes plásticas, antiguidades, artes cênicas, artesanato, publicidade, jogos e aplicativos, arquitetura, edição e publicação de livros, design, moda, TV e rádio, ci- nema, gastronomia, patrimônio cultural (tangível e intangível), etc� Esses setores foram considerados parte das ICC pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido (DCMS, 1998) e pela UNCTAD/UNDP (UNCTAD, 2010)� 26 Mesmo que a contagem de atividades que fazem parte das ICC seja variável e, dependendo das ca- racterísticas comportamentais de diferentes países, um consenso está se formando a partir da litera- tura econômica sobre o impacto das TICs nesses segmentos, ou seja, a análise teórica por meio do uso de abordagens referentes à teoria evolucionária� De acordo com a teoria da evolução, baseada em Schumpeter (1942), a inovação é definida em termos econômicos como a criação de novos produtos e processos relacionados ao desenvolvimento, dis- tribuição e difusão da economia, constituindo uma força de apoio à dinâmica capitalista, a longo prazo� O foco dessa literatura é, em ciência e tecnologia, relacionada ao progresso técnico, patentes, setores industriais e produção tangível� No entanto, a inova- ção em serviços, principalmente os relacionados às ICC, tornam-se evidentes por seu aspecto estético, simbólico e intelectual� O foco então se volta para o criativo e a natureza organizacional da inovação su- gere que a inovação nesses limites se apresenta, por um lado, como um processo cultural e uma inovação de produto; e, por outro, como produtos tecnológicos da inovação processo (PETROVA, 2016)� Dessa maneira, as ICC atuam como uma confede- ração de atividades organizadas em torno da cria- ção, transformação e consumo de conhecimentos, ideias e cultura� A estrutura produtiva cria e difunde também a partir das TICs e, portanto, cria um ciclo virtuoso que modifica e é modificado pelo paradig- ma tecnológico em evolução� Potts (2007) acredita 27 que a atividade criativa funciona como alguém que apresenta essa transformação: a união da criativi- dade humana e da propriedade intelectual, e a trata como um recurso primário não apenas para a cul- tura, mas também para a economia como um todo� Potts (2011) aponta que os ICCs não são apenas intensivos em inovação e rápidos em crescimento, uma vez que também transbordam esses avanços para outros setores econômicos� Em outras palavras, eles promovem efeitos colaterais� Bakshi, McVittie e Simmie (2008), enfatizam o papel e a forte presença das indústrias criativas nos sistemas de inovação� Em um estudo sobre as ICC no Reino Unido, eles rati- ficaram os efeitos do transbordamento e a presença de efeitos do transbordamento de conhecimento das CCIs para outros setores da economia� Além do caráter evolutivo das ICC, outra importante questão é a formação de clusters� Lazzeretti, Boix e Capone (2013) enfatizam que, mesmo se a digi- talização do mercado favorecer a descentralização espacial dos produtores e consumidores, dado que muito do que é produzido é intangível ou virtual, o ambiente que agrega criatividade acaba aumentando os negócios e a competitividade, impondo e inten- sificando o processo criativo por meio da inovação, criando para os negócios e para o empreendedor criativo visibilidade para o sucesso de seu produto� Sem perder de vista a literatura internacional sobre a natureza e dinâmica das ICC, na década de 1970, Furtado (2008) escreveu que a liberdade de criar se aplica no próprio conceito de desenvolvimento e é 28 um insumo para a transformação social, constituindo uma forma de enfrentar as desigualdades sociais� Essa visão converge ao papel proposto das ICC como uma das possíveis estratégias de desenvolvimento, uma vez que compreendemos que, se a criativida- de e os recursos culturais existem universalmente em abundância (uma vez tangível) e de forma “au- togerada”, atravessam as fronteiras da pobreza e do subdesenvolvimento� Segundo Pagliotto (2016), esses países contariam com as condições semelhantes à economia desen- volvida em termos de talentos, instintos empresariais, expressões culturais, abertura ao novo e ao diferen- te� No entanto, esse potencial é pouco explorado em termos de criação de riqueza� A interação dos aspectos econômicos, culturais e sociais entre si e a tecnologia (especialmente as conexões de rede), a propriedade intelectual e o turismo permitiriam, assim, a criação de estratégias que demandariam investimentos relativamente pequenos, rompendo barreiras que poderiam realizar as possíveis cone- xões com a economia global� As condições desiguais devem ser consideradas nas estratégias de propagação da economia criativa nos países periféricos� Em 2008, o então ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, escreveu que “a diver- sificada e sofisticada produção cultural brasileira, além de sua relevância simbólica e social, deveria ser entendida como um dos maiores ativos econômicos do país, capaz de gerar desenvolvimento�” (LEITÃO, 2016)� Desde então, com o apoio do Ministério da 29 Cultura, uma série de políticas e ações nas três es- feras foram implementadas, mas pouco consolida- das, devido à descontinuidade política� Entre 2003 e 2010, o Ministério da Cultura floresceu, expandindo suas atividades, inclusive para a economia criativa� A criação de um Centro Internacional de Economia Criativa (ICCE) foi proposta para ser estabelecida em Salvador, Bahia, mas não foi levada adiante, assim como o Plano de Secretaria de Economia Criativa (2011) e o Plano Brasil Criativo (2012)� Muitos dos esforços foram convertidos em um simples exercí- cio retórico, não tendo sido adotadas políticas de fomento à economia criativa� No entanto, algumas ações deram resultado, por exemplo: foram criados bancos de dados nos setores criativos, foi estabele- cida uma linha de crédito Procult, a partir do BNDES, que financiou muitos projetos da economia criativa, apoiando micro e pequenos empreendedores cria- tivos do SEBRAE� A Cultura Nacional, por outro lado, conforme Pagliotto (2016), aponta que a entrada de países periféricos pode contribuir para manter a dependência exter- na, uma vez que as condições iniciais continuam desiguais, em muitos aspectos estruturais – o que reforça a existência de um sistema produtivo duplo, em termos tecnológicos, educacionais, e de inser- ção profissional (o que representa altos índices de informalidade)� 30 FIQUE ATENTO A sociedade brasileira é reconhecida por sua di- versidade cultural e potencial criativo, porém sua economia criativa figura nas pesquisas internacio- nais em um estágio embrionário� A preocupação com o uso da Economia Criativa no Brasil é muito recente e foi oficialmente criada uma medida para ser implementada por políticas públicas, com a Secretaria do Comitê Criativo da Economia (SEC), em 2011� 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS A economia criativa tornou-se um elemento-chave na geração de ideias, produtos e serviços, sendo um conceito em evolução baseado em ativos criativos, que modificam o perfil da indústria e do mercado glo- bal, a partir da parceria entre criatividade e economia, combinadas com inovação e tecnologia� No Brasil, Parques Tecnológicos e Incubadoras, por sua vez, ainda não se dedicaram com real interes- se a esse setor emergente; eles estão envolvidos principalmente com tecnologias para áreas como biotecnologia, meio ambiente, eletrônica embarcada, energia alternativa, petróleo, software e, principal- mente, TI (TIC)� Como conclusões, mencionamos algumas questões que dizem respeito principalmente ao fato de que: O gerenciamento criativo e inovador é um conceito moderno que continua sendo discutido pela literatura e profissionais do mercado; O empreendedor criativo reúne as qualidades de em- preendedor e de pessoa criativa; O gerente conceitual tem umestilo de gerenciamento considerado apropriado para a economia criativa (abordagem da psicologia econômica)� Para finalizar, deixo uma reflexão para você. As crises experimentadas em várias áreas, no Brasil – sejam sociais, econômicas, ambientais ou culturais – ex- 32 pressam a necessidade de se revisar e reformar o modelo aplicado até o momento� A saída para proble- mas estruturais e econômicos da economia brasileira é um desafio à inventividade, que levará à geração de superavit econômico, e que pressionará pela re- tomada do desenvolvimento� Você está preparado? 33 SÍNTESE Economia criativa no Brasil • Contextualização. Cidades criativas • Características das Cidades criativas; • A abordagem dos "mundos da produção"; • A abordagem "variedade relacionada". Princípios da economia criativa • Características da economia criativa; • Relatórios de Economia Criativa; • Indústria cultural e indústria criativa. A Economia criativa • Definição de economia criativa; • Criatividade econômica; • Tamanho da economia criativa; • Participação salarial e porcentagem de trabalhadores; • Indústrias criativas e culturais. Inovação e Economia Criativa Introdução • A economia criativa: suas origens e princípios; • Sobre a sustentabilidade da produção cultural; • Cidades criativas: as diferenças de conceitos e a economia criativa no brasil. ECONOMIA CRIATIVA Referências Bibliográficas & Consultadas AUDRETSCH, D�; FELDMAN, M� Knowledge spillo- vers and the geography of innovation and produc- tion� American Economic Review, 1996� BAKHSHI, H�, MCVITTE, E�; SIMMIE, J� Creating Innovation: do creative industries support innova- tion in the wider economy? London: NESTA, 2008� BAUMOL, W� J� The arts in the “new economy”� In: Handbook of the Economics of Art and Culture� Amsterdam; Elsevier, 2006� BESSANT, J�; TIDD, J� Inovação e empreende- dorismo� Porto Alegre: Bookman, 2009� [Minha Biblioteca] BORGES, L� O que é economia criativa e por que você precisa saber mais sobre isso? Disponível em: https://inteligencia.rockcontent.com/econo- mia-criativa� Acesso em: 05 ago� 2019� BOSCHMA, R� Proximity and innovation: a critical assessment� Regional Studies, 2005� CANTWELL, J�; IAMMARINO, S� Multinational cor- porations & European regional systems of innova- tion� London: Routledge, 2003� COHEN, W�; LEVINTHAL, D� Innovation and lear- ning: the two faces of R&D� The Economic Journal, 1989� COOKE, P� Regional asymmetries, knowledge cate- gories and innovation intermediation� In: Regional Development in the Knowledge Economy� London: Routledge, 2006� DCMS� Creative Industries Mapping Document� London, 1998� EUROPEAN CREATIVE INDUSTRIES SUMMIT, Brussels 2015� Disponível em: http://ecbnetwork. eu/wp-content/uploads/2015/09/ECIS-2015- Brussels.pdf� Acesso em: 06 dez� 2019� FELDMAN, M�; AUDRETSCH, D� Innovation in ci- ties: science-based diversity, specialisation and localised competition� European Economic Review, 1999� FLORIDA, R� The creative intelligence: a joint publication between the Richard Florida Creativity Group and Catalytix, Inc� Vol� 1, 2002� FRENKEN, K�; BOSCHMA, R� Evolutionary econo- mics and industry location� Review of Regional Research, 2003� FURTADO, C� Criatividade e dependência na ci- vilização industrial� São Paulo: Companhia das Letras, 2008� GLAESER, E�; KALLALL, H�; SCHEINKMAN, J�; SHLEIFER, A� Growth in cities� Journal of Political Economy, 1991� GRUTZMANN, A�; ZAMBALDE, A� L�; BERMEJO, P� H� S� Inovação, desenvolvimento de novos produ- tos e as tecnologias internet: estudo em empresas brasileiras� Gest� Prod� v� 26, n� 1, abr� 2019� HAAS, P� Introduction: epistemic communities and international policy coordination� International Organisation, 1992� HOWKINS, J� The creative economy: how people make money from ideas� The Penguin Press, 2001� JACOBS, J� The economy of cities� New York: Random House, 1969� KETELS, C�; PORTER, M� Knowledge clusters: presentation to Nordic Council of Ministers Conference Investing� In: Research & Innovation� Copenhagen, 2006� LAZZERETTI, L�; BOIX, R�; CAPONE, F� Why do creative industries cluster? 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