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Trabalhadores: sindicatos e legislação VINHETA DE ABERTURA Locutor 1 (Lara Venturini): Bom dia a todos, estamos começando mais uma edição do Notícias Direto da Fonte, hoje, dia primeiro de maio de 1993. Locutor 2 (Isadora Werner): Bom dia, hoje faremos um programa especial em comemoração aos 50 anos da criação da Consolidação das Leis de Trabalho, criada por Vargas durante o Estado Novo (1937 a 1945) pelo Decreto-Lei no 5.452. Locutor 1: Assim que chegou ao poder, Getúlio Vargas tomou ações que aproximaram seu papel político das classes trabalhadoras do país. Tendo em vista o conteúdo da Constituição de 1934, observamos a conquista da jornada de trabalho de oito horas diárias, as férias remuneradas, o descanso semanal obrigatório, a licença para gestantes e a proibição do trabalho para menores de 14 anos. Em termos comparativos, todas essas ações firmavam um grande avanço aos desmandos da República Oligárquica. Locutor 2: Assim, Vargas procurou controlar a massa de trabalhadores urbanos, sobretudo aqueles ligados à então crescente industrialização do país, por meio da legislação trabalhista. Locutor 1: No início, a legislação sindical foi elaborada para patrões e empregados, enquadrando e regulamentando as relações entre capital, burguesia, trabalho, operariado. As organizações de classes, partidos, sindicatos e associações foram responsabilizadas pelos conflitos individualistas, devendo ser substituídas por organizações que produzissem o consenso, organizadas pelo Estado, que formularia as diretrizes para o engrandecimento do país, cabendo a todos colaborar nesse esforço. Locutor 2: Cada profissão teria apenas um sindicato. Os sindicatos eram considerados órgãos privados com funções públicas e ficavam diretamente subordinados ao governo por meio do Ministério do Trabalho. Os direitos trabalhistas seriam concedidos apenas para os que fossem sindicalizados e trabalhadores urbanos, atraindo assim, os trabalhadores rurais para a cidade. Locutor 1: Para financiar a estrutura sindical foi criado o “imposto sindical” obrigatório. Este, corresponde a um dia do salário anual do trabalhador, seja este sindicalizado ou não. Esse imposto seria recolhido pelo Ministério do Trabalho e repassado para sindicatos, federações e confederações sindicais, propiciando condições financeiras para essas representações de classes trabalhistas. Locutor 2: O número de trabalhadores sindicalizados era limitado para que os benefícios oferecidos pelo sindicato como: médicos, dentistas, clubes recreativos, entre outros, pudessem ser cumpridos. Desse modo, uma minoria desfrutaria dos benefícios gerados pela contribuição dos demais. Essa minoria, para não perder suas vantagens, sustentava a reeleição dos dirigentes sindicas, que, em troca não entravam em choque com o governo e os patrões. Assim, perpetuavam-se no poder e ficaram conhecidos como “pelegos”. Locutor 1: Outra importante característica do trabalhismo de Vargas era o corporativismo, apresentando-se como alternativa ao socialismo e ao liberalismo capitalista. O objetivo era manter as estruturas hierárquicas da sociedade, como as classes sócias e propriedade dos meios de produção e, ao mesmo tempo, diminuir as desigualdades sócias, evitando conflitos de classes. Locutor 2: O corporativismo promoveria a harmonia social, o progresso, o desenvolvimento e a paz. Esse modelo, inspirado no fascismo italiano, transformou os sindicatos em órgãos de colaboração de classe, visando evitar os conflitos entre patrões e empregados. Cartazes da época diziam: “Trabalhador sindicalizada é trabalhador disciplinado”, ou seja, passivo e obediente, voltado para o trabalho e não para ações grevistas ou reivindicatórias. Locutor 1: Com o intuito de mediar toda a estrutura do trabalho, Getúlio criou a Justiça do Trabalho, um fórum especial em que patrões e empregados resolveriam suas pendências trabalhistas, individuais ou coletivas. Sua função era evitar que o conflito se estendesse para atitudes como greves ou paralisações, além de impedir o embate direto entre eles. Locutor 2: Nesse período, temos ainda, a criação da carteira de trabalho, considerada um documento do trabalhador, pois nela constam os seus salários e os direitos proporcionais, como férias, aposentadoria, entre outros. Outra medida de grande impacto do Estado varguista foi a criação do salário mínimo, considerado a contraprestação paga pelo empregador ao trabalhador, para que este possa sustentar sua família com habitação, vestuário, alimentação, transporte e saúde. Locutor 1: A Consolidação das Leis Trabalhistas baseada na Carta del Lavoro do fascismo italiano, a CLT é a reunião de todas as disposições trabalhistas criadas no governo Vargas, assim como as anteriores, e funciona como uma Constituição do Trabalho, regulamentando as relações classistas em um conjunto específico de leis. A Constituição de 1937 fixou as diretrizes da política social e trabalhista que seria implementada no Estado Novo. Foram confirmados direitos trabalhistas já fixados na Constituição de 1934, como salário mínimo, férias anuais e descanso semanal, e foi também mantida a Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir conflitos entre empregados e empregadores. Mas houve uma alteração importante: o princípio da unid No trabalhismo, Getúlio aprovou uma série de leis trabalhistas que beneficiavam os trabalhadores, mas que eram divulgadas quase que como um presente do líder para o povo. Porém, apesar de serem direitos importantes, essas leis serviam de instrumento de controle da classe trabalhadora. Com esses direitos, o trabalhador recebia também um forte controle sobre sua conduta e a desmobilização dos seus mecanismos de contestação. Depois vieram o décimo terceiro salário e o salário família, benefício pago aos trabalhadores que recebem um salário mensal de até R$ 586,19 para ajudar no sustento dos filhos de até 14 anos, e a obrigatoriedade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Programa de Integração Social (Pis). O oferecimento de todos esses direitos foi seguido de uma contrapartida que custou a autonomia organizacional e ideológica dos trabalhadores brasileiros naquela época. Inaugurava-se assim o emprego do corporativismo, doutrina que impediria o conflito de interesses entre os trabalhadores e os donos de indústria. Em março de 1931, a Lei de Sindicalização impunha que os sindicatos só entrariam em funcionamento a partir da aprovação oficial. Além disso, esses espaços de organização da causa trabalhista deveriam contar com 2/3 de filiados nascidos no Brasil. Com isso, o governo afastaria a participação dos vários trabalhadores imigrantes que disseminavam os ideais socialistas e anarquistas em tais instituições. Nesse instante, já podemos ver os interesses de controle do Estado junto aos trabalhadores. A Constituição de 1937 fixou as diretrizes da política social e trabalhista que seria implementada no Estado Novo. Foram confirmados direitos trabalhistas já fixados na Constituição de 1934, como salário mínimo, férias anuais e descanso semanal, e foi também mantida a Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir conflitos entre empregados e empregadores. Mas houve uma alteração importante: o princípio da unid O novo formato da legislação social brasileira acabaria por ser ordenado e sistematizado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), editada em junho de 1943. A CLT iria reger por muito tempo as relações de trabalho no país. Getúlio Vargas foi o governante que fez da política trabalhista uma forma de controle social e política. Inspirado no modelo fascista italiano, Vargas procurou controlar a massa de trabalhadores urbanos, sobretudo aqueles ligados à então crescente industrialização do país, por meio da legislação trabalhista, como a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho – ou das Leis Trabalhistas), decretada em 1º de maio de 1943.