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LÍNGUA PORTUGUESA 1 LÍNGUA PORTUGUESA – QUESTÕES DE 01 A 20 Texto 1 Leia o texto abaixo, da cronista Lya Luft, publicado na Revista Veja e responda às questões de 01 a 10: Quando a natureza mata 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Menina do interior, tive a natureza como presença enorme em torno da casa e por toda a pequena cidade: paisagem, abrigo, fascinação, surpresa, escola de permanência e também de transitoriedade. Mantive um laço estreito com esse universo e quando posso durmo de janeIas e cortinas abertas, para sentir a respiração do mundo. Porém, cedo também aprendi que a mãe natureza pode ser crueI. Granizo perfurando folhas e arrasando a horta, geada castigando flores, raios matando gente. De longe, ouvia falar em terremoto, quando o vasto mundo ainda era distante. Agora que o mundo ficou minúsculo, porque o Haiti arrasado, o Chile destruído e a Europa nevada estão ao alcance do meu dedo no computador ou no controle da televisão, a velha mãe se manifesta em estertores que podem ser apenas normais (o clima da Terra sempre mudou, às vezes radicalmente, antes de virmos povoar este planeta), mas também podem ser rosnados de protesto, "ei, o que estão fazendo comigo essas pequenas cracas que se instalaram sobre minha pele?". Mas a natureza não mata apenas com enchentes, deslizamentos, terremotos e tsunamis. Mata pela mão dos humanos, o que pode parecer um fato em escala menor, mas é bem mais preocupante. Homens, mulheres e meninos-bomba quase diariamente se explodem levando consigo dezenas de vidas inocentes: pais de família, mães ou crianças, mulheres fazendo a feira, jovens indo para a escola. Bandidos incendeiam um ônibus com passageiros dentro: dois morrem logo, outros vários curtem em hospitais o grave sofrimento dos queimados. Não tinham nada a ver com a bandidagem, estavam apenas indo para o trabalho, ou vindo dele. Assaltantes explodem bancos em cidades do interior antes tranquilas. Criminosos sequestram casais ou famílias inteiras e os submetem aos maiores vexames e terror. Como está virando costume, a gente agradece por escapar com vida. Duas mães deixam num barraco imundo cinco crianças, algumas com menos de 6 anos. Sem comida, sem força, sem presença, sem a menor higiene. O policial que as encontra leva duas menorzinhas para casa, onde sua mulher Ihes dá banho e comida. As crianças, de tão fracas, mal conseguem se alimentar. O homem chora: tem três filhos pequenos, e há algum tempo perdeu uma filhinha. A maldade humana agride até esse homem que com ela deve ter frequente contato. A natureza, da qual fazemos parte, mata com muito mais crueldade através de nós do que através do clima ou de movimentos da terra, e de maneira bem mais assustadora: pois nós pensamos enquanto prejudicamos o nosso semelhante. Temos a intenção de atormentar, torturar, matar, mesmo que em vários casos seja uma consciência em delírio estamos tão drogados que achamos graça de tudo. Mas somos responsáveis por nos termos drogado. De modo que, como me dizia um amigo, o ser humano não tem jeito, não. Ou: esse é o nosso jeito, a nossa parte na natureza. De um lado, os cuidadores, que vão de pais e mães até médicos e enfermeiras; do outro lado, os destruidores, que são os bandidos, mas também (que tristeza) eventualmente pais e parentes. E contra eles, tanto ou mais do que contra a natureza não humana, somos impotentes. O que faz a criança diante do abandono materno? Em relação ao pai, tio ou irmão estuprador? O que fazem passageiros de um ônibus, pacíficos e cansados, diante do terror imposto por bandidos? Nada. Migalhas humanas soterradas por maldade e frieza, como num terremoto ou tsunami somos soterrados pela lama, pelos destroços, pelas águas. Resta filosofar um pouco: de que vale a vida, quanto vale a minha, e como a usamos, se é que pensamos nisso? Pensar pode ser meio chato, e ainda por cima traz alguma inquietação. A natureza poderosa, encantadora e cruel também somos nós: que a gente não fique do lado dos animais assassinos, como a orca, que depois de matar três pessoas continua, como foi anunciado, "fazendo parte do time", no parque americano. Antes de usar um adesivo "salve as baleias", eu quero um adesivo "salve as pessoas, que são parte da natureza". (LUFT, Lya. Quando a natureza mata. Veja, São Paulo, ano 43, n. 11, p. 24, 17 mar. 2010.) www.pciconcursos.com.br LÍNGUA PORTUGUESA 2 01. O principal objetivo comunicativo do texto é: a) informar sobre as mazelas da natureza. b) alertar o homem sobre os perigos das catástrofes naturais. c) descrever a natureza cruel presenciada na infância. d) refletir sobre a natureza humana. 02. O texto escrito por Lya Luft tem características específicas de um determinado gênero textual denominado: a) resumo crítico. b) biografia. c) artigo de opinião. d) carta do leitor. 03. De acordo com a autora, é INCORRETO afirmar que: a) há uma onda de maldade e frieza na sociedade. b) as pessoas são parte da natureza. c) a crueldade da natureza causa a maldade humana. d) a natureza mata pela mão do homem. 04. Leia as afirmativas abaixo referentes à autora do texto: I. Mantém comportamentos adquiridos na infância. II. Culpa a natureza e não os homens pela crueldade. III. Responsabiliza as tecnologias de informação pelas mazelas mundiais. IV. Deixa-se levar pela emoção em seu posicionamento sobre as pessoas. V. Acredita que nada pode ser feito para salvar as pessoas. Dentre as afirmativas apresentadas, de acordo com o texto, estão CORRETAS apenas: a) I e IV. b) II e V. c) III e IV. d) I e V. 05. A partir da leitura do texto, é CORRETO afirmar que: a) a autora prega o extermínio das baleias orca. b) a natureza ficou minúscula, cruel e dominadora. c) as pessoas devem repensar as relações humanas. d) apenas a natureza pode moldar o comportamento das pessoas. 06. Das passagens abaixo, aquela que NÃO evidencia o ponto de vista da autora em relação à natureza é: a) “[...] a velha mãe se manifesta em estertores [...].” (linhas 6 e 7) b) “Mata pela mão dos humanos [...].” (linha 10) c) “[...] mata com muito mais crueldade através de nós [...].” (linha 21) d) “[...] a gente agradece por escapar com vida.” (linha 16) www.pciconcursos.com.br LÍNGUA PORTUGUESA 3 07. “De modo que, como me dizia um amigo, o ser humano não tem jeito, não.” (linha 25) A expressão “de modo que” foi utilizada com a finalidade de: a) comparar duas ideias opostas. b) reforçar uma posição anterior. c) introduzir apenas uma retificação. d) contrastar o discurso do autor. 08. “[...] ‘salve as pessoas, que são parte da natureza’.” (linha 35) A principal função dos pronomes relativos é unir duas orações que se referem a um mesmo assunto, evitando a repetição de palavras, tornando o texto mais claro e objetivo. No fragmento acima, o pronome relativo “que” em destaque exerce a função de: a) sujeito. b) objeto direto. c) objeto indireto. d) predicativo do sujeito. 09. “De um lado, os cuidadores, que vão de pais e mães até médicos e enfermeiras; do outro lado, os destruidores, que são os bandidos, mas também (que tristeza) eventualmente pais e parentes.” (linhas 25 a 27) Na informação destacada no trecho acima, os parênteses foram utilizados com a intenção de: a) evidenciar o ponto de vista do autor do texto. b) destacar um comentário contraditório do autor do texto. c) ressaltar um questionamento dos destruidores. d) intensificar a opinião dos cuidadores. 10. “Mas a natureza não mata apenas com enchentes, deslizamentos, terremotos e tsunamis. Mata pela mão dos humanos, o que pode parecer um fato em escala menor, mas é bem mais preocupante. Homens, mulheres e meninos-bomba quase diariamente se explodem levando consigo dezenas de vidas inocentes: pais de família, mãesou crianças, mulheres fazendo a feira, jovens indo para a escola.” (linhas 10 a 13) Considere as afirmativas referentes ao fragmento acima: I. O termo “apenas” introduz uma informação com valor semântico de exclusão. II. Em “meninos-bomba”, o termo “bomba” foi utilizado metaforicamente e caracteriza o termo “meninos”. III. O termo “bem” pode ser substituído por “geralmente” sem que haja perda substancial de sentido. IV. Em “jovens indo para a escola”, o verbo está no infinitivo e indica uma ação contínua. V. A expressão “vidas inocentes” faz referência aos substantivos pais, mães, crianças, mulheres e jovens. Está CORRETO o que se afirma apenas em: a) II, III e IV. b) II e V. c) I, III e IV. d) I e V. www.pciconcursos.com.br LÍNGUA PORTUGUESA 4 Texto 2 Leia o texto abaixo, publicado na revista IstoÉ, como informe publicitário da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (abap), e responda às questões de 11 a 20: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Complete as lacunas. "Não basta ser pai, tem que participar. Não basta ser remédio, tem que ser __________." "Tem coisas que só a __________ faz para você." ou ainda: "Postos __________. Apaixonados por carro como todo brasileiro." Achou fácil? Não precisa se vangloriar: é fácil mesmo. Afinal, estamos falando de campanhas célebres, que saíram do horário comercial e entraram no coração do consumidor. Campanhas que não se limitaram a vender um produto, mas criaram a identidade de uma marca. Não faltam exemplos de marcas que apoiaram suas estratégias vitoriosas em uma publicidade memorável. Pense em Bombril®, um produto que tem 76% de market share (apesar de ter um concorrente com características idênticas às suas). Pense em Skol®, uma marca que, graças a uma campanha tão brilhante quanto longeva, se tornou líder de uma das categorias mais concorridas do mercado. Pense em Havaianas®, uma sandália de borracha que virou ícone fashion e exportou o espírito brasileiro para todo o mundo. A propaganda não transforma apenas a história de marcas e produtos, mas também muda a vida dos consumidores. Exagero? Nem um pouco. Décadas atrás, quem ensinou as mulheres a usar absorventes descartáveis? Não, não foram as suas mães, mas os comerciais de Modess® que conseguiram falar de um assunto tão delicado de um jeito claro e direto. Por sua vez, os antigos filmes de Cotonetes® mostraram aos pais uma maneira mais adequada de cuidar da higiene dos filhos. Assim como toda a comunicação de escovas de dentes, que sempre explicou a forma correta de fazer a escovação. Repare: não estamos falando da propaganda pública, bancada por governos ou ONGs, mas de campanhas feitas pela iniciativa privada. E que, mesmo com todos os interesses econômicos envolvidos, contribuíram para que o brasileiro criasse uma série de atitudes mais positivas e saudáveis. É isso o que a propaganda faz. E, parafraseando uma antiga assinatura de Brastemp®, isso também não tem comparação. Propaganda. Faz diferença. abap / aba (Revista IstoÉ, São Paulo, ano 34, n. 2108, p. 65, 7 abr. 2010.) 11. A principal intenção comunicativa do texto é: a) informar o leitor sobre a evolução da propaganda. b) conscientizar o leitor sobre a importância da propaganda. c) instruir o leitor sobre a propaganda do setor público. d) problematizar para o leitor a relação entre propaganda pública e privada. 12. De acordo com o texto, é INCORRETO afirmar que a propaganda: a) transforma a vida das pessoas. b) educa também o povo brasileiro. c) muda a identidade de certas marcas. d) apresenta estratégias memoráveis. 13. Leia as afirmativas abaixo referentes ao texto: I. A publicidade se limita à venda de uma marca ou produto. II. A propaganda transforma a vida das pessoas através do consumismo. III. A publicidade tem um papel importante na formação de atitudes do brasileiro. IV. Apenas a publicidade privada é capaz de educar o brasileiro. V. Certas propagandas não estão só na televisão, mas no coração do brasileiro. Dentre as afirmativas apresentadas, estão CORRETAS apenas: a) III e V. b) II e IV. c) I, II e IV. d) I, III e V. www.pciconcursos.com.br LÍNGUA PORTUGUESA 5 14. Segundo o texto, é fácil completar as lacunas com os nomes dos produtos porque: a) os consumidores conhecem as marcas célebres pelo slogan. b) as campanhas apresentam características vendáveis dos produtos. c) os produtos são anunciados pelos slogans somente no horário comercial. d) as campanhas divulgam a identidade de uma marca como estratégia de consumo. 15. “A propaganda não transforma apenas a história de marcas e produtos [...].” (linhas 8 e 9) Na frase, a palavra “apenas” pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por: a) todavia. b) até mesmo. c) no entanto. d) unicamente. 16. "Não basta ser pai, tem que participar. Não basta ser remédio, tem que ser __________." "Tem coisas que só a __________ faz para você." ou ainda: "Postos __________. Apaixonados por carro como todo brasileiro." (linhas 1 e 2) O uso das aspas no trecho acima indica: a) a fala do povo brasileiro sobre certos produtos encontrados no mercado. b) a posição irônica do autor sobre certas marcas de produtos nacionais. c) a retomada de slogans publicitários apresentados na mídia brasileira. d) a citação de slogans de marcas consumidas por uma determinada classe social. 17. “Repare: não estamos falando da propaganda pública [...].” (linhas 13 e 14) Em relação ao termo “repare”, é CORRETO afirmar que: a) confere ao texto um tom de formalidade. b) estabelece um diálogo hipotético com o leitor. c) sugere uma contradição por parte do autor. d) introduz uma exemplificação. 18. “Pense em Skol®, uma marca que, graças a uma campanha tão brilhante quanto longeva, se tornou líder de uma das categorias mais concorridas do mercado.” (linhas 6 e 7) A respeito do vocábulo “longeva”, é CORRETO afirmar: a) Pode ser substituído pela palavra ‘duradoura’ sem prejuízo de sentido. b) É um neologismo pouco utilizado na língua portuguesa. c) É uma figura de linguagem. d) Sugere que a campanha é longínqua. 19. O texto em questão é uma propaganda. No que diz respeito a esse gênero textual, é INCORRETO afirmar que: a) trata-se de um discurso publicitário. b) tem o objetivo de convencer para atingir consumidores. c) caracteriza-se por apelos emocionais. d) apresenta argumentos ilógicos, mas emocionais. www.pciconcursos.com.br LÍNGUA PORTUGUESA 6 20. Assinale a afirmativa CORRETA: a) Em “[...] isso também não tem comparação.” (linha 16), o pronome “isso” se refere à propaganda da Brastemp. b) Em “[...] isso também não tem comparação.” (linha 16), o pronome “isso” se refere à comparação entre propaganda pública e privada. c) Em “É isso o que a propaganda faz.” (linhas 15 e 16), o pronome “isso” se refere às atitudes positivas e saudáveis do brasileiro. d) Em “É isso o que a propaganda faz.” (linhas 15 e 16), o pronome “isso” se refere aos interesses econômicos dos brasileiros. www.pciconcursos.com.br