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A história da formação do sistema
internacional
As dinâmicas de construção de um sistema internacional como um conceito contemporâneo estruturado,
deslocamento da ideia de um evento inaugural.
Prof. Rodrigo Perez
1. Itens iniciais
Propósito
Estudar a formação do sistema internacional que serve como matriz para a globalização, e é uma das
principais características do mundo contemporâneo, é fundamental para os profissionais das áreas de
História, Relações Internacionais, Economia internacional.
Objetivos
Analisar a formação histórica do sistema internacional globalizado, com raízes no período entre os
séculos XV e XVII.
Reconhecer a inserção da América no sistema internacional moderno.
Identificar as críticas pós-coloniais e decoloniais ao sistema internacional moderno eurocentrado.
Introdução
Poucos discordarão se dissermos que a globalização, entendida como uma rede mundial de troca de pessoas,
mercadorias, capitais e ideias, é uma das principais características do mundo contemporâneo. 
Contudo, é necessário aprofundar essa ideia, mostrando que as raízes da globalização nos remetem a um
momento anterior na história, especificamente ao período compreendido entre meados do século XV e fins do
século XVII. 
Nesses séculos, aconteceu uma das experiências mais impressionantes da história: a expansão marítima e
comercial protagonizada pelas sociedades da Europa Ocidental, que alargou a ideia de “mundo” até então
conhecida, conectando diferentes regiões do globo em um fluxo cada vez mais intenso de trocas de
mercadorias, pessoas, capitais e ideias. 
As palavras conexão e troca podem nos levar ao erro de achar que a ligação entre Europa Ocidental e as
outras regiões do globo se deu de forma harmônica, sem conflitos. A realidade mostra que foi exatamente o
contrário. A história da globalização é marcada pela assimetria, pela violência, por práticas de genocídio
étnico e cultural. 
Para entendermos a complexidade dessa experiência, dividimos esse conteúdo em três partes. Primeiro,
estudamos a expansão marítima e comercial das sociedades da Europa Ocidental, que entre os séculos XV e
XVI fundaram o sistema internacional moderno. Em seguida, analisamos a inserção da América no sistema
internacional europeu moderno. Por último, discutimos as críticas pós-coloniais e decoloniais ao sistema
internacional eurocentrado. 
• 
• 
• 
Michel de Montaigne.
1. Valores liberais e o início da burguesia
As fronteiras do mundo conhecido em expansão
“Trata-se de uma nação [as sociedades indígenas americanas], diria eu a Platão, na qual não existe nenhuma
espécie de comércio; nenhum conhecimento das letras; nenhuma ciência dos números; nenhum magistrado
ou superioridade política; nenhuma vassalagem, riqueza ou pobreza; nenhum contrato, nenhuma sucessão,
nenhuma partilha; nenhuma ocupação que não seja ociosa; nenhuma consideração do parentesco, a não ser o
de todos; nenhuma roupa; nenhuma agricultura; nenhum metal; nenhum vinho ou pão. As próprias palavras
que significam mentira, traição, dissimulação, avareza, inveja, maledicência ou perdão lhes são
desconhecidas” (MONTAIGNE, 1987, p. 206).
Em março de 1580, foram publicados os Ensaios escritos
pelo jurista, político e filósofo Michel de Montaigne
(1533-1592). O texto teve grande impacto na época e se
tornou emblemático daquilo que podemos chamar de
cultura intelectual moderna. Não se trata, exatamente, de
um livro no sentido usual do termo, com enredo único e
dotado de coerência narrativa interna do início ao fim. Os
Ensaios são uma coletânea de textos escritos em diversos
momentos, em que Montaigne descreve suas sensações em
relação a um período bastante conturbado da história
moderna, marcado por guerras civis, por conflitos religiosos.
O século XVI também trouxe muitas novidades, como a
criação de novas formas de organização política (O Estado
moderno centralizado, por exemplo) e, principalmente, a
expansão marítima, que, ao colocar a Europa Ocidental em
contato com sociedades tão diferentes e até então desconhecidas, impactou profundamente o imaginário
europeu.
Curiosidade
Os Ensaios de Montaigne são atravessados por opiniões do autor a respeito das sociedades americanas
originárias. Não era raro que indígenas fossem levados para a Europa e expostos nas principais cidades
europeias, atraindo a curiosidade do público em geral. 
Como podemos perceber na citação inicial, o texto de Montaigne propõe certa leitura idealizada a respeito da
América, que seria uma espécie de “éden perdido”, no qual não existiriam a violência e a miséria que
caracterizaram a Europa no início da modernidade. Em outro trecho dos Ensaios, Montaigne discorre sobre
indígenas expostos em Paris em algum momento da década de 1560, chegando mesmo a serem levados para
eventos sociais da Corte francesa. O autor sugere ter conversado com alguns desses indígenas.
Jean Jacques Rousseau.
Eles [os indígenas] tinham percebido que havia entre nós homens gordos e fartos de todas as espécies
de comodidades, e que suas metades (eles possuem um modo em sua língua que diz serem os homens
metade uns dos outros) mendigavam à porta destes, consumidos pela fome e pela pobreza; e achavam
estranho que essas metades tão necessitadas aceitassem sofrer tamanha injustiça, e não agarrassem os
outros pelo pescoço ou ateassem fogo em suas casas.
(MONTAIGNE, 1987, p. 214) 
Jamais saberemos se o caso narrado por Montaigne é verdadeiro, ficcional ou a combinação de ambos. Pouco
importa. Interessante mesmo é perceber como o encontro proporcionado pela expansão marítima impactou
profundamente a cultura europeia, inspirando o desenvolvimento de uma tradição de pensamento político que
pintou o “novo mundo” como modelo de uma sociedade romântica e não maculada pelas mazelas da
modernidade. Essa perspectiva precedeu Montaigne e se projetou para além dele. Já em 1516, Thomas More
(1478-1535), no livro Utopia, tratou a América como o lugar da vida social feliz, simples e primitiva. 
No século XVIII, Jean Jacques Rousseau consolidou
(1712-1778) essa imagem no livro Do contrato social,
publicado em 1762, no qual Rousseau formulou a imagem
do “bom selvagem”, que seria o ser humano naturalmente
bom e virtuoso, inspirado no imaginário europeu a respeito
do indígena americano.
A América é um dos pilares do imaginário europeu moderno,
o que demonstra como os encontros culturais afetam todas
as partes envolvidas. Reforçar esse argumento é importante
para não incorremos no equívoco de pressupor uma Europa
toda poderosa que despeja influência cultural em uma
América passiva. Definitivamente, não! Como demonstrou o
antropólogo norte-americano Marshall Sahlins no importante livro Ilhas de História, a modernidade inaugurou
um tipo de “encontro cultural total e estrutural”, que construiu um sistema mundo marcado pela interferência
recíproca, e de mão dupla, entre as partes envolvidas.
Não existe interação cultural que seja de mão única, como se fosse possível que uma cultura ficasse
incólume e funcionasse apenas como centro radiador de influências, e as outras culturas fossem meros
receptáculos passivos. Como demonstra a prática histórica do encontro entre europeus e sociedades
nativas da América central, a interação sempre se dá de modo dual e recíproco. 
(SAHLINS, 1997, p. 23) 
O autor está tratando, exatamente, do encontro entre europeus e americanos, tendo como contexto de análise
a América central. “Dualidade”, “interação” e “influências recíprocas” são termos centrais na análise
desenvolvida por Sahlins, mas é importante ter algum cuidado com essas formulações, pois elas podem
sugerir que todo esse processo se deu de forma horizontal, dialógica e sem violência.
A história da conquista e da colonização da América mostra realidade bastante diferente. Como veremos na
última seção deste estudo, há autores que usam a palavra genocídio para definir essa experiência, que funda
o sistema internacional moderno. A seguir, tratamos da cronologia e da dinâmica histórica da expansão
marítima europeia.
Cronologiae dinâmica histórica da expansão marítima
europeia
Em meados do século XV, Portugal deu início a um movimento expansionista no Oceano Atlântico que ficaria
conhecido como Grandes Navegações, Expansão Marítima, ou a Era dos Descobrimentos. Logo em seguida, a
Espanha protagonizou movimento semelhante.
O pioneirismo ibérico na expansão marítima fez com que Portugal e Espanha tenham se tornado as primeiras
potências modernas. Outras nações europeias, como França e Inglaterra, também fizeram seus movimentos
expansionistas, mas em período posterior quando comparadas com portugueses e espanhóis.
Os principais eventos que marcam a cronologia da expansão marítima europeia são:
1415
Ceuta
Conquista de Ceuta, no norte da África, tratada como o marco inicial da expansão marítima
portuguesa.
1434
Cabo Bojador
O navegador Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador, na costa do atual Saara Ocidental, até então era o
ponto mais meridional conhecido na costa da África.
1446
Guiné
Portugueses chegam à costa da Guiné, atual Guiné-Bissau.
1460
Cabo Verde
Diogo Gomes e António de Nola descobrem o desabitado arquipélago de Cabo Verde.
1462
Ilha de Santiago
Os primeiros colonos portugueses fixam-se na Ilha de Santiago, que serviria como centro de
armazenamento de escravos enviados da África para as plantações no continente americano.
1479
Paralelo das Canárias
Assinatura do Tratado de Alcáçovas, que pôs fim à Guerra da Sucessão em Castela (Espanha), atribui
a Portugal o senhorio da Guiné, Cabo Verde, Açores e Madeira, além da conquista de Fez (Marrocos).
A Espanha é concedida ao senhorio das Canárias e a conquista do reino de Granada. A divisão entre a
expansão portuguesa e a castelhana passa a ser o paralelo das Canárias.
1487
Cabo das Tormentas
Bartolomeu Dias supera o Cabo das Tormentas, que mais tarde passaria a chamar-se Cabo da Boa
Esperança (África do Sul).
1487
Angola
Descoberta de Angola. Caravelas portuguesas comandadas pelo navegador Diogo Cão chegam ao
estuário do rio Congo em 1482. Seis anos mais tarde, atingiram o então reino de Ngola. O sistema
económico colonial em Angola assentaria, sobretudo, no lucrativo comércio de escravos. A maior
parte da mão de obra escrava seguia para o Brasil, para a Madeira e para São Tomé. Além dos
propósitos de evangelização, durante os vários séculos de colonização, Portugal tenta tirar partido
comercial do território angolano, extremamente rica em recursos naturais (petróleo, diamantes, ouro,
chumbo, volfrâmio, ferro, cobre etc.).
1492
Ilha da Guanahani
Fim da guerra da reconquista e unificação do reino espanhol. O navegador genovês Cristóvão
Colombo é autorizado pelo rei Fernando de Castela a buscar uma rota ao norte de acesso às Índias,
fonte do comércio de especiarias. No mesmo ano, em outubro, a esquadra de Colombo chegou à Ilha
da Guanahani, hoje correspondente ao território da América Central.
1494
Tratado de Tordesilhas
Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas, símbolo da hegemonia ibérica nos primeiros
séculos da modernidade.
1498
Moçambique
Vasco da Gama aporta em Moçambique, a caminho da Índia. Partindo de Sofala e da Ilha de
Moçambique, os exploradores portugueses começam a estabelecer os primeiros entrepostos
comerciais e a conceder terras aos colonos.
1500
Brasil
Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil. Na carta que envia depois ao rei D. Manuel, Pero Vaz de
Caminha faz uma descrição detalhada do local, ao qual chamam “Terra de Vera Cruz”. A armada de
Pedro Álvares Cabral prossegue a viagem para a Índia, contribuindo para o estabelecimento das
bases do “Império Português”. Dois anos depois, Vasco da Gama realiza a segunda viagem à Índia,
conquista Calicute e estabelece uma feitoria em Cochim.
1590
América do Norte
A Inglaterra realiza seu primeiro empreendimento expansionista, com a missão chefiada por Walter
Raleigh, que tentou instaurar colônias na América do Norte.
Década de 1590
Pirataria francesa
A França também se lança ao oceano, investindo em atividades de pirataria no assédio a territórios
que, segundo o Tratado de Tordesilhas, pertenciam a Espanha e Portugal. A França instalou colônias
na América Central, na América do Sul e na América do Norte.
Mas qual era a Europa que estava expandindo seus domínios e sua influência entre os séculos XV e
XVII?
Antes de tudo, é necessário ter clareza de que as sociedades em expansão não viviam o apogeu de seu
desenvolvimento e pujança. Muito pelo contrário, pois a expansão marítima e comercial foi impulsionada por
uma situação de colapso estrutural que, em apenas um século, ceifou a vida de 1/3 das pessoas que viviam na
Europa e que costumamos chamar de Crise do Feudalismo, ou de Crise do século XIV.
Pujança
grande força; vigor, robustez.
Para o historiador Guy Fourquin (1976), contraditoriamente, a crise do século XIV tem suas origens em um dos
principais momentos de prosperidade da história medieval, que aconteceu no século XI. O autor argumenta
que essa prosperidade se explica pelos seguintes fatores:
Crescimento demográfico
Ocorrido em diferentes pontos da Europa Ocidental (correspondente à
atual França, ao Reno, à Itália, Alemanha Ocidental, Bélgica e Holanda),
em virtude de inovações técnicas no cultivo.
Alargamento da fronteira agrícola
Impulsionada pelo crescimento demográfico, resultou na ocupação da
Inglaterra, na expansão de 1070, promovida por Guilherme “O
conquistador”, o Duque da Normandia.
Expansão das cidades
Aumento das despesas senhoriais.
A partir do século XII, portanto, os gastos dos senhores aumentam vertiginosamente, porém, a arrecadação
senhorial permanece a mesma (direito do servo na estabilidade dos impostos). 
Diante disso, o senhor encontra-se perante a um dilema: como manter seu status quo?
É preciso ter clareza do fato de que o sistema feudal possui uma racionalidade econômica específica que não
deve ser lida na perspectiva do capitalismo. No feudalismo, as pessoas realizam opções econômicas que não
se enquadram na relação custo/receita. Nem toda atividade econômica do feudalismo passa pelo mercado,
sendo a tradição – os costumes – o principal parâmetro.
O esforço do estamento senhorial em aumentar suas receitas resultou na ocorrência de sucessivas revoltas
camponesas, o que comprometeu a produção e se desdobrou nas crises de mortalidade ao longo do século
XIV. Com isso, podemos considerar que a economia feudal não estava conseguindo dar vida à sua população.
Antes mesmo da chegada da peste negra (que acentuou a crise demográfica), a população já estava em
definhamento.
Nesse sentido, as sociedades da Europa Ocidental, pressionadas pela crise, apresentaram duas principais
respostas à situação de colapso estrutural:
A morte de Gustavo Adolfo durante a Batalha de
Lutzen, um dos conflitos que originaram o termo
“Guerra dos Trinta Anos”.
Ordem
A centralização do poder visando ao
restabelecimento da ordem.
Expansão
A busca de expansão das possibilidades de
importação.
Comentário
É interessante saber que a busca de expansão das possibilidades de importação levou à intensificação
do comércio marítimo de média e longa distâncias. 
Nos séculos XV e XVII, a história foi marcada por uma verdadeira corrida rumo ao Oceano Atlântico, o que
tensionou as relações entre as nações europeias, estimulando rivalidades e até mesmo guerras. 
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por exemplo, foi um
longo conflito que envolveu diversas nações europeias e
teve nas disputas territoriais, tanto na América como na
Europa, sua principal motivação. Por sua complexidade,
este pode ser considerado o primeiro grande conflito no
sentido moderno do termo, ou seja, protagonizado por
nações com estrutura de governança relativamente
centralizada.
A dinâmica do conflito mostrou a importância do
planejamento estratégico, o que acabou fortalecendo a
cultura política moderna, fundada no primado da
centralização administrativa. Um conjunto de tratados
assinados ao longo de 1648 pôs fim ao conflito, o que ficou
conhecido como a Paz de Westfalia, queestabeleceu os princípios do sistema internacional moderno, como a
ideia de soberania e de igualdade jurídica entre as nações.
Esses valores foram retomados pelo filósofo alemão Immanuel Kant, no final do século XVIII, no tratado A Paz
Perpétua, de 1795, considerado um dos textos mais importantes no tema das relações internacionais.
Escrevendo em um momento de grande instabilidade no sistema internacional europeu, em virtude dos
conflitos causados pela Revolução Francesa, Kant defendeu a necessidade de se recuperar os “princípios de
Westfalia”.
O objetivo era possibilitar a interação pacífica entre os Estados, em que a guerra é eliminada e só se faz
presente para fins estritamente necessários. Ela entendia ainda que os Estados não podem se sobrepor uns
aos outros, nem impor seus interesses políticos dentro de uma estrutura estatal interna consolidada.
Um ethos novo mundo
O pioneirismo ibérico é uma das principais questões estudadas por aqueles que se debruçam sobre o tema da
expansão marítima europeia.
Posição geográfica Tradição em conhecimentos
Interesses nas rotas comerciais
Todos esses fatores são apontados pelos historiadores como importantes na explicação da questão, mas é
importante destacar dois aspectos que são ainda mais fundamentais: a centralização administrativa e uma
particularidade do direito ibérico, que concentrava as heranças das famílias aristocráticas nos filhos mais
velhos, com o objetivo de evitar que a fragmentação da propriedade patriarcal enfraquecesse a linhagem.
O resultado foi a formação de uma nobreza empobrecida, ociosa e disponível para as aventuras no ultramar,
com o objetivo de alimentar um ethos aristocrático enfraquecido pela pobreza material. Mesmo tendo sido um
dos marcos fundamentais de inauguração da modernidade, a expansão marítima se deu nos quadros mentais
arcaicos, herdados do feudalismo, como explica o historiador Jean Schaub, confira:
Admite-se sem dificuldade que um novo rumo, não importando ser ele chamado de modernidade ou por
outro nome, começa para a história europeia após os Grandes Descobrimentos, como uma de suas
principais consequências. A partir do fim do século XV, a América produziu uma Europa nova. Os
europeus que registraram os processos sociais, econômicos, culturais e políticos gerados por seu
investimento nas Américas viram-se com isso profundamente transformados. Neste sentido, podemos
dizer que a dialética da construção de um domínio atlântico pôs fim ao que se costuma chamar, para
retomar a expressão de Jacques Le Goff, de “Civilização do Ocidente Medieval”. Mas os protagonistas
dessa irrupção nos espaços americanos, os Colombo, os Cabral, os Cortês, os Pizarro, ainda são
medievais. As representações do mundo, da sociedade, dos homens e de Deus de que são portadores
ainda são das do Ocidente Medieval. 
(SCHAUB, 2014, p. 108)
Seria equivocado, então, como argumenta o Schaub, pressupor que os valores que orientaram a expansão
marítima ibérica são os modernos, no sentido que hoje atribuímos ao termo.
Racionalidade do lucro capitalista, busca pelo enriquecimento material em si, investimento dos lucros na
cadeira produtiva: nenhum desses princípios e valores capitalistas orientou a expansão marítima portuguesa,
que, mesmo iniciada no século XV, tinha suas raízes em movimentos marítimos mais tímidos que já aconteciam
desde o século XII. 
Portugueses e espanhóis se lançaram ao oceano
impulsionados por uma mentalidade cruzadística, que
pretendia combater os “infiéis” (como eram conhecidos os
muçulmanos), mas ao mesmo tempo não rejeitavam
contatos comerciais com povos não cristãos, quando era
economicamente interessante.
Isso não significa, é claro, que a expansão marítima não
visava ao lucro, mas o reconvertia aristocraticamente.
O que isso significa?
Cristóvão Colombo desembarcando em São Salvador,
em Outubro de 1492.
O historiador português Vitorino Magalhães Godinho no livro A expansão quatrocentista portuguesa (1976),
publicado em 1944, propõe o conceito “cavaleiro-mercador”. Os dados apresentados pelo autor demonstram
que grande parte dos homens envolvidos com a expansão marítima pertenciam à nobreza portuguesa, sendo
sobretudo os filhos mais novos das famílias aristocráticas. 
Sabemos que legislação portuguesa (tal como a espanhola) concentrava a totalidade da propriedade paterna
no filho homem mais velho, visando à fragmentação da herança e ao enfraquecimento da linhagem. 
O resultado disso foi a formação de uma aristocracia
empobrecida que via no ultramar a possibilidade de status e
recursos materiais cujo objetivo era alimentar o ethos
aristocrático. Sendo assim, o evento que usualmente é
tratado como o primeiro capítulo da história moderna
(expansão marítima) foi impulsionado por aqueles que
queriam preservar os valores feudais e medievais.
A seguir, atravessaremos o Oceano Atlântico para
estudarmos a inserção do continente americano no sistema
internacional moderno europeu entre os séculos XVI e XVII.
O início da Burguesia
Agora vamos fazer as ligações? Professor Rodrigo Perez explica como a formação da burguesia e sua
consolidação é o marco de um efetivo Novo Mundo. 
Conteúdo interativo
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Atividade Discursiva
Atividade Discursiva 1
A Paz de Westfalia (1648) foi fundamental na formação do sistema internacional moderno. Discuta essa
afirmação.
Ratificação do Tratado de Münster (1648), que inaugurou o moderno sistema
internacional, ao acatar princípios como a soberania estatal e o Estado-nação de
Gerard Terborch.
Chave de resposta
Você deve saber que a Paz de Westfalia consistiu em um conjunto de tratados que pôs fim à Guerra dos
Trinta Anos (1618-1648) e estabeleceu os princípios jurídicos do sistema internacional moderno, com a
ideia de soberania estatal e de igualdade jurídica entre as nações.
Atividade Discursiva 2
A categoria cavaleiro-mercador, desenvolvida pelo historiador português Vitorino Magalhães Godinho, ajuda-
nos a entender os valores que impulsionaram a expansão marítima portuguesa. Discuta essa afirmação.
A Carraca era um tipo de navio dos séculos XV e XVI, criado pelos Portugueses
especificamente para as viagens oceânicas.
Chave de resposta
Você precisa saber que o autor demonstra que a expansão marítima portuguesa foi protagonizada pela
nobreza empobrecida, que tinha o objetivo de alimentar seu ethos aristocrático, em uma lógica social
medieval.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Impactos do descobrimento da América no imaginário Europeu
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Cronologia da expansão marítima
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A visão dos historiadores sobre a expansão marítima
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Michel Montaigne, Thomas More e Jean Jacques Rousseau são representantes de uma tradição de
pensamento político que tem a América como tema importante. Assinale entre as alternativas a seguir aquela
que melhor define esse pensamento político.
A
Nos textos desses três autores, a América é representada como o lugar da barbárie, que deveria ser civilizada
pela Europa.
B
Nos textos desses três autores, a América é representada como o lugar do desenvolvimento industrial e
urbano, que deveria servir como exemplo para o desenvolvimento europeu.
C
Nos textos desses três autores, a América é representada como um laboratório do sistema socialista, o que
inspirou a teoria marxista desenvolvida no século XIX.
D
Nos textos desses três autores, a América é representada como o “éden perdido”, lugar das liberdades
primitivas e da simplicidade que teria se perdido na modernidade europeia.
E
Nos textos desses três autores, a América é representada em perspectiva trágica, como o lugar da
decadência humana.
A alternativa D está correta.
Você precisa saber que os autores citados tratam aAmérica em perspectiva romântica, como o "éden
perdido", lugar de liberdades e felicidades primitivas que teriam destruídas pela própria modernidade.
Questão 2
No livro Ilhas de História, o antropólogo norte-americano Marshall Sahlins desenvolveu uma teoria dos
encontros culturais a partir do caso da interação entre europeus e nativos na América Central. Assinale, entre
as alternativas a seguir, aquela que melhor define essa teoria.
A
Segundo a teoria de Sahlins, a interação cultural sempre se dá de forma recíproca e pacífica, sem violências
estruturais.
B
Segundo a teoria de Sahlins, os encontros culturais são marcados pela transferência de influência da cultura
superior para a cultura inferior.
C
Segundo a teoria de Sahlins, os encontros culturais são marcados apenas pela violência da cultura superior
sobre a cultura inferior.
D
Segundo a teoria de Sahlins, os encontros culturais são sempre tutelados pelas culturas periféricas, que por
serem em maior número conseguem influenciar as culturas expansionistas.
E
Segundo a teoria de Sahlins, os encontros culturais são marcados pela interação dual e recíproca, na medida
em que todas as partes envolvidas influenciam e são influenciadas entre si.
A alternativa E está correta.
Você precisa saber que a teoria elaborada por Sahlins está fundada em termos como "interação",
"dualidade" e "reciprocidade", partindo da premissa de que os encontros culturais acarretam a
transformação de todas as partes envolvidas.
2. A inserção da América no sistema internacional europeu
Novo mundo: uma invenção
O sistema internacional moderno, que começou a ser formado com a expansão marítima ainda no século XV,
reunia sociedades expansionistas (as europeias) e sociedades que eram objeto e alvo dessa expansão (as
nativas da América, África e Ásia). Como sabemos, isso não quer dizer que o contato tenha se dado de modo
passivo, como se as sociedades-alvo fossem incapazes de impactar as sociedades expansionistas.
A construção de um imaginário sistema internacional precisa de algumas estruturas básicas: o Estado, a
nação, a diplomacia são alguns elementos sociais estabelecidos como ideal de um novo espírito. É necessário
construir uma abordagem de valores que determinam o Estado nacional.
Atenção
No entanto, é preciso ter cuidado para não tomarmos a ideia de interação recíproca como sinônimo de
interação pacífica. A realidade histórica da inserção da América, da África e da Ásia no sistema
internacional moderno foi atravessada pelas maiores manifestações de violência da história humana,
definidas como “genocídio” por alguns autores. 
Por ora, é importante entender como se organizavam as sociedades-alvo antes do contato com os europeus.
Tomemos como estudo de caso as sociedades nativas da América. 
A América antes do contato com os europeus
Consagrou-se na bibliografia a divisão das sociedades nativas da América em dois grupos: altas e baixas
culturas. No livro A sociedade contra o Estado (2017), o antropólogo francês Pierre Clastres chama a atenção
para a importância de não hierarquizarmos as “altas e as baixas culturas”, como se os termos indicassem
diferenças de desenvolvimento entre elas. O critério da classificação está no modo de organização do poder
político. Veja:
Altas culturas
Seriam as sociedades localizadas na parte
central da América, nas margens do Oceano
Atlântico e nos Andes. Estavam politicamente
organizadas na estrutura do Estado
centralizado.
Baixas culturas
Seriam as sociedades localizadas na região da
América do Sul Florestal, hoje correspondente
ao território brasileiro. Segundo Pierre Clastres,
deliberadamente recusam esse tipo de
organização política.
Saiba mais
As altas culturas também são conhecidas como sendo as sociedades Incas, Astecas e Maias. Elas
distribuíam-se geograficamente pelos territórios do Planalto de Anahuac. 
Concentremos nossa atenção no contato das altas culturas com os colonizadores espanhóis, pois aí podemos
perceber com clareza a complexidade da experiência da conquista da América, que envolveu guerra, trocas
culturais e comerciais e articulações geopolíticas e diplomáticas.
“A sofisticação agrícola refletia-se na crescente estratificação, isto é, na formação de hierarquias: nobreza,
soldados e elites religiosas, um grupo de comerciantes e hábeis artesãos voltados para a produção de bens
orientados pelas demandas da elite, e a grande massa de agricultores. A expansão de uma comunidade às
expensas das vizinhas, o estabelecimento da hegemonia sob a forma do pagamento de um tributo anual ou da
incorporação a um império integrado explicitavam o exercício de pressões sobre os agricultores na base da
economia e da sociedade, pressões essas responsáveis pela eclosão de revoltas por vezes bem-sucedidas”
(PINSKY, 2010, pp. 14-15).
Em 1521, soldados espanhóis liderados saquearam Tenochtitlán.Obra: Storming of
the Teocalli by Cortez and His Troops, Emanuel Leutze, 1848.
Cerca de dois séculos antes da chegada dos europeus, a sociedade asteca, em expansão e desestabilizada
por conflitos sociais, apresentava a seguinte organização: 
Calpulli
A formação social baseadas nos calpulli, que
eram grupos exogâmicos, ou seja, formados por
diferentes famílias.
Pipiltins
Os calpulli estavam submetidos aos pipiltins,
funcionários do Estado encarregados da
administração política e da cobrança de
impostos.
Tlatoani
O Estado imperial, centralizado em
Tenochtitlán, hoje cidade do México, era
chefiado pelo Tlatoani.
Tlatlacotin
Na base da hierarquia social, estavam os
tlatlacotin, equivalentes aos escravos.
Atahualpa, o último Inca do império, foi executado pelos espanhóis em 29 de agosto
de 1533.Obra: The Funerals of Inca Atahualpa, Luis Montero, 1867.
No momento da chegada dos europeus, o Império Inca possuía a seguinte organização social: 
Kurakas
A vida social se baseava nos ayllus, diferentemente dos Calpulli astecas, eram grupos endogâmicos
que trocavam produtos entre si, de acordo com o grau de parentesco. Esses grupos eram chefiados
pelos kurakas.
Ayllus
Os ayllus funcionavam como “ilhas produtivas” dispersas ao longo dos Andes.
Funcionários públicos
Acima dos kurakas, estavam os funcionários públicos responsáveis pela extração da Mit’a.
Saiba mais
A Mit'a foi um regime de trabalho existente na região conquistada pelo Império espanhol na América do
Sul. identificado com as minas. Essa prática convencionou a concentração de indígenas em
determinados locais, privados da dispersão da área rural. 
Sociedades tão complexas e plurais não podem ser tomadas como blocos homogêneos, sendo atravessadas
por disputas internas, que foram exploradas pelos conquistadores espanhóis, como veremos a seguir. 
A conquista da América
De acordo com o historiador Tzvetan Todorov, a conquista europeia da América pode ser compreendida entre
1492 e 1591, período no qual as complexas sociedades ameríndias foram subjugadas à lógica colonial.
J. H. Elliott, outro historiador especializado no tema, também acredita que a conquista da América nos coloca
diante de um dos desfechos mais improváveis entre todos os processos históricos humanos.
“Parece à primeira vista que a superioridade
numericamente esmagadora das populações
indígenas oferecia pouca chance a pequenos
bandos de espanhóis ligados a suas bases
distantes apenas por linhas muitas precárias de
aprovisionamento.
 
Todavia, nos primeiros estágios da conquista, a
complexa diversidade dessas populações
operou a favor dos espanhóis, embora em um
momento posterior isso viesse a provocar
sérias dificuldades” (ELLIOTT; 1997. p. 161).
Como sociedades tão complexas e tão numerosas foram subjugadas em tão pouco tempo?
Para Tzvetan Todorov, essa explicação deve ser buscada, sobretudo, a partir da perspectiva da comunicação
e da linguagem. Os europeus que chegaram à América no final do século XV estavam marcados por uma
cosmovisão híbrida, formada pela combinação de valores modernos e pré-modernos, enquanto os nativos
possuíam uma cosmovisão constituída por elementos mitológicos.Nas palavras do autor:
“Em processo de construção da mentalidade moderna, os espanhóis tomaram as sociedades nativas da
América como objeto a ser explorado, não apenas no aspecto mercantil, mas também no cognitivo. Houve o
esforço de compreensão, nos quadros de uma racionalidade moderna ainda rudimentar, mas já equipada com
métodos e valores que consolidariam posteriormente. Já os nativos ainda estavam embebidos de uma
cosmovisão mitológica que os incapacitou de ler o encontro com os espanhóis na chave do ineditismo. Essa
diferença de percepção foi fundamental para que as respostas das duas partes envolvidas tenham sido
diferentes e essa diferença foi favorável aos conquistadores.” (TODOROV, 2009, p. 32)
Hernán Cortez.
Segundo Todorov, o conquistador Hernán Cortez
(1485-1547) pode ser considerado como o símbolo dessa
mentalidade política e cognitiva moderna, marcada pelo
interesse em entender e se comunicar com os astecas, no
que o autor chama de “curiosidade intransitiva”. Desde o
início, Cortez percebe que o grande império central
(mexica) domina povos do litoral (maias). O conquistador
tem, então, a capacidade de controlar a emissão e a
recepção de enunciados. Cortez proíbe seus homens de
pilhar e violentar mulheres, visando buscar apoio de tribos
aliadas. Cortez está aberto à recepção de mensagens e
nesse espaço se encontra aberto para o outro. Nesse
momento, o conquistador espanhol apresenta uma enorme
habilidade de controlar a emissão de enunciados e
dissimulá-los. Lógica semelhante pode ser aplicada ao caso
da conquista do Império Inca, por Fernando Pizarro.
“O Império que Pizarro se defrontou era mais firmemente organizado do que o dos mexicas, mas a própria
firmeza de sua organização serviu para multiplicar suas tensões internas. A estrutura política inca, com sua
demanda contínua e meticulosamente regulamentada de mão de obra, pesava fortemente sobre os ayllus, as
comunidades clássicas das aldeias, criando uma população submissa que, embora dócil, era também
ressentida, principalmente na região de Quito, onde o domínio inca era relativamente recente.” (ELLIOTT, 1997,
p. 171).
Elliott destaca, ainda, outro aspecto que foi fundamental para a conquista das “altas culturas”: a esfera
microbiótica.
“A conquista da América foi uma conquista feita tanto por micróbios quanto por homens, às vezes marchando
à frente dos principais contingentes espanhóis, outras vezes seguindo em sua esteira. Sobretudo nas regiões
densamente povoadas. Como o México central, o papel desempenhado pelas epidemias no solapamento tanto
da capacidade quanto da vontade de resistir constitui uma boa explicação para o caráter súbito e completo do
sucesso espanhol“ (ELLIOTT, 1999, p. 170).
Ao longo do século XVI, a América ficou sugestivamente conhecida na Europa como “novo mundo”. Todo o
processo da conquista e da colonização do território precisa ser lido na perspectiva de uma história global e
conectada. Isso significa partir da premissa de que todos os eventos que acontecem em parte específica do
sistema têm relação com outros eventos que acontecem em outras partes. Essa conexão fica muito evidente
se relacionarmos à contrarreforma católica, que marca a história europeia do século XVI e a colonização
portuguesa na América do Sul.
A colonização da América e a contrarreforma católica
A história europeia do século XVI foi marcada por uma série de conflitos que ficaram conhecidos como
Guerras Civis Religiosas. Seria equivocado, entretanto, acreditar que a única motivação para esses conflitos
foi a religiosa.
Era um momento de afirmação das monarquias nacionais e a autoridade universalista da Igreja Católica era
vista como ameaçadora para esses novos regimes de poder. As reformas religiosas tiveram a seguinte
cronologia:
1517
Reforma Luterana
Comandada por Martinho Lutero (1483-1546).
1525
Reforma Anabatista
Com destaque para o pregadores Thomas Müntzer (1489-1525).
1527
Reforma Anglicana
Comandada por Henrique VIII (1491-1547).
1564
Reforma Calvinista
Comandada por João Calvino (1509-1564).
Cada uma dessas reformas teve suas especificidades, sendo todas marcadas, de alguma forma, pelo conflito
entre as pretensões universalistas da Igreja Católica e os interesses nacionais das novas monarquias
centralizadas.
Interessa-nos entender como a reação da Igreja Católica foi muito influente em Portugal e na Espanha e como
isso afetou diretamente a colonização da América Ibérica. Temos, aqui, exemplo claro de história global
conectada, abordagem propícia para a compreensão da dinâmica do sistema nacional moderno.
Diante do avanço do reformismo protestante, a Igreja Católica empreendeu esforços institucionais de
reorganização e reação, no que ficou conhecido como Contrarreforma Católica. Em 1545, o Papa Paulo III
convocou o Concílio de Trento, que formulou as estratégias de resistência, entre as quais, podemos destacar:
Condenar os princípios dos protestantismos, especialmente a noção luterana de “sacerdócio
individual”, segundo a qual o cristão poderia ser o seu próprio sacerdote, prescindindo, assim, da
mediação institucional da Igreja Católica.
 
Reafirmar a doutrina católica, sobretudo o sacramento da comunhão, destacando a importância da
mediação institucional na relação entre Deus e o cristão.
 
Reafirmar a necessidade da fé e das boas obras para a salvação, contrariando a tese luterana de que
bastaria apenas a fé. Assim, caberia à autoridade institucional da Igreja Católica avaliar o que seriam as
“obras pias”.
 
A afirmação da autoridade da Igreja como intérprete final das escrituras.
Antes mesmo do Concílio de Trento, a Igreja Católica já havia iniciado sua reação, com a fundação da
Companhia dos Jesuítas, sob a liderança do padre espanhol Inácio de Loyola (1491-1556). A ordem nasceu
com o objetivo de confrontar o reformismo protestante na esfera educacional e se tornou bastante influente
em Portugal e na Espanha, as principais trincheiras da contrarreforma católica na Europa.
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Os primeiros jesuítas em território brasileiro.
Os primeiros jesuítas chegaram à América portuguesa no final da década de 1540. Comandados pelo padre
Manuel da Nóbrega, estabeleceram os primeiros núcleos de ação evangelizadora nas capitanias da Bahia e de
São Vicente. 
Depois, a área de atuação foi ampliada para o território
compreendido entre Maranhão e São Vicente (litoral e
interior), além da Amazônia. No início do século XVII, os
jesuítas também se estabeleceram ao sul, organizando
atividade missionária em terras hoje correspondentes aos
estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul e a alguns países, como Argentina,
Paraguai e Uruguai.
Até o século XVIII, os jesuítas tiveram quase o monopólio
das práticas educacionais desenvolvidas nos territórios
coloniais ibéricos, tanto aquelas voltadas para os colonos
como para os indígenas. Não seria exagerado, portanto,
dizer que a colonização ibérica na América esteve fundada no projeto da contrarreforma católica, como
mostra a historiadora Maria Regina Celestino de Almeida, para o caso da colonização portuguesa.
O projeto colonial português, amplo e globalizante, deve ser visto em sua perspectiva de
empreendimento político, econômico e religioso, cujo desenvolvimento na colônia se fez conforme a
dinâmica local, dinâmica essa que incluía as complexas relações entre as populações nativas e os
agentes coloniais.
(ALMEIDA, 2014, p. 435) 
Sem essa dimensão global, ampla e conectada é impossível compreender a dinâmica da colonização moderna,
parte do sistema internacional que, como vimos, começa a se formar no século XV, com a expansão marítima
e comercial europeia. O caso da contrarreforma católica exemplifica muito bem essa perspectiva da história
global, adequada aos estudos sobre a modernidade.
É importante destacar, também, que o fato de a ordem dos jesuítas ser especializada em atividades
educacionais não significa que a relação com os indígenas tenha sido pacífica. Muito pelo contrário, pois
tratou-se de uma históriamarcada pela violência e pelo extermínio, o que vem sendo denunciado desde
meados do século XX pelas críticas decoloniais e pós-coloniais ao sistema internacional moderno.
As Américas e o sistema internacional
O professor Rodrigo Perez relaciona as Américas e a ideia de um sistema internacional consolidado.
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Atividade Discursiva
Atividade Discursiva 1
O tema da conquista da América envolve uma grande questão: como sociedades tão complexas e numerosas
foram derrotadas em tão pouco tempo e por um número relativamente pequeno de colonizadores? Escreva
sobre isso.
The history of the conquest of Mexico by the Spaniards, Thomas Townsend, 1724.
Chave de resposta
Você precisa dialogar com a bibliografia estudada, mostrando como, na perspectiva de Todorov, o êxito da
conquista se explica pela diferença de mentalidades entre nativos e conquistadores. Já Elliott argumenta
como os espanhóis exploraram a seu favor a complexidade e a diversidade das sociedades indígenas, além
de destacar a importância da “esfera microbiótica” para o sucesso da conquista.
Atividade Discursiva 2
As reformas religiosas que marcaram a história europeia no século XVI pautaram também a história da
América. Discuta essa afirmação.
Chave de resposta
Você precisa saber que Portugal e Espanha foram as principais trincheiras da contrarreforma católica e que
isso potencializou a ação da ordem dos jesuítas na América.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Todorov e a Conquista da América
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A colonização da América ibérica na conjuntura da contrarreforma católica
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A ordem jesuítica e a crítica
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Verificando o aprendizado
Questão 1
As sociedades nativas da América podem ser divididas em dois grupos: as altas culturas e as baixas culturas.
Assinale entre as alternativas a seguir aquela que melhor explica esse critério de classificação.
A
A classificação se dá a partir de critérios econômicos. As altas culturas se organizavam economicamente nos
moldes capitalistas e as baixas culturas nos moldes socialistas.
B
A classificação se dá a partir de critérios econômicos. As altas culturas se organizavam economicamente nos
moldes socialistas e as baixas culturas nos moldes capitalistas.
C
A classificação se dá a partir de critérios sociais. As altas culturas não adotavam práticas de escravidão,
enquanto as baixas culturas eram sociedades escravocratas.
D
A classificação se dá a partir de critérios econômicos. As altas culturas de sociedades escravocratas e as
baixas culturas não conheciam a escravidão.
E
A classificação se dá a partir de critérios políticos. As altas culturas se organizavam na estrutura do Estado
centralizado, enquanto as baixas culturas rejeitavam esse tipo de estrutura.
A alternativa E está correta.
Você precisa saber que as categorias alta cultura e baixa cultura não são hierarquizáveis entre si e adotam
o critério político, fundado na organização centralizada do Estado.
Questão 2
As guerras civis religiosas do século XVI foram marcadas por um claro componente político. Assinale entre as
alternativas a seguir aquela que melhor complementa essa afirmação.
A
As reformas religiosas foram impulsionadas, também, pelo interesse de afirmação de algumas monarquias
nacionais contra as pretensões universalistas da Igreja Católica.
B
As reformas religiosas foram impulsionadas, também, pelo interesse de afirmação dos interesses
universalistas da Igreja Católica contra as monarquias nacionais centralizadas.
C
As reformas religiosas foram impulsionadas, também, pelo interesse de afirmação política da nobreza feudal,
sem crise desde o século XIV.
D
As reformas religiosas foram impulsionadas, também, pelo interesse de afirmação política da burguesia
industrial, em ascensão desde o século XIII.
E
As reformas religiosas foram impulsionadas, também, pelo interesse de afirmação política do campesinato
europeu, hegemônico desde o século XIII.
A alternativa A está correta.
Você precisa saber que a modernidade política foi marcada pela afirmação das monarquias nacionais
centralizadas e essas novas autoridades confrontaram o universalismo da Igreja Católica, o que explica, em
parte, as reformas protestantes.
3. As críticas pós-coloniais e decoloniais ao sistema internacional moderno
Discursos decoloniais
Desde o século XV, o sistema internacional só fez aprofundar sua capacidade de conectar, em relações
assimétricas e violentas, as diversas regiões do mundo. Em todo esse período, o centro expansionista europeu
produziu ideologias de legitimação dessas relações violentas e assimétricas. Acompanhe como isso ocorreu
ao longo do tempo:
Séculos XV e XVII
Justificativa teológica e cristã
Em um primeiro momento, entre os séculos XV e XVII, a justificativa se
deu por argumentos de ordem teológica e cristã. Caberia à Europa levar a
mensagem das escrituras cristãs para os povos da África, América e
Oceania.
Pós século XVIII
Legitimação pelo iluminismo
Depois do século XVIII, o discurso de legitimação foi laicizado pelo
iluminismo e a Europa passou a se apresentar como a difusora da “razão”
e da “civilidade”.
Meados do século XX
Críticas à modernidade colonial
A partir de meados do século XX, ganhou forma um tipo de pensamento
político que denunciou essas ideologias, desmascarando as violências
estruturais que atravessavam a história do sistema internacional moderno
e centralizado na Europa. Trata-se das teorias críticas à modernidade
colonial que trabalham com a categoria “genocídio” na análise da história
moderna e do sistema internacional.
Naquele momento, logo após a Segunda Guerra Mundial, fortaleciam-se os questionamentos à dominação
colonial europeia, assim como a hegemonia mundial europeia era questionada por outros projetos de poder,
como o dos Estados Unidos. 
África e Ásia afirmavam seus direitos à autodeterminação e à independência. Na América,
consolidavam-se ideologias que defendiam o desenvolvimento social e econômico autônomo. 
Vejamos, então, as principais características das críticas pós-coloniais e decoloniais ao sistema internacional.
Hoje, os estudos sobre a modernidade ficam incompletos se alguma atenção não for dedicada a essa
temática.
Aimé Césaire.
Debate pós-colonial
Aimé Césaire (1913-2008), poeta e dramaturgo
martiniquenho, publicou em 1955 o seu
Discurso sobre o colonialismo, um dos mais
importantes textos do nacionalismo de
libertação que se fortaleceu no debate público
internacional após a Segunda Guerra Mundial.
No texto, Césaire criticou as pretensões
universalistas da racionalidade europeia e
reivindicou o “direito à personalidade” para os
povos oprimidos pela colonização moderna. No
cerne da denúncia elaborada pelo autor, está a
falsa universalidade europeia que há séculos
sustentava o sistema internacional moderno e a
própria colonização.
Apresentando-se como portadoras de uma
consciência universal moralmente superiora
seja no plano religioso (cristianismo), seja no plano cognitivo (racionalismo), as sociedades europeias teriam
convencido o mundo com uma mentira, pois a universalidade, simplesmente não existe, pois toda formulação
parte sempre de um lugar específico. 
Nesse sentido, o pensamento europeu seria tão “local” e tão “regional” quanto os pensamentos
asiático, africano e americano. A diferença estaria no poder de universalizar o particular, de
esconder a particularidade com a ideologia da universalidade. 
Para Césaire, a colonização contraria os valores da civilização e sua sobrevivência significava a traição da
Europa em relação às suas próprias doutrinas, como direitos humanos, democracia e civilização. 
O que é, no seu princípio, a colonização? Concordemos no que ela não é; nem evangelização, nemempresa filantrópica, nem vontade de recuar as fronteiras da ignorância, da doença, da tirania, nem
propagação de Deus, nem extensão do Direito; admitamos, uma vez por todas, sem vontade de fugir às
consequências, que o gesto decisivo, aqui, é o do aventureiro e do pirata, do comerciante e do armador,
do pesquisador de ouro e do mercador, do apetite e da força, tendo por detrás a sombra projetada,
maléfica, de uma forma de civilização que a dado momento da sua história se vê obrigada, internamente,
a alargar à escala mundial a concorrência das suas economias antagónicas. 
(CÉSAIRE, 1997, p. 14-15) 
O autor confronta diretamente as formulações intelectuais europeias, que por séculos legitimaram a
colonização. A premissa adotada sugere que a dominação europeia não ocorreu, apenas, pelo aspecto da
opressão política direta ou pela extração de riqueza.
A colonização aconteceria, também, no plano epistemológico e cultural, manifestada na forma da
sobrevivência de alguns em ler a realidade. A ideia de “sobrevivência na longa temporalidade” é fundamental
para o tipo de crítica desenvolvida por Césaire, que parte do princípio de que a lógica colonial não se esgotou
com o fim formal da colonização e ainda pauta as relações internacionais contemporâneas. 
A crítica decolonial
Um pôster da Industrial Workers of the World (1911),
mostrando a Pirâmide do Sistema Capitalista.
O sociólogo peruano Aníbal Quijano (1928-2018) é o principal nome da crítica decolonial, ou seja, a crítica ao
sistema internacional moderno formulada a partir da América Latina.
Desde o século XVIII, nos principais centros hegemônicos desse padrão
mundial de poder, nessa centúria, não sendo por acaso a Holanda
(Descartes e Spinoza), e a Inglaterra (Newton, Locke), desse universo
subjetivo, foi elaborado e formalizado um modo de produzir conhecimento
que dava conta das necessidades cognitivas do capitalismo; a mediação, a
externalização (ou objetivação) do cognoscível em relação ao conhecedor,
para o controle das relações dos indivíduos com a natureza e entre aqueles
em relação a esta, em especial a propriedade dos recursos da produção.
Dentro dessa mesma orientação foram também, já formalmente,
naturalizadas as experiências, identidades e relações históricas de
colonialidade e de distribuição geocultural do poder capitalista mundial.
Esse modo de conhecimento foi, pelo seu caráter e pela sua origem,
eurocêntrico. Denominado racional, foi imposto e admitido no conjunto do
mundo capitalista como a única racionalidade válida e como emblema da
modernidade. As linhas matrizes dessa perspectiva cognitiva mantiveram-
se, não obstante as mudanças dos seus conteúdos específicos, das críticas
e dos debates, ao longo da duração do poder mundial do capitalismo
colonial e moderno. Essa é a modernidade, racionalidade, que está agora
finalmente em crise.
(QUIJANO, 2009, p. 74)
Quijano (2009) parte das mesmas premissas de Césaire: a colonialidade, entendida como uma relação de
poder violência e extremamente desigual, é definida como a principal característica da modernidade
burguesa. Ou seja, o colonialismo é uma das faces do capitalismo. A crítica à colonização, portanto, é também
uma crítica ao próprio capitalismo, o que faz com que tanto o pós-colonialismo como o decolonialismo sejam
ideologicamente de esquerda. 
Outra característica importante da discussão proposta por
Quijano é a noção de “necessidades cognitivas do
capitalismo”. Para o autor, toda a filosofia moderna, do
humanismo ao iluminismo, passando pelo cientificismo, teve
o objetivo de atender às necessidades epistêmicas do
capitalismo, o que entre outras coisas significava legitimar a
própria colonização.
A descolonização, portanto, não aconteceria apenas com a
ruptura dos vínculos formais de dominação. Seria
necessária, também, a descolonização do próprio
pensamento periférico, que somente se tornaria livre
quando capaz de libertar das ferramentas cognitivas
herdadas da colonização europeia.
Agora, o professor Rodrigo Perez te ajuda a ligar os pontos.
Explicando o processo histórico da decolonialidade
Você conhece o processo histórico da decolonialidade? O professor Rodrigo irá te guiar nesta jornada.
Confira!
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Trajetória de críticas ao colonialismo
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A crítica pós-colonial
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A crítica decolonial
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) ganhou forma uma corrente de pensamento social e
político que teve o sistema internacional moderno como objeto de reflexão. Assinale, entre as alternativas a
seguir, aquela que melhor define essa corrente.
A
Tratou-se do pensamento marxista, que tendo sido formulado em meados do século XX, abordou a
colonização como parte do capitalismo.
B
Tratou-se do pensamento iluminista, que tendo sido formulado em meados do século XX, abordou a
colonização como uma afronta à racionalidade humana.
C
Tratou-se da crítica à modernidade colonial, que denunciou as violências e assimetrias que fundavam o
sistema internacional moderno.
D
Tratou-se da crítica à modernidade colonial, que afirmou a missão civilizatória das potências europeias na
África e na Ásia.
E
Tratou-se da crítica à modernidade colonial, que afirmou o primado da missão cristã como legitimação do
poder europeu sobre África e Ásia.
A alternativa C está correta.
Você precisa saber que no imediato pós-Segunda Guerra Mundial se fortaleceram as teorias críticas à
modernidade colonial, que tanto em sua vertente pós-colonial como em sua vertente decolonial
denunciaram as violências que estruturam o sistema internacional moderno.
Questão 2
Assinale entre as alternativas a seguir aquela que apresenta a perspectiva do ponto de vista das relações
internacionais do estudo da história moderna.
A
A melhor perspectiva de estudos para a história moderna é aquela que prioriza os aspectos econômicos da
vida social, pois o capitalismo anulou os aspectos políticos e culturais.
B
A melhor perspectiva de estudos para a história moderna é aquela que prioriza os aspectos políticos da vida
social, pois o capitalismo anulou os aspectos econômicos e culturais.
C
A melhor perspectiva de estudos para a história moderna é aquela que prioriza os aspectos culturais da vida
social, pois o capitalismo anulou os aspectos políticos e econômicos.
D
A melhor perspectiva de estudos para a história moderna é aquela que prioriza a dinâmica local dos
processos, uma vez que a modernidade fortaleceu o regionalismo nacionalista.
E
A melhor perspectiva de estudos para a história moderna é aquela que prioriza a dimensão transterritorial dos
processos, na medida em que a modernidade consolidou o sistema internacional onde as partes estão
conectadas entre si.
A alternativa E está correta.
Você precisa saber que o sistema internacional é uma das grandes características da modernidade, em que
as partes estão conectadas entre si, o que demanda a perspectiva da história de dimensão transterritorial.
Essa característica é central para o entendimento da história moderna em sua riqueza, pois a pulverização
e a conexão são aspectos centrais para caracterizar a modernidade.
4. Conclusão
Considerações finais
Vimos que a formação do sistema internacional moderno no século XVI funda o mundo tal como a gente o
entende hoje, como uma aldeia global interconectada e caracterizada pela intensa troca de produtos,
mercadorias, pessoas e capitais. 
Essa dinâmica de relações e conexões, contudo, foi marcada pela assimetria e pela violência, perpetuando-se
nas sociedades que nasceram da colonização na África, na América, na Oceania e na Ásia. 
O processo de descolonização, portanto, estáem curso, sendo teorizado por autores como Aimé Césaire e
Aníbal Quijano, representantes das teorias críticas à modernidade colonial. Contar a história do sistema
internacional moderno sem mencionar o atual estágio das críticas a ele seria um gesto intelectual e político,
incompleto.
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tentativa era minimizar o nascimento dos filhos com as índias e que os portugueses tivessem
casamentos brancos e cristãos. Essas órfãs viviam em conventos e muitas delas desejavam ser
religiosas.
Referências
ALMEIDA, M. R. C. Catequese, Aldeamentos e Missionação. In: FRAGOSO, J.; GOUVEIRA, M. O Brasil Colonial
(Vol. 1). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 271-316.
 
CÉSAIRE, A. Discourse on Colonialism. 1955. Trans. Joan Pinkham. New York: Monthly Review Press, 1972.
 
CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. São Paulo: Ubu, 2017.
 
• 
• 
ELLIOTT, J. H. A conquista espanhola e a colonização da América. In: BETHELL, L. (org). A América Latina
Colonial I. São Paulo: EDUSP, 1997.
 
FOURQUIN, G. Los levantamientos populares en la Edad Media. Paris: Edaf, 1976.
 
GODINHO, V. M. A expansão quatrocentista portuguesa. Lisboa: Universidade de Lisboa, 1976.
 
KANT, I. A paz perpétua e outros opúsculos. São Paulo: Leya, 2018.
 
LEHMANN, H. As civilizações pré-colombianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
 
MONTAIGNE, M. Ensaios. São Paulo: Autêntica, 1987.
 
PINSKY, J. As civilizações indígenas. São Paulo: Contexto, 2010.
 
QUIJANO, A. Colonialidad del poder y des/colonialidad del poder. In: XXVII Congreso de la Asociación
Latinoamericana de Sociología, Buenos Aires, 2009, p. 1-15.
 
SAMPAIO, M. Cronologia 1415-1961: Da conquista de Ceuta ao início da luta armada contra a colonização.
Deutsche Welle, 10 dez. 2013.
 
SCHAUB, Jean-Fredéric. A Europa da Expansão Medieval – Séculos XIII e XV. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA,
Maria de Fatima. O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 107-126.
 
SAHLINS, M. Ilhas de História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
 
TODOROV, T. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 2009
	A história da formação do sistema internacional
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Valores liberais e o início da burguesia
	As fronteiras do mundo conhecido em expansão
	Curiosidade
	Cronologia e dinâmica histórica da expansão marítima europeia
	Ceuta
	Cabo Bojador
	Guiné
	Cabo Verde
	Ilha de Santiago
	Paralelo das Canárias
	Cabo das Tormentas
	Angola
	Ilha da Guanahani
	Tratado de Tordesilhas
	Moçambique
	Brasil
	América do Norte
	Pirataria francesa
	Crescimento demográfico
	Alargamento da fronteira agrícola
	Expansão das cidades
	Ordem
	Expansão
	Comentário
	Um ethos novo mundo
	Posição geográfica
	Tradição em conhecimentos
	Interesses nas rotas comerciais
	O início da Burguesia
	Conteúdo interativo
	Atividade Discursiva
	Atividade Discursiva 1
	Atividade Discursiva 2
	Vem que eu te explico!
	Impactos do descobrimento da América no imaginário Europeu
	Conteúdo interativo
	Cronologia da expansão marítima
	Conteúdo interativo
	A visão dos historiadores sobre a expansão marítima
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. A inserção da América no sistema internacional europeu
	Novo mundo: uma invenção
	Atenção
	A América antes do contato com os europeus
	Altas culturas
	Baixas culturas
	Saiba mais
	Calpulli
	Pipiltins
	Tlatoani
	Tlatlacotin
	Kurakas
	Ayllus
	Funcionários públicos
	Saiba mais
	A conquista da América
	A colonização da América e a contrarreforma católica
	Reforma Luterana
	Reforma Anabatista
	Reforma Anglicana
	Reforma Calvinista
	As Américas e o sistema internacional
	Conteúdo interativo
	Atividade Discursiva
	Atividade Discursiva 1
	Atividade Discursiva 2
	Vem que eu te explico!
	Todorov e a Conquista da América
	Conteúdo interativo
	A colonização da América ibérica na conjuntura da contrarreforma católica
	Conteúdo interativo
	A ordem jesuítica e a crítica
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. As críticas pós-coloniais e decoloniais ao sistema internacional moderno
	Discursos decoloniais
	Justificativa teológica e cristã
	Legitimação pelo iluminismo
	Críticas à modernidade colonial
	Debate pós-colonial
	A crítica decolonial
	Explicando o processo histórico da decolonialidade
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Trajetória de críticas ao colonialismo
	Conteúdo interativo
	A crítica pós-colonial
	Conteúdo interativo
	A crítica decolonial
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
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	Referências

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