Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

2 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Katty Anne de Souza Nunes - 
CRB 11/826 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
AUTORES 
 
Aldenize Pinto de Melo do Nascimento 
Ana Karoliny Mota Sampaio 
Ana Paula Brandão da Silva 
Bruno B. de Abreu Rocha 
Caroline Souza da Silva 
Dayane Brenda Lira 
Edcléia Silva de Oliveira Nogueira 
Gisele dos Santos Ribeiro 
Ildeneti de Jesus Alves Costa 
Isamara Lira Tiago 
João Luiz Nunes do Nascimento 
Jocélia Barbosa Nogueira 
Josué Miguel de Oliveira 
Kellen Cristina da Silva Gasque 
Maria Daise da Cunha Matos 
Maria Tereza de Moraes Longh 
Michele Lins Aracaty e Silva 
Nerine Lucia Alves de Carvalho 
Rafael de Azevedo Melo 
Rosilene de Oliveira Brito 
Sabrina Gama 
Shirley Maria Silva Nogueira 
Soraya Monteiro Neves 
Welliton dos Santos Batista 
 
 
 
 
 
5 
 
CONSELHO EDITORIAL 
Christiane Alves Byron de Mello 
Fábio Silva de Souza 
Gleycia Letícia Rodrigues dos Santos 
José Celso de Mello Sampaio Filho 
Kellen Cristina da Silva Gasque 
Leonardo Marcelo dos Reis Braule Pinto 
Luiza Maria Bessa Rebelo 
Malinália Ines Rocha Marcião 
Mariana Faria Filard 
Massilene Mesquita 
Nágila Lima da Silva 
Nerine Lucia Alves de Carvalho 
Raimunda Mota dos Santos 
 
 
 
 
 
 
6 
 
APRESENTAÇÃO 
 
É com sentimento de gratidão que nós, Educadores pela 
Democratização dos Conhecimentos -EDEC, apresentamos o livro "Didática 
no Século XXI - Vol. III". Ele é composto de nove trabalhos resultantes do 
trabalho árduo de professores e alunos, bem como da equipe de 
Organizadores, Conselheiros Editoriais, Capistas, Bibliotecários, dentre 
outros. Os títulos dos capítulos revelam a riqueza dessa nova obra: 
 
I. Internet e educação em tempos de pandemia: o sinal da desigualdade; 
II. Educação de jovens, adultos e idosos: Políticas educacionais de 
inclusão, permanência e aprendizagem no contexto municipal de 
Manaus 
III. As contribuições das artes visuais no processo de desenvolvimento da 
criança na Educação Infantil 
IV. Revista Espia Lindoso: Uso das TDIC’s como ferramenta para combate 
ao preconceito linguístico 
V. A perspectiva deweyana como recurso didático utilizado em cursos 
autoinstrucionais para qualificação profissional de trabalhadores da 
saúde. 
VI. Webtoon Literário - um romance com a leitura e sua produção 
VII. A Interdisciplinaridade da didática na perspectiva de dois projetos 
escolares no Ensino Médio realizados em uma escola pública 
VIII. Educação para o mundo do trabalho e o voluntariado por meio da ABP 
IX. A musicalização como ferramenta de ensino da Língua Espanhola: um 
comparativo lexical 
 
Contando com vossa generosidade peço licença para trazer a 
apresentação do livro em forma de uma singela poesia, pois ao ler os 
manuscritos saltou dentro de mim o espírito de poetisa medíocre que sou. 
Como disse anteriormente, rogo que usem de bondade para comigo ao ler as 
estrofes simples que vos exponho abaixo: 
 
 
 
7 
 
"Bricolagem de Ensinagem" 
 
Abertura: 
No Século XXI, que saberes brotam de ti? 
Professor, o que te faz ser assim? 
Teu olhar é de caçador 
Na verdade de um "ensinador" 
Caça maneiras e formas de ensinar 
De romper barreiras e de brincar 
 
Capítulo 1: 
No capítulo um é evidenciada a desigualdade 
Alunos sem recurso e fraternidade 
Pandemia de Covid-19 agravou 
O abismo educacional alargou 
E o governo tem que tratar a exclusão digital 
Dessa forma irá diminuir a desigualdade social 
 
Capítulo 2: 
Aprendizagem e permanência 
Pra quem já tem mais vivência 
Em forma da EJA vem 
Pois o foco no fazer a EJA tem 
Por meio do Círculo e Leitura e aceitação 
E da OLIMEJA se faz a inclusão 
 
Capítulo 3: 
Fez da arte visual o seu verso 
Cooperando com o processo 
Do crescer na Educação Infantil 
Rompendo o preconceito fia a fio 
Com análise situacional 
Usou a comunicação visual 
 
 
 
8 
 
Capítulo 4: 
E pensando em preconceito 
Esse tão conhecido conceito 
É combatido com as TDIC’s e o esperançar 
Pertencimento e falares vem se entrelaçar 
Linguística e vidas 
Em aprendizagens percorridas 
 
Capítulo 5: 
A perspectiva deweyana para qualificação 
Tem como forte a prática e a ação 
No processo emancipatório 
E aprendizado exploratório 
Os cursos da sáude online e abertos 
Permite resgates de vivências, certos 
 
Capítulo 6: 
O Webtoon Literário 
Tirou a criatividade do armário 
Disse não as metodologias tradicionais 
De forma ousada fez aulas sem iguais 
E Machado de Assis e José de Alencar 
O PCE fez experimentar 
 
Capítulo 7: 
E o ensinar interdisciplinar 
Nesse livro não podia faltar 
Buscando favorecer a forma de ver 
As lendas amazônicas do viver 
Dos diversos contextos abrangidos 
E com nossos alunos envolvidos 
 
Capítulo 8: 
A norma não é fazer por fazer 
 
 
9 
 
A lei é fazer por querer 
Ensinar com Projetos e Voluntariados 
De forma moderna, apresentados 
Com uma didática coletiva 
Aliada a matética criativa 
 
Capítulo 9: 
Na correria do dia 
Oportunidades tu vias 
De ensinar Língua Espanhola 
Com canto e uma viola 
E em um comparativo lexical 
Fez a aula ficar magistral 
 
Fechamento: 
E nessa bricolagem 
Onde se costura a aprendizagem 
O EDEC busca impulsionar 
De maneira humilde cooperar 
Nessa ensinagem e nesse vivendo 
E assim continuamos juntos querendo 
 
E esse professor constrói um novo mundo 
E encontra lá no fundo 
O aprender de seu aprendiz 
Que alegre lhe fala: "Fui eu que fiz" 
 
Aldenize Pinto de Melo do Nascimento, 
Manaus, 2022. 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
Sumário 
Capítulo I .......................................................................................................... 12 
Internet e educação em tempos de pandemia: o sinal da desigualdade. 
Michele Lins Aracaty e Silva, Nerine Lucia Alves de Carvalho 
 
Capítulo II ......................................................................................................... 30 
Educação de jovens, adultos e idosos: Políticas educacionais de inclusão, 
permanência e aprendizagem no contexto municipal de Manaus. 
Maria Daise da Cunha Matos, Soraya Monteiro Neves, Jocélia Barbosa 
Nogueira, Rafael de Azevedo Melo 
 
Capítulo III ........................................................................................................ 46 
As contribuições das artes visuais no processo de desenvolvimento da 
criança na Educação Infantil. 
Jocélia Barbosa Nogueira, Bruno B. de Abreu Rocha, Soraya Monteiro Neves 
 
Capítulo IV ........................................................................................................ 61 
Revista Espia Lindoso: Uso das TDC's como ferramentas para combate 
ao preconceito linguístico. 
Caroline Souza da Silva 
 
Capítulo V ......................................................................................................... 79 
A perspectiva deweyana como recurso didático utilizado em cursos 
autoinstrucionais para qualificação profissional de trabalhadores da 
saúde. 
Josué Miguel de Oliveira, Maria Tereza de Moraes Longh, Welliton dos Santos 
Batista, Kellen Cristina da Silva Gasque 
 
Capítulo VI ........................................................................................................ 95 
Webtoon Literário - um romance com a leitura e sua produção. 
Gisele dos Santos Ribeiro, Ildeneti de Jesus Alves Costa 
 
Capítulo VII ..................................................................................................... 106 
A Interdisciplinaridade da didática na perspectiva de dois projetos 
escolares no Ensino Médio realizados em uma escola pública. 
Aldenize Pinto de Melo do Nascimento, Isamara Lira Tiago, Shirley Maria 
Silva Nogueira, Edcléia Silva de Oliveirapedagógico em relação com os projetos abordados 
 
 
41 
 
e, a sua intencionalidade pedagógica, pois, concordamos com Creswell (2010, 
p.26) “é um meio para entender o significado que os indivíduos ou os grupos 
atribuem a um problema social ou humano”. 
 
Resultados e discussões 
A implantação dos projetos: Círculo de Leitura e Escrita e OLIMEJA 
desenvolvidos nas escolas do município de Manaus, vem favorecendo a 
inclusão, a permanência do estudante e o aprimoramento da aprendizagem, 
seja no âmbito da leitura, escrita, seja na ampliação da proficiência matemática. 
Todas as orientações acerca do desenvolvimento dessas ações são 
repassadas por meio de reunião com os coordenadores e assessores 
pedagógicos das DDZs, no início de cada ano letivo e o material de 
apresentação enviado em mídias para serem socializados nas escolas. 
Em ambas as ações não podemos deixar de registrar a importância do 
professor durante todas as rodadas do Círculo de Leitura e Escrita e nas etapas 
da OLIMEJA. O docente enquanto articulador dessas ações pedagógicas tem 
exercido um papel relevante no processo de aprendizagem, pois demonstram ter 
clareza dos objetivos que pretendem alcançar e das metodologias que devem 
aplicar. 
As ações relatadas contribuem também para o cumprimento do 
currículo, visto que os conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática são 
requeridos nas etapas e rodadas dos projetos Círculo de Leitura e Escrita e 
OLIMEJA, e dialogam com os outros componentes curriculares das Propostas 
Pedagógicas do 1º e 2º segmentos da EJA. Os resultados dessas ações se 
refletiram nos índices de rendimentos alcançados nos anos 2018-2019. 
 
 
42 
 
 
 
Os resultados dos anos de 2018 e 2019 apresentados no quadro acima, 
evidenciam que no 1º segmento de EJA o índice de aprovação de 2019 
aumentou quando comparado ao ano de 2018 e, consequentemente, o índice 
de reprovação e abandono diminuíram neste mesmo período. No que tange ao 
2º Segmento a aprovação aumentou e o abandono diminuiu, mas a reprovação 
aumentou. Referente ao 1º Segmento do CEMEAPI, o abandono diminuiu, 
contudo, aprovação e reprovação aumentaram. 
Embora os índices de reprovação e abandono não apresentem 
resultados satisfatórios em todos os segmentos de EJA, pode-se dizer que a 
análise do quadro acima evidencia um resultado positivo no contexto global. 
Em outras palavras, dos 9 (nove) resultados apresentados do ano de 2019, 
quando comparados a 2018, apenas 3(três) não estavam como o esperado. 
É oportuno dizer que, entende-se por evasão escolar a situação do aluno que 
abandou a escola ou reprovou em determinado ano letivo, e que no ano 
seguinte não efetuou a matrícula para dar continuidade aos estudos (CAMPOS, 
2003). Por isso, é importante mensurar os resultados e fortalecer o 
desenvolvimento de ações e projetos que contribuem para a permanência e 
aprovação do estudante. 
Quando o estudante interage de forma significativa no mundo em 
que vive, desperta em si a curiosidade, o prazer na busca de novos saberes, 
fazendo com que o aprendizado se torne mais fácil e natural. Essas 
constatações podem ser confirmadas após análises dos resultados expostos, 
 
 
43 
 
que demonstram um aumento significativo nos índices de aprovação e 
permanência dos estudantes de EJA nas escolas da rede municipal de 
Manaus, alcançados com a significativa contribuição da aplicação dos projetos 
Círculo de Leitura e Escrita e OLIMEJA. 
 
Considerações finais 
À pista de alcançar os objetivos de possibilitar vivências nos processos 
pedagógicos inovadores no campo da EJA, nós, professores e assessores, 
temos nos mobilizados em planejar e sistematizar projetos pedagógicos que 
possam ser considerados específicos para o atendimento dos jovens, adultos 
e idosos que buscam a escola da sua comunidade, depois de uma jornada de 
trabalho intenso para sobreviver. 
No campo da ação curricular, precisamos organizar os tempos e os 
percursos desta modalidade de ensino, conscientes dos desafios que ainda 
não foram enfrentados no campo das construções coletivas do currículo da 
EJA, com a participação desses sujeitos de direitos que são os jovens, adultos 
e idosos que compõem o universo escolar da cidade de Manaus. Para tanto, 
podemos desenvolver projetos onde estes protagonistas sejam valorizados 
naquilo que sabem fazer com suas culturas. As ações desenvolvidas na escola 
com o currículo das disciplinas a serem estudadas na EJA, podem ser as 
oficinas a qualificar esses saberes, que por sua vez, devem ser o centro de 
interesse dos sujeitos da EJA. 
Em relação ao desenvolvimento dos projetos, entendemos que 
necessitam de apropriação formativa dos docentes, a partir de uma relação 
com a Proposta Pedagógica da EJA no município de Manaus, a fim de vincular 
os referidos projetos com a abordagem teórica e metodológica proposta nos 
documentos orientadores das práticas pedagógicas, e, assim, favorecer um 
desenvolvimento qualitativo e intencionalmente significativo ao processo de 
aprendizagem de Língua Portuguesa e Matemática. 
A GEJA, como setor responsável pela elaboração de Políticas 
Educacionais para pessoas jovens, adultas e idosas, entende a educação 
como um direito fundamental para a formação humana e de aprendizagem ao 
longo da vida, e vem propondo ações mediadas por estratégias inovadoras e 
 
 
44 
 
que possibilitam o desenvolvimento da leitura, escrita e das competências 
matemáticas para estudantes de 1º e 2º segmentos da EJA, articuladas com 
as equipes técnicas, administrativas e pedagógicas da Semed e DDZs, visando 
garantir uma educação de qualidade, inclusiva, bem como a permanência e a 
escolarização de estudantes manauaras. 
Vale ressaltar que os resultados apresentados nessas experiências são 
apenas parte das atividades realizadas pela GEJA, mas que todos os seus 
processos estão voltados para o fortalecimento do direito e garantia da 
aprendizagem, a construção do conhecimento, a socialização, o incentivo ao 
estudante a ser protagonista da própria história, de maneira que desperte a 
inquietação, a curiosidade, mas principalmente a equidade para aqueles que 
estão buscando concluir seus estudos nessa modalidade de ensino. 
 
Referências 
 
ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método 
nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. 
São Paulo: Pioneira, 1998. 
 
BRASIL, Lei N. 9394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. 
______, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. 
Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução. 3 ed. Brasília, DF, 1998. 
______, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. 
Proposta Curricular para a educação de jovens e adultos: segundo 
segmento do ensino fundamental: 5a a 8a série: introdução / Secretaria de 
Educação Fundamental, 2002. 
CAMPOS, Edna Lúcia Ferreira. A Infrequência dos alunos adultos 
trabalhadores, em processo de alfabetização na Universidade Federal de 
Minas Gerais. Belo Horizonte, MG: UFMG, 2003. 
CARNEIRO. Moaci. Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva artigo a 
artigo. Rio de Janeiro: Vozes, 2015. 
CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa: Métodos qualitativos, 
quantitativos e Mistos. Porto Alegre: Artmed, 2010. 
FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis. Educação matemática de 
jovens e adultos: especificidades, desafios e contribuições. 2. ed. 3. reimp. 
Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1970. 
Paulo. A Importância do ato de ler. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2003. Paulo: 
Educação de Adultos: algumas reflexões. IN: GADOTTI, Moacir; ROMÃO, 
 
 
45 
 
José. Educação de Jovens e Adultos: Teoria, prática e proposta. 10 ed. São 
Paulo: Cortez, 2008. 
GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José. Educação de Jovens e Adultos: Teoria, 
prática e proposta.10 ed. São Paulo: Cortez, 2008. 
NOGUEIRA, Jocélia Barbosa. Trabalho e educação: precarização da 
formação e profissão do pedagogo na Faculdade de Educação da 
Universidade Federal do Amazonas. Manaus, AM, 2017 (Tese de Doutorado) 
SIGEAM. Sistema de Gestão Educacional do Amazonas. 2016-2017. 
Disponível em: www.sigeam.prodam.am.gov.br. Acesso em jun de 2021. 
SEMED, Secretaria Municipal de Educação. A Proposta Pedagógica para 
Educação de Jovens, Adultos e Idosos da Rede Pública Municipal de 
Ensino de Manaus. Manaus, 2021. 
SOARES. Magda. Letramento: O tema em três gêneros. Belo Horizonte: 
Autentica, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.sigeam.prodam.am.gov.br/
 
 
46 
 
Capítulo III 
______________________________________________________________ 
 
As contribuições das artes visuais no processo de 
desenvolvimento da criança na Educação Infantil 
 
 
Jocélia Barbosa Nogueira – Doutora em Educação/UFAM 
Bruno B. de Abreu Rocha – Egresso do Curso de Pedagogia/UFAM 
Soraya Monteiro Neves – Mestre em Ciências da Religião/ FUV 
 
 
Resumo 
No contexto atual do mundo em que vivemos, vemos a comunicação visual 
presente em todas as esferas da sociedade, relacionando-se intrinsecamente 
com a cultura das crianças desde o seu nascimento, atuando como mediadora 
do processo de desenvolvimento infantil. Esse estudo trata a respeito da 
relação da criança com as artes visuais, sua importância no desenvolvimento 
de competências cognitivas e sociais e sua relação interdisciplinar, no que 
tange à formação necessária ao educador na aquisição de conhecimentos 
práticos das artes visuais para aplicar na escola. O objetivo geral é 
desmistificar preconceitos com relação ao ensino da arte na educação infantil, 
visto que são inúmeros os benefícios das atividades de artes como instrumento 
que desenvolva as competências e habilidades das crianças pequenas. Os 
objetivos específicos estão voltados para a reflexão sobre os efeitos positivos 
do ensino das artes visuais na escola, reconhecendo o papel do educador 
como mediador desse processo. A pesquisa é de natureza qualitativa, de 
caráter bibliográfico e descritivo. Foi realizada análise documental dos 
seguintes documentos oficiais: Projeto Político-Pedagógico, Regimento 
Escolar, RCNEI, Proposta da SEMED-Manaus e Plano de Aula de um Centro 
Municipal de Educação Infantil/CMEI. Além disso, foram utilizados os 
instrumentos como formulário e entrevistas semiestruturadas. O referido 
estudo indica que o ensino das artes e o Projeto Político-Pedagógico 
atendem os objetivos e metas para o ensino de artes visuais e indicam que o 
plano de aula da professora corresponde aos objetivos do ensino de artes 
 
 
47 
 
visuais contidos no RCNEI e na Proposta Pedagógica da SEMED-Manaus. 
Palavras-chaves: Artes visuais, educação infantil, desenvolvimento infantil, 
cultura visual, educador. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Toda e qualquer criança em sua posição como sujeito de um processo 
educacional carrega em si uma “bagagem” socioafetiva, que a influência e a 
acompanha em toda a sua jornada na escola, tendo grande impacto em 
relação à possíveis dificuldades ou facilidades dentro do processo de 
aprendizagem. 
Há muito preconceito e desconhecimento sobre os reais benefícios da 
prática artística no desenvolvimento da criança e da relação das artes com a 
educação infantil. Por isso, faz-se necessário o levantamento da seguinte 
questão: Quais são os benefícios das Artes Visuais no desenvolvimento 
cognitivo da criança? 
O objetivo geral desse trabalho vem da necessidade de desmistificar 
preconceitos em relação ao ensino da arte na educação infantil e de explicitar 
o benefício das atividades nela compreendida, além da apresentação das 
atividades e das competências que devem ser trabalhadas na escola com as 
crianças. 
Os objetivos específicos desse estudo compreendem aprofundar quais 
são os reais benefícios que as artes visuais proporcionam à criança em seus 
momentos específicos de desenvolvimento e construção de competências 
cognitivas de integração da criança ao seu meio, sua realidade e outras áreas 
de conhecimento, tendo como procedimento metodológico a análise de leis, 
dos documentos oficiais da escola - o Projeto Político-Pedagógico/PPP, da 
proposta curricular pedagógica da SEMED, do material didático e do RCNEI, 
visando sanar de forma satisfatória as questões levantadas durante a 
elaboração do projeto de pesquisa. 
Para a construção de um projeto de pesquisa e relatório, foi realizada 
uma construção do estado da arte, que é um quadro de mapeamento que 
possibilitará o conhecimento e reconhecimento de estudos que estão sendo, 
ou já foram realizados dentro de seu tema e área de conhecimento. 
 
 
48 
 
A obra de TITO (2016) foi de grande importância para o 
desenvolvimento teórico da pesquisa ao tratar da linguagem artística a partir 
do princípio da relação dela com a linguagem escrita e oral, tendo esta 
importância apesar de não ter o mesmo reconhecimento. 
A obra de Souza, Martini e Jordão (2007) apresenta grande foco no 
alinhamento das atividades lúdicas com a realidade das crianças. Essa obra 
auxiliou no momento de observação do lócus, das atividades da criança e da 
importância do lúdico na educação infantil. 
A proposta da Semed acrescentou ao projeto de pesquisa e relatório de 
pesquisa um ponto de vista legal e organizado das práticas pedagógicas na 
educação infantil, no que diz respeito à disponibilização de materiais, recursos, 
organização da sala, do lócus de pesquisa e da prática pedagógica, diante dos 
levantamentos dos objetivos gerais e específicos. 
Ademais, nesse estudo, são registrados além das questões teóricas 
sobre as Artes Visuais, com boa fundamentação em obras importantes, leis e 
grandes estudiosos que servem de referência, e também são objetivadas as 
práticas, com propostas, procedimentos e recursos didáticos para uma aula 
saudável e lúdica. 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
Ao longo da história da relação das artes visuais com a educação infantil, 
sempre foi destacada uma grande diferença rítmica em relação aos caminhos 
trilhados pela educação teórica, na qual, por muitas vezes, as artes são 
utilizadas nas escolas apenas como uma forma de inserir a criança no cotidiano 
escolar, com o caráter decorativo de sala em épocas de festividades, deixando 
muito de lado a questão da troca de informações entre as crianças, e excluindo 
a importância do caráter artístico no desenvolvimento cognitivo da criança e da 
sua relação com as demais matérias no decorrer de sua vida escolar, sendo de 
profundo benefício e enriquecimento das crianças participantes do processo 
social e consequentemente educativo. 
 
2.1. Definição de artes visuais e cultura visual. 
 
As artes visuais recebem esse nome por designar um conjunto de 
 
 
49 
 
representações do mundo real ou imaginário, em que tem como principal forma 
de avaliação e apreensão o uso da visão, sendo uma ferramenta de grande 
importância no âmbito educacional infantil, pois representa um essencial 
estímulo estruturado em diferentes etapas do desenvolvimento infantil. 
Arte é conhecimento. E, partindo desse princípio, pode-se dizer que é 
uma das primeiras manifestações da humanidade, pois serve como maneira 
do ser humano marcar sua presença criando objetos que representam sua 
vivência no mundo, o seu expressar de ideias, sensações e sentimentos e uma 
forma de comunicação (AZEVEDO JÚNIOR, 2007). 
Para Tabosa (2005), o termo arte é derivado do latim ars, que tem 
sentido de origem grega de arte manual, ofício, habilidade, obra, que significa, 
em um aspecto mais geral, um conjunto de regras que conduzem a atividade 
humana. 
Segundo Fischer (1983, p. 01) cabe a arte: Papel de clarificação das 
relações sociais, ao papel de iluminação dos homens em sociedades 
quese tornavam opacas, ao papel de ajudar o homem a reconhecer 
e transformar a realidade social. Uma sociedade altamente 
complexificada, com suas relações e contradições sociais 
multiplicadas, já não pode ser representada à maneira dos mitos. 
 
Para Freedman (2003, p. 59), "a cultura é a forma de viver, e a cultura 
visual dá forma ao nosso mundo, ao mesmo tempo em que é nossa forma de 
olhar o mundo". 
Relacionando-se com a manifestação das artes visuais de forma ampla 
na nossa sociedade, podendo ser definida como cultura visual, apresentando 
um acréscimo qualitativo na compreensão das relações da criança não só na 
escola, mas em qualquer ambiente educativo fora dela. 
Segundo Mirzoeff (1999, p. 17), “o primeiro passo para estudos de cultura 
visual é um reconhecimento de que a imagem visual não é estável, mas muda 
a sua relação com a realidade exterior em momentos particulares da 
modernidade”. 
Para John Berger (1972), a cultura visual é um campo de estudos que 
aborda as artes visuais sob um aspecto antropológico de processos culturais, 
costumes visuais e hábitos de um povo, tendo como pioneiros em seus estudos 
John Berger, 1972, e Laura Mulvey, 1975. A utilização dessas obras no 
processo da construção do referencial teórico da obra de forma qualitativa e 
 
 
50 
 
analítica enxerga a criança não só como membro de um grupo social, um ser 
passivo no meio da sociedade, mas também como um ser produtor de arte e 
consequentemente cultura visual. 
Nesse sentido, segundo John Berger: “Ver precede as palavras. A criança 
olha e reconhece, antes mesmo de poder falar”. Essa fala de Berger apresenta 
a linguagem artística como uma manifestação mesmo anterior à linguagem 
oral, sendo uma forma anterior de se expressar. 
 
2.2. A importância das artes no desenvolvimento da criança. 
 
De acordo com o RCNEI (1998.p.85,86), “As artes visuais englobam 
muitas formas de artes tradicionais, desde os primeiros desenhos feitos pelos 
homens das cavernas, até os filmes e jogos em realidade virtual da atualidade”. 
Mas de que forma elas atuam no desenvolvimento de uma criança no âmbito 
escolar e familiar? 
Como resultado de intenso trabalho de pesquisa, percebo que presente 
desde o início da humanidade e da escola, as artes visuais assumiram 
diferentes formas no modo de se adequar à época na qual era vivida. 
 O reconhecimento da disciplina de Artes, anteriormente conhecida pelo 
nome de Educação Artística, ocorreu na década de 90, no Brasil, fazendo 
parte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n°9.394/96), 
ocupando o artigo 26, parágrafo 2°: “O ensino da Arte constituiria componente 
curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a 
promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. 
As artes na educação infantil representam um importante elemento do 
desenvolvimento cognitivo da criança nos seus processos de aprendizagem, 
nos quais a ludicidade apresenta a forma com a qual a criança irá exercitar 
suas habilidades sociais, motoras e emocionais. 
De acordo com o RCNEI (1998. p.89), as Artes Visuais devem ser 
concebidas como uma linguagem com diversas especificidades, em que, no 
campo prático e reflexivo, a aprendizagem ocorre por intermédio dos seguintes 
aspectos: 
Fazer artístico — centrado na exploração, expressão e comunicação 
de produção de trabalhos de arte por meio de práticas artísticas, 
propiciando o desenvolvimento de um percurso de criação pessoal; 
Apreciação — percepção do sentido que o objeto propõe, 
 
 
51 
 
articulando-o tanto aos elementos da linguagem visual quanto aos 
materiais e suportes utilizados, visando desenvolver, por meio da 
observação e da fruição, a capacidade de construção de sentido, 
reconhecimento, análise e identificação de obras de arte e de seus 
produtores; Reflexão — considerado tanto no fazer artístico como na 
apreciação, é um pensar sobre todos os conteúdos do objeto artístico 
que se manifesta em sala, compartilhando perguntas e afirmações 
que a criança realiza instigada pelo professor e no contato com suas 
próprias produções e as dos artistas. (RCNEI (1998. p.89) 
 
O fazer artístico tem fundamentos diretos na exploração e também da 
prática artística como um objeto de conhecimento, tão valorizado quanto o 
resultado final da intervenção artística, tendo em seguida a apreciação, que 
trata da percepção da proposição de sentindo dada pelo objeto artístico à 
análise de materiais, de cores e suportes, construindo assim uma temática, 
uma lógica, um sentido, e em seguida a reflexão, que é a consideração das 
técnicas utilizadas, dos resultados. No geral, é uma compilação de tudo da 
obra, acompanhada de perguntas e afirmações que a criança expõe sobre a 
própria produção e a dos demais artistas. Esses aspectos se relacionam de 
forma complementadora, assim possibilitando a prática plena das artes 
visuais. 
 
2.3. Objetivos das artes visuais na educação infantil em relação à faixa 
etária. 
 
Para essa fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero 
a três anos deverão ser aprofundados e ampliados. 
De acordo com o RCNEI: 
Crianças de zero a três anos é necessário ampliar a sua percepção 
de mundo, por meio do contato e manipulação de diversos materiais 
e objetos, com o intuito de explorar e conhecer suas características, 
propriedades e as diversas possibilidades de manuseio, além de 
entrar em contato com diversas formas de expressão por meio da 
linguagem visual, com a utilização de tais materiais sobre diferentes 
situações e superfícies, assim permitindo expandir sua habilidade de 
expressar e comunicar.(RCNEI, 1998, p.95) 
 
As artes visuais e suas diversas manifestações na realidade da criança 
serão inseridas em seu processo educacional a partir de atividades lúdicas e 
da manipulação de materiais, desenvolvendo suas competências emocionais, 
sociais, culturais e cognitivas. 
De acordo com o RCNEI: 
Crianças de quatro a seis anos, é necessário o aprofundamento dos 
objetivos dados ao momento anterior do desenvolvimento da criança, 
 
 
52 
 
garantindo-as oportunidades que as auxiliem a tornar capazes de se 
interessar pelas suas próprias produções, pelas produções de outras 
crianças (comunicação) e em demais produções, sejam regionais, 
nacionais ou internacionais, fazendo com que aumentem a lente com 
a qual enxergam o mundo e a cultura, reforçando a questão de 
cuidado e respeito pelo processo de produção, criação e 
manutenção.(RCNEI, 1998, p.85) 
 
A continuidade, a prática e a evolução progressiva se apresentam como 
processo crucial do desenvolvimento das competências relacionadas ao 
ensino das artes visuais, garantindo que a criança esteja sempre se deparando 
com novos desafios e formas novas e interessantes da arte visual. 
2.4. Orientações didáticas a respeito do ensino das artes visuais. 
 
De acordo com TITO (2016p.11), é de suma importância organizar os 
conteúdos relacionados ao ensino das Artes e suas especificidades, de forma 
que seja permitido que a criança utilize um conhecimento prévio com o qual 
possua familiaridade, ao mesmo tempo em que entra em contato com 
situações e desafios que a faça entrar em contato com novas relações, 
servindo como uma lente de alargamento do conhecimento e capacidades 
cognitivas da criança, conhecido como: 
“Assimilação e Acomodação”, como dizia Piaget em sua obra: “A equilibração 
das estruturas cognitivas” (1996 p. 35). 
O professor, atuando como alicerce do processo do ensino das artes 
visuais na educação infantil, tendo conhecimento teórico e prático da 
importância do processo artístico no desenvolvimento da criança, deverá 
garantir que a criança deva compreender e conhecer a diversidade das 
produções artísticas, que ela tenha a possibilidade de manipular diferentes 
tipos de materiais, que o respeito ao ponto de vista das criançasvenha a 
acontecer dentro de suas singularidades e que a valorização da ação artística 
e o respeito pela diversidade dessa produção sejam elementos sempre 
presentes. 
 
A arte promove o desenvolvimento de competências, habilidades e 
conhecimentos necessários a diversas áreas de estudo, entretanto 
não é isso que justifica a sua inserção no currículo escolar, mas seu 
valor intrínseco como construção humana, como patrimônio comum 
a ser apropriado por todos(LAVELBERG, 2003, p. 43) 
 
As artes visuais são de valor imensurável no desenvolvimento da criança, 
 
 
53 
 
acompanhando-as por toda a vida e sendo sua válvula de escape para as 
angústias da existência, os descontentamentos, as alegrias, realizando a 
passagem da criança de um ser individual para um ser social, fazendo-as 
conhecer seus limites e 
habilidades, trabalhando com sua expressão de sentimentos e 
consequentemente tornando um ser humano melhor e ciente de suas relações 
com outros seres sociais. 
Segundo a Proposta Pedagógica Curricular da SEMED, as atividades 
manuais da criança sob a mediação do professor devem se basear em 
conceitos de autonomia. 
Essas atividades fazem parte do dia a dia das crianças em idade de 
Creche e Pré-Escola, dando a autonomia para que elas possam 
tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecendo a si 
próprios e os outros, expressando sua individualidade e 
identidade.(PPC SEMED, 2016, p. 37) 
 
As atividades de manipulação nas artes visuais constituem de construção 
de identidade e individualidade, no qual a criança se identifica com um grupo 
cultural, com uma corrente de criação, com um grupo, pois esse reforço de 
identidade se constrói também de forma coletiva. 
Metodologia. 
 
Método. 
As pesquisas realizadas são de cunho qualitativo, bibliográfico e descritivo, 
atentando-se a suas especificidades e qualidades únicas, buscando expor 
resultado de pesquisa bibliográfica e de campo em relação ao ensino das Artes 
Visuais na Educação Infantil, sua integração como a cultura e realidade da 
criança, seus reais benefícios e cuidados a serem tomados em relação a uma 
produção de um quadro teórico que aborda o assunto, a partir da construção 
do artesanato intelectual. 
Nesse aspecto, a pesquisa qualitativa é definida como um tipo de 
investigação voltada para os aspectos qualitativos de uma determinada 
questão. 
Considera a parte subjetiva do problema. 
Isto significa que ela é capaz de identificar e analisar dados que não 
podem ser mensurados numericamente. Podemos citar como exemplo a 
observação e análise de sentimentos, percepções, intenções e 
comportamentos. 
 
 
54 
 
O papel da pesquisa bibliográfica é definido como: 
A pesquisa bibliográfica é então feita com o intuito de levantar um 
conhecimento disponível sobre teorias, a fim de analisar, produzir ou 
explicar um objeto sendo investigado. A pesquisa bibliográfica visa 
então analisar as principais teorias de um tema, e pode ser realizada 
com diferentes finalidades. (CHIARA, KAIMEN, et al., 2008). 
 
A pesquisa descritiva é uma classificação da pesquisa científica, na 
qual seu objetivo é descrever as características de uma população, um 
fenômeno ou experiência para o estudo realizado. 
Instrumentos de coleta de dados. 
Foram utilizados os instrumentos de coleta de dados utilizados na 
pesquisa com o objetivo de responder às questões surgidas a partir da 
construção do referencial teórico, objetivos gerais e específicos. 
Além da pesquisa bibliográfica, que busca um alicerce e funciona como 
elemento norteador das práticas de pesquisa no relatório final, também foi 
utilizado o formulário de perguntas enviadas para os alvos da pesquisa, nos 
quais foram ouvidos cinco professores de rede pública e privada. 
Entrevistas não estruturadas também serviram como instrumento de 
coleta de dados, nas quais foram ouvidos funcionários da escola e professores. 
A entrevista semiestruturada deu origem ao momento da análise de 
dados. Foram levantadas questões sobre o ensino das artes visuais, sua 
prática metodológica e seu embasamento teórico e legal. Também surgem 
questões com relação ao abastecimento e distribuição de recursos didáticos e 
de recursos de merenda. 
A análise do lócus da pesquisa surge para complementar e confirmar as 
práticas ditas nas entrevistas, em que foi observada a infraestrutura do CMEI, 
no qual foram realizadas as práticas de pesquisa de campo, a organização do 
espaço da sala e a disponibilidade de materiais de construção artística, 
também sendo observada a situação socioeconômica do bairro onde se 
encontra. 
 
Lócus da pesquisa 
Situada em uma “área vermelha” no bairro Corado III, na zona leste de 
Manaus, o CMEI onde foi realizada a pesquisa de campo atende cento e 
quarenta e duas crianças divididas em primeiro e segundo período, atendendo 
 
 
55 
 
crianças de quatro a cinco anos, de acordo com a LDB. O CMEI conta com 
uma infraestrutura de cinco salas, uma secretaria e diretoria, além de dois 
banheiros para alunos e dois para funcionários. Também conta com um 
refeitório e um consultório odontológico, uma área externa com chuveiros e 
uma horta orgânica, que abastece a cozinha do refeitório. 
O deslocamento até o local de pesquisa de campo foi realizado a pé 
para 
ter melhor contato com o ambiente no qual se situa o CMEI. 
Roteiro de observação de campo 
No primeiro dia de pesquisa de campo, foi realizado um primeiro contato 
com a equipe da escola, que se baseou nas apresentações e em explicar o 
objetivo da presença naquele lugar. 
Foi realizada uma entrevista semiestruturada com uma professora do 
CMEI. Depois da realização da entrevista, foi solicitada uma consulta com o 
Plano Político-Pedagógico da instituição. Após um período de tempo para uma 
análise satisfatória e detalhada do PPP, como previsto no roteiro de 
observação previamente elaborado, foi realizado um percurso guiado através 
das salas de aula, dos espaços de armazenamento e da sala multimídia. 
O processo de observação e análise documental se baseia nas 
competências previstas no RCNEI a respeito das artes visuais, sua definição, 
suas manifestações, especificidades e importância no desenvolvimento da 
criança, ligado aos objetivos do trabalho de pesquisa. 
Também foram utilizadas na análise documental as medidas previstas 
na Proposta Pedagógica Curricular da SEMED, relacionando-se com os 
objetivos levantados no trabalho de pesquisa ao tratar das orientações aos 
professores, aos direitos das crianças, e das obrigações da instituição de 
ensino. 
Resultados e discussão 
Em um primeiro momento, antes da realização da entrevista 
semiestruturada, foi realizado um diálogo introdutório com a professora, que 
será referida como Professora C, durante esse momento de análise de dados. 
Quando questionada sobre quais os seus entendimentos a respeito do 
 
 
56 
 
termo artes visuais, a resposta obtida a partir da professora entrevistada foi: 
“Entendo por artes visuais tudo aquilo que engloba a estética, a criatividade da 
visão humana.” 
Relacionando-se com os objetivos gerais da pesquisa, nos quais foi 
levantada a necessidade em primeiro lugar de uma clara definição do que são 
as artes visuais, pois a implementação de qualquer disciplina das amplas 
ramificações de campos, mesmo na educação infantil, é dada como o primeiro 
passo para um processo de desenvolvimento satisfatório e saudável da 
criança, também de acordo com a definição das artes visuais presente no 
RCNEI (volume 3, página 85, 1998): 
As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentido a 
sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da 
organização de linhas, formas, pontos, tanto bidimensional como 
tridimensional, além de volume, espaço, cor e luz na pintura, no 
desenho, na escultura, na gravura, na arquitetura, nos brinquedos,bordados, entalhes etc. O movimento, o equilíbrio, o ritmo, a 
harmonia, o contraste, a continuidade, a proximidade e a 
semelhança são atributos da criação artística 
 
Os benefícios da relação da criança com as artes visuais se fazem 
importantíssimos para a relação da criança com a realidade que a cerca, com 
sua cultura, na qual passa a atuar ativamente também como produtora dela, e 
não só indivíduo incluso. 
Em seguida, foi levantada a seguinte indagação: As artes visuais estão no 
cotidiano da criança dentro da escola? Há oficinas de artes na escola? A 
resposta da professora entrevistada foi: “Sim, estão presente nas atividades, 
nos feriados e nos planos de aula. Buscamos integrar os eventos e feriados 
aos calendários que nos são passados.” 
A maioria das escolas busca inserir as crianças no calendário de datas 
comemorativas a partir das artes visuais, com cartões, cartazes e filmes. 
Porém é crucial o contato diário e livre com as diferentes manifestações de 
artes visuais e cultura visual. 
Assim previsto na Proposta Pedagógica Curricular do Ensino 
Infantil, da SEMED (p. 37, ano 2016) 
 
Deve-se permitir que as crianças manipulem livremente ou direcionar 
tais materiais, objetivando prazer às crianças e possibilitando o 
desenvolvimento de habilidades motoras finas, situações 
imaginárias e de construção do conhecimento. 
 
 
 
57 
 
O contato com as manifestações das artes visuais, quando mediado por um 
professor com uma base de pesquisa didática, é uma prática saudável e de 
grandes resultados, porém no processo a liberdade e não intervenções em 
certos momentos se fazem tão importante quanto. 
O questionado levantado a partir das perguntas anteriores diz respeito ao 
seguinte questionamento: As crianças participam da criação dos quadros e 
cartazes? Nesse momento da entrevista, a professora fez uma revelação, um 
desabafo inesperado: “Quando temos material para a confecção sim, mas 
infelizmente aqui na escola temos muitas vezes que tirar as coisas do nosso 
próprio bolso; nos são repassados poucos materiais do tipo cola, tinta guache, 
cartolinas e pincéis, e muitas das vezes chega no meio do ano e já não temos 
mais nada, e aí precisamos comprar nós mesmas”. 
Nesse momento da coleta de dados, foram apresentados problemas de 
escassez de recursos, diferente da Proposta Pedagógica Curricular do Ensino 
Infantil, da SEMED (p. 23, ano 2016). 
O provimento de materiais como papel ofício, papel 40k, cartolina, 
tinta guache, cola colorida, massa de modelar, cola branca, tesoura, 
pincel hidrocor, pincel de pelo, lápis, borracha, apontador, lápis de 
cor, giz de cera, entre outros, é de responsabilidade da Secretaria 
Municipal de Educação, que deve sempre observar a qualidade e 
validade dos materiais oferecidos às crianças. 
 
Isso representa um problema de concordância entre a proposta 
pedagógica da Semed e a fala da Professora 1. 
A última pergunta do roteiro de entrevista semiestruturada diz respeito 
ao planejamento das atividades pedagógicas: As aulas de artes (ou momentos 
artísticos) são planejadas? Se forem planejadas, quais são os livros didáticos 
que você utiliza como material? 
Diante do questionamento, foi respondido pela professora: “São 
planejadas e sequem os conteúdos previstos para idade e série 
correspondentes, trabalhando a partir de projetos elaborados previamente, 
utilizamos os livros indicados pela secretaria de educação” 
Como previsto no (RCNEI, volume 3, p. 110, ano 1998). 
 
Os projetos podem ter como ponto de partida um tema, um problema 
sugerido pelo grupo ou decorrente da vida da comunidade, uma 
notícia de televisão ou de jornal, um interesse particular das crianças 
etc. 
 
 
 
58 
 
Para a criação de um projeto, o educador precisa realizar uma 
construção conjunta não só com toda a equipe escolar, mas com indivíduos 
atuantes na realidade da criança e das redondezas da escola, para garantir um 
objetivo condizente com a realidade sociocultural que se encontra. 
Após o término da entrevista semiestruturada com a professora C, foi 
realizada uma visita guiada, na qual foram observadas as estruturas físicas e 
as atividades expostas. 
No que diz respeito às atividades expostas em sala e nos demais 
espaços do CMEI, foi constatado que seguem de acordo com a entrevista e 
com as informações previstas no RCNEI e na Proposta Pedagógica Curricular 
da SEMED, em que se detectou a participação ativa das crianças na produção 
das manifestações nas artes visuais, e também o contato com exibições de 
vídeos educativos e musicais. 
Também foi registrado que as ferramentas do processo de criação das 
variedades das artes visuais se encontram no alcance das crianças durante as 
aulas, não sendo escondidas ou colocadas em armários ou estantes altas. 
 
Considerações Finais 
Nessa pesquisa o objetivo geral se baseia na necessidade de 
desmistificação do ensino das Artes Visuais na educação infantil, a partir da 
análise de documentos como o PPP da instituição, da Proposta Curricular da 
SEMED. A pesquisa revelou que o ensino das artes visuais está bem 
representado nas propostas oficiais e planos escolares, tendo sua importância 
e visibilidade cada dia mais ampliado e reconhecido, porém ainda se fazendo 
necessária uma futura pesquisa a respeito da modernização das artes visuais 
aliadas ao currículo na educação. 
A observação em campo corroborou com as informações previstas nos 
documentos analisados, incluindo o PPP do CMEI, no qual foi realizado o 
trabalho de coleta de dados. Nesse sentido, constatou-se uma prática docente 
consciente, plural e sensível para com as capacidades e habilidades das 
crianças, de forma bem estruturada e planejada. 
O objetivo específico, que foi respondido durante o processo de coleta e 
análise de dados, foi o da arte como um catalisador no processo de 
aprendizagem da criança em outros campos de conhecimentos presentes nas 
 
 
59 
 
escolas, foi esclarecido durante a entrevista e observação das atividades 
exposta, conforme afirma o RCNEI: 
As Artes Visuais têm sido também bastante utilizadas como reforço 
para a aprendizagem dos mais variados conteúdos. São comuns as 
práticas de colorir imagens feitas pelos adultos em folhas 
mimeografadas, como exercícios de coordenação motora para 
fixação e memorização de letras e números.(1998, p. 87) 
 
Foi observado que as crianças que apresentam uma familiaridade e 
contato maior nos conceitos da arte visual, como traços, pontilhados, 
movimentos e coordenação motora, apresentam uma capacidade que, mesmo 
que não saiba escrever no momento, são capazes de mimetizar a escrita. 
Em uma visão ampla da realização dessa pesquisa, chegamos à 
conclusão de que as artes visuais são tão presentes na educação infantil 
quanto no nosso cotidiano e nas relações sociais. 
 Além disso, contribuem para o desenvolvimento de competências e 
habilidades das crianças pequenas, no que tange ao processo de integração, 
socialização e futuras aprendizagens. São habilidades 
motoras, visuais, socializadoras e convencionais pertinentes a crianças da 
educação infantil. Em outras palavras, as artes visuais podem ser entendidas 
como um instrumento que favorece o avanço ou a consolidação da 
aprendizagem da criança, preconizadas nos documentos oficiais da Educação 
Infantil. 
 
Referências 
 
AZEVEDO JUNIOR, José Garcia de. Apostila de Arte – Artes Visuais. São Luís: 
Imagética Comunicação e Design, 2007. 59 p.: il. 
 
BERGER, John. Modos de ver. Rocco, 1980 
 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394, de 
20 de dezembro de 1996 
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / 
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. 
— Brasília: MEC/SEF,1998. 3v.: il. 
Volume 1: Introdução 
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / 
 
 
60 
 
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. 
— Brasília: 
MEC/SEF, 1998. 3v.: il. 
volume 2: Formação pessoal e social 
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / 
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. 
— Brasília: 
MEC/SEF, 1998. 3v.: il. 
volume 3: Conhecimento de mundo. 
 
FERREIRA, A. P. A importância do ensino de artes visuais na educação 
infantil. Belo Horizonte: Escola de Belas Artes da UFMG, 39f. 2015 
 
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. PUC-
RIO. Conceito Ampliado de Arte e Escultura Social. Certificação Digital n° 
0410534/CA. P. 45-58. 
 
IAVELBERG, R. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formação de 
professores. Porto Alegre: Artmed,2003. 
 
MIRZOEFF, Nicholas. Uma Introdução à Cultura Visual. 
 
PIAGET, J. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Problema central do 
desenvolvimento. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1976 PUC-RIO. 
Conceito Ampliado de Arte e Escultura Social. Certificação Digital n° 
0410534/CA. P. 45-58. 
 
TABOSA, Adriana. A perda do conceito original de arte. Oficina Cinema 
História, Copyright ©, 2005. 
 
TITO, C. S. Q. Artes visuais na educação infantil. 2016. 24 f. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Estadual da 
Paraíba, Campina Grande, 2016. 
 
 
 
 
 
61 
 
Capítulo IV 
______________________________________________________________ 
 
 
Revista Espia Lindoso: Uso das TDC's como 
ferramentas para combate ao preconceito linguístico 
 
Caroline Souza da Silva - Graduada em Letras Língua Portuguesa - 
Uninorte/AM 
 
RESUMO 
O discente deve compreender que seu papel na sociedade é fundamental para 
as relações interpessoais e fortalecimento de uma sociedade mais 
democrática e equitativa, isso exige, cada vez mais, competências, formação 
e domínio do conhecimento. Este artigo tem por objetivo relatar a criação do 
projeto Espia Lindoso, que visa à compreensão dos diversos falares das 
regiões norte e nordeste, e os preconceitos linguísticos estigmatizados na 
sociedade brasileira. Esta proposta consiste em um estudo qualitativo e 
quantitativo, no qual se buscou promover aulas envolvendo leitura e 
interpretação de texto, produção textual, pesquisas e discussões. Evidencia-
se o estímulo ao protagonismo e a criatividade estudantil, através de leitura e 
produção textual, tendo em vista a importância da utilização de diferentes 
atividades lúdicas na sala de aula e no contexto do processo ensino 
aprendizagem. Constata que as relações interpessoais são fundamentais para 
a construção do conhecimento e para o desempenho da aprendizagem, na 
aceitação das diferenças e nas relações de pertencimento começando por seu 
dialeto. Assim, compreendendo as diversas variedades linguísticas existentes, 
possa refletir sobre as causas do preconceito linguístico, tem-se uma 
oportunidade formativa diferenciada tanto aos estudantes quanto aos docentes 
envolvidos no projeto. 
Palavras-chaves: Espia Lindoso; Protagonismo juvenil; Variedade Linguística; Preconceito 
Linguístico. 
 
 
62 
 
INTRODUÇÃO 
No século XXI os jovens têm cada vez mais acesso às informações e 
com mais celeridade, imersão na cibercultura (LÉVI, 1999) que propicia 
vivências múltiplas e diferenciadas que trazem às escolas e seus docentes o 
desafio de buscar formas de construir práticas educativas que se adequem a 
essa nova realidade e favoreçam o processo ensino-aprendizagem da 
juventude estudantil. Diversos temas podem ser abordados com uso de 
Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação (TDIC´S) de forma a 
oportunizar uma aprendizagem reflexiva e ativa. 
Oportunizando-se o protagonismo juvenil, conforme orientado na Base 
Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2018) quando afirma que: 
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria 
das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a 
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar 
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive 
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 
 
Ocasionando maiores e melhores possibilidades de intervenção nas 
escolas, em suas comunidades e no mundo. Nesse sentido, compreende-se 
que as práticas de ensino docente com uso de TDIC´s podem colaborar para 
promoção de uma educação com equidade e que viabilize construção de 
cidadania em meio físico e digital. Tal entendimento, tornou-se 
significativamente mais claro a partir da necessidade de inserção de TDIC´s 
devido ao contexto pandêmico. Se por um lado, foi possível perceber a 
carência de conhecimentos necessários à construção de práticas pedagógicas 
que utilizassem tais tecnologias e da pouca infraestrutura escolar para tal. Por 
outro lado, pôde-se na busca de aprender a construir as referidas práticas 
compreender a importância dessas para o contexto educacional atual, 
principalmente a partir da aprovação da BNCC e do desafio de sua 
implementação. Nesse sentido, foi desafiador buscar formas de construir um 
projeto que inserisse o uso de TDIC´s, discutisse a variedade linguística e o 
preconceito linguístico, estimula a pesquisa e produção escrita dos estudantes 
e mobilizasse a escola em torno dos temas abordados de forma a possibilitar 
reflexões que estimulem o respeito às particularidades das pessoas, seus 
grupos e suas comunidades. 
 
 
63 
 
Como os indivíduos têm suas particularidades, a língua também possui 
as suas, visto que, “Conscientizar-se de que toda língua muda e varia. O que 
hoje é visto como “certo” já foi “erro” no passado. O que hoje é considerado 
“erro” pode vir a ser perfeitamente aceito como “certo” no futuro da língua” 
(Bagno, 2007. p 142). Considerando a grande variedade linguística brasileira 
e que seu desconhecimento, por parte do alunado, pode ocasionar situações 
de preconceito ao falar do outro, considerado como errado para quem 
desconhece tal falar, entende-se de grande importância trazer e propiciar 
momentos de reflexão e discussão sobre esse tema ao ambiente escolar. 
Nesse sentido, o trabalho com projetos mostra-se uma possível estratégia 
pedagógica. 
Da referida compreensão, pensou-se em construir um projeto de ensino 
que fomentasse essa discussão de forma que os estudantes pudessem ser 
protagonistas ao longo de todo o processo educativo. Ao abordar situações de 
preconceito vivenciado na escola ou em suas comunidades devido à maneira 
de falar característica do povo nortista (amazonense) e nordestino, 
compreender que não se trata de erro, uma vez que, “Nós somos a língua que 
falamos. A língua que falamos molda nosso modo de ver o mundo e nosso 
modo de ver o mundo molda a língua que falamos.” (Bagno, 2007, p. 143.). 
Assim, buscou-se construir e desenvolver o projeto concernente às 
variedades linguísticas como parte integrante na constituição do ser humano, 
já que: 
A língua, em sua infinitude, em sua heterogeneidade e em seu 
constante processo de mudança, é, no fundo, incontornável – como 
dizia o filósofo alemão Martin Heidegger. Isto é, não dispomos de 
meios para cercá-la, para riscar um traço a seu redor, para desenhar 
uma linha que a contenha. (FARACO, 2008, p. 104). 
 
É finalidade deste trabalho relatar a experiência do desenvolvimento do 
projeto de ensino: Revista Digital Espia Lindoso, realizado com cinco turmas 
de 1.ª série do Ensino Médio do turno matutino, da Escola Estadual Prof. José 
Bernardino Lindoso, idealizada pela professora, autora deste relato, emparceria colaborativa com a pedagoga da instituição de ensino referida, 
localizada na zona norte de Manaus – AM, pertencente à Coordenadoria 
Distrital de Ensino 6 (CDE-6). Este relato, encontra-se organizado em etapas 
 
 
64 
 
sendo essas diagnóstico, planejamento, implementação, avaliação e 
divulgação 
PRÁTICAS ESCOLARES E AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
Uma das práticas que visam uma educação de qualidade está 
relacionada com o ensino da língua e domínio sobre ela, o que inclui a leitura, 
escrita e a variedade linguística, essas competências avançam 
respectivamente com as práxis socioculturais das diversas regiões do nosso 
país. 
Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas 
populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda 
uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua 
e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada 
compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história 
social e suas características atuais. Essa compreensão deve 
alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em 
seguida, os educandos. (ZILLES, FARACO, 2015, p 9.) 
 
Do dito pelos autores, compreende-se que através de práticas 
pedagógicas que integrem uma reflexão sobre a importância da multiplicidade 
da nossa língua, pode-se ampliar a compreensão acerca da utilização da 
linguagem em variados contextos sociais, compreende-se que a língua passar 
por processos de adaptabilidade de acordo com o principal responsável pelo 
uso dela, o falante. Construir esta compreensão faz-se indispensável para 
combater práticas preconceituosas na escola e na sociedade. Já que. 
Apreende-se que as novas práticas de abordagem dessa temática 
necessária ao ensino dos discentes, faz-se indispensável a realização de aulas 
com leituras de textos de variados gêneros como músicas, cordéis, poemas, 
debate etc., abordando tanto a variedade linguística quanto o preconceito 
linguístico. Em sala de aula, percebe-se as diferenças e semelhanças dos 
falares das regiões norte e nordeste, o estudo sobre os tipos de variedades 
linguísticas diatópica, diacrônica, diastrática e diafásica, e o que ocasiona 
o preconceito linguístico em cada um desses aspectos. 
A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente, 
bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela 
linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito 
negativa. O senso comum tem escassa percepção da língua como 
um fenômeno heterogênea que alberga grande variação regional 
demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como 
sinais de deterioração da língua. (ZILLES, FARACO, 2015, p 27.) 
 
 
 
65 
 
Nesse sentido, discutir os temas referidos torna-se primordial no ensino 
de Língua Portuguesa, pois favorece a construção de conhecimentos de forma 
crítica, ao invés de meramente memorizar regras ortográficas. Ao pesquisar as 
variedades da língua como a regional, por exemplo, os estudantes não têm 
contato apenas com palavras, mas sim com culturas diferentes. E nestas 
poderão identificar pontos em comum ou divergentes da sua. Poderão a partir 
de discussões em grupo perceber que o escárnio sobre a maneira de falar do 
outro, constituem uma prática agressiva à cultura alheia. Podendo ser 
configuradas como atos de discriminação que podem contribuir para fortalecer 
diversas formas de preconceito, dentre eles, o linguístico. Segundo Leite: 
Do ponto de vista filosófico, o preconceito é um fenômeno que se 
verifica quando um sujeito discrimina ou exclui outro, a partir de 
concepções equivocadas, oriundas de hábitos, costumes, 
sentimentos ou impressões. (LEITE, MARLI QUADROS, 2012, p 27.) 
 
 Ademais, propiciar tal vivência educativa pode contribuir para 
valorização cultural do povo nortista e amazônico. Dessa forma, o ensino de 
nossa língua materna, perpassa pelo ensino da diversidade cultural presente 
em nosso país. Diversidade que precisa ser valorizada e respeitada. Docentes 
e escolas, tem sua importância e responsabilidade nesse sentido. A seguir 
relata-se o projeto de ensino que objetivou trazer essa discussão para o 
ambiente escolar. 
 
RELATO DE EXPERIÊNCIA 
O projeto Revista Espia Lindoso foi desenvolvido no período de 10 de 
agosto a 29 de setembro do ano letivo de 2021. Para sua escrita, observaram-
se os conhecimentos prévios dos estudantes sobre as temáticas abordadas, 
valorizando-se o diálogo, respeitando-se o contexto social discente, e 
enfatizando-se a responsabilidade social, coletiva, democrática e inclusiva. 
Realizou-se um estudo e observação das variedades linguísticas presente na 
escola e se haviam ocorrências de situações de preconceito linguístico na 
mesma, e qual seria a importância desses temas para o convívio social dos 
alunos. 
 Abriram-se assim, as discussões sobre os temas abordados, utilizando-
se como estratégias didático-pedagógicas: redes sociais (Instagram, whatsapp 
e facebook), pesquisas em sites, realização de entrevistas, construção de 
 
 
66 
 
cartazes e painéis temáticos, através dos quais estudantes com habilidades 
para desenho puderam expressar sua compreensão dos temas abordados de 
forma mais crítica e criativa. O projeto, também foi construído em consonância 
com o Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP), pois este defende a 
construção do conhecimento a partir do Construtivismo, da dialogicidade 
freireana e trabalho pedagógico de forma interdisciplinar. 
O projeto teve como objetivo geral: Compreender os diversos falares das 
regiões Norte e Nordeste brasileiras e os preconceitos linguísticos 
estigmatizados na sociedade brasileira, e como objetivos específicos: 
Conhecer as diferentes variações linguísticas do norte e nordeste brasileiro; 
discutir os diversos falares das regiões Norte e Nordeste brasileiras e os 
preconceitos linguísticos estigmatizados na sociedade brasileira. Refletir sobre 
a causa do preconceito linguístico nessas regiões e suas consequências a 
essa população; estimular o protagonismo e a criatividade juvenil em 
produções textuais; estimular a leitura de produções literárias (Contos, 
Crônicas e Poemas) de escritores da Região Norte e Nordeste. inseri 
Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação (TDIC´S) nas práticas 
pedagógicas para o ensino de Língua Portuguesa. A seguir, dispõe-se a sua 
metodologia. 
 
METODOLOGIA 
O projeto foi desenvolvido em seis etapas, conforme descrito abaixo. 
 
Quadro 1. Etapa Diagnóstica 
1ª etapa: Diagnóstica 
Foi realizado o diagnóstico do conhecimento prévio dos estudantes sobre as 
variedades linguísticas e o preconceito linguístico, e sobre a relevância dos 
temas para os alunos e demais comunidade escolar. 
Foram utilizados pesquisas e debates sobre o tema variedade e preconceito 
linguístico nas aulas para desenvolver esta etapa. 
Esta etapa foi realizada sob forma de rodas de conversa com alguns alunos 
das turmas e foi produzida uma live com alguns discentes que aceitaram 
participar da discussão ao vivo via Instagram do projeto. 
 
 
 
 
 
67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1. Live transmitida no Instagram 
 
 
 
Quadro 2. Etapa Planejamento 
2ª etapa: Planejamento: Organização de grupos de estudantes para o 
desenvolvimento do projeto: 
Equipe de coordenação e 
Equipe de pesquisa e desenvolvimento composta por alunos. 
Professores Convidados: 
Prof.a Andrea Fonseca - Física 
Prof.o Gean Oliveira - Filosofia 
Prof.a Auciléia Augusto - Língua Inglesa 
Prof.a Maria Goreth Farias - Artes 
Apoio Pedagógico e Administrativo: 
Prof.a Ildeneti de Jesus Alves - Pedagoga 
Prof.a Luciana Mara Carvalho Aguiar- Gestora 
Familiarização e aprofundamento dos conhecimentos dos estudantes com 
os temas. As estratégias didáticas utilizadas foram: orientação à realização 
de pesquisas em sites e posterior, problematização em sala de aula; uso 
de músicas e vídeos do YouTube sobre ostemas e sua análise em sala de 
aula, dentre elas, a música: O Amazonês do cantor nortista, Nicolas Junior, 
que demonstra vários falares nortistas, principalmente o amazônico. 
 
 
68 
 
2ª etapa: Planejamento: Organização de grupos de estudantes para o 
desenvolvimento do projeto: 
Em seguida, apresentação do vídeo do poeta e cordelista nordestino 
Bráulio Bessa que explica sobre o preconceito linguístico que sofreu por ser 
do Nordeste, e através de um cordel de Josenir Alves de Lacerda que se 
intitula Cordel Dicionário, exemplifica as variedades linguísticas da região 
nordestina. E por último, o vídeo do Rap Emicida que fala sobre as diversas 
formas de se comunicar. Todas as atividades foram feitas sob forma 
dialógica. Sempre estimulando a reflexão discente. Nesta segunda etapa, 
utilizou-se uma caixinha de som, um tablet, internet e vídeos do YouTube. 
 
 
 
 
 
Figura 2. Planejamento 
 
 
 
Quadro 3. Etapa Implementação 
3ª etapa: Implementação: Pesquisa e Discussões 
Apresentação oral com uso de slides para os alunos os aspectos que 
compõe as variedades linguísticas 
Abordando-se: variação histórica, regional, social e de estilo, e o que 
ocasiona o preconceito linguístico em cada um desses aspectos. 
 
 
69 
 
Nesta etapa, propôs-se em uma aula, uma atividade de pesquisa (em meio 
físico e digital) e observação livre sobre como os grupos sociais dos quais 
cada aluno participa, como grupo familiar, amigos, comunidade escolar, 
para a verificação das diversas formas de falar nesses grupos. 
Na aula posterior, foi promovido debate sobre as descobertas dos 
estudantes. Os alunos observaram as diferentes formas de se comunicar 
de acordo com o grupo social que está inserido, que o jeito que falam com 
os pais é diferente do jeito que eles se comunicam com o grupo de amigos. 
Observou-se que as descobertas feitas geraram interação entre os 
estudantes e com a professora. 
 
 
Figura 3. Atividade Implementação 
 
 
 
 
Figura 4. Pesquisa 
 
 
Quadro 4. Etapa Produção 
4ª etapa: Produção da Revista 
 
 
70 
 
Nesta etapa, propôs-se em uma aula, uma atividade de pesquisa (em meio 
físico e digital) e observação livre sobre como os grupos sociais dos quais 
cada aluno participa, como grupo familiar, amigos, comunidade escolar, 
para a verificação das diversas formas de falar nesses grupos. 
Na aula posterior, foi promovido debate sobre as descobertas dos 
estudantes. Os alunos observaram as diferentes formas de se comunicar 
de acordo com o grupo social que está inserido, que o jeito que falam com 
os pais é diferente do jeito que eles se comunicam com o grupo de amigos. 
Observou-se que as descobertas feitas geraram interação entre os 
estudantes e com a professora. 
Os estudantes foram divididos por turma e construíram roteiros de 
entrevista com convidados de outras regiões para falar sobre as 
expressões regionais, como a participação do Professor e Administrador 
Antônio de Marabá que explica seu entendimento por preconceito 
linguístico, pesquisas de músicas, poemas, contos, crônicas, produção de 
artigo de opinião, resenha, resumo crítico e entretenimento relacionadas às 
variações linguística, produções textuais e artes digitais para a mesma, 
como produção de tirinhas e desenhos de autorias dos alunos. 
 
 
 
 
 
Figura 5. Produção: Mão na massa 
 
 
 
71 
 
 
Figura 6. Produção: Equipe de Coordenação 
 
 
Quadro 5. Etapa 
5ª etapa: Avaliação e Criação da Revista Digital 
Criação de QRCode para facilitar o acesso à revista, através de aparelhos 
de Smartphone, e por fim. Foi utilizado o aplicativo QRCode Generator para 
a criação da revista digital nesta penúltima etapa. 
 
 
 
72 
 
 
Figura 5. Revista Digital 
 
 
 
Quadro 6. Etapa Divulgação 
6ª etapa: Divulgação: Culminância/Socialização à comunidade escolar 
Exposição presencial para o público escolar, exposição de cartazes com 
estrangeirismo e desenhos produzidos pelos estudantes, músicos e 
convidados. 
 
 
 
 
73 
 
 
Figura 6. Equipe de Apresentação 
 
 
Figura 7. Socialização 
 
 
 
 
 
74 
 
 
Avaliação do Projeto 
A avaliação foi realizada de duas formas, contínua para verificação da 
aprendizagem do discente e avaliação final do projeto. Para a primeira os 
aspectos a serem considerados foram: em relação às produções textuais, 
observa-se dificuldade de escrita como a ortografia, pontuação e concordância 
verbal e nominal, em relação aos prazos de entrega, houve dificuldade em 
cumprir o tempo determinado, tanto pela dificuldade de internet e agravado 
pelo contexto vivenciado, a pandemia. Para a segunda, os aspectos 
considerados foram: as produções textuais a leitura e interpretação de texto 
com o tema abordado. Os Indicadores dessas produções demonstram os 
efeitos e transformações provocados pelo projeto na conscientização das 
diversas elocuções existentes nas regiões norte e nordeste. Tendo em vista 
que, aspectos a serem avaliados pela professora orientadora serão a trajetória 
e conhecimentos adquiridos, tendo em vista a singularidade de cada 
participante, e a contribuição de práticas voltadas à prevenção e ao 
enfrentamento do preconceito linguístico. 
 
RESULTADO E DISCUSSÃO 
Por meio do Projeto conseguiu-se conhecer os diversos falares das 
regiões norte e nordeste, e os preconceitos linguísticos estigmatizados na 
sociedade brasileira. A revista digital Espia Lindoso, revela os falares da região 
norte, a palavra "Espia", significa "olha ou observa" e Lindoso é maneira 
popular em que a Escola Estadual Professor José Bernardino Lindoso é 
conhecido, por seu corpo docente e discente. Desenvolveu atividades 
diversificadas e lúdicas com diferentes gêneros textuais, integrou os alunos em 
atividades criativas através de Contos, Crônicas, Poemas, desenhos e jogos. 
Aprendeu-se sobre as causas do preconceito linguístico e como buscar formas 
de combater esse tipo de discriminação. 
A seguir exemplos de expressões utilizadas na região, exposta na Revista. 
• À Perigo = Essa expressão pode ter dois significados: sem dinheiro, ou, muito 
tempo sem manter relações sexuais. 
• Agorinha = Diferente de São Paulo, agorinha não corresponde ao futuro. Aqui 
a expressão está no passado e quer 
 
 
75 
 
dizer “há pouquíssimo tempo”. 
• Baiacu = Até tem relação com o peixe que infla ao se sentir em perigo: a gíria 
é para dizer que uma pessoa está 
um pouquinho acima do seu peso, gordinha. 
• Caixa-prego = Lugar distante. 
• Dança de rato e sapateado de catita = Sabe quando alguém está te 
enrolando? O homem do departamento vizinho 
está protelando aquele relatório que era para ser entregue semana passada? 
Essa pessoa está de dança de rato e 
sapateado de catita. 
• Ê, caroço! = Usada quando alguém se safa por pouco de uma situação 
complicada. 
• Ketchback = Está de rolo com o “boy” da faculdade, com aquela “gatinha” da 
rua de cima? Então, você está em 
um Ketchback. 
• Lavar a égua ou lavar a burrinha = Deixar o balde d’água e o sabão de lado. 
Essa expressão representa levar 
vantagem, ter um momento de felicidade, ter sorte com alguma coisa, ganhar 
algum prêmio. 
•Menino barrigudo = Nem obesidade infantil, nem verminose. Essa gíria se 
refere a alguém que só faz besteira. 
• No olho = Expressão utilizada para indicar que alguém recebeu uma resposta 
certeira. 
• Tá, cheiroso! = Não mesmo! De forma alguma! 
• Leso ou Leseira = Um leso é alguém que sofre de leseira. Leseira é um 
“abestalhamento” momentâneo que é 
intrínseco do leso. Se a leseira for uma característica contínua, algo que 
acontece com muita frequência, esse leso 
sofre de “leseira baré”. 
• Pitiú = Mau cheiro. Geralmente associado ao odor de peixe. 
• Telezé = É a mesma coisa que “tu és leso é?” 
• Borimbora = Vamos embora. 
• Nem com nojo = É uma negativa veemente de que algo realmente não irá 
acontecer. 
 
 
76 
 
• Maceta = Grande,imenso, de proporções anormais. 
• Mano ou Mana = Tratamento carinhoso entre conhecidos ou não. 
•Pai d’égua = Algo ou alguém muito bom, muito legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 8. Cartaz com expressões regionais 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O desenvolvimento deste trabalho com os alunos da 1ª série do ensino 
médio, constata que as produções realizadas pelos estudantes foram 
claramente observado com objetivo de elencar teoria e prática nas aulas de 
Língua Portuguesa e com interdisciplinaridade, focando no protagonismo 
estudantil, utilizando o processo criativo para expressar seu aprendizado 
através dos diversos gêneros textuais, artísticos e de observação do espaço 
social que está inserido, a importância do envolvimento dos discentes no 
projeto produziu um resultado satisfatório. Porém, no processo de 
desenvolvimento do projeto, houve adversidades, pois o contexto pandêmico 
vivenciado ao longo da proposta dificultou o progresso global das atividades a 
serem desenvolvidas pelos estudantes, todavia a internet foi uma ferramenta 
indispensável para avanço das temáticas trabalhadas no plano, isto foi 
 
 
77 
 
constatado na condução deste trabalho, houve a necessidade de encontros 
dos estudantes com convidados para que esses pudessem relatar as suas 
experiências em relação aos fenômenos das variantes linguísticas, no entanto 
o encontro com esses partícipes só foi possível através de aplicativos de redes 
sociais, como WhatsApp e Instagram. Ao longo do seguimento as aulas 
ministradas foram expositivas e dialogadas com a temática da Variação 
Linguística (V.L.) e Preconceito Linguístico (P.L.), essas aulas foram 
fundamentais para elucidar as dúvidas e dificuldades que surgiram nesse 
processo possibilitando uma aprendizagem contínua, e tornando 
imprescindível a presença de um educador como facilitador da aprendizagem. 
Portanto, as ferramentas digitais constituíram-se em recursos adicionais, mas 
não substituem o orientador. 
Ao visualizar o andamento do roteiro torna-se evidente que alguns assuntos 
relativos à V.L. e P.L., chamaram a atenção dos adolescentes, visto o 
interesse demonstrado por eles, por ser uma temática complexa que 
compreende uma série de contextos que vão desde o histórico (diacrônico), 
regional (diatópico), social (diastrático) e de estilo ( diafásico), mostrou uma 
problemática enfrentada por esses adolescentes, pois quando se trata da 
língua, que é um órgão vivo e em constante mudança, demanda uma 
compreensão de amplitude de todos os fatores que envolvem as 
transformações da língua. 
A guisa de conclusão, reitera-se que o presente projeto, contextualiza o 
socioeducacional com o sociocultural para uma construção de experiências, 
entendimentos e preservação dos conhecimentos adquiridos ao logo do 
encadeamento realizado por este planejamento de atividades realizadas pelos 
envolvidos no processo, considere-se que o conhecimento adquirido nesta 
experiência impulsiona a continuidade do projeto desenvolvido na escola. 
 
Referências 
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em 05 jan. 2022. 
ZILLES, Ana Maria Stahl.; FARACO, Carlos Alberto. (Org.). Pedagogia da 
variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola 
Editorial, 2015. 
 
 
78 
 
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 56. ed. 
São Paulo: Parábola Editorial, 2015. 
FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta brasileira: desatando alguns nós. 
São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 
LABOV, William. Padrões Sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2008. 
LEITE, Marli Quadros. Preconceito e intolerância na linguagem. São Paulo: 
Contexto, 2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
79 
 
Capítulo V 
______________________________________________________________ 
 
A perspectiva deweyana como recurso didático 
utilizado em cursos autoinstrucionais para 
qualificação profissional de trabalhadores da saúde 
 
Josué Miguel de Oliveira – Mestrando em Odontologia (Saúde Bucal Coletiva), 
Universidade de Brasília/DF. 
Maria Tereza de Moraes Longhi – Acadêmica de Odontologia, Universidade 
Federal de Alfenas/MG. 
Welliton dos Santos Batista – Acadêmico de Odontologia, Universidade de 
Brasília/DF. 
Kellen Cristina da Silva Gasque – Doutora em Odontologia (FOB[1]USP). 
Pesquisadora em Saúde Pública, Fiocruz Brasília/DF 
 
 
Resumo 
Introdução: surgidos no fim da década de 2000, os cursos autoinstrucionais 
inovaram ao utilizar das ferramentas de internet para fornecer cursos, gratuitos 
ou não, à população ao redor do mundo. No Brasil, são empregados em 
diversas áreas, por diferentes instituições, públicas ou não, destacando-se a 
implementação na área de saúde como ferramenta de capacitação desses 
profissionais. Como forma de aproximação e quebra da quarta parede no 
ensino virtual, têm se empregado a didática da problematização para aumento 
da eficácia de aprendizagem. Objetivos: o presente manuscrito almeja 
compreender o modo de operação da didática da problematização, 
preconizada por John Dewey e muito utilizada em cursos abertos online e 
massivos para a qualificação de profissionais da área da saúde na realidade 
brasileira. Metodologia: foi realizada uma pesquisa bibliográfica de natureza 
qualitativa, através da busca em bases de dados, no intuito de analisar 
trabalhos que abordassem o papel da problematização de Dewey em cursos 
autoinstrucionais para à área de saúde. Resultados: conforme a teoria 
preconiza, os cursos autoinstrucionais para área de saúde precisam considerar 
o processo educativo como emancipatório e resgatar as vivências cotidianas 
dos profissionais para estabelecer efetivamente o aprendizado. Condições de 
acesso devem ser superadas para democratização do acesso. Considerações 
 
 
80 
 
finais: baseado nisso, conclui-se que a perspectiva deweyana utilizada em 
cursos autoinstrucionais a reforça como uma excelente abordagem didática, e 
a capacitação dos trabalhadores da saúde é facilitada através deles, 
aumentando o alcance para novos profissionais interessados e aprimorar a 
oferta de cuidado nos diferentes cenários de atuação do SUS. 
 
Palavras-chave: Recursos Humanos em Saúde; John Dewey; MOOC; SUS. 
 
 
Introdução 
Surgidos em meados de 2008, os cursos autoinstrucionais são um 
modelo em formato aberto, online, gratuito, disponíveis em plataformas como 
Edx e Coursera. Em geral, esses cursos são oferecidos por instituições e 
organizações de renome, abordando diversas disciplinas e são idealizados 
com o intuito de atingir o maior número de pessoas possível, as quais são 
aproximadas conforme suas habilidades, objetivos, conhecimentos e 
interesses, uma vez que, na maioria das vezes, o curso é escolhido de acordo 
com a temática. Os cursos autoinstrucionais representam importante 
estratégia de aprendizagem com repercussão nas áreas tecnológica e 
educacional (FASSBINDER; DELAMARO; BARBOSA, 2014). 
Além disso, os comentários e “feedbacks’’ sobre os cursos que são 
disponibilizados nas plataformas permitem que o participante consiga escolher 
o curso de forma certeira, considerando a opinião de outros participantes 
(LIYANAGUNAWARDENA et al., 2019). A depender da instituição ofertante, 
os cursos online podem ter a presença de fóruns de discussão que permitem 
a interação e comunicação entre alunos, professores e demais participantes 
de formato assíncrono, o que facilita o engajamento do público online, além de 
contribuir para a formação de um conhecimento colaborativo, por meio da troca 
de conhecimento e experiências (SAADATDOOST et al., 2019). 
Esse formato de cursos online, aberto e gratuito têm apresentado 
crescente expansão no século XXI, com a era digital, e ganhou ainda mais 
expressividade em decorrência da pandemia da Covid-19, período em que as 
estratégias de ensino remoto foram otimizadas. Aopasso que Blanco e 
colaboradores afirmam que os Cursos autoinstrucionais são uma tendência 
tecnológica e pedagógica para educação, outros especialistas duvidam da 
efetividade desse formato de curso na aprendizagem dos participantes, visto 
que as estratégias de aprendizagem podem não seguir uma metodologia clara 
 
 
81 
 
e objetiva, além da taxa de conclusão dos cursos ser menor quando 
comparada a outros formato de cursos, como os cursos presenciais 
tradicionais (BLANCO; GARCÍA-PEÑALVO; SEIN-ECHALUCE, 2013; 
FASSBINDER; DELAMARO; BARBOSA, 2014). Nesse sentido, a evasão dos 
alunos a distância pode ser justificada devido a demanda de trabalho, família 
e responsabilidades sociais, somado a necessidade de disciplina para 
gerenciamento do tempo (AYDIN; YAZICI, 2020). 
Devido à crescente expansão de público, as plataformas provedoras de 
Cursos autoinstrucionais têm constantemente desenvolvido e experimentado 
abordagens dotadas de tecnologia como sessões de acompanhamento e 
cursos individualizados em diferentes modalidades de formação (LEIRE et al., 
2016). No que se estende à realidade brasileira, as maiores redes provedoras 
de capacitação profissional em saúde, tais como a Rede Universidade Aberta 
do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) e sistema TELELAB, utilizam da 
problematização como metodologia ativa preferencial para a produção de suas 
ações educativas. De acordo com Gasque e colaboradores, em dezembro de 
2019, a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) já havia ofertado 256 cursos 
autoinstrucionais (em que não há tutoria) em 467 ofertas, totalizando mais 2,6 
milhões de matrículas (GASQUE et al., 2021). 
Em relação às metodologias de ensino e aprendizagem, cabe citar as 
mais conhecidas, tais como a aprendizagem pela interação social 
desenvolvida por Lev Vygotsky, a aprendizagem pela experiência – ou 
problematização/método de problemas – de John Dewey (objeto de pauta 
desse manuscrito), bem como a aprendizagem significativa preconizada por 
David Ausubel e a perspectiva da autonomia de Paulo Freire (DIESEL; 
BALDEZ; MARTINS, 2017). 
Dewey é considerado o maior teórico estadunidense do século passado. 
Contribuiu em diversas publicações reconhecidamente valiosas para a ciência, 
como a teoria da Escola Nova, que se contrapôs ao sistema educacional da 
época – evocando uma perspectiva de ensino-aprendizagem voltado ao aluno 
como sujeito de si mesmo e preconiza que deve partir de conhecimentos 
prévios do aluno (PEREIRA; MARTINS; et al., 2009). 
Sua teoria visa o sujeito como ativo no seu próprio processo de 
problematizar, assumindo que o aluno possui interesses, que as atividades a 
 
 
82 
 
serem trabalhadas deveriam ter propósitos definidos para estimulação do 
pensamento através da observação de informações e instrumentos sendo 
utilizados para que o resultado fosse algo concreto e passível de utilidade – 
oportunizando ao aluno que possa desenvolver suas ideias através da 
aplicação (ZANOTTO; ROSE, 2003). 
Sua ideia básica está centrada no desenvolvimento da capacidade de 
raciocínio e espírito crítico por parte do educando. O deweynismo pode ser 
remetido a um exercício constante de prática docente em favor da liberdade 
de pensamento para que o aluno obtenha suas próprias certezas, 
conhecimentos e regras morais. Põe o educador não somente em posição de 
atenção à aprendizagem discente, mas de reconhecer que circunstâncias 
práticas levam à experiências de produção de conhecimento (PEREIRA; 
MARTINS; et al., 2009). 
Tendo em vista a grande adesão de profissionais em Cursos 
autoinstrucionais voltados para capacitação em recursos humanos, o presente 
trabalho tem o intuito de aprofundar a busca acerca da metodologia didática 
do pensamento Deweyano, utilizada em cursos autoinstrucionais direcionados 
à área da saúde em geral, a fim de compreender seu modo de operação na 
realidade brasileira. 
 
Revisão de literatura 
Cursos autoinstrucionais 
 
Os cursos autoinstrucionais, surgiram como uma forma de milhões de 
alunos em todo o mundo acessarem oportunidades de aprendizagem de forma 
mais flexível com o advento de milhares de cursos, atraindo milhões de alunos. 
Para permitir o aprendizado em tal escala e reduzir o custo do suporte ao 
aprendizado, os Cursos autoinstrucionais tendem a ser projetados em torno de 
um formato autoguiado, utilizando de ambientes virtuais de aprendizagem 
baseados em web, pressupondo que os alunos sejam capazes de regular seu 
próprio aprendizado, em vez de depender do controle de tutores ou 
professores (MILLIGAN; LITTLEJOHN, 2016). 
Para Maxwell e colaboradores, os cursos autoinstrucionais tendem a se 
enquadrar em um dos dois modelos a seguir. O primeiro é conectivista, 
 
 
83 
 
originado em 2008, e em que comunidades online se formam em torno de um 
assunto de interesse mútuo, normalmente fora dos contextos educacionais 
tradicionais. O segundo é normalmente oferecido por provedores com fins 
lucrativos como Coursera ou edX (MAXWELL et al., 2018). 
Os cursos autoinstrucionais possuem muitas vantagens, tais como 
conveniência, flexibilidade e acessibilidade, além de oferecer aprendizado 
colaborativo e social. Todavia, é impossível ignorar os desafios associados aos 
cursos autoinstrucionais, que incluem principalmente baixas taxas de 
conclusão, falta de interação do tutor com os alunos e avaliação limitada da 
aprendizagem, assim como não ter conhecimentos prévios, o que pode 
prejudicar a autoconfiança e a capacidade de alguns alunos (JIA et al., 2019). 
Assim, não se pode comparar o número de participantes que concluíram o 
curso com o número de participantes que se inscreveram, pois os métodos e 
a aplicabilidade para as taxas de conclusão e retenção de cursos 
autoinstrucionais variam de acordo com o tipo de curso, a modalidade de oferta 
e a importância da área para o engajamento de profissionais (LEIRE et al., 
2016). Há que se considerar também que existem aqueles estudantes que 
fazem a matrícula para buscar uma determinada informação, sem ter o 
interesse em certificação. 
Para ilustrar o acima exposto, Jia e colaboradores compararam as 
diferenças entre os alunos de enfermagem em ofertas virtuais e híbridas em 
cursos autoinstrucionais, reportando que os alunos híbridos tiveram melhor 
desempenho e melhor uso dos recursos do curso (como discussões e testes) 
do que os alunos virtuais, demonstrando que alunos híbridos se beneficiaram 
mais do modelo, e que as abordagens combinadas síncronas e assíncronas 
são recomendadas para o futuro ensino de enfermagem (JIA et al., 2019). 
 
Qualificação de profissionais da saúde 
 
Embarcando na realidade do Brasil, a oferta de cursos para qualificação 
de profissionais de saúde tem iniciativa e financiamento pelo SUS, por meio 
de programas gratuitos como a UNA-SUS, Sistema TELELAB de Educação 
Permanente, AVASUS e outros de menor alcance. Para ampliar o debate, é 
necessário compreender que muitos profissionais da área de saúde possuem 
 
 
84 
 
acesso dificultado às ofertas, seja por falta de engajamento de sua unidade de 
saúde ou empecilhos domiciliares que afunilam e restringem a adesão às 
ofertas educacionais. 
Bussotti e colaboradores ressaltam a importância de adequar a 
modalidade oferecida ao perfil dos participantes, pois no modelo 
autoinstrucional, é importante manter o incentivo do aluno a fim de superar 
barreiras inerentes à modalidade e à sua habilidade com a ferramenta web. A 
adesão de um curso online sem tutoria pode resultar na ausência motivacional, 
como resposta imediata das dúvidas quanto ao conteúdo, o que contribuiria no 
estímulo de continuidade no desenvolvimento do aluno nos módulos 
(BUSSOTTI et al., 2016). 
 
Quadro 1. Contribuições dos cursos autoinstrucionais para questões nacionais e internacionais 
na educação e prática médica. 
 Natureza da contribuição 
Prevenção Práticas 
baseadas 
em 
evidências 
MediçãoNogueira, João Luiz Nunes do 
Nascimento 
 
 
11 
 
 
Capítulo VIII .................................................................................................... 119 
Educação para o mundo do trabalho e o voluntariado por meio da 
Aprendizagem Baseada em Projetos. 
Aldenize Pinto de Melo do Nascimento, João Luiz Nunes do Nascimento, 
Sabrina Gama, Dayane Brenda Lira, Ana Paula Brandão da Silva 
 
Capítulo IX ...................................................................................................... 129 
A musicalização como ferramenta de ensino da Língua Espanhola: um 
comparativo lexical. 
Rosilene de Oliveira Brito, Ana Karoliny Mota Sampaio 
 
 
 
 
 
12 
 
Capítulo I 
______________________________________________________________ 
 
Internet e educação em tempos de pandemia: o sinal 
da desigualdade 
 
Michele Lins Aracaty e Silva - Doutora em Desenvolvimento Regional/ UNISC 
Nerine Lucia Alves de Carvalho – Mestre em Engenharia de Produção/ UFAM 
 
Resumo: A discussão acerca da conectividade e uso da internet no processo 
educacional e a evidência de desigualdade social já pode ser medida através 
de números no Brasil desde 2005, ano em que a IBGE/ PNAD iniciou o 
levantamento. Em 2020, foram 134 milhões de acessos à internet no país, bem 
acima dos 31,9 milhões que fizeram uso da internet para pesquisas, aquisição 
de bens e serviços em 2005. Apesar do expressivo avanço, o acesso à internet 
revela inúmeras desigualdades bem como um abismo educacional já evidente 
nas crises econômicas e que se agravou em meio à pandemia de Covid-19 
que atingiu o Brasil em 2020. Assim, temos como objetivo analisar como a 
escassez de conectividade e a falta do letramento digital intensificam as 
desigualdades educacionais. Para tanto, esta pesquisa é de caráter 
bibliográfico e documental, com o uso de material já publicado para a 
construção da base teórica e de documentos do MCTIC, Anatel, IBGE/PNAD 
e IPEA. Quanto aos resultados, fez-se uso de análise de conteúdo. O fato é 
que a desigualdade social favorece a exclusão digital que por sua vez, reforça 
a desigualdade social, é preciso uma nova postura e um novo olhar por parte 
do governo para diminuir o quadro perverso da desigualdade brasileira, que é 
histórica. 
 
Palavras-chave: Desigualdades educacionais; Conectividade; Letramento; 
Pandemia de Covid-19. 
 
Introdução 
 É razoável, no contexto das nações modernas, presumir a persistência de 
considerar ainda o aprimoramento daquilo que é indispensável para o sujeito, 
seja no campo da informatização de sistemas, na melhoria de comunicação entre 
os indivíduos e outros elementos admitidos na própria realidade. Dessa maneira, 
desponta um movimento logístico que pretende promover sensíveis mudanças 
no cotidiano das pessoas e a melhoria de vida com a ajuda tecnológica. Tal 
 
 
13 
 
orientação recai sobre o modelo de estudo que conduz a educação de muitos 
estudantes, sobretudo no Brasil. Desse modo, lidar com a inserção do uso da 
internet no ensino brasileiro e as competências necessárias para leitura e escrita 
no mundo tecnológico, especialmente na pandemia de Covid-19, bem como a 
má gestão desse modelo articulando o abismo educacional brasileiro, mas não 
apenas isso, como também o letramento digital de professores e alunos é o 
objeto de investigação proposto ao longo desse estudo. 
 Tratar da conectividade enquanto recurso pedagógico que propõe um 
direcionamento conveniente da educação, dentro do aspecto brasileiro, exige 
lançar luz sobre os componentes imprescindíveis os quais possibilitam a 
construção do ambiente de democratização do acesso à internet aos estudantes: 
projetos sociais municipais, estaduais ou federais, iniciativa mútua por parte do 
corpo docente a fim de entender o uso dos instrumentais, subsídios escolares 
contundentes, ampliação do acesso a conexão de qualidade justa e adequada, 
além do aprendizado no uso dessas ferramentas, sem as quais é impossível 
utilizar as anteriores. 
 Sabe-se, no entanto, que durante todo o episódio de isolamento domiciliar 
do ano de 2020 e subsequentemente no ano de 2021, em razão da pandemia 
do Novo coronavírus, muitas instituições de ensino restringiram suas atuações e 
optaram por dar continuidade ao trabalho por meio das plataformas virtuais ou 
ensino remoto a distância por meio da internet, onde professores transferiam o 
conteúdo escolar aos alunos no ambiente digital e os alunos precisavam dispor 
dos meios físicos necessários para acompanhar esses conteúdos, e não apenas 
isso, era necessário que soubessem manusear os dispositivos e os “caminhos” 
para acessar as aulas. 
 De acordo com dados estatísticos realizados pelo IBGE, 134 milhões de 
pessoas com idade de 10 anos ou mais acessaram a internet pelo menos uma 
única vez em território brasileiro e comparativamente com o ano de 2005, onde 
eram 31,9 milhões, tem-se um expressivo aumento quantitativo dos usuários 
brasileiros na internet. Esse ponto positivo é ainda insuficiente na tentativa de 
sustentar a ideia de democracia educacional em termos virtuais visto que 46 
milhões de brasileiros não tem acesso à internet de acordo com a pesquisa TIC 
 
 
14 
 
Domicílios1, realizada pelo Centro Regional e Estudos para Desenvolvimento da 
Sociedade da Informação (CETIC). Conflitando os levantamentos e lançando 
mão da intepretação de outros estudos estatísticos pertinentes podemos traçar 
um roteiro da compreensão do abismo educacional resultante da não disposição 
de recursos tecnológicos e desconhecimento do ambiente virtual. 
 Desse modo, cabe analisar como a escassez de conectividade e a falta 
do letramento digital intensificam as desigualdades educacionais: a) levantar a 
situação da conectividade nas regiões brasileiras; b) avaliar o impacto da falta 
de conectividade sobre a educação e c) analisar o reflexo da falta de 
conectividade e o agravamento das desigualdades sociais/educacionais no 
Brasil durante o cenário da pandemia de Covid-19. 
Democratização Tecnológica e Educacional 
 Certamente é de conhecimento concreto que um dos principais pilares 
responsáveis por causar o desenvolvimento social, econômico de uma nação é 
a adoção, implementação e o fomento da educação de qualidade. Além disso, a 
ampla disseminação das tecnologias, sobretudo a internet, compreende recurso 
extraordinário ao estudante no desenvolvimento de suas aptidões, competências 
na medida que o insere na “sociedade conectada”. Caminhando nessa linha, 
Nazari (2002) elabora sobre a contribuição das tecnologias no processo de 
aprendizagem, repousando em como as tecnologias têm estimulado a criação 
de grupos de estudos e de pesquisas multidisciplinares, focalizando a interfaces 
entre as áreas da Educação e da Ciência da Informação no atual contexto de 
mudança, social e tecnológica. 
 Em meio ao episódio de crise sanitária provocada pelo novo coronavírus 
e suas implicações, como o isolamento domiciliar, repensou-se a maneira pela 
qual poderia retomar o ensino dos estudantes de maneira não presencial. O 
aparato tecnológico (computadores, smartphone, tablets etc.) e a disponibilidade 
de internet mostrou-se recorrente e útil uma vez que estica a corda de 
possibilidades de aprendizagem. Seguindo com a abordagem, Moran (2009) 
aponta que a internet é um grande apoio a educação, uma âncora indispensável 
a embarcação. Ele afirma que a internet traz saídas e levanta problemas. No 
entanto, a realidade de atuação conjunta de educação e internet enquanto 
 
1 Disponível em: Cetic.br - TIC Domicílios 
https://cetic.br/pesquisa/domicilios/
 
 
15 
 
modelo de ensino formalmente disseminado, no Brasil, ainda está longe do ideal. 
Admitindo essas considerações de Moran, a interação com o mundo virtual pode 
propiciar a construção do espaço de democratização tecnológica e educacional. 
 Desse modo, Andrew Feenberg (2001, p. 138-139) fornece sua 
contribuição sobreautêntica, 
centrada no 
paciente e 
baseada em 
resultados 
Aumentar a alfabetização em saúde 
pública. 
✓ ✓ ✓ 
Proporcionar educação profissional 
continuada. 
✓ ✓ ✓ 
Facilitar métodos inovadores de ensino 
e aprendizagem. 
✓ ✓ ✓ 
Melhorar a comunicação entre as 
comunidades internacionais de 
pacientes e médicos, incluindo médicos 
estudantes. 
✓ ✓ ✓ 
Obtenção de dados em grande escala. ✓ ✓ ✓ 
Foco nas necessidades centradas no 
paciente e na família, incluindo 
influências ambientais, culturais e 
linguísticas. 
✓ ✓ ✓ 
Fonte: extraído e adaptado de Goldberg e Crocombe (GOLDBERG; CROCOMBE, 2017). 
 
 
 
85 
 
A utilização de Cursos autoinstrucionais na educação e prática médica 
tem sido assunto em diversas publicações, como Goldberg e Crocombe (2017) 
que detalharam os benefícios de sua aplicação na formação de profissionais 
da medicina, embasando aspectos como prevenção, práticas baseadas em 
evidências científicas e medição autêntica (Quadro 1). Seu uso pôde beneficiar 
Ruanda a partir da transformação da educação das profissões médicas 
baseado em tecnologia por meio de registros detalhados das atividades reais 
dos alunos em uma estrutura de sistema, indicando que os participantes 
estavam cientes dos benefícios do uso do e-learning na educação. Os temas 
mesclados foram I) O e-learning promove uma abordagem centrada no aluno; 
II)O e-learning é aprendizagem combinada; e III) O e-learning pode ser 
ferramenta para trilhar a produção da força de trabalho de enfermagem, 
levando em consideração a história de Ruanda (HARJANTO et al., 2021). 
Os Cursos autoinstrucionais oferecem oportunidades para distribuição 
do conhecimento em larga escala, globalmente, para um público de aluno 
diversos. Diversas instituições de educação em saúde demonstram suas 
experiências utilizando os cursos abertos como complementares aos 
programas de ensino tradicionais como forma de apoio e expansão, embora 
não sejam utilizados como forma de competição entre os alunos. A partir disso, 
Maxwell e colaboradores afirmam que permanece a necessidade de pesquisas 
adicinais para avaliar os resultados do ensino e aprendizagem baseados em 
Cursos autoinstrucionais, pois a educação em saúde inevitavelmente se 
envolverá com a inovação advinda dessa modalidade educacional (MAXWELL 
et al., 2018). 
A respeito da aprendizagem de profissionais em cursos 
autoinstrucionais, para Milligan e Littlejohn, existem alunos altamente 
autorregulados que têm uma compreensão clara do que querem aprender e 
como isso afetará sua carreira, trabalho ou desenvolvimento pessoal, 
assumindo o controle de seu aprendizado, monitorando seu progresso e 
ajustando seu esforço para aproveitar ao máximo o benefício que obtêm com 
seus estudos. Esses estudantes costumam ir além das tarefas principais do 
curso, buscando recursos adicionais e se envolvendo com outras pessoas nos 
fóruns para desenvolver suas ideias e aumentar sua rede de aprendizado. Por 
outro lado, existem alunos que não autogerem de sua aprendizagem, 
 
 
86 
 
concentrando-se na conclusão e na certificação como medida de sucesso e 
não em consideração ao benefício que o desenvolvimento do curso trará. Eles 
se contentam em não acompanhar a estrutura do curso, que inclui vídeos, 
leituras e questionários, dedicando a mesma quantidade de tempo a cada 
semana, mas podem engajar-se caso achem o material mais desafiador 
(MILLIGAN; LITTLEJOHN, 2016). 
 
Didática da problematização 
 
Para compreender a perspectiva dialógica do uso da problematização 
em cursos para a área de saúde, é necessário compreender que, na realidade 
brasileira, muitos profissionais da área encontram-se lotados em unidades de 
saúde com pouca ou nenhuma carga horária disponibilizada para qualificação, 
e a inviabilidade de capacitar periodicamente de forma presencial todos os 
profissionais atuantes no SUS. 
O método de problemas de John Dewey inseriu uma tendência 
pedagógica liberal progressista que surgiu como contramovimento ao modelo 
tradicional que valorizava o ensino humanista, no qual a interação docente-
discente não visava a qualquer relação com o cotidiano do estudante ou com 
sua realidade social. Esse movimento denominado de Escola Nova se 
contrapôs ao modelo tradicional de ensino, no entanto não chegou a 
representar uma ruptura com o modelo de educação vigente (PEREIRA; 
MARTINS; et al., 2009). 
Com sua visão educativa, propôs que a aprendizagem fosse estimulada 
através de problemáticas ou vivências que procuram de uma forma intencional 
gerar dúvidas e inquietações intelectuais. A metodologia da problematização 
valoriza observações concretas e com alta motivação prática e estimulação 
cognitiva com intuito de fomentar abordagens e resoluções criativas. Para isso, 
utiliza de diversas abordagens, tais como a capacidade de levantar hipóteses, 
comparar, analisar, interpretar, avaliar, e da corresponsabilidade por sua 
formação (PEREIRA; MARTINS; et al., 2009). 
Assim, diante da oposição ao método tradicional, em que os educandos 
apresentam modo passivo de aprendizado teórico, o modo ativo propõe o 
movimento oposto, ou seja, passam a ser envolvidos como cidadãos históricos 
 
 
87 
 
e, portanto, a adquirir um papel ativo no aprendizado, posto que têm suas 
experimentações, habilidades e princípio valorizadas como ponto de partida 
para constituição do saber. Portanto, o método ativo visa estimular a 
autoaprendizagem e a curiosidade do aluno para pesquisar, refletir e analisar 
opções para a decisão, e o professor toma forma adjuvante no envolvimento 
(DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017). 
A ideia deweyana traduz inquietações como novas formas para ensinar, 
transitando com metodologias que primavam pelo conhecimento brusco e 
concreto, sem conhecimento realmente útil a ser aprofundado pelo aluno. 
Preocupava-se também com instituições que utilizavam esse método duro 
como didática ou que se perdiam em superficialidade, atingindo a 
desvalorização da teoria científica (DEWEY, 1971; SOUZA; GALTER; VIEIRA, 
2020). O método de Dewey tem a iniciativa e independência como bases para 
a autonomia social e democrática, contrapondo-se ao modelo tradicionalista 
voltado para a obediência e leniência. Para John, educação é uma 
necessidade social pois indivíduos conscientes asseguram a continuidade 
social, rompendo com ideias hegemônicas de controle social (PEREIRA; 
MARTINS; et al., 2009). Em sua perspectiva, experiência é sinônimo de vida, 
portanto um fenômeno da natureza pois faz parte dela ao mesmo tempo em 
sua essência e também o social evocando ampliação e compartilhamento – 
elucidando assim a natureza de experiências educativas e deseducativas 
(SANTOS; HENNING, 2014). 
Para Zanotto e Rose (2003), o deweynismo exerce forte influência no 
cognitivismo e assim define que a problematização pode ser objeto de 
aprendizagem pois é passível de ser ensinada e aprendida. Também afirmam 
que aprender esse processo envolve a aprendizagem por reestruturação – em 
que o indivíduo reaprende a síntese do aprendizado, portanto, aprender a 
problematizar estimula o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. 
A teoria inova ao afirmar que a experiência de vida é campo empírico 
de origem e destino do pensamento, assim como pensar acarreta originalidade 
para transformar a situação. Complementa ainda que aprender a pensar os 
problemas decorrentes da experiência é condição primordial da educação e 
abre portas para a vivência democrática, pois não é baseada em repetição de 
fórmulas ou modelos definitivos memorizados e sim contínua no que tange à 
 
 
88 
 
reconstrução da experiência e conteúdos que são imprescindíveis (MURARO, 
2013). 
Esses conceitos vão de encontro à definição de metodologias ativas de 
ensino, pois utilizam da problematização como uma estratégia facilitadora para 
o ensino e aprendizagem, com o intuito de alcançar e motivar o aluno que 
diantedo problema o examina, reflete, o relaciona com suas vivências e 
ressignifica seu processo de descobrir. Portanto, ao perceber esse novo 
processo de aprendizagem como um instrumento necessário para ampliação 
de possibilidades e escolhas, poderá exercitar sua liberdade com autonomia 
para escolhas e tomadas de decisões de forma libertadora (CYRINO; 
TORALLES-PEREIRA, 2004; MITRE et al., 2008). 
 
Metodologia 
 Como metodologia, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de natureza 
qualitativa, através da busca em bases de dados, no intuito de analisar 
trabalhos que abordassem o papel da problematização deweyana em cursos 
autoinstrucionais para à área de saúde. De maneira geral, foram utilizados 
artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados em 
periódicos nacionais e internacionais - bem como livros que sustentam a teoria 
didática do assunto. 
As bases de dados utilizadas na pesquisa foram: Eric (Education 
Resources Information Center), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scielo, 
Google Scholar e literatura cinzenta. O recorte temporal não foi utilizado como 
critério de seleção dos materiais consultados. O estudo foi desenvolvido a 
partir da elaboração da pergunta norteadora: “Como a teoria da 
problematização de John Dewey se envolve com a metodologia didática 
utilizada em cursos autoinstrucionais para a educação de profissionais da área 
de saúde?”. 
 
Resultados e discussão 
 Na prática educacional médica, é visto um crescente objetivo de 
integralizar a transição do ciclo básico para a clínica em termos de 
competências curriculares. Pensando nisso, Cursos autoinstrucionais têm sido 
empregados com sucesso como estratégia de entrega de simulação médica 
 
 
89 
 
juntamente com o uso de mídias sociais, animação e aplicações de e-learning 
(HARJANTO et al., 2021). 
Como todo modelo em aprimoramento e constante expansão, os cursos 
autoinstrucionais possuem fragilidades tais como taxas de conclusão baixas 
que variam de 2% a 10%-15% mesmo com a alta taxa de adesão aos cursos. 
Observa-se também que os papéis dos tutores como promotores de discussão 
e interações são baixos devido a falta de contato presencial ou tecnologias 
digitais que incentivem essa interação. Bem como questiona-se a credibilidade 
relacionada às avaliações online, pois não englobam de forma satisfatória a 
execução de práticas mesmo que bem instrucionadas (JIA et al., 2019). 
Percebendo as limitações dos cursos autoinstrucionais, os educadores 
passaram a repensar estratégias para melhor aproveitamento e maior 
rendimento, tais como a hibridização dos cursos a partir de pequenos grupos 
como uma forma complementar ao modelo tradicional já conhecido. Tal 
definição seria organizada a partir de atividades síncronas e assíncronas para 
melhora da eficácia do ensino, tais como palestras e salas de aula invertidas – 
onde o aluno recebe a atividade para realização assíncrona e traz consigo à 
sessão síncrona para discussão sob orientação do tutor. Jia defende que essa 
forma de avaliação poderia ser mais abrangente e aumentaria a credibilidade 
da qualificação (JIA et al., 2019). 
Os autores Diesel, Baldez e Martins definem cinco condições para uma 
aprendizagem que integra diretamente a vida com o método ativo: só se 
aprende o que se pratica, contudo, não basta praticar, é preciso haver 
reconstrução consciente da experiência; aprende-se por associação; não se 
aprende nunca uma coisa só; toda aprendizagem deve ser integrada à 
realidade cotidiana (DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017). 
Tais conceitos são opostos às práticas de ensino hegemônico 
tradicionalista e, por vezes, autoritarista pois não promove humanidade ou 
pensamento crítico-reflexivo ao discente sobre suas próprias decisões. Imerso 
nisso, não encontra possibilidades para autonomia de pensamento e sobre seu 
comportamento e aprendizagem, submetendo-se de forma passiva e ilógica à 
autoridade docente – em um modelo de pouca ou nenhuma valorização de 
suas experiências. Dessa forma, perpetua-se o status quo aristocrático e 
falsamente democrático (SANTOS; HENNING, 2014). 
 
 
90 
 
A perspectiva Freireana aproxima-se do Deweynismo quando 
problematiza o ato de ensinar e de aprender ao afirmar que a prática da 
liberdade acontece como princípio para o pensamento libertador 
emancipatório, através da conscientização e, socialmente, pela 
democratização societária, ou seja, o indivíduo torna-se livre quando possui de 
consciência crítica em uma sociedade democrática (FREIRE, 1979). 
Exatamente por isso, a educação precisa partir do contexto do discente, da 
vivência social, de sua realidade situacional, baseada em sua comunidade, 
para uma aprendizagem pautada no conhecimento científico (DALBOSCO; 
BERTOTTO; SCHWENGBER, 2020; FREIRE, 1996). Portanto, baseado 
nessas ideias é possível associar as formas de transmissão de conteúdo em 
cursos como da UNA-SUS e Telelab à ambientação dos problemas e objetivos 
de aprendizagem da realidade do profissional atuante no serviço de saúde e 
provedor de cuidado à população de sua comunidade. 
Com o advento desses cursos, usuários de locais remotos puderam se 
conectar com educadores em todo o mundo, sendo capazes de manter 
discussões e interagir com pessoas de diversas culturas e ideologias. Contudo, 
para tornar a educação universal em realidade, é necessário aprimorar os 
ambientes de aprendizagem online existentes, com isso, se poderá obter um 
público mais amplo e diversificado. Gul e colaboradores afirmam ainda que a 
linguagem do conteúdo deve ser simples, lúcida e de fácil compreensão, que 
é preciso haver flexibilidade no cronograma dos cursos. Os usuários devem 
conseguir realizá-los como e quando desejarem e devem ter liberdade para 
concluí-los em seu próprio ritmo. Além disso, os conteúdos devem ser criados 
em formatos que exijam menos consumo de internet e devem ser acessíveis 
mesmo em dispositivos de baixo custo ou oriundos de tecnologias considerada 
ultrapassada (GUL et al., 2018). 
Bussotti e colaboradores, em sua experiência de implantação de cursos 
autoinstrucionais em serviços de saúde mostraram que, em instituições cujos 
gestores mostraram-se participativos, envolvidos e comprometidos em 
compartilhar informações com a sua equipe, a adesão de profissionais foi 
superior. O Brasil apresenta dimensões continentais com grande pluralidade 
política, social, econômica e cultural, de modo que a oferta de cursos mediante 
 
 
91 
 
a utilização de dispositivos tecnológicos constitui um desafio a ser superado 
(BUSSOTTI et al., 2016). 
 
Considerações finais 
 
A teoria da problematização de John Dewey abriu caminhos para a 
educação nos mais diferentes níveis, especialmente na graduação e pós-
graduação, e mais recentemente como recurso didático em cursos livres 
disponibilizados via EaD. Considerando sua atuação em cursos 
autoinstrucionais na qualificação de profissionais de saúde: 
I. A perspectiva deweyana utilizada em cursos autoinstrucionais para 
qualificação de profissionais de saúde reafirma-se como uma excelente 
abordagem didática, pois resgata os conhecimentos prévios do aluno e os 
ambienta na realidade profissional, de forma a contextualizar o conteúdo 
programático, reforçando a valorização da experiência pregressa do 
profissional. 
II. A capacitação dos trabalhadores da saúde é facilitada através de cursos 
autoinstrucionais, dessa forma pode-se aumentar o alcance para novos 
profissionais interessados e aprimorar a oferta de cuidado nos diferentes 
cenários de atuação do SUS. 
III. Como um modelo relativamente recente, os cursos autoinstrucionais 
possuem fragilidades inerentes aos processos em constante expansão, 
relacionados à gestão e operacionalização, aprendizagem e avaliação 
discente, contudo espera-se que mais estudos busquem soluções para 
aprimorar e estabelecer efetivamente a aprendizagem à distância como 
um ensinoplenamente democrático e eficaz ao alcance de todos. 
 
Referências 
AYDIN, İ. E.; YAZICI, M. DROP-OUT in MOOCs. The Turkish Online Journal 
of Educational Technology, v. 19, n. 3, p. 9–17, 2020. 
 
BLANCO, Á. F.; GARCÍA-PEÑALVO, F. J.; SEIN-ECHALUCE, M. A 
methodology proposal for developing adaptive cMOOC. Proceedings of the 
First International Conference on Technological Ecosystem for Enhancing 
Multiculturality - TEEM ’13. Anais... In: THE FIRST INTERNATIONAL 
 
 
 
92 
 
CONFERENCE. Salamanca, Spain: ACM Press, 2013. Disponível em: 
. Acesso em: 14 mar. 
2022 
 
BUSSOTTI, E. A. et al. Capacitação on-line para profissionais da saúde em 
três regiões do Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 69, n. 5, p. 981–
985, out. 2016. 
 
CYRINO, E. G.; TORALLES-PEREIRA, M. L. Trabalhando com estratégias de 
ensino-aprendizado por descoberta na área da saúde: a problematização e a 
aprendizagem baseada em problemas. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 
3, p. 780–788, jun. 2004. 
 
DALBOSCO, C. A.; BERTOTTO, C.; SCHWENGBER, I. L. A ação pedagógica 
crítica e formação do pensamento reflexivo. Olhar de Professor, v. 23, p. 1–
14, 2020. 
 
DEWEY, J. Experiência e educação.(1938). Trad. Anísio Teixeira. São Paulo: 
Cia Editora Nacional, 1971. 
 
DIESEL, A.; BALDEZ, A.; MARTINS, S. Os princípios das metodologias ativas 
de ensino: uma abordagem teórica. Revista Thema, v. 14, n. 1, p. 268–288, 
23 fev. 2017. 
 
FASSBINDER, A.; DELAMARO, M. E.; BARBOSA, E. F. Construção e Uso 
de MOOCs: Uma Revisão Sistemática. . In: XXV SIMPÓSIO BRASILEIRO 
DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO. Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil: 3 
nov. 2014. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2022 
 
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática 
educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 
 
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma 
introdução ao pensamento de Paulo Freire (1921). Trad. Kátia de Mello e 
Silva. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979. 
 
GASQUE, K. C. S. et al. Sistema UNA-SUS como Ferramenta de 
Democratização da Educação Permanente em Saúde. Revista Brasileira de 
Aprendizagem Aberta e a Distância, v. 20, n. 1, p. 1–31, 2021. 
 
GOLDBERG, L.; CROCOMBE, L. Advances in medical education and practice: 
role of massive open online courses. Advances in Medical Education and 
Practice, v. Volume 8, p. 603–609, ago. 2017. 
 
GUL, S. et al. Massive Open Online Courses : Hype and Hope. DESIDOC 
Journal of Library & Information Technology, v. 38, n. 1, p. 63, 2 jan. 2018. 
 
HARJANTO, T. et al. E-learning Development Strategy through Massive Open 
Online Course (MOOC) In Clinical Rotation Nursing Education. Pakistan 
 
 
93 
 
Journal of Medical and Health Sciences, v. 15, n. 6, p. 1521–1525, 30 jun. 
2021. 
 
JIA, M. et al. Who can benefit more from massive open online courses? A 
prospective cohort study. Nurse Education Today, v. 76, p. 96–102, maio 
2019. 
 
LAGUARDIA, J.; CASANOVA, Â.; MACHADO, R. A experiência de 
aprendizagem on-line em um curso de qualificação profissional em saúde. 
Trabalho, Educação e Saúde, v. 8, n. 1, p. 97–122, jun. 2010. 
 
LEIRE, C. et al. Online teaching going massive: input and outcomes. Journal 
of Cleaner Production, v. 123, p. 230–233, jun. 2016. 
 
LIYANAGUNAWARDENA, T. R. et al. A MOOC Taxonomy Based on 
Classification Schemes of MOOCs. European Journal of Open, Distance 
and E-Learning, v. 22, n. 1, p. 85–103, 1 jul. 2019. 
 
MAXWELL, W. D. et al. Massive open online courses in U.S. healthcare 
education: Practical considerations and lessons learned from implementation. 
Currents in Pharmacy Teaching and Learning, v. 10, n. 6, p. 736–743, jun. 
2018. 
 
MILLIGAN, C.; LITTLEJOHN, A. How health professionals regulate their 
learning in massive open online courses. The Internet and Higher Education, 
v. 31, p. 113–121, out. 2016. 
 
MITRE, S. M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação 
profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 
suppl 2, p. 2133–2144, dez. 2008. 
 
MURARO, D. N. Relações entre a filosofia e a educação de John Dewey e de 
Paulo Freire. Educação & Realidade, v. 38, n. 3, p. 813–829, set. 2013. 
 
PEREIRA, E. A. et al. A contribuição de John Dewey para a educação. Revista 
Eletrônica de Educação, v. 3, n. 1, p. 8, 2009. 
 
SAADATDOOST, R. et al. Understanding MOOC Learners: Insights from 
Participation in Coursera MOOC. International Journal of Web-Based 
Learning and Teaching Technologies, v. 14, n. 1, p. 93–112, jan. 2019. 
 
SANTOS, M. C. DOS; HENNING, L. M. P. A experiência na relação 
professor‐aluno: uma análise reflexiva a partir das contribuições teóricas 
de John Dewey e Paulo Freire. Seminário de Ensino e Pesquisa da Região 
Sul. Anais... In: X ANPED SUL. Florianópolis: 2014. 
 
SOUZA, H. A.; GALTER, M. I.; VIEIRA, J. A. A experiência educativa na 
perspectiva de John dewey (1859-1952). Brazilian Journal of Development, 
v. 6, n. 6, p. 36965–36998, 2020. 
 
 
 
94 
 
ZANOTTO, M. A. DO C.; ROSE, T. M. S. DE. Problematizar a própria realidade: 
análise de uma experiência de formação contínua. Educação e Pesquisa, v. 
29, n. 1, p. 45–54, jun. 2003. 
 
 
 
 
 
95 
 
 
Capítulo VI 
______________________________________________________________ 
 
Webtoon Literário - um romance com a leitura e 
sua produção 
 
 
Gisele dos Santos Ribeiro – Esp. Metodologia do Ensino da LP e suas 
Literaturas - UEA/AM. 
Ildeneti de Jesus Alves Costa – Mestranda em Ensino Tecnológico do 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas 
IFAM/AM. 
 
 
Resumo 
Este escrito resulta da pesquisa intitulada: Webtoon literário: um romance com 
a leitura e sua produção. Realizado no segundo semestre de 2021 em uma 
escola estadual de Manaus que teve como objetivo geral: Analisar a 
contribuição do uso do gênero digital Webtoon no incentivo das práticas de 
leitura de textos literários e sua produção em colaboração com as metodologias 
ativas (sala de aula invertida) fazendo uso de dispositivos móveis com as turmas 
da segunda série do ensino médio de uma escola pública manauara. A pesquisa 
qualitativa foi realizada como pesquisa-ação e derivou da inquietação docente 
sobre o desinteresse e resistência dos alunos em estudar Literatura Brasileira. 
A investigação teve como participantes: 150 estudantes; uma professora-
coordenadora e uma pedagoga-colaboradora. Teve-se como questão 
norteadora: Como tornar as práticas de leitura e escrita dos textos literários de 
José de Alencar e Machado de Assis mais atrativas, contextualizadas e 
significativas para os alunos da 2ª série do Ensino Médio? Na busca de práticas 
de ensino que contribuíssem ao engajamento discente, buscou-se verificar seus 
hobbies, tecnologias digitais que utilizavam e o que liam. A partir das respostas 
obtidas, resolveu-se utilizar como estratégias pedagógica: metodologias ativas, 
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC´s) e webtoons. Os 
resultados da pesquisa evidenciaram que as webtoons com uso de metodologia 
ativa e TDIC´s, contribuíram nos seguintes aspectos ao ensino aprendizagem 
literário: mobilizaram à motivação e engajamento discente, estimulou a 
colaboração entre os discentes, contribuiu para reduzir a inassiduidade habitual, 
possibilitou que os estudantes fossem mais interativos e criativos nas produções 
escritas, que dessem significado às aprendizagens e que desenvolvessem 
competências e habilidades em diferentes aspectos. Dessa forma, as práticas 
pedagógicas utilizadas demonstraram êxito para o ensino literário do 
Romantismo brasileiro e para o desenvolvimento de competências a nível 
socioemocional, atitudinais e procedimental. 
Palavras-chave: ensino de literatura; metodologias ativas; TDIC´s; webtoon. 
 
 
96 
 
 
Introdução 
A resistência e desinteresse do alunado em relação ao estudo de 
textos literáriosem sala de aula, tem sido um dos desafios enfrentados 
cotidianamente nas escolas por professores de Língua Portuguesa e Literatura 
Brasileira. Conhecer as causas da referida resistência e do desinteresse é um 
importante passo para superar ou amenizar a problemática e suas 
consequências na aprendizagem estudantil. 
Da dificuldade enfrentada durante as aulas sobre o Romantismo, 
surgiu a inquietação em buscar as causas e possíveis soluções para propiciar 
a construção dos conhecimentos literários necessários na 2ª série do ensino 
médio. Dialogando com os estudantes, percebeu-se que a relutância advinha 
de formas tradicionais do ensino literário que haviam vivenciado – leitura das 
obras e respostas ao questionário de perguntas sobre elas. Observando-se os 
discentes, percebeu-se que rotineiramente traziam e liam em sala de aula, 
mangás; gostavam de doramas e animes, e eram “ligados” em tecnologias 
digitais. 
Dessa percepção, construiu-se um questionário - no Google Forms - 
voltado a identificar, conforme Felder (1993), o estilo de aprendizagem dos 
estudantes. O resultado evidenciou que em torno de 60% dos estudantes eram 
visuais, ou seja, aprendiam mais pelo que viam (uso de ilustrações e outros 
estímulos visuais). 40% evidenciavam estilo serem mais ativos (aprendizagem 
por discussões, trabalhos de grupo) e cenestésicos (aprender fazendo, mão na 
massa). Essa identificação, foi vital para compreender-se que a metodologia de 
ensino (leitura- 
escrita) que vinham vivenciando não contemplava seus estilos de 
aprendizagem. O ensino era algo monótono e entediante para os alunos. 
Tal constatação propiciou que se construísse a questão norteadora: 
Como tornar as práticas de leitura e escrita dos textos literários de José de 
Alencar e Machado de Assis mais atrativas, contextualizadas e significativas 
para os alunos da 2ª série do Ensino Médio? Dessa questão, e da busca por 
respostas, nasceu o projeto de pesquisa submetido ao Programa Ciência na 
Escola (PCE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM), 
desenvolvido no ano letivo de 2021. É sobre ele que trata este relato. 
 
 
 
97 
 
Correlacionando ensino literário, metodologias ativas, TDIC´s e Webtoon 
Em relação ao cânone literário, Santos e Oliveira (2008) afirmam 
que este pode ser definido como um conjunto modelar de obras que podem 
funcionar como um guia para leitores e escritores. Conforme os autores, ele 
constitui uma referência, um símbolo da nação, uma identidade literária cultural 
construída a partir de um ou mais autores consagrados pela crítica literária pelo 
valor e qualidades de suas obras. A partir do dito pelos autores, situou-se a 
proposta do PCE de forma a manter a importância do texto literário canônico, 
mas buscando-se espaço para novas práticas de ensino literário que fossem ao 
encontro dos estilos de aprendizagem dos estudantes, ao mesmo tempo que se 
desse espaço para que se tornassem protagonistas de seu processo de 
aprendizagem, em consonância ao disposto na Base Comum Curricular 
(BNCC), em suas Competências Gerais. 
A leitura vai muito além de fins utilitários ou pragmáticos. Atualmente, 
exige-se do aluno um leitor proficiente, capaz ler, entender e produzir diferentes 
gêneros textuais que circulam socialmente e nas diferentes mídias sociais. Mas 
por vezes, essas exigências não são atendidas através do desenvolvimento de 
práticas educativas que, por sua vez, apresentam-se defasadas no que se 
refere às práticas de leitura e escrita em sala de aula. Há que buscar formas de 
promover a interação e novas formas de estimular o aluno a construir saberes. 
Referente ao ensino literário, Mortatti (2008), afirma que 
 
[...] os (bons) textos literários encantam e ensinam (obviamente, se 
lidos, ou pelo menos ouvidos), porque fazem diferença em nossas 
vidas, constituem experiências profundamente humanas [...], porque 
nos ajudam a formular perguntas para nossa vida, estimulam nossa 
sabedoria, nossa busca de conhecimento de nós mesmos e do 
mundo. Nesse sentido, encantam e ensinam, porque, lendo-os, 
aprendemos algo sobre nossa vida, ao mesmo tempo em que 
aprendemos sobre a importância da literatura na formação do ser 
humano [...] (MORTATTI, 2008, p. 27). 
 
Considerando o dito pelo autor, entende-se que o ensino literatura 
brasileira trabalhado de forma atrativa aos estudantes podem propiciar a 
formação de leitores e escritores críticos. Nesse sentido, o estudo literário torna-
se um meio para que docentes tragam a literatura para a vivência estudantil e 
problematizem diferentes aspectos dos textos e de suas “entrelinhas”. Conforme 
Magnani (1992), 
 
 
98 
 
 
[...] o que o caracteriza como literário não é apenas o assunto ou seu 
conteúdo. E, se queremos oferecer condições de avanço com a 
literatura, é necessário levar em conta que se lida com o todo de um 
texto: o que, como, quando, quem, onde, por que, para que, para 
quem se diz. É nessa unidade que o leitor se movimenta quando lê; 
é esse conjunto de relações que forma e não a moral da história ou 
as lições de comportamento, ou os conteúdos revolucionários... 
(MAGNANI, 1992, p. 104). 
 
A afirmativa do autor sobre o ensino literário, entende-se que está 
diretamente ligada à produção escrita dos estudantes. Para que consiga 
escrever é preciso imergir em um processo reflexivo permeado por perguntas 
norteadoras a tal processo. Ensino que reconhece no outro a capacidade de 
aprender ativamente, de tornar-se autonômo, criativo. Enfim, protagonista e 
não mero figurante da atividade do aprender. Rompe-se assim, com o ensino 
livresco da literatura como fim em si mesmo, para torná-la meio de construção 
de diversas aprendizagens. Não para “fazer uma prova”, mas para aprender 
para a vida. Para tanto, faz-se necessário utilizar metodologias de ensino 
ativas. 
Sobre as metodologias ativas, Bacich e Moran (2018), nos falam de 
seu uso como estratégia de ensino centradas na participação efetiva dos 
estudantes na construção do processo aprendizagem, de forma flexível, 
interligada e híbrida. Dessa forma, implica uma série de técnicas, procedimentos 
e processos a serem utilizados 
pelos docentes durante as aulas, a fim de auxiliar a aprendizagem dos alunos. 
O fato de elas serem ativas, relaciona-se com a realização de diversas práticas 
pedagógicas que visam o envolvimento discente, seu engajamento em 
atividades práticas. Dessa forma, os estudantes tornam-se o centro do processo 
educativo e os professores atuam na mediação do processo de ensino-
aprendizagem. 
Dentre as metodologias ativas, há a sala de aula invertida que tem 
como uma de suas vantagens, a possibilidade de complementar as aulas, 
acompanhar remotamente e avaliar os alunos em tempo real com apoio de 
ferramentas como aplicativo disponíveis no celular. O professor interage com 
seus alunos fora da sala de aula, orientando de uma forma mais direta quando 
ele precisa tirar alguma dúvida quando não tem mais tempo na sala de aula. 
Por meio de mensagens de texto, áudio ou vídeo. Por esse fato, trabalhar 
 
 
99 
 
aprendizagem com tais tecnologias facilita a colaboração entre colegas de 
classe e com o professor, estando eles próximos ou distantes. 
Conforme Moran (2015) “tecnologias móveis” mostram a contradição 
de utilizá-las em um espaço fixo como a sala de aula. Ele afirma que elas foram 
feitas para o movimento, para serem levadas a qualquer lugar, utilizadas a 
qualquer hora e de muitas formas. O uso de multimídias contribui para aumentar 
essa dinamicidade e oferecer diversas possibilidades de acesso e construção 
de conteúdo. 
No contexto do século XXI, o uso de Tecnologia Digital de Informação 
e Comunicação (TDIC´s) vem demonstrando a cada dia, mais potencial para 
enriquecer as metodologias ativas. De acordo com Rojo (2012), deve-se 
considerar a inclusão dessas ferramentas e tecnologias digitais para que 
promovam a interaçãoe novas formas de relações sociais em acordo com 
novas configurações de produção de conhecimento pelos alunos que possa ter 
uma nova perspectiva de novas formas de aprendizagem quanto às práticas de 
leitura e escrita. 
A sociedade atual, exige da escola a adoção de metodologia de 
ensino literário que insira às práticas de leitura contextualizadas, que 
representem ou possam, de alguma forma, dialogar ou fomentar reflexão sobre 
a realidade dos alunos. Acompanhando as mudanças de um mundo cada vez 
mais cheio de inovações tecnológicas e virtualização da vivência cotidiana. Isso 
se relaciona com o que Rojo diz: “As tecnologias digitais estão introduzindo 
novos modos de comunicação, como a criação e o uso de imagens, de som, de 
animação e a combinação dessas modalidades” (ROJO, 2012, p.37). 
Em uma busca nos bancos de dados do Scielo e Google Acadêmico 
utilizando-se as mesmas palavras chaves de nosso projeto de pesquisa, 
percebeu-se carência sobre o tema. Na primeira base de dados não foi 
identificado artigo. Retirando-se as palavras-chave: webtoon e TDIC´s 
encontrou-se 15 artigos. Um abordando metodologias ativas no processo 
ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, sem abordar Literatura, e os 
demais considerando metodologias ativas, porém sem conexão ou similaridade 
com a pesquisa pretendida. Na plataforma Google Acadêmico o resultado foi 
similar. Dessa constatação, buscou-se referencial em autores consagrados 
sobre o uso de metodologias ativas, com ênfase naquelas que se pretendia usar 
e assim, iniciou-se a caminhada teórica. 
 
 
100 
 
Buscando-se alinhar: estilos de aprendizagem, interesse discente, 
metodologias ativas e TDIC´s, chegou-se a Webtoon. De acordo com Ganiko 
(2020), o sucesso dos quadrinhos sul-coreanos tem sido um verdadeiro 
fenômeno. Surgida da combinação das palavras “web” e “cartoon”, a Webtoon 
tem como principais características: história em quadrinhos periódica, com 
lançamento digital, desenvolvida para leitura em rolagem vertical - seja de um 
navegador ou dos próprios aplicativos no celular. Os capítulos são coloridos, 
com ordem de leitura da esquerda para a direita, de cima para baixo, o formato 
é de “rolagem infinita”, sem separação por páginas, adotando um formato de 
“rolagem infinita”. Alguns títulos podem conter trechos com trilha sonora ou 
pequenas animações no meio dos capítulos. Facilitando e aumentando assim, 
a imersão do leitor na história proposta pelo autor. 
Os quadrinhos digitais, Webtoon, por fazerem parte da vivência dos 
estudantes e por serem algo que se percebeu que gostavam, indicaram o 
caminho para abordar os conteúdos literários. A proposta foi lançada e acolhida 
com bastante entusiasmo pelas turmas, o que indicou, inicialmente, um possível 
sucesso na estratégia pedagógica. Para tanto, construiu-se colaborativamente 
com eles, a metodologia do projeto. Para que assim, fossem sujeitos ativos do 
projeto. Do início ao fim. É sobre a metodologia utilizada que se discorre a 
seguir. 
Metodologia 
Neste item, dispõe-se o percurso metodológico do projeto de 
pesquisa realizado de julho a dezembro de 2021 que propiciou a prática de 
ensino exitosa, aqui relatada. A pesquisa-ação (THIOLLENT, 1988) teve como 
público-alvo, cinco turmas – 150 estudantes - da 2ª série do ensino médio de 
uma escola pública estadual, localizada na zona norte de Manaus. Teve como 
objetivo geral: Analisar a contribuição do uso do gênero digital Webtoon no 
incentivo das práticas de leitura de textos literários e sua produção em 
colaboração com as metodologias ativas (sala de aula invertida) fazendo uso de 
dispositivos móveis com as turmas dos segundos anos do ensino médio de uma 
escola pública manauara. 
Como objetivos específicos: utilizar TDIC’s como ferramentas de 
ensino para o incentivo das práticas de leitura de textos literários e sua produção 
em relação as obras de José de Alencar e Machado de Assis; usar 
metodologias ativas (sala de aula invertida) utilizando os dispositivos móveis 
 
 
101 
 
para realizar uma releitura das obras de José de Alencar e Machado de Assis 
- respeitando o enredo de cada história; construir webtoons literários usando 
aplicativos multimídias de forma a tornar o estudo de obras do Romantismo de 
forma mais atrativas, contextualizadas e significativas para os alunos da 2ª 
série do Ensino Médio. 
O projeto de pesquisa foi desenvolvido por etapas: diagnóstico, 
planejamento, implementação, avaliação e divulgação. A primeira, referiu-se à 
identificação das causas de desinteresse e resistência dos alunos no estudo 
literário e a seus estilos de aprendizagem, assim como seu nível de 
conhecimento dos aplicativos e ferramentas digitais que foram utilizados. Na 
segunda, planejou-se com os estudantes como se desenvolveria o projeto. 
Ficando disposto da seguinte forma: metodologia ativa: sala de aula 
invertida; aplicativos: WhatsApp-para comunicação e disponibilização de 
orientações e acompanhamento on line; Instagram e Facebook para divulgação; 
edição de fotos -Toon me, Faceapp, Inshot, Remove, aplicativos de edição de 
vídeos - Capcut, Inshot, X- Recorder- e aplicativos de edição de imagens - 
Canva, Adobe Acrobat. A divulgação ficou planejada para ocorrer sob forma de 
mostra literária. Quanto aos recursos: tablet, smartfone, notebook, internet, 
livros literários, produtos de papelaria e os aplicativos selecionados. 
Na implementação foram feitas as orientações às pesquisas sobre 
os aplicativos e seus usos, O Romantismo (características, autores, contexto 
histórico e principais obras). Em casa, os estudantes procediam às pesquisas e 
presencialmente, discutia-se o resultado das pesquisas e tiravam-se as dúvidas. 
Posteriormente, movidos pela necessidade de conhecer as obras para então, 
adaptá-las, os estudantes passaram às atividades de leitura e discussão das 
leituras feitas. Após, foram realizadas oficinas com os estudantes para que 
aprendessem a utilizar os aplicativos necessários à produção das webtoons. 
Nesse momento, os alunos que já sabiam usar, ajudaram os outros. A seguir, 
foram divididas as obras literárias entre as salas e as atribuições e tarefas dentro 
das equipes para construção escrita das releituras das histórias e as adaptações 
ao formato webtoon. 
Devido as várias tarefas inerentes, esta foi a fase mais extensa e 
intensa. Durante seu desenvolvimento, os estudantes em sua maioria 
mostraram significativo engajamento e desenvolvimento de habilidades 
voltadas ao uso de tecnologias digitais, criatividade no desenho das salas para 
 
 
102 
 
as apresentações e nas artes 
cênicas. Surgiram alguns conflitos, entre os discentes, relativos ao não 
cumprimento de acordos e prazos que precisaram de mediação docente para 
serem resolvidos. A implementação durou dois meses (setembro a novembro). 
Nesta etapa, as turmas construíram as narrativas adaptadas, fizeram os 
registros fotográficos, a gravação dos áudios, criaram as ilustrações, 
produziram as webtoons e construíram todos os recursos necessários à mostra 
literária. A seguir, mostra-se a produção das capas das webtoons produzidas. 
 
 Figura 1: Webtoons produzidas Figura 2: Webtoons produzidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Acervo da pesquisa Fonte: Acervo da pesquisa 
 
As avaliações dadas de forma contínua, conforme as etapas, foram 
desenvolvidas sob forma de realização das pesquisas, discussão das obras, 
trabalhos práticos, produção escrita, organização e apresentação da mostra, e 
atitudes (engajamento, assiduidade, responsabilidade, trabalho em equipe, 
respeito, solidariedade). A avaliação final, da mostra e das webtoons, foi feita 
por professores convidados e por voto popular (enquete nas redes sociais) nas 
obras adaptadas. 
A fase final, divulgação, foi realizada como mostra literária no dia 29 
de novembrode 2021. Momento em que os estudantes se caracterizaram e 
transformaram suas salas em palco para as apresentações das webtoons: Dom 
Casmurro, A cartomante, Senhora, Cinco minutos e A viuvinha. Para essa fase, 
os alunos criaram QrCode para que os visitantes pudessem ler as obras on line 
e acompanhar a live da mostra via Instagran. 
 
 
 
103 
 
Considerações finais 
A contribuição do uso do gênero digital webtoon no incentivo das 
práticas de leitura de textos literários e sua produção, a partir das obras dos 
autores José de Alencar e Machado de Assis, utilizando-se metodologias ativas 
com inserção de dispositivos móveis para a criação de narrativas baseadas nas 
obras “Cinco minutos”, “ A viuvinha “, “Senhora”, ”A cartomante e “Dom 
Casmurro“, favoreceu uma compreensão do quanto se pode e deve investir em 
práticas de ensino inovadoras através de novas metodologias que contribuam 
para aprendizagem significativa dos estudantes. 
A experiência educativa através do PCE foi rica não só para os 
discentes, mas para as educadoras envolvidas também, pois possibilitou 
construir saberes ao desenvolvimento profissional de ambas, na medida que ao 
mesmo tempo foram pesquisadoras e construtoras de novas práticas de 
trabalho e ensino. Quanto à pesquisa realizada, esta evidenciou que o 
desinteresse do estudo literário por parte dos discentes dava-se por uso de 
metodologias tradicionais de ensino e descontextualização com o cotidiano 
juvenil, assim como o não contemplar aos seus estilos de aprendizagem. 
Ao serem conduzidos ao centro do processo e tornarem-se 
protagonistas, a atitude dos estudantes foi paulatinamente mudando. No que 
tange à leitura das obras, ao invés de “obrigá-los a ler”, conduziu-se o processo 
de forma que eles tiveram a necessidade da leitura para que pudessem 
proceder à posterior elaboração da releitura delas. Discutiram entre eles vários 
possíveis desfechos, adaptações, pensaram e desenharam as cenas, 
adaptaram as falas dos personagens. Enfim, deram “a cara da turma” para cada 
história. O que se percebeu que favoreceu o aumento do empenho nos estudos, 
na assiduidade, na melhora da relação interpessoal nas classes em um 
sentimento de parceria entre a professora e os estudantes. 
Os resultados avaliativos foram notórios, tanto em relação ao 
conteúdo quanto às atitudes. Um dos casos mais significativos foi o de uma 
aluna que era muito faltosa e introspectiva e ao longo do projeto, desenvolveu 
um ótimo relacionamento com a turma, passou a ser muito participativa, crítica 
nas discussões e com características de liderança. O que permite perceber a 
afirmativa de Moran (2015, p. 16) quando afirma que quando se quer alunos 
proativos, engajados e capazes de realizar atividades complexas, serem 
criativos, faz-se necessário utilizar metodologias que propiciem que tais 
objetivos sejam alcançados. 
 
 
104 
 
Nesse sentido, os resultados foram além dos esperados, pois a 
preocupação inicial foi voltada ao estudo literário, mas intrínseco a este estavam 
diversas situações e possibilidades de desenvolvimento de aprendizagens para 
muito além do conteúdo. 
Do aqui disposto, evidenciou-se que as webtoons, pedagogicamente 
planejadas, com uso de metodologia ativa e TDIC´s, contribuem nos seguintes 
aspectos às práticas de leitura e produção de textos literários: mobilizam à 
motivação e engajamento, estimula a colaboração entre os discentes, contribui 
para reduzir inassiduidade habitual, possibilita que os estudantes sejam mais 
interativos e criativos nas produções escritas, deem significado ao que 
aprendem e desenvolvam competências e habilidades em diferentes aspectos 
(socioemocionais, conceituais, atitudinais e procedimentais). 
As atividades mão na massa, produção dos cenários, das ilustrações, 
vídeos, narrativas, dentre outros, deu vida as aulas e estimulou a criatividade 
dos estudantes quando apoiados e devidamente orientados pelo professor. 
Outro ponto positivo das webtoons foi a autonomia dada às turmas para 
contextualizarem as histórias para os dias atuais. De forma que puderam usar 
seus saberes advindos da realidade vivida. Cumpre destacar que devido a 
repercussão da mostra no ambiente escolar e nas redes sociais, o projeto foi 
destaque no site da Secretaria de Estado de Educação e Desporto2 e matéria 
na TV A Crítica. 
 Portanto, conclui-se que o ensino literário é favorecido quando utiliza 
metodologias ativas e TDIC´s, a partir do diagnóstico discente. Sendo esta, uma 
estratégia pedagógica viável e necessária ao ensino da juventude atual. 
Encontrou se vários problemas e dificuldades para construir a prática aqui 
relatada: falta de infraestrutura na escola (recursos tecnológicos necessários), 
falta de tempo para dedicação aos estudos necessários, falta de internet, dentre 
outros. Porém, o que não pode faltar é a vontade e a disposição de vencer esses 
desafios e lutar para construir novas possibilidades, melhores condições de 
trabalho nas escolas que favoreçam a inovação didática, tão necessária neste 
século XXI. 
 
 
 
2 http://www.educacao.am.gov.br/escola-da-zona-norte-de-manaus-cria-historias-em-quadrinhos-com-
releitura-de-classicos-da-literatura-brasileira/ 
http://www.educacao.am.gov.br/escola-da-zona-norte-de-manaus-cria-historias-em-quadrinhos-com-releitura-de-classicos-da-literatura-brasileira/
http://www.educacao.am.gov.br/escola-da-zona-norte-de-manaus-cria-historias-em-quadrinhos-com-releitura-de-classicos-da-literatura-brasileira/
 
 
105 
 
Referências 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: 
MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/Acesso 
em: 27 mar. 2022. 
 
FELDER, R. Reaching the Second Tier: Learning and Teaching Styles in College 
Science Education. J. Collage Science Teaching, v. 23, n. 5, p. 286-290, 1993. 
Disponível em: . Acesso em: 8 abr. 2021. 
 
GANIKO, P. O fenômeno das webtoons, os quadrinhos digitais sul-
coreanos. 2020. Disponível em: https://jovemnerd.com.br/direto-do-bunker/o-
fenomeno-das webtoons-os-quadrinhos-digitais-sul-coreanos. Acesso: 29 mar. 
2022. 
 
BACICH, L.; MORAN. J. (Org.). Metodologias ativas para uma educação 
inovadora: uma abordagem téorico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. 
 
MAGNAMI, M.R. Leitura e formação do gosto (por uma pedagogia do 
desafio do desejo). Ideias (FDE/SEE/SP), n. 13, p. 101-106, 1992. 
MORAN, J. (2015). Mudando a educação com metodologias ativas. 
Disponível em:http://rh.newwp.unis.edu.br/wp-
content/uploads/sites/67/2016/06/Mudando-a Educacao-com-Metodologias-
Ativas.pdf. Acesso em: 07 nov. 2021. 
 
MORTATTI, M. R. L. Literatura e ensino: notas ¿quixotescas? da 
fronteira. Leitura. Teoria & Prática, n. 50-51, p. 25-31, 2008. 
ROJO, R. H. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. 
SANTOS, J. F.; OLIVEIRA, L. E. (org.). Literatura e Ensino. Maceió: EDUFAL, 
2008. 
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez & Autores 
Associados, 1988. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
106 
 
Capítulo VII 
______________________________________________________________ 
 
A Interdisciplinaridade da didática na perspectiva de dois 
projetos escolares no Ensino Médio realizados em uma 
escola pública 
 
Aldenize Pinto de Melo do Nascimento – MSc. em Educação/UFAM 
Isamara Lira Tiago – Doutoranda em Educação/UNR 
Shirley Maria Nogueira – Dr.ª em História Social do Brasil/ UFBA 
Edcléia Silva de Oliveira Nogueira – MSc. em Educação/SAN Carlos 
João Luiz Nunes do Nascimento – Esp. Gestão de Pessoas e Pedagogo/UEA 
 
 
RESUMO: O presente relato aborda o tema da Interdisciplinaridade na 
perspectiva de dois projetos escolares realizados em uma escola pública da 
cidade de Manaus. A reunião de diversas áreas do conhecimento em torno de 
uma ação comum proporcionouuma experiência singular em termos de 
engajamento e protagonismo juvenil, unindo esforços de toda a escola com o 
intuito de favorecer o processo de ensino e aprendizagem relacionado ao 
preconceito racial/religioso e os diversos contextos envolvidos em algumas 
lendas do folclore amazônico. O planejamento detalhado, o trabalho didático e 
de pesquisa, a práxis dos professores e a forte participação das turmas 
lograram êxito e os resultados foram muito positivos e significantes. Foram 
realizadas palestras, exibição de filme, exposições e apresentações artísticas, 
fazendo dos projetos uma verdadeira demonstração de empenho, 
conhecimento, trabalho em equipe e cooperação escolar. 
PALAVRAS CHAVES: Interdisciplinaridade; Protagonismo Juvenil; Didática; 
Práxis do Professor. 
 
INTRODUÇÃO 
Os processos educativos nos dias atuais passam por muitos desafios 
em função das mudanças geracionais presentes na escola, o advento das 
Tecnologias da Informação e Comunicação, o acesso aos meios virtuais, 
especialmente as mídias sociais e internet e a necessidade crescente de 
empregabilidade. Estamos vivenciando uma transição importante que vai 
determinar os modelos educacionais e as metodologias que serão utilizadas 
no processo de ensino e aprendizagem a fim de atender as necessidades reais 
dos alunos. 
O antigo e engessado modelo de educação não pontuava aspectos 
primordiais para o fortalecimento de conhecimentos laborais, ou se ainda feito, 
 
 
107 
 
eram princípios ainda muito básicos. Desta forma, os alunos não aprendiam 
conceitos que ajudassem na formação do profissional pretendido, os inúmeros 
prejuízos sintetizam a deficiência deste formato. O mundo evoluiu, a realidade 
cruel e gritante ecoa nos muitos resultados que nada expressam a “educação 
moderna”, tão buscada e necessária. Esta, prepara tais sujeitos do momento 
que adentram a escola até sua saída. Economicamente, evoluímos para um 
mercado que muito projeta um conceito simples e fortemente notado, do 
“apagão laboral”, entende-se por isso, uma sociedade que não "fabrica" da 
melhor forma sua mão-de-obra, pouco treina e aumenta a taxa de ociosidade 
(desemprego). Para a juventude, de 1990 para cá, fora inserido decretos como 
mecanismo de apresentá-los no cenário empresarial, louvemos tão grandioso 
ato, conquanto ainda saibamos que, de nada adianta programas rasos que 
mitigam o supérfluo, ao invés de contingenciar na base, na estrutura. 
Por sua vez, para a população, as políticas públicas educacionais 
exercem papel secular tanto na introdução, bem como na permanência destes 
jovens neste contexto. Determinar e levantar os problemas ajudou no 
entendimento de como e quem tratará. Sabendo disso, faz-se necessário 
pensarmos em questões interdisciplinares: 
 
A interdisciplinaridade implica em “[...] um processo de inter-relação de 
processos, conhecimentos e práticas que transborda e transcende o 
campo da pesquisa e do ensino no que se refere estritamente às 
disciplinas científicas e a suas possíveis articulações” (LEFF, 2000, p. 
22). Essas atitudes precisam ser reconhecidas como pontos básicos 
para uma revisão nas práticas pedagógicas e nas áreas do 
conhecimento em todos os níveis de ensino, adotando-se 
metodologias e instrumentos que objetivem desenvolver nos 
estudantes o pensamento de contexto - oportunizando a análise 
multidimensional das questões ambientais e a busca de alternativas 
metadisciplinares, solidárias e inclusivas para seu equacionamento, na 
perspectiva local, regional e planetária (MORIN, 2003). (OLIVEIRA, 
2021, p. 05) 
 
Muitas e grandes ações já foram tomadas, isto é, apenas um ponto 
frente a necessidades reais e constantes pelo qual o ensino vem passando. 
Pontuamos aqui a relevância de programas que envolvam palestras 
motivacionais, mecanismos que ajudam na conscientização, na reflexão, 
assim como as mesas redondas (onde aproximamos profissionais de áreas 
distintas e alunos), o elo entre instituições, empresas, secretarias municipais e 
estaduais garantem o sucesso deste. 
 
 
108 
 
Claro, devemos falar deste que ensina, que ministra aulas, que têm 
consciência que muito ainda deve ser feito. O incremento nos cursos 
superiores que coadunem matérias específicas com a realidade atual, a 
especulação futura, de maneira simples, interpretativa, acolhedora e inovadora 
promoverá teoria & prática. 
Portanto, a interdisciplinaridade precisa articular ações que busquem o 
interesse geral, isto é, papel das famílias, do poder público, das escolas (fusão 
de muitas disciplinas) da indústria, o comércio e assim teremos condições de 
enfrentar ou minimizar a ausência de temas centrais tão importantes para o 
bem comum e fortalecimento do mercado. Lembrando que a prática 
interdisciplinar procura romper com padrões tradicionais que objetivam a 
construção do conhecimento de maneira fragmentada, revelando pontos em 
comum e favorecendo análises críticas a respeito das diversas abordagens 
para um mesmo assunto. Isso permite que os alunos apreendam o 
conhecimento de forma integral e supõe que a sua formação também o seja. 
A escola precisa preparar para a vida cidadã e suas especificidades assim 
como, também, para o mundo do trabalho. 
 
INTERDISCIPLINARIDADE NO NOVO ENSINO MÉDIO 
Durante a elaboração da Base Nacional Comum Curricular do Ensino 
Médio – BNCC EM, e do Referencial Curricular Amazonense do Ensino Médio 
– RCA EM a ideia da interdisciplinaridade costurou toda a tessitura 
epistemológica desses documentos oficiais que regem o ensinar e o aprender 
no Amazonas: 
A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de princípios e 
valores que, como já mencionado, orientam a LDB e as DCN. Dessa 
maneira, reconhecem que a educação tem um compromisso com a 
formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões 
intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. [...] decidir 
sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes 
curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes 
escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e 
colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem; [...] 
(BNCC EM, p.16) 
Esses diálogos resultam no compartilhamento das boas práticas e 
na ação em conjunto envolvendo as áreas de Linguagens e suas 
Tecnologias, matemáticas e suas Tecnologias, Ciências da natureza 
e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, 
caracterizando ações interdisciplinares e transdisciplinares [...] (RCA 
do EM, p. 12) 
 
 
109 
 
Esse cuidado ocorreu por conta da necessidade de ampliar os olhares 
discentes quanto à conectividade das disciplinas reveladas na realidade do dia 
a dia, que não dá para ver o mundo somente de forma filosófica ou matemática, 
mas é necessário ler a vida com a complexidade interdisciplinar que ela se 
apresenta. Nessa mesma perspectiva o documento dos Temas Transversais 
de 2019 sinaliza: 
Nesse sentido, os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) têm 
a condição de explicitar a ligação entre os diferentes componentes 
curriculares de forma integrada, bem como de fazer sua conexão 
com situações vivenciadas pelos estudantes em suas realidades, 
contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade aos objetos 
do conhecimento descritos na Base Nacional Comum. Curricular 
(BNCC). Dentre os vários pesquisadores que investigam e discorrem 
sobre a relevância e responsabilidade da educação, parece ser 
consenso que, para atingir seus objetivos e finalidades há que se 
adotar uma postura que considere o contexto escolar, o contexto 
social, a diversidade e o diálogo. 
(http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia
_pratico_temas_contemporaneos.pdf acesso: 13/02/2022). 
 
O construto epistemológico que dá a base para o desafio da 
interdisciplinaridade tem vários autores como Ivani Fazenda (2003): 
Através da interdisciplinaridade o conhecimento passa de algo 
setorizado e especializadopara um conhecimento integrado onde as 
disciplinas científicas interagem entre si. Para Fazenda (2003), uma 
postura interdisciplinar é uma atitude de busca, inclusão, acordo e 
sintonia diante do conhecimento. Hoje percebe-se a 
interdisciplinaridade como um conceito polissêmico, pois a atitude 
interdisciplinar depende da história vivida, ou seja, das concepções 
apropriadas e possibilidades de um olhar de diferentes perspectivas a 
partir de um mesmo tema. Para Fazenda (2003) “[...] é impossível a 
construção de uma única, absoluta e geral teoria da 
interdisciplinaridade, mas é necessária a busca ou o desvelamento do 
percurso teórico pessoal de cada pesquisador que se aventurou a 
tratar as questões deste tema”. (OLIVEIRA, 2021) 
 
Não é tarefa fácil realizar atividades de caráter interdisciplinar, alguns 
entraves se apresentam para o desenvolvimento de ações dessa natureza. Nos 
relatos abaixo se perceberá alguns desses desafios encontrados ao longo das 
experiências pedagógicas concretizadas no ano de 2021: tempo insuficiente 
para um planejamento em conjunto com os demais professores, carência de 
recursos materiais, ausência de vontade de aprender de alguns alunos e a falta 
de cooperação de alguns professores que ainda são resistentes a 
interdisciplinaridade. 
 
 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf
 
 
110 
 
DESCRIÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES 
Abaixo a descrição de dois eventos interdisciplinares que foram 
desenvolvidos em uma escola de tempo integral da zona Norte da cidade de 
Manaus: 
EVENTO 01 - Nome do Evento: Semana da Consciência Negra. 
Dias: Novembro de 2021, 
Local: Escola de Tempo Integral localizada na Zona Norte de Manaus. 
Público Alvo: Alunos de Ensino Médio da rede pública. 
Tempo total do desenvolvimento do evento: 20 horas 
Disciplinas envolvidas: História, Geografia, Filosofia e Sociologia. 
Coordenação do Evento: Prof.ª Shirley Maria Silva Nogueira. 
Desenvolvimento da Experiência Pedagógica: A consciência negra é 
comemorada no dia 20 de novembro e, em muitas cidades e municípios, é 
feriado. O dia da consciência negra é comemorado no dia da morte de Zumbi 
de Palmares, que foi executado 20 de novembro de 1695. Essa data foi 
escolhida pelo movimento negro em detrimento a da Abolição da escravatura, 
assinada em 13 de maio de 1888. Em 1995 o movimento negro colocou em 
contraste a figura de Zumbi e da princesa Izabel. “Ela, a liberdade inconclusa 
e oficial dos livros didáticos e a imagem da dádiva imperial; Zumbi, a marca do 
guerreiro que resiste até a morte contra a opressão colonial, ganhava a leitura 
da luta contemporânea contra a discriminação racial” (GOMES, 2011). Assim, 
se passou a comemorar o dia 20 de novembro como o símbolo das lutas contra 
a discriminação racial. Então a Semana da Consciência Negra na escola foi 
direcionada a discutir a situação do povo preto no país, sua cultura e a nossa 
ligação com a África. 
Objetivo Geral: O objetivo da Semana da Consciência Negra foi introduzir os 
alunos do Ensino Médio, 1o, 2o e 3o anos, no conhecimento sobre a cultura 
afro-brasileira, a ligação do Brasil com a África e o racismo. 
Objetivos específicos: Promover um debate dos alunos com as religiões de 
matriz africana; apresentar a ligação do Brasil com a África e enfatizar junto 
aos alunos como o racismo promove desigualdade social. 
Metodologia: A metodologia desenvolvida na aula foi de participação ativa dos 
alunos que não foram apenas expectadores passivos do processo. Cada aluno 
poderia contribuir e questionar o conteúdo apresentado, contando com auxílio 
do docente, que era apenas o facilitador. As atividades começaram no dia 16 
de novembro com a palestra sobre religião de matriz africana. Primeiramente 
foi exibido um documentário intitulado “Nas rotas dos orixás”. Esse 
documentário procura estabelecer uma ligação do Brasil com a África por meio 
das religiões de matriz africana principalmente o Candomblé. As religiões de 
matriz africanas são as que mais aproximam o Brasil da África. Depois da 
exibição do vídeo, houve a palestra do sacerdote (pai de santo) da Tenda de 
Umbanda Ogum, Pedro Pessoa, que tirou várias dúvidas sobre os elementos 
 
 
111 
 
da Umbanda. Procurou-se com essa atividade romper com o preconceito que 
existe sobre o Candomblé e a Umbanda. 
 
 
Figura 1: Palestra do umbandista Pedro Pessoa. 
Fonte: Acervo pessoal 
 
 
 
 
Figura 2: Palestra de Otum de Oxum 
Fonte: Acervo Pessoal 
 
 
 
 
112 
 
Dia 17 de novembro houve uma palestra ministrada pelo professor Otom de 
Oxum do instituto “Um Pé na África”, localizado na cidade de Manaus. O 
público alvo foi os alunos da 3ª série. O palestrante tratou do tema sobre o 
racismo e sua influência para a desigualdade social. Destacou o racismo que 
existe na sociedade e como ele causa danos psicológicos nas pessoas que 
sofrem esse preconceito. Lembrou também da pouca frequência de pretos nas 
escolas como forma de enfatizar as desigualdades sociais que levam à 
população preta estar pouco presente nas escolas. No dia 19 apresentou-se 
as turmas das 1ª séries, o filme "Hotel Ruanda" que trata da guerra étnica entre 
os Tutse e Hutus em Ruanda, um país de colonização francesa. O filme retrata 
a limpeza étnica feita pelos Hutus com a matança de um milhão de Tutse. Foi 
explicado aos alunos que esse não é caso único na história e nem próprio das 
sociedades africanas. Deu-se como exemplo a limpeza ética promovida pelos 
sérvios durante a guerra da Bósnia na Europa oriental. Esses casos 
acontecem devido a construção da identidade étnica que vê no outro o seu 
oposto. Segundo Oliveira (1976), o outro é tudo o que ele não é. Atribuindo 
valores negativos a esse outro. 
Recursos: O evento foi realizado no mini auditório da escola e para se efetivar 
a tarefa foram utilizados projetor multimídia, microfone, caixa de som, o filme 
"Hotel Ruanda". 
Interdisciplinaridade: Um conceitual utilizado pela geografia e história é o 
de desigualdade social, foi utilizado como forma de explicar a situação do preto 
na sociedade brasileira. Entendendo desigualdade social, a colocação de 
indivíduos à margem de direitos sociais, como direito à saúde, à educação, à 
moradia, ao trabalho, ao transporte e alimentação. Percebe-se por meio desse 
conceito que o povo preto passou por um processo de marginalização social a 
partir do momento que houve a abolição da escravatura que não garantiu 
direitos a esses indivíduos, deixando-os a própria sorte. Essa situação se 
perpetuou ao longo desses 134 anos de abolição. Os aspectos filosóficos 
foram abordados a partir da análise do que é ético e moral no comportamento 
atual em relação às pessoas pretas e as heranças culturais afro. Utilizou-se o 
conceito do sociólogo Hasemblag (2005) que define que o racismo é um dos 
fatores da desigualdade no país. Segundo ele, o racismo tem sido retirado da 
equação que explica as desigualdades no país, a mudança no extrato social 
ou a mobilidade social, tem sido atribuída a quesitos pessoais dos atores 
sociais. A meritocracia seria a marca dessas análises, deixando de lado os 
aspectos estruturais que explicariam as diferenças sociais, uma vez que a 
posição em que se nasce determina as oportunidades para se obter status 
sociais mais elevados. Essas condições independem da vontade o indivíduo. 
Para Hasemblag (2005), um outro fator que determinaria a situação social dos 
indivíduos seria determinada pela cor. Assim, ser negro em uma sociedade 
racista diminuiria ainda mais as oportunidades dos indivíduos. 
 
 
113 
 
Resultados: O resultado foi alcançado. Conseguiu-se atingir os alunos das 1ª, 
2ª e 3ª séries com informaçõese debates sobre a cultura afro-brasileira e a 
ligação do Brasil com a África por meio das religiões de matriz africana. 
Desafio: O desafio é fazer com que os alunos se tornem antirracistas. Para 
isso, é necessário que o debate seja reforçado no cotidiano da sala de aula 
com o ensino da cultura afro-brasileira. Para a equipe de professores o desafio 
é encontrar tempo para planejar em conjunto com os demais professores, pois 
o grande número de turmas e o excesso de trabalho burocrático 
sobrecarregam o professor. 
 
EVENTO 02 - Nome do Evento: Dia do Folclore - Feira interdisciplinar 
Dias: Agosto de 2021, 
Local: Escola de Tempo Integral localizada na Zona Norte de Manaus. 
Público Alvo: Alunos de Ensino Médio da rede pública. 
Tempo total do desenvolvimento das atividades: 20 horas 
Disciplinas envolvidas: História, Geografia, Filosofia, Artes e Sociologia. 
Coordenação do Evento: Prof.ª Isamara Lira Tiago. 
Desenvolvimento da Experiência Pedagógica: Diante das muitas mudanças 
e transformações que o mundo vem passando, as novas gerações são 
verdadeiros amontoados de informações instantâneas e conceitos rápidos. A 
escola e o ensino estão lentamente tentando acompanhar tantas 
movimentações, até o próprio Ensino Médio se viu na hora de mudar e ganhar 
novas formas. Esses estudantes são ágeis pelo novo, pelo moderno, pelo 
tecnológico, com uma ânsia do futuro; esses alunos precisam saber equilibrar 
ânsia pelo "novo" com os conhecimentos do "passado". O dia do folclore que 
é comemorado dia 22 de agosto aparece nas escolas como um momento 
lúdico, muito relacionado à ‘‘historinhas infantis”, como forma de atrair os 
alunos das séries iniciais. Nos anos finais do ensino básico os alunos que têm 
outra forma de pensar o mundo não estão mais interessados em contos ou 
fábulas, mas na contramão, profundamente ansiosos por entender o mundo. 
Objetivo geral: Proporcionar reflexões em torno da importância do 
conhecimento lendário amazônico em seus aspectos geográficos, históricos, 
sociológicos, artísticos e filosóficos. 
Objetivo especifico: Desenvolver atividades escolares significativas para 
essa geração acelerada com o intuito de entender o passado, compreender as 
mudanças atuais e responder a questões de comportamentos sociais de outras 
épocas. 
Metodologia: Cada turma foi organizada com dois temas ou duas lendas 
amazônicas, lendas como: O boto, Iara, Vitória Régia, Curupira, Boitatá, Cobra 
Grande, Mapinguari, Pirarucu, Guaraná, Matinta Pereira. Essas lendas estão 
na nossa vivência, de uma forma ou outra o contato com elas faz parte da 
nossa cultura e imaginário. Utilizamos a investigação e o questionamento das 
narrativas para pensar em que contexto social, econômico, cultural, 
filosófico, histórico e geográfico que aquele conto se tornou uma 
explicação, um exemplo ou uma sabedoria popular da nossa região. O 
 
 
114 
 
entendimento desses aspectos é o nosso fato histórico. Toda a escola se 
envolveu direta ou indiretamente no trabalho e buscou bons resultados a fim 
de responder os questionamentos, cada componente pedagógicos teve sua 
importância e dever com o evento. Os critérios de avaliação da exposição 
foram: explicação embasada em referenciais teóricos, ludicidade, criatividade 
artística e envolvimento com o tema. Aos grupos de alunos ficou destinado a 
pesquisa intensa e a escolha da forma de apresentar. Obedecendo aos 
critérios estabelecidos, a análise das lendas assim como respeitar o momento 
e a situação que deu origem a essa lenda, buscando compreender o espaço 
vivido. Aos professores ficou incutido o suporte crítico pedagógico e estrutural 
para avançar na leitura das histórias. A sugestão de material a ser utilizado e 
a organização da produção dos alunos na apresentação também ficou a cargo 
dos mestres, cada educador ficou responsável por uma turma. 
 
 
 
 
 
Figura 3: Encenação da lenda do Guaraná 
Fonte: Acervo Pessoal 
 
 
 
115 
 
 
 
 
Figura 4: Encenação da lenda da Vitória Régia. 
Fonte: Acervo pessoal 
 
Recursos: A escola proporcionou aos estudantes ambientes de busca e 
investigação do conteúdo, acesso a ambientes virtuais, computadores, chrome 
books e internet. A exposição dos trabalhos foi realizada na quadra 
poliesportiva da escola, foram utilizados: microfone e caixa de som. Cada 
equipe escolheu a forma de apresentação das lendas, vários recursos foram 
usados, priorizando reutilização de materiais: papelão, tintas guache, colas de 
isopor, cartolinas, papéis 40Kg, lápis de cor, pinceis hidrocor, papéis cartões, 
emborrachados, entre outros. 
Interdisciplinaridade: A educação só pode ser explicada a partir da utilidade 
dela, o ambiente escolar precisa fazer sentido, existe a necessidade do aluno 
entender o por que que ele está em sala de aula, se não tem essa 
compreensão não tem efeito, fica apenas um monte de assuntos dissociados 
da realidade. É pertinente propor essas atividades ao colegiado, professores e 
alunos têm a oportunidade de sair um pouco do automático. A ideia de se 
comemorar o folclore então pode ter outro contexto a partir de aspectos 
interdisciplinares e transdisciplinares abordando os aspectos históricos, 
geográficos, filosóficos e sociológicos a partir do entendimento das lendas 
regionais amazônicas. Foi uma possibilidade de repensar e ressignificar 
conceitos. A história já nos mostra que o fato pode ter vários aspectos e 
enredos a partir de quem está contando, portanto, nossos estudantes puderam 
pensar temas já contados de forma mais analítica e crítica dentro de uma nova 
 
 
116 
 
visão, mas pensando em elementos importantes como: Tempo, lugar, contexto 
econômico, social, cultura e visão de mundo. 
Resultados: A cultura é uma parte importante do homem e de suas 
organizações sociais, logo compreender tudo acerca de nossas histórias 
regionais são imprescindíveis. A exposição trouxe a luz pontos importantes dos 
enredos das lendas como: sentimentos de uma época, preconceitos vividos, 
valores morais, dores mascaradas de fantasias, abordagem levantadas pelo 
corpo discente que trouxe muita reflexão e ponderação sobre os temas. A "sala 
de aula" proporcionou uma aproximação com a habitual fala dos pais, avós e 
tios, uma experiência compartilhada, a teoria finalmente se revelou mais perto 
da realidade do aluno. A exposição da temática foi um dinamismo a parte com 
muita interação entre os grupos, foram elaborados musicais, teatros, 
monólogos, coreografias. O uso de materiais reaproveitados para confeccionar 
vestimentas, adereços, instrumentos. O esforço em mostrar os resultados foi 
imenso, demonstrando que o colegiado se interessa por atividades 
extraclasses com um foco mais interdisciplinar e carregado de sentido 
recreativo, transformando temas como a lenda do boto em dois momentos 
distintos, um com o sofrimento das mulheres grávidas lidando solitariamente 
com seus filhos sem pai, escondendo dores e dissabores, e o outro sem perder 
o misticismo que a estória carrega apresentando uma dança coreografada. 
Desafios: Para os discentes o desafio é a busca para entender a realidade por 
trás do conto, ter um olhar profundo sobre as motivações que levaram ao 
encantamento de algumas estórias imensamente fantasiosas, mas que pode 
ter dolorosas realidades por trás. Para o corpo docente o tempo para pensar e 
planejar é de suma necessidade, porém com uma carga horária cheia, o 
docente não consegue desenvolver um trabalho como esse, que muda toda a 
rotina da escola e precisa de uma visão macro para garantir o sucesso do 
mesmo. Outro ponto substancial é a falta de ajuda financeira para colaborar 
com a exposição dos alunos, deixando o trabalho limitado ao que se pode fazer 
e não ao que se consegue pensar. A criatividade esbarra na falta de dinheiro, 
definindo-seem um trabalho mais reduzido e menos expressivo. Outro item 
desafiador é estimular a participação de todo o colegiado da escola, 
lamentavelmente alguns profissionais não se engajaram com a tarefa, 
deixando o trabalho exaustivo, pois não houve divisão na labuta. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A escola é o espaço mais adequado e que oferece as maiores 
oportunidades de desenvolvimento das capacidades, competências e 
habilidades necessárias aos alunos para conviver em sociedade e ter condições 
de empregabilidade. É preciso estar atento aos avanços tecnológicos de nosso 
tempo sem abrir mão de nossas origens que nos legam a identidade enquanto 
 
 
117 
 
seres sociais e nos projetam para o futuro. Planejar e colocar em prática projetos 
interdisciplinares no ambiente escolar pode ser um motor a impulsionar o 
aprendizado significativo e que proporciona um maior engajamento por parte de 
toda a comunidade escolar. Os projetos citados no presente relato foram ações 
bem sucedidas que servem de referência em termos de planejamento, 
cooperação e resultados obtidos. 
É importante que os educandos, ao longo de sua formação, passem 
do senso comum à consciência filosófica, que segundo Saviani 
(2009, p. 2) significa “passar de uma concepção fragmentária, 
incoerente, desarticulada, implícita, degradada, mecânica, passiva e 
simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada, explícita, 
original, intencional, ativa e cultivada”. Afinal, “a passagem do senso 
comum à consciência filosófica é condição necessária para situar a 
educação numa perspectiva revolucionária” (OLIVEIRA, 2021, p.03) 
 
A interdisciplinaridade tem a capacidade de desenvolver potencialidades 
extremamente valiosas nos alunos, como a curiosidade, o interesse pelo 
aprendizado e a habilidade de trabalhar em grupo. Isso por si só já representaria 
um modelo muito interessante uma vez que a vida em sociedade exige 
indivíduos críticos, criativos e atuantes, Por sua vez, o mundo do trabalho avança 
em busca de pessoas que saibam desempenhar vários papéis, sejam 
naturalmente engajadas e tenham uma forte inclinação para atingir resultados – 
exatamente o que ocorre nos projetos interdisciplinares. 
 
 
REFERÊNCIA 
BRASIL. Base Nacional Curricular Comum do Ensino Médio – BNCC EM. 
https://bityli.com/Y9miQcG Acesso: 04/01/2022 
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e 
pesquisa. 11. ed. Campinas: Papirus, 2003. 
 
GOMES, Flavio dos Santos. De Olho em Zumbi dos Palmares: histórias, 
símbolos e memória social. 2a edição. São Paulo: Claroenigma, 2011. 
 
HASENBALG, Carlos. Mobilidade Social. Discriminação e desigualdades 
raciais no Brasil. 2a ed. Belo Horizonte: UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2005. 
p. 207-233 
 
OLIVEIRA, Renata Evangelista de (et al) A interdisciplinaridade na prática 
acadêmica universitária: conquistas e desafios a partir de um projeto de 
pesquisa-ação. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 26, n. 02, p. 377-400, 
jul. 2021. https://www.scielo.br/j/aval/a/CMtpbr3FfTgj7cLjJkCFwcM/?lang=pt 
acesso:13/03/2022 
 
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. Identidade étnica, Identificação e 
Manipulação. In: Identidade, etnia e estrutura social. São Paulo: Pioneira, 
1976. 
https://www.scielo.br/j/aval/a/CMtpbr3FfTgj7cLjJkCFwcM/?lang=pt
 
 
118 
 
 
RCA do EM. Referencial Curricular Amazonense do Ensino Médio. 
https://anec.org.br/wp-content/uploads/2021/05/RCA-Ensino-Medio.pdf. 
Acesso: 13/03/2022. 
 
SCHWAECZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições 
e questões raciais no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 
1993.p. 47-66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://anec.org.br/wp-content/uploads/2021/05/RCA-Ensino-Medio.pdf
 
 
119 
 
Capítulo VIII 
______________________________________________________________ 
 
Educação para o mundo do trabalho e o voluntariado 
por meio da Aprendizagem Baseada em Projetos 
 
Aldenize Pinto de Melo do Nascimento – Mestra em Educação/UFAM 
João Luiz Nunes do Nascimento – Esp. Gestão de Pessoas e Pedagogo/UEA 
Dayane Brenda Lira – Acadêmica de Serviços Judiciais/UNI Anhembi Morumbi 
Sabrina Gama – Graduada em Marketing/FAMETRO 
Ana Paula Brandão da Silva – Acadêmica de Enfermagem/UNI Nilton Lins 
 
 
Resumo: O presente relato de experiência pretende revelar a importância de 
duas práticas que são revolucionárias em seus devidos contextos: a ABP – 
Aprendizagem Baseada em Projetos e o Voluntariado. Ambos são 
apresentados por meio de uma prática escolar cuja Didática é moderna e atual, 
não visa apenas o aprendizado de conteúdos curriculares, mas abrange a vida 
do cotidiano e a preparação para o mundo do trabalho. A fim de mostrar o 
potencial educativo de tais práticas, voluntários descrevem suas vivências nos 
projetos e demonstram o quanto tais metodologias podem ter êxito tanto em 
relação a si mesmos quanto em relação ao público alcançado por meio dos 
seus diversos trabalhos. 
 
Palavras-chaves: ABP; Mundo do Trabalho; Voluntariado; Didática. 
 
Introdução 
 Em um país que apresenta a ideia da "Lei de Gérson" como algo cultural 
e presente no dia a dia dos brasileiros, falar de voluntariado ou convocar 
alguém ao voluntariado chega a ser algo destoante da regra "de levar 
vantagem em tudo": 
 
E tal “lei” passou a ser conhecida como a “Lei da Vantagem”, fazendo-
se uma analogia com o cigarro Vila Rica que poderia ser comparado à 
boa qualidade de outras marcas famosas daquele tempo e com preço 
mais barato. Então, o jogador fazia alusão de que nós, brasileiros, 
temos que levar vantagem em tudo e, por esse motivo, tinha que 
enxergar uma grande vantagem ao comprar o cigarro Vila Rica, 
pagando-se mais barato por ele e obtendo-se as mesmas vantagens e 
prazeres de outras marcas mais famosas. Dizia ele na propaganda, 
cujo vídeo para acesso está no link no final deste texto: “É difícil dizer 
por que se gosta de um bom cigarro, certo? Por que pagar mais caro 
se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro. Nós temos 
que levar vantagem em tudo, certo?” (PRADO, 2020) 
 
 
120 
 
Mais que um recurso didático da Educação Maker (EM) ou das 
Metodologias Ativas de Ensino (MAE), o voluntariado é uma ferramenta de 
amadurecimento cognitivo, emocional e social, além disso, por meio da 
Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) os alunos conseguem: 
 
Segundo Larmer, Mengendoller e Boss (2015), a ABP desenvolve 
habilidades essenciais aos desafios do século XXI, na qual se 
destacam a habilidade na resolução de problemas, sentido de 
responsabilidade, trabalho em pares, pensamento crítico, 
autoconfiança, gerenciamento de tempo, transmissão de ideias e 
pensamentos por meio da comunicação com outras pessoas. Logo, 
a ABP é um método de ensino que estimula a aprendizagem dos 
conteúdos programáticos por meio do envolvimento dos alunos em 
situações reais e desafiadoras. Desse modo, os alunos podem gerar 
suas próprias ideias e hipóteses, aplicando-as e aprendem fazendo. 
(apud OLIVEIRA, 2020) 
 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estimula essa 
transformação cultural da mentalidade de "só faço algo se for a meu favor" e 
incita mudança comportamental do "cuidado e empatia". A educação 
socioemocional é um dos focos da nova BNCC: 
Para cumprir essas finalidades, a escola que acolhe as juventudes 
tem de garantir o prosseguimento dos estudos a todos aqueles que 
assim o desejarem, promovendo a educação integral dos estudantes 
no que concerne aos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais 
(LDB, Art. 35-A, § 7º), por meio: [...] da promoção de atitudes 
cooperativas e propositivas para o enfrentamento dos desafios da 
comunidade, do mundo do trabalho e da sociedade em geral. 
(BNCC, p. 465) 
 
A importância do voluntariado no processo de aprendizagem para o 
mundo do trabalho por meio da ABP 
De acordo com a Lei 9.608 de 18 de fevereiro de 1998 no Art.1° 
considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não 
remuneradaestar introduzido no contexto virtual. Esse relacionamento 
interativo com o meio e através dele para outros usuários, mostra-se desprovido 
de hierarquia e ao mesmo tempo libertador. (...) A internet não apenas transporta 
os indivíduos de uma localização para outra, mas se constitui em um mundo 
'virtual', em que a lógica da ação é participativa e a iniciativa individual é apoiada 
e não meramente suprimida pela tecnologia. (tradução livre) 
 Segundo Bicudo e Silva Junior (1999), os processos de comunicação e 
interatividade são considerados sempre vantajosos nos processos educativos 
assistidos pelo computador, ou melhor, que se utilizam esse meio para tal. Os 
sistemas multimídia são anunciados como interativos, se diz que com os novos 
programas o usuário deixa de ser um receptor passivo, adquirindo a faculdade 
de decidir quais informações quer receber a cada momento, uma vez que pela 
não linearidade da constituição das informações nesse tipo de material. Assim o 
processo de aprendizagem passa a ser mediado não somente pela figura do 
professor, mas também por outras vias. 
 Ademais, Mihir Shukla (2019) alega que quando a tecnologia é criada por 
pessoas, para pessoas, seu maior propósito não é apenas melhorar o 
desempenho do negócio. Ela precisa melhorar a vida das pessoas. Precisa 
ajudar a criar um mundo no qual as pessoas prosperem. No qual o intelecto 
humano voe. No qual a capacidade humana de fazer o espetacular se torne mais 
possível do que em qualquer outra época da história. De acordo com ele, este 
deve ser o perfil do estado democrático da tecnologia. 
 Pensando nos elementos do processo de inserção da tecnologia, abre-
se margem para compreender razoavelmente uma etapa que pode possibilitar 
a democratização educacional. Desse modo, é cabível entender como é 
definido a democratização do ensino. Assim, de acordo com Azanha (2004), a 
democratização do ensino é entendida sob duas maneiras principais: tanto 
como política de extensão de oportunidades educativas para todos, quanto 
como prática pedagógica pautada na liberdade dos estudantes, de modo que 
uma abordagem valoriza os aspectos quantitativos e a outra os aspectos 
 
 
16 
 
qualitativos do processo. Andando sobre a mesma linha de compreensão do 
termo, Carvalho (2004) entende que há divergências no tratamento de 
aspectos educacionais como democratização e qualidade do ensino, e mesmo 
em relação à formação docente. 
 
Vulnerabilidade Social, Pobreza e Extrema Pobreza 
 Neste outro degrau de discussão, abre-se margem para tratar a respeito 
das mazelas sociais que afugentam e assombram o acesso à tecnologia e 
consequentemente internet, além de alimentar os impasses para a 
democratização tecnológica e educacional. Assim, o objeto de avaliação, nessa 
etapa, irá consistir no entendimento acerca da relação existente entre essas 
mazelas (vulnerabilidade social, pobreza e extrema pobreza) e o distanciamento 
da internet e da educação. 
 As medidas de políticas econômica adotadas nos últimos anos, no 
Brasil, promoveram sensíveis transformações para o quadro de indivíduos em 
situação de vulnerabilidade social, pobreza e extrema pobreza. Apesar de 
haver esforços para mitigar as condições de riscos as quais estão sujeitos os 
indivíduos dito excluídos, ainda é fator alarmante em função da relevância do 
tema. Esse reflexo das ações do poder público atingiu de forma assimétrica 
diversos grupos sociais no território brasileiro. Esse campo de vulnerabilidade 
naturalmente está associado a fatores socioeconômico estruturais e 
negligência de acesso a direitos básicos e inviabiliza a realização dos 
exercícios sociais enquanto cidadão pleno. Na linha de raciocínio, Petrini 
(2003) afirma que à medida que a família encontra dificuldades para cumprir 
satisfatoriamente suas tarefas básicas de socialização e de amparo/serviços 
aos seus membros, criam-se situações de vulnerabilidade. 
Carneiro e Veiga (2004) definem vulnerabilidade como exposição a 
riscos e baixa capacidade material, simbólica e comportamental de famílias e 
pessoas para enfrentar e superar os desafios com que se defrontam. Assim, 
há como relacionar as dificuldades e desafios sociais com quais os indivíduos 
em situação de vulnerabilidade social se defrontam com fatores de ordem 
estruturais. 
Fatalmente o cenário exposto persiste e revela-se como elemento a se 
pensar meios de contornar e reduzir os números aqui no Brasil. Segundo a 
 
 
17 
 
projeção da FVG, 12,8% dos brasileiros passaram a viver com menos de R$ 
246 ao mês (R$ 8,20 ao dia) espreitando a linha da pobreza extrema. Para 
Yasbek (2003), são pobres aqueles que, de modo temporário ou permanente, 
não têm acesso a um mínimo de bens e recursos sendo, portanto, excluídos 
em graus diferenciados da riqueza social. 
 
A Pandemia e a Conectividade 
Ao tratar da temática ainda sensível da conectividade, convém destacar 
o episódio pandêmico de Covid-19 que, com o isolamento domiciliar, 
escancarou um fato social preocupante: a falta de conectividade persiste e 
gera desigualdades educacionais (CORDEIRO, 2020). 
O andamento do isolamento social, em razão do novo coronavírus se 
mostrar uma ameaça à saúde pública, modelou notoriamente a rotina de 
dezenas de milhares de brasileiros. Serviços como de alimentação delivery 
tiveram suas demandas impulsionadas em função dessa circunstância 
excepcional (Churkin, 2020). Além disso, empregos adotaram o home office, 
serviço realizado através de computadores e celulares com acesso à internet, 
como alternativa a fim de contornar os aspectos negativos atrelados ao 
distanciamento social. Dessa maneira, algumas instituições de ensino 
lançaram mão de um recurso indispensável, o qual se traduz diretamente em 
uma inclusão progressiva e democrática para o ensino que são as plataformas 
de educação virtual (LEMOS, 2010). 
Apesar da realidade brasileira ter sido transformada pelo avanço das 
tecnologias digitais de informação e comunicação nos domicílios brasileiros, é 
na pandemia que as TDIC se sujeitam a objeto de discussão do quanto essa 
realidade transformada atingiu a população menos favorecida. Castells (2003) 
considera que as TDIC promoveram o surgimento de “um espaço híbrido, feito 
de lugares e fluxos: um espaço de lugares interconectados”. Nesse sentido, 
esse lugar interconectado viabilizado pela atuação dessas tecnologias define-
se como um ambiente que não inclui a todos em razão dos mais de 26% de 
indivíduos distantes do campo virtual (Pesquisa TIC domicílios). 
 
Letramento digital 
 
 
18 
 
 Incialmente vamos apresentar a origem das palavras “letramento”, 
segundo Britto (2005) e Gasque (2012), o termo letramento aparece pela 
primeira vez no livro intitulado “No mundo da escrita: uma perspectiva 
psicolinguística” (1986), sem ainda uma definição do conceito. Mais adiante o 
conceito viria com Angela Kleiman, no livro Significados do Letramento (1995), 
onde define letramento como “um conjunto de práticas sociais que usam a 
escrita, como sistema simbólico e como tecnologia, em contextos específicos, 
para objetivos específicos.” (Kleiman, 1995, p.18). Magda Soares (2009), 
afirma que letramento “é o resultado da ação de ensinar e aprender a ler e 
escrever. O estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo 
como consequências de ter-se apropriado da escrita.”, (p.18), diferente 
daquele que é alfabetizado, que apenas aprendeu a ler e escrever, mas não 
adquiriu o estado ou condição de quem se apropriou da escrita para aplicá-la 
nas práticas sociais que a demandam, (Soares, 2009). Em outras palavras, o 
indivíduo alfabetizado sabe ler e escrever, enquanto o letrado sabe utilizar a 
leitura e escrita no seu cotidiano sabendo aplicá-la nas mais diversas 
situações. 
 Já o letramento digital, segundo Araujo e Glotz (2014), é a capacidade 
que o indivíduo tem de direcionar o uso das tecnologias daprestada por pessoa física a entidade pública de qualquer 
natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos 
cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à 
pessoa. 
A palavra “voluntário” vem do latim voluntários que quer dizer "aquilo 
que se faz por vontade", por aí já se vê a importância do voluntariado que se 
dá no momento em que a pessoa se pré-dispõe a fazer um trabalho por 
vontade própria tendo em vista que este tipo de ação pode gerar um grande 
desempenho não somente na vida daqueles que são agraciados com os frutos 
 
 
121 
 
dessas ações mas também na vida social de quem participa de trabalho 
voluntário (RIBEIRO, 2019). 
 
Segundo a definição dada pelas Nações Unidas o voluntário é 
definido, sendo ele um jovem ou um adulto que, através dos seus 
interesses pessoais e da sua vida cívica, realiza atividades e passa 
a dedicar parte do seu tempo, sem nenhuma remuneração, para o 
bem estar social, ou até mesmo em outros campos (CORULLÓN, 
2022). 
 
Um voluntário é um grande ator social, que apesar de não prestar 
serviço remunerado, ainda assim doa seu tempo para atender as 
necessidades do próximo, sendo assim desenvolvendo trabalhos que 
contribuem para a sociedade como um todo, ou para um grupo étnico. Dessa 
forma, podemos dizer que o trabalho voluntário é um meio de transformação 
social. 
Um trabalho que gera essa transformação certamente tem sua 
importância dentro do sistema educacional em nosso país. Sabendo disso, é 
possível aprimorar as metodologias já utilizadas dentro das salas de aulas, 
com dinâmicas criadas pelos próprios voluntariados. Dessa forma, a qualidade 
de ensino tanto para quem ouve, quanto para aquele que ensina é mútua, em 
uma proporção muito maior, pois é possível inserir nesse aluno voluntário o 
desejo de aprender e de se tornar um propagador de tal aprendizagem. 
Os voluntários tendem a ter grandes chances no mercado de trabalho, 
levando em consideração os cargos que são ocupados, pois com isso vem a 
adquirir conhecimento sobre diversas áreas da vida o que pode ajudar a fazer 
um belo currículo fazendo assim também com que se torne um profissional 
muito competente. 
Por meio do trabalho voluntário podemos fazer algumas observações 
como notar que uma pessoa consegue trabalhar em equipe e ver o seu 
desenvolvimento, as pessoas que participam dessas ações geralmente criam 
vínculos uns com os outros a partir do momento que há um trabalho para se 
fazer em equipe onde todos se ajudam a ajudar os outros. Onde existe um 
grupo de voluntários há grandes possibilidades de nascerem inúmeros projetos 
vindos de um determinado projeto inicial. 
 
 
122 
 
O voluntariado proporciona oportunidades múltiplas de crescimento 
cognitivo e socioemocional. São pontos positivos do voluntariado: 
 
Oportunidade de aprender com os outros; Obter experiência dentro 
da área de atuação; Aumentar as chances de arrumar um emprego; 
Possibilidade de desenvolver ideias inovadoras; Maior bem-estar; 
Afastar-se do tédio; Aprimorar a sensibilidade e empatia. 
(https://www.usjt.br/blog/conheca-8-beneficios-de-fazer-trabalho-
voluntario/ acesso 07/03/2022) 
 
 
A Aprendizagem Baseada em Projeto (ABP) é uma das Metodologias 
Ativas que mais coopera para que haja um aprendizado significativo para os 
alunos participantes: 
 
A ABP pode ser definida pela utilização de projetos autênticos e 
realistas, baseados em uma questão, tarefa ou problema altamente 
motivador e envolvente, para ensinar conteúdos acadêmicos aos 
alunos no contexto do trabalho cooperativo para a resolução de 
problemas. [...] A investigação dos alunos é profundamente 
integrada à aprendizagem baseada em projetos, e como eles têm, 
em geral, algum poder de escolha em relação ao projeto do seu 
grupo e aos métodos a serem usados para desenvolvê-los, eles 
tendem a ter uma motivação muito maior para trabalhar de forma 
diligente na solução de problemas (BENDER, 2014, p. 15). 
 
 
Por meio da ABP é possível dar ao estudante a experiência de uma 
aprendizagem sólida e estimuladora, já que este aluno irá exercitar sua 
criatividade, trabalho em equipe, protagonismo, resolução de problemas e 
pensamento computacional. 
 
Metodologia 
A experiência pedagógica aqui relatada é uma pesquisa ação que por 
meio do voluntariado buscou fortalecer o exercício da cidadania plena com as 
perspectivas de direitos e deveres dos alunos de uma escola pública localizada 
na Zona Norte de Manaus. 
Na atualidade não há mais espaço para um ensino de via única onde o 
professor imputa informações e os alunos somente processam sem muitas 
reações. Por meio do GEIF - Grupo de Estudos Inutilidades Filosóficas, as 
ações de protagonismo dos alunos de ensino médio são realizadas, segue 
abaixo o passo a passo da metodologia utilizada: 
https://www.usjt.br/blog/conheca-8-beneficios-de-fazer-trabalho-voluntario/
https://www.usjt.br/blog/conheca-8-beneficios-de-fazer-trabalho-voluntario/
 
 
123 
 
 
• É realizada a captação dos alunos voluntários para compor a 
equipe do GEIF, essa captação é realização por meio de convites 
presenciais e online via mídias sociais do repositório midiático 
"Inutilidades Filosóficas". 
• Os voluntários ficam cientes nas normas para atuação no GEIF: a 
participação é associada à autorização dos responsáveis, os 
alunos devem estar com as notas na média da escola, as tarefas 
escolares precisam estar em dia, à convivência nos encontros 
físicos ou virtuais tem como base a alteridade e o respeito mútuo. 
• A partir da inserção do voluntário no grupo, antes de elaborar algo, 
deve estudar sobre o assunto de sua futura criação, tendo como 
base os Direitos Humanos. Ele recorrerá a artigos científicos, livros, 
vídeo educativos, entre outros. E ainda contará com a colaboração 
dos voluntários mais antigos no GEIF que darão o suporte técnico 
e teórico para o novo voluntário. 
• Em seguida o voluntário escolhe o produto criativo ou atividade que 
deseja desenvolver: elaboração de cards, produção de vídeos, 
curadoria de conteúdo e fotos, edição de vídeos, realização de 
lives, entre outros. 
• O voluntário desenvolve o produto criativo conforme a disposição 
de seu tempo e de recursos de internet. Ressaltamos que o que é 
gasto financeiramente é custeado pelo próprio voluntário. 
• A elaboração dos produtos criativos é orientada e supervisionada 
pela coordenação do GEIF. Somente após essa verificação que o 
produto é postado nas mídias sociais. 
• Atualmente o repositório Inutilidades Filosóficas é alimentado por 
produtos criativos oriundos de quatro projetos que os alunos 
ajudaram a criar, sendo eles: 
 
1. REFLEXÃO E AÇÃO: enfrentamento à violência contra a mulher, debate 
sobre a cultura do estupro, machismo estrutural, Lei Maria da Penha, Lei 
Carolina Dieckmann, entre outros. 
 
 
124 
 
2. VIDA EM VÍDEOS: ensinado e aprendendo por meio de vídeos os 
assuntos atuais e para o ENEM. Os alunos "traduzem" os conteúdos em 
uma linguagem mais coloquial para facilitar o entendimento dos mesmos. 
3. VOZES EM NÓS: debater sobre tabus e preconceitos, promover o 
exercício da alteridade de raça, gênero, religiosa, de classe, entre outros. 
4. CRIANDO O FUTURO: cooperar para a formação para o mundo do 
trabalho, estimulando debates sobre geração de trabalho digno, 
empreendedorismo e renda sustentável, debates e reflexões sobre a 
construção do projeto de vida do estudante. Contribuir para as melhores 
tomadas de decisões sobre a vida após o Ensino Médio. 
 
RELATOS 
 
É muito valorosa uma atitude altruísta e cheia de empatia, o voluntariado 
oportuniza experiência dessa natureza. Os ganhos sociais e pessoais são 
reais: resolução de problemáticas atuais, criar e aumentar o network, exercitar 
a alteridade, inserção e ascensão no mundo do trabalho, entre outros. No 
GEIF, cada ação voluntária gera resultados práticose impulsiona a reflexão 
filosófica, histórica e sociológica sobre a vida, estimulando os participantes a 
continuarem engajados. 
 
 
Quadro 01: Exemplos de card, live, vídeo e palestra realizada pelas voluntárias. 
 
 
125 
 
 
Fonte: Elaboração própria. 
 
Abaixo apresentamos relatos de voluntários do GEIF que 
compartilharam um pouco de suas experiências durante o tempo em que 
contribuíram com a equipe: 
 
Relato de Dayane Lira – Voluntária desde 2018 
 
"O ano era 2018, quando por meio de uma das aulas da professora Aldenize 
Nascimento, surgiu em mim o interesse em participar voluntariamente dos 
projetos que a mesma coordenava na escola da Zona Norte de Manaus. 
Inicialmente começamos inúmeras pesquisas a respeito da Lei Maria da Penha 
e a Lei do "Feminicídio". Houve todo um preparo psicológico com os voluntário 
para podermos fazer a sensibilização com os demais alunos da escola. O 
principal objetivo do projeto era alcançar os adolescentes, jovens e mulheres 
 
 
126 
 
para levar informações a respeito das devidas leis, assim sendo fizemos uma 
série de palestras dentro da escola abordando o tema, uma entrevista foi feita 
para o "Portal Tucumã" onde tivemos a oportunidade de compartilhar de nosso 
projeto, contudo partilhar de nossa caminhada na luta para levar informação a 
todas aquelas vítimas de violência doméstica que se encontram nesse 
momento sem saber como agir e como proceder mediante a um crime destes. 
Sendo assim, nesses 5 anos de participação voluntária nesses projetos que 
pude adquirir conhecimentos, conhecimentos esses que vivi e soube como 
enfrentar a situação, fui uma vítima da violência doméstica, fui acolhida pelo 
SAPEM (Sistema de Apoio Emergencial a Mulher) tive apoio psicológico dentro 
da delegacia da mulher, medidas protetivas foram colocadas contra meu 
agressor, atualmente ainda me encontro sob medidas protetivas, ainda estou 
em processo na justiça contra o criminoso que insiste constantemente em tirar 
meu filho de mim, porém tanto eu como meu filho estamos sob medidas 
protetivas por 10 meses. Posso então afirmar que com base no meu relato de 
experiência e relato de vida, minha importância como voluntária foi bastante 
significante que contribuiu para ajudar a mim mesma e a outras mulheres." 
 
 
Relato de Sabrina Gama - voluntária desde 2018 
 
"Ser voluntária é gratificante, apesar disso, o trabalho que tem como a força de 
vontade e dedicação, como um dos seus pilares, também tem suas 
dificuldades. Uma das maiores dificuldades que eu enquanto voluntária no 
Projeto Inutilidade Filosóficas – IF enfrentei e acredito que não só eu, mas 
outros voluntários também foi o fator principal que é a falta de estrutura para 
que tais trabalhos fossem desenvolvidos no ambiente educacional. Somos 
sabedores do quanto é difícil uma escola pública ter uma estrutura adequada 
para que sejam realizados trabalhos do cotidiano de ensino, então imagina em 
um âmbito maior, que é o trabalho voluntário para que se desenvolva 
pesquisas científicas, essa dificuldade aumenta muito mais. Outro fator que 
dificultou em parte o trabalho voluntário, pode-se dizer que foi a falta de 
programas de incentivo para tal, tendo em vista que muitos alunos do ensino 
básico não tem uma visão ampla sobre esse trabalho, muito menos os 
benefícios que ele pode trazer tanto para a vida acadêmica, quanto para a vida 
social. Acredito que tais programas de incentivo poderiam contribuir e facilitar 
ainda mais a disseminação do que é o voluntariado, além de ajudar para que 
tais trabalhos realizados por eles também fossem divulgados. Apesar das 
dificuldades apresentadas até então, vale lembrar também os pontos 
proveitosos do trabalho voluntário, da qual eu posso falar por experiência 
própria que são de grande valia não somente durante o trabalho, mas para a 
vida toda. As ações voluntárias carregam em si a essência de contribuição 
social, algo que é desenvolvido de maneira muito pessoal daquele que se 
 
 
127 
 
submete a este trabalho. Sendo assim, nós passamos por muitas mudanças, 
sendo elas internas enquanto seres e enquanto acadêmicos. Pois tal laboração 
é de grande valia não somente para aquele aluno do Ensino Básico, mas 
também para aquele aluno do Ensino Superior, que foi o meu caso. Iniciei o 
trabalho voluntário na minha adolescência, mas as mudanças foram tantas, 
que contribuíram também para a minha vida pessoal e acadêmica que 
perpetuei esse trabalho quando ingressei no Ensino Superior. Hoje já me 
encontro formada no Ensino Superior em Marketing, e ainda nesta fase o 
trabalho voluntário se faz presente e necessário na minha vida pessoal e 
acadêmica, é uma contribuição mutua que parte de mim para o meio social, e 
vice-versa, dessa forma posso afirmar o que é verdadeiramente o trabalho 
voluntário e a sua importância através da simples e objetiva frase do 
Administrador Peter F. Drucker (1990) que diz que "a melhor maneira de prever 
o futuro é criá-lo", e acredito que o voluntariado tem uma grande força e 
perspectiva para criar um novo futuro em aspectos sociais.” 
 
 
Relato da Ana Paula Brandão – Voluntária desde 2019 
"Quando entrei para o Grupo de Estudos Inutilidades Filosóficas - GEIF tive a 
oportunidade de conhecer pessoas incríveis, aprender sobre inúmeras coisas, 
melhorar a minha forma de me relacionar com as pessoas e ainda tive a 
chance de poder colaborar com a elaboração de um capítulo no livro "Didática 
do Século XXI. VOL.2" como coautora, o que faz com que tenha um currículo 
muito bom e que eu aprenda com os assuntos que são estudados e 
explanados por mim e por meu colegas de grupo. Estar em um projeto onde 
eu sei que posso ajudar outras pessoas a obterem conhecimento sobre 
diversos assuntos é muito importante para mim, pois gravar vídeos 
simplificando um determinado conteúdo fazendo com que as pessoas que 
estão consumindo do nosso trabalho possam nos dar de volta o que queremos 
que é ver que despertamos o interesse do pensar e do agir que é quando 
vemos que estas mesmas pessoas compreendem o que fazemos e veem o 
bem que isso faz a elas e a nós é muito gratificante, e é aí que percebemos 
que nossos esforços não foram em vão e que podemos prosseguir pois o 
nosso trabalho como voluntários está sendo feito levando conhecimento para 
que possamos melhorar a nossa sociedade cada vez mais, assim como disse 
o criador da Apple, Steve Jobs: "as pessoas que estão suficientemente loucas 
para acreditar que podem mudar o mundo são aquelas que conseguem" de 
acordo com o site “Tecmundo”. 
De fato é assim que acontece, posso até citar um momento que passei quando 
estava conversando com um conhecido que achava bonito a minha forma de 
querer mudar o mundo, mas que também achava que as pessoas estavam 
mais interessadas no presente do que pensar no futuro então seria uma perca 
de tempo se eu investisse em um assunto que as pessoas não iriam ligar e 
 
 
128 
 
não que dariam a mínima, então basicamente ele quis dizer que pessoas com 
a esperança de tempos melhores talvez estivessem loucas por quererem 
mudar o mundo que ele acha estar cheio de pessoas com desinteresse social 
e é aí que eu voluntária do "Inutilidades Filosóficas" entro para levar ajuda, 
conhecimento e até mesmo uma palavra para pessoas que estão 
desacreditadas da humanidade." 
 
 
Considerações finais 
Os relatos das voluntárias evidencia a teoria sobre a ABP e sinaliza que 
há resultados cognitivos e socioemocionais. Uma aprendizagem que vai além 
do foco no mundo do trabalho, ela permite um aprendizado para a vida cidadã 
pautada na ética e nos direitos humanos. 
 
 
REFERÊNCIAS 
ARAUJO, Jairo Melo. Voluntariado - na Contramão dos Direitos Sociais. 
Cortez Editora, 2008. 
 
BENDER, William. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação 
diferenciada para o século XXI. Porto Alegre: Penso, 2014. 
 
BRASIL. Base Nacional CurricularComum do Ensino Médio - BNCC 
 
CORULLÓN, Mónica. Trabalho Voluntário. 2020. In: 
https://voluntarios.com.br/oque_e_voluntariado.htm - acesso 16/02/2022 
 
DRUCKER, Peter F. O Gestor Eficaz. LTC; 11ª edição, 1990. 
 
OLIVEIRA, Sebastião Luís de. (et al) Aprendizagem Baseada em Projetos 
no Ensino Médio: estudo comparativo entre métodos de ensino. In: 
Bolema, Rio Claro (SP), v. 34, n. 67, p.764-785, ago. 2020. 
 
PRADO, Wagner. A importância de se revogar a “Lei de Gerson” no Brasil. 
Portal RCIA, 2020. https://rciararaquara.com.br/artigo/a-importancia-de-se-
revogar-a-lei-de-gerson-no-brasil/ acesso: 27/02/2022 
https://blog.uceff.edu.br/afinal-qual-e-a-importancia-do-trabalhovoluntario/ 
http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-
comum-curricular-bncc-etapa-ensino-medio. Acesso: 20/04/2020 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9608.htm 
https://www.scielo.br/j/bolema/a/wySf37fqxQDVHGPdPcCGhHq/?format=pdf
&lang=pt acesso 31/04/2022 
https://www.tecmundo.com.br/steve-jobs/14075-confira-versao-de-comercial-
da-apple-narrada-por-steve-jobs.htm 
 
https://voluntarios.com.br/oque_e_voluntariado.htm%20-%20acesso%2016/02/2022
https://rciararaquara.com.br/artigo/a-importancia-de-se-revogar-a-lei-de-gerson-no-brasil/
https://rciararaquara.com.br/artigo/a-importancia-de-se-revogar-a-lei-de-gerson-no-brasil/
https://blog.uceff.edu.br/afinal-qual-e-a-importancia-do-trabalhovoluntario/
http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-comum-curricular-bncc-etapa-ensino-medio
http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-comum-curricular-bncc-etapa-ensino-medio
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9608.htm
https://www.scielo.br/j/bolema/a/wySf37fqxQDVHGPdPcCGhHq/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/bolema/a/wySf37fqxQDVHGPdPcCGhHq/?format=pdf&lang=pt
https://www.tecmundo.com.br/steve-jobs/14075-confira-versao-de-comercial-da-apple-narrada-por-steve-jobs.htm
https://www.tecmundo.com.br/steve-jobs/14075-confira-versao-de-comercial-da-apple-narrada-por-steve-jobs.htm
 
 
129 
 
Capítulo IX 
______________________________________________________________ 
 
A musicalização como ferramenta de ensino da 
Língua 
Espanhola: um comparativo lexical 
 
 
Rosilene de Oliveira Brito – Mestranda em Educação/UNIDA e Graduada em 
Letras –/UFAM. 
Ana Karoliny Mota Sampaio – Graduada em Letras – Espanhol/UFAM. 
 
 
Resumo: O presente artigo abordará o processo de ensino aprendizagem dos 
alunos do Ensino Médio diante da Língua Espanhola no Brasil, destacando a 
metodologia específica de musicalização para a compreensão e interação da 
língua. Esse estudo tem como objetivo principal buscar a melhor estratégia de 
ensino para alunos brasileiros que buscam a aquisição de uma Língua 
Estrangeira (Espanhol), assim como o papel do professor e do aluno durante 
esse processo. Importante frisar que não existe um método ou enfoque certo, 
cada qual surge em uma determinada época, sendo utilizado de acordo com a 
necessidade do ensino da língua estrangeira, assim como os conteúdos a 
serem trabalhados valendo-se da realidade dos alunos, bem como, as 
realidades das escolas. Contudo, temos uma variante no ensino, a 
musicalização, que aproxima o aluno daquela língua, além de contribuir com 
fatores afetivos, motores, cognitivos e de convívio social. 
 
Palavras chaves: Metodologia; Ensino; Musicalização. 
 
Introdução 
A relevância deste tema surgiu a partir da pesquisa e curiosidade sobre 
o processo de ensino-aprendizagem de alguns tipos de métodos trabalhados 
em sala de aula pelos professores da disciplina de Língua Espanhola no 
Ensino Médio. É de total importância a valorização do aprendizado daquele 
público que busca aprender outra língua, pois com isso conseguirá ampliar 
seus horizontes diante dessa quantidade de informações e avanços 
tecnológicos, trazendo pra si uma bagagem a mais, agregando consigo valores 
de uma nova linguagem oral, escrita, e, acima de tudo, cultural. Portanto, é de 
 
 
130 
 
extrema importância que o aluno adquira o conhecimento de uma nova língua 
durante todo o seu processo escolar. 
Através deste processo, entende-se que diversos métodos surgiram 
para que houvesse uma melhor maneira para o ensino do espanhol com esses 
alunos. Dentre eles abordaremos o de musicalização, que é o processo de 
introdução de músicas no ensino de uma língua estrangeira, que está presente 
em várias situações da vida, tanto nos momentos culturais, regionais e 
independentes das épocas, ou seja, é uma linguagem universal. Porém, o 
professor ainda encontra dificuldades em trabalhar música na educação. Mas 
qual a real importância para o desenvolvimento desse aluno? A resposta é 
simples: a música desenvolve a autoestima, imaginação e criatividade. 
Portanto a união desses dois processos nos mostra que esse método de 
ensino para alunos que buscam aprender uma língua estrangeira é um dos 
mais eficazes, pois a música tem um papel importante na sociedade agindo 
como elemento cultural importante, transformando o indivíduo em todos os 
âmbitos. 
 
Revisão de literatura 
Os teóricos, Richards y Rodgers (2003), entendem por método a ideia 
de um conjunto sistemático de práticas docentes fundadas em uma 
determinada teoria da linguagem e da aprendizagem de idiomas. A busca por 
métodos melhores foi uma constante preocupação para numerosos 
professores e estudiosos da linguística aplicada ao longo do século XX. Os 
partidários de cada método professam a crença de que as práticas docentes 
que defendem, oferecem um fundamento mais eficaz e teoricamente sólido 
dos métodos anteriores. Segundo Antony (RICHARDS e RODGERS, 2003, 
p.28), o enfoque se refere às teorias sobre a natureza da língua e sua 
aprendizagem, que são a fonte das práticas e dos princípios sobre o ensino de 
idiomas. Transformar aulas para que elas fiquem mais atrativas é um dos 
novos desafios para o educador do século XXI. Pensando nisso, muitos dos 
docentes utilizam a música para auxiliar na mediação da aprendizagem. 
Quando os professores resolvem utilizar-se da música como linguagem de 
ensino, observamos que não há uma pesquisa do perfil da turma a ser 
ensinada e do contexto que a escola está inserida, são utilizadas as mesmas 
 
 
131 
 
músicas que não refletem a realidade do aluno (do seu tempo) não há uma 
atualização para estimular o interesse dos alunos. 
Desde que Froebel (1810) propôs a música como recurso pedagógico, 
ela vem sendo utilizada na educação escolar, justamente por aliar os aspectos 
lúdicos e cognitivos (BERTONCELLO e SANTOS, 2002, p.137). Com isso 
conseguimos ótimos resultados em meio a utilização desse método para a 
internalização dos alunos, conforme cita Berchem (apud KRZESONSKI e 
CAMPOS, 2006, p.115) diz: “a música é a linguagem que se traduz em forma 
sonora capaz de expressar e comunicar sensações, sentimentos e 
pensamentos.” 
As músicas e suas letras podem ser uma importante alternativa para 
estreitar o diálogo entre alunos, professores e conhecimento científico, uma 
vez que abordam temáticas com grande potencial de problematização que 
estão presentes de forma significativa na vida do aluno. As músicas podem, 
ainda, fazer um segundo caminho que não o da aula expositiva, aumentando 
a sensibilidade e a criatividade em se fazer relações entre o conteúdo da 
música, por meio da letra que a compõe, e o conhecimento científico 
(SILVEIRA e KIOURANIS, 2008, p.28). 
 
A música como veículo de história, mitos e lendas, contribuindo para 
a continuidade cultural, utilizada na educação, auxilia no controle dos 
membros “desviantes” da sociedade, ou seja, ensinando à sociedade 
o que é certo contribuindo para a estabilidade cultural; e no cultivo 
de indivíduos, transmitindo ensinamentos sobre o ambiente natural 
e seus valores do grupo, no sentido de dar continuidade à cultura 
(CRUVINEL, 2005, p. 54). 
 
Para os professores conseguirem motivaras crianças a gostarem de 
música, ele deve conhecer bem a vontade e o repertório de seus alunos, para 
poderem tornar o seu plano de aula mais interessante. A musicalização além 
de ajudar no desenvolvimento de várias habilidades, poderá auxiliar na 
aprendizagem dos alunos. Ao utilizar essa metodologia em sala de aula, é 
importante que o professor tenha um conhecimento prévio do repertório, 
fazendo um paralelo com as atividades que serão realizadas. Com isso, esses 
alunos serão capazes de estabelecer relações importantes com a 
aprendizagem. Utilizar essa ferramenta não é simples, faz-se necessário que 
os professores tenham traçados os objetivos que desejam alcançar. 
 
 
132 
 
Conforme Fonterrada (2008): 
[...] Este é um momento propício para levantar o que está por trás 
das atitudes tomadas em relação ao ensino de música, tanto nas 
escolas especializadas quando nas de educação geral, para que se 
tenha clareza a respeito do valor que lhe é atribuído e do papel que 
representa na sociedade contemporânea [...] (FONTERRADA, 2008, 
p.10). 
Metodologia 
O Método Áudio-linguístico ou áudio-oral surgiu durante a Segunda 
Guerra Mundial, pois o exército americano precisava de soldados fluentes em 
várias outras línguas estrangeiras, mas não obtiveram sucesso, então tiveram 
que produzir esses falantes em um curto espaço de tempo. É a fusão da 
linguística estrutural e a psicologia behaviorista (Skinner e Pavlov) que nos 
leva à teoria de que aprender línguas é um processo de condicionamento. É a 
priorização do desenvolvimento das habilidades orais, de forma a seguir a 
‘ordem natural’ de aquisição de primeira língua, ou seja, as quatro habilidades: 
compreensão auditiva, produção oral, compreensão textual e, por fim, a 
produção textual. O objetivo é levar o aluno a comunicar-se na língua alvo 
através da formação de novos hábitos linguísticos. O professor tem a 
fundamental relevância nesse processo, pois está no meio do processo, pois 
é ele quem tem a responsabilidade de orientar o comportamento linguístico 
desse aluno. Ele é o referencial do uso linguístico que os aprendizes da língua 
imitam. É o que coordena as atividades em sala de aula. O aluno só teria 
contato com a língua escrita quando a aquisição da língua oral já estivesse 
internalizada, através de exercícios de repetição. 
Por ser uma ferramenta de baixo custo, a musicalização, é uma 
oportunidade de o alunado estabelecer relações interdisciplinares, uma 
atividade que visa não só a ludicidade, mas a atividade cultural e esse recurso 
didático-pedagógico é muito proveitoso, pois se constitui como uma nova 
forma capaz de aproximar mais o aluno da temática, por conta da facilidade 
que a música é internalizada pelo público com mais a junção do contexto 
escolar, se torna algo totalmente mais prazeroso de executar. Pode-se 
observar que o campo das formas musicais é verdadeiramente fértil e de fácil 
assimilação, portanto, útil para o trabalho do professor que deseja renovar, 
dinamizar e buscar maior eficiência de aprendizado em seu modo de explicar 
a matéria (FERREIRA, 2008). 
 
 
133 
 
Com o auxílio desse método e mais o uso da musicalização, que tem 
como principal meio de memorização de Línguas Estrangeiras percebeu um 
grande aumento de vocabulário e pronúncia. Importante ressaltar também que 
é o processo de construção musical, é a exploração do universo sonoro, como 
acrescenta Chiarelli (2005): 
[...] Nos dias atuais as possibilidades de desenvolvimento auditivo se 
tornam cada vez mais reduzidas, as principais causas são o 
predomínio dos estímulos visuais sobre os auditivos e o excesso de 
ruídos com que estamos habituados a conviver. Por isso, é 
fundamental fazer uso de atividades de musicalização que explorem 
o universo sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção, 
analisando, comparando os sons e buscando identificar as diferentes 
fontes sonoras. Isso irá desenvolver sua capacidade auditiva, 
exercitar a atenção, concentração e a capacidade de análise e 
seleção de sons. (CHIARELLI, 2005. p. 5) 
 
Com essas duas metodologias, começamos a montar o que chamamos 
de musicalização de canções espanholas para esse processo de aprendizado 
da mesma com alunos do Ensino Médio. Escolhida a canção do cantor 
hispânico, Carlos Capó, com a música “Calma” e através dela pudemos 
procurar o desenvolvimento das habilidades seguintes: escrita, auditiva e 
comparativa, pois através dessa música exercitamos junto a eles a questão 
lexical das palavras espanholas em contrapartida com a Língua Portuguesa 
(letra da música no final do trabalho). 
A metodologia aplicada realizada com esses alunos seria o uso da 
comparação com o léxico da Língua Espanhola com A Língua Portuguesa, ou 
seja, quais os vocábulos que parecem com os da Língua Portuguesa. Elenco 
alguns dos principais tipos de análise feita para esse comparativo dos alunos: 
a relação direta entre as duas línguas ao nível lexical e relação indireta: 
• Relação Direta entre as duas línguas ao nível lexical: encontrar na música 
palavras que sejam transparentes nas duas línguas: calma, café, apenas, 
me, que, todo, tu, mano, de, todo, escapamos, juntos, ver, sol, vamos, 
alma, abre, cintura, me, cara, arena, nos, pinte, como, vez, ti, desde, 
caribe. 
• Relação Indireta: 1- De prótese, síncopa e cambio consonântico: y>e, 
un>um, ya>já, en>na, el>sua, la>a, cierra>feche, abre>abra, 
abrazos>abraços, medalla>medalha, el>o, viendo>vendo, tu>sua, 
eres>é, me>eu, gusta>gosto, viento>vento, arena>areia, lós>seus, 
 
 
134 
 
pies>pés, la piel>nossa pele, yo supe>eu sabia, tocaron>tocaram, mi 
mano>minha mão, la playa>à praia, pa’curarte>para curar, com 
calma>acalme-se, juntitos andando>caminhamos juntos. 
Durante esse processo tivemos alguns posicionamentos tais como a 
percepção de todos os vocábulos encontrados pelos alunos na perspectiva 
comparativa com a língua materna que é a Língua Portuguesa e percebemos 
questões fonéticas, ou seja, a familiaridade. 
A aprendizagem com o auxílio da musicalização com o comando do 
professor é, de fato, um momento de evolução dentro do que chamamos como: 
enfoque comunicativo do ensino de línguas estrangeiras, pois se torna uma 
forma prática e enriquecedora. O ensino-aprendizagem através deste conceito 
nos mostra uma ferramenta fundamental de ensino. Tendo em vista que é um 
objetivo que se faz usando o idioma, exemplos: encontrar palavras parecidas, 
ler a letra da canção, estabelecer ligações, escrever as palavras semelhantes, 
o trabalho de percepção, etc. 
Dentre as diversas tarefas exercidas pelo professor uma delas é muito 
importante: a sequência das canções e suas devidas orientações, pois durante 
o preparo do plano de aula ele terá que adequar quais as canções serão as 
mais apropriadas para seu alunado, tendo em vista a faixa etária e, também, 
quais serão positivas no conceito didático- pedagógico e que chamem atenção 
causando a curiosidade. Outro ponto que elenco é a realização das tarefas que 
serão realizadas, pois nesse momento de comando os alunos necessitam ter 
uma verdadeira aula de como farão as escolhas de vocábulos para obter êxito 
nas atividades, por isso, esse professor precisa, através de exemplos, conduzi-
los ao êxito da atividade. 
Neste momento o professor comanda, mas de uma forma mais branda, 
pois precisa aguçar a autonomia do aluno, estimulando o protagonismo 
daquele aluno. Passa da função de transmissão de conhecimento e começa a 
ser o mediador/facilitador daquela atividade, com isso incentiva esse trabalho 
de cooperação. Outro ponto específico do uso dessa metodologia é o papel 
desse aluno, eles possuem a resposta daquele professor, ou seja, se estão no 
caminho do processo de autonomia e compreensão daquela nova língua. É 
através desse meio de comunicação que esse alunado entenderá como são 
os questionamentos feitos por seus professores, mostrando-lhes como é seu135 
 
processo de assimilação de conteúdos e como poderá usá-los em seu 
cotidiano, não sendo somente mais uma matéria de Língua Estrangeira, mas 
sim uma disciplina com o intuito de ser utilizada na perspectiva de 
comunicação em sociedade. Com essa proposta de levar adiante essa 
responsabilidade da atividade única e principal de compartilhar esse 
conhecimento, o aluno reflete também sobre a inovação de sua visão sobre o 
mundo e, acima de tudo, de como se relacionar com seu próximo. 
 
Resultados e discussão 
Os resultados desse processo obtidos através de pesquisas 
bibliográficas sobre o ensino/aprendizagem de Língua Estrangeira foi quando 
traçamos um trabalho cujo principal objetivo era mais uma nova forma de 
auxiliar o processo de ensino do professor e uma alternativa mais interativa 
para a inserção de uma nova língua. 
Sabemos da grande proximidade linguística existente entre o espanhol 
e o português, tais como, a origem, a tipologia de bases culturais existentes 
entre ambas e a maioria do léxico é parecido para ambas, com certeza essa 
familiaridade atrai esse alunado para a descoberta dessa língua estrangeira. 
Fazendo a junção da língua espanhola mais o método de musicalização, faz 
com que os alunos se sintam mais curiosos e aceitem mais facilmente a língua. 
A escolha por trabalhar com a música de uma forma mais dinâmica é um 
trabalho para professores com uma grande responsabilidade linguística, pois 
é através desses momentos marcantes que conseguirão introduzir os 
conceitos orais e escritos, posteriormente, para esse público. Esse momento 
é visto como de grande valia para o desenvolvimento, pois o cognitivo é 
estimulado, faz com que o afetivo também aflore, pois a música tem esse poder 
de facilitar a internalização de diversos conceitos. 
A análise deste artigo é de pesquisa bibliográfica, pois o ensino de 
Línguas Estrangeiras possui diversas formas e cada forma depende de sua 
época e contexto histórico que fora utilizada, ou seja, os métodos e 
metodologias foram evoluindo com o passar dos tempos. E para uma melhor 
otimização das aulas novos métodos surgiram, com o intuito de deixar as aulas 
mais atrativas e dinâmicas. Esse êxito veio através de questões ligadas a como 
aquele aluno se sentia com os métodos tradicionais. Sem esquecer-se dos 
 
 
136 
 
professores que tem suma importância e responsabilidade nesse processo. 
Dessa maneira os enfoques e métodos de ensino auxiliarão de forma intensa 
aquele alunado no momento de aquisição de uma nova língua. 
 
Considerações finais 
Com o presente trabalho tivemos a compreensão de que a música como 
um recurso didático, tem ludicidade como ponto de partida para a introdução 
da aquisição de uma nova língua, no caso, a Língua Espanhola. A união entre 
o ensino e a musicalização, os professores terão uma gama de possibilidades 
para realizar uma ligação entre o ensino/aprendizagem e a dinâmica, fazendo 
o link entre dois grandes mundos: o artístico e o do conhecimento científico. 
É de extrema relevância que os educadores percebam o quão 
importante são nesse processo de mediação na educação desses alunos. Com 
isso, terão como apoio as novas metodologias tais como a música para 
utilizarem como instrumento facilitador do ensino de novas línguas dentro de 
sala de aula. Segundo Bachelard (1996), os professores precisam voltar no 
tempo e caçar em suas lembranças as dificuldades que tinham quando eram 
apenas alunos, é uma forma de encontrar alternativas novas para ensinar: “Os 
professores têm dificuldades para compreender que seus alunos não 
compreendem, já que perderam a memória do caminho, dos obstáculos, das 
incertezas, dos atalhos, dos momentos de pânico intelectual ou de vazio”. 
Portanto, é de extrema relevância essa “aproximação” com aluno para 
que tenham um melhor resultado e que a utilização do método de 
musicalização, consequentemente, traga uma série de benefícios na aquisição 
da Língua Espanhola. 
 
Letra da música 
CALMA - PEDRO CAPÓ 
 
Cuatro abrazos y un café 
Apenas me desperté 
Y al mirarte recordé 
Que ya todo lo encontré 
Tu mano en mi mano 
De todo escapamos 
Juntos ver el sol caer 
Vamos pa' la playa 
Pa' curarte el alma 
Cierra la pantalla 
Abre la Medalla 
Todo el mar Caribe 
Viendo tu cintura 
Tú le coqueteas 
Tú eres buscabulla 
Y me gusta 
Lento y contento, cara al 
viento 
Lento y contento, cara al 
viento 
 
 
137 
 
Pa' sentir la arena en los 
pies 
Pa' que el sol nos pinte la 
piel 
Pa' jugar como niños, 
darnos cariño 
Como la primera vez que 
te miré 
Yo supe que estaría a tus 
pies 
Desde que se tocaron 
Tu mano y mi mano 
Y de todo escapamos 
Juntos ver el sol caer 
Vamos pa' la playa 
Pa' curarte el alma 
Cierra la pantalla 
Abre la Medalla 
Todo el mar Caribe 
Viendo tu cintura 
Tú le coqueteas 
Tú eres buscabulla 
Vamos pa' la playa 
Pa' curarte el alma 
Cierra la pantalla 
Abre la Medalla 
Todo el mar Caribe 
Viendo tu cintura 
Tú le coqueteas 
Tú eres buscabulla 
Y me gusta 
Lento y contento, cara al 
viento 
Lento y contento, cara al 
viento 
Calma, mi vida, con calma 
Que nada hace falta si 
estamos juntitos andando 
Calma, mi vida, con calma 
Que nada hace falta si 
estamos juntitos bailando 
Calma, mi vida, con calma 
Que nada hace falta si 
estamos juntitos andando 
Calma, mi vida, con calma 
Que nada hace falta si 
estamos juntitos bailando. 
 
 
138 
 
Referências 
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico: contribuição para uma 
psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. 
 
BERTONCELLO, L.; SANTOS, M.R. Música aplicada ao ensino da informática em 
ensino profissionalizante. Iniciação Científica CESUMAR, v. 4, n. 2, p. 131-142, 2002. 
 
BRASIL, M. E. D. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério 
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: 
MEC/SEF, 1998 volume 3. 
 
BRÉSCIA, V. L. P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São 
Paulo: Átomo, 2003. 
 
BRITO, T. A. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópoles, 2003. 
 
CHIARELLI. L. K. M. A música como meio de desenvolver a inteligência e a integração 
do ser. Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Revista Recre@rte Nº3 Junho 2005 
ISSN: 1699-1834. 
 
CRUVINEL, F. M. Educação Musical e Transformação Social. Goiânia:.Unesp, 2005. 
Ensino de línguas estrangeiras – métodos e seus princípios. Disponível em: Acesso: 
29/03/2014 Metodologia de ensino de línguas estrangeiras: Perspectivas e reflexões 
sobre métodos, abordagem e pós-método. Disponível em: Acesso: 16/03/2014 
 
RICHARDS, Jack C.; RODGERS, Theodore S. Enfoques y métodos en la enseñanza 
de idiomas. Madrid: Editorial Edinumen, 2003. 
 
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 7ª ed. São Paulo: Contexto, 
2007. 
 
FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas "estado da arte". 
Educ. Soc. [online]. 2002, vol.23, n.79, pp.257-272. ISSN 0101-7330. Disponível em: 
Acesso em: 23 Out. 2016. 
 
FONTERRADA, M. T. O. 2. ed. De tramas e Fios: um ensaio sobre música e educação. 
São Paulo: Editora UNESP; Rio de Janeiro: FUNARTE, 2008. 
 
ISRAEL, Semino. M. Josefina: «O ensino de espanhol para lusofalantes: uma 
experiência», Artexto, n.5, p. 57-60, Revista do DLA-FURG, R. Grande, 1994. 
 
KRZESONKI, M. T. S.; CAMPOS, S. S. A importância da linguagem musical para a 
aprendizagem da criança. Revista de divulgação técnico-científico do ICPG. v. 2 (8), 
2006. 
Música: Calma - Compositores: Carlos Efren Reyes Rosado / Franklin Martinez / 
Gabriel Edgard Gonzalez-Perez / George Noriega / Marcos Gerardo Perez / Pedro 
Capo. Letra de Calma © Warner Chappell Music, Inc, Sony/ATV Music Publishing LLC, 
Warner Chappell Music Inc. 
 
 
 
139 
 
SÁNCHEZ, Pérez Aquilino. Los Métodos en la Enseñanza de Idiomas. 2. ed. Madrid: 
SGEL, S.A. 2000. 
 
SILVEIRA, M. P.; KIOURANIS, N. M. M. A música e o ensino dequímica. Química 
nova na escola. São Paulo, n.28, p.28-31, 2008.informação e 
comunicação em prol de objetivos pessoais em uma sociedade cada vez mais 
tecnológica. Souza (2007), considera o letramento digital como um conjunto de 
competências necessárias ao usuário para que o mesmo compreenda a 
informação disposta em diferentes formatos em ambiente digital de forma 
crítica, respondendo aos objetivos de forma interativa. Em outras palavras, é a 
capacidade de compreender as situações de leitura e escrita que se 
apresentam nas tecnologias, assim como saber utilizar esses recursos de 
forma a permitir que o indivíduo consiga aplicá-los no cotidiano em busca da 
solução de problemas e qualidade de vida. 
Hoje com a sociedade imersa no universo digital, em que o uso das 
tecnologias da informação e comunicação são um diferencial de vida e de 
maior competitividade, se faz necessário adquirir e desenvolver 
conhecimentos de escrita e leitura no ambiente digital, ambiente esse rico em 
imagens, sons, termos técnicos, combinações de códigos e textos, 
 
 
19 
 
possibilitando que o usuário saiba buscar, recuperar, analisar textos e outros 
conteúdos. 
Essas competências passam a ser um diferencial para a inclusão digital 
e consequentemente inclusão e desenvolvimento social. Assim, não adianta 
colocar computadores nas mãos de pessoas ou vendê-los a preços mais em 
conta e dizer que isso é inclusão digital, antes é necessário ensiná-los a utilizar 
essas ferramentas em benefício próprio e da comunidade (REBELO, 2005). 
Moreira (2012), concorda com a afirmativa quando diz que o letrado 
digitalmente sabe utilizar os recursos tecnológicos no seu cotidiano em seu 
benefício próprio. 
 Portanto, letrar digitalmente é capacitar, ensinar, preparar indivíduos 
adultos ou em idade escolar para não só saber utilizar as ferramentas que 
permitem sua conexão ao mundo digital, à Internet, como também, saber 
buscar, recuperar, analisar e aplicar as informações e suas fontes de forma a 
atender suas demandas e auxiliar no coletivo. O próximo passo é entender o 
que vem a ser a Internet e como ela tem sido utilizada no período da pandemia 
e sua aplicação como ferramenta educacional. 
 
Internet 
Sua origem remonta a ARPANET, na década de 1960, formada pelo 
departamento de Defesa dos Estados Unidos, cuja ideia com o projeto era 
permitir que centros e grupos de pesquisa em computação pudessem se 
conectar, criando uma rede interativa de computadores. Resultado de um 
trabalho conjunto, em 1969 os nós da rede estavam presentes nas 
universidades da California, Utah e no Stanford Research Institute. Em 1971 a 
rede cresceu mais, passando a ter 15 nós espalhados por universidades, à 
medida que as pesquisas em computação avançavam, os nós cresciam. Em 
1990, a ARPANET sai de operação, ao passo que, provedores de serviço da 
Internet montaram sua própria rede e comercializavam seus serviços fazendo 
com que a Internet passasse a ser uma rede global de computadores. Com o 
desenvolvimento do WWW (Wold Wide Web), uma aplicação de 
compartilhamento de informações, permitiu que computadores em rede 
pudessem compartilhar arquivos e disponibilizar fontes de informação para 
busca e pesquisa de dados. 
 
 
20 
 
Em 1994 surge o primeiro navegador nomeado de “Netscape Navigator” 
para fins educacionais, a Microsoft então lança em 1995 o “Internet Explorer” 
junto com o Windows 95 (Sistema Operacional com interface em forma de 
janelas). Em 1998 surge a empresa Google com a missão de organizar a 
informação mundial e torná-la acessível, seu buscador Google oferece vários 
serviços e a cada ano desenvolve novos produtos que auxiliam seus usuários 
na internet (CASTELLS, 2003). 
No Brasil, a internet começa seus passos em 1988 com o trabalho, no 
setor acadêmico, da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de 
São Paulo), Rio de Janeiro UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e 
LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica) que se conectam a 
rede Bitnet. Esses pontos de conexão conectaram outras universidades. Em 
1989 foi criada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, a Rede Nacional de 
Pesquisas (RNP), uma instituição com objetivos de iniciar e coordenar a 
disponibilização de serviços de acesso à Internet para instituições 
educacionais. Em 1994, a Embratel iniciou a disponibilidade de serviço de 
acesso de forma experimental por linha discada, em 1995 o serviço passou a 
ser oferecido comercialmente de forma definitiva. 
Em 31 de maio de 1995, por meio de portaria ministerial (Ministério das 
Comunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia) é criado o Comitê Gestor 
da Internet no Brasil com o objetivo de: estabelecer diretrizes estratégicas 
relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil e diretrizes para 
a execução do registro de Nomes de Domínio, alocação de endereço IP 
(Internet Protocol) e administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível 
“.br”. Também promove estudos e recomenda procedimentos para a 
segurança da Internet e propõe programas de pesquisa e desenvolvimento que 
permitam a manutenção do nível de qualidade técnica e inovação no uso da 
Internet. (CGI.br), (GUIZZO,1999). 
A Conectividade nas regiões brasileiras 
 Segundo os dados fornecidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios (PNAD) de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), observa-se um crescimento substancial no acesso e uso da 
Internet. 
 
 
21 
 
 Na região norte do país 69,2% dos habitantes têm acesso à Internet, na 
região nordeste 68,6%, na região centro oeste 84,6%, região sul com 81,8% e 
a região sudeste com 83,8%, fica claro que as regiões norte e nordeste são as 
que menos possuem acesso enquanto o restante do país tem maior 
desempenho. 
 As conexões de domicílios à internet cresceram mais na área rural. O número 
de domicílios conectados pulou de 49,2%, em 2018, para 55,6%, em 2019, 
enquanto nos domicílios urbanos subiu de 83,8%, em 2018, para 86,7%, em 
2019. 
O trabalho desenvolvido pelo IBGE mostra que 12,6 milhões de 
domicílios ainda não tem internet. Os motivos foram: a) falta de interesse 
(32,9%), b) serviço de acesso caro (26,2%) e c) nenhum morador sabe usar a 
internet (25,7%). Na área rural a falta de acesso é devido a indisponibilidade 
do serviço (19,2%). 
A banda larga móvel passou de 80,2% nos domicílios em 2018 para 
81,2% em 2019, enquanto a banda larga fixa passou de 75,9% para 77,9%. 
Os domicílios que contam com os dois tipos de conexão saltou para 59,2% em 
2019. Em 2018 era de 56,3%. 
Ainda segundo o IBGE, o celular é o principal veículo de acesso a 
grande rede com 98,6%, seguido pelos computadores com 46,2%, depois pela 
televisão (31,9%) e tablet (10,9%). O uso é maior entre estudantes (88,1%) do 
que entre não estudantes (75,8%). Os estudantes da rede privada (98,4%) 
usam mais do que os da rede pública (83,7%). 
Percebe-se que embora a infraestrutura de rede e o uso da Internet já 
estejam disponíveis à um grande público, infelizmente, uma grande parcela 
ainda não tem acesso, ficando esses desprovidos dos serviços oferecidos via 
digital. Com o momento vivido pela pandemia de Covid-19 que exigiu o 
isolamento social, a Internet passou a ser a principal via de comunicação e 
prestação de serviços em todas as esferas, as escolas também precisaram se 
adequar a essa nova metodologia, fazendo uso da rede e suas plataformas 
educacionais. 
O Governo Federal oferece alguns programas com o objetivo de 
diminuir a exclusão digital entre os mais de 45 milhões de brasileiros, são elas: 
o Wi-Fi Brasil (Min.das Comunicações), Norte Conectado, Nordeste 
 
 
22 
 
Conectado, Programa Internet para todos (do MCTIC) e Programa Internet 
Brasil (Internet móvel para estudantes de educação básica participantes do 
cadastro único para programas sociais do governo), todos contribuindo para o 
aumento da conectividade em todo território nacional. 
 
Impactoda falta de conectividade na educação durante a pandemia 
 O IBGE através da PNAD/ 2019, realizou um levantamento acerca do 
acesso a rede mundial de computadores por parte dos estudantes em todo o 
Brasil, os resultados indicam que 4,3 milhões de estudantes não utilizam os 
serviços da Internet, sendo a maioria da rede pública de ensino, o que equivale 
a 4,1 milhões contra 174 mil da rede privada (estudantes com mais de 10 anos, 
corresponde a 88,1%). 
 Os estudantes da rede privada com acesso à Internet são de 98,4%, os do 
ensino público são de 83,7%. Ainda segundo a pesquisa, 97,4% dos 
estudantes utilizam o celular para acessar a grande rede sendo que somente 
64,8% de alunos de escolas públicas dispunham de celulares, contra 92,6% 
de estudantes do ensino privado com equipamento móvel. 
 Dos estudantes da rede privada com telefonia móvel, 99,1% têm acesso à 
Internet, contra 97% dos alunos da rede pública. O celular demonstrou ser o 
veículo de maior acesso à Internet com 97,4% de uso por parte dos estudantes. 
O computador vem em segundo lugar com 56,0%, televisão com 35,0% 
e o tablet com 13,4%. Esses números demonstram que muitos alunos tiveram 
dificuldades em acompanhar as aulas remotamente durante a pandemia. 
Por outro lado, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em sua pesquisa “Resposta educacional 
à pandemia de Covid-19 no Brasil”, apresentou as ações adotadas pelas 
escolas estaduais e municipais na educação durante a pandemia. 
Dos dados apresentados: 94% (168.739) das escolas responderam o 
Censo Escolar, esse percentual corresponde a 97,2% (134.606) da rede 
pública e 83,2% (34.133) da rede privada de ensino. 
Temos também que 99,3% das escolas suspenderam suas atividades 
presenciais, necessitando fazer adequações no calendário escolar. Os 
professores adotaram reuniões virtuais para planejamento, coordenação e 
monitoramento das atividades, 
 
 
23 
 
 Ainda segundo o Censo Escolar, na rede estadual 79,9% das escolas 
treinaram seus professores para usarem os materiais dos programas de ensino 
não presencial, enquanto na rede municipal foi de 53,7%. Quanto aos recursos 
utilizados pelos professores, 43,4% das escolas estaduais disponibilizaram 
equipamentos como computador, notebooks, tablets e smartphones. Nas 
escolas municipais o percentual foi de 19,7%. Com relação ao acesso a 
Internet em domicílio, na rede estadual foi de 15,9%, enquanto na rede 
municipal o percentual foi de apenas 2,2%, como podemos observar na Figura 
1. 
 
Figura 1: Estratégia junto aos professores. 
Fonte: INEP, Censo Escolar 2020. 
 
 Com relação as estratégias adotadas pelos docentes para os discentes, foram 
utilizadas para a comunicação entre professores e alunos, o e-mail, telefone, 
redes sociais e aplicativos de mensagens. Escolas estaduais com 92,1% e 
escolas municipais 77,0%, conforme podemos observar na Figura 2. 
 
Figura 2: Estratégia junto aos alunos 
Fonte: INEP, Censo Escolar 2020 
 
 
 
24 
 
 Com relação as ferramentas utilizadas pelos alunos para 
desenvolvimento das atividades escolares, foram disponibilizados materiais 
impressos como livros didáticos, apostilas, atividades em folha etc., as escolas 
estaduais com 95,3% e municipais com 94,1%. A oferta de materiais de ensino 
e aprendizagem na internet foram de 88,2% para as escolas estaduais e 74,2% 
nas municipais, conforme podemos observar na Figura 3. 
 
Figura 3: Estratégia junto aos alunos 
Fonte: INEP, Censo Escolar 2020. 
 
 Quanto as plataformas e ferramentas digitais utilizadas nas atividades 
desenvolvidas pela Internet, foram utilizadas aplicativos para 
videoconferência, 90,1% para as escolas estaduais e 84,3% para as escolas 
municipais, conforme podemos observar na Figura 4. 
 
Figura 4: Estratégia junto aos alunos 
Fonte: INEP, Fonte Escolar 2021. 
 
Observa-se em cada um dos gráficos uma percentagem razoável das 
escolas públicas que adotaram a Internet e aplicativos, assim como plataformas 
digitais como verdadeiras salas de aula virtuais. Foi uma tarefa que exigiu 
paciência, treinamento e dedicação por parte de professores e alunos para 
 
 
25 
 
minimizar os prejuízos trazidos pela pandemia do Corona vírus na educação 
brasileira. Infelizmente, pelos dados apontados pelas duas pesquisas, PNAD do 
IBGE e o Censo Escolar do INEP, observa-se que os alunos das escolas 
públicas foram os que mais tiveram dificuldade de acesso à Internet, fosse por 
não possuir o equipamento ou por não ter acesso, justificada por alguns pela 
baixa renda familiar. Quanto ao aprendizado e utilização das ferramentas virtuais 
pelos professores das escolas estaduais e municipais o quantitativo foi razoável, 
mais de 90% delas conseguiram adotar e aplicar as aulas remotamente. 
 
Percurso Metodológico 
 Os procedimentos metodológicos desta pesquisa são de base qualitativa 
e caráter exploratório, com o objetivo analisar como a escassez de conectividade 
e a falta do letramento digital intensificam as desigualdades educacionais. Dessa 
forma, realizamos a análise, interpretação de dados e levantamentos técnicos 
de artigos de revisão, científicos, capítulos de livros e ainda também na releitura 
de relatórios realizados pelas entidades de pesquisa no Brasil, tais como: IBGE, 
MCTIC, Anatel e IPEA e INEP. Para a análise, de dados, optamos por uma 
análise de conteúdo. 
 
Conclusão e considerações 
 Foram 47,3 milhões de alunos matriculados na educação básica do 
Brasil em 2020, sendo 38,7 milhões nas escolas públicas. Devido a pandemia 
de Covid-19 e a necessidade das aulas passarem a ser remotas, muitos alunos 
não tinham equipamentos e muito menos acesso à Internet, é verdade que o 
governo disponibilizou algumas ações para amenizar a situação, mas não foi 
suficiente para atender a demanda. 
Ademais, parte das escolas também tiveram dificuldades de se 
adequarem a nova modalidade, pois tanto professores quanto alunos (dos que 
tinham acesso) precisaram adquirir as competências necessárias para uso 
dessas tecnologias, algumas escolas municipais não adotaram esse meio. As 
pesquisas não mostram se os alunos tiveram alguma dificuldade no uso das 
plataformas com as aulas remotas, mas mostra que muitos ficaram de fora e, 
consequentemente, a qualidade do ensino ficou comprometida. 
 
 
26 
 
A situação educacional nas escolas brasileiras já não era muito 
favorável antes da pandemia e estava muito distante da realidade da educação 
dos demais países e com a necessidade de adaptação ao ensino remoto o 
impacto sobre o processo de ensino-aprendizagem foi ainda mais acentuado, 
aumentando a defasagem educacional. 
Com base nos levantamentos apresentados constatamos que este 
cenário é marcado por índices muito altos de desigualdade, mesmo antes da 
pandemia do Covid-19, visto que nem todos dispõem das mesmas 
oportunidades e que se faz relevante a implementação de políticas públicas 
como objetivo de amenizar estas disparidades. 
Na última década, o Brasil apresentou algum progresso em relação ao 
acesso à educação, mas o nível de escolaridade continua baixo, é preciso 
políticas de democratização ao acesso à internet eficientes e que tragam 
resultados positivos, tais como: aumentar a conscientização sobre os 
benefícios da internet, o desenvolvimento de conteúdos informativos para as 
pessoas que tem dificuldade com recursos digitais, ter um monitoramento 
continuo para o programa educação conectada e diversas outras medidas, é 
preciso que o governo se faça presente de forma eficiente para que esse 
abismo seja diminuído. 
Ademais, a globalização e o acelerado desenvolvimento das 
tecnologias trouxeram à tona não apenas facilidades e proximidades, mas, um 
verdadeiro abismo entre àqueles que não estão assistidos por este processo. 
Desse modo, é muito improvável pensar na redução das desigualdades sem 
tocar no tema da inclusãodigital. 
O fato é que a desigualdade social favorece a exclusão digital que por 
sua vez, reforça a desigualdade social, é preciso uma nova postura e um novo 
olhar por parte do governo para diminuir o quadro perverso da desigualdade 
brasileira, que é histórica. 
Imaginamos que a inclusão digital precisa ser implementado no nosso país 
através de uma política pública compartilhada entre todas as esferas de poder e 
deve incluir parcerias público privada de forma a potencializar e conectar o 
processo de ensino-aprendizagem preparando os discentes para o mercado de 
trabalho cada vez mais dinâmico e tecnológico. Porém, para que possamos reduzir 
 
 
27 
 
a exclusão digital necessitamos inicialmente reduzir as vulnerabilidades sociais e 
criar mais oportunidades. 
Por fim, temos a convicção de que o Brasil tem condições de superar 
as desigualdades sociais através da inclusão digital e de uma melhor 
distribuição de renda, mas cabe a todos nós, academia, setor público, setor 
privado, centros de pesquisas, universidades e terceiro setor somarmos 
esforços para mudar esta realidade e reduzir a exclusão digital de forma a 
melhorar a qualificação da mão de obra e possibilitar melhores oportunidade 
de acesso ao mercado de trabalho bem como a rendimentos mais elevados. 
 
Referências 
ARAUJO, Verônica Danieli Lima; GLOTZ, Raquel Elza Oliveira. O Letramento 
digital como instrumento de inclusão social e democratização do 
conhecimento: desafios atuais. 2014. Disponível em 
https://educacaopublica.cecierj.edu.br. Acesso em: 8 mar. 2022. 
AZANHA, José Mario Pires. Democratização do ensino: vicissitudes da 
ideia no ensino paulista. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 02, p. 
335-344, mai./ago. 2004. 
BICUDO, Maria Apareci Viggiani (org); SILVA JUNIOR, Celestino Alves da 
(org). Formação do educador: dever do Estado, tarefa da Universidade. São 
Paulo: UNESP, 1999. 3. (Coleção Seminários e debates). ISBN 85-7139-139-
4. 
BRITTO, Luiz Percival Leme. Letramento no Brasil. Curitiba, IESDE Brasil 
S.A, 2005. 
CARNEIRO, C. B. L. & VEIGA, L. O conceito de inclusão, dimensões e 
indicadores. (Pensar BH –Política Social, 2.) Belo Horizonte: Secretaria 
Municipal de Coordenação da Política Social, jun. 2004. 
CARVALHO, José Sérgio Fonseca. “Democratização do ensino” revisitado. 
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 02, p. 327-334, mai./ago. 2004. 
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os 
negócios e a sociedade. Rio de Janeiro, RJ, 2003. 
CGI, Comitê Gestor da Internet no Brasil. Disponível em https://www.cgi.br. 
Acesso em: 5 mar 2022. 
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/
https://www.cgi.br/
 
 
28 
 
CHURKIN, Ody M. O BYOD da UNESCO: mobile learning no ensino e na 
aprendizagem. Alemanha, Nova edições Acadêmicas, 2019. 
CODEIRO, Karolina. O Impacto da Pandemia na Educação: A utilização da 
tecnologia como ferramenta de ensino. Manaus, 2020. 
FEENBERG, Andrew. Looking Backward, Looking Forward: reflection on the 
twentieth century. Hitotsubashi Journal of Social Studies, v. 33, n. 1, p. 135-
142, jul. 2001. 
GASQUE, Kelley Cristine Gonçalves Dias. Letramento Informacional: 
Pesquisa, reflexão e aprendizagem. Universidade de Brasília, Brasília, 2012. 
GUIZZO, Érico Mauri. Internet: o que é, o que oferece, como conectar-se. 
Editora ática, 1999. 
IBGE – Internet chega a 88,1% dos estudantes, mas 4,1 milhões da rede 
pública não tinham acesso em 2019. Disponível em 
https://censos.ibge.gov.br. Acesso em: 4 mar 2022. 
IBGE- Uso de Internet, Televisão e Celular no Brasil. Disponível em 
https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-
televisao-e-celular-no-brasil.html. Acesso em: 4 mar 2022. 
INEP. Censo Escolar 2021. Divulgação dos resultados. Disponível em 
https://download.inep.gov.br/censo_escolar/resultados/2021/apresentacao_co
letiva.pdf. Acesso em: 7 mar 2022. 
KLEIMAN, Ângela B (Org). Os Significados do Letramento: Uma nova 
perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, São Paulo. 
Mercado de Letra, 1995. 
LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura 
contemporânea. 5 ed. Porto Alegre: Sulina, 2010. 
MORAN, José Manuel. A integração das tecnologias na educação. 
Disponível em: https://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm. Acesso em: 
20 set 2021. 
MOREIRA, Carla. Letramento Digital: do conceito à prática. Anais do 
SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. Disponível em 
http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-
content/uploads/2014/06/volume_2_artigo_051.pdf. Acesso em: 4 de fev 2022. 
https://censos.ibge.gov.br/
https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.html
https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.html
https://download.inep.gov.br/censo_escolar/resultados/2021/apresentacao_coletiva.pdf
https://download.inep.gov.br/censo_escolar/resultados/2021/apresentacao_coletiva.pdf
https://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm
 
 
29 
 
NAZARI, Forest. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. São 
Paulo, 2002. 
PETRINI, J. C. Pós-modernidade e família. Belo horizonte. Edusp. Minas 
Gerais, 2003. 
REBELO, Paulo. Inclusão digital: o que é e a quem se destina. Disponível 
em https://webinsider.com.br/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-
destina/#:~:text=%C3%89%20que%20inclus%C3%A3o%20digital%20signific
a,algo%20como%20%E2%80%9Cdivis%C3%B3ria%20digital%E2%80%9D. 
Acesso em: 4 mar 2022. 
SHUKLA, Mihir. A democratização da tecnologia, 2019. Disponível em: h 
ttps://tiinside.com.br/26/11/2019/a-democratizacao-da-tecnologia/. Acesso 
em: 10 jan 2022 
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros – 3.ed. Belo 
Horizonte: Autêntica editora, 2009. 
SOUZA, Valeska Vírginia Soares. Letramento digital e formação de 
professores. Revista Lingua Escrita. Belo Horizonte, n.2, p. 55-69, 2007. 
YASBEK, Maria Carmelita & Paz, Rosangela. Serviços e Entidades de 
Assistência Social: Conceitos e Definições. Relatório Final de 
Consultoria ao MDS. IEE/PUC-SP, 2003. 
 
 
 
 
https://webinsider.com.br/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-destina/#:~:text=%C3%89%20que%20inclus%C3%A3o%20digital%20significa,algo%20como%20%E2%80%9Cdivis%C3%B3ria%20digital%E2%80%9D
https://webinsider.com.br/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-destina/#:~:text=%C3%89%20que%20inclus%C3%A3o%20digital%20significa,algo%20como%20%E2%80%9Cdivis%C3%B3ria%20digital%E2%80%9D
https://webinsider.com.br/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-destina/#:~:text=%C3%89%20que%20inclus%C3%A3o%20digital%20significa,algo%20como%20%E2%80%9Cdivis%C3%B3ria%20digital%E2%80%9D
 
 
30 
 
Capítulo II 
______________________________________________________________ 
 
Educação de jovens, adultos e idosos: Políticas 
educacionais de inclusão, permanência e 
aprendizagem no contexto municipal de Manaus 
 
 
Maria Daise da Cunha Matos – Doutoranda em Educação/ UNESP 
Soraya Monteiro Neves – Mestre em Ciências da Religião/ FUV 
Jocélia Barbosa Nogueira – Doutora em Educação/UFAM 
Rafael de Azevedo Melo – Mestre em Educação e Ensino de Ciências na 
Amazônia/UEA 
 
 
Resumo 
O presente trabalho pretende versar sobre duas iniciativas elaboradas pela 
Gerência da Educação de Jovens e Adultos/GEJA parte integrante da Divisão 
de Ensino Fundamental/DEF da Secretaria Municipal de 
Educação/SEMED/MANAUS. Cabe a referida gerência elaborar e monitorar o 
desenvolvimento de Políticas Educacionais para a EJA, as quais são realizadas 
por meio de ações, programas e projetos de inclusão, cidadania e 
aprendizagem de pessoas jovens, adultas e idosas que ainda não concluíram 
seus estudos. Objetivamos analisar como os Projetos “Círculo de Leitura e 
Escrita na EJA” e “Olimpíada de Matemática da Educação de Jovens e 
Adultos/OLIMEJA” foram desenvolvidos e sua influência positiva na diminuição 
da evasão escolar, fortalecimentoda permanência e aumento no número de 
aprovações dos estudantes do 1º e 2º segmento da EJA durante os anos de 
2018 e 2019. A metodologia utilizada é qualitativa e se baseia na pesquisa 
documental e nos dados fornecidos pelo Sistema de Gestão Educacional do 
Amazonas/SIGEAM. 
 
Palavras-chave: Educação. EJA. Projetos 
 
 
Introdução 
A Educação de Jovens e Adultos/EJA se configura como uma 
modalidade de ensino voltada para pessoas que não tiveram acesso às salas 
de aula da educação regular ou não puderam concluir seus estudos na idade 
e no tempo considerado adequado pelos mais diversos motivos. Trata-se de 
uma escolarização assegurada por lei, ofertada gratuitamente pelos sistemas 
de ensino, os quais devem criar oportunidades educacionais apropriadas, 
levando em consideração as características de seus educandos. 
 
 
31 
 
Para Carneiro (2015), a nomenclatura Educação de Jovens e Adultos, foi um 
marco da LDBEN/9394/96, visto que trouxe um novo olhar para o processo de 
ensino e aprendizagem do público de jovens e adultos. Além de ampliar o 
conceito pedagogicamente, fortaleceu o dever do estado para esta parcela da 
sociedade que não teve oportunidade de frequentar a escola em idade propícia. 
Isso significa que novas Políticas Públicas e formas de ensinar passaram a ser 
constituídas. 
Segundo Freire (2008), a transformação da EJA no Brasil e na América 
Latina ocorreu paulatinamente, muitas práticas e interpretações foram 
resinificadas. Nos dias contemporâneos, a Educação de Jovens e Adultos pode 
ser mais compreendida como Educação Popular/EP. 
O conceito de Educação de Adultos vai se movendo na direção de 
Educação Popular na medida em que a realidade começa a fazer 
algumas exigências à sensibilidade e à compreensão científica dos 
educadores e das educadoras. Uma destas exigências tem que ver 
com a compreensão crítica dos educadores do que vem ocorrendo 
na cotidianidade no meio popular. Não é possível a educadoras e 
educadores pensar apenas os procedimentos didáticos e os 
conteúdos a serem ensinados aos grupos populares. Os próprios 
conteúdos a serem ensinados não podem ser totalmente estranhos 
àquela cotidianidade. O que acontece, no meio popular, nas 
periferias das cidades, nos campos – trabalhadores urbanos e rurais 
reunindo-se para rezar ou para discutir seus direitos – nada pode 
escapar à curiosidade arguta dos educadores envolvidos na prática 
da Educação Popular. (p.15, 16). 
 
Isso significa que a EP, implica no processo de ensino e aprendizagem 
contextualizado à realidade do estudante, ou seja, o desenvolvimento de práticas 
pedagógicas que considerem o conhecimento adquirido na vida cotidiana. Neste 
contexto, a vivência do aluno é inserida pelo professor nas aulas como fonte de 
informação, fato que facilita a participação, a aprendizagem, gera pensamentos 
críticos e preparo para a cidadania. 
Com base nessas exposições, a Secretaria Municipal de 
Educação/SEMED, por meio da Gerência de Educação de Jovens e 
Adultos/GEJA, vem contribuindo para a escolarização de jovens, adultos e 
idosos, a partir da elaboração de políticas públicas e ações pedagógicas 
diferenciadas, visando favorecer a elevação da escolaridade, ampliação de 
conhecimentos, o resgate da cidadania, a permanência e inclusão de estudantes 
da EJA nas escolas municipais de Manaus. 
 
 
32 
 
As ações pedagógicas desenvolvidas pela GEJA são norteadas pelo 
princípio da gestão democrática, partindo do pressuposto do estudante como 
sujeito sócio-histórico-cultural, com conhecimentos e experiências 
acumuladas, onde cada sujeito possui um tempo próprio de formação, 
apropriando-se de saberes locais e universais, a partir de uma perspectiva de 
ressignificação da concepção de mundo e de si mesmo, um público que possui 
principal característica a diversidade. 
A EJA deve ser concebida como um paradigma inclusivo de direitos dos 
sujeitos humanos, superando as formas de exclusão, fazendo valer os direitos 
humanos, como bem ressalta Arroyo (2017) “Vincular EJA à formação de seus 
profissionais com direitos humanos talvez torne um campo de maiores tensões 
ou traga para esse tempo as tensões históricas na afirmação negação dos 
direitos humanos desses coletivos (p.109)”. 
A partir da abordagem da EJA como um direito garantido, o respeito a 
sua especificidade e um atendimento norteado por uma educação de 
qualidade, apresentamos neste trabalho dois projetos: “Círculo de Leitura e 
Escrita na EJA” e “Olimpíada de Matemática da Educação de Jovens e 
Adultos/OLIMEJA”, os quais se configuram como políticas educacionais, que 
envolvem professores e estudantes do 1º e 2º segmentos. 
Os referidos projetos são realizados nas escolas municipais e em 
espaços não formais onde funcionam as turmas do Centro Municipal de 
Escolarização do Adulto e da Pessoa Idosa/CEMEAPI, o qual foi criado pela 
Secretaria Municipal de Educação/SEMED/MANAUS no ano de 1999, como 
uma ação de política pública voltada para os adultos e idosos, onde o seu fazer 
pedagógico assegura um direito básico de proporcionar a escolarização para 
aqueles que, por algum motivo, não puderam ou deixaram de estudar e que 
não concluíram o ensino fundamental. 
Outrossim, os projetos supracitados têm possibilitado a integração, a 
permanência e a aprendizagem de forma diferenciada, prazerosa e 
contextualizada com a realidade do público de EJA. Dessa forma, conjectura-se 
que o desenvolvimento deste projeto tem implicado nos resultados satisfatórios 
advindos da educação de jovens, adultos e idosos que fazem parte da rede 
municipal de ensino de Manaus. 
 
 
33 
 
Contextualizando a Educação de Jovens e Adultos/EJA do município de 
Manaus/AM. 
A Educação de Jovens e Adultos da SEMED/Manaus encontra-se 
estruturada com 12.806 alunos matriculados em 68 escolas e 698 professores 
que desenvolvem o processo de ensino e aprendizagem para este segmento 
da educação municipal. Para subsidiar esse processo, a Gerência de 
Educação de Jovens e Adultos/GEJA, juntamente com os profissionais das 
Divisões Distritais Zonais/DDZs, realizam diversas atividades que contemplam 
o público de jovens, adultos e idosos em escolarização. 
O desenvolvimento do trabalho pedagógico é pautado nos documentos 
orientadores encaminhados pelo Ministério da Educação/ MEC e demais órgãos 
reguladores da EJA. A Proposta Pedagógica para Educação de Jovens, Adultos 
e Idosos da Rede Pública Municipal de Ensino de Manaus/PPJAI/MANAUS, é 
um dos principais documentos que norteiam o processo de ensino e 
aprendizagem, por isso foi elaborada com base nos seguintes documentos: 
Referencial Curricular Amazonense (RCA), consubstanciado na 
LDBEN n. 9.394/96, no Parecer CNE/CEB n. 11/00, nas Resoluções 
CNE/CEB n. 01/00, 03 e 04/2010 e na Resolução n. 007/2011 do 
Conselho Municipal de Educação de Manaus, em sintonia ainda com 
as transformações da sociedade e das relações sociais 
estabelecidas pelos indivíduos. (SEMED, 2021, p. 13) 
 
Pertinente à clientela de EJA, Carneiro (2015) afirma que os estudantes 
que fazem parte deste segmento da Educação Básica, possuem características 
que podem ser verificadas em três grupos distintos. O primeiro é relativo ao 
grupo das pessoas que não foram alfabetizados; o segundo é formado por 
pessoas que foram para escola, mas não consolidaram sua aprendizagem, 
podem ser considerados como analfabetos funcionais; e o terceiro se constitui 
dos estudantes que frequentaram a escola em tempos intermitentes. 
Os estudantes supracitados necessitam de atendimento específico no 
processo de ensino e aprendizagem, pois precisam mudar diversos aspectos 
de sua vida cotidiana, conforme afirma Freire (2008). 
Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições 
precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego 
etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. O 
desemprego,os baixos salários e as péssimas condições de vida 
comprometem o processo de alfabetização dos jovens e dos adultos. 
(p. 31). 
 
 
34 
 
 
Considerando as dificuldades e condições de vida não favoráveis que 
geralmente o público de jovens e adultos fazem parte, faz-se necessário 
realizar um trabalho tendo como base as condições de vida do estudante, para 
então promover uma educação que possa transformar a vida do estudante de 
EJA. 
Neste contexto, o processo educativo do EJA da cidade de Manaus é 
realizado a partir de práticas docentes que contemplem o currículo com as 
especificidades do público, ou seja, na vida adulta. 
Por meio de uma Proposta Pedagógica emancipatória calcada na 
dialogicidade e no desenvolvimento de percursos formativos 
individualizados e trabalho com conteúdos significativos para a vida, 
redimensionados a partir do Referencial Curricular Amazonense 
(RCA), a Educação de Jovens e Adultos deve ser efetivada tendo em 
vista a/o: Promoção de suporte e atenção individual às diferentes 
necessidades dos estudantes no processo de aprendizagem 
mediante atividades diversificadas; Valorização de vivências 
socializadoras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de 
enriquecimento do percurso formativo dos estudantes(...) (SEMED, 
2021, p.14). 
 
Desenvolver um trabalho pautado no diálogo requer uma comunicação 
horizontal em que todos os envolvidos no processo educativos sejam ouvidos e 
integrados, tornando-se parte ativa da aprendizagem. Isso significa que o 
professor deve ser mediador de uma aprendizagem libertadora e os estudantes 
protagonistas de sua aprendizagem, constituindo-se como seres humanos 
reflexivos, críticos e capazes de intervir para transformar realidades 
desafiadoras. 
Segundo Romão (2008), o professor é um dos elementos fundamentais 
no processo da EJA, contudo, ninguém nasce educador, mas é possível se 
tornar. Isso tende a acontecer no decorrer do processo educativo, na 
desconstrução, reconstrução e ressignificação de cada educador. Para se tornar 
um educador, é preciso que o professor considere seus acertos e faça uma auto 
avalição sobre seus equívocos para poder agir na transformação de sua práxis. 
Portanto, precisamos atingir um nível de consciência de que existem 
limitações, o que nos permite analisar, refletir e planejar ações que demandam 
esforço em compreender que, “A consciência dos limites nos fortalece para a 
transformação social, pois nos leva ao real sentido de uma ação sistematizada, 
proposital e planejada, construto de um processo de formação onde são 
 
 
35 
 
desmistificados processos ilusórios acerca da realidade (NOGUEIRA, 2017, 
p.178)”. 
este contexto, no decorrer dos anos de 2018 e 2019 foram realizadas 
diversas ações com a participação de estudantes do 1º (1º ao 5º ano) e 2º 
segmentos (6 ao 9º ano), objetivando garantir uma educação de qualidade, 
inclusiva e cidadã, com foco no desenvolvimento da criticidade, autonomia, 
competências e habilidades no campo da leitura, escrita e na proficiência 
matemática com perspectivas de que esses conhecimentos possam ser 
utilizados pelos estudantes em suas práticas sociais. 
Dentre as principais ações desenvolvidas pela Gerência estão: a 
Olimpíada de Matemática da Educação de Jovens e Adultos/OLIMEJA e o 
Círculo de Leitura e Escrita na Educação de Jovens e Adultos, cujas atividades 
envolveram todos os estudantes da EJA que frequentam as escolas municipais 
de Manaus, bem como os alunos do Centro Municipal de Escolarização do 
Adulto e da Pessoa Idosa/CEMEAPI, que oferta o 1º Segmento da EJA para 
pessoas a partir de 30 anos de idade em espaços não formais. No ano de 2018 
e 2019, este projeto foi desenvolvido com todos os estudantes da EJA, 
compreendendo o 1º e 2º segmentos, sendo 11. 657 em 2018 e 14.065 em 
2019. 
Conhecendo os projetos aplicados na EJA do município de Manaus 
Projeto Círculo de Leitura e Escrita na EJA 
O projeto Círculo de Leitura e Escrita na EJA tem como objetivo 
estimular de forma criativa a prática da leitura e da escrita junto aos estudantes 
do 1º e 2º segmentos de EJA das escolas da Rede Pública Municipal de Ensino 
de Manaus e do CEMEAPI, na perspectiva da interdisciplinaridade e da 
aquisição de habilidades e competências ao longo da vida. 
Freire (2003) ressalta que a leitura do mundo é aquela que precede 
leitura convencional, portanto, antes de vivenciar a leitura convencional que se 
aprende geralmente na escola, é preciso estimular os estudantes a realizarem 
a leitura do mundo no qual estão inseridos. Essa leitura tende a desenvolver a 
compreensão da realidade que posteriormente será desenvolvida na 
aprendizagem escolar e nas tarefas da vida cotidiana. 
A leitura e a escrita são instrumentos valiosos para a apropriação de 
conhecimentos relativos ao mundo exterior. Eles ampliam e aprimoram o 
 
 
36 
 
vocabulário, contribuindo para o desenvolvimento do pensamento crítico e 
reflexivo, possibilitando o contato com diferentes ideias e experiências. É papel 
da escola desenvolver e estimular o hábito da leitura e escrita, tornando os 
estudantes capazes de compreender os diferentes gêneros textuais que 
circulam na sociedade, de modo a formar leitores cada vez mais críticos e 
autônomos, contribuindo para sua inclusão e interação na sociedade. Sendo 
assim, “A educação tem o papel de dar sentido à vida do homem[...] as 
possibilidades de emancipação humana por meio da ação da educação nos 
levam a desenvolver o senso crítico[...] (NOGUEIRA, 2017, p.178)”. 
Nesta perspectiva, o projeto supracitado tem por finalidade promover 
aprendizagem da leitura e escrita para utilização na vida cotidiana, habilidade 
mais que necessária conforme afirma Soares apud Scribner (2010). 
A necessidade de letramento em nossa vida diária é óbvia; no 
emprego, passeando pela cidade, fazendo compras, todos 
encontramos situações que requerem o uso da leitura e da produção 
de símbolos escritos. (...) E os programas de educação básica têm 
também a obrigação de desenvolver nos adultos as habilidades que 
devem ter para manter empregos ou obter outros melhores, receber 
treinamento e os benefícios a que têm direito, e assumir suas 
responsabilidades cívicas e políticas. (p. 73). 
A leitura e a escrita não podem ser abordadas separadamente na 
aprendizagem, vistos que ambos os processos estão relacionados, pois os 
estudantes aprendem sobre leitura e escrita aprendendo o uso da linguagem 
escrita. Os Parâmetros Curriculares Nacionais/PCNs de Língua Portuguesa 
(1998), descreve essa importância: 
[...] no processo de ensino e aprendizagem dos diferentes ciclos do 
ensino fundamental espera-se que o aluno amplie o domínio ativo do 
discurso nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas 
instâncias públicas de uso da linguagem, de modo a possibilitar sua 
inserção efetiva no mundo da escrita, ampliando suas possibilidades 
de participação social no exercício da cidadania. (BRASIL, 1998, p. 
32). 
 
O projeto Círculo de Leitura e Escrita na EJA apresenta o texto como 
unidade de ensino e aprendizagem, reconhecendo-o como um lugar de entrada 
para este diálogo e que farão surgir outras produções. Conceber o estudante 
de Educação de Jovens e Adultos, como produtor de texto é concebê-lo como 
participante ativo deste diálogo contínuo. 
A Metodologia do projeto Círculo de Leitura e Escrita na EJA é realizado 
de forma interdisciplinar, envolvendo as disciplinas de Língua Portuguesa, 
 
 
37 
 
História e Geografia. Tendo como base metodológica a pesquisa crítico-social-
histórica, sendo desenvolvido junto aos estudantes de 1º e 2º segmentos da 
EJA, por meio de encontros de leituras, debates, desenhos e produções 
textuais de diversos gêneros, denominadas de “Rodadas de Produção”. Cada 
rodada tem 02 (dois) encontros para a 1ª fase e 03 (três) encontros para a 2ª, 
3ª, 4ª e 5ª fases,os quais são organizados por meio de sequências didáticas. 
Após as elaborações dos desenhos e frases pelos estudantes da 1ª 
fase e os textos em diferentes gêneros textuais pelos estudantes da 2ª, 3ª, 4ª 
e 5ª fases, as escolas selecionam as melhores produções para compor seus 
respectivos cadernos, os quais deverão concorrer no concurso Escola Leitora. 
O concurso Escola Leitora tem por objetivo valorizar e socializar as 
experiências exitosas desenvolvidas nas escolas pelos estudantes, 
professores e equipe pedagógica durante o projeto Círculo de Leitura e Escrita 
na EJA. Ressaltamos que o desenvolvimento do projeto não se limita somente 
a sala de aula, mas, aos diferentes ambientes de aprendizagem que as escolas 
e instituições dispõem. 
 
 
 
Fotografia 1: Estudantes da EJA vivenciando o Projeto Círculo de Leitura 
Fonte: site de domínio público https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-
etapa-olimejada-semed/ 
 
 
Olimpíada de matemática da Educação de Jovens e Adultos/OLIMEJA 
A OLIMEJA objetiva promover o ensino da Matemática de maneira mais 
dinâmica e prazerosa para estudantes da 3ª fase do 1º segmento e 5ª fase (8º 
9º ano) do 2º segmento de EJA. Essa ação tornou-se um importante 
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-olimeja-da-semed/
 
 
38 
 
instrumento na busca de desenvolver o ensino e a aprendizagem desse 
componente curricular por meio de resoluções de problemas, utilizando nos 
enunciados das questões nas avaliações situações que fazem parte do 
cotidiano dos alunos. 
Nos primórdios da humanidade, a Matemática surgiu da necessidade 
de quantificação de situações do dia a dia dos povos primitivos. Hoje é utilizada 
para facilitar a vida e organizar a sociedade. Como ciência, ela desperta a 
curiosidade, instigando a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, 
aspectos esses que maximizam sua importância, pois existe uma necessidade 
de se utilizar conceitos matemáticos em nossas práticas sociais e que não pode 
ser substituída por nenhuma outra ciência, conforme descrito na Proposta 
Curricular da EJA 2º Segmento: 
A matemática compõe-se de um conjunto de conceitos e 
procedimentos que englobam métodos de investigação e raciocínio, 
formas de representação e comunicação, ou seja, abrange tanto os 
modos próprios de indagar sobre o mundo, organizá-lo, compreendê-
lo e nele atuar, quanto o conhecimento gerado nesses processos de 
interação entre o homem e os contextos naturais, sociais e culturais 
(BRASIL, 2002, p. 12). 
 
Essas reflexões acerca da relevância da matemática nos remetem para 
outra questão, o ensinar e aprender Matemática para a EJA, um público de 
diversas faixas etárias, diversas culturas, que necessitam ampliar seus 
conhecimentos matemáticos a partir de suas experiências para que essa 
aprendizagem se torne mais significativa. 
[...] vamos refletir sobre como a busca do sentido do ensinar e 
aprender Matemática remete às questões de significação da 
Matemática que é ensinada e aprendida. Acreditamos que o sentido 
se constrói à medida que a rede de significados ganha corpo, 
substância, profundidade. A busca do sentido do ensinar e aprender 
Matemática serão, pois, uma busca de acessar, reconstruir, tornar 
robustos, mas o ensino de matemática de jovens e adultos 
(FONSECA, 2007, p. 75). 
 
O ensino de Matemática poderá contribuir na formação da cidadania à 
medida que esses aspectos forem priorizados por meio de metodologias 
próprias que reforcem a criação de estratégias, a argumentação, o espírito 
crítico e que favoreçam a criatividade, o trabalho coletivo, a iniciativa pessoal. 
 Neste sentido, a OLIMEJA torna-se um importante instrumento na busca de 
desenvolver o ensino e a aprendizagem da Matemática junto aos estudantes 
 
 
39 
 
da EJA, possibilitando a interação com os professores, bem como a utilização 
de atividades pedagógicas de compreensão nas diversas situações 
vivenciadas, contribuindo para a melhoria do ensino e aprendizagem, utilizando 
metodologia diferenciada e, ao final das etapas, é realizado um concurso com 
premiações e homenagens, promovendo a integração de estudantes, 
professores, gestores das escolas públicas da rede municipal de Manaus, um 
momento que possibilita identificar e valorizar jovens talentos matemáticos, 
promovendo a inclusão social por meio da difusão do conhecimento. 
 A OLIMEJA realiza-se por meio de quatro etapas: 
1ª Etapa – A inscrição é realizada nas escolas, as quais indicam seus 
representantes para participarem da OLIMEJA. Os critérios utilizados são 04 
(quatro) estudantes com a maior média na disciplina de Matemática. 
Posteriormente em data previamente agendada, a escola encaminha uma lista 
contendo nomes, média e a data do nascimento dos estudantes participantes 
da OLIMEJA às DDZs. Para o CEMEAPI, o professor de cada instituição 
repassa os dados dos seus estudantes diretamente para a coordenação do 
programa. 
 2ª Etapa: Cada DDZ aplica as avaliações, disponibilizando 01(um) 
dia para cada segmento, o local de realização das avaliações fica a critério de 
cada DDZ. No final dessa etapa são selecionados 02 (dois) estudantes que 
alcançaram a maior nota nas avaliações por segmento de cada DDZ, 
totalizando 04 (quatro) estudantes. Cada DDZ envia para a comissão 
organizadora da GEJA, o quadro classificatório por segmento. 
3ª Etapa: As avaliações são realizadas pelos educandos nos 
laboratórios disponibilizados pela Gerência de Tecnologias Educacionais 
(GTE). As avaliações são compostas por questões de raciocínio lógico, 
baseadas nos descritores da Prova Brasil e nos objetivos dos conteúdos de 
Matemática definidos nas Propostas Pedagógicas da Educação de Jovens e 
Adultos (1º e 2º segmentos). Na 4ª Etapa: Acontece a premiação para os 1º, 
2º e 3º colocados são entregues em um evento realizado pela SEMED. 
 
 
40 
 
 
 
Fotografia 2: Estudantes da EJA no momento da premiação da OLIMEJA 
Fonte: site de domínio público: https://semed.manaus.am.gov.br/3%C2%AA-etapa-
da
 
olimeja-da-semed/ 
 
 
METODOLOGIA 
Cabe, inicialmente, afirmar que a temática proposta de pesquisa surge 
da inquietação dos pesquisadores sobre a necessidade de abordar, de maneira 
diversificada e contextualizada o ensino de matemática e de língua portuguesa 
na Educação de Jovens e Adultos. 
Assim, no período de 2018 e 2019 foram levantados dados acerca dos 
projetos desenvolvidos em turmas da Educação de Jovens e Adultos visando 
atender a inquietação dos pesquisadores, encontrando – se assim, os dois 
referidos projetos implementados nas escolas de EJA, no município de 
Manaus. 
Por isso, foram realizados estudos documentais sobre os projetos e nos 
dados fornecidos pelo Sistema de Gestão Educacional do Amazonas 
(SIGEAM), que, de acordo com o Alves – Mazzotti (1998, p. 203) “é qualquer 
forma de registro que possa ser usado como fonte de informação”. O Círculo 
de Leitura e escrita na EJA e, ainda, da Olímpiada de Matemática na EJA, para 
a compreensão dos pressupostos teóricos e metodológicos de cada um e sua 
contribuição no processo de ensino e aprendizagem. Sendo, então, como 
técnica de coleta de dados a pesquisa documental. 
A metodologia adotada para a elaboração e escrita do trabalho baseou 
– se na abordagem qualitativa, pois, buscou-se compreender e desvelar a 
complexidade do trabalho

Mais conteúdos dessa disciplina