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Instrumentação Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Claudia Barros dos Santos Demori Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição • Ponte de Wheatstone; • Filtros; • Amplificadores; • Circuitos Laço de Corrente; • Aterramento e Blindagem;. · Compreender os principais circuitos elétricos e eletrônicos que com- põem a maior parte dos instrumentos de medição. OBJETIVO DE APRENDIZADO Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Ponte de Wheatstone Verificaremos quais são os fundamentos comuns aos circuitos de medição. Para começar, observe a imagem a seguir: Eex R1 R4 R3 R2 iex- i1 i2 eo + – - Figura 1 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 A Figura 1 corresponde a um famoso tipo de circuito, o circuito do tipo ponte ou, ainda, ponte de Wheatstone. A ponte de Wheatstone é composta por uma malha com quatro resistores, embora seja possível que haja outros elementos nesse tipo de circuito, como indutores e capacitores. No entanto, quando esse circuito utiliza resistores, ou os sensores resistivos, como mostra a Figura 1, ele apresenta medidas de resistências elétricas precisas. As correntes no circuito produzem aque- cimentos nos contatos e no fio, os quais provocam o aparecimento de uma força eletromotriz termoelétrica, que é uma fonte de erros relativamente sensível. Esses resultados são obtidos quando comparados com valores de outras grandezas. Note que a tensão de entrada no circuito corresponde a Eex, enquanto a tensão de saída corresponde a e0. Para que um circuito do tipo ponte esteja em equilíbrio, a somatória das correntes nos braços deve ser: iex = i1 + i2 Já a tensão de saída e0 deve ser nula. 8 9 Se utilizarmos a lei de Ohm, poderemos identificar o valor das correntes i1 e i2. De tal maneira que, i E R R ex 1 1 4 = + e i E R R ex 2 2 3 = + Saiba mais sobre a Lei de Ohm, disponível em: https://goo.gl/ptxSoJ Ex pl or E ainda, se aplicarmos a Lei de Kirchhoff à malha superior da ponte, teremos: e0 = i1R1 − i2R2 Por fim: e R R R R R R Eex0 = + − + 1 1 4 2 2 3 Se aplicamos a condição de equilíbrio, temos: R R R R R R R R R R R R1 1 4 2 2 3 1 2 3 2 1 4+ = + → +( ) = +( ) Que resulta em: R1R3 = R2R4 Aprofunde seus conhecimentos sobre as Leis de Kirchhoff e, disponível em: https://goo.gl/zfDjrcEx pl or 9 UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Vemos que a condição de equilíbrio da fonte não depende da fonte de alimen- tação Eex, mas exclusivamente da resistência elétrica em cada um dos braços da ponte. Conforme aponta Aguirre (2013), em Fundamentos de Instrumentação: Existem diversos circuitos integrados – comercialmente disponíveis para amplificar sinais de ponte de Wheatstone – que fornecem uma tensão de referência para a alimentação da própria fonte. Por exemplo, um regulador de tensão de aplicação geral apresenta variações máximas de tensão regulada da ordem de ±2%, em função de flutuações de carga e tensão de alimentação não regulada; e um desvio típico de temperatura de ±120ppm/ºC. Um circuito integrado próprio para alimentação de pontes de Wheatstone, por sua vez, apresenta ±0,5% e ±35ppm/ºC de variações máximas para as mesmas grandezas. Exemplo que nos permite aferir que, de fato, instrumentos que utilizam circuitos tipo ponte são mais precisos quando comparados a outros tipos. Filtros Vamos considerar o caso em que se deseja separar dois sinais com suas potências espectrais em diferentes faixas de frequência. Dessa maneira, pode-se separar esses sinais utilizando uma filtragem convencional, ou seja, analógica. Densidade espectral de potencias: https://goo.gl/sgfFj6 Ex pl or Observe os circuitos da Figura 2: ei R C (a) eo ei C R (b) eo Figura 2 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Na Figura 2, em (a) está o filtro passa-baixa; já em (b), vemos o filtro passa- -alta. A resposta em frequência do filtro passa-baixa (também conhecida como função de transferência) pode ser escrita da seguinte maneira: E0 j E j ji c c ω ω ω ω ω ( ) ( ) = + 10 11 Onde ωc é a chamada frequência de corte, ou seja, todas as frequências maiores do que a frequência de corte deverão ser filtradas. No filtro passa-baixa, devem passar somente frequências menores do que ωc, e esse valor dependerá da configuração do conjunto resistor-capacitor. A frequência de corte ωc é dada por: ωc RC rad s = 1 A resposta em frequência do filtro passa-baixa (observe na imagem) é dada por: E0 j E j j ji c c ω ω ω ω ω ( ) ( ) = + E, de maneira análoga, a frequência de corte é o menor valor assumido pelas fre- quências no filtro passa-alta, frequências menores do que ωc são filtradas. Além disso, ωc RC rad s = 1 Mostraremos alguns exemplos e realizaremos discussões para os filtros passa- baixa que, entretanto, são válidos para filtros passa-alta. Por exemplo, considere um circuito passa-baixa com um sensor piezo-resistivo, ou seja, apresenta geometrias e dimensões flexibilizadas ao ser excitado por sinais. Sensor Piezorresistivo Vcc 750 Ω 0,33 μF0,01 μF - + 1,0 μF Figura 3 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Note que os dois capacitores estão associados em paralelo com a fonte VCC. Eles permitem baixa impedância para altas frequências. O resistor e o capacitor foram um filtro passa-baixa para o sinal que vem do sensor. Caso você queira calcular a frequência de corte para esse filtro, basta utilizar: ω ω ωc cRC c rad s= → = ⋅ ⋅ =− 1 1 750 0 33 10 4040 406, , / 11 UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Utilizando uma frequência linear, dada por: f f Hzc= → ≈ ω π2 643 As características dos filtros são definidas de acordo com a resposta em frequ- ência para a banda de passagem, a banda de transição e a banda de rejeição (ate- nuação). Por exemplo, no filtro passa-baixa, é desejável que a banda de passagem seja plana ao passo que a banda de transição seja tão estreita quanto possível, deixando cada uma dessas bandas com frequências bem definidas. No entanto,no geral, não é possível prezar a qualidade de cada uma das três bandas no mesmo projeto e, dessa maneira, classifica-se diferentes filtros de acordo com suas bandas características. Vejamos alguns tipos de filtros: · Filtros Butterworth: esses apresentam resposta em frequência plana. No entanto, a banda de transição é larga. Sendo assim, ele é amplamente utilizado em sistemas onde, embora quer-se filtrar frequências, deseja-se preservar a forma de onda da banda de passagem; · Filtros Chebyshev: nesse filtro mantém-se uma banda de transição bem estreita, no entanto, surgem flutuações do sinal tanto na banda de passa- gem Chebyshev tipo I), quanto na banda de rejeição, Chebyshev tipo II. Es- ses filtros são utilizados para que haja uma boa seletividade da frequência, ou seja, mesmo para sinais com frequências próximas, uma delas passa; já a outra é, em sua maioria, atenuada; · Filtros Bessel: esse tipo de dispositivo insere um atraso temporal no sinal de entrada. Esse atraso pode ser representado no domínio da frequência com as transformadas de Laplace. Tal atraso gera um deslocamento de fase na banda de passagem, de modo que a fase varie linearmente com a frequência. Quanto maior a ordem, mais linear é a fase e, sendo assim, não há distorção do sinal de entrada, porém há pouca seletividade. Outros tipos de filtros estão incluídos na classificação analógica. Explore o assunto em: https://goo.gl/sgErWc Ex pl or 12 13 Amplificadores Os circuitos amplificadores mais comuns utilizam amplificadores operacionais, os AmpOps, como os da Figura 4. - + eo e1 e2 Figura 4 Fonte: Adaptado de Ogata, 2010 A entrada do terminal com sinal negativo é dita inversora; já a entrada com sinal positivo, é dita não-inversora. A tensão de saída será dada pela equação: e0 = e2 − e1 Circuitos amplificadores são amplamente utilizados em projetos de sensores e filtros. Observe o circuito a na Figura 5: - + R2 R1 v1 v0 Figura 5 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 A imagem mostra um circuito amplificador inversor. Se assumimos que o AmpOp é do tipo ideal, considera-se que não há fluxo de corrente elétrica pelo polo negativo e a relação entre saída e entrada, ou função de transferência do circuito, é do tipo: v v R Ri 0 = − 2 1 13 UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Observe que na função a tensão de saída tem sinal oposto à tensão de entrada, por isso o amplificador é do tipo inversor. Um circuito não inversor tem sua confi- guração conforme mostra a Figura 6: R2R1 vi v0 - + Figura 6 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Analogamente ao amplificador inversor, o não-inversor tem sua relação de entrada e saída dada por: v v R Ri 0 = − +2 1 1 E observe que o ganho na tensão de saída sempre será maior do que uma unidade. Assim como nos casos dos filtros, existem outras classes de amplificadores. Circuitos Laço de Corrente Observe o circuito da Figura 7: -+ - R i i E V + transmissor (b) 4 a 20 mA (a) 4 a 20 mA 250 Ω 250 Ω 1 a 5 V 1 a 5 V- Figura 7 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 É um circuito do tipo laço de corrente de 4 – 20 mA, comumente utilizado para transmitir saída de sensores de tal maneira que consegue filtrar ruídos induzidos no circuito em forma de tensão. Note que, na imagem (a) da Figura 7, a fonte 14 15 de tensão está ao lado do laço de corrente. Se inserirmos um resistor de precisão nesse circuito, como na figura (b), o sinal de 4 – 20 mA é convertido em sinal de tensão de 1 a 5 V. Nos laços de corrente, existe uma carga máxima que poderá ser acionada com a fonte de tensão para prover a maior corrente. Dada uma tensão máxima, pode-se determinar a máxima resistência de carga com a equação: R E E imax max min max = − Por exemplo, para o caso de uma fonte de tensão de 30 V, com uma mínima queda de tensão de 12 V, a resistência de carga máxima será: R Rmax = − ⋅ =− 30 12 20 10 9003 Ω Aterramento e Blindagem O aterramento e a blindagem de circuitos são cuidados e medidas são tomadas para que não haja indução de tensões indesejadas, que possam causar alguma interferência no circuito. Essas tensões, no geral, ocorrem para ganhos (amplifi- cações) altos, da ordem de 103 até 104. Observe o circuito da Figura 8, mostrado em função da impedância dos componentes. Saiba mais sobre impedância nos endereços: https://goo.gl/BWCihj e https://youtu.be/uVLG5hYR5U8Ex pl or circuito indiferente circuito capturadorVi Za Zt ZIa A Figura 8 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Observe na Figura 8 o circuito capturador, o ideal é que nele só circulem correntes advindas de sinais dos sensores. A tensão Vi vem de circuitos elétricos adjacentes ou 15 UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição de alguma interferência indesejada. No entanto, a impedância de acoplamento Za e a impedância da terra Zt, a tensão de interferência induz correntes e até tensões no circuito capturador. O desejável é que haja um bom circuito de aterramento para que Zt = 0 – no entanto, isso só ocorre em circuitos ideais. Observe no circuito da Figura 9: nenhum elemento do circuito está acoplado entre si, mas todos os elementos estão acoplados à impedância da terra . I1 I2 Zt Figura 9 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Embora os dispositivos não estejam ligados entre si, quando a corrente I1 circular pela impedância Zt, haverá uma tensão elétrica induzida comum aos dois circuitos. O mesmo ocorrerá quando a corrente I2 circular pela impedância Zt. Esse tipo de impedância Zt em baixas frequências tem a propriedade resistiva dominante, por isso esse fenômeno é conhecido como acoplamento resistivo. Também pode ocorrer o chamado acoplamento capacitivo, quando há capaci- tâncias parasitas entre um circuito de interferência e um circuito capturador. Veja na Figura 10, a seguir: RcRsVs Vi IaCa ~ Figura 10 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Nesse circuito, os dispositivos não são indicados por sua impedância, mas por seu equivalente Thévenin. 16 17 Saiba mais em: https://goo.gl/22oayQ Ex pl or Esse caso ocorre quando o circuito capturador funciona como um filtro passa- alta, conforme mostra a Figura 10, composto por Rs e Rc e Ca, ou seja, acontece para altas frequências. Também pode ocorrer o acoplamento indutivo, quando há enlace do campo magnético gerado por um dispositivo e outro. Veja na Figura 11: RcRsVs > I B I ~ Figura 11 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Observe na Figura 11, embora o circuito que contém o capacitor não esteja ligado ao circuito capturador, a corrente Ia que circula no capacitor induz um campo magnético e esse sim interfere no circuito capturador. Os três processos narrados acima são conhecidos como acoplamento elétrico e existem algumas maneiras de reduzir esses efeitos. Para o efeito de acoplamento resistivo, vejamos o que a Figura 12 mostra: circuito indiferente circuito capturadorVi Za Zt ZIa A Figura 12 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 17 UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Onde o circuito interferente e o circuito capturador estão ligados pela impedância do aterramento. A Figura 13 é relativa ao mesmo circuito, no entanto, nela podemos enxergar uma solução para o problema de tensões induzidas. Rc Rs Zt V2V1 Vs Ia B ~ Figura 13 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 Observe, no circuito da Figura 13, o condutor está aterrado em dois pontos distintos, no entanto, na prática, é impossível que V1 = V2, logo haverá uma cor- rente de circulação Ia na malha da terra. O que se pode fazer é aterrar esse circuito capturador (deixando uma malha de Terra) em apenas um ponto, e esse processo elimina o acoplamento resistivo. Para o acoplamento capacitivo, pode-se blindar o circuito capturador com blindagens de baixa resistência e baixa indutância. Esse processo também po- deria ser utilizado para evitar acoplamento indutivo, no entanto, para baixas frequências, essas blindagens precisariam ser grossas ede materiais com difícil manuseio elétrico e mecânico. Então, o que se faz é utilizar par trançado para transmitir sinais (para que os campos magnéticos se anulem e haja diminuição das áreas de acoplamentos), e ainda se utiliza pares de dispositivos perpendicu- lares entre sim para que não haja interferência de campo eletromagnético, con- forme mostra a Figura 14: Re Rs Vs I B B 90º ~ ~ Figura 14 Fonte: Adaptado de Aguirre, 2013 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Introdução aos Circuitos e Lei de Ohm https://goo.gl/9fULX6 Leis de Kirchhoff https://goo.gl/euZ4tC Densidade Espectral https://goo.gl/UCZbAx Impedância Elétrica https://goo.gl/UiDZay Teorema de Thévenin https://goo.gl/24tVhD Vídeos Impedância! O que é e qual a unidade? https://youtu.be/uVLG5hYR5U8 Leitura Princípios de Telecomunicações https://goo.gl/NTkiY8 19 UNIDADE Principais Circuitos Físicos nos Sistemas de Medição Referências AGUIRRE, Luís Antônio. Fundamentos de Instrumentação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. 5. ed. São Paulo: Pearson Pren- tice Hall, 2010. 20