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Conhecimentos 
da Psicopatologia
Responsável pelo Conteúdo:
 Prof.ª Dra. Carmen Lúcia Tozzi Mendonça Conti
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Marcia Ota
Síndromes Psicopatológicas
Síndromes Psicopatológicas
 
 
• Perceber os quadros clínicos relativos as mais variadas síndromes psicopatológicas;
• Observar os sinais e sintomas das síndromes psicopatológicas;
• Estudar as diferenças diagnósticas nas síndromes psicopatológicas; 
• Refletir sobre a dimensão social das síndromes psicopatológicas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Síndromes Ansiosas;
• Síndromes Depressivas;
• Síndromes Maníacas;
• Síndromes Neuróticas;
• Síndromes Psicóticas;
• Síndromes psicomotoras;
• Síndromes Relacionadas ao Consumo de Alimentos;
• Síndromes Relacionadas ao Sono;
• Síndromes Mentais Orgânicas;
• Demências.
UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
Introdução
Esta Unidade, a terceira da disciplina, trabalha com conceitos e definições das gran-
des síndromes psicopatológicas. Segundo Dalgalarrondo (2008), as síndromes são um 
conjunto de sintomas e sinais psicopatológicos manifestados de maneira recorrente e 
reconhecidos pela prática clínica. 
A observação e a identificação desses sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, 
que podem ter causas distintas e múltiplas, é um dos primeiros e fundamentais atos clínicos. 
O chamado raciocínio clínico deriva dessas primeiras avaliações psicopatológicas e 
vai gradativamente se adensando e se complexificando para que o diagnóstico seja o 
mais preciso possível. 
A abordagem clássica da psicopatologia formula uma “teoria das síndromes”, definin-
do a síndrome no escopo de um complexo sintomático geral que se estrutura em dois 
níveis: sintomas nucleares e sintomas periféricos. 
Na prática clínica, o protocolo médico mais recomendado, conforme Dalgalarrondo 
(2008), é o seguinte: 
• observação dos sintomas e sinais de maneira minuciosa e precisa; 
• ordenação dos sinais e sintomas em síndromes clínicas; 
• formulação das hipóteses diagnósticas relativas aos transtornos psicopatológicos es-
pecíficos, segundo os critérios internacionais que definem sistemas de diagnóstico 
e classificação. 
A seguir, serão analisadas algumas das mais importantes síndromes psicopatológi-
cas, levando em conta a diversidade de suas definições, tendo como base os estudos de 
Dalgalarrondo (2008).
Figura 1 – TURCATO. Impronte d’Artista
Fonte: WikiArt
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Síndromes Ansiosas
As síndromes ansiosas dividem-se em dois grandes grupos. O primeiro grupo no qual 
os quadros clínicos apresentam um tipo de ansiedade constante e permanente, sendo 
chamada de ansiedade generalizada, livre e flutuante. 
E sse quadro de ansiedade generalizada, que prejudica as relações sociais do indiví-
duo, é diagnosticado a partir de sintomas ansiosos cotidianos, com uma configuração 
excessiva, constituídos por, pelo menos, seis meses de atividades.
Os sintomas mais comuns desse tipo de ansiedade são: tensão, preocupação dema-
siada, nervosismo, angústia, insônia, irritabilidade intensificada, dificuldades de concen-
tração, problemas para relaxamento, cefaleia, dores musculares, dores ou queimação no 
estômago, taquicardia, tontura, formigamento, sudorese fria, dentre outros. 
O outro grupo se caracteriza por quadros clínicos, nos quais a ansiedade se manifesta 
de modo abrupto e mais ou menos intenso, denominando-se por crises de pânico e 
quando ocorrem de maneira repetitiva evoluem para um quadro de transtorno de pânico. 
A s crises de pânico são definidas por uma atividade ansiosa na qual há uma impor-
tante descarga do sistema nervoso autônomo. Os sintomas mais comuns são: batedeira 
ou taquicardia, suor frio, tremores, desconforto respiratório ou sensação de asfixia, náu-
seas, formigamentos em membros e/ou lábios (DALGALARRONDO, 2008, p. 305). 
 Nos quadros mais intensos, as crises de pânico podem produzir diversos níveis de 
despersonalização caracterizados por: sensação de leveza da cabeça; sensação de perda 
de controle; estranhamento do paciente a si mesmo; medo de ataques súbitos; medo de 
alterações psíquicas graves; e até mesmo medo de morrer. Além disso, também pode 
ocorrer a chamada desrealização, que é a transformação de um ambiente familiar para 
um ambiente estranho.
I mporta notar que as causas das crises de pânico podem se dar levando em conta 
diversas situações, como aglomerações, ambientes fechados, dificuldades de locomoção 
em situações públicas etc.
O s transtornos de pânico são diagnosticados a partir da recorrência das crises de pâ-
nico e se caracterizam pela intensificação de alguns sintomas, como a excessiva preocu-
pação das consequências do quadro, o medo de novas crises e o aumento do sofrimento 
psíquico, podendo também gerar fobia de lugares amplos e aglomerações. 
Síndromes Depressivas
As síndromes depressivas são consideradas pela Organização Mundial de Saúde 
(OMS) um dos maiores problemas da saúde pública contemporânea. Nesse sentido, as 
reflexões sobre diagnósticos, sintomas e tratamentos são de fundamental importância 
para os processos clínicos de nosso tempo.
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UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
 As causas das síndromes depressivas são variadas, podendo ter relação com elemen-
tos biológicos, genéticos, neuroquímicos etc. Na perspectiva psicológica, o desencadea-
mento de uma síndrome depressiva se dá em consequência de uma perda significativa, 
como por exemplo: perda de uma pessoa querida; perda de emprego, perda de mora-
dia; perda de alguma referência simbólica etc. 
Os sintomas e os sinais das síndromes depressivas, devido à quantidade e variedade, 
são elencados com base nas respectivas áreas psicopatológicas. São eles, a partir de 
Dalgalarrondo (2008): 
• Sintomas afetivos: tristeza e melancolia, choro realizado com facilidade e de forma 
frequente, apatia, ausência de perspectiva sentimental, tédio, aborrecimento, irrita-
bilidade, angústia, ansiedade, desespero, falta de perspectivas; 
• Alterações da esfera instintiva e neurovegetativa: incapacidade de sentir pra-
zer, fadiga, cansaço recorrente, desânimo, insônia, perda ou aumento do apetite, 
palidez, constipação, diminuição do desejo sexual, diminuição da resposta sexual; 
• Alterações ideativas: pessimismo em relação a qualquer atividade, sensações de 
arrependimento e culpa, reminiscências de mágoas, tendências a ideias, planeja-
mentos e mesmo ideias suicidas, desejos de rompimento com a vida; 
• Alterações cognitivas: deficit de concentração, deficit de atenção, deficit secun-
dário de memória, pseudodemência depressiva, dificuldade na tomada de decisões; 
• Alterações da autovaloração: autoestima abalada, sensação de incapacidade e 
insuficiência, autodepreciação, vergonha em relação a si mesmo; 
• Alterações da volição e da psicomotricidade: tendência à reclusão, principal-
mente no quarto, demora para elaborar respostas, lentidão psicomotora, diminui-
ção da fala, lentidão na fala, diminuição da emissão sonora, mutismo, negativismo 
exacerbado, levando à recusa alimentar, interação pessoal etc.;
• Sintomas psicóticos: delírio de ruína, delírio de culpa, delírio de inexistência, de-
lírio hipocondríaco, alucinações com conteúdos depressivos, ilusões auditivas ou 
visuais; ideias paranoides, sintomas psicóticos humor-incongruentes; 
• Marcadores biológicos: inversão cronobiológica, ausência de resposta ao teste de 
supressão do cortisol pela dexametasona, alterações vasculares, em casos depressi-
vos graves: SPECT, PET – hipofrontalidade, ventrículos e sulcos alargados, redução 
do volume do hipocampo. 
Tendo em vista esses sinais, sintomas e a prática clínica, as síndromes são classificadas 
em oito subtipos: Episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente; Disti-
mia; Depressão atípica; Depressão tipo melancólica ou endógena; Depressão psicótica; 
Estupor depressivo; Depressão agitada ou ansiosa; Depressão secundária ou orgânica. 
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Figura 2 – BLENDEA. Título desconhecido
Fonte: WikiArt
Síndromes ManíacasAs síndromes maníacas, assim como as depressivas, caracterizam-se por múltiplos si-
nais e sintomas, bem como a classificação em subtipos. Além disso, há um tipo de síndro-
me maníaca, o transtorno bipolar, que se manifesta de maneira recorrente e diversificada 
nos quadros clínicos contemporâneos, e por isso também é classificado em subgrupos. 
A s síndromes maníacas apresentam, de maneira mais geral, os seguintes sinais 
e sintomas: 
• crescimento da autoestima do paciente; 
• sensações de aumento e expansão do próprio eu;
• insônia;
• produção verbal intensa, veloz, persistente, com lacunas lógicas na estruturação 
das ideias;
• necessidade de usar a fala de modo ininterrupto;
• perda da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea;
• agitação psicomotora intensa, podendo chegar ao chamado furor maníaco;
• aumento da irritabilidade, que pode se manifestar em níveis distintos, podendo 
evoluir para ações agressivas;
• arrogância acentuada;
• produção agressiva sem foco específico;
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UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
• comportamentos sexuais desviantes das normas socioculturais vigentes. 
• gastos econômicos excessivos;
• ideias de grandeza, de poder social, de importância exagerada, podendo levar a um 
quadro delirante.
As síndromes maníacas são classificadas em seis subtipos, são eles: Mania Franca 
ou Grave; Mania Irritada ou Disfórica; Mania Mista; Hipomania; Ciclotimia; Mania com 
sintomas psicóticos. 
Como dito acima, os transtornos bipolares se configuram com uma das mais recor-
rentes síndromes maníacas e se caracterizam por serem episódicas assim como outros 
transtornos mentais e psicológicos.
Nesse quadro clínico, há episódios de mania e depressão num período delimitado, 
podendo inclusive regredir consideravelmente em seus sinais e sintomas nos momentos 
de baixa da síndrome.
Atualmente, há uma tendência polêmica no diagnóstico dos transtornos bipolares, 
tendo em vista o excesso de enquadramento de crianças agitadas e inquietas neste 
quadro clínico. As classificações em subtipos são: Transtorno Bipolar tipo I; Transtorno 
Bipolar tipo II; Transtorno Afetivo Bipolar. 
Síndromes Neuróticas
As síndromes neuróticas se caracterizam por apresentar sintomas e sinais ansiosos, 
fóbicos, obsessivos, histriônicos, hipocondríacos e angustiantes. Esses sinais e sintomas se 
manifestam de maneira alternada, porém com a persistência de um núcleo sintomático, 
que assim produz a chamada neurose. As síndromes neuróticas são classificadas da 
seguinte forma: 
Síndromes Fóbicas
• Agorafobia: medo e angústia de espaços grandes, amplos, com aglomerações, nos 
quais a saída é dificultada e o auxílio de pessoas afetivamente próximas é dificultado;
• Fobia simples ou específica: medo intenso, desproporcional, com traços de irra-
cionalidade, em relação a objetos ou animais, podendo gerar uma crise de angústia 
ou pânico;
• Fobia social: medo forte, intenso, recorrente de exposição social, sobretudo nas 
situações em que o indivíduo é cobrado – quando se espera algo dele.
Síndromes Obsessivo-Compulsivas
• Síndromes obsessivas: imagens, ideias, pensamentos, fantasias que se manifes-
tam de modo recorrente no plano consciente e se estruturam de forma absurda, e 
mesmo irracional; 
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• Síndromes compulsivas: repetição comportamental, produção de rituais rígidos, 
atos compulsivos que se revelam como materialização de ideias mágicas, fantasiosas. 
Quadros histéricos
• Histeria de conversão: paralisias, anestesias, analgesias, cegueira, perturbações 
no andar, perturbações para ficar de pé, perda da fala ou rouquidão; 
• Histeria dissociativa, ocorrência de alterações da consciência, como afunilamento 
e rebaixamento, amnésias, fugas histéricas e fenômenos sensoperceptivos, como 
ilusões, pseudoalucinações de natureza histérica. 
S índromes Hipocondríacas e Somatização
• Hipocondríacos: medos, temores, preocupações intensas e desproporcionais com 
a ideia de ter uma doença grave; 
• Somatização: produção consciente ou inconsciente de um tipo de corporalidade ou 
de sintomas corporais com finalidade psicológica ou para ganhos pessoais; é comum 
os pacientes se colocarem no papel de doente para obter algum tipo de benefício. 
Síndromes Neurastênicas
• Fadiga após a realização de atividades físicas ou mentais, dores musculares, irrita-
ção constante, sensação de exaustão corporal, sensação de fraqueza, dificuldade de 
concentração, tonturas, insegurança etc. 
Síndromes Psicóticas 
Dentre as síndromes psicóticas, a mais recorrente é a esquizofrenia. Os sintomas e 
sinais esquizofrênicos mais comuns são: 
• significação delirante de uma percepção normal;
• realização de ações movidas pela escuta de vozes;
• escuta do próprio pensamento por parte dos pacientes; 
• sensação de que os pensamentos produzidos pelo paciente são ouvidos por ou-
tras pessoas; 
• sensação de que o pensamento é roubado por outra pessoa; 
• sensação de que alguma força externa age sobre o corpo do paciente; 
• sensação de que pensamentos alheios penetram e conduzem a formulação dos 
pensamentos do paciente.
Além disso, assim como outras síndromes, a esquizofrenia também é classificada por 
uma divisão de subtipos, que são: 
• A Síndrome negativa ou deficitária é caracterizada pelos seguintes sintomas: 
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UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
 » retração da capacidade de se relacionar afetivamente com outras pessoas; isola-
mento progressivo do convívio social; 
 » empobrecimento da linguagem e das formas de produção do pensamento;
 » diminuição da fala; dificuldades, e mesmo inibição, de realizar atividades que exi-
jam inciativa, organização, persistência; 
 » descuido, despreocupação consigo mesmo me diversas áreas como higiene, apa-
rência, saúde etc.; 
 » restrições nos campos motores e gestuais. 
• A Síndrome positiva ou produtiva, como o próprio nome informa, caracteriza-se 
por sintomas avessos aos da síndrome negativa. Os principais são: 
 » ilusões ou pseudoalucinações auditivas, visuais e de outros tipos; 
 » produção de ideias delirantes, de caráter autorreferente, paranoide, influente ou 
de outro tipo; 
 » atos impulsivos que desviam das normas e vigências sociais e culturais; 
 » agitação;
 » produções linguísticas inesperadas e fora dos padrões; 
 » ideias tidas como absurdas perante os critérios de normalidade. 
• Na Síndrome desorganizada, manifestam-se, de maneira mais comum, os seguin-
tes sintomas:
 » afrouxamento das articulações lógicas da construção do pensamento que se de-
senvolvem de forma intensa até o ponto da desagregação e da incompreensão 
do pensamento;
 » comportamentos divergentes aos padrões sociais e culturais, sobretudo nos âm-
bitos sociais e sexuais;
 » agitação psicomotora; 
 » desorganização dos parâmetros afetivos, incluindo regressões comportamentais. 
 Além da esquizofrenia, destacam-se no quadro de síndromes psicóticas: 
• a paranoia: caracteriza-se por uma produção delirante, em geral, organizada e 
sistemática, que pode englobar temáticas complexas e se cristaliza em um domínio 
da personalidade do paciente, sem se alastrar para o resto; e
• as parafrenias: são formas de psicose esquizofreniforme que aparecem de maneira 
tardia na vida dos pacientes e se caracterizam pela produção de delírios e alucina-
ções com preservações da personalidade. 
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Figura 3 – YI. Shi-Shi 91-12
Fonte: WikiArt
Síndromes psicomotoras
A s síndromes psicomotoras são classificadas em dois tipos principais: as síndromes 
de agitação psicomotora e as síndromes de estupor e lentificação psicomotora. 
A s síndromes de agitação psicomotora são muito típicas nos serviços de emer-
gência clínica e hospitalar e apresentam dificuldades consideráveis para a realização de 
diagnósticos e tratamentos. Entre os sinais e sintomas mais comuns estão: aceleração 
intensa da esfera motora; aumento da excitabilidade; inquietude permanente, levando o 
paciente a, por exemplo, andar de um lado para o outro e gesticular sem parar; logor-reia; irritabilidade; insônia; hostilidade e agressividade. 
Estas síndromes de agitação psicomotora são classificadas em dez subtipos: Agitação 
Maníaca; Agitação Paranoide; Agitação Catatônica; Agitação Psico-orgânica; Agitação 
nas Demências; Agitação nos quadros de retardo mental com transtornos de comporta-
mento; Agitação Explosiva (associada a transtornos da personalidade); Agitação Histéri-
ca; Agitação Ansiosa; Alterações da volição e homicídio. 
N as síndromes de estupor e lentificação psicomotora, são manifestadas recusas 
ou dificuldades de resposta, reação e comportamento dos indivíduos em relação aos 
espaços, nos quais estes estão inseridos. De maneira recorrente, a pessoa que apresenta 
um quadro de estupor apresenta os seguintes sintomas: mutismo; apego excessivo e 
exclusivo a sua cama ou cadeira, recusando-se a conviver em outros ambientes; restri-
ções à alimentação; produção intensa de tensão nos músculos; não interação ou pouca 
interação com outras pessoas. 
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UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
Existem quatro subtipos de síndromes de estupor e lentificação psicomotora, são 
eles: Estupor Catatônico (esquizofrênico); Estupor Depressivo; Estupor Psicogênico; 
Estupor Orgânico. 
Síndromes Relacionadas 
ao Consumo de Alimentos
As síndromes relacionadas ao consumo de alimentos, também conhecidas como 
transtornos alimentares, são diversas e cada vez mais presentes na vida social. As duas 
principais são: anorexia nervosa e bulimia nervosa. 
A anorexia nervosa se caracteriza pela autoindução da perda de peso, e é subdivi-
dida em duas classificações: restritiva, praticada por meio da abstenção do consumo de 
alimentos que engordam (ou supostamente podem engordar); e purgativa, na qual além 
da restrição, o paciente autoinduz a perda de peso, com vômitos, remédios laxantes e 
excesso de exercícios físicos. 
Psicopatologicamente, a anorexia nervosa provoca uma distorção da imagem corpo-
ral e\ou uma produção fantasiosa a respeito dos padrões corporais. Nesse sentido, os 
pacientes sentem medo de engordar, ou mesmo de parecer que engordaram, enxergam-
-se sempre acima do peso e buscam incessantemente emagrecer ou enquadrar-se em 
padrões sociais de magreza. 
A bulimia nervosa se caracteriza por uma preocupação acentuada com o ato de co-
mer e uma necessidade imperativa de consumo alimentar. A combinação dessas caracte-
rísticas com o excesso de controle do próprio corpo leva o paciente com bulimia nervosa 
a medidas extremas para manter o peso, como a indução de vômitos, purgações, uso de 
remédios diuréticos e laxantes. Há no quadro bulímico, na maioria dos casos, uma sen-
sação de perda de controle por parte do paciente e uma vergonha da própria condição 
que leva, em geral, ao ocultamento dos sintomas. 
Síndromes Relacionadas ao Sono
A necessidade do sono varia muito de indivíduo para indivíduo, algumas pessoas 
dormem 5 horas por noite e sentem-se descansadas e ativas para as atividades diárias, 
outras precisam de 10 a 12 horas. Do ponto de vista clínico, há uma grande quantidade 
de síndromes relacionadas ao sono, e as mais recorrentes são: 
A insônia é uma das síndromes relacionadas ao sono mais comuns. Estima-se que 
cera de um terço da população mundial adulta sofra, pelo menos, um dia de insônia 
durante um ano. Suas características fundamentais são: 
• dificuldade de adormecer chamada de insônia inicial; 
• dificuldade de permanecer adormecido, conhecida como sono entrecortado; 
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• despertar de maneira precoce;
• acordar durante a madrugada e não conseguir voltar a dormir.
A lém da quantidade de horas dormidas, a insônia também age sobre a qualidade do 
sono, promovendo a sensação de que o sono não foi reparador e afetando as atividades 
diárias do indivíduo. 
Os hábitos que mais podem contribuir para um quadro insone são: dormir muito du-
rante o dia; ingestão de cafeína nos períodos da tarde e da noite; comer muito à noite; 
realização de tarefas muito tensas no período da noite etc. 
A síndrome das pernas inquietas se caracteriza pelo movimento das pernas sem 
que o indivíduo possa controlar, podendo ocorrer sensações parestésicas, como formi-
gamento, sensação de peso, pinicar etc. Esses movimentos podem ocorrer de modo 
repetitivo e estereotipado. E, em geral, o quadro se intensifica, causando desconforto, 
quando há repouso, impelindo assim o indivíduo a retomar o movimento. 
O s transtornos do sono associados à apneia se caracterizam “pela ocorrência 
de pausas respiratórias curtas, de 10 a 50 segundos, durante o sono. Nos episódios de 
apneia, o indivíduo geralmente ronca, a saturação sanguínea de oxigênio cai e, com 
frequência, ocorre breve despertar.” ( DALGALARRONDO, 2008, p. 364) A apneia é 
classificada em três subtipos: apneia obstrutiva, apneia central, apneia mista. 
A narcolepsia costuma aparecer na adolescência e é caracterizada pela sonolência 
intensa no período da vigília e pela cataplexia, que se configura pela fraqueza de grupos 
musculares de modo imperceptível. Podem ocorrer também alucinações hipnagógicas 
ou hipnopômpicas. 
Nas parassonias, são manifestados os seguintes sintomas: alterações do despertar, des-
pertar incompleto, disfunções na transição sono vigília. A s parassonias mais comuns são: 
• sonambulismo, que se caracteriza pela deambulação e pelo excesso de movimentos 
complexos durante o sono;
• sonilóquio, produção de sons, palavras ou frases durante o sono;
• terror ou pavor noturno, o despertar do sono profundo com um grito lancinante; 
• paralisia do sono, despertar ou adormecer incompleto;
• bruxismo, ranger vigoroso dos dentes durante o sono; 
• enurese noturna, micção involuntária durante o sono. 
Síndromes Mentais Orgânicas 
S ão várias as síndromes mentais orgânicas, e a mais comum é o delirium. Os sinto-
mas mais comuns são:
• rebaixamento do nível da consciência e alteração da atenção;
• desorientação temporal, seguida por vezes de uma desorientação espacial; 
• confusão que atrapalha na organização do pensamento e do discurso; 
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UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
• ilusões visuais ou alucinações visuais e táteis;
• ansiedade intensa, perplexidade, irritação, pavor, agitação psicomotora; 
• alteração do ciclo sono vigília. 
Além disso, o delirium é classificado em três subtipos: 
• hiperativo: caracteriza-se por uma inquietação ou agitação psicomotora, agressivi-
dade, ansiedade, ilusões e alucinações visuais, confusão retórica; 
• hipoativo: no qual são manifestados o excesso de sonolência, baixa afetividade e 
expressão motora; 
• mista: é a forma mais comum de delirium e conjuga as características dos dois 
outros subtipos. 
Demências 
As síndromes demenciais se caracterizam fundamentalmente por perdas múltiplas de 
habilidades cognitivas e funcionais. As principais são: perda de memória; perda de fun-
ções cognitivas como alterações da construção da linguagem; dificuldade de reconhecer 
pessoas e lugares; dificuldades de orientação; perda da capacidade de planejamento e 
motorização de atos complexos, diminuição da fluência verbal; dificuldade com o pensa-
mento abstrato; perda do controle emocional; perda das relações sociais; descuido com 
os cuidados de si. Além disso, podem também surgir sintomas psiquiátricos associados 
como ideias paranoides, depressão, ansiedade, alucinações, delírios e agressividade. 
As demências mais comuns são: 
• Doença de Alzheimer: manifestada pela perda cognitivas significativas, sobretudo 
a memória, a linguagem e das funções visuais e espaciais, comprometendo pro-
gressivamente as atividades cotidianas, mesmo as mais simples; 
• Demência vascular: é a expressão de uma doença vascular isquêmica subcortical 
que pode provocar comprometimento cognitivo de origem vascular chegando até 
as demências vasculares; 
• Demência por corpos de Lewy: tem como principais sintomas: a síndrome de-
mencial progressiva, o prejuízo cognitivo flutuante, rigidez, alucinações visuais; 
• Demência subcortical pode causar irritabilidade,dificuldade de construir relações afe-
tivas, quadros depressivos, mudança súbita de personalidade e lentificação psicomotora. 
Há outras inúmeras classificações de demências, destacando-se as seguintes: “paralisia 
nuclear progressiva, doença de Fahr, doença de Hallervorden-Spatz, degeneração corti-
cobasal, atrofias de múltiplos sistemas, demência hidrocefálica, encefalopatias espongifor-
mes subagudas (a mais comum é a doença de Creutzfeldt-Jakob)” (DALGALARRONDO, 
2008, p. 382).
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Figura 4 – LAZZARI. La linea rossa
Fonte: WikiArt
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UNIDADE Síndromes Psicopatológicas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Como tratar a Esquizofrenia? Psiquiatra Maria Fernanda Caliani explica
https://youtu.be/Tw1nPzWYG-M
Anorexia | Podcast Entrementes
https://youtu.be/wAaj0sSFTyU
Quem é mais vulnerável a um transtorno psicótico? | Podcast Entrementes
https://youtu.be/CdgjnBL7uHk
 Leitura
Epidemia do desencanto 
https://bit.ly/3x20FFF
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Referências
A MARAL, M. Psicopatologia: Fundamentos e Semiologia Essencial. Disponível em: 
.
BARLOW, D. H.; DURAND, M. R. Psicopatologia: uma abordagem integrada. Tradu-
ção Noveritis do Brasil; revisão técnica Thaís Cristina Marques dos Reis. – 2. ed. – São 
Paulo: Cengage Learning, 2015.
B ERLINC, M. T. O método clínico: fundamento da psicopatologia. Rev. Latinoam. 
Psicopat. Fund., São Paulo, v. 12, n. 3, p. 441-444, setembro 2009. 
D ALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Por-
to Alegre: Artmed, 2008.
SCHNEIDER, D. R. Caminhos históricos e epistemológicos da psicopatologia: con-
tribuições da fenomenologia e existencialismo. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental 
 – v. 1 n. 2 – Out/Dez de 2009. 
SCHULTZ, D. P. SCHULTZ S. E. História da Psicologia Moderna. Tradução: Adail 
Ubirajara Sobral e Marta Stela Gonçalves.Revisão Técnica: Maria silva Mourão. São 
Paulo, Editora Cultrix, 1ª edição brasileira, 1981.
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