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1 TUTORIA 1.5 OBJ 01: IDENTIFICAR A EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER DE PULMÃO fonte 1: Clínica médica fonte 2: Gov.br fonte 3: Oncoguia fonte 1: Dados do Globocan, projeto da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer ([IARC] International Agency for Research on Cancer), órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apresenta estimativas de incidência, mortalidade e prevalência das neoplasias malignas mais comuns em 184 países, na última versão (2012), estimou 1,8 milhão de casos novos de câncer de pulmão em 2012 (12,9% do total de casos de câncer), 58% deles ocorreram em regiões menos desenvolvidas. É o câncer mais comum em homens (1,2 milhão de casos, 16,7% do total) e é a neoplasia maligna responsável pelo maior número de mortes por câncer no mundo, estimadas 1,59 milhão de mortes (19,4% do total de mortes por câncer globalmente), em 2012, por câncer de pulmão, ou quase uma em cada cinco mortes, sendo uma doença de alta letalidade. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), apontaram para 2014 a estimativa de 16.400 casos novos de câncer de pulmão entre homens e 10.930 entre mulheres. Tais valores correspondem ao risco estimado de 16,79 casos novos a cada 100 mil homens e 10,75 a cada 100 mil mulheres. Estima-se ainda a razão mortalidade/incidência de 0,95 em homens e 0,86 em mulheres. Tal cenário assustador é o reflexo da exposição pregressa ao tabagismo, a causa de mais de 80% dos casos de câncer de pulmão. Sabe-se que o hábito tabágico favorece à exposição a mais de 250 carcinógenos conhecidos. Outros fatores de risco incluem: dieta pobre em frutas e vegetais, irradiação torácica prévia, exposição ao radônio, fibroses pulmonares, fatores ocupacionais. Mais recentemente vem sendo descrita a hereditariedade de genes que conferem aumento de risco de câncer de pulmão familiar. fonte 2: O câncer de pulmão, segundo as estimativas de 2023, é o terceiro mais comum em homens (18.020 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (14.540 casos novos) - sem contar o câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. Se tratando de mortalidade é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres segundo estimativas mundiais de 2020, que apontou Niely Carol Magalhães 2 incidência de 2,2 milhões de casos novos, sendo 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres. A taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos. No Brasil, a doença foi responsável por 28.618 mortes em 2020. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015 diminuiu 3,8% ao ano em homens e 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na prevalência do tabagismo. Outro fator de importância está relacionado à exposição a agentes carcinogênicos (asbesto, arsênico, berílio, cádmio, etc.) no trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 17 a 29% dos casos de câncer de pulmão estejam relacionados à exposição ocupacional. O risco está relacionado ao tempo de exposição, ao ambiente de trabalho e a fatores genéticos. fonte 3: A maioria das estatísticas sobre câncer de pulmão inclui dois tipos de cânceres: o câncer de pulmão de pequenas células e o câncer de pulmão de não pequenas células. Em geral, cerca de 10% a 15% de todos os cânceres de pulmão são de pequenas células e 80% a 85% são de não pequenas células. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2023/2025, sejam diagnosticados no Brasil 32.560 novos casos de câncer de pulmão, traqueia e brônquios (18.020 em homens e 14.540 em mulheres). Esses números correspondem a um risco estimado de 17,06 casos novos a cada 100 mil em homens e 13,15 para cada 100 mil em mulheres. [Instituto Nacional de Câncer, 09/02/2023]. O câncer de pulmão acomete principalmente pessoas Niely Carol Magalhães https://www.inca.gov.br/ 3 mais velhas. A maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão tem 65 anos ou mais, enquanto um pequeno percentual de casos é diagnosticado em pessoas com menos de 45 anos. A idade média no momento do diagnóstico é de 70 anos. O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres, representando aproximadamente 25% de todas as mortes por câncer. Anualmente, morrem mais pessoas de câncer de pulmão do que de câncer colorretal, câncer de mama e câncer de próstata somados. Em geral, a chance de um homem desenvolver câncer de pulmão em sua vida é de cerca de 1 em 16, enquanto para uma mulher, esse risco é de 1 em 17. Esses números incluem tanto os fumantes, como os não fumantes. Homens da raça negra têm 12% mais chances de desenvolver câncer de pulmão do que homens brancos. Por outro lado, a incidência do câncer de pulmão é 16% mais baixa em mulheres negras do que em brancas. As mulheres de ambas as raças têm taxas mais baixas do que os homens, mas essa diferença está diminuindo. A incidência do câncer de pulmão vem caindo entre os homens ao longo das últimas décadas e recentemente começou a cair também entre as mulheres. Apesar do risco em geral de desenvolver câncer de pulmão ser maior, os homens pretos têm menor probabilidade de desenvolver câncer de pequenas células do que os homens brancos. OBJ 02: CITAR OS FATORES DESENCADEANTES DO CÂNCER DE PULMÃO fonte: Oncoguia A causa de cada tipo de câncer de pulmão é desconhecida. Mas, se sabe que muitos dos fatores de risco podem levar as células a se tornarem cancerígenas. O tabagismo é a principal causa do câncer de pulmão. Pelo menos 80% das mortes por câncer de pulmão são causadas pelo fumo, e muitas outras são provocadas pela exposição ao fumo passivo. Niely Carol Magalhães 4 Fumar é claramente o fator de risco mais importante para o câncer de pulmão, mas, muitas vezes, interage com outros fatores. Os fumantes expostos a outros fatores de risco como o radônio e amianto têm um risco ainda maior. Nem todas as pessoas que fumam têm câncer de pulmão de modo que outros fatores, como os genéticos, provavelmente também desempenham um papel importante. O câncer de pulmão em não fumantes pode ser causado pela exposição ao radônio, fumo passivo, poluição do ar ou outros fatores. A exposição ocupacional ao amianto, escape dos motores diesel ou outros produtos químicos também pode causar câncer de pulmão em pessoas que não fumam. - Alterações genéticas Os pesquisadores já têm conhecimento de que alguns dos fatores de risco para o câncer de pulmão podem causar determinadas alterações no DNA das células do pulmão. Essas mudanças podem provocar um crescimento anormal das células e, às vezes, o câncer. Alguns genes contêm instruções para controlar o crescimento e divisão das células. Os genes que promovem a divisão celular são chamados oncogenes. Os genes que retardam a divisão celular ou levam as células à morte no momento certo são chamadas de genes supressores de tumor. Os cânceres podem ser causados por alterações do DNA que se transformam em oncogenes ou desativam os genes supressores de tumor. - Alteração hereditárias Algumas pessoas herdam mutações no DNA de seus pais, e aumentam o risco de desenvolver certos tipos de câncer. Outras herdam uma alteração permitindo que certas substâncias químicas no organismo, como as encontradas na fumaça do tabaco, possam aumentar seu risco de desenvolver câncer de pulmão. Outras pessoas herdam mecanismos de reparo de DNA defeituosos, capazes de provocar mutações no DNA. Cadaaos pacientes e permitem que eles e seus cuidadores participem do planejamento de seus cuidados. Trata-se de garantir que todas as necessidades do paciente sejam atendidas. O objetivo do controle da dor e de outros sintomas é ajudar o paciente a se sentir mais confortável, permitindo que os sintomas fiquem controlados de modo a obter mais qualidade de vida. 2. Cuidado espiritual - Uma vez que as pessoas têm diferentes crenças religiosas, assim como necessidades espirituais, o cuidado espiritual é configurado para atender as necessidades específicas de cada paciente. Isso inclui ajudar o paciente a encontrar o significado da finitude, permitindo que ele se despeça ou ainda realize algum ritual ou cerimônia religiosa. 3. Reuniões familiares - Reuniões familiares conduzidas, muitas vezes, por uma enfermeira ou assistente social mantêm os familiares do paciente informados sobre sua condição e o que esperar. Essas reuniões possibilitam compartilhar sentimentos, dá a oportunidade de falar sobre o que está acontecendo, permite tirar dúvidas e ajuda a abordar a necessidade de aprender a lidar com a finitude e o processo da morte. Os membros de uma família podem encontrar apoio e um grande alívio nesses encontros. Atualizações diárias sobre o paciente podem, também, ser obtidas informalmente em conversas com a equipe de enfermagem. OBJ 08: IDENTIFICAR AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVENÇÃO DO CÂNCER E AS ENTIDADES EXISTENTES DE CUIDADOS PALIATIVOS Niely Carol Magalhães 41 A Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) visa a: (i) reduzir a mortalidade e incapacidade causadas pelo câncer; (ii) diminuir a incidência de alguns tipos de câncer; e (iii) melhorar a qualidade de vida dos usuários com câncer, por meio de ações de promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno e cuidados paliativos. 1. Políticas gerais que se aplicam ao controle do câncer Política Nacional de Humanização (PNH) - define os princípios e estabelece as diretrizes para valorização dos diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Política Nacional de Atenção Básica (Pnab) - estabelece diretrizes e normas para a organização da Atenção Primária, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e para o Programa Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) . Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS) - tem por objetivo promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais. Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas - o anexo IV da Portaria de Consolidação nº 3 define a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS e estabelece diretrizes para a organização de suas linhas de cuidado Política Nacional de Assistência Social (Pnas) - visa a garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições para atender contingências sociais e universalização dos direitos sociais. 2. Políticas específicas que se aplicam ao controle do câncer Programa Nacional de Controle do Tabagismo: Desde o final da década de 1980, sob a ótica da promoção da saúde, a gestão e a governança do controle do tabagismo no Brasil vêm sendo articuladas pelo Ministério da Saúde por meio do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) tem como objetivo reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco no Brasil, seguindo um modelo lógico no qual ações educativas, de comunicação, de atenção à saúde, junto com o apoio, a adoção ou o cumprimento de medidas legislativas e econômicas, se Niely Carol Magalhães https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo 42 potencializam para prevenir a iniciação do tabagismo, promover a cessação de fumar, proteger a população da exposição à fumaça ambiental do tabaco e reduzir o dano individual, social e ambiental dos produtos derivados do tabaco. O PNCT articula a Rede de tratamento do tabagismo no SUS, o Programa Saber Saúde, as campanhas e outras ações educativas e a promoção de ambientes livres da fumaça do tabaco. Programas de Qualidade em Mamografia- O Programa de Qualidade em Mamografia implementa ações nacionais para aprimorar a qualidade das mamografias, no contexto das ações de detecção precoce do câncer de mama. Programas de Qualidade em Radioterapia- O Programa de Qualidade em Radiologia (PQRT) estimula e promove condições que permitam a aplicação da radioterapia com qualidade e eficiência Expansão da Assistência Oncológica (Projeto Expande)- Desenvolvido em parceria com a Secretaria de Assistência à Saúde e Secretaria Executiva, ambas do Ministério da Saúde, com o objetivo de estruturar a integração da assistência oncológica com qualidade no Brasil. Controle do Câncer do Colo do Útero- Ações organizadas para reduzir a incidência e a mortalidade pela doença e melhorar a qualidade de vida da mulher com câncer do colo do útero Controle do Câncer de Mama- Ações organizadas para reduzir a exposição a fatores de risco, diminuir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida da mulher com câncer de mama. - Entidades do cuidado paliativo Os responsáveis pelo plano e pela realização dos cuidados paliativos são os serviços de saúde e a equipe interdisciplinar. Os serviços de saúde: Todo hospital com competência para tratar o paciente com câncer, ou seja, Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e Centro de Assistência de Alta Complexidade em Niely Carol Magalhães https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/programa-de-qualidade-em-mamografia https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/programa-de-qualidade-em-radioterapia https://www.gov.br/inca/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/expansao-da-assistencia-oncologica-projeto-expande https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-de-mama 43 Oncologia (Cacon), deve sempre elaborar o plano de cuidados para o paciente em cuidados paliativos e ter uma equipe preparada para realizar esses cuidados. O plano de cuidados, depois de elaborado, deve ser executado pelos seguintes serviços: • Unacons e Cacons. • Hospital geral articulado com Unacons e Cacons. • Equipes interdisciplinares de saúde preparadas para realizar cuidados paliativos e articulados com Unacons e Cacons. A equipe interdisciplinar: A equipe de cuidados paliativos, normalmente, é formada por multiprofissionais que trabalham de forma integrada, compondo uma equipe interdisciplinar que leva em consideração os vários aspectos que fazem parte da nossa vida: físico, social, emocional e espiritual. A composição de equipe multiprofissional para os cuidados paliativos oncológicos permite e recomenda a existência de diversos profissionais de nível superior (por exemplo: médico, enfermeiro, assistente social, nutricionista e fisioterapeuta) e técnico (assistente espiritual, técnico de enfermagem, entre outros) para realizarem e participarem dos cuidados que devem ser dispensados para os pacientes oncológicos e seus familiares. Basicamente, existem dois modelos de assistência que podem atender às necessidades do paciente com câncer avançado e considerado incurável pelas terapêuticas disponíveis: - Hospitalar: No ambiente hospitalar, os cuidados paliativos podem ser oferecidos por meio de consultas ambulatoriais ou de internações. A modalidade de atendimento hospitalar vai depender do estado do paciente e de suas necessidades. Enquanto o paciente se encontrar em condições físicas compatíveis, ele pode comparecer à consulta com a equipe interdisciplinar (médico, psicólogo, enfermeiro, nutricionista,fisioterapeuta e outros) para manter o controle de sintomas, os curativos etc. Quando a internação for necessária, o paciente e, mais frequentemente, a família devem ser esclarecidos de que o objetivo é tratar as intercorrências que só podem ser controladas nesse ambiente e não curar a doença. Com frequência, os pacientes são também internados por falta de estrutura familiar para oferecer os cuidados paliativos em domicílio. É importante ter em mente que os cuidados paliativos são para trazer conforto e alívio dos sintomas. Assim, devem ser oferecidos no local onde o paciente possa manter a melhor qualidade de vida. - Domiciliar: Os cuidados paliativos no domicílio são uma opção é uma alternativa de cuidado quando o paciente já não consegue se locomover e não consegue mais sair de casa. Entretanto, para alcançar o sucesso no atendimento domiciliar com o enfoque paliativo, é necessário reunir uma série de condições que propiciem um cuidado eficaz. É importante destacar que, para essa modalidade de atenção, a anuência do paciente e/ou da família é Niely Carol Magalhães 44 extremamente importante e, apesar da possibilidade de o óbito acontecer em casa, é necessário que, durante o período de cuidado, o paciente e a família consigam desenvolver a capacidade de lidar com tal situação. O plano de cuidados elaborado pela equipe deve orientar a família e os cuidadores sobre como cuidar do paciente. Uma das grandes vantagens observadas no atendimento em domicílio é o fato de esse permitir ao indivíduo ter as suas necessidades atendidas na medida de suas preferências, sem ter de seguir a rigidez de regras e horários de um hospital, assim como poder usufruir do convívio familiar. OBJ 09: DISCUTIR O CUIDADO DO PACIENTE COM NEOPLASIA E AS MEDIDAS DE SUPORTE PARA O PACIENTE E FAMÍLIA Mudanças no sistema de cuidado à saúde têm ocorrido com o objetivo de transferir os doentes com doenças crônicas avançadas do cuidado hospitalar para o cuidado ambulatorial ou domiciliar. Aumentando a responsabilidade familiar com o cuidado do membro doente. A família pode não estar preparada para assumir o cuidado, necessitando ser informada sobre a doença e o tratamento, além de receber instrução sobre habilidades técnicas para cuidar no domicílio. A rede e o apoio social são recursos que a equipe de enfermagem pode oferecer para melhoria da qualidade de vida das famílias, promovendo, fortalecendo e mantendo o bem-estar das pessoas. A disponibilidade de certos recursos materiais, sociais e psicológicos pode ter um papel crucial na decisão do familiar tanto em relação à continuidade do cuidado em casa, quanto à efetividade do resultado. A família do doente com câncer é apontada como a principal fonte de apoio para o paciente e o binômio paciente-cuidador considerado uma unidade de atenção, por ser um "invisível sistema de cuidado da saúde", onde o câncer deve ser tratado como problema e questão familiar. O cuidador pode ser o cônjuge, outros membros familiares e amigos próximos que, participando ativamente, dão forma à experiência com a doença. A preocupação com o cuidador familiar e a qualidade do cuidado prestado são essenciais, pois isso terá um efeito significativo nos custos tanto para o sistema de cuidado à saúde como para as famílias, já que o preparo do cuidador familiar leva a diminuição das demandas médicas e de custos com tratamento hospitalar. A família cuidadora necessita de dois tipos de apoio social: o apoio emocional/instrumental (afeto, estima, companhia/aconselhamento, ajuda prática, ou auxílio financeiro) e o apoio diário focado na orientação de problemas. O apoio social pode ser entendido como uma forma de ajuda para membros familiares aprenderem a priorizar e administrar os problemas e trabalhar colaborativamente com o sistema de cuidado à saúde. O cuidado de enfermagem compreensivo requer que cuidadores informais recebam apoio e educação apropriados e preconizem esforços no controle dos custos do tratamento, relação entre preparação e sobrecarga, programas e sistemas para oferecer ao cuidador apoio informacional. As demandas de cuidado do doente no domicílio podem ser de cuidado direto: administração de medicação, cuidado de feridas e curativos, por exemplo; cuidado indireto como: obtenção de medicamentos, agendamento de Niely Carol Magalhães 45 consultas ou coordenação de cuidado; administração de sintomas e de conforto, com abordagens não farmacológicas e relato dos efeitos indiretos e efetividade do tratamento; necessidade de informação sobre a doença, tratamento, estratégias para resolução de problemas e recursos da comunidade. O que mais preocupa o familiar é o cuidado, como manter o conforto, quando informar mudança nas condições e como lidar com equipamentos. A família também se preocupa em equilibrar as demandas de cuidados com as outras responsabilidades e quer saber o que o futuro reserva para ela e para o doente. As situações que pedem atuação médica para ajudar a família do doente com câncer são: reconhecer as sobrecargas do cuidador familiar; adequar a comunicação; assistir com tomada de decisão; apoiar o cuidado domiciliar e ajudar o cuidador a reconhecer o luto. Para tanto, é preciso conhecer melhor a situação do cuidador, implantando e adequando medidas administrativas e técnicas compatíveis com a realidade. Responder às perguntas: Quem é o cuidador? Que atributos trazem para a experiência? Que impacto o diagnóstico teve na família? Qual a situação financeira? ajudará nesse processo. A família é afetada pela doença, e a dinâmica familiar afeta o paciente. Depressão no paciente, por exemplo, prediz depressão no cuidador, e vice-versa. O envolvimento prático e emocional das pessoas socialmente significantes na jornada do paciente com câncer através da doença afeta suas próprias vidas, às vezes de modo profundo, pois viver com o câncer envolve trabalho adaptativo ou acomodação para transtornos e mudanças na família. O papel de cuidador da pessoa com câncer além de afetar sua saúde mental, causando: depressão, ansiedade, sobrecarga, conflito de papéis, incerteza, erosão nos relacionamentos, entre outros problemas, também afeta sua saúde física causando fadiga, declínio da saúde, falta de exercícios, nutrição precária e necessidade de medicamentos. A origem dos problemas pode estar na sobrecarga física, emocional e econômica dos cuidadores familiares, levando muitos doentes a desejarem a própria morte por sentirem-se sobrecarga para a família. Há forte relação entre saúde do cuidador e grau de sobrecarga, o que está relacionado ao nível de preparo do mesmo. Cuidadores apontam que gostariam de mais assistência do sistema de saúde para ações específicas como o uso de estratégias não farmacológicas para alívio da dor oncológica. Quando uma pessoa recebe um diagnóstico de câncer, receber o apoio de familiares e amigos é muito importante. Porém, é comum que estas pessoas próximas queiram dar suporte, mas sem saberem exatamente como. Uma primeira dica muito importante é que antes de mais nada você compreenda seus próprios sentimentos em relação à situação e esteja ciente de como suas experiências podem afetar a forma como você reage. Assim, você conseguirá lidar melhor com este momento e estará mais tranquilo para fazer uma abordagem. É importante ressaltar que cada paciente lida com o próprio diagnóstico de uma maneira específica, no entanto algumas dicas podem ajudar você, familiar e amigo, a se preparar melhor para este momento de suporte e acolhimento Niely Carol Magalhães 46 O que fazer? ● Passe tempo com a pessoa. ● Pergunte se ela gostaria de falar sobre a experiência. ● Deixe-a decidir o que e quanto compartilhar. ● Esteja disposto a falar sobre suas experiências e permitir que ela compartilhe seus medos. ● Esteja disponível para conversar quantas vezes ela quiser. ● Respeite se a pessoa precisar de espaço. ● Fale sobre outras coisas além do câncer. ● Ofereça assistência mesmo com pequenas tarefas e pergunte o que poderia ser mais útil. O que dizer? ● Pergunte como a pessoaestá. ● Pergunte se ela quer falar sobre o assunto. ● Pergunte se pode fazer algo para ajudar. ● Seja sincero e diga que não sabe o que dizer, mas que a pessoa pode contar com você. ● Diga que sente muito pelo que ela está passando. ● Ofereça-se para ouvi-la. ● Coloque-se à disposição para ajudá-la no que for preciso. ● Peça desculpas se sentir que disse algo errado. O que evitar? ● Evite comparar a situação dela com a de outras pessoas. ● Evite falar nas generalidades sobre as chances de recuperação e sobrevivência, ou minimizar a situação. ● Tente não mostrar falso otimismo e esperança. ● Evite usar linguagem que pode fazer com que a pessoa se sinta culpada (por exemplo: “Você pode vencer isso”, “Você deve lutar”, “Não desista”). ● Evite mencionar novidades terapêuticas ou curas alternativas sobre as quais você tenha lido. ● Evite mencionar religião na conversa. ● Não conte para outras pessoas, deixe que a pessoa conte a quem ela quiser. ● Evite sobrecarregar o paciente com seus próprios sentimentos sobre a doença. ● Evite impor sua opinião sobre tratamentos e cuidados. Niely Carol Magalhãesvez que uma célula se prepara para se dividir em duas novas células, é feita uma nova cópia do seu DNA. Esse processo não é perfeito, podendo ocorrer erros na cópia. Normalmente, a célula contém enzimas de reparo do Niely Carol Magalhães 5 DNA para evitar isso, entretanto, quando as enzimas de reparo não funcionam bem as pessoas podem se tornar vulneráveis a produtos químicos cancerígenos e às radiações. Alguns cânceres de pulmão de não pequenas células produzem a proteína EGFR em excesso. Essa alteração genética é observada com frequência no adenocarcinoma de pulmão em mulheres asiáticas jovens e não fumantes, mas o excesso de EGFR também foi observado em mais de 60% dos casos de câncer de pulmão de não pequenas células metastáticas. Alterações genéticas relacionadas ao câncer de pulmão geralmente são adquiridas durante a vida. Mutações adquiridas em células pulmonares muitas vezes são devido a fatores ambientais, como produtos químicos causadores de câncer no fumo do tabaco. Mas algumas alterações genéticas podem ser devido a eventos aleatórios que às vezes acontecem dentro de uma célula, sem uma causa externa. Alterações adquiridas em determinados genes, como nos genes supressores de tumores RB1 ou p16 e nos oncogenes K-RAS ou ALK são consideradas importantes no desenvolvimento do câncer de pulmão de não pequenas células. Alterações no gene de supressão de tumor TP53 e no cromossomo 3 podem ser observadas no câncer de pulmão de não pequenas células e no câncer de pulmão de pequenas células. Nem todos os cânceres de pulmão compartilham as mesmas alterações genéticas, por isso, existem sem dúvida, alterações em outros genes que ainda não foram descobertas. Alguns genes portadores de mutações relacionadas ao câncer de pulmão já são bem conhecidos, como o EGFR, KRAS, BRAF e genes associados ao risco, como os que regulam a produção de receptores de acetilcolina nicotínica e telomerase (CHRNB4, CHRNA3, CHRNA5 etc.), CYP (CYP1A1, CYP2A6, CYP2D6 etc.) e TERT, entre outros.4 Alguns estudos colaborativos identificaram, em variantes genéticas, três loci separados associados com câncer de pulmão (5p15, 6p21, e 15q25), além de genes que regulam a produção de receptores de acetilcolina nicotínica e telomerase. No entanto, outras variantes genéticas mais raras, como a CHEK2, responsável pela maioria do risco remanescente, ainda são objeto de investigações. Niely Carol Magalhães 6 - Alterações moleculares observadas em adenocarcinomas pulmonares A formação de aductos de DNA como consequência da exposição a carcinógenos leva à formação de muta-ções gênicas (transversões, mais comumente) e alterações epigenéticas (metilações, alterações de micro-RNA). O carcinoma de pulmão de células escamosas e o adenocar-cinoma de pulmão, de acordo com os dados do Atlas do Genoma do Câncer Humano ([TCGA] The Cancer Ge-nome Atlas), são as neoplasias com maior número de mu-tações por Mb (megabase) entre os 12 tipos mais relevan-tes de câncer estudados. OBJ 03: DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER DE PULMÃO RELACIONADO COM OS SINAIS E SINTOMAS - ETIOLOGIA E PATOLOGIA Os carcinomas relacionados com o tabagismo podem surgir pelo acúmulo de sucessivas alterações genéticas (estimadas em 1.000 no carcinoma de pequenas células). Essas alterações resultam na transformação de células progenitoras pulmonares em células neoplásicas. A sequência de alterações moleculares não é aleatória, mas segue uma sequência previsível que se assemelha à progressão histológica para o câncer. Assim, a inativação dos genes supressores de tumores localizados no braço curto do cromossomo 3 (3p) é um evento muito precoce, ao passo que mutações no TP53 ou a ativação do oncogene KRAS ocorrem relativamente tarde. Ao que parece, certas modificações genéticas, como a perda de material cromossômico em 3p, podem ser encontradas no epitélio brônquico de pessoas com câncer de pulmão, bem como no epitélio respiratório de tabagistas sem câncer de pulmão, o que sugere que grandes áreas de mucosa respiratória sofrem mutação após a exposição a agentes cancerígenos (“efeito de campo”). Nesse solo fértil, as células que acumulam mutações desenvolvem-se originando o câncer. Um subconjunto de adenocarcinomas, particularmente aqueles que se desenvolvem em mulheres não fumantes do Extremo Oriente, abriga mutações ativadoras do receptor de fator de crescimento Niely Carol Magalhães 7 epidérmico (EGFR). Esses tumores são sensíveis à classe de agentes que inibe a sinalização do EGFR, embora a resposta seja de curta duração. Mutações de EGFR e K-RAS (em 30% dos adenocarcinomas) são mutuamente exclusivas. Outras mutações que ocorrem em 4-6% dos adenocarcinomas são a fusão dos genes EML4-ALK ativadores da tirosina quinase e do gene c-MET amplificador da cascata de tirosina quinase. Essas anormalidades, embora raras, são importantes devido às suas implicações terapêuticas, uma vez que podem ser alvos de inibidores da tirosina quinase. Com relação aos agentes carcinogênicos, há fortes evidências de que o consumo de cigarros e, em menor proporção, outros fatores ambientais sejam os principais fatores causadores de mutações genéticas que conduzem ao desenvolvimento do câncer de pulmão. Cerca de 90% das neoplasias de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou em pacientes que deixaram de fumar recentemente. Atualmente reconhece-se uma correlação quase linear entre quantidade/tempo de consumo de cigarro e a frequência de câncer de pulmão. O aumento no risco de neoplasias aumenta 60 vezes quando são comparados fumantes inveterados (dois maços/dia por 20 anos) e não fumantes. Apesar disso, apenas 11% dos fumantes inveterados desenvolvem câncer de pulmão, sugerindo que outros fatores estejam relacionados com a patogenia da doença. Por motivos ainda desconhecidos, as mulheres apresentam maior suscetibilidade à carcinogênese pelo tabaco do que os homens. Embora a cessação do hábito de fumar diminua o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão ao longo do tempo, os níveis basais jamais poderão ser retomados. De fato, as mudanças genéticas que antecedem o câncer de pulmão podem persistir por muitos anos no epitélio brônquico de ex-fumantes. Fumantes passivos (os que vivem próximos de fumantes) aumentam o risco de câncer de pulmão em aproximadamente duas vezes quando comparados a não fumantes. Fumantes de cachimbos e charutos também têm o risco aumentado, mas em menor grau que os fumantes de cigarro. Outras influências podem atuar em conjunto com o tabagismo ou por si sós serem responsáveis pelo câncer de pulmão, como observado em trabalhadores de minas radioativas, que lidam com asbesto ou arsênico, cromo, Niely Carol Magalhães 8 urânio, níquel, cloreto de vinil e gás mostarda. A exposição ao asbesto aumenta em cinco vezes o risco em não fumantes. Por outro lado, fumantes expostos ao asbesto apresentam 55 vezes maior chance de desenvolver câncer pulmonar do que os não fumantes e os não expostos ao asbesto. Embora o fumo e outras influências ambientais sejam importantes causas de câncer de pulmão, sabe-se que nem todas as pessoas expostas ao tabaco desenvolvem neoplasia. É muito provável que o efeito mutagênico de algumas substâncias cancerígenas esteja condicionado a fatores hereditários (genéticos). Vale lembrar que muitos produtos químicos (pró- -carcinógenos) requerem ativação metabólica pelo sistema enzimático monoxigenase P-450, para conversão em um carcinógeno definitivo, por exemplo, no caso do alcatrão, os agentes genotóxicos presentes são metabolicamente ativados pelo organismo, através do complexo enzimático P450 e de outras enzimas, Os produtos dessas reações enzimáticas formam adutos de DNA, ou seja, danos oxidativos às bases nitrogenadas, que, se não forem removidos por mecanismos de reparo do material genético, podem interagir com oncogenes e genes supressores tumorais, em especial TP53 e KRAS, possibilitando a carcinogênese. Existem evidências de que pessoas com determinados polimorfismosgênicos envolvendo os genes P-450 têm maior capacidade de metabolizar pró- -carcinógenos derivados do tabaco e, portanto, correm maior risco de desenvolver câncer de pulmão. Do mesmo modo, pessoas cujos linfócitos do sangue periférico sofrem quebras cromossômicas após exposição a cancerígenos relacionados com o tabaco (genótipo de sensibilidade a mutágenos) têm risco 10 vezes maior de desenvolvimento de câncer de pulmão em relação a outros indivíduos. Na essência, há uma correlação linear entre a intensidade de exposição ao tabaco e o aparecimento de alterações epiteliais que se iniciam como hiperplasia das células basais e metaplasia escamosa, progridem para displasia escamosa e carcinoma in situ até culminar em câncer invasivo. Entre os subtipos histológicos principais de câncer de pulmão, os carcinomas escamosos e de células pequenas mostram a associação mais forte com a exposição ao tabaco. Os carcinomas de pulmão se iniciam como uma pequena lesão na mucosa que tipicamente se apresenta firme e cinza-esbranquiçada. Esses tumores podem surgir como massas intraluminais, invadir a mucosa brônquica ou formar grandes massas volumosas, empurrando o parênquima pulmonar adjacente. Algumas massas grandes podem apresentar cavitação secundária à necrose central ou Niely Carol Magalhães 9 desenvolver áreas focais de hemorragia. Finalmente, esses tumores podem estender-se à pleura, invadir a cavidade e a parede torácica, e se espalhar para estruturas intratorácicas adjacentes. As metástases podem ocorrer por via linfática ou hematogênica. fonte 2: Múltiplos agentes genotóxicos endógenos ou externos ao organismo, de natureza química, física ou biológica, podem afetar a homeostase natural das células. Durante o processo da carcinogênese, esses agentes podem interagir conjuntamente com fatores de susceptibilidade genética, promovendo alterações celulares que possibilitem o desenvolvimento de tumores. A carcinogênese pulmonar inicia-se por meio da ocorrência de lesões teciduais em virtude, por exemplo, da fumaça do tabaco, de fatores hormonais, de vírus oncogênicos (como o papiloma vírus humano), entre outros. Essas lesões podem favorecer o desenvolvimento de alterações genéticas e epigenéticas, as quais podem incluir mutações, perda da heterozigose e metilação do promotor. Além disso, alterações gerais no transcriptoma, como inflamação e apoptose, também podem ser consequências de tais injúrias. A persistência e a ausência de reparo desses danos podem culminar em células com fenótipo maligno, ou seja, que perderam a capacidade de responder aos sinais de controle de proliferação, diferenciação e morte celular. No câncer de pulmão, inicialmente, observam-se lesões pré-malignas, como displasia celular e manchas clonais contendo clones e subclones celulares, que podem apresentar perda da heterozigose, instabilidade de microssatélites e mutações, estas últimas mais comumente encontradas nos genes TP53, KRAS, EGFR e HER2. Subsequentemente, na iminência de agravos como desenvolvimento de angiogênese e invasão tecidual, pode-se dizer que há um tumor em estágio inicial instalado e, à medida que ocorre a progressão tumoral, ele também pode enviar metástases para locais distantes – por via linfática ou hematogênica –, configurando o câncer em estágio avançado. Considerando que historicamente o tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão, observa-se uma relação dose-resposta entre o nível de exposição ao fumo Niely Carol Magalhães 10 e a ocorrência de neoplasias pulmonares. Nesse contexto, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos de baixo peso molecular encontrados na fumaça do cigarro são possíveis promotores do CPPC, enquanto a exposição do tecido pulmonar periférico às nitrosaminas, encontradas na fumaça do tabaco, está associada ao desenvolvimento de adenocarcinomas de pulmão. A fisiopatologia do câncer de pulmão está tão correlacionada com o tabagismo que a literatura tem demonstrado que as neoplasias pulmonares em fumantes e em pessoas que nunca fumaram diferem em nível molecular, epigenético e também histológico. De acordo com o relatório de Govindan et al. (2012), amostras de tumores de fumantes possuem mais mutações pontuais do que amostras de tumores de não fumantes; os pesquisadores também relataram que a frequência de mutação é 10 vezes maior em indivíduos tabagistas do que naqueles não tabagistas. Esses achados sugerem, então, que o câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram tem uma via de carcinogênese diferente da dos fumantes. Além da classificação histológica, o câncer de pulmão também é ordenado com base nas mutações evidenciadas em nível molecular e, dessa forma, a doença é dividida em subtipos moleculares primários e secundários. Os subtipos moleculares primários do câncer de pulmão estão relacionados a mutações diretas, especialmente nos genes EGFR, KRAS e oncogene EML4-ALK. Já os subtipos moleculares secundários compreendem outras modificações gênicas como amplificações do gene PI3KCA, superexpressão dos genes c-MET e VEGFR, deleção do gene PTEN, metilação e translocação do gene ROS1, além de alterações epigenéticas e relacionadas ao fator de crescimento semelhante à insulina (IGF). Em relação aos tipos histológicos e às alterações genéticas encontradas, estudo mostra que ambos os genes, TP53 e RB1, são universalmente perdidos em todos os CPPC e são frequentemente perdidos nos CPNPC, além das mutações no oncogene KRAS serem comuns em adenocarcinomas pulmonares, pouco comuns em tumores escamosos e ausentes em CPPC. Niely Carol Magalhães 11 - AGENTES CARCINÓGENOS NO TABACO A combustão do tabaco libera diversas substâncias carcinogênicas, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas e aldeídos voláteis. Essas substâncias geram mutações que transformam as células progenitoras pulmonares em células neoplásicas —> inativação de genes supressores de tumor, mutação no TP53 e ativação do oncogene KRAS A nicotina, responsável pela dependência química, também está implicada na gênese do câncer, pois seus derivados se mostraram capazes de inibir a apoptose de células neoplásicas. É também provável que o efeito mutagênico dos carcinógenos do tabaco seja modificado por variáveis genéticas. Muitos produtos químicos (pró-carcinógenos) são convertidos em carcinógenos através da ativação pelo sistema de enzimas mono-oxigenases P-450 altamente polimórficas. Os polimorfismos específicos do P450 têm capacidade aumentada para ativar pró-carcinogênicos na fumaça do tabaco, e fumantes com essas variações genéticas parecem incorrer em um risco maior de câncer de pulmão. - CARGA TABÁGICA A carga tabágica é um importante parâmetro relacionado ao risco, e por isso sempre deve ser quantificada. É definida com o produto entre o número de maços consumidos por dia e a duração do hábito em anos (um maço contém 20 cigarros). Sua unidade é o “maços/ano”. CIGARROS\DIA X ANOS\20=ANOS-MAÇO Considera-se como alto risco um valor > 20 maços/ano. No entanto, é válido frisar que não existe um limiar de segurança: o tabagismo em qualquer grau eleva proporcionalmente o risco de câncer de pulmão A cessação do tabagismo reduz o risco com o tempo (efeito que, em geral, só se torna significativo passados 15-20 anos). Apesar de o risco realmente ser reduzido, é importante ter em mente que ele continua sendo maior em ex-fumantes do que em pessoas que nunca fumaram Niely Carol Magalhães 12 - SINAIS E SINTOMAS: A maioria dos cânceres de pulmão não provocam quaisquer sintomas até que se encontram em estágio avançado. Os sinais e sintomas mais frequentes do câncer de pulmão são: ● Tosse. ● Tosse com expectoração mucosa. ● Tosse com expectoração com sangue. ● Dor no peito. ● Rouquidão. ● Perda de apetite. ● Perda de peso inexplicada. ● Falta de ar. ● Fadiga. ● Infecções respiratórias de repetição. Quando a doença já se disseminou para outros órgãos pode provocar: ● Dor óssea. ● Alterações nosistema nervoso. ● Icterícia (cor amarelada de mucosas e pele). ● Nódulos próximos à superfície do corpo. Os principais sintomas descritos pelos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão são gerais e constitucionais, como perda de peso, astenia e inapetência. Sintomas de acometimento local, como tosse, dispneia e escarro hemoptóico já sugerem comprometimento de vias aéreas. A disseminação locorregional da neoplasia é sugerida por rouquidão, dor torácica, disfagia e derrame pleural e/ou pericárdico. Já podem estar Niely Carol Magalhães 13 presentes sinais e sintomas de disseminação metastática ao diagnóstico, sendo cérebro, fígado, ossos, adrenal e o próprio pulmão são os sítios de disseminação metastática mais comuns. Alguns cânceres de pulmão podem provocar um conjunto de sinais e sintomas que são descritos como síndromes: ➢ A síndrome de veia cava superior é caracterizada por sinais e sintomas relacionados com a obstrução da veia cava superior pela massa tumoral ou trombose: edema de membros superiores, face e cervical, circulação colateral e ortopneia. A veia cava superior é a veia que leva o sangue da cabeça e braços de volta ao coração, passando ao lado da parte superior do pulmão direito e dos linfonodos no interior do tórax. Tumores nessa área podem pressionar a veia cava superior, fazendo com que o sangue retorne para as veias. Isso pode provocar inchaço na face, pescoço, braços e parte superior interior do tórax. Tumores nessa área podem pressionar a veia cava superior, fazendo com que o sangue retorne para as veias. Isso pode provocar inchaço na face, pescoço, braços e parte superior do tórax, além de dores de cabeça, tontura, e alteração da consciência se afetar o cérebro. Embora a síndrome da veia cava superior possa se desenvolver gradualmente ao longo do tempo, em alguns casos pode tornar-se um risco à vida, e deve ser tratada imediatamente. A Síndrome da Veia Cava Superior (recolhe todo o sangue de membros superiores e cabeça que vai para o coração) está relacionada ao carcinoma broncogênico do lobo superior direito. O carcinoma de pequenas células (OAT-CELL, porque é um tumor que cresce rápido) é o subtipo mais comum. As manifestações são: edema, cefaleia, congestão da face e extremidades superiores, circulação colateral proeminente na região superior do tórax e turgência jugular, tosse, síncope (que pode ser precipitada pela tosse). O RX simples mostra um mediastino alargado, com massa pulmonar central (usualmente no lobo superior direito) e derrame pleural ipsilateral (25%) ➢ O tumor de Pancoast refere--se aos sintomas secundários à localização tumoral no sulco superior com quadro clínico de dor importante em ombro homolateral à lesão tumoral, síndrome de Horner (miose, ptose palpebral e anidrose), dores ósseas e atrofia dos músculos do membro superior. São tumores localizados na parte superior dos pulmões (às vezes, chamados Tumores de Pancoast) podem afetar Niely Carol Magalhães 14 determinados feixes nervosos da face, provocando um conjunto de sinais e sintomas, denominados síndrome de Horner, que incluem: queda de uma pálpebra, constrição da pupila e transpiração diminuída do lado afetado da face. Os tumores de Pancoast podem, às vezes, provocar dor severa no ombro. A RM do tórax é o exame que melhor delinear o tumor O subtipo histológico mais frequentemente envolvido é o carcinoma epidermóide (52% dos casos), embora o carcinoma de grandes células (23%) e o adenocarcinoma (23%) também possam ser encontrados. O tumor também pode comprimir, além do plexo braquial, o gânglio estrelado da cadeia simpática cervical, ocasionando a síndrome de Horner (pto ➢ Síndromes paraneoplásicas, como hipercalcemia (mais frequente em carcinomas epidermóides), osteoartropatia hipertrófica (artropatia dolorosa, simétrica de extremidades, associada ao baqueteamento digital. Em carcinomas de pequenas células de pulmão, são mais frequentes a secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH), caracterizada pelo quadro de hiponatremia grave, além de manifestações neurológicas, como a síndrome de Eaton-Lambert, ataxia cerebelar, neuropatia sensorial, encefalite límbica ou ainda encefalomielite. Alguns tipos de câncer de pulmão podem Niely Carol Magalhães 15 funcionar de forma semelhante a órgãos secretores de hormônios, substâncias que entram na corrente sanguínea, causando problemas em tecidos e outros órgãos, mesmo que não haja metástase. Esses problemas são denominados síndromes paraneoplásicas, e, muitas vezes, podem ser os primeiros sintomas do câncer de pulmão. As síndromes paraneoplásicas podem ocorrer com qualquer tipo de câncer de pulmão, mas são mais frequentemente associadas ao câncer de pulmão de pequenas células. Algumas síndromes comuns incluem: síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético, síndrome de Cushing, problemas no sistema nervoso, hipercalcemia e coágulos sanguíneos. As síndromes paraneoplásicas são distúrbios sistêmicos ocasionados pela existência de um tumor. Com frequência se manifestam meses ou anos antes da detecção clínica e laboratorial do câncer, e se corretamente identificadas podem levar a um diagnóstico precoce da lesão. Dentre os tumores de pulmão, o carcinoma de pequenas células é o subtipo mais frequentemente responsabilizado. - FATORES DE RISCO • Tabagismo (causa principal) • Idade avançada (50-70) • Exposição a poluição • Infecções pulmonares de repetição • DPOC (enfisema pulmonar e bronquite crônica) • Fatores genéticos e HF de câncer de pulmão (2,5x + risco) • Exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos (aberto, sílica, etc) OBJ 04: DIFERENCIAR OS TIPOS DE CÂNCER DE PULMÃO E A CLÍNICA DE CADA UM ● Carcinoma de células escamosas Os carcinomas de células escamosas são mais comuns em homens do que em mulheres e estão estreitamente correlacionados ao histórico de tabagismo. Tendem a surgir centralmente nos brônquios principais e eventualmente se espalham para linfonodos hilares; entretanto, apresentam disseminação para fora do tórax mais Niely Carol Magalhães 16 tardiamente do que os outros tipos histológicos. Tumores maiores podem apresentar necrose central, originando cavitações. As lesões pré -neoplásicas que antecedem, e normalmente acompanham o carcinoma de células escamosas invasivo, estão bem caracterizadas. Esses tumores muitas vezes são precedidos por desenvolvimento duradouro de metaplasia escamosa e displasia do epitélio brônquico, que, em seguida, transforma-se em carcinoma in situ, uma fase que pode durar vários anos. Eventualmente, pequenos tumores tornam-se sintomáticos, quando obstruem grandes brônquios, frequentemente produzindo atelectasia distal e infecções. Simultaneamente, a lesão pode invadir o tecido pulmonar circundante ● Adenocarcinomas Adenocarcinomas podem ocorrer como lesão central semelhante ao carcinoma de células escamosas, entretanto mais perifericamente, muitas vezes exibindo cicatriz central. Os adenocarcinomas são o mais comum tipo de câncer de pulmão nas mulheres e em não fumantes. Geralmente, os adenocarcinomas crescem lentamente e formam massas menores do que os outros subtipos tumorais, mas eles tendem a sofrer metástase amplamente ainda em um estágio inicial de desenvolvimento. Ao exame histológico podem assumir variada forma, incluindo a acinar (em forma de glândula; papilar, mucinosa e o tipo sólido). Acredita-se que a lesão precursora dos adenocarcinomas periféricos seja a hiperplasia adenomatosa atípica com progressão para o adenocarcinoma in situ, adenocarcinoma minimamente invasivo (tumores menores que 3 cm e com componente invasivo medindo 5 mm ou menos) e adenocarcinoma invasivo (tumor de qualquer tamanho, invadindo áreas mais profundas que 5 mm). O adenocarcinoma in situ (AIS), formalmente chamado carcinoma bronquioalveolar, com frequência afeta partes periféricas dos pulmões, como um único nódulo. As principais características do AIS são diâmetro menor que 3 cm, crescimento ao longo deestruturas preexistentes e preservação da arquitetura alveolar. Os adenocarcinomas, tipo histológico mais frequente na atualidade, costumam ter origem nas porções mais distais da árvore respiratória, tendo localização periférica na maior parte dos casos. O diagnóstico histológico se faz pela visualização de arranjo glandular das células neoplásicas ou pela presença de mucina intracitoplasmática. Niely Carol Magalhães 17 - CURSO CLÍNICO Os carcinomas de pulmão são silenciosos e, em muitos casos, as lesões insidiosas se espalham de modo que se tornam irressecáveis antes de produzir sintomas. Em alguns casos, tosse crônica e expectoração chamam a atenção para doença localizada e ressecável. Entretanto, no momento em que rouquidão, dor torácica, síndrome da veia cava superior, derrame pericárdico ou pleural e atelectasia segmentar persistente ou pneumonia aparece, o prognóstico é sombrio. Muitas vezes, o tumor demonstra sinais oriundos da sua propagação metastática para o cérebro (alterações neurológicas e mentais), fígado (hepatomegalia) ou ossos (dor). Embora as suprarrenais possam ser quase totalmente obliteradas pela doença metastática, a insuficiência adrenal (doença de Addison) é incomum, uma vez que ilhas de células corticais suficientes para manutenção da sua função comumente se mantêm. Em geral, CPCNP apresentam melhor prognóstico que os CPCP. Quando os CPCNP (carcinomas de células escamosas ou adenocarcinomas) são detectados antes de ocasionar metástases ou infiltração profunda, a cura pode ocorrer, por lobectomia ou pneumonectomia. Os CPCP, por outro lado, comumente já causaram metástase no momento em que são inicialmente detectados, mesmo se o tumor primário for pequeno e localizado. Assim, a ressecção cirúrgica não é um tratamento viável. Esses tumores são muito sensíveis à quimioterapia, mas invariavelmente são recidivantes. A média de sobrevivência, mesmo com o tratamento, é de um ano. Estima-se que 3-10% de todos os pacientes com câncer de pulmão desenvolvem síndrome paraneoplásica. Isso inclui (1) hipercalcemia causada por secreção de peptídeo relacionado com o hormônio da paratireoide (lesões osteolíticas também causam hipercalcemia, mas nesse caso não são consideradas como síndrome paraneoplásica [Capítulo 5]); (2) síndrome de Cushing (a partir do aumento na produção de hormônio adrenocorticotrófico); (3) síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético; (4) síndromes neuromusculares, incluindo uma síndrome miastênica, neuropatia periférica e polimiosite; (5) baqueteamento dos dedos e osteoartropatia Niely Carol Magalhães 18 pulmonar hipertrófica e (6) anormalidades de coagulação, incluindo tromboflebite migratória, endocardite não bacteriana e coagulação intravascular disseminada ● Câncer de pulmão de pequenas células - Introdução e patologia O carcinoma de pulmão de pequenas células (CPPC) apresenta características particulares que o leva a ser classificado separadamente do CNPCP, como alta fração de proliferação celular e ser frequentemente diagnosticado na forma de doença metastática (75%), marcante resposta inicial aos tratamentos com quimio e radioterapias, recidiva precoce de doença e ausência de terapia dirigida aos marcadores moleculares específicos, diferente do CNPCP. A redução da incidência nos países ocidentais desde a década passada traduz o reflexo das políticas para redução do consumo de tabaco, posto que a patogênese desta neoplasia guarda íntima relação com elevada carga tabágica (consumo de cigarros/ano), sendo considerada uma patologia rara em pessoas não fumantes. O CPPC faz parte de um grupo de tumores que apresenta microscópicamente células pequenas, redondas e azuis. Niely Carol Magalhães 19 Carcinoma de pulmão de pequenas células (CPPC) é diagnosticado em aproximadamente 10 a 30% dos pacientes com câncer de pulmão. O principal fator de risco é a exposição ao cigarro, responsável por até 90% dos casos diagnosticados . Somente cerca de 2% dos pacientes diagnosticados com CPPC não possuem histórico de uso de tabaco. Trata-se também do tipo histológico de câncer de pulmão mais comum entre os mineradores de urânio, resultado da exposição ao radônio radioativo, produto da degradação do urânio. Exposição a outros carcinógenos respiratórios ambientais tais como asbestos, benzeno, carvão, e outros agentes químicos industriais podem interagir com o cigarro, aumentando o risco de desenvolvimento de CPPC. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece dois subtipos de CPPC: câncer de pequena célula e carcinoma de pequenas células combinado (1 a 3% dos casos) . CPPC é composto por células neoplásicas tipicamente dispostas em grupos, cordões ou trabéculas separadas por um estroma fibrovascular delicado. A tumoração, geralmente, se origina nas vias aéreas centrais, inicialmente infiltrando a submucosa e gradualmente obstruindo a luz brônquica. O segundo subtipo reconhecido pela classificação da OMS é o CPPC combinado, no qual coexistem carcinoma epidermóide e, mais raramente, adenocarcinoma ou outras histologias de carcinoma de pulmão não pequenas células menos frequentes. - APRESENTAÇÃO CLÍNICA Em função da elevada taxa de multiplicação celular, esses tumores apresentam-se frequentemente como doença avançada ou metastática ao diagnóstico. Tipicamente, os sintomas ocorrem de forma inespecífica em pacientes com elevada carga tabágica (> 30 anos/maço), como tosse seca, perda ponderal, inapetência ou dor torácica. Do ponto de vista radiológico, apresenta grandes massas mediastinais e metástases à distância, ocorrendo mais frequentemente em ossos, fígado, pulmão, adrenal e sistema nervoso central. Metástases ósseas são geralmente caracterizadas por lesões osteolíticas e/ou elevação do cálcio e da fosfatase alcalina. . Metástases hepáticas e adrenais costumam ser assintomáticas. Elevação de desidrogenase láctica, fosfatase alcalina e transaminases hepáticas ocorrem na maioria dos pacientes portadores de metástases hepáticas. Metástases no sistema nervoso Niely Carol Magalhães 20 central são sintomáticas em mais de 90% dos pacientes. Embolia tumoral ou lesões linfangíticas podem causar dispneia. Sintomas constitucionais tais como perda de peso, anorexia e fadiga são comuns e estão relacionados à extensão da doença O carcinoma de pequenas células do pulmão é reconhecido pela associação com síndromes paraneoplásicas, tais como síndrome de Eaton-Lambert, encefalite límbica, amaurose retiniana, degeneração cerebelar, síndrome de Cushing, hiponatremia e acromegalia, conforme citado anteriormente. A expectativa de vida ainda é limitada a cerca de 14 a 20 meses na doença limitada e 9 a 11 meses na doença extensa. O CPPC corresponde a 10 a 15% dos diagnósticos de câncer de pulmão. É um câncer agressivo de origem neuroendócrina, fortemente associado ao tabagismo, sendo diagnosticado na idade média de 64 anos. A incidência entre as mulheres vem aumentando, ao longo dos anos, principalmente pelo aumento do tabagismo. No entanto, de maneira geral, a incidência vem diminuindo devido às restrições ao uso do tabaco e diminuição do hábito de fumar na população geral. Embora o tabagismo seja o maior fator de risco para o CPPC, como uma apresentação mais indiferenciada dos tumores neuroendócrinos, pode fazer parte da síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (MEN-I) (5%-15%), uma síndrome genética hereditária, com transmissão autossômica dominante de alta penetrância, causada por uma mutação que inativa o gene MEN 1. A grande maioria dos pacientes portadores de câncer de pulmão desenvolve síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIHAD), síndrome de Cushing. Os principais sintomas são relacionados ao crescimento do tumor primário e à infiltração de linfonodos mediastinais (tosse, dispneia, hemoptise, disfonia, disfagia, febre, síndrome de veia cava superior), além de sintomas relacionados às metástases, quando presentes (dor óssea, cefaleia, perda de peso, anorexia,entre outros). Os pacientes geralmente apresentam sintomas de início recente em relação à data do diagnóstico e frequentemente (60-65%) apresentam-se com doença metastática. Além disso, está entre os tumores que mais frequentemente manifestam síndromes paraneoplásicas. Sinais e sintomas de síndrome de Niely Carol Magalhães 21 Cushing, hipercalcemia, osteoartropatia hipertrófica, síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético, assim como síndrome de Eaton-Lambert podem ser observados. A presença de síndrome de Cushing está associada à diminuição da sobrevida, menor resposta à quimioterapia e altas taxas de infecção. É ocasionada pela produção tumoral de ACTH ou CRH. Costuma se relacionar ao carcinoma de pequenas células. O paciente costuma apresentar hipertensão arterial, hiperglicemia e alcalose metabólica hipocalêmica, sendo menos frequente o aspecto cushingóide (fácies de lua cheia, giba, obesidade, etc.). A síndrome de Eaton-Lambert é caracterizada por fraqueza muscular proximal que melhora com o movimento, associada à hiporreflexia e disautonomia. É encontrada em 1-3% dos pacientes com carcinoma de pequenas células. O mecanismo é a produção de autoanticorpos contra os canais de cálcio sensíveis a voltagem (anti-VGCC – positivo em 90% dos casos) presentes nos neurônios pré-sinápticos da placa motora (terminação neuromuscular). Tais anticorpos bloqueiam a liberação de acetilcolina na fenda sináptica, impedindo a transmissão do impulso. As manifestações incluem fraqueza muscular proximal, hiporreflexia e disfunção autonômica. O diagnóstico se baseia na eletroneuromiografia (ENMG) Niely Carol Magalhães 22 A SIADH (síndrome da antidiurese inapropriada) está mais relacionada ao carcinoma de pequenas células. O ADH produzido pelo tumor promove retenção renal de água livre e hiponatremia, que pode ser grave e comprometer o nível de consciência. Isso acontece porque a água inadequadamente retida pelos rins causa, por fim, uma hiponatremia euvolêmica (dilucional). Embora o volume total de sódio esteja normal no corpo e no LEC, a água corporal está muito aumentada (acaba diluindo e diminuindo muito a concentração). Na ausência de manifestações neurológicas, o tratamento pode ser apenas restrição hídrica (1 L/dia). - DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO O CPPC é caracterizado por rápido crescimento e metastatização precoce. Tipicamente se apresenta como uma massa tumoral central, frequentemente com linfonodomegalias volumosas, sendo frequente o acometimento mediastinal. Metástases extratorácicas estão presentes em 75 a 80% dos casos já diagnosticados. O diagnóstico histopatológico é fundamental. Na doença localizada, pode ser obtido por broncoscopia, biópsia transtorácica guiada por imagem, ultrassonografia endobrônquica e, eventualmente, mediastinoscopia ou videotoracoscopia. Nos casos de doença extensa, a biópsia de uma metástase é o ideal por permitir o diagnóstico histológico e confirmar o estádio. Segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde, o diagnóstico patológico deve levar em conta principalmente a morfologia (células uniformes, pequenas e de formato arredondado a fusiforme, com citoplasma esparso, alto índice mitótico e presença de áreas de necrose). Imuno-histoquímica costuma ser útil para confirmar o diagnóstico através de marcadores como sinaptofisina, cromogranina A, CD56 e TTF-1. Além disso, Ki-67 elevado ajuda a diferenciar CPPC de carcinomas neuroendócrinos de baixo grau. Os exames de estadiamento devem incluir exames séricos (hemograma, eletrólitos, função renal e hepática), avaliação nutricional, tomografia computadorizada (TC) de tórax e abdome com contraste ou tomografia por emissão de pósitrons (PET) com 18-FDG, cintilografia óssea (caso não tenha feito PET-TC) e ressonância magnética (RM) ou TC de crânio. Niely Carol Magalhães 23 Dois sistemas de estadiamento são mais utilizados para classificar o CPPC. O sistema do Veterans Administration Lung Study Group (VALSG) tem sido usado desde os anos 1950 e categoriza o CPPC em doença localizada (tumor confinado a um hemitórax, com ou sem acometimento linfonodal regional e que pode ser incluído em um campo de radioterapia com segurança) ou extensa (doença com extensão que impossibilita a inclusão em um único campo de radioterapia ou presença de derrame pleural ou metástase a distância), ou seja, de forma resumida temos: Doença limitada: acometimento restrito a um hemitórax, dentro de um campo de radioterapia, incluindo-se linfonodos regionais e supraclavicular unilateral. Doença extensa: acometimento além do que se considera doença limitada, incluindo metástases à distância e linfonodos supraclaviculares contralaterais. O outro sistema utilizado, proposto pela International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), emprega as mesmas categorias do TNM propostas para os carcinomas pulmonares não pequenas células (CPNPC) (ver capítulo sobre CPNPC). A categorização entre estádios I a IV consegue predizer sobrevida global (SG). Sua principal utilidade na prática clínica é permitir uma melhor seleção dos pacientes em estádios iniciais candidatos a tratamento cirúrgico. fonte : clínica médica Niely Carol Magalhães 24 Todo paciente com carcinoma de pequenas células do pulmão deve ser avaliado e estudado com brevidade devido ao caráter rapidamente progressivo de evolução da neoplasia. 1. História clínica e exame físico com atenção ao SNC. 2. Laboratório: hemograma, provas de função hepática e renal, LDH, fosfatase alcalina e eletrólitos. 3. Exames de imagem: TC de tórax, abdômen, pelve; TC ou RM de crânio com contraste; cintilografia óssea; PET-CT pode ser considerado quando houver doença limitada, especialmente em pacientes no estádio I com possibilidade de tratamento cirúrgico. - TRATAMENTO Doença limitada ou localizada - Tais pacientes devem ser tratados com quatro ciclos de quimioterapia (cisplatina e etoposídeo) em concomitância à radioterapia, de forma que a esta se inicie até no máximo no 2º ciclo de quimioterapia, pois Atraso no início da concomitância implica em redução da sobrevida global. Radioterapia de crânio total profilática (PCI) está indicada após o término do tratamento com quimio e radioterapias, nos pacientes que obtiverem resposta ao tra-tamento, pois PCI oferece redução da incidência de metástases sintomáticas em SNC e ganho adicional de sobrevida global em torno de 5%. - Papel da cirurgia no tratamento da doença localizada (estádio I): A ressecção cirúrgica pode ser empregada nos estádios precoces (T1-T2, N0, M0). Não há ensaio clínico prospectivo sobre o tema, mas alguns estudos retrospectivos apoiam essa conduta. A seleção do paciente deve ser rigorosa, sendo recomendada a confirmação patológica de ausência de acometimento linfonodal mediastinal. Além disso, a lobectomia pulmonar é a ressecção sugerida, estando associada à maior ganho de sobrevida. - Papel da radioterapia no tratamento da doença localizada: Tanto concomitantes quanto sequenciais à quimioterapia, os esquemas-padrão de radioterapia devem englobar toda a doença macroscópica no momento da irradiação, incluindo linfonodos acometidos e, eventualmente, os níveis linfonodais Niely Carol Magalhães 25 previamente comprometidos se houve resposta à quimioterapia. Idealmente, sempre que clinicamente possível, a radioterapia deve iniciar junto com o primeiro ou segundo ciclos de quimioterapia. Doença extensa- O tratamento baseia-se em quimioterapia e tem caráter paliativo. Apesar das elevadas taxas de resposta observadas, os pacientes habitualmente apresentam recidiva de doença em poucos meses, com sobrevida estimada em torno de 9 a 11 meses. Radioterapia de crânio total profilática e de consolidação em mediastino Niely Carol Magalhães 26 podem ser administradas em pacientes portadores de doença extensa, que não progrediram à primeira linha de tratamento. O tratamento é multidisciplinar e deve ser discutido para cada paciente individualmente.As diversas modalidades terapêuticas disponíveis para o tratamento do CNPCP metastático são eficazes em promover aumento de sobrevida, e principalmente, alívio de sintomas e melhora da qualidade de vida. Avanços recentes, como os antiangiogênicos e as terapias-alvo molecular, foram muito importantes para a melhora dos desfechos obtidos com o tratamento. A principal prevenção ainda é a cessação de tabagismo e aguardam-se dados maduros para incorporar o rastreamento com o uso de TC de baixa energia como padrão de cuidado. - Papel da radioterapia no tratamento da doença avançada: Até há pouco tempo, a radioterapia na doença extensa era reservada apenas para paliação de sintomas causados por lesões primárias ou metástases. Sangramento, dor óssea, sintomas respiratórios ou neurológicos podem ser efetivamente avaliados com radioterapia. As doses são variáveis e individualizadas para cada caso, desde dose única a tratamentos em 10 frações, sempre tentando se minimizar as vindas do paciente ao serviço de radioterapia para o tratamento. Para metástases cerebrais, o estudo FIRE-SCLC comparou radiocirurgia com radioterapia de cérebro total. Houve maior incidência de outras metástases cerebrais no grupo submetido à radiocirurgia, porém sem impacto em sobrevida.16 Assim, para casos selecionados de metástases cerebrais, a radiocirurgia é aceitável. Atualmente, além da paliação, na doença extensa a radioterapia tem papel no tratamento de pacientes que apresentam alguma resposta à quimioterapia, em dois cenários, basicamente: 1) radioterapia torácica, para consolidação de resposta em doença residual no tórax e 2) profilaxia de metástases cerebrais. - irradiação profilática de crânio (pci) na doença avançada: Nos pacientes com doença extensa que responderam à quimioterapia, a realização de PCI deve ser discutida em conjunto (oncologista e radio-oncologista), a fim de selecionar os pacientes que mais podem se beneficiar do procedimento, uma Niely Carol Magalhães 27 vez que o ganho em sobrevida é questionável. Em geral, pacientes com boa performance e boa resposta à quimioterapia podem ser elegíveis para PCI. OBS: O tratamento da doença avançada está sumarizado na Figura a seguir: ● Câncer de pulmão de células não pequenas Niely Carol Magalhães 28 O carcinoma de células não pequenas corresponde a cerca de 85% dos tumores de pulmão, predominando na faixa dos 60 a 65 anos, sendo a maioria diagnosticada em estádios localmente avançados ou metastáticos. O tabagismo é o principal fator de risco, sendo que, mais recentemente, ex-fumantes vêm predominando entre os pacientes com câncer de pulmão. Fatores como poluição atmosférica e exposição ocupacional, entre outros, podem também estar relacionados ao desenvolvimento de um câncer de pulmão. O câncer de pulmão não pequenas células (NSCLC, non small cell lung cancer) é o mais frequente, representando 85% dos casos de câncer de pulmão. O tabagismo, responsável por cerca de 90% dos casos da doença, é o principal fator de risco. Quando comparados com não fumantes, os tabagistas têm risco aumentado de apresentar esse tipo de câncer em cerca de 20 vezes . Outras formas de fumo como charutos, cachimbos, cigarros artesanais também estão relacionadas com aumento no risco. É válido abordar também, que o uso de radioterapia prévia para tratamento de outras neoplasias como câncer de mama e linfoma de Hodgkin, elevam o risco para câncer primário de pulmão. Há ainda um componente genético no desenvolvimento do câncer de pulmão, não completamente elucidado, mas evidente clinicamente através de casos nitidamente familiares. Entre os marcadores moleculares conhecidos de risco para essa neoplasia estão: alterações cromossômicas, como deleção no braço curto do cromossomo 3, presente em cerca de 50% dos casos de NSCLC14; aumento na expressão de oncogenes, como Ras, gene do receptor do fator de crescimento epidérmico tipo 1 (EGFR), HER-2, Bcl-2, entre outros; perda de função de genes supressores tumorais, como p53, gene do retinoblastoma e genes no braço curto do cromossomo 3. Em termos de frequência, dados norte-americanos estimam que os adenocarcinomas são Niely Carol Magalhães 29 o subtipo histológico mais comum (cerca de 40% dos casos), seguidos pelo carcinoma epidermóide (20%), carcinoma de pequenas células (cerca de 15%), carcinoma de grandes células (5%) e outros subtipos perfazendo o restante dos casos. - SINAIS E SINTOMAS Entre os principais sintomas inespecíficos presentes no quadro clínico dos CPCNP têm-se perda de peso, anorexia, fadiga, dores musculares difusas e inespecíficas, mais observadas em casos de tumores avançados. As manifestações clínicas consequentes do desenvolvimento locorregional da lesão torácica frequentemente iniciam-se com o quadro de tosse persistente. Sintomas como dispneia, hemoptise, dor torácica e infecções de repetição estão relacionados ao crescimento local tumoral. A tosse é o sintoma inicial mais comum em pacientes com câncer de pulmão e tende a acometer com maior frequência os pacientes com lesões centrais. O início ou mudança de padrão da tosse em paciente tabagista ou ex-tabagista deve sempre levantar a possibilidade de câncer de pulmão. A presença de hemoptise também deve ser sinal de alarme, demandando avaliação radiológica. A dispneia é outro sintoma frequente, podendo ser devida à compressão brônquica extrínseca ou intraluminal, atelectasia, pneumonite obstrutiva, linfangite carcinomatosa, derrame pleural ou derrame pericárdico. Os locais mais comuns de disseminação metastática são o fígado, adrenais, ossos e encéfalo. O acometimento hepático tende a ser inicialmente assintomático na maior parte dos pacientes, sendo detectado através de anormalidades nas provas hepáticas e exames de imagem. Dor na região dorsal, parede torácica ou extremidades (sobretudo membros inferiores), bem como elevação de fosfatase alcalina, são manifestações de metástases ósseas, que frequentemente são sintomáticas. Elevação do cálcio sérico pode ocorrer em casos de envolvimento ósseo extenso. O envolvimento adrenal é geralmente assintomático, ainda que em alguns casos possam haver sinais clínicos e/ ou laboratoriais de insuficiência glandular, em casos de acometimento bilateral. Metástases encefálicas geralmente causam cefaléia, vômitos, alterações de campo visual, hemiparesia e convulsões, sendo mais comuns nos adenocarcinomas. Niely Carol Magalhães 30 Síndromes paraneoplásicas, embora pouco frequentes nos CPCNP (10%), podem também se manifestar, em especial osteoartropatia hipertrófica e hipercalcemia. As síndromes paraneoplásicas mais comumente associadas aos carcinomas não pequenas células de pulmão são a hipercalcemia maligna, pela produção de peptídeo relacionada ao paratormônio (PTHrp), síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH), osteoartropatia hipertrófica, dermatopolimiosite, manifestações hematológicas (anemia, leucocitose, trombocitose, eosinofilia) e estados de hipercoagulabilidade com manifestações tromboembólicas. - DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO Niely Carol Magalhães 31 Cerca de 3/4 dos pacientes com neoplasia maligna de pulmão apresentam sintomas no momento do diagnóstico. Esses sintomas podem estar relacionados à extensão local da doença, a metástase ou a síndromes paraneoplásicas. As manifestações associadas à extensão local podem ser divididas, de acordo com a localização do tumor, em centrais e periféricas. Os tumores localizados nos brônquios centrais manifestam-se mais frequentemente por tosse, escarros com sangue e pneumonias de repetição. Outros sintomas relacionados são dispneia, sibilo localizado e febre. Os tumores de localização periférica, por terem sua origem em vias aéreas de pequeno calibre, usualmente não provocam sintomas respiratórios significativos. Invasões diretas da parede torácica e mediastino são comuns, determinando o surgimento de dor, disfonia, síndrome de veia cava superior e paralisia frênica. O diagnósticodo câncer de pulmão é sugerido por manifestações clínicas e alterações radiográficas, devendo ser confirmado através de material colhido por broncoscopia, punção aspirativa com agulha fina, citologia do escarro, biópsia de linfonodo e outros. A classificação do câncer por extensão anatômica da doença é a melhor forma de determinar o tratamento mais adequado. O sistema TNM de classificação de tumores malignos, que é preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), é a mais utilizada. No sistema TNM, o T descreve o tamanho do tumor no sítio primário, o N descreve o envolvimento linfonodal, e o M descreve a presença de doença à distância (metástase). O Niely Carol Magalhães 32 estadiamento pode ser realizado com tomografia de tórax e de abdome superior, cintilografia óssea, ressonância nuclear magnética de sistema nervoso central, PET-CT (positron emission tomography/computed tomography), broncoscopia, broncoscopia com ultrassom endoscópico (EBUS), endoscopia com ultrassom endoscópico (EUS), mediastinoscopia, punção aspirativa com agulha fina ou biópsia cirúrgica de áreas suspeitas de comprometimento. O PET-CT é realizado não apenas para estadiamento, mas também para avaliar resposta ao tratamento e o prognóstico de vários tipos de tumores malignos, incluindo o câncer de pulmão. O PET-CT é indicado no estadiamento de pacientes potencialmente candidatos a tratamento cirúrgico curativo. A avaliação de linfonodos mediastinais, preferencialmente por mediastinoscopia, deve ser realizada rotineiramente nos pacientes candidatos à cirurgia, mesmo em pacientes com PET-CT negativo, para avaliação da presença de doença linfonodal N2 ou N3. O SUVmax (maximum standardized uptake value) é uma medida semiquantitativa da captação de fluordeoxiglicose (FDG) nos tecidos comprometidos pelo câncer. Esse parâmetro é o mais utilizado para avaliar a atividade metabólica do tumor e o seu aumento parece se correlacionar negativamente com o prognóstico. - FATORES PROGNÓSTICOS E PREDITIVOS: CLÍNICOS E MOLECULARES Todos os fatores medidos antes do tratamento e que têm impacto no desfecho da doença são definidos como fatores prognósticos. Estádio (TNM) inicial ao diagnóstico, bom PS (0 e 1), pouca perda ponderal (37 algumas cadeias linfonodais (5 e 6), e a necessidade de equipe experiente para obtenção de material de qualidade e quantidade satisfatória para análise cito e/ou histológica. 2. Mediastinoscopia – por meio de incisão torácica, é realizada a biópsia das cadeias linfonodais de interesse. Tem a vantagem de conseguir mostrar cadeias não alcançadas pela broncoscopia, e a desvantagem de tratar-se de procedimento mais invasivo e com maior morbidade que a broncoscopia. Após a análise dos exames de imagem, deve ser identificado algum ponto factível para realização de biópsia. Idealmente, deve-se sempre buscar o procedimento de menor complexidade e com menor morbidade para o paciente (p. ex., uma biópsia de linfonodo cervical facilmente palpável ao exame clínico é mais factível do que uma biópsia por agulha de uma lesão hepática). O estadiamento TNM para os carcinomas pulmonares, é mostrado a seguir: - T: Descrição do tumor primário: ➢ T1: tumor ≤ 3 cm circundado por pulmão ou pleura visceral e sem evidência broncoscópica de invasão mais proximal que o brônquio lobar. ➢ T2: tumor > 3 cm e ≤ 7 cm e/ou envolvimento do brônquio principal 2 cm ou mais distal à carina, e/ou invasão da pleura visceral, e/ou associação com atelectasia ou pneumonite obstrutiva que se estende à região hilar, mas não envolve todo o pulmão. ➢ T3: tumor > 7 cm ou tumor de qualquer tamanho que diretamente invada a parede torácica (incluindo tumor de sulco superior), diafragma, nervo frênico, pleura mediastinal, pericárdio parietal, ou tumor no brônquio principal a menos de 2 cm da carina, mas sem o seu envolvimento, atelectasia, pneumonite obstrutiva de todo o pulmão ou nódulos tumorais separados no mesmo lobo. ➢ T4: tumor de qualquer tamanho que invada mediastino, coração, grandes vasos, traqueia, nervo laríngeo recorrente, esôfago, carina, corpo vertebral (chamado T4 invasivo) ou nódulos tumorais separados em diferentes lobos ipsilaterais. - N: Envolvimento linfonodal ➢ N0: sem metástase em linfonodos regionais. ➢ N1: metástases em linfonodos peribrônquicos e/ou hilares ipsilaterais e linfonodos intrapulmonares. ➢ N2: metástases em mediastinal ipsilateral e/ou linfonodos subcarinais. ➢ N3: metástases em mediastino contralateral, hilo contralateral, escaleno ipsilateral ou contralateral ou linfonodos supraclaviculares. - M: Metástases Niely Carol Magalhães 38 ➢ M0: ausência de metástases à distância. ➢ M1a: nódulos tumorais separados em lobos contra-laterais, nódulos pleurais, ou derrame pleural ou pericárdico maligno. ➢ M1b: metástase à distância. OBJ 06: LOCALIZAR OS SÍTIOS METASTÁTICO DO CÂNCER DE PULMÃO Os locais mais frequentemente envolvidos por metástase, por ordem do mais visto pelo menos visto (FOCA): 1. Adrenais: vistas como aumento unilateral assintomático da glândula, visualizados à TC 2. Fígado: mais frequentes encontradas no carcinoma de pequenas células 3. Ossos: para o esqueleto, comprometendo costelas, corpos vertebrais e ossos longos 4. SNC: Podem atingir o cérebro, o cerebelo e as meninges. O carcinoma de pequenas células e o adenocarcinoma são os mais comumente envolvidos. Os sintomas podem ser focais (como convulsões) ou não focais (como cefaleia) O estadiamento linfonodal locorregional é importante, pois os linfonodos hilares e mediastinais consistem nos sítios mais comuns de disseminação do câncer de pulmão. Portanto, deve ser dispensada atenção especial para a pesquisa de metástases linfonodais. OBJ 07: DEFINIR E CARACTERIZAR CUIDADOS PALIATIVOS fonte: Inca.gov - DEFINIÇÃO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” Os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença. Apesar da conotação negativa ou passiva do termo, a abordagem e o tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento Niely Carol Magalhães 39 cirúrgico e radioterápico são essenciais para o alcance do controle de sintomas. Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessária a adoção precoce de condutas terapêuticas dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente frente a sua situação de incurabilidade. A abordagem dos Cuidados Paliativos para o câncer do colo do útero segue os princípios gerais dos Cuidados Paliativos, que são: ● Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes como astenia, anorexia, dispnéia e outras emergências oncológicas. ● Reafirmar vida e a morte como processos naturais. ● Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente. ● Não apressar ou adiar a morte. ● Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente, em seu próprio ambiente. ● Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte. ● Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto. Os cuidados paliativos se centram na qualidade e não na duração da vida. Oferecem assistência humana e compassiva para os pacientes que se encontram nas últimas fases de uma doença que não pode mais ser curada para que possam viver o mais confortavelmente possível e com a máxima qualidade. A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da vida: ela afirma a vida e não acelera nem adia a morte. Os cuidados paliativos focam na pessoa e não na doença, tratando e controlando os sintomas, para que os últimos dias de vida sejam dignos e com qualidade, cercado de seus entes queridos. Está também focada na família para a tomada de decisões. Os cuidados paliativos são realizados quando o tratamento curativo não está mais atuando, ou seja, quando deixa de fazer o efeito esperado de cura ou redução do tumor. Os cuidados paliativos podem ser realizados na casa do paciente, em um hospital ou unidade de saúde, ou em um hospice. Seu Niely Carol Magalhães 40 principal objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente no final da vida. A decisão para o início dos cuidados paliativos é uma decisão conjunta de paciente, familiares e médico. Um dos problemas com os cuidados paliativos é que, muitas vezes, ele é iniciado de forma tardia. Às vezes, o médico, o paciente ou a família rejeitam essa alternativa porque acreditam que dessa forma o paciente está desistindo ou que não existe mais esperança. Isso não é verdade. Se o paciente melhorar ou se a doença entrar em remissão, ele terá alta e continuará a realizar o tratamento contra o câncer. Mas o que os cuidados paliativos oferecem é uma vida de qualidade, possibilitando que o paciente viva melhor a cada dia durante os últimos estágios de uma doença avançada. Alguns médicos não mencionam nem oferecem cuidados paliativos, assim o paciente ou algum familiar pode questionar sobre o assunto. Se o seu tratamento não está respondendo mais e as opções terapêuticas são cada vez menores ou não existem mais opções, você pode pedir ao seu médico para iniciar os cuidados paliativos. - Tipos de suporte oferecidos em cuidados paliativos 1. controle dos sintomas - Como parte dos suportes oferecidos, os cuidados paliativos avaliam como o câncer está afetando o paciente e ajudam a aliviar os sintomas, a dor e o estresse. Oferecem opções