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HISTÓRIA CULTURAL E ANTROPOLOGIA 
 2 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................................ 3 
1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 
2.ANTROPOLOGIA ............................................................................................................... 5 
2.1ORIGENS ......................................................................................................................... 5 
2.2CONCEITO ....................................................................................................................... 6 
2.3OBJETIVOS DA ANTROPOLOGIA .................................................................................. 9 
2.4CAMPOS DE ATUAÇÃO .................................................................................................. 9 
2.5SOCIOLOGIA ................................................................................................................. 11 
2.6PSICOLOGIA .................................................................................................................. 12 
2.7ECONOMIA E POLÍTICA ................................................................................................ 12 
2.8OUTRAS CIÊNCIAS ....................................................................................................... 13 
2.10MÉTODO INDUTIVO .................................................................................................... 15 
2.11MÉTODO DEDUTIVO ................................................................................................... 15 
2.12MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO ............................................................................ 15 
2.13TÉCNICAS DE PESQUISA DA ANTROPOLOGIA ........................................................ 16 
3.PERSPECTIVAS DE ANÁLISE DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO ........................ 16 
3.1ANTROPOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA............................................................................... 16 
3.2ANTROPOLOGIA LINGUÍSTICA .................................................................................... 18 
3.3ANTROPOLOGIA PSICOLÓGICA .................................................................................. 19 
3.4ANTROPOLOGIA SOCIAL E CULTURAL ...................................................................... 20 
4.A ANTROPOLOGIA AO LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE ................................ 21 
4.1A PRÉ-HISTÓRIA ........................................................................................................... 21 
4.2PERÍODOS DA ANTROPOLOGIA .................................................................................. 23 
4.3PERÍODO DE FORMAÇÃO ............................................................................................ 23 
4.4PERÍODO DE CONVERGÊNCIA .................................................................................... 24 
4.5PERÍODO DA CONSTRUÇÃO ....................................................................................... 25 
4.6PERÍODO DA CRÍTICA .................................................................................................. 26 
5.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 28 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com 
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível 
superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e 
eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do 
serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A Antropologia é uma ciência “dos observadores capazes de observarem a si 
próprios.” (LAPLANTINE, 1998, p. 170) 
O homem como ser biológico, social e cultural vive em constante 
questionamento para entender o que somos a partir do espelho fornecido pelo “outro”. 
 A percepção que temos de nós é modificada quando nos “olhamos com olhos 
de ver” em relação aos outros e enxergamos de modo diferente ao observar que os 
outros conseguem fazer as mesmas coisas que nós fazemos, mas de modo diferente, 
isso nos induz a interrogarmos sobre as nossas próprias maneiras. 
Por exemplo, reflitam o que há de “apropriado” em comer com garfo e faca? 
Escovar os dentes após as refeições? Isso é mais natural que comer com as mãos, 
ou de não escovar os dentes? É “Natural” para nós, mas é para os membros de outra 
cultura? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
2. ANTROPOLOGIA 
2.1 Origens 
 
O estudo científico do homem foi constituído no século XVIII e adotou o nome 
de Antropologia. No zelo enciclopédico do século de luzes, Diderot deu conta de 
alguns significados do conceito, segundo os quais: Forma de se expressar dos 
escritores sagrados que atribuíam a Deus as partes, ações ou condições exclusivas 
dos homens. 
Na economia animal de Techmeyer e Drake (1739), Antropologia é definida 
como o estudo do homem (DIDEROT, 1785, p. 740). Os antecedentes do pensamento 
antropológico manifestam-se no acompanhamento do processo de colonização 
generalizada do mundo pelos europeus, a partir de 1492. Primeiro, foi a perplexidade 
ante o chamado “novo mundo”, após a conquista dos povos nativos e da colonização, 
compreendida como a imposição material, social e simbólica da Europa sobre os 
grupos indígenas. 
Buffon e Saint-Hilaire representam dois pensadores indiscutíveis do surgimento 
da Antropologia. O primeiro pode ser considerado o pioneiro do domínio da disciplina. 
Saint-Hilaire fez uma contribuição fundamental para o estudo dos elementos 
autoformativos da espécie humana. Pode-se considerar pioneiro o trabalho de Buffon, 
História natural, general y particular (BUFFON, 1794). 
No século XIX, houve uma intensa atividade científica pela qual se constituíram 
e estabeleceram as principais disciplinas científicas e suas práticas. A Antropologia 
não foi exceção e, ainda mais, foi um bom objeto de estudo para entender os 
processos institucionais da ciência. Assim, em 1799, Louis-François Jauffret e Joseph 
de Maimieux fundam em Paris a primeira sociedade antropológica Société des 
Observateurs de l’Homme (BRO-CA, 1870, apud HERNÁNDEZ, 2015). 
A palavra “antropologia” aparece pela primeira vez na academia do 
Renascimento francês. No entanto, como disciplina acadêmica é relativamente jovem. 
Suas raízes podem ser encontradas no Iluminismo do século XVIII e início do século 
XIX na Europa e na América do Norte. 
Na medida em que as nações europeias estabeleceram colônias em diversas 
regiões do planeta, e os norte-americanos expandiam-separa o Oeste e para o Sul 
 6 
 
 
 
dominando os territórios indígenas, ficou claro para os colonizadores que a 
humanidade era extremamente variada. 
A Antropologia começou, em parte, como uma tentativa dos membros das 
sociedades científicas de registrar objetivamente e compreender essa variação. A 
curiosidade relacionada com esses povos e seus costumes motivaram os primeiros 
antropólogos amadores. Por profissão, eles eram naturalistas, médicos, clérigos 
cristãos, ou exploradores. A partir da segunda metade do século XIX, a Antropologia 
foi considerada uma disciplina acadêmica nas universidades norte-americanas e 
ocidentais. Hoje, é uma ciência estudada no mundo inteiro (O’NEIL, 2013). Em suma, 
podemos definir Antropologia como uma ciência que objetiva descrever no sentido 
mais amplo possível o que significa ser humano (LAVENDA & SCHULTZ, 2014). 
 
2.2 Conceito 
 
Figura 1: Conceito de Antropologia. 
 
 Fonte: (SILVA, 2003). 
 
Antes de tudo, vamos analisar a etimologia da palavra “antropologia”. Esta é 
formada por dois radicais de origem grega: 
➢ “Anthropos”, que significa homem, e ‘logos’, que significa ciência. 
Assim, podemos dizer que ... 
 7 
 
 
 
 
 
 
✓ Mas o que isso quer dizer? 
✓ Qual o sentido de estudar o homem? 
✓ Qual homem é esse estudado pela Antropologia? 
✓ Como realizar o estudo do homem? 
✓ Antropologia é Ciência? 
✓ Como interpretar a sociedade a partir da Antropologia? 
✓ A quem serve a Antropologia? 
✓ Para que Antropologia? 
Todas essas perguntas vão sendo esclarecidas ao longo desta disciplina fim 
de que se possa aproveitar a discussão e levar um pouco dela para a vida profissional. 
 Inicia-se dizendo que a Antropologia propõe um olhar integral sobre o homem, 
que considere aspectos biológicos, sociais e culturais. Nesse sentido, cabe observar, 
analisar e compreender as inúmeras dimensões atribuídas aos seres humanos em 
sociedade, a fim de compreender suas modificações ao longo do tempo. 
Assim, François Laplantine (2003), em sua obra Aprender Antropologia, é mais 
preciso ao enfatizar o estudo do homem para além de um recorte temporal e territorial 
específicos, como diz 
 “A antropologia não é apenas o estudo de tudo que compõe uma sociedade. 
Ela é o estudo de todas as sociedades humanas (a nossa inclusive), ou seja, das 
culturas da humanidade como um todo em suas diversidades históricas” 
(LAPLANTINE, 2003, p. 12). 
O homem sempre foi um curioso de si próprio. E tendo estudado inicialmente a 
natureza, ele passou a observar, analisar e compreender o próprio homem por meio 
de métodos científicos importados das Ciências Biológicas até que as próprias 
disciplinas das Ciências Humanas desenvolvessem suas metodologias. Com isso, 
essas aprendizagens iniciais sobre o estudo do homem vão dando corpo a um saber 
cientifico sobre os seres humanos e seu modo de vida, possibilitando uma reflexão 
mais aprofundada em relação aos fenômenos das sociedades (Figura 2). 
Figura 2: A Antropologia - Um Olhar sobre as Sociedades. 
“Antropologia é o estudo do homem”. 
 
 8 
 
 
 
 
 Fonte: Fonte: (SILVA, 2003). 
 
Cabe enfatizar que a antropologia é um movimento epistemológico importante 
no pensamento cientifico, pois o homem deixa de se perceber como o “centro da 
humanidade” e passa a olhar o outro, a fim de acessar, conhecer, estudar e 
compreender o seu modo de habitar o mundo. Ou seja, perceber-se em meio a outros 
é um exercício de reflexão que nos desloca a compreender as múltiplas possibilidades 
de viver em sociedade, apreendendo que não cabe impor um único estilo de vida para 
todos os seres humanos. 
 
Figura 3: História da Antropologia. 
 
 Fonte: Fonte: (SILVA, 2003). 
 
 
 
 
 9 
 
 
 
2.3 Objetivos da Antropologia 
 
A Antropologia é uma Ciência – um estudo sistemático que visa, através da 
experiência, observação e dedução, produzir explicações contáveis de fenômenos, 
com referência ao mundo material e físico (WEBSTER’S NEW WORLD 
ENCYCLOPEDIA, 1993, p. 937). 
 Assim, o objetivo principal da Antropologia é estudar a sociedade humana, 
instituições sociais e cultura, em sua forma mais elementar. Além de ser útil para a 
compreensão das sociedades humanas atuais, contribui no conhecimento da história 
humana e natureza das instituições sociais. Portanto, a Antropologia Social está 
intimamente relacionada com a História e a Arqueologia (NEENA, 2011). 
Guerra (2018) complementa, afirmando que a Antropologia investiga as 
culturas humanas no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimento, suas 
semelhanças e diferenças. Tem seu foco de interesse voltado para o conhecimento 
do comportamento cultural humano, adquirido por aprendizado social. 
A partir da compreensão da variedade de procedimentos culturais dentro dos 
contextos em que são produzidos, a Antropologia, como o estudo das culturas, 
contribui para erradicar preconceitos derivados do etnocentrismo, fomentar o 
relativismo cultural e o respeito à diversidade. 
 
2.4 Campos de Atuação 
 
Quando perguntado o que eles fazem, a maioria dos antropólogos responde 
que estudam Antropologia Biológica, Arqueologia, ou alguma outra subdisciplina do 
campo. O âmbito da Antropologia é tão amplo hoje, que poucos se consideram 
competentes em todas as áreas. Em um extremo, antropólogos biológicos exploram 
os fatos relativamente objetivos e quantificáveis da Biologia Molecular e os 
mecanismos de herança genética e evolução. 
No outro, os antropólogos culturais abordam a realidade subjetiva das atitudes, 
percepções e crenças culturais (O’NEIL, 2013). Pela diversidade de assuntos 
tratados, a Antropologia tornou-se um conjunto de quatro campos ou disciplinas 
especializadas: 
 
 10 
 
 
 
 
• Antropologia Biológica ou Física: estuda as bases biológicas do comportamento 
humano, bem como a evolução do homem. Inclui disciplinas como a Genética, 
Paleoantropologia (estudos da evolução humana a partir de fósseis de hominídeos), 
Primatologia, Etologia, Sociobiologia etc. 
• Arqueologia: estuda vestígios materiais de culturas humanas desaparecidas, 
como ossadas, palácios, pirâmides, fortalezas, vias de comunicação, ferramentas etc.; 
busca conhecer o passado das sociedades humanas. Descreve o auge e a 
decadência de culturas e os fatores que influenciaram o seu desenvolvimento. A 
Antropologia contribui na explicação das práticas culturais, tais como guerra, caça, 
horticultura, estratificação social etc. 
• Antropologia Linguística: estuda a variedade de línguas faladas pelo homem, a 
sua função e origem, bem como a influência da linguagem na cultura e vice-versa. 
• Antropologia Cultural ou Social: o estudo comparativo das sociedades 
humanas: sua variabilidade cultural, estilos de vida, práticas, costumes, tradições, 
instituições, normas e códigos de conduta do passado e do presente (FERNANDEZ, 
2014). 
A Antropologia, embora autônoma, relaciona-se com outras ciências, trocando 
experiências e conhecimentos. Como ciência social, oferece e recebe dados teóricos 
e metodológicos da: 
• Sociologia; 
• História; 
• Psicologia; 
• Geografia; 
• Economia; 
• Ciência Política. 
Como ciência biológica ou natural liga-se: 
• Biologia; 
• Genética; 
• Anatomia; 
• Fisiologia; 
• Embriologia; 
• Medicina. 
 11 
 
 
 
Também a Geologia, a Zoologia, a Botânica, a Química e a Física vêm 
oferecendo indispensável contribuição aos estudos antropológicos na busca da 
compreensão dos problemas comuns a todas essas disciplinas. 
A Antropologia,considerada a mais jovem das ciências, teve que aguardar o 
desenvolvimento dos conhecimentos ligados à Geologia, à Genética, à Biologia, à 
Sociologia para que pudesse se desenvolver. Pode-se afirmar que, somente após os 
conhecimentos da célula e da evolução terem sido formulados e aplicados ao homem, 
é que a Antropologia se sistematizou e progrediu como ciência do homem. 
Mantém relações interdisciplinares mais íntimas com as ciências que centram 
seu interesse especialmente no estudo do homem e que emprestam a ela os dados 
pesquisados e acumulados em relação a todos os aspectos da existência humana: 
Sociologia, Psicologia, Economia Política, Geografia Humana, Direito e História. 
A Antropologia vem firmando-se como ciência do homem que exige, cada vez 
mais, a cooperação entre os seus especialistas e os de outras ciências, pois cada 
série de problemas requer a utilização de métodos específicos altamente técnicos. 
 
2.5 Sociologia 
 
De todas as ciências sociais, a Sociologia é a que mantém relações mais 
íntimas com a Antropologia, em função de seus interesses teóricos e práticos, 
salvaguardando a especificidade de cada uma. Antropólogos e sociólogos 
emprestam-se mutuamente os dados obtidos nas pesquisas, que passam a ter, com 
esses especialistas, tratamento teórico adequado. 
Antropologia e Sociologia auxiliam-se na compreensão do caráter global do 
homem, enquanto reunido em sociedade. A primeira empresta o seu conceito de 
cultura, largamente utilizado pela Sociologia, que, por sua vez, enfatiza o conceito de 
sociedade. Como afirma o antropólogo Kluckhohn (1972, p. 284), “a abordagem 
sociológica tem-se inclinado para o que é prático e presente, a antropológica, para o 
que é pura compreensão e passado”. Ambas se valem de: 
• Teorias; 
• Conceitos; 
• Métodos; 
• Técnicas desenvolvidos pelos seus especialistas. 
 12 
 
 
 
 
2.6 Psicologia 
 
As relações entre essas duas ciências são bastante estreitas, uma vez que 
ambas têm como foco de interesse o comportamento humano. A Antropologia 
ocupa-se do comportamento grupal, e a Psicologia, do comportamento individual. 
Os antropólogos buscam, nos dados levantados pelos psicólogos, explicações 
para a complexidade das culturas e do comportamento humano e para a interpretação 
dos sistemas culturais relacionados com os tipos de personalidade correspondentes. 
Indagam-se, assim, quais seriam os motivos da conduta social e qual o papel da 
cultura no processo de adaptação humana. 
Fatores biológicos, ambientais e culturais são as variáveis explicativas das 
diferenças individuais que determinam os diversos tipos de personalidade básicos das 
culturas. Na tarefa de proceder a esse conhecimento, antropólogos e psicólogos 
auxiliam-se mutuamente, fornecendo dados que propiciam a compreensão de 
problemas comuns. 
 
 2.7 Economia e política 
 
As relações interdisciplinares com a Economia e a Política são justificadas, 
uma vez que a Antropologia, ao se preocupar com a globalidade da cultura, enfatiza 
o conhecimento das instituições econômicas e políticas. Todo grupo humano, por mais 
simples que seja, tem sua organização econômica sistematizada, com base nos 
recursos disponíveis e no trabalho realizado. 
A Economia, tendo criado uma série de teorias, é capaz de explicar, de modo geral, 
todo o procedimento econômico humano. Por outro lado, a Antropologia, 
documentando numerosos sistemas existentes na Terra, tem uma perspectiva mais 
ampla das organizações econômicas. Desse modo, ambas podem trocar informações 
valiosas para a melhor compreensão desse setor da cultura. Toda sociedade se 
organiza politicamente por meio de um complexo de instituições que regula o poder, 
a ordem e a integridade do grupo. 
Nas sociedades simples, a organização política varia muito, relacionando-se 
quase sempre com o ritual, o sagrado e os laços de parentesco. Antropólogos e 
 13 
 
 
 
cientistas políticos encontram um ponto em comum. Se, por um lado, a Política se 
desenvolveu no sentido de compreender as várias modalidades de formas de governo 
e de Estado, por outro, os focos de interesse da Antropologia, sob esse aspecto, são 
imensos. O intercâmbio de ideias enriquece o campo das duas ciências do homem. 
 
2.8 Outras ciências 
 
A História permite a reconstrução das culturas que já desapareceram, 
indagando, muitas vezes, sobre as origens dos fenômenos que se relacionam com o 
homem. 
Por meio da Etno-história, é possível a reconstrução de culturas ágrafas do 
presente que estiveram ou estão em contato com a civilização. A contribuição da 
Geografia Humana aos estudos antropológicos é inestimável, interessando-se 
ambas pela adaptação do homem e pela modificação do meio ambiente. 
O geógrafo estuda as mudanças do habitat provocadas por tecnologias novas, 
por inovações culturais etc. O estudo do meio físico de um grupo tribal é foco de 
atenção tanto do antropólogo quanto do geógrafo humano. 
O conhecimento da Biologia, em geral, e da Biologia Humana, em especial, 
deve fazer parte da formação do antropólogo físico, que tem seu interesse centrado 
na evolução do homem. Antropologia e Biologia mantêm íntimas relações que 
facilitam sobremaneira a tarefa dos seus especialistas. 
As ciências auxiliares, em geral, que se interessam por variadas áreas de 
experiência humana estão em condições de dar respostas adequadas a questões e 
problemas específicos. 
Além dessas, várias outras ciências como a 
• Geologia 
• Paleontologia 
• Metalurgia 
• Arquitetura 
• Engenharia 
• Zoologia 
• Botânica 
• Fisiologia 
 14 
 
 
 
• Anatomia 
• Farmacologia 
• Astronomia 
• Artes. 
Em geral, todas ciências podem colaborar com o antropólogo nas suas mais 
variadas atividades. 
 
2.9 Metodologia da Antropologia 
 
O propósito da ciência é criar conhecimento científico. Conhecimento científico 
refere-se a um corpo generalizado de leis e teorias para explicar um fenômeno ou 
comportamento adquiridos usando o método científico. As leis são padrões 
observados de fenômenos ou comportamentos, enquanto as teorias são explicações 
sistemáticas do fenômeno ou comportamento. 
Por exemplo: 
 
A estratégia utilizada em qualquer pesquisa científica fundamenta-se em uma 
rede de pressupostos ontológicos e da natureza humana que definem o ponto de vista 
que o pesquisador tem do mundo que o rodeia. Esses pressupostos proporcionam as 
bases do trabalho científico, fazendo que o pesquisador tenda a ver e a interpretar o 
mundo sob determinada perspectiva. É absolutamente necessário que possam ser 
identificados os pressupostos do pesquisador em relação ao homem, à sociedade e 
ao mundo em geral. Fazendo isso, pode-se identificar a perspectiva epistemológica 
utilizada pelo pesquisador. Essa perspectiva orientará a escolha do método, 
metodologia e técnicas a serem utilizados em uma pesquisa. 
 
Em Física, as leis de movimento de Newton descrevem o que acontece quando 
um objeto está em um estado de repouso ou movimento (a primeira lei de Newton), 
a força necessária para mover um objeto em repouso ou deter um objeto em 
movimento (a segunda lei de Newton) e o que acontece quando dois objetos 
colidem – ação e reação (terceira lei de Newton). 
 15 
 
 
 
2.10 Método indutivo 
 
A indução é um processo pelo qual, partindo de dados ou observações 
particulares constatadas, podemos chegar a proposições gerais. 
Por exemplo; 
 
 
 
 
 
Assim, o método indutivo parte de premissas dos fatos observados para 
chegar a uma conclusão que contém informações sobre fatos ou situações não 
observadas. O caminho vai do particular ao geral, dos indivíduos às espécies, dos 
fatos às leis.As premissas que formam a base da argumentação (antecedentes) 
apenas se referem a alguns casos. A conclusão é geral, utilizando o pronome 
indefinido todo. 
Segundo Lakatos e Marconi (1983, p. 48), para não cometer equívocos, 
impõem-se três etapas que orientam a processo indutivo: 
1. Certificar-se de que é essencial a relação que se pretende generalizar; 
2. Assegurar-se de que sejam idênticos os fenômenos ou fatos dos quais se 
pretende generalizar uma relação; 
3. Não perder de vista o aspecto quantitativo dos fatos – impõe-se essa regra, 
já que a ciência é essencialmente quantitativa. 
 
2.11 Método dedutivo 
 
Tal método faz o caminho oposto ao método indutivo. Enquanto o método 
indutivo parte de casos específicos para tentar chegar a uma regra geral (o que, 
muitas vezes, leva a uma generalização indevida), o método dedutivo parte da 
compreensão da regra geral para então compreender os casos específicos. 
 
2.12 Método hipotético-dedutivo 
 
Este gato tem quatro patas e um rabo, esse tem quatro patas e um rabo. Os gatos 
que eu tenho visto têm quatro patas e um rabo. Assim, pela lógica indutiva, posso 
afirmar que todos os gatos têm quatro patas e um rabo. 
 
 
 16 
 
 
 
O método hipotético-dedutivo deve seu nome a duas fases fundamentais da 
pesquisa: a formulação da hipótese e a dedução de consequências que deve ser 
contrastada com a experiência. Surge de uma crítica profunda ao indutivismo 
metodológico. Esse método pressupõe o uso de inferências dedutivas como teste de 
hipóteses. 
 
2.13 Técnicas de pesquisa da Antropologia 
 
No campo biológico, são utilizadas técnicas clássicas da Antropologia Física, 
ou seja, a mensuração, ao lado de outras mais modernas, de datação. 
Para tanto, a coleta intensiva de dados vem sendo feita há mais de um século, 
usando-se a mensuração como principal técnica no trato desse material. As 
informações descritivas das medidas antropométricas (cabeça, rosto, corpo, 
membros) são o primeiro passo para o conhecimento do material investigado. Quando 
se trata de restos fósseis, as técnicas usadas são as de datação. 
No campo cultural, o antropólogo desenvolve recursos e técnicas de pesquisa 
ligados à observação de campo. Este é o seu laboratório, onde aplica a técnica da 
observação direta, que se completa com a entrevista e a utilização de formulários para 
registro de dados. 
 
 
3. PERSPECTIVAS DE ANÁLISE DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO 
 
Campo de Estudos da Antropologia - subconjuntos que traçam as 
perspectivas de análise que compuseram o desenvolvimento da disciplina: 
 
3.1 Antropologia Pré-Histórica 
 
Os estudiosos da área de antropologia se interessam pela pesquisa dos seres 
humanos existentes, mas também daqueles que já deixaram de existir. Denominamos 
Antropologia pré-histórica o estudo que busca reconstituir e entender as sociedades 
antepassadas, por meio de vestígios materiais da presença humana enterrados no 
solo. Essa perspectiva de análise da Antropologia, preocupada com sociedades que 
 17 
 
 
 
não existem mais, ganhou métodos, conceitos e aporte teórico próprios, sendo 
intitulada de Arqueologia. 
Sabe-se que os homens se adaptaram em meio a transformações em seus 
organismos, e eles tiveram de lidar ao longo de 2 milhões de anos. Dessa maneira, 
cabe aos arqueólogos desvendar e explicar as mudanças que ocorreram nas 
sociedades por meio de registros arqueológicos, sendo eles materiais, peças, 
artefatos que constituíram o modo de vida desses antepassados. A partir desses 
materiais, os arqueólogos vão propor hipóteses e teorias sobre como as sociedades 
se desenvolveram ao longo do tempo, além de compreenderem as características 
culturais pertencentes aos povos e grupos que deixaram de existir. Nesse sentido, 
conhecer a cultura de uma sociedade que não mais existe a partir dos seus vestígios 
materiais permite acessar elementos que compõem a identidade dessa sociedade. 
Como o arqueólogo Pedro Funari (2013, p. 101) reforça sobre essa disciplina, “a 
criação e a valorização de uma identidade nacional ou cultural relacionam- -se, muitas 
vezes, com a Arqueologia”. 
A metodologia utilizada para esse trabalho também é científica, uma vez que a 
disciplina estabelece procedimentos sistemáticos para acessar os objetos e 
desenvolve um arcabouço teórico para interpretar a relação entre esses objetos e os 
antepassados. Conforme Bahn e Renfren (1998), os passos e técnicas empregadas 
na Arqueologia envolvem: o levantamento de informações sobre o local, que pode ser 
através da escrita ou da oralidade; a prospecção do local, que são intervenções no 
subsolo para buscar primeiros vestígios materiais para definir a área de interesse; a 
escavação da área, que pode ser realizada com a utilização de instrumentos elétricos 
ou mesmo com a ajuda de objetos usando a força humana; e a análise arqueológica, 
que é quando os materiais, encontrados nos sítios arqueológicos, são levados para 
análise no laboratório. 
Esses locais onde ocorre o trabalho de campo são os chamados sítios 
arqueológicos. Nesses sítios, existem indícios de ocupação humana no passado, e, a 
partir de uma pesquisa arqueológica, podem ser encontrados diversos materiais que 
denotam a vida de sociedades antepassadas, como: 
 
• Ossos humanos, 
• Artesanatos, 
 18 
 
 
 
• Cerâmicas, 
• Pedras, 
• Representações rupestres, 
• Restos de alimentos, entre outros. 
Sobre esses “dados”, o arqueólogo Gordon Childe (1961, p. 11) lembra que 
“Todos os dados arqueológicos constituem expressões de pensamentos e de 
finalidades humanas e só tem interesse como tal”. Assim, analisando o material 
colhido, tanto de cunho cultural como biológico, é possível compreender as mudanças 
e proximidades entre o modo de vida dessas sociedades com as culturas atuais. 
Nesse sentido, até mesmo o avanço tecnológico pode ser estudado por meio dos 
instrumentos e ferramentas descobertas, como as lanças feitas de pedras lascadas. 
 
3.2 Antropologia Linguística 
 
Uma das principais questões que diferencia os animais dos seres humanos é a 
linguagem. Ainda que os animais emitam som em sua comunicação, há um limite 
nesse alcance comunicativo. Já a complexa linguagem humana é um atributo 
relevante do desenvolvimento dos seres humanos, uma vez que, através dela, 
acessamos o modo como os indivíduos vivem e se relacionam. 
Segundo a teoria da gramática universal (VITRAL, 1998), existem aspectos 
sintáticos da linguagem que são comuns a todas as línguas do mundo. Então, essa 
linguagem permeia uma gramática bastante desenvolvida há milhares de anos, o que 
torna possível refletir sobre as características universais da língua, que se difundem 
pelas culturas existentes. 
Um profundo estudioso no assunto, o antropólogo e linguista alemão Edward 
Sapir fez uma análise, em sua obra Language (1921), de que as próprias culturas 
poderiam ser pensadas como linguagens, uma vez que ele estava interessado 
justamente em como as formas culturais – e então as linguagens – são apropriadas e 
recriadas para expressar a comunicação de outras sociedades. Cabe perceber que 
até uma mesma língua, como o português, por exemplo, pode ter variações 
interpretativas e utilizações de palavras com formas distintas a partir das mudanças 
de sons, diferenças gramaticais e de vocabulário. 
 19 
 
 
 
 Assim, também é possível fazer a reconstituição de línguas antigas com- 
parando com a linguagem dos descendentes contemporâneos, traçando, então, um 
paralelo cultural histórico e desvendando relações entre sociedades que 
estabeleceram trocas culturais e influenciaram umas às outras. Pela linguagem, 
descobre-se como os povos avaliam,classificam, separam e percebem o que está em 
torno deles, sendo que esse modo de ver o mundo traz a especificidade cultural e até 
mesmo as relações desta sociedade com as outras que foram contemporâneas a ela. 
Ao mesmo tempo, questões culturais que envolvam os estudos de linguagem podem 
ser estudadas e aprofundadas por outras disciplinas. Uma dessas áreas, que a 
pesquisa sobre o assunto pode ser bastante frutífera, é a área da Educação, como diz 
Collins (2015, p. 1197): 
 
 
 
 
 
3.3 Antropologia Psicológica 
 
Nessa perspectiva de análise do pensamento antropológico, foi abordado o 
estudo dos processos e funcionamento do psiquismo dos anos 70, levando em 
consideração que as ocorrências culturais e sociais incidem na psicologia individual e 
nos fundamentos psicológicos de comportamentos. Por muito tempo, a ideia 
interessada era justamente da relação entre a mente e o mundo, pois não haveria 
como os indivíduos interagirem com esse mundo sem as suas mentes. Assim, os 
antropólogos evidenciaram a questão da psique para estabelecer seus estudos, como 
explica Laplantine (1988, p. 11): 
 
 
 
 
 
 
O campo da antropologia linguística, por causa de sua ênfase no significado 
interacional situado e seu estudo intensivo de eventos comunicativos e princípios 
estruturantes interventor, tem contribuições especificas para dar à pesquisa 
educacional sobre práticas de letramento. 
De fato, o antropólogo é em primeira instância confrontado não a conjuntos 
sociais, e sim a indivíduos. Ou seja, somente através dos comportamentos – 
conscientes e inconscientes – dos seres humanos particulares podemos 
apreender essa totalidade sem a qual não é antropologia. É a razão pela qual a 
dimensão psicológica (e também psicopatológica) é absolutamente indissociável 
do campo do qual procuramos aqui dar conta. Ela é parte integrante dele. 
 20 
 
 
 
Ao mesmo tempo, existem processos corpóreos, como deficiências, 
convulsões e até doenças, que podem ser percebidos, por indivíduos e seus grupos 
sociais, como resultado de acontecimentos de fenômenos culturais baseados em suas 
crenças e valores das sociedades, como má sorte, olho gordo, feitiço, entre outros. 
Entretanto, para esses povos e culturas, seria desconsiderado as explicações da 
biologia e da natureza, pois a única explicação que faz sentido nesse seu arcabouço 
cultural é relativa às suas vivências culturais e seus modos de vida. 
Logo, os estudos possibilitados por essa perspectiva envolvem a interação dos 
processos culturais e mentais, de modo que a forma de perceber e de se relacionar 
com o mundo remetem pela biologia do indivíduo. Assim, cabe estudar como os 
processos biológicos e psicológicos também embasam a constituição dos fenômenos 
sociais expressos pelas relações entre indivíduos e grupos sociais. 
 
3.4 Antropologia Social e Cultural 
 
 No final do século XIX, o foco se dá no estudo, descrição e análise dos 
comportamentos sociais e estrutura social que caracterizam as diferentes sociedades 
existentes. Interessa, nessa perspectiva de análise do pensamento antropológico, 
tudo o que diz respeito à religião, às criações artísticas, às crenças, aos valores, à 
produção econômica, ao parentesco, às vestimentas, aos gostos, à alimentação, entre 
outros. 
Como nos lembra Marconi e Pressotto (2010), nado há diferencia substancial 
entre o “cultural” e o “social”, mas cabe dizer que os antropólogos ingleses estavam 
mais voltados para a Antropologia Social, e os americanos do o preferência à 
Antropologia Cultural. Podemos dizer que a vantagem dos estudos de culturas e 
sociedades contemporâneas é a possibilidade de o pesquisador conviver em meio 
aos seus membros para acessar, conhecer e registrar o seu modo de vida. Logo, é 
desenvolvida uma metodologia especifica a fim de registrar e analisar os atributos 
culturais que interessam ao pesquisador. Trata-se da etnografia. Magnani (2010, p. 
135) define a etnografia como: 
 
 
 
[...] é uma forma especial de operar em que o pesquisador entra em contato com o 
universo dos pesquisados e compartilha seu horizonte, não para permanecer lá ou mesmo 
para atestar a lógica de sua visão de mundo, mas para, seguindo-os até onde seja 
possível, numa verdadeira relação de troca, comparar suas próprias teorias com as deles 
e assim tentar sair com um modelo novo de entendimento ou, ao menos, com uma pista 
nova, não prevista anteriormente. 
 21 
 
 
 
 
 
 
Desse modo, a etnografia não é só um convívio desinteressado com o outro, 
pelo contrário, trata-se de um processo metodológico de busca, convivência e 
compreensão de modos de vida diferentes dos nossos. Essa relação de troca entre o 
pesquisador e o pesquisado, permite-nos acessar os meandros da vida social de 
culturas que pouco ou nada sabíamos possibilitado pelo “encontro etnográfico” 
(OLIVEIRA, 1998), no qual ambos interlocutores trocam ideias sobre o mundo em que 
vivem. Assim, o etnográfico observa, mas também participa dessa relação com o 
outro, que é referenciada pelo encontro entre seus horizontes. 
Desse encontro, cabe realizar registros escritos em diários de campo para 
compor o material de análise. A própria etimologia da palavra etnografia infere a ideia 
de escrever sobre um povo. Juntamente a essa escrita, ainda é possível realizar 
entrevistas com alguns interlocutores, fotografar dança, rituais e outras performances 
pertinentes ao estudo, formular organogramas sobre a estrutura da sociedade 
estudada, tudo isso a fim de produzir materiais complementares e facilitar as 
interpretações em relação ao modo de vida do outro. 
Entretanto, essa perspectiva de análise da Antropologia ainda se ramifica na 
etnologia, que tem como objetivo examinar, analisar e, principalmente, comparar 
dados registrados de diferentes sociedades, a fim de propor generalizações sobre a 
sociedade e a cultura. Com essas comparações e contrastes, cabia destacar 
diferenças e similaridades para refletir sobre os sistemas sociais e culturais. 
 
4. A ANTROPOLOGIA AO LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE 
4.1 A Pré-História 
 
A pré-história da antropologia tem origem, os séculos XV e XVI, nessa época 
as informações, acerca de outros povos distantes, eram dadas por viajantes. Nessa 
ocasião, cogitaram duas ideologias adversárias. A primeira defendia a ideia de que os 
povos primitivos eram selvagens, não tinham história, nem costumes culturais. Eles 
não tinham tudo o que defensores apresentavam ter. No caso da segunda ideia 
ressaltavam os aspectos desses povos em relação o que conseguiram desenvolver e 
 22 
 
 
 
organizar; os sistemas políticos e econômicos se apresentavam em melhores 
condições em harmonia com a natureza que os outros não conseguiram. No século 
XVI, alguns dos pensadores interrogaram se os bárbaros, não eram eles, como afirma 
Francois Laplantine (2000), que defendiam a “ingenuidade original” do estado de 
natureza. Podemos perceber o quanto por trás dessas duas posições há uma visão 
sobre o Ocidente, uma visão negativa, de recusa do estranho. Aqueles que viam as 
virtudes dos povos tradicionais tinham uma visão negativa do Ocidente. Para concluir 
o despontar da Antropologia como ciência está relacionado ao contexto com a 
intenção de buscar diferentes formas de vida, que ajude a ver as coisas do mundo 
como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma 
transformação. Mas, este é um aprendizado que deve ser executado a partir da 
problematização, analisando os pressupostos, ideias, convenções, escrita, formas de 
representar a alteridade – O conceito do ocidental de alteridade girou nos últimos 
séculos entre dois polos; se imagina uma alteridade, sobre o Outro, e, logo sobre simesmo, uma ilusória. O Outro é a referência tomada como motivo, para legitimar 
práticas de exploração econômica, militares, políticas, de conversão religiosa ou de 
emoção estética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Antropologia mostrou o lugar e a posição do Homem através do 
estabelecimento de escalas, parâmetros e conceitos que comprovaria e determinaria 
ao que se cabe à categoria Homem e por conseguinte, de humano. 
 
 
 
 
 
➢ Saiba Mais: 
Conceito de Alteridade: A Antropologia é conhecida como ciência da 
alteridade, porque tem como objetivo o estudo do Homem na sua plenitude 
e dos fenômenos que o envolvem. Com um objeto de estudo tão vasto e 
complexo é imperativo pode estudar as diferenças entre várias culturas e 
etnias. Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do outro, 
ela assume um papel essencial na antropologia. 
➢ Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v19n3/v19n3a04 
 23 
 
 
 
Figura 4: Evolução do homem. 
 
 Fonte: (SILVA, 2003). 
 
4.2 Períodos da Antropologia 
 
Como toda ciência, não existe uma data específica para o nascimento da 
Antropologia. Seu nascimento se dá sempre por um processo lento que implica em 
criação, acumulação e reformulação de conhecimento. 
 
4.3 Período de formação 
 
Este período começa com a própria cultura da humanidade. Diz respeito com 
toda reflexão do homem sobre si e sobre o universo que o cerca. A preocupação com 
a origem, a realidade e o destino do Homem sempre esteve presente em todos os 
povos e sociedades, das mais primitivas às mais modernas. 
Como afirma Mercier apud Mello (1982, p.180 ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[...] o fato importante é que toda sociedade, tendo ou não atingido a fase cientifica, 
construiu uma Antropologia a seu jeito: toda organização social, toda cultura tem 
sido interpretada pelos homens que dela participa; e mais, as próprias noções de 
organização social e de cultura podem, elas mesmas, ser objeto de reflexão. Sob 
este ponto de vista a pré-história da Antropologia é longa, tão longa quanto a 
história da humanidade. Esta Antropologia espontânea não pode ser separada do 
conjunto de interpretações que o homem elabora a respeito de sua própria 
condição e está em geral ligada a uma cosmologia. Uma ou outra figuram como 
temas de estudos da Antropologia científica e certas escolas de pesquisa dão uma 
importância especial a este aspecto da realidade sociocultural. (MERCIER apud 
MELLO, 1982, p.180 ). 
 24 
 
 
 
4.4 Período de convergência 
 
 Mercier (1982), considera esse período como o período de construção. Ele 
considera que existe uma unidade em torno do conceito de evolução, desde o 
segundo quartel do século XIX. Até o limiar do século XX. Este conceito de evolução, 
entre 1830 e 1840, está sempre presente, animando as pesquisas e reflexões nos 
domínios mais diversos como a Biologia, Sociologia e Filosofia, o que dará a Antro-
pologia o seu primeiro impulso e ao período que se estende até quase o final do século 
sua unidade. Alguns autores ignorarão ou recusarão o evolucionismo, deste modo 
surgirão temas menores que só tomarão amplitude no século seguinte, mas a maioria 
o reenvidará. 
Robert Harry Lowie (1946), deu-lhe um lugar de destaque entre os pais da 
Antropologia. Pode-se situar o final deste período por volta de 1896, quando foi 
apresentada a comunicação de Franz Boas (1896), intitulada The Limitations of 
Comparative Method in Anthopology (Limitações do método comparativo na 
Antropologia). É a primeira contestação vigorosa aos métodos utilizados até então, 
pela quase totalidade dos antropólogos, estreitamente ligados às teses evolucionistas; 
é acompanhada de uma tentativa de definição de métodos mais realistas e seguros 
para a abordagem do estudo dos fatos socioculturais. 
A razão do título deste segundo período – de convergências – está no 
fenômeno que teve início no terceiro decênio do século XIX. Na verdade, Barbachano, 
é quem levanta a questão no seguinte enunciado: as variadas formulações sobre a 
sociedade e a cultura surgida na Europa, nos séculos XVIII e XIX, convergem para 
três objetivos comuns ou seja: a origem, a idade e a mudança. 
Outro fato marcante desse período foi o surgimento de várias revisas e 
numerosas associações científicas. Neste período foram fundadas, entre outras, as 
seguintes associações científicas: Société d’Ethnologie (1839) e Société 
d’Anthropologie (1859). Tais sociedades e outras similares podem ser chamadas de 
científico-humanitárias se considerarmos que o motivo de sua criação e até os 
recursos para a sua manutenção estavam ligados a um sentimento de humanitarismo 
com relação aos povos ditos “primitivos” até então espoliados pelas nações europeias. 
Houve uma preocupação, senão de todo explícita, ao menos implícita, de proteger os 
povos primitivos da sanha imperialista que até então tinham sido vítimas. 
 25 
 
 
 
Desde essa época, o antropólogo de campo passou a ser visto como um amigo 
dos povos primitivos. Em tais sociedades discutem-se a necessidade de proteger a 
cultura nativa. Desconfiamos que essa preocupação que até hoje perdura não era 
tanto em face dos direitos dos nativos, mas, em parte, refletia o medo de extinção 
daqueles povos ameaçando a própria Antropologia. Afinal, a primitividade e a cultura 
desses povos, eram como de um videoteipe da própria evolução humana. Ali estava 
o Homem como vivera nos estágios inferiores da evolução. Nomes de realce deste 
período são muitos: Darwin, Tylor, Herbert Spencer, Conter, Paul Broca e muitos 
outros. 
 
4.5 Período da construção 
 
As associações e sociedades de Antropologia surgem em toda parte. O que 
distingue este período do anterior é o fato de em 1869, haver aparecido a obra clássica 
sobre evolução biológica, A origem das espécies, de Charles Darwin. Nesse período 
é que o evolucionismo alcança seu apogeu como teoria. Convém notar que é aí onde 
nasce a moderna Antropologia. Seu fundador, Edward Tylor, é evolucionista e seus 
seguidores também. Essa orientação teórica marca todo restante do século e ainda 
consegue tomar um certo alento no segundo quartel do século XX, com nomes 
expressivos, como Gordon Childe e Leslie White. Tylor inaugura esta fase com a 
publicação da obra em 1871, Cultura primitiva. Nesta Tylor procura com a utilização 
do método comparativo, mostrar a evolução pela qual passou a religião através dos 
tempos. Outra obra marcante foi a do norte americano Lewis Morgan, A sociedade 
Primitiva. Este procurou estabelecer o caminho seguido pela organização familiar 
através dos vários estágios de desenvolvimento. 
Edwart Tylor é o nome mais importante da Antropologia Cultural desse período. 
Foi ele quem definiu o termo cultura e a apresentou-a como objeto da Antropologia, 
dando-lhe uma sistematização tanto no seu objeto como no seu método: Lewis 
Morgan, também merece seu realce. É dele o clássico esquema da evolução cultural 
(selvageria, barbárie e civilização); igualmente importante é o nome de James George 
Frazer, que também se dedicou ao estudo do fenômeno religioso. 
 
 26 
 
 
 
4.6 Período da crítica 
 
O período da crítica tem início em 1900, e se arrasta até hoje. É, sem dúvida, 
o período mais fecundo da Antropologia. Os cânones iniciais da Antropologia foram 
criticados. Novas abordagens foram propostas. Houve um avanço formidável também 
nas ciências paralelas. Os meios de comunicação progrediram gradativamente 
permitindo, assim, uma divulgação e comunicação de ideias mais eficientes. A 
educação foi mais democratizada. O movimento universitário cresceu. A Antropologia 
passou a ser disciplina obrigatória em muitas universidades. Em1908, a Universidade 
de Liverpool introduz a primeira cátedra de Antropologia Social na Grã-Bretanha. 
A preocupação com o desaparecimento dos povos primitivos levou uma parcela 
de estudiosos a se empenhar numa tarefa, aparentemente de menor importância, de 
coletar e registrar dados sem uma maior preocupação teórica. Este trabalho é 
conhecido como etnografia – a descrição dos costumes dos povos. Sabe-se, no 
entanto que, dificilmente o trabalho etnográfico pode ficar despido de uma conotação 
teórica. No momento em que se passa a registrar os elementos da cultura, mister se 
faz uma sistematização. Exigindo uma compreensão do fenômeno cultural, uma teoria 
a respeito da cultura. Este trabalho foi realizado brilhantemente pela escola americana 
e teve como nome inspirador Franz Boas apud Mello, 1982, p. 195. 
Outra orientação estimulante na Antropologia foi a de orientação psicológica 
que encontrou nos Estados Unidos, seu campo mais fértil. Alguns antropólogos 
também dedicaram parte de seus esforços ao estudo da linguística. Ainda com 
respeito aos estudos antropológicos nos EUA. É de salientar o caráter de estudo e 
pesquisa de campo. Isso não significa que na Europa não tenha havido. Na Inglaterra, 
por exemplo, o trabalho de campo encontrou em Malinwski um grande expoente. Foi 
certamente o maior e o mais metódico pesquisador de campo. Formou muitos 
discípulos na difícil tarefa da pesquisa de campo. Curiosos por observar e na 
Inglaterra, foi muito comum a prática de estudos ou trabalho de campo servirem para 
a iniciação dos novos antropólogos. Uma pesquisa de campo era o coroamento da 
formação do antropólogo. 
Desse período também, observamos a evolução da escola funcionalista de 
Malinwski. O funcionalismo da escola de Malinwski não é igual ao que existia até então 
na Sociologia. Ele apresenta uma nova visão, alvo de críticas, mas é inegável ter 
 27 
 
 
 
aberto uma nova orientação nos estudos antropológicos. A Inglaterra, também, nos 
deu outro nome que muito se aproximava do francês Émile Durkheim; trata-se do 
funcionalismo de Radcliffe-Brown. Este falava de estrutura social e seria o criador do 
estruturalismo inglês que se aproxima do estruturalismo francês de Lévi-Strauss. 
A França aparece neste período com uma superescola de Antropologia, e seu 
maior nome é Lévi-Strauss, nem tanto por sua validade e originalidade, mas 
principalmente por suas ambições de abrangência teórica e amplitude de seu objeto 
de estudo. Essa escola traz a marca francesa - teoria bem elaborada, mas assaz 
deficiente no que diz respeito aos métodos e às técnicas de pesquisa de campo. 
Em suma, esse período e o atual momento dos estudos antropológicos, se 
encontram em completa ebulição. Muitas frentes de estudos se abrem. A crítica ainda 
é a sua marca dominante. 
Os países de Terceiro Mundo são um campo a ser explorado por essas nações 
e será uma espécie de reflexão sobre suas próprias culturas, ensejando um 
reflorescimento dos estudos de aculturação, ou seja, um estudo dos efeitos da 
aculturação secular por elas sofrida. Isso nos leva a um estudo da difusão em ritmo 
de meios de comunicação sofisticados. Dando início a um novo campo para a 
Antropologia: os estudos urbanos antropológicos, ou seja, os estudos a respeito da 
cultura popular, do folclore e dos efeitos da urbanização patógena sobre as 
manifestações dessa cultura. Como extensão desses estudos estará também o 
estudo da cultura de massa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
 
 
 
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
 
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PEREIRA, C.J.C. 1957. A Cerâmica Popular da Bahia. Salvador, Livraria Progresso 
Edit.

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