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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Capa e Contra-capa: Anna Vasconcelos
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Dayane Costa
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Ingrid Van Der Linden
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade tratará brevemente da relação entre a psico-
logia e o direito, trazendo, em um primeiro momento, as diferencia-
ções terminológicas entre os diferentes campos da psicologia jurídica. 
Será tratado aquilo que se conhece como funções mentais superiores, 
que se trata de uma forma de programação realizada pelos indivíduos 
em que apresentam imagens mentais tanto em si mesmos quanto do 
mundo a sua volta, interpretando os estímulos que recebem e isso 
influencia seus comportamentos. Será abordado sobre o processo de 
investigação criminal, a importância da psicologia criminal na investi-
gação criminal trazendo algumas ferramentas práticas, bem como a 
técnica do criminal profiling, além da relação entre psicologia jurídica 
e a criminologia abordando sobre o exame criminológico sob o enfo-
que da criminologia, a criminologia midiática e a perícia psicológica 
forense. A psicologia jurídica aplicada ao cárcere tratando do Plano 
Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário e dos desafios do Servi-
ço de Psicologia Aplicado. Sem a pretensão de esgotar o tema, a uni-
dade utiliza-se do método hipotético-dedutivo, cuja hipótese baseia-se 
na utilização da psicologia jurídica para fins de investigação criminal. 
Diante deste cenário, apresenta-se ao leitor teorias e técnicas utili-
zadas por psicólogos jurídicos demonstrando a realidade vivida por 
estes profissionais. 
Psicologia Jurídica. Investigação Criminal. Criminologia Midiática.
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 CAPÍTULO 01
PSICOLOGIA E DIREITO
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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Introdução ____________________________________________________
A Importância da Psicologia Criminal na Investigação Policial ___
Determinação Terminológica: Psicologia Judicial x Psicologia Cri-
minal x Psicologia Forense x Psicologia Carcerária x Psicologia Mi-
litar x Psicologia Criminológica __________________________________
 CAPÍTULO 02
PSICOLOGIA JURÍDICA E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
O Processo de Investigação Criminal ____________________________ 32
27Recapitulando ________________________________________________
16As Funções Mentais Superiores - Síndrome de Pirandello ________
44Criminal Profiling: Perfis Criminais e Comportamentais _________
Recapitulando _________________________________________________ 50
 CAPÍTULO 03
PSICOLOGIA JURÍDICA E A CRIMINOLOGIA
A Relação entre a Psicologia e a Criminologia __________________ 54
Criminologia Midiática _________________________________________ 57
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Criminologia e o Exame Criminológico ___________________________
Teste de Personalidade _________________________________________
Glossário ________________________________________________________
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Perícia Psicológica Forense _____________________________________
Recapitulando __________________________________________________
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A Psicologia Jurídica aplicada ao Cárcere _________________________
Fechando a Unidade ____________________________________________
Referências _____________________________________________________
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O direito é encarregado por tutelar a conduta humana, mas, evi-
dentemente, a norma jurídica não consegue sozinha coibir comportamen-
tos indesejáveis, por isso ela se vale da aliança com as ciências humanas e 
de saúde para compreender a complexidade do comportamento humano. 
Esta é uma relação que vem de longas datas entre as ciências, 
que vem sendo realizada pelos estudiosos ao longo dos séculos, desde 
a época em que o crime eraem que o suspeito fora incriminado pelo assassinato 
de quarenta e dois meninos no Maranhão e no Pará durante o período 
de 10 anos, entre 1993 a 2003. 
O Brasil foi representado perante a Corte Interamericana de 
Direitos Humanos em virtude do descaso na investigação dos homicí-
dios e estupros de crianças e adolescentes no Estado do Maranhão e 
Altamira-PA. Em dezembro de 2005, o Brasil e as ONGs Centro de De-
fesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerini 
e o Centro de Justiça Global assinaram um acordo amistoso e o Estado 
brasileiro reconheceu a responsabilidade internacional perante o caso, 
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firmando compromisso quanto ao julgamento e punição ao responsável 
pelos crimes de homicídio, estupro e emasculações dos menores nas 
quatro cidades onde os crimes ocorreram. 
Neste caso, o “Maníaco do Maranhão” foi condenado com a 
idade de quarenta e cinco anos, no julgamento encerrado no dia 27 de 
agosto de 2009, a trinta e seis anos e seis meses de prisão.
Preso há mais de 20 anos, Francisco de Assis Pereira matou 
seis mulheres e violentou nove ficando conhecido como “Maníaco do 
Parque”. Condenado a mais de 280 anos de prisão, Francisco atacava 
as vítimas de idade entre 17 e 27 anos no Parque do Estado na Zona 
Sul da Capital paulista. 
Um crime que impressionou todo o país foi o homicídio co-
metido pela filha juntamente com o namorado, Daniel Cravinhos, e o 
cunhado, Cristian Cravinhos, contra seus pais, o casal Manfred Albert 
von Richthofen e sua esposa Marísia von Richthofen. 
O casal estava dormindo quando foram golpeados pelos ir-
mãos com barras de ferro. Marísia resistiu e foi sufocada com uma toa-
lha. O revólver de Manfred foi colocado ao lado de seu corpo. Durante 
a execução, Suzane ficou no andar debaixo, na biblioteca e espalhou 
papéis para simular um assalto. Com a ajuda dos Cravinhos, arrombou 
a mala do pai e furtou todo dinheiro que estava nela. Após deixarem 
Cristian perto de casa, o casal seguiu para um motel para forjar um álibi. 
Diante dos casos narrados acima, é possível observar a necessi-
dade de conhecimento técnico específico para enfretamento desses per-
fis criminosos. Para tanto, faz-se necessário o treinamento das equipes 
para que possam conduzir a investigação de maneira eficiente que pos-
sibilitem aos profissionais traçar o perfil comportamental do delinquente.
É preciso que o investigador de polícia tenha o conhecimento da 
legislação penal, bem como as técnicas da psicologia criminal para que 
possa identificar os motivos que levam o sujeito ao cometimento do cri-
me, o modus operandi, e que possa percorrer o iter criminis, auxiliando na 
identificação da autoria, materialidade e circunstâncias do cometimento 
do crime, colhendo provas para que haja a denúncia pelo Parquet. 
É inevitável o conhecimento de determinados conceitos dos 
Direitos Administrativo, Constitucional, Penal e Processual para que se 
compreenda a atuação da Polícia Investigativa abrangendo toda a fase 
pré e pós-processual. 
Conforme orienta Di Pietro, o poder de polícia é "[a] atividade 
do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em 
benefício do interesse público".
Em relação à Instituição Policial, Diocleciano Guimarães con-
ceitua como: “órgãos do Poder Público incumbidos de garantir, manter, 
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restaurar a ordem e a segurança públicas; zelar pela tranquilidade dos 
cidadãos; pela proteção dos bens públicos e particulares; prevenir con-
travenções e violações da lei penal, bem como auxiliar a Justiça”.
A Constituição da República dispõe no art. 144 que “a segu-
rança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é 
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos”: Polícia Fede-
ral; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal; Polícias Ci-
vis; Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares e Polícias penais 
federal, estaduais e distrital. 
Cabe à Polícia Federal, dentre outras funções, apurar infrações 
penais “cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e 
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei", e, "exercer, com 
exclusividade, as funções de polícia judiciária da União". 
É importante ressaltar a diferença entre a polícia judiciária e a 
investigação criminal. Enquanto a primeira trata do cumprimento de de-
terminações judiciais nas fases pré-processual e processual, a segunda 
tem por fim a apuração da responsabilidade penal do crime, na busca da 
autoria e materialidade para que possa propiciar fundamentação para 
ação penal, posteriormente, oferecida pelo Ministério Público. Caso o 
Parquet entenda que possui elementos suficientes para apresentação 
da denúncia, pode dispensar a instauração do inquérito (inclusive esta é 
uma das características do inquérito policial, a dispensabilidade).
Na esfera federal, a Polícia Federal desempenha as investiga-
ções conforme suas atribuições, e os elementos colhidos na apuração 
pela equipe policial serão encaminhados ao Ministério Público Federal. 
Da mesma forma, na esfera estadual, a Polícia Civil, exercendo a ativi-
dade de Polícia Judiciária e investigando infrações penais, será também 
lavrado inquérito policial e encaminhado ao Ministério Público Estadual. 
Assim que acontece um crime e a polícia tem conhecimento, 
algumas medidas precisam ser tomadas, conforme se compreende do 
art. 6º do Código de Processo Penal. A equipe policial se deslocará até 
o local providenciando para que o estado de conservação das coisas 
não seja alterado até que chegue a equipe de peritos criminais. É preci-
so que haja a localização e a identificação dos criminosos, bem como a 
identificação de testemunhas e vítimas. 
Há também a apreensão de objetos que tiverem relação com 
o fato, realização de vigilância do local, reconhecimento de pessoas e 
coisas e acareações, e utilização de demais técnicas policiais que serão 
detalhadas a seguir.
A investigação policial é um procedimento policial administrati-
vo composto por um conjunto de procedimentos sistematizados, de na-
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tureza interdisciplinar, que busca elementos de convicção que auxiliem 
na produção de provas da infração penal, buscando identificar autoria, 
a materialidade e as circunstâncias em que ocorreu. O resultado da 
investigação policial será enviado ao Poder Judiciário para que sejam 
realizados os procedimentos legais. 
A ciência da ocorrência de uma infração penal pela autoridade 
policial pode se dar de duas formas: a primeira, de forma direta, quando 
o Delegado de Polícia, em meio a uma investigação, descobre o fato 
criminoso (cognição imediata). Ou indiretamente, quando a vítima ou 
outra pessoa comunica a ocorrência do fato provocando a atuação po-
licial (cognição mediata). 
Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, o 
investigador de polícia deverá montar um plano de ações chamado de 
Planejamento Operacional, que terá determinado o começo e o final da 
investigação; quem fará parte da equipe e quais os procedimentos se-
rão adotados considerando o nível de complexidade do caso. 
Para que haja o efetivo cumprimento dos princípios, garantias 
e direitos estabelecidos no exercício da atividade de investigação poli-
cial, é necessário que os operadores tenham conhecimento da legisla-
ção brasileira.
O art. 1º, inc. III da Constituição Federal determina como fun-
damento básico a dignidade da pessoa humana, aplicada a todos sem 
distinção.
No art. 5º, caput, a Constituição determina que todos são iguais 
perante a lei sem distinção de nenhuma natureza, garantia dada aos 
brasileiros e aos estrangeiros que residam no país; ainviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
A Convenção Americana de Direitos Humanos, também cha-
mada como Pacto de San José da Costa Rica, consiste em um trata-
do internacional entre países da Organização dos Estados Americanos 
(OEA) que se comprometem
“a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre 
e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem dis-
criminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões 
políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição 
econômica, nascimento ou qualquer outra condição social”.
O princípio da presunção de inocência, disposto no art. 5º, inc. 
LVII da Constituição Federal, determina que “ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Para 
fins da investigação policial, esse princípio implica a impossibilidade de que 
alguém que não tenha sido condenado pela justiça seja preso. Cabe ao 
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Estado o ônus de provar que aquele indivíduo cometeu a infração penal. 
Outros princípios e direitos também são importantes, tais como: 
o princípio da legalidade (art. 5º, inc. XXXIX, CF), princípio da ampla de-
fesa e ao contraditório, duplo grau de jurisdição e o direito ao silêncio. 
Durante a atividade investigativa, o operador deve aplicar téc-
nicas policiais mais pertinentes para a apuração dos fatos dada a com-
plexidade do caso, sempre devendo pautar sua conduta em bases le-
gais e em cumprimento dos direitos e garantias do investigado. 
Abaixo, será feita uma breve exploração acerca das técnicas 
utilizadas na investigação policial, tais como a infiltração policial, a vigi-
lância, a diligência para localização de pessoas e coisas, a interceptação 
telefônica, o requerimento de informação de entes públicos e privados, 
a declaração de testemunhas e vítimas, a busca pessoa e domiciliar. 
Trata-se a infiltração policial (técnica conhecida como underco-
ver agent) de um meio de obtenção de prova previsto, inicialmente, na 
lei de crime organizado e, posteriormente, em outras legislações como 
a lei de drogas, mas só passou a ser completamente regulamentada na 
atual legislação de organizações criminosas.
Consiste em uma técnica de investigação excepcional, espe-
cial e sigilosa que deve ser previamente autorizada judicialmente, em 
que um ou mais policiais, sem revelar suas identidades policiais, inse-
rem-se de forma dissimulada no mecanismo da organização criminosa 
com o objetivo de colher provas a fim de desmantelar tal organização. 
A infiltração de agentes se divide em três etapas. 
Antes que ocorra a infiltração em si, há a seleção do Investiga-
dor de Polícia que será infiltrado, sendo observado: 
a) Análise do perfil do policial infiltrado.
b) Criação de falsa identidade, preparando-o para o meio. 
c) Criação de uma cobertura (falsa história que apague sua 
condição de policial). 
d) Tempo de duração. 
e) Custo.
Na segunda etapa, há a colocação do selecionado no bojo da 
organização, que pode acontecer de três formas: 
a) Por meio de informante (pessoa que tem laços com mem-
bros da organização, porém não faz parte dela).
b) Membro da organização (pessoa identificada que pretende 
os benefícios da delação premiada).
c) Autocolocação (mais difícil e demorada, porém mais eficaz e 
segura para o policial).
Depois da infiltração, começa-se a coleta de provas que pos-
sam indicar autoria dos crimes praticados pela organização. No decor-
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rer da infiltração, é preciso que observar alguns aspectos: 
a) Tempo de duração. 
b) Técnicas empregadas. 
c) Colheita de dados e informações. 
d) Custo da operação. 
e) Resultados obtidos.
A vigilância policial consiste em uma prática policial que tem 
por objetivo realizar a colheita de dados para a investigação estando o 
mais próximo possível dos investigados. Geralmente, realizada por, no 
mínimo, quatro policiais que ficam de vigília, a pé ou em seus veículos, 
equipados com câmeras fotográficas ou filmadoras. Durante tal prática, 
a finalidade é que possam ser identificados indivíduos que tenham co-
metido a infração penal escopo da investigação, bem como o levanta-
mento de locais e práticas realizadas pelos criminosos. 
Já a diligência para localização de pessoas e coisas é uma 
técnica policial que é utilizada para encontrar ofensores, vítimas e tes-
temunhas, tal qual objetos provenientes da infração penal que possam 
estar, posteriormente, à disposição da polícia. 
Para que haja o cumprimento de uma diligência policial, é pre-
ciso que haja alguma informação proveniente da investigação que possa 
ensejar o uso de sites como: redes sociais, sites de busca, sites oficiais do 
governo, ou de pessoas desaparecidas. A partir da coleta dessas informa-
ções, o investigador poderá confirmar se os dados coletados estão corretos 
e poderá se aprofundar na investigação por meio de entrevista de pessoas.
A interceptação telefônica é uma técnica regida pela Lei n. 
9.296/96 e se baseia, de forma simplificada, na captação da conversa te-
lefônica de um terceiro, sem que haja o conhecimento dos interlocutores. 
Cabe ressaltar que, conforme interpretação do art. 5º, inc. XII 
da CF, a interceptação telefônica poderá ser utilizada tanto em fase de 
investigação criminal quanto em fase de instrução processual penal, ou 
seja, a interceptação vale como prova criminal.
O investigador irá selecionar os trechos que sejam importantes 
para a investigação em tela e, ao fim do prazo, irá preparar um relatório 
indicando o que tenha sido apurado. 
O requerimento de informações de entes públicos e privados tra-
ta-se da procura de indivíduos que estejam sob investigação e que estejam 
incluídos em bancos de dados públicos ou privados, obedecido ao critério 
de autorização judicial, quando o sigilo dos dados estiver sob proteção le-
gal, como no caso de obtenção de dados telefônicos, fiscal e bancários, 
por exemplo: lista de passageiros, dados cadastrais de conta corrente etc.
As declarações de testemunhas e vítimas são métodos realiza-
dos pelos policiais, com a finalidade de fazer o levantamento de dados 
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em relação ao fato criminoso investigado.
Nas entrevistas dadas por cada testemunha, o investigador 
deve observar os seguintes elementos: 
- Descrição do lugar onde o crime ocorreu.
- Horário do cometimento do crime.
- Relação entre a testemunha e o criminoso e entre a vítima e 
o criminoso.
- Descrição da roupa que o criminoso vestia (que possa indicar 
sua profissão ou empresa onde trabalhava).
- Sotaque.
- Aparência, descrição física do criminoso (cor da pele, tatua-
gem, corte de cabelo, cicatriz, cor dos olhos, altura, sexo etc.).
- Placa e tipo de veículo que usava no dia do crime.
- Instrumentos que usou para cometer o crime (arma de fogo, 
arma branca, cordas etc.)
As declarações das testemunhas, do investigado e da vítima po-
dem trazer dados que levarão à coautoria, à participação, à materialidade e 
a circunstâncias da ocorrência da infração penal. Ilana Casoy, descrevendo 
o método de David Canter, dá ênfase à coerência interpessoal entre vítima 
e agressor, acrescentando que "[...] a vítima representa alguém na vida 
ou no passado do agressor (como sua mãe ou sua ex-namorada)". Dessa 
forma, o investigador deve sempre estar alerta às manifestações da vítima 
em relação ao ofensor, buscando observar se em algum momento houve 
alguma agressão, violência ou comportamento que justificasse o crime. 
A busca pessoal é a inspeção do corpo do indivíduo com o 
objetivo é encontrar objetos de interesse à investigação, quais sejam: 
arma, faca, papéis ou quaisquer objetos que consistamcorpo de delito, 
podendo ser realizada a qualquer tempo, independentemente de man-
dado judicial, desde que haja fundada suspeita ou mesmo no cumpri-
mento de uma prisão em flagrante. 
Cabe ressaltar que a busca pessoal pode ser realizada durante 
o dia e durante a noite, também durante a busca domiciliar. 
A busca domiciliar é uma diligência realizada que tem por fim 
a localização de pessoas ou coisas por meio de ordem da autoridade 
judicial, devendo ser executada durante o dia pelo policial que irá ler 
o conteúdo do mandado antes de entrar no domicílio. Ao término do 
procedimento, o investigador deverá lavrar um termo circunstanciado 
informando tudo aquilo que fora encontrado. 
A prática de crimes como de homicídios, estupros e crimes 
cometidos por pessoas portadoras de psicopatologias exige da polícia 
investigativa uma equipe de profissionais com formação em Psicologia 
Criminal e Criminologia, para que haja eficiência na preservação do lo-
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cal do crime, bem como na colheita das informações iniciais que pos-
sam indicar a autoria e materialidade nas quais o fato ocorreu. 
A utilização correta das técnicas contribui para a elaboração 
assertiva do perfil criminoso, estabelecendo seu modus operandi e, até 
mesmo, prevenindo a ocorrência de outros crimes. 
A ineficiência e o despreparo das equipes apenas revelam a 
carência de transformação e desenvolvimentos nas técnicas de investi-
gação policial que perpassem pelo processo de formação e aperfeiçoa-
mento do investigador de polícia, visando capacitá-lo a entender, colher 
dados e formular informações que apontem para autores de crimes co-
metidos por portadores de algum tipo de transtorno mental.
CRIMINAL PROFILING: PERFIS CRIMINAIS E COMPORTAMENTAIS
Quando se fala em perfil psicológico, trata-se de conjunto de ca-
racterísticas da personalidade, traços que são continuamente estáveis ao 
longo do tempo. É exatamente isso que é a matéria-prima da psicologia 
forense neste contexto em particular no criminal profiling, que permite ana-
lisar comportamentos e fazer previsões em relação a esse comportamento, 
e isso pode ser contextualizado no âmbito criminal, mas também pode ser 
contextualizado em outros âmbitos que será desmistificado a seguir. 
Ao tratar do criminal profiling, indiretamente, associa-se a séries 
televisivas e muitas dessas servem para entreter. Embora tragam certa 
representatividade, trata-se de contextos fictícios na maior parte das vezes.
Um dos casos mais proeminentes é do Criminal Mind, que é 
uma equipe do FBI (Federal Bureau of Investigation ou Departamento 
Federal de Investigação) que faz análise dos perfis criminológicos e como 
essas mentes criminosas comentem determinados tipos de crimes. 
Quando se fala em círculos de influência, logo se lembra da 
série americana Hannibal Lecter, personagem criado pelo escritor Tho-
mas Harris, e depois famoso pela interpretação nas telas dada pelo ator 
Anthony Hopkins. 
O criminal profiling começou como uma arte investigativa e vá-
rios autores começaram a escrever livros. O Sherlock Holmes (primeira 
versão é de 1887) foi um sucesso e continua a ser, seu o raciocínio 
lógico dedutivo e indutivo está presente nesses livros. Foi isso que, de 
certa forma, promoveu, em certa medida, a expansão do profiling cri-
minal sob o ponto de vista teórico para o ponto de vista prático. Em um 
dado momento, em meados de 1960, passou a ser uma técnica forense 
que pudesse ajudar a resolver determinados crimes, nomeadamente, 
no que diz respeito a assassinos em série. 
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Os assassinos em série têm um padrão de comportamento fa-
cilmente identificável, um modus operandi específico, uma assinatura 
também específica, o que permite aos investigadores criminais determi-
narem que tipo de comportamento podem ter e prever também a partir 
do profiling geográfico qual poderá ser o próximo local em que o ofensor 
cometerá o crime. 
Atualmente, é uma técnica auxiliar que não pode ser chama-
da de ciência, isto porque seria pisar em um terreno minado. Em vários 
congressos internacionais, há o debate se o criminal profiling é conside-
rado uma ciência ou técnica. Aqueles que defendem que é uma ciência 
compreendem que ela se utiliza de método científico, mas aqueles que 
entendem que é uma técnica a compreendem como falível, subjetiva, 
portanto, trata-se de comportamento humano e, como tal, o comporta-
mento humano não é tão previsível como se pensa que é. Às vezes, pode 
acontecer algum acidente de percurso e pode ter alguma alteração da 
personalidade, e então há um rompimento daquilo que se julgava estável. 
A maior parte entende como uma técnica auxiliar e os esforços estão em 
levar as técnicas do laboratório para o contexto real. Como é possível 
implementar essa técnica de uma forma mais eficaz e mais assertiva?
O criminal profiling consiste em referências das características 
da personalidade do indivíduo. Como dito no início, um perfil é exatamen-
te isto: um conjunto de característica de personalidade. É uma aborda-
gem clínica, podendo ser feita a partir, por exemplo, da análise de dados 
oceanográficos em relação ao ofensor. Pode-se determinar se ele tem 
psicopatologia ou não. A própria análise da cena de crime permite deter-
minar isso com alguma frequência. Também, é possível fazer compara-
ção de dados estatísticos a partir de uma abordagem estatística, tentando 
determinar se há uma ligação entre alguns casos e perceber se o mesmo 
ofensor está cometendo vários crimes iguais ou se há pessoas cometen-
do crimes semelhantes, mas que não é o mesmo ofensor. Há análise da 
informação que é uma análise investigativa que se trata da aplicação da 
psicologia no contexto da investigação criminal. É tentar dizer quais são 
os procedimentos passo a passo que se deve ter de forma a garantir a 
informação fidedigna e permita construir um caso com alguma consolida-
ção e que permita a partir deste ponto chegar a uma lista de suspeitos 
(não apenas de um suspeito numa primeira fase). 
No que diz respeito à aplicação desta técnica, vários países a 
utilizam. No Reino Unido, utiliza-se mais uma abordagem estatística, 
olha-se para os dados de uma maneira estatística. Softwares especia-
lizados nesta análise permitem fazer a ligação entre os casos. Já nos 
Estados Unidos, é realizada uma análise comportamental. Basicamen-
te, analise-se a pessoa, o comportamento que ela teve quando se vai à 
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cena do crime, a própria cena determina uma série de características do 
ofensor (se é organizado ou não), a partir dessa classificação, já se tem 
uma série de características que é possível traçar o perfil do criminoso.
O que se pretende com o criminal profiling é responder às se-
guintes questões:
- O que é?
- Por que é usado? 
- Onde é usado? 
- Quando? 
- Quem são os profilers? 
Entretanto, na prática policial, com a finalidade de ajudar na in-
vestigação criminal, aplica-se técnica aos casos considerados de crimes 
violentos e complexos, sejam eles em série ou não, múltiplos ou únicos, 
permitindo limitar a lista de suspeitos e, muitas vezes, chegar ao ofensor. 
Ao finalizar o parecer, o psicólogo pode indicar caminhos a se-
rem seguidos, mas não cabe a ele indicar quaisquer medidas jurídicas 
que lhe ache convenientes. 
A cena do crime é de extrema importância para o criminal profi-
ling. Nela, poderá haver muitos indícios que se mostrarão cruciais para 
elucidação da investigação, podendo servir como materialidade e auto-
ria para o inquérito policial e base para a ação penal. 
Dessa forma, uma equipe investigativa bem treinada e conhe-
cedora de tais técnicas pode ser determinante na cena do crime na 
busca de vestígios. 
Embora não exista uma profissãoespecífica, qualquer pessoa 
pode ser um profiler, desde que tenha formação profissionalizante. Tra-
ta-se de uma função, geralmente, qualquer investigador ou autoridade 
que esteja aplicando a técnica ou psicólogo forense que tenha uma for-
mação de base abrangente e faça uma especialização também será um 
profiler. É importante que o profiler tenha:
- Colaborações externas (internacionalização).
- Formações profissionais e de competências.
- Sistema de ensino adequado às exigências.
- Colaborações com as entidades policiais.
A utilização das técnicas de criminal profiling também são de 
grande valia nas práticas policiais em relação à preservação do local do 
crime para que possam ser realizadas as coletas de indícios de maneira 
adequadas. Geralmente, esses indícios são coletados em, no máximo, 24 
horas após o cometimento do crime em virtude do perecimento do material.
Entretanto, não é incomum que haja a perda de materiais ou 
pelo perecimento destes ou mesmo pela inabilidade técnica dos opera-
dores na cena do crime, causando vários problemas dentre eles:
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• Arquivamento do Inquérito Policial por falta de provas.
• Indiciamento e autuação de cidadão que não é de fato autor 
do crime. 
• Absolvição de culpados por falta de prova.
• Demora excessiva na elucidação de delitos. 
A presença de um profissional especializado na técnica do Cri-
minal profiling, logo no início da investigação criminal, amplia a capacida-
de de exploração e conservação do local do crime para coleta de indícios, 
uma vez que este será o primeiro contato entre a equipe policial e crime. 
O propósito do estágio de coleta de provas é relacionar e con-
servar aqueles indícios que contribuirão para a reconstituição do crime 
e para provar a autoria do ofensor. 
São alguns indícios que podem ser encontrados:
a) Vestígios (resíduo de arma de fogo, resíduo de tinta, vidro 
quebrado, produtos químicos desconhecidos, drogas).
b) Impressões digitais, pegadas e marcas de ferramentas.
c) Fluidos corporais (sangue, esperma, saliva, vômito).
d) Cabelo e pelos. 
e) Armas ou evidências de seu uso (facas, revólveres, furos de 
bala, cartuchos). 
f) Documentos examinados (diários, bilhetes de suicídio, agen-
das telefônicas; também inclui documentos eletrônicos tais como secre-
tárias eletrônicas e identificadores de chamadas).
Quais são as aplicações desta técnica:
- Avaliações de personalidade: elas podem ser realizadas em 
qualquer contexto, não é preciso que seja necessariamente no contexto 
forense. 
- Análises equivocas da morte: muitas vezes, não se chega a 
uma conclusão em relação à causa da morte, e o profiler pode utilizar os 
dados e fazer uma anamnese, fazer uma autópsia psicológica e tentar 
saber o que causou esta morte, dando sugestões investigativas. 
- Sugestões investigativas: muitas vezes, as equipes investiga-
tivas estão tão focadas no caso que lhes escapam algumas pistas e po-
dem se socorrer aos consultores ou profilers para que possam sugerir 
algum caminho investigativo.
- Estratégias de entrevistas: as entrevistas devem ser adequa-
das conforme o perfil de entrevistados. 
- Ligações de casos: é possível fazer ligação de casos até 
mesmo com casos já prescritos. 
- Estratégias de comunicação com a mídia: alguns países, 
como os Estados Unidos, têm um organismo específico que é respon-
sável por passar informações acerca da investigação de tal forma que 
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essa informação não comprometa a investigação. 
- Avaliação de perigo/ameaça: é possível que profiler também 
possa fazer uma análise em relação aos ataques e ameaças terroristas 
tão em voga atualmente. 
- Estratégias para o Tribunal: o psicólogo que estiver atuando 
como profiler pode auxiliar advogados ou mesmo Ministério Público na 
adoção da melhor estratégia perante o Tribunal. 
- Testemunho de um especialista: o profiler é um expert e vai ao 
tribunal podendo dar seu parecer. 
- Profiling geográfico: trata-se da ligação de casos em uma de-
terminada área geográfica. Tentar perceber uma zona de residência ou de 
atuação de determinado ofensor mediante aos crimes que são cometidos. 
- Análise de incidentes críticos: avaliação de demais aspectos 
relevantes do caso. 
Tudo aquilo que for coletado na cena do crime servirá para fun-
damentar condenação futura. Deste modo, a equipe de profilers utiliza-
-se de equipamentos modernos para que possa realizar o agrupamento 
de indícios coletados no local do crime. 
A análise do local do crime é relevante para a compreensão 
da dinâmica do delito, mas também para a análise comportamental e 
construção do perfil do criminoso.
Os objetivos do Criminal profiling são: 
• Fornecer a avaliação psicológica e social do ofensor.
• Analisar os objetos encontrados com o autor do crime. 
• Elaborar estratégias que possam ser utilizadas na entrevista 
aos suspeitos. 
Por exemplo, o perfil dos hackers:
- QI médio.
- Histórico de leniência familiar.
- Não tem ocupação fixa.
- Comete erros.
- Hábitos noturnos.
- Homem de 20 a 30 anos.
- Não acumula valores.
Esse perfil ajuda para que, em meio a um grupo, os investiga-
dores concentrem sua atenção para pessoas com esse perfil.
Observando o comportamento de serial killers, é possível per-
ceber algumas características comuns, por exemplo, o fato de urinar na 
cama ou fato de praticarem tortura com animais quando criança, mas-
turbação compulsiva, isolamento social, dentre outros. 
É importante que o perfil psicológico do serial killer seja avalia-
do, mas também que os fundamentos criminais que os classificam dessa 
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forma e a maneira como age, seja ele: nômade, territorial e estacionário. 
Diante do exposto, faz-se necessário profissionais preparados 
para exercerem com eficiência as técnicas do Criminal profiling, a fim 
de que os indícios coletados na cena do crime possam ser realizados 
de maneira correta e analisados de forma a contribuir para a construção 
do perfil do criminoso. 
Fonte: Laurent Montent (2003, p. 45-112)
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: Psicólogo
Uma adequada compreensão do tipo de comportamento a ser obje-
to da investigação policial depende dos resultados das pesquisas 
conduzidas no campo das ciências humanas. O comportamento 
criminoso é uma forma de comportamento que:
a) Pode ser entendida como não intencional.
b) É um delito praticado por um indivíduo deliberadamente.
c) Pode ser entendida unicamente dentro do contexto social em que há 
uma norma e a transgressão a ela.
d) É socialmente escusável.
e) Deve ser punida incondicionalmente.
QUESTÃO 2
Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: MPE-MA Prova: Analista Ministerial 
- Psicologia
A investigação de uma situação de abuso infantil é muito delicada 
e o profissional deve levar em consideração que a fala da criança e 
dos adultos pode estar permeada pelo que se conhece como:
a) Falsas memórias.
b) Hebefrenia.
c) Bullying.
d) Delinquência juvenil.
e) Duplo vínculo.
QUESTÃO 3
Ano: 2016 Banca: FAURGS Órgão: TJ-RS Prova: Psicólogo Judiciário
Dentre os diferentes tipos de perícia que o psicólogo pode vir a 
realizar, está o da investigação sobre a presença de falsas memó-
rias no discurso da vítima.
Assinale a afirmação correta em relação ao conceito de Falsas Me-
mórias (FMs).
a) As lembranças autobiográficas não sofrem influência do contexto 
quando são recuperadas; sendo, portanto, um grupo de lembranças 
que dificilmente se constituem em FMs.
b) Estudos da neurociência cognitiva demonstram que a região mais 
envolvida na produção de FMs são as áreas pré-frontais.
c) As FMs são produzidas exclusivamente por fontesexternas ao sujei-
to, principalmente por entrevistas de terceiros, e, por isso, são comuns 
no contexto forense.
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d) As FMs podem parecer brilhantes e com muitos detalhes, de forma se-
melhante às memórias verdadeiras, diferenciando-se dessas últimas ape-
nas pelo fato de não terem ocorrido da forma como o indivíduo lembra.
e) Em um processo psicoterápico, é possível distinguir memórias ver-
dadeiras de FMs, pois as primeiras levam a uma melhora terapêutica.
QUESTÃO 4
Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TJ-RJ Prova: Psicologia
Em se tratando da avaliação psicológica realizada no contexto fo-
rense, é possível dizer que as entrevistas:
a) São idênticas àquelas realizadas no modelo clínico já que os objeti-
vos e a metodologia são iguais.
b) Não devem pressupor situações ligadas à dissimulação e simulação 
do entrevistado.
c) Desconsideram informações e fatos ocorridos no passado focando 
apenas o momento presente da situação.
d) Não devem se prestar a confirmar a validade dos achados e dos pró-
prios métodos utilizados.
e) Devem extrapolar o objetivo da investigação do mundo interno do 
avaliando, para valorizar, também, aspectos de sua realidade objetiva.
QUESTÃO 5
Ano: 2012 Banca: PUC-PR Órgão: DPE-PR Prova: Psicólogo
A Psicologia Jurídica, como a entendemos, guarda elementos gerais 
e outros muito particulares que a eleva ao patamar de disciplina dis-
tinta e diferenciada. O uso correto da terminologia é condição para 
elaboração de Laudos e Pareceres. Como se denomina a área da Psi-
cologia Jurídica que contempla a atividade pericial aos casos ape-
nados quando da solicitação de progressão de regime e nos casos 
de penas convertidas em Medida de Segurança (exame de cessação 
de Periculosidade). Para esses fins, o exame seria complementar nas 
perícias psiquiátricas e seria emitido o Parecer Psicológico.
a) Psicologia Judiciária.
b) Psicologia Forense.
c) Psicologia Social aplicada ao Judiciário.
d) Psicodiagnóstico Pericial.
e) Psicologia Criminal.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
Cite e explique quais são os principais objetivos da técnica do Criminal 
profiling. Fundamente sua resposta.
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TREINO INÉDITO
Entre os fatores que afetam substancialmente o processo de in-
vestigação e que influenciam os resultados de entrevistas, sob o 
ponto de vista da psicologia, destacam-se, exceto: 
a) O intervalo de tempo entre o fato gerador e o início.
b) A duração de realização do processo de investigação. 
c) A uniformidade dos procedimentos em relação a cada um dos envol-
vidos que venham a ser investigados. 
d) A forma como são realizadas atividades de apoio, como as perícias 
médica, psicológica e o exame de corpo de delito.
e) Reconstituição do cenário criminal.
NA MÍDIA
ENTENDA O PROFILING CRIMINAL E O PAPEL DO PROFILER
O Profiling Criminal é uma forma de análise comportamental que se des-
tina a auxiliar os investigadores a conhecer as características de sujeitos 
criminosos desconhecidos, a criar uma lista de suspeitos ou a reduzir 
um grupo de suspeitos, a elaborar perfis vitimológicos e a fazer análises 
motivacionais. O profiler criminal não se preocupa apenas com a identifi-
cação do ofensor, albergando também a função de consultor, auxiliando 
detetives e outros investigadores na resolução de casos e também os 
intervenientes judiciários nos processos de tomada de decisão.
Fonte: Justificando
Data: 15 out. 2015
Leia a notícia na íntegra: http://www.justificando.com/2015/10/15/enten-
da-o-profiling-criminal-e-o-papel-do-profiler/
NA PRÁTICA
Em casos envolvendo estupro, maus-tratos e atentado violento ao pu-
dor contra vulneráveis, a participação do psicólogo jurídico é extrema-
mente relevante. 
Nessa toada, a doutrina e a jurisprudência compreendem que as declara-
ções da vítima integram um meio de prova. Em tese, o conteúdo das decla-
rações deve ser aceito com reservas. No entanto, por se tratar de um delito 
às ocultas, é necessário que as declarações sejam seguras, estáveis, coe-
rentes, plausíveis, uniformes, perdendo sua credibilidade quando o depoi-
mento se revela reticente e contraditório a outros elementos probatórios.
PARA SABER MAIS
Filme sobre o assunto: 
- A jurada (Brian Gibson, 1996).
- O Silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme, 1991) 
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Serão lançados, em 2 de abril de 2020, os filmes que contam a história 
de Suzane von Richthfen, sob o ponto de vista dela e de Daniel, seu 
namorado à época do crime:
- A menina que matou os pais 
- O menino que matou meus pais 
Trailer do filme: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noti-
cia/2020/02/03/trailer-de-filmes-sobre-suzane-von-richthofen-e-divulga-
do-assista.ghtml
Séries sobre o assunto:
Criminal Minds (2005), 
Mindhunter (2017),
Manhunt: Unabomber (2017)
Acesse os links: http://oaprendizverde.com.br/2017/05/14/perfil-crimi-
nal-parte-1-historia-metodo-e-evolucao/
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A RELAÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA E A CRIMINOLOGIA
A criminologia como uma ciência surgiu em meados do séc. XIX 
e dividiu-se em duas fases: uma pré-científica e outra científica. A princi-
pal obra é do italiano nascido em Turim, Cesare Lombroso, chamado Tra-
tado antropológico experimental do homem delinquente, que tinha uma 
ideia positivista evolucionista e que o comportamento criminoso teria ori-
gem no atavismo, ou seja, o criminoso seria uma espécie não avançada. 
A criminologia mais contemporanea é mais extensiva, confor-
me apresenta Garcia-Pablos de Molina (1997, p. 33), 
é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da 
pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e 
que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, a 
PSICOLOGIA JURÍDICA E A
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dinâmica e as variáveis principais do crime – contemplado este como problema 
individual e como problema social – assim como sobre os programas de preven-
ção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente. 
O crime é obstáculo social que nele se origina e nele deve des-
cobrir métodos de resposta positiva, até porque o criminoso e a vítima 
coexistem ativos na sociedade.
Para que se possa compreender a relação entre a psicologia e 
a criminologia, as análises de alguns elementos serão importantes, tais 
quais; o ofensor, a vítima e as instituições de exclusão que fazem parte 
do processo de controle social do comportamento delitivo. 
O controle social pode ser formal ou informal, sendo o primeiro 
exercido por entidades estatais, iniciando-se desde a investigação cri-
minal até a execução da pena, enquanto o controle informal se dá na 
sociedade por meio do desacolhimento, do clamor social, pela rejeição.
A criminologia crítica trouxe novas percepções acerca do com-
portamento do delinquente, avaliando a criminalidade como criminaliza-
ção, compreendido por processos seletivos de construção social do com-
portamento criminoso como maneira de permitir desigualdades sociais. 
A análise do crime como fenômeno social ensejou diversas classi-
ficações ao longo da história. A seguir, dá-se a classificação dada pelo Prof. 
Hilário Veiga de Carvalho, citado por Maranhão (1981), que se refere ao 
indivíduo que comete o delito e as influências para que o ato delitivo ocorra. 
Nesta classificação, relaciona-se o começo do comportamento criminoso 
a dois tipos de fatores: as forças do meio e as forças intrapsíquicas. Logo:
1) Mesocriminoso:atuação antissocial por força das injunções 
do meio exterior, como se o indivíduo fosse mero agente passivo; por 
exemplo, o silvícola. 
2) Mesocriminoso preponderante: maior preponderância de fa-
tores ambientais. 
3) Mesobiocriminoso: determinantes tanto ambientais, quanto 
biológicos. 
4) Biocriminoso preponderante: portador de anomalia biológica 
insuficiente para levá-lo ao crime, mas capaz de torná-lo vulnerável a 
uma situação exterior, respondendo a ela com facilidade. 
5) Biocriminoso puro: atua em virtude de incitações endóge-
nas, como ocorre em algumas perturbações mentais.
Em relação ao primeiro e ao quinto tipo, são compreendidos 
como pseudocriminosos, pois ao primeiro lhe falta o animus delinquendi 
e ao quinto lhe falta a capacidade de imputação penal. No entanto, em 
relação aos outros, utiliza-se a seguinte regra:
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Fonte: AMAR, Ay ush Morad, 1987. 
Existem vários elementos de derivação intrapsíquica reconhe-
cíveis no comportamento delitivo, e há também elementos que se com-
binam com elementos sociais, por exemplo:
• O reconhecimento de uma pessoa como modelo a ser seguido.
• Atuação de um grupo ao qual a pessoa pertença que exerce 
forte influência em suas ações.
• Sujeição capaz de realizar determinados comportamentos in-
desejáveis.
• Emoções exarcebadas que levem a situações de descontrole 
e façam com que a pessoa cometa atos agressivos, violentos.
Para que haja a correta análise do comportamento delito, é 
preciso que se faça a observação de dois aspectos importantes: a víti-
ma e os meios de desestímulos utilizados por ela. 
Por óbvio, a vítima tem participação direta ou indireta no com-
portamento delitivo. A participação da vítima é necessária não apenas 
para desencadear a motivação do delinquente, mas também para des-
pertar emoção. 
Os próprios mecanismos de desestímulo e controle têm im-
pacto determinante sobre as expectativas de sucesso e sobre consequ-
ências do ato delitivo, afentando de maneira direta a percepção do po-
tencial delinquente e combinam-se com todos os elementos anteriores, 
intra e extrapsíquicos. 
Este é um panorama sofisticado ao qual a perfilhação à classi-
ficação se modelos simples definitivamente não se amoldam. 
A grande questão está nos motivos que sustentam o comporta-
mento criminoso. Em relação a este tema, há um progresso do pensa-
mento criminológico que passa pela concepção causalista, pela multifa-
torial até chegar a uma concepção crítica. 
A concepção crítica se orienta nas indagações advindas do Di-
reito Penal, questionando por que alguns atos são considerados crime 
e alguns sujeitos são considerados criminosos, aproximando-se mais 
de um conceito social. Esta concepção se opõe ao positivismo e ao 
determinismo biológico. 
Assim como ocorreu na psicologia ao observar o padrão bio-
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lógico da psicologia, em que a pessoa era vista como um organismo 
que interage no meio físico, sendo que os processos psicológicos eram 
compreendidos como causa que evidenciam seu comportamento. 
Na verdade, o homem biológico não sobrevive por si, seu orga-
nismo é uma infraestrutura que autoriza uma superestrutura que é so-
cial. Logo, buscar individualmente a resposta dos motivos que levaram 
o indivíduo a cometer o crime sem considerar o meio social é desconsi-
derar o comportamento humano. 
Tudo isto é bastante claro no ponto de intersecção entre a psi-
cologia e o direito penal, quando se observa a história individual e a 
história social que chega todos dias aos fóruns criminais pelo Brasil.
É importante ressaltar que não se trata de ignorar a existên-
cia de elementos biopsíquicos, cujo transtorno pode estar associado a 
uma perturbação mental elevada, apesar de que estes indivíduos não 
se achem em maior quantidade no sistema prisional brasileiro. 
O estudo do fenômeno delitivo requer uma análise profunda 
acerca dos fatores que levam ao comportamento indesejado e, desse 
modo, tanto a quantidade, quanto a qualidade de dados e informações 
são muito importantes.
As diversidades das condições sociais propiciam análises es-
tatísticas segmentadas que observem o público-alvo, por exemplo:
• Faixas etárias.
• Características étnicas. 
• Características psicológicas e comportamentais.
• Microssistemas sociais.
• Grupos de atuação.
• Escolaridade.
• Especialidade profissional.
• Opções políticas, religiosas e outras.
Ademais, é importante que o fenômeno delitivo seja compre-
endido na relação com os desencadeantes dos comportamentos, que 
compõem outra matriz de fatores. 
CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA
O homem é um ser social e, como tal, inclina-se a agrupar-se 
em comunidade. A partir do momento em que o indivíduo se une a ou-
tros, é capaz de estabelecer costumes e hábitos de um grupo social, 
com comportamentos sociais específicos. 
A teoria do etiquetamento, também chamada de Labeling Apro-
ach ou rotulação, trata das qualidades conferidas pelas instituições so-
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ciais que terminam separando aspectos de alguma pessoa ou grupo à 
prática de determinada conduta que acaba sendo rotulada como crimi-
nosa. A própria sociedade considera o indivíduo criminoso, decidindo 
aquilo que é ou não é aceito, tratando-o como um personagem social. 
Ao considerar o indivíduo como criminoso, a sociedade tomará 
atitudes desagradáveis contra tal pessoa; demonstrando rejeição, re-
provação a sua conduta e de certa forma, causando-lhe humilhação em 
relação a quaisquer atos praticados por aqueles indivíduos, tornando-o 
estigmatizado. 
Esta teoria analisa os efeitos estigmatizantes no indivíduo, 
constatando o fenômeno social chamado de cifra negra.
Há uma série de crimes cometidos que não constam em esta-
tísticas oficiais, ou seja, trata-se da ideia de que todos já teriam prati-
cado algum crime na vida, por exemplo, ameaça, difamação, mas que 
apenas uma parte desses crimes são realmente investigados, proces-
sados e levam à condenação penal. Isso quer dizer que o risco de ro-
tulação não está vinculado à conduta em si, mas sim à posição do in-
divíduo na sociedade. Exatamente por este motivo, o sistema penal é 
extremamente seletivo, onde sua população carcerária é formada em 
sua grande maioria por indivíduos são pretos ou pardos (61,7%), e 75% 
dos encarcerados têm até o ensino fundamental. 
Hoje, impera a era da informação, onde a mídia e as redes 
sociais exercem um papel extremamente importante quando o tema é 
informação em tempo real. A televisão e a internet são, na época atual, 
os principais formadores de opinião da sociedade. 
Entretanto, do mesmo modo que transmitem informação em 
tempo recorde, transmitem desinformação e disseminam as chamadas 
“fake news” como dados verdadeiros, muitas vezes, sem que haja qual-
quer hesitação. De tal forma que as pessoas se sentem legitimadas a 
tratar de assuntos de ordem constitucional, penal, processual, penal, 
extremamente técnicas, sem nenhum conhecimento ou preparo. 
Shecaira entende que, no Brasil, há aquilo que se entende como 
“fascinação pelo crime”, ou seja, a criminologia, seria uma espécie de en-
tretenimento para a sociedade, com a venda de jornais, programas sensa-
cionalistas de televisão que tem por fim apenas atrair os expectadores e 
aumentar a audiência, explorando o crime como se fosse um espetáculo.
Para Zaffaroni, a televisão espalha um discurso neopunitivista que 
seria uma comunicação em relação aos fatos criminosos denominados de 
criminologia midiática. A televisão seria um impedimento ao raciocínio, é o 
mecanismo mais hábil para deformar a opinião de uma sociedade e afastar 
as informações fundamentais para o exercício da democracia. 
Muitas pessoas não leem um jornal sequer por dia, mas são 
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expectadoras fiéis da televisão e têm esta ferramenta como sua única 
fonte de captação de informações. À medida que a sociedade completa 
seu tempo com as informações colhidas apenas pela TV, ela se afasta 
de sua capacidade crítica e do exercício de seus direitos democráticos. 
A finalidade dos meios de comunicação é bem clara: atingir o 
lucro. Os dados oferecidos nem sempre contam com uma fundamenta-
ção bem-feita e, se o objetivo está previamente traçado, a maneira mais 
interessante de captar expectadores é transformar essas informações 
em um espetáculo atrativo e sensacionalista.
Entretanto, o mais danoso dentro dessa prática é exatamente 
a rotulação do delinquente a partir da criação de um estereótipo com 
atributos fisiológicos, psicológicos e econômicos.
Zaffaroni declara que, na América Latina, as características do 
delinquente são de homens jovens de classe menos abastadas e isto se 
reflete na seletividade do sistema penal, conforme mencionado acima.
Sob a ótica sociológica, tratando à questão racial, ser pobre em 
uma sociedade rica implica em ser negro e ter o status de uma anomalia 
social, trata-se de efeito excludente.
Dentro da discussão da criminologia midiática, faz-se uma di-
visão entre dois grupos: “nós” e “os criminosos”, como se houvesse 
pessoas “boas” e pessoas “más”, “bem” ou “mal”.
A partir dessa divisão, o pensamento punitivista da criminologia 
midiática determina que há aceitação por um direito penal total em que 
a solução para todos os problemas existentes passa pelo direito penal. 
Essa solução é completamente descabida e incoerente com princípio 
da subsidiariedade do direito penal.
Para aqueles que se perfilham a essa solução, a prisão é a única 
solução para delinquentes que possam provocar ameaça física e moral.
Trata-se de um mecanismo imediato e simples de neutraliza-
ção dos criminosos, para que a sociedade não possa tratar dos proble-
mas reais.
Este tipo de criminologia atua em pessoas que não possuem 
conhecimento técnico e acabam curvando-se às pressões punivistas. 
Uma das saídas para modificar esse pensamento é por meio 
de grande transformação cultural e maior comunicação para que haja 
a ressignificação da criminalidade, de tal forma que a mídia passe real-
mente a informar e não a formar opiniões. 
CRIMINOLOGIA E EXAME CRIMINOLÓGICO
No Brasil, a história da psicologia no cárcere está ligada à Lei 
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de Execução Penal promulgada em 1984, quando o exame criminológi-
co foi realmente implantado no sistema prisional brasileiro por meio da 
Comissão Técnica de Classificação (CTC), que contava com o psicólo-
go como membro da comissão.
A LEP – Lei n. 7.210/84 – foi promulgada antes da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988. No ano de 2003, foi alterada 
pela Lei n. 10.792.
O objetivo da LEP era de humanizar o sistema prisional deter-
minar entre o Estado e o preso uma relação de direitos e deveres. 
Uma das mudanças trazidas pela reforma de 2003 foi a reti-
rada da função de emissão de pareceres técnicos elaborados a partir 
de exame criminológico que antes pautavam as decisões judiciais nos 
casos de conversão de pena ou progressão de regime da Comissão 
Técnica de Classificação. Atualmente, as decisões são fundamentadas 
no comportamento carcerário do preso. 
No entanto, é importante diferenciar o exame criminológico re-
alizado para fundamentar as decisões judiciais que foi extinto pela Lei 
n. 10.792/03 e o exame criminológico inicial para produção de um plano 
individual de tratamento penal que permanece vigente. 
A partir de então, alguns requisitos objetivos foram exigidos 
para a progressão de regime o cumprimento de um sexto da pena como 
requisito objetivo para progressão de regime e a apresentação de ates-
tado de boa conduta carcerária assinado pelo diretor do estabelecimen-
to prisional como requisito subjetivo. 
Com a aprovação do Pacote Anticrime e entrada em vigor da 
Lei n. 13.964/2019, o art. 112 da LEP passou a ter outros critérios para 
progressão da pena, quais sejam:
• 16% (dezesseis por cento) da pena, se for primário e o crime 
tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça, ou seja, o 
famoso 1/6 (um sexto).
• 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente 
em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.
• 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primá-
rio e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça. 
• 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente 
em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
• 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for conde-
nado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário (o 
que equivale a 2/5).
• 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
- condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com 
resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; ou
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- condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de 
organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou 
equiparado; ou
- condenado pela prática do crime de constituição de milícia 
privada.
• 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reinciden-
te na prática de crime hediondo ou equiparado (o que equivale a 3/5).
• 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reinciden-
te em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o 
livramento condicional.
Entretanto, é possível que o juiz peça o exame criminológico 
pelas peculiaridades do caso, mas é preciso que a decisão seja funda-
mentada. Este é o entendimento da Súmula 439 de 2010 do STJ e da 
Súmula Vinculante nº 26 de 2009 do STF.
Embora a Reforma de 2003 tenha extinguido o exame crimino-
lógico, a prática verifica que muitos tribunais ainda se utilizam da técni-
ca como condição para a concessão de benefícios.
O exame criminológico consiste em um conjunto de estudos 
científicos de caráter biopsicossocial do delinquente a fim de traçar um 
diagnóstico de sua personalidade e, dessa forma, alcançar um prognós-
tico criminal. 
Alvino Augusto de Sá (2007, p. 191) ensina que 
o exame criminológico é uma perícia. Como tal, visa o estudo da dinâmica do 
ato criminoso, de suas ‘causas’, dos fatores a ele associados. Oferece, pois, 
como primeira vertente, o diagnóstico criminológico. À vista desse diagnós-
tico, conclui-se pela maior ou menor probabilidade de reincidência, tendo-se 
então aí a segunda vertente, o prognóstico criminológico. 
Esse estudo tem por fim detalhar o perfil do criminoso, sua 
imputabilidade, periculosidade, viabilidade de sua reabilitação e sensi-
bilidade à pena. 
É importante salientar que este exame não se confunde com 
exame psiquiátrico que trata de incidente de insanidade mental do acu-
sado, com a finalidade averiguar a imputabilidade do indivíduo para fins 
de apenamento.
O exame criminológico é realizado para a cautela da defesa 
social e procura estimar a temibilidade do delinquente. 
A atuação interdisciplinar da equipe é imprescindível para tra-
çar um perfil psicossocial do criminoso. 
A seguir, tem-se a subdivisão do exame criminológico:
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Fonte: PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. 2012. p. 319.
A Reforma ocorrida em 2003 extinguiu do texto legal o exame 
criminológico, mas a uniformização de orientação por meio da súmula do 
STJ e a Súmula Vinculante do STF admitiu que o exame fosse exigido. 
Ainda com as inovações legislativas trazidas pelo Pacote Anti-
crime, nada muda acerca das regras concernentes à exigência do exa-
me criminológico que caberá ao juiz de direito solicitar o exame, se en-
tender necessário,desde que o faça de forma fundamentada. 
 
PERÍCIA PSICOLÓGICA FORENSE
Embora muitas técnicas e métodos que hoje fazem parte do 
estudo da psicologia fossem usados ao longo dos séculos, apenas em 
meados do século XIX é que a psicologia surgiu como ciência experi-
mental na Alemanha, por meio de Wilhelm Wundt.
Seu objetivo era estabelecer a psicologia como ciência, a partir 
da criação de um laboratório em Leipzing em 1879 e na primeira edição 
de seu livro Wundt “Grundüge der Phisiologische Psychologie” (Funda-
mentos da Psicologia Física).
Para o médico alemão, esta nova ciência seria intermediária 
dentre as ciências da natureza e as ciências da cultura, cujo propósito 
se evidencia na maneira como o indivíduo vive as experiências da vida, 
antes de refletir sobre ela.
A Psicologia pesquisa os elementos de funcionamento interno da 
mente como o pensamento, a memória, os sentimentos, a percepção, o 
comportamento, a linguagem, a aprendizagem, a inteligência, o desenvol-
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vimento da personalidade. Algumas técnicas são utilizadas para tais estu-
dos, por exemplo: observação, testes para avaliação de funções cogniti-
vas, de personalidade e de inteligência, coleta de histórias pessoais etc.
A psicologia como ciência em si é recente e, portanto, isso tam-
bém se aplica à psicologia forense. Mas, da mesma forma, é possível 
afirmar que muitos métodos eram utilizados durante a história sem que 
tomassem feição de científica. 
Assim como o Direito, a Psicologia tem o interesse pelo com-
portamento humano. Mas, é preciso salientar que, ao passo que o Di-
reito enfrenta o estudo do dever ser, a Psicologia enfrenta o estudo do 
ser. Portanto, a maneira como se analisa o indivíduo diante de cada 
perspectiva será diferente, embora sejam complementares. 
A Psicologia Forense aplica as áreas do saber da psicologia 
para responder às indagações realizadas pela justiça, contribuindo com 
sua administração, atuando no Tribunal, estabelecidos os limites legais.
Apenas em 1962, a profissão de psicólogo foi regulamentada 
no Brasil, a partir da Lei n. 4.119 que definiu quais são as funções de 
competência exclusiva dos psicólogos, auxiliando a estabelecer a ati-
vidade do profissional em assuntos jurídicos, posto que o art. 13, § 2º 
determina que “é da competência do Psicólogo a colaboração em as-
suntos psicológicos ligados a outras ciências”.
No §1º do art. 13, o legislador estabelece que é função privati-
va do psicólogo a utilização de métodos e técnicas psicológicas com os 
objetivos de diagnóstico psicológico; orientação e seleção profissional; 
orientação psicopedagógica; e solução de problemas de ajustamento.
Em 20 de dezembro de 2000, o Conselho Federal de Psico-
logia editou a Resolução n. 14/2000 que instituiu o título profissional 
de Especialista em Psicologia, sendo uma das especialidades a serem 
concedidas Psicologia Jurídica. 
A Psicologia Forense é exercida pelo psicólogo por meio da de-
finição dos processos mentais e comportamentais e utilização de méto-
dos psicológicos aceitos, atendendo rigorosamente à diligência judicial, 
sem haja emissão de juízo de valor. Assim, é importante destacar que o 
psicólogo também responde judicialmente por seus atos na medida de 
sua culpabilidade. 
Contudo, é preciso diferenciar a psiquiatria e psicologia foren-
se, pois, enquanto a primeira cuida dos distúrbios mentais e suas liga-
ções com o delito, a psicologia forense trata dos elementos subjetivos 
do indivíduo e de sua personalidade e como este indivíduo significa 
suas experiências com o objetivo de ajudar o juiz no processo decisório.
É importante salientar que a Psicologia Forense não caminha 
sozinha, ela necessita de outras ciências, por exemplo, Direito, Crimi-
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nologia, Psiquiatria, Medicina, Sociologia, Antropologia, dentre outras. 
A Perícia Psicológica Forense consiste em um exame científico 
feito por um especialista por meio da utilização de métodos e técnicas 
aceitos pela Psicologia com a finalidade de preparar diagnósticos em 
relação a fatos e indivíduos, traçando uma provável conexão de causa e 
efeito, e reconhecer a motivação e alterações psicológicas dos agentes 
envolvidos no processo judicial. 
Podemos definir a perícia psicológica no contexto forense como 
o exame científico, desenvolvido por um especialista, realizado com o uso 
de métodos e técnicas reconhecidas pela Psicologia, com o objetivo de 
elaborar análises e conclusões sobre os fatos e pessoas, apontando uma 
possível correlação de causa e efeito, além de identificar a motivação e 
as alterações psicológicas dos agentes envolvidos no processo judicial. 
Para que a pessoa seja um perito, é preciso que tenha concluí-
do o nível superior e esteja inscrito em seu conselho de classe. No caso 
do psicólogo perito, deverá possuir graduação em Psicologia e inscrição 
regular no Conselho Regional de Psicologia. 
Não é necessário que o psicólogo tenha especialização na 
área de perícia, apenas é preciso que tenha capacidade técnica, embo-
ra aquele que tem formação na área jurídica/forense é mais capaz de 
responder às questões apontadas no processo judicial.
Caso o psicólogo perito preste informações falsas, responderá 
judicialmente por dolo ou culpa e, neste caso, poderá ser responsabili-
zado pelos prejuízos causados à parte, ficando inabilitado para exercício 
da profissão por 2 anos e incorrer na sanção penal que a lei estabelecer. 
A PSICOLOGIA JURÍDICA APLICADA AO CÁRCERE
O tratamento penal precisa ter uma intervenção multidisciplinar e 
institucionalizada, ou seja, a instituição como um todo deve estar dedicada 
ao preso e procurar ser inclusiva. Por óbvio, tais trabalhos são mais mar-
cantes nos regimes prisionais fechados, onde esses trabalhos têm maior 
continuidade e exclusividade dado ao tempo em que o preso ali passa. 
Data-se da década de 60 o ingresso dos primeiros psicólogos no 
sistema penitenciário do Brasil no Estado do Rio de Janeiro, logo após a 
regulamentação da profissão em 1962, inicialmente, no interior de mani-
cômios judiciários e no âmbito das medidas de segurança. Todavia, em 
relação aos estabelecimentos prisionais, a presença dos profissionais de 
psicologia deu-se, em geral, a partir do final da década de 1970, simulta-
neamente à elaboração do projeto da Lei de Execução Penal. 
A partir da promulgação da LEP – Lei n. 7.210 – em 1984, o 
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exame criminológico foi efetivamente implementado no sistema prisional 
brasileiro. Esta foi a primeira regulamentação sobre saúde penitenciária 
no país, e embora o art. 14 contemplassem a assistência médica, farma-
cêutica e odontológica, não tratava da assistência psicológica ao preso. 
Nesta lei foi instituída que, em cada presídio, seria criada uma 
Comissão Técnica de Classificação (CTC) que o psicólogo passa a ser 
membro efetivo em conjunto com o assistente social e o médico psi-
quiatra. Na época, a CTC deveria funcionar como um dispositivo para o 
acompanhamento individualizado da pena, devendo propor à autorida-
de judicial as progressões e regressões de regime. 
Mesmo assim, a atividade de psicologia não era reclamada na 
legislação, o que permitia que o psicólogo atuasse apenas como perito 
e como membro da CTC. Apenas a partir de 1994 com as Regras Mí-
nimas para o Tratamento do Preso no Brasil (Resolução n. 14 de 11 de 
novembro de 1994) é que a assistência psicológica foi incluída como 
serviço de saúde aos presos. 
Posteriormente, em 2003, é criada a Portaria Interministerial n. 
1777 que se transformou em 2014 na Política Nacional de Atenção Inte-
gral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional 
(PNAISP) no âmbito do SUS – Portaria Interministerial n. 1, de 2 de ja-
neirode 2014, que alterou a composição mínima de saúde nas prisões 
passando a incluir um psicólogo na equipe de Atenção Básica (EAB) 
nas unidades com um efetivo carcerário de 501 a 1.220 PPL. 
Conforme determina tal portaria, o principal objetivo da legislação 
é promover o acesso das pessoas em PPL à Rede de Atenção à Saúde; 
garantir autonomia dos profissionais de saúde que trabalham com essas 
pessoas; qualificar e humanizar a atenção à saúde no sistema prisional 
por meio de ações conjuntas das áreas da saúde e da justiça; promover 
relações intersetoriais com as políticas de direitos humanos, afirmativas e 
sociais básicas e fomentar e fortalecer a participação e o controle social.
De acordo com a edição de 2007 das Diretrizes para Atuação 
e Formação dos Psicólogos do Sistema Prisional Brasileiro do Conse-
lho Federal de Psicologia realizado conjuntamente ao DEPEN – Depar-
tamento Penitenciário Nacional – prática dos psicólogos em estabele-
cimentos prisionais aconteceram na prática, ou seja, não receberam 
um treinamento específico para exercer a função de realizar perícias, 
elaborar laudos e pareceres que eram usados como fundamento para 
decisões judiciais na concessão de benefícios.
Além dessas questões de capacitação, muitos outros questio-
namentos permeavam a atividade do psicólogo no ambiente do cárcere.
No Fórum Nacional de 2010, o texto exibido pelo Conselho Fe-
deral de Psicologia “Desafios para Resolução sobre a Atuação do Psi-
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cólogo no Sistema Prisional” traduz o exercício da psicologia em meio 
prisional, desde o início, como um “modelo médico-psiquiátrico do sé-
culo XIX” e de “concepções higienistas” ainda com sob influências po-
sitivistas, em que suas práticas serviam como mecanismos de controle 
social, segregando os indivíduos indesejáveis longe da sociedade. 
A partir da promulgação da Lei de Execuções Penais, apare-
cem novos aspectos em relação às atividades dos psicólogos em esta-
belecimentos prisionais, principalmente no que tange à sua participação 
como membro da CTC e ao exame criminológico.
Durante a década que se seguiu dos anos 2000, muitos even-
tos e muitos materiais foram produzidos pelo CFP com o objetivo de 
trazer para o debate medidas que pudessem contribuir efetivamente 
com o processo de ressocialização do preso, essencialmente com a 
minimização de danos psíquicos provenientes do cárcere, por meio de 
uma rede de auxílio aos familiares e acompanhamento psicossocial.
No ano de 2005, aconteceu o 1º Encontro Nacional dos Psicó-
logos do Sistema Prisional que deu início a uma parceria entre o De-
partamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e o Conselho Federal de 
Psicologia (CFP) que consumou na publicação, em 2007, das Diretrizes 
para Atuação e Formação dos Psicólogos do Sistema Prisional Brasilei-
ro, resultante de um estudo feito com os profissionais de psicologia que 
trabalhavam em estabelecimentos prisionais, e que teve como objetivo 
apontar questões e observações em relação ao exercício das atividades 
do psicólogo no contexto prisional, além de pensar medidas que pudes-
sem contribuir mais do aquelas já realizadas. 
Já em 2008, foi editado o documento Falando Sério sobre Prisões, 
Prevenção e Segurança Pública, em que o CPF faz uma contextualização 
em três dimensões para enfrentamento da crise no sistema prisional:
1. A questão da superlotação dos estabelecimentos prisionais 
e o aumento da demanda por encarceramento. 
2. As condições degradantes de vida nas prisões brasileiras, situa-
das entre as piores em todo o mundo, produtoras de sofrimento e violência. 
3. A política criminal brasileira centrada nas penas privativas de 
liberdade, em detrimento das penas alternativas.
O Conselho Federal de Psicologia edita em 2010 a Resolução 
n. 009 e cria uma controvérsia entre os profissionais e o judiciário, isto 
porque a resolução impedia que o psicólogo de estabelecimentos peni-
tenciários fizesse o exame criminológico e que participasse de ações e/
ou decisões que envolvessem práticas de caráter punitivo e disciplinar. 
Em setembro do mesmo ano, o CPF edita a Resolução n. 019/2010 sus-
pendendo os efeitos da Resolução n. 009/2010 pelo prazo de 6 meses. 
Depois de muita discussão, o CPF edita, em 25 de maio de 
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2011, a Resolução n. 012/2011 que retira do texto anterior o impedi-
mento para realização do exame criminológico pelo psicólogo em es-
tabelecimento prisional, entretanto, mantém a vedação em relação à 
participação de ações de caráter punitivo e disciplinar.
Apenas em abril de 2015, na decisão de uma ação civil pública 
movida pelo Ministério Público Federal contra o Conselho Federal de 
Psicologia, a Resolução n. 012/2011 é declarada nula e perde seu efeito 
em todo território nacional.
Concomitantemente, existe uma movimentação legislativa para 
que o exame criminológico seja reintroduzido no ordenamento jurídico e 
exigido como condição para concessão de benefício na progressão de 
regime, conforme é possível se verificar nos Projetos de Lei n. 75/2007, 
do senador Gerson Camata e n. 190/2007, da senadora Maria do Car-
mo Alves.
Contudo, embora a letra da lei tenha trazido um caráter mais 
humano para estabelecimento prisional, isto não é o que se vê no dia a 
dia na realidade das penitenciarias pelo Brasil afora, pois 36 anos após 
a promulgação da LEP, muitas penitenciárias não seguem um terço do 
que a lei determina, sendo comum se deparar com a ausência de CTC, 
de alimentação e condições de higiene. 
Trata-se de estabelecimentos com altos índices de DSTs (do-
enças sexualmente transmissíveis), em especial o HIV, dentre outras 
doenças como a tuberculose, e doenças de pele que são um risco tanto 
para a população carcerária, quanto para os funcionários e para os fa-
miliares que visitam as prisões. É um desafio diário.
Aqueles que se opõem ao exame criminológico consideram 
que o exame não cumpre rigor científico e não traz respostas asser-
tivas aos questionamentos demandados pelo judiciário, bem como se 
trata de uma sujeição compulsória, o que poderia ferir o princípio ético 
do consentimento do examinando, além da precariedade de condições 
dos estabelecimentos prisionais, laudos incompletos feitos pela CTC ou 
com uma visão com uma concepção positivista ou estereotipados.
O que se pode observar é que, geralmente, o exame de clas-
sificação (art. 8º, LEP) que deve ser realizado no início de cumprimento 
da pena não é feito, mas apenas aqueles que fundamentam decisões 
judiciais. Dessa forma, a finalidade para a qual o exame criminológico 
se originou não cumpre seu papel, pois acaba por não individualizar a 
pena daquele indivíduo. 
Ao descumprir as regras de instalação da CTC, a instituição 
penitenciária acaba delegando ao psicólogo a responsabilidade pelo ve-
redito em relação à progressão da pena. 
Como dito anteriormente, embora a Lei n. 10.792/03 tenha extin-
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guido a exigência do exame criminológico, muitos magistrados continuam 
a exigi-lo até hoje com base na Súmula Vinculante nº 26 do Supremo 
Tribunal Federal (STF). Esse fator possivelmente tem contribuído para 
que, em várias regiões do país, o exame criminológico continue sendo a 
principal prática dos psicólogos que atuam no sistema prisional.
Um estudo realizado pelo Conselho Federal entendeu que as ne-
cessidades jurídicas em relação à psicologia estiveram ligadas às ques-
tões comportamentais do indivíduo considerado indesejável, por exemplo, 
periculosidade, psicopatia, reincidência ou perspectivas de tratamento. 
Hoje, a prática psicológica trata de questões heterogêneas, por 
exemplo, a eficiência do exame criminológico. A psicologia não é capaz 
de responder a aspectos como a reincidência se for consideradaao 
fenômeno complexo como é o crime. 
Por meio da produção de pareceres, como os exames crimi-
nológicos para aferição de mérito, a psicologia se coloca a serviço da 
garantia da defesa social, logo, do controle social exercido pelo siste-
ma punitivo. Ressalta-se que a avaliação psicológica é uma importante 
atuação da profissão, e tem como meta informar acerca de fenômenos 
psicológicos. Entretanto, o crime e a reincidência são fenômenos so-
ciais por excelência e, portanto, devem ser considerados sob um prisma 
social, cultural, político e econômico.
TESTE DE PERSONALIDADE 
Os testes de personalidade e exames criminológicos têm por 
fim avaliar a personalidade do indivíduo por meio de desenhos, qua-
dros, ensaios, entre outros, que apresentam estímulos à pessoa que 
está sob avaliação, captando seus aspectos afetivos.
A eficiência e a confiabilidade na realização dos testes para um 
parecer assertivo estão condicionadas à capacidade daquele que aplica 
a técnica, bem como das condições daquele que é avaliado. 
Outros testes de personalidade são aplicáveis, quais sejam:
a) PMK (psicodiagnóstico miocinético de periculosidade delin-
quencial), criado por Myra Y Lopes, tem fundamentação na consciên-
cia motora, unindo a psiquê ao movimento muscular, ou seja, avalia-se 
a personalidade do indivíduo por meio de suas atitudes, as quais são 
previamente idealizadas no cérebro antes de acontecerem e advém de 
movimentos musculares em resultado de estímulos recebidos. Ex.: em-
prego para candidatos a motoristas, maquinistas e para aquelas fun-
ções em que será necessário portar arma de fogo.
b) Teste da árvore de Koch, neste exame, o examinando de-
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senhará uma árvore, e esta representará seu autorretrato, de tal forma 
que o desenho proporcionará esclarecimentos em relação ao desenvol-
vimento e caráter do examinando.
c) Teste de Apercepção Temática (TAT), neste teste, será exi-
bido ao examinando várias pranchas gráficas sobre as quais ele deverá 
contar uma história. 
d) Minnesota Multiphasic Personality Inventary (MMPI), tra-
ta-se de 550 afirmativas sobre as quais o examinando deve assinalar 
como verdadeira ou falsa quando cabível a si mesmo. 
e) Teste de Rorscharch, o examinando receberá 10 pranchas 
com manchas disformes de tinta devendo responder o que acredita que 
seja cada uma delas. 
f) Inventário Fatorial de Personalidade (IFP), tem por fim anali-
sar a pessoa normal em quinze necessidades ou motivos psicológicos: 
assistência, dominância, ordem, denegação, interação, desempenho, 
exibição, heterossexualidade, afago, mudança, persistência, agressão, 
deferência, autonomia e afiliação.
g) Teste de Atenção Concentrada, tem por objetivo analisar a 
capacidade de concentração que o indivíduo tem em determinado inter-
valo de tempo.
h) Teste Palográfico, faz uma análise da personalidade do in-
divíduo por meio da expressão gráfica com a produção de leves traços 
verticais e paralelos.
i) QUATI, que examina a personalidade por meio das preferên-
cias situacionais de cada sujeito.
j) Teste de Raciocínio Lógico, criado com o objetivo de apurar o 
raciocínio lógico de motoristas, mas, também, pode ser usado na sele-
ção de pessoal e avaliação do potencial de funcionários.
k) Teste Não Verbal de Inteligência, utilizado para analisar a 
capacidade intelectual por meio de aspectos gráficos ou numéricos.
l) Inventário de Administração de Tempo, ferramenta que tem 
por fim coletar dados sobre a maneira como os indivíduos usam o seu 
tempo no trabalho.
m) Teste de Zulliger, que pode ser usado para toda a finalidade 
de diagnóstico, avaliação da personalidade, seleção de pessoal, avalia-
ção de desempenho etc.
n) Teste Wartegg, método de aferição da personalidade por 
meio de desenhos alcançados por meio de uma diversidade de peque-
nos elementos gráficos que se enquadram como uma série de temas 
formais a serem desenvolvidos pelo indivíduo de maneira pessoal.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: SEJUDH - MT Prova: Enfermeiro
De acordo com o Plano Nacional de Saúde no Sistema Peniten-
ciário, a equipe técnica mínima para a atenção de até 500 pessoas 
presas deverá ser composta por:
a) Assistente social, enfermeiro, odontólogo, nutricionista, assistente 
social e técnico de enfermagem.
b) Médico, enfermeiro, odontólogo. Psicólogo, assistente social, auxiliar 
de enfermagem e auxiliar de consultório dentário.
c) Psicólogo, odontólogo. Enfermeiro, auxiliar de enfermagem e auxiliar 
de consultório dentário.
d) Enfermeiro, odontólogo, psicólogo, assistente social, técnico de en-
fermagem e auxiliar de consultório dentário.
e) Médico, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, odontólogo, assistente 
social, técnico de enfermagem e auxiliar de consultório dentário.
QUESTÃO 2
Ano: 2011 Banca: FUNIVERSA Órgão: SES-DF Prova: SES-DF - Es-
pecialista em Saúde - Assistente Social
O Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), ins-
tituído pela Portaria Interministerial n.º 1.777/2003, tem como obje-
tivo primordial garantir o acesso à saúde pelas pessoas privadas 
de liberdade, oferecendo ações e serviços de atenção básica in 
loco, ou seja, dentro das unidades prisionais.
Essas ações envolvem, entre outras, campanhas de vacinação; di-
reito à visita íntima; distribuição de kits de medicamentos da farmá-
cia básica, incluindo a distribuição de preservativos masculinos e 
medicamentos específicos para gestantes; inclusão da população 
penitenciária na política de planejamento familiar; e são desenvol-
vidas por equipes multiprofissionais, compostas minimamente por 
médico, cirurgião-dentista, psicólogo, assistente social, enfermeiro 
e auxiliar de enfermagem, com ações voltadas para prevenção, pro-
moção e tratamento de agravos em saúde, primando pela atenção 
integral em saúde bucal, saúde da mulher, doenças sexualmente 
transmissíveis, AIDS e hepatites virais, saúde mental, controle da 
tuberculose, hipertensão e diabetes, hanseníase, assistência farma-
cêutica básica, imunizações e coletas de exames laboratoriais.
Internet: (com adaptações).
Considerando as informações do texto e o conteúdo expresso no 
PNSSP, assinale a alternativa que apresenta um dos princípios bá-
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sicos desse plano.
a) A transparência na perspectiva de prestar assistência integral resolu-
tiva, contínua e de boa qualidade às necessidades de saúde da popu-
lação penitenciária.
b) A qualidade na perspectiva de contribuir para o controle e(ou) a redução 
dos agravos mais frequentes que acometem a população penitenciária.
c) A justiça na perspectiva de definir e implementar ações e serviços 
consoantes com os princípios e as diretrizes do SUS.
d) A cidadania na perspectiva dos direitos civis, políticos, sociais e re-
publicanos.
e) Os direitos humanos na perspectiva de contribuir para a democratiza-
ção do conhecimento do processo saúde/doença, da organização dos 
serviços e da produção social da saúde. 
QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: AOCP Órgão: SUSIPE-PA - Técnico em Enfermagem
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva-
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) foi instituída por 
meio da Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014, e tem 
como objetivo principal:
a) Formar equipes de especialistas para atuar apenas dentro de unida-
des penais.
b) Garantir que os presos não recebam atendimento fora da unidade 
penal.
c) Aumentar a fiscalização e vigilância em saúde dentro do sistema pe-
nitenciário.
d) Garantir o acesso das pessoas privadas de liberdade no sistema pri-
sional ao cuidado integral no SUS.
e) Minimizar o risco de contaminação e epidemias no sistema peniten-
ciário.
QUESTÃO 4
Ano:concebido a partir de uma visão individu-
alista e o delinquente era percebido como um ser anormal, devendo 
ser banido da comunidade que integrava. Antigamente, o criminoso era 
compreendido como alguém motivado pelo demônio.
O movimento Renascentista teve como característica mais mar-
cante a valorização do ser humano, e o antropocentrismo colocou a pes-
soa humana no centro das reflexões, o que possibilitou uma visão mais 
humanizada das penas e do tratamento aos condenados a partir deste 
momento, trazendo maior relevância às causas sociais e econômicas.
No entanto, a explicação para o comportamento criminoso ain-
da é mola propulsora dos estudos de diversas áreas, tanto nas ciências 
jurídicas, quanto nas ciências humanas e de saúde. 
 Dessa forma, este material tem por fim apresentar uma breve 
amostragem sobre a Psicologia Jurídica e a sua aplicação no Direito Crimi-
nal, demonstrando como se relacionam em relação à investigação criminal, 
a relação da Psicologia com a criminologia, as características comporta-
mentais dos delinquentes, as motivações que podem levar o indivíduo ao 
cometimento de atos delituosos, alguns tipos mais comuns de delitos, o 
exame criminológico, a perícia psicológica forense, e a psicologia jurídica 
aplicada ao cárcere, bem como os principais métodos e técnicas que sub-
sidiam a atuação do psicólogo jurídico, explicando e diferenciando algumas 
delas, sem a pretensão de esgotá-las no presente trabalho.
Nesta unidade, a reunião entre a psicologia e o direito desta-
ca-se para tentar conciliar as teorias psicológicas com as determina-
ções legais, lembrando que estas são determinadas pela ética social e 
construídas de acordo com determinantes históricos, sociais, culturais 
e econômicos. Essas considerações preliminares trazem uma perspec-
tiva mais ampliada; partindo-se da alegação de que o entendimento so-
bre o comportamento criminoso abre um grande espectro teórico, cujo 
entendimento, com o objetivo de coibir o cometimento de crime e esti-
mular políticas públicas que previnam a ocorrência criminosa, solicita 
uma ampla interdisciplinaridade, uma vez que nenhuma ciência atingiu 
o grau de previsibilidade efetiva do comportamento humano.
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INTRODUÇÃO
A Psicologia Jurídica, como ramo da Psicologia que se conec-
ta com as Ciências Jurídicas, vale-se de recursos técnicos e teóricos, 
definindo-se como área interdisciplinar de desempenho em quadro mul-
tidisciplinar para melhor entendimento do comportamento do indivíduo.
Este ramo surgiu da Psicologia do Testemunho cuja prática be-
neficiou a consolidação da Psicologia como uma ciência, em razão da 
contribuição na comprovação da confiabilidade de testemunhos, princi-
palmente a partir dos testes psicológicos na metade do séc. XX, bem 
como o desenrolar de trabalhos sobre meios de prova como interroga-
tórios, dos falsos testemunhos e falsas memórias, servindo de ensaio 
para a criação dos primeiros laboratórios de Psicologia.
PSICOLOGIA E DIREITO
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Não obstante, no Brasil, a prática psicológica jurídica somente 
tinha sido validada no ano 2000 pelo Conselho Federal de Psicologia 
– CFP, ela foi iniciada ainda na década de 1960 na área criminal em 
trabalhos voluntários realizados em pessoas que estavam presas e em 
adolescentes infratores que passavam por avaliação psicológica. 
Por volta dos anos de 1979, a atuação do psicólogo em âmbito 
jurídico é ampliada à área civil, por meio de trabalho voluntário realizado 
com famílias em vulnerabilidade econômica-social no Tribunal de Justi-
ça de São Paulo.
Apenas em 1985, a entrada do cargo de oficial do psicólogo no 
Tribunal de Justiça de São Paulo é exigida por meio de concurso público.
No final da década de 90, o estado do Rio de Janeiro começa a 
realizar concursos públicos para contratação de psicólogos na estrutura 
judiciária. A partir desse momento, os Tribunais de Justiça em todas as 
suas esferas, bem como as Defensorias Públicas, os Ministérios Públi-
cos e as penitenciárias passaram a contar com o profissional de psico-
logia em seus quadros. 
Filme sobre o assunto: A experiência (Oliver Hirschbiegel, 
2001)
Minority Report (Steven Spielberg, 2002)
DETERMINAÇÃO TERMINOLÓGICA: PSICOLOGIA JUDICIAL X 
PSICOLOGIA CRIMINAL X PSICOLOGIA FORENSE X PSICOLOGIA 
CARCERÁRIA X PSICOLOGIA MILITAR X PSICOLOGIA CRIMINO-
LÓGICA
A psicologia é a ciência que cuida do estudo dos elementos 
psíquicos e comportamento do ser humano, sejam influenciados pelo 
coletivo ou sejam resultado individual, por meio da avaliação de ideias, 
valores e emoções. 
Subdivide-se em vários ramos, quais sejam: psicologia clínica, 
psicologia jurídica, psicologia escolar/educacional, psicologia organiza-
cional e do trabalho, psicologia do trânsito, psicologia hospitalar, psico-
pedagogia, psicologia social, psicomotricidade, psicologia do esporte e 
neuropsicologia.
Apesar de ser um ramo novo, a Psicologia Jurídica é um ramo 
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promissor e acredita-se que isso se deve a sua ligação com o direito, 
uma vez que ambos têm como finalidade o comportamento humano, a 
psicologia prioriza questões específicas da vida do ser humano, seus re-
lacionamentos e afetos, enquanto o direito cuida da relação do indivíduo 
na sociedade, seu comportamento no tocante às leis estipuladas, à apli-
cação de normas e regras com o objetivo de manter seu bem-estar social. 
Para complementar o estudo do comportamento humano, é pre-
ciso citar a criminologia, uma ciência empírica que preserva a importância 
de que o delito seja julgado também pelos motivos que levaram o indi-
víduo a cometê-lo, compreendendo o crime como um fenômeno social.
Na Psicologia Jurídica, existem diferentes campos intimamen-
te relacionados entre si, entre os quais vale a pena destacar principal-
mente os seguintes: Psicologia Jurídica propriamente dita, Psicologia 
Forense, Psicologia Legal, Criminologia, Psicologia Policial etc. 
Isso quer dizer que a Psicologia Jurídica teria dois significados: 
um mais amplo que incorporaria todas as áreas psicológicas relaciona-
das ao âmbito da lei; e outro mais reduzido, que, para diferenciação, será 
chamado de Psicologia Judicial e definido como "a aplicação da Psicolo-
gia Social que estuda os comportamentos psicossociais de pessoas ou 
grupos que pensam da mesma forma, estabelecidos e controlada por lei 
em seus diversos aspectos, bem como os processos psicossociais que 
orientam ou facilitam atos e regulamentos legais" (SORIA, 1998, p. 4). 
Isso posto, dentro da psicologia jurídica, no sentido amplo, 
existem diferentes campos, embora relacionados uns aos outros. Des-
tarte, Soria (2005, pp. 33-35) subdividem a Psicologia Jurídica em doze 
áreas: judicial, forense, penitenciária, criminal e prevenção, vitimização, 
policial, criminal, militar, investigação da juventude, resolução alternati-
va de conflitos, etiqueta da lei e regra legal, quais sejam:
• Psicologia Judicial é aquela divisão da Psicologia Jurídica 
que estuda a influência de fatores extralegais nas decisões dos órgãos 
judiciais, seja individual ou colegiado, juízes ou jurados, sejam eles pro-
fissionais ou leigos.
• Criminologia ou Psicologia Criminal é a disciplina que lida 
com ajudar a explicar o crime e fornecer medidas para o seu controle.
Enquanto a Psicologia Criminologia aborda o crime, o estudo 
do ato criminoso é uma tentativa de preveni-lo (com programas de tra-
tamento para infratores ou com medidas destinadas a tornar as vítimas 
menos vulneráveis), a Psicologia Legal se cuida de estudos psicológi-
cos no âmbito do Tribunal, e também trabalha no âmbito dos aspectos2020 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Analista Judiciário 
- Psicologia
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a violência 
como um grave problema de saúde pública e uma violação aos di-
reitos humanos. A respeito desse tema, julgue os seguintes itens.
I. A denúncia de violência é cabível apenas se concretizada a agres-
são física, evitando-se, assim, eventual calúnia e leviandade do(a) 
denunciante.
II. Por conta do sigilo, os psicólogos, no exercício da profissão 
devem notificar os casos de violência contra criança apenas após 
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terem certeza de que o menor é, de fato, vítima.
III. A notificação de confirmação ou de suspeita de caso de violên-
cia é compulsória aos profissionais que atenderem pessoas nessa 
situação.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: Analista Judiciário - 
Psicologia
“De acordo com o relatório Mundial sobre violência e Saúde da OMS, 
em 48 pesquisas realizadas com populações do mundo todo, de 10% 
a 69% das mulheres relataram ter sofrido agressão física por um par-
ceiro íntimo em alguma ocasião de sua vida. (...) A violência domésti-
ca e o estupro seriam a sexta maior causa de anos de vida perdidos 
por morte ou incapacidade física em mulheres de 15 a 24 anos – mais 
do que todo tipo de câncer, acidentes de trânsito e guerras”. (MOR-
GADO, Rosana. Mulheres em situação de violência doméstica: limites 
e possibilidades de enfrentamento. In BRANDÃO, E. et GONÇALVES, 
H. S. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU, 2011).
Os dados mundiais disponíveis suscitam a necessidade de reto-
mar-se à ideia de que a violência doméstica expressa:
a) Um fenômeno típico das classes pauperizadas mais vulneráveis so-
cialmente.
b) Uma dinâmica em que os agressores são portadores de psicopatolo-
gias disfuncionais.
c) A necessária criminalização das condutas perpetradas pelos agressores.
d) A forçosa repetição da violência, já que os agressores foram vítimas 
ao longo de sua vida.
e) Um conjunto de relações de violência que se desenvolvem a partir de 
uma escalada da violência.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
“A teoria do labelling approach (interacionismo simbólico, etiquetamen-
to, rotulação ou reação social) é uma das mais importantes teorias de 
conflito. Surgida nos anos 1960, nos Estados Unidos, seus principais 
expoentes foram Erving Goffman e Howard Becker. Por meio dessa 
teoria ou enfoque, a criminalidade não é uma qualidade da conduta 
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humana, mas a consequência de um processo em que se atribui tal 
“qualidade” (estigmatização)”. (página 62 - Manual Esquemático de Cri-
minologia – 8ª Edição)
A partir da afirmação acima, conceitue a teoria do labelling approach e 
justifique por que esta teoria compreende que “a criminalidade não é 
uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um proces-
so em que se atribui tal qualidade”. Justifique sua resposta. 
TREINO INÉDITO
São subdivisões do exame criminológico; o exame, exceto:
a) Corporal.
b) Moral.
c) Psiquiátrico.
d) Psicológico.
e) Funcional.
NA MÍDIA
A CRISE DE SAÚDE ENTRE PRESOS EM RORAIMA. E A SUPERLO-
TAÇÃO NOS PRESÍDIOS
Detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, estão 
sofrendo infecções e ferimentos na pele. Relatórios apontam superlota-
ção e más condições de higiene no local.
O problema ganhou visibilidade quando imagens das mãos inchadas 
e feridas de um detento começaram a circular na internet. Veículos de 
imprensa local atribuíram os sintomas a uma bactéria desconhecida.
No dia 17/01/2020, representantes da OAB (Ordem dos Advogados do 
Brasil) do estado foram ao Hospital Geral de Roraima, para onde pre-
sidiários doentes são encaminhados, e reafirmaram que uma doença 
infecciosa desconhecida vinha atingindo detentos. Segundo o órgão, 
havia 24 pacientes, dos quais sete estavam impedidos de andar devido 
ao inchaço nas articulações.
Fonte: Nexo
Data: 20 jan. 2020.
Leia a notícia na íntegra: https://www.nexojornal.com.br/ex-
presso/2020/01/20/A-crise-de-sa%C3%BAde-entre-presos-em-
-Roraima.-E-a-superlota%C3%A7%C3%A3o-nos-pres%C3%ADdios
NA PRÁTICA
A profissão de psicólogo apenas foi regulamentada no Brasil em 1962 a 
partir da Lei n. 4.119. 
Diversamente do foco idealizado quando surgiu como ciência em mea-
dos do séc. XIX, atualmente, a psicologia busca compreender o sujeito 
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biopsicossocial e sua rede que envolver áreas transdisciplinares. 
A psicologia jurídica na prática é um ramo a ser mais bem explorado ao 
longo dos próximos anos, a exemplo da importância do psicólogo no 
contexto prisional. 
O psicólogo pode ser solicitado a atuar como perito para averiguação 
das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em lití-
gio ou em julgamento, destacando-se o papel dos psicólogos junto ao 
Sistema Penitenciário e aos Institutos Psiquiátricos Forenses.
Os psicólogos jurídicos que atuam nos Ministérios Públicos Estaduais 
concentram seu atendimento às demandas das Promotorias de Justiça 
relacionadas ao conhecimento específico na área de Psicologia, dentre 
as quais realizam avaliações psicológicas de pessoas em situação de 
violência, ou avaliação psicológica relacionadas à saúde mental, avalia-
ções institucionais em entidades acolhedoras, dentre outras atividades. 
É possível também que o psicólogo seja demandado a atuar nas Defen-
sorias Públicas Estaduais, onde fornecem assessoria aos defensores, 
auxiliando na realização de conciliações e na elaboração de laudos e 
encaminhamentos de casos a redes de serviços públicos. 
O Psicólogo Jurídico também poderá atuar avaliando e acompanhando 
adolescente que seja autor de ato infracional e que esteja submetido à 
medida socioeducativa regulamentada pelo Sistema Nacional de Aten-
dimento Socioeducativo (SINASE).
PARA SABER MAIS
Filme sobre o assunto: - Como nascem os anjos (MURILO SALES, 
1996) retrata essa face conflituosa, humana e social da criminalidade.
- A respeito da pena de morte, indicam-se dois filmes paradigmáticos: O 
lavador de almas (Adrian Shergold, 2006) e A vida de David Gale (Alan 
Parker, 2003).
- Papillon (Steve McQueen, 1973)
- Carandiru (Luiz Carlos Vasconcelos, 2003)
Documentário sobre o assunto:
- O Cárcere e a Rua (Liliana Sulzbach, 2005)
Séries sobre o assunto:
- Garotas no Cárcere (Netflix, 2018)
- Starred Up (Netflix, 2013)
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GABARITOS
CAPÍTULO 01
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO 
DE RESPOSTA
A criminologia ou psicologia criminal é a disciplina que lida com a expli-
cação de um crime e fornecer medidas para o seu controle (Blackburn, 
1993). Enquanto a Psicologia Criminologia aborda o crime, o estudo do 
ato criminoso é uma tentativa de preveni-lo (seja com programas de tra-
tamento para infratores ou com medidas destinadas a tornar as vítimas 
menos vulneráveis), a Psicologia Legal se trata de estudos psicológicos 
no âmbito do Tribunal e trabalha no âmbito dos aspectos psicológicos 
que levam a gerar novas leis na compreensão da reação social a eles.
TREINO INÉDITO
Gabarito: D
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CAPÍTULO 02
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO 
DE RESPOSTA
São objetivos do Criminal profiling: fornecer a avaliação psicológica e so-
cial do ofensor; analisar os objetos encontrados com o autor do crime, e 
elaborar estratégias que possam serutilizadas na entrevista aos suspeitos.
TREINO INÉDITO
Gabarito: C
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CAPÍTULO 03
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO 
DE RESPOSTA
A teoria do labelling approach (interacionismo simbólico, etiquetamen-
to, rotulação ou reação social) é uma das mais importantes teorias de 
conflito. Surgida nos anos 1960, nos Estados Unidos, seus principais 
expoentes foram Erving Goffman e Howard Becker. 
Por meio dessa teoria ou enfoque, a criminalidade não é uma qualidade 
da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se 
atribui tal “qualidade” (estigmatização). 
Assim, o criminoso apenas se diferencia do homem comum em razão 
do estigma que sofre e do rótulo que recebe. Por isso, o tema central 
desse enfoque é o processo de interação em que o indivíduo é chama-
do de criminoso. 
A sociedade define o que entende por “conduta desviante”, isto é, todo 
comportamento considerado perigoso, constrangedor, impondo san-
ções àqueles que se comportarem dessa forma. Destarte, condutas 
desviantes são aquelas que as pessoas de uma sociedade rotulam as 
outras que as praticam. 
A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para 
os condenados, funcionando a pena como geradora de desigualdades. 
O sujeito acaba sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, cole-
gas, o que acarreta a marginalização no trabalho, na escola. 
Sustenta-se que a criminalização primária produz a etiqueta ou rótulo, que, 
por sua vez, produz a criminalização secundária (reincidência). A etiqueta 
ou rótulo (materializados em atestado de antecedentes, folha corrida cri-
minal, divulgação de jornais sensacionalistas etc.) acaba por impregnar o 
indivíduo, causando a expectativa social de que a conduta venha a ser pra-
ticada, perpetuando o comportamento delinquente e aproximando os indi-
víduos rotulados uns dos outros. Uma vez condenado, o indivíduo ingressa 
numa “instituição” (presídio), que gerará um processo institucionalizador, 
com seu afastamento da sociedade, rotinas do cárcere etc. 
Uma versão mais radical dessa teoria anota que a criminalidade é ape-
nas a etiqueta aplicada por policiais, promotores, juízes criminais, isto 
é, pelas instâncias formais de controle social. Outros menos radicais en-
tendem que o etiquetamento não se acha apenas na instância formal de 
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controle, mas também no controle informal, no interacionismo simbólico 
na família e escola (“irmão ovelha negra”, “estudante rebelde” etc.). As 
consequências políticas da teoria do labelling approach são reduzidas 
àquilo que se convencionou chamar “política dos quatro Ds” (descrimi-
nalização, diversão, devido processo legal e desinstitucionalização). No 
plano jurídico-penal, os efeitos criminológicos dessa teoria se deram no 
sentido da prudente não intervenção ou do direito penal mínimo. Existe 
uma tendência de vertente garantista, de não prisionização, de progres-
são dos regimes de pena, de abolitio criminis etc. 
O problema criminal brasileiro ultrapassa a ridícula dicotomia de es-
querda ou direita na política penal. É uma falácia pensar na criminalida-
de atual como subproduto de uma rotulação policial ou judicial. 
Observa-se o crime organizado: uma verdadeira empresa multinacional, 
com produção, gerências regionais, inteligência, infiltração nas univer-
sidades e no Poder Público, lavagem de dinheiro, hierarquia, disciplina, 
controle informal dos presídios. Isso seria produzido por etiquetamento? 
Certamente não, mas os penalistas brasileiros insistem na minimização 
do direito penal, na exacerbação de direitos dos presos, sendo “etique-
tada” de reacionária, démodé ou “conservadora” qualquer medida de 
contenção e ordem imposta pelo Estado.
TREINO INÉDITO
Gabarito: A
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EFEITO HAWTHORNE: Conceito que se originou nos Estudos Hawthor-
ne e que consiste numa mudança positiva do comportamento de um gru-
po de trabalhadores em relação aos objetivos de uma empresa devido 
ao fato de eles se sentirem valorizados pela gerência ou por sua direção.
Esse comportamento ocorreu durante os experimentos realizados em 
Hawthorne, quando os pesquisadores passaram a ouvir os desabafos e 
as sugestões dos trabalhadores. Estes consideraram que o simples fato 
de estarem sendo ouvidos pela empresa – e algumas de suas sugestões 
postas em prática – tinha sido a melhor coisa que se fizera até então. 
Os trabalhadores se sentiam valorizados também por terem sido se-
lecionados para participar dos experimentos de Hawthorne: nas salas 
especiais onde estes se realizavam, a supervisão se exercia de uma 
forma muito menos opressiva e tirânica do que na fábrica.
ESCALA HARE PCL-R: A escala Psychopathy Checklist-Revised 
(PCL-R) é considerada o "padrão ouro" na avaliação da psicopatia. É o 
instrumento mais extensamente investigado em termos de suas proprie-
dades psicométricas dentro da área.
PILOEREÇÃO: A piloereção é um fenômeno frequentemente encon-
trado em pacientes submetidos a teste de ecocardiografia de estresse 
com injeção intravenosa de dobutamina. A incidência aumenta quando 
é perguntado aos pacientes avisados previamente sobre a presença de 
piloereção durante a injeção de catecolamina.
SKINHEAD: É uma palavra em inglês que significa "cabeça raspada" 
em português. É uma expressão que descreve um grupo social, que 
teve início na Inglaterra.
A palavra skinhead é formada pela junção de skin (que significa pele) e 
head, que significa cabeça.
Skinhead também é um movimento cultural iniciado nos anos 60 do sé-
culo XX no Reino Unido. Considerado por muitos a fusão de duas sub-
culturas, os mods e os rudeboys, os seus representantes eram quase 
exclusivamente pertencentes à classe operária.
Nos anos 80, a ideologia skinhead sofreu várias alterações, e houve 
uma divisão entre grupos muitos diferentes, com ideias e formas de 
atuação distintas. Foi nessa altura que alguns grupos passaram a ado-
tar influências neonazistas e homofóbicas. Nessa altura, também houve 
uma mistura e alguns conflitos com elementos do movimento punk, o 
que causou uma rivalidade durante vários anos.
Com o passar do tempo, a palavra skinhead é usada quase exclusivamen-
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te para se referir a indivíduos fascistas ou que pertencem a grupos neona-
zistas, apesar de nem todos os skinheads seguirem essas doutrinas.
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Spsicológicos que levam a gerar novas leis na compreensão da reação 
social a eles (GARRIDO, 2005, p. 12).
• Psicologia forense ou jurídica é a realização do exercício 
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psicológico nesses contextos. A qualidade do psicólogo forense é lidar 
com a avaliação de áreas - principalmente nos réus, mas, em outros 
atores do processo, criminal ou civil, quando necessário - tais como a 
capacidade intelectual, personalidade, psicopatologia, o risco de comis-
sionamento de novos crimes ou sua sinceridade (ou manipulação) em 
sua participação para o diagnóstico. Certos benefícios da Psicologia Fo-
rense são realizados em contextos bem definidos, como a atividade do 
psicólogo penitenciário que se encaixa nos casos acima, uma vez que 
desempenha outras funções, como o tratamento que iria mais fundo no 
escopo de psicóloga nos tribunais de família, engajada na avaliação de 
diferentes membros em prol do bem-estar das crianças.
Por sua vez, Miguel Angel Soria (2005, p. 33) o define como 
"aquele ramo da Psicologia Jurídica que desenvolve o seu conhecimen-
to e aplicações com vista a concluir as suas conclusões dentro de um 
tribunal com o objetivo de ajudar o tribunal na sua tomada de decisão” 
(SORIA, 2005, p. 33).
De maneira geral, os termos Psicologia Legal e Psicologia Fo-
rense são considerados termos equivalentes, apesar da Alemanha e 
Holanda usarem mais o primeiro, à medida que os Estados Unidos e a 
Inglaterra utilizam mais o segundo termo. 
• Psicologia Policial: não muito explorada no Brasil, os psicó-
logos aqui exercem nas corporações policiais atividades como a sele-
ção das pessoas que são aprovadas em concursos públicos, bem como 
preparação de aulas no curso de preparação das academias de polícia. 
Há alguns estudiosos que defendem uma psicologia policial de 
base interventiva, ou seja, que ultrapasse as simples atividades corri-
queiras dos psicólogos policiais, propondo:
- O melhoramento da imagem da polícia perante a sociedade.
- Melhor qualidade de vida aos sujeitos policiais, por meio de 
adequada supervisão e assistência psicológica.
- Aperfeiçoamento de capacidades e maior efetividade em seus 
trabalhos.
- Redução dos impactos psicossociais nos policiais e naqueles 
cidadãos que recorrem à Corregedoria por motivos diversos.
- Prestação serviço à sociedade em conformidade com os Di-
reitos Humanos.
Os autores Ibáñez e González (2002) distinguem a Psicologia 
Policial em dois tipos de aplicações:
a) A aplicação interna consiste em conhecimentos psicológicos 
aplicados aos integrantes do Corpo e das Forças de Segurança após 
a entrada em tais corporações, sendo exercida por meio da seleção de 
pessoas, curso de formação de policiais, estudo da organização e da 
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estrutura organizacional e avaliação psicossocial dos integrantes. 
b) Implementação operacional que é realizada por psicólogos 
ou por agentes especializados em indivíduos que estão ou podem estar 
relacionados com a atividade dos Corpos Policiais. Neste caso, há uma 
série de técnicas como por exemplo a entrevista cognitiva, traçagem de 
perfis criminais e as atuações em crises ou catástrofes.
Em última análise, a subcultura policial possui uma série de 
aspectos a serem considerados, uma vez que a socialização de seus 
integrantes singular possui grande solidariedade entre si, costumam 
não acreditar em ninguém, portanto não são adeptos da presunção de 
inocência, costumam considerar todas as informações como sigilosas e 
se vestem de um conservadorismo excessivo.
Este conceito de subcultura é, portanto, particularmente útil 
para estudar grupos que, como a polícia, "opõem-se em um ou mais 
aspectos o resto do complexo cultural ao qual pertencem e que enfren-
tam de várias maneiras, ou seja, através de produções simbólicas ou 
simbólicas transgredido sua ordem" (López Latorre y Alba, 2006, p. 82).
• Psicologia Carcerária explora e estabelece processos de ava-
liação e tratamento de pessoas que estão sob custódia na prisão, são 
condenados ou aguardam julgamento, e os processos subsequentes de 
tipo comunitário destinado à reintegração social. Sua aplicabilidade está 
expressamente estabelecida nos regulamentos prisionais: programas de 
reintegração e o sistema de classificação dos presos (Soria, 2005, p. 34).
• Psicologia Militar; muito fraco no Brasil, mas com muita rele-
vância em outros países, é muito próximo à Psicologia Policial, como sub-
cultura policial e subcultura militar, compartilham muitas características.
• Psicologia Criminologia consiste na aplicação da Psicologia 
e, sobretudo, da Psicologia Social ao estudo do crime. Trata-se da sub-
divisão da Psicologia Jurídica que avalia os aspectos individuais, bio-
lógicos, familiares, sociais e culturais que fazem com que o indivíduo 
cometa um crime. Por este motivo, é possível defini-lo como ciência 
que determina tanto o delito quanto os motivos que levaram o indivíduo 
a cometer o crime, assim como medidas que possam ter o alcance pre-
ventivo e de controle, para fins de políticas públicas.
AS FUNÇÕES MENTAIS SUPERIORES – SÍNDROME DE PIRAN-
DELLO
Antes de traçar o elo entre a psicologia jurídica e a investiga-
ção criminal propriamente dita, é importante conhecer os instrumentos 
que a mente possui para constituir a realidade, levando em conta que a 
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psicologia se utiliza da realidade psíquica produzida pelas pessoas com 
base nos conteúdos arquivados na mente. 
O objetivo das técnicas de psicologia é que as pessoas pos-
sam identificar elementos até então desconhecidos que as encaminha-
vam para um comportamento indesejado, a hesitação e apreensão. 
Seguem abaixo os fenômenos mentais utilizados para a forma-
ção das imagens das quais o cérebro se utiliza para criar conteúdo com 
os quais o psiquismo lida. 
• Corpo, cérebro e mente: No livro “o Erro de Descartes”, o 
Prof. António Damásio, chefe do departamento de neurologia da Univer-
sidade de Iowa, contraria Descartes (penso, logo existo) quando afirma 
que sem corpo não há mente (2004, p. 226). Para o mundo científico 
e, especialmente, a psicologia, é importante reconhecer que o ser hu-
mano é formado dois elementos: corpo e mente, na qual “o cérebro é a 
audiência cativa do corpo” (DAMÁSIO, 2000, p. 196), haja vista que in-
centiva reflexões conceituais e metodológicas de grande acepção para 
a compreensão das engrenagens que dominam o comportamento. 
É exatamente no cérebro onde ocorrem as funções mentais 
superiores. O que a mente coordena não extrapola as fronteiras de de-
sempenho das organizações cerebrais e as capacidades dessas fun-
ções, por meio do processamento de tudo que se está armazenado ali. 
As funções mentais superiores ocorrem concomitantemente, 
embora neste material estejam separados apenas para que possam ser 
estudados e devidamente compreendidos. Cada uma das funções con-
siste numa espécie de elementos formados pelas pessoas que juntos 
formam imagens mentais, tanto dos próprios indivíduos como do mun-
do, fazendo com que passem a interpretar os estímulos recebidos e 
elaborem conceitos e comportamentos a partir disso. 
São funções mentais superiores: a sensação, a percepção, a 
atenção, a memória, o pensamento, a linguagem e a emoção, esta últi-
ma é compreendida como a mais influente no comportamento humano. 
• Sensação e percepção: “sensação” e “percepção” consti-
tuem-se em sequência, com o início da recepção do estímulo, seja ele 
interno ou externo ao corpo, até a análise da informação pelo cérebro, 
utilizando-se de conteúdos nele armazenados.
Na realidade, a sensação é uma etapa para absorção de infor-
mação do mundo exterior para chegada ao cérebro para que então seja 
formada uma imagem mental correspondente àquela realidade.Em uma segunda fase denominada como percepção, existe 
a avaliação da imagem mental que foi formada anteriormente, ou seja, 
trata-se de um “processo de transferência de estimulação física em in-
formação psicológica; processo mental pelo qual os estímulos senso-
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riais são trazidos à consciência” Kaplan e Sadock (1993, p. 237).
- Características das sensações: para a psicologia jurídica, é 
importante dizer que:
• Alguns indivíduos passam por sensações resultantes de pe-
quenas transformações fisiológicas em seus interlocutores, como se 
“adivinhassem emoções”, por exemplo, quando a pessoa prevê que 
alguém irá ou não fazer algo. Geralmente, a pessoa não sabe dessa 
habilidade que é desenvolvida inconscientemente pelo contato com os 
mais diversificados tipos de pessoas. 
• A emoção afeta a sensação. Por exemplo, no decorrer de 
uma discussão, os oponentes passam a estar mais sensíveis a alguns 
estímulos como o movimento, a luz, o calor, o barulho. Mas, é possí-
vel que haja uma redução seletiva da sensibilidade, um mecanismo de 
proteção criado pelo organismo, fazendo com que o indivíduo crie um 
bloqueio que a inibe de ver tudo que ocorre a sua volta.
• A sensação não é a mesma de uma pessoa para a outra. 
Ainda que duas pessoas tenham participado de uma mesma situação, 
cada uma terá uma sensação diferente. A sensação possui um limiar in-
ferior, que varia de um indivíduo para o outro, abaixo do qual o estímulo 
não é reconhecível. 
• Quando se trata de um limiar superior, que provocam danos nos 
mecanismos de recepção dos estímulos, podendo ocasionalmente causar 
dor, chega-se ao “patamar de saturação”. Aparece o bloqueio da sensação.
• Se o indivíduo recebe muitas informações ao mesmo tempo, 
elas podem não ser registradas, uma vez que o cérebro não tem capa-
cidade de armazenar todas elas e acaba descartando algumas. 
• O estado emocional que indivíduo se encontra afeta direta-
mente a sensação, uma vez que se está agressivo em dado momen-
to, um estímulo sonoro, um sorriso, um olhar pode ser registrado com 
maior intensidade do que o normal. 
• O estresse, exaustão física ou emocional, aumenta considera-
velmente a sensibilidade em relação aos ruídos; o indivíduo fica menos 
tolerante. Tudo isso potencializa o estresse e influencia os comportamen-
tos em situações de conflito, podendo comprometer o poder de observa-
ção das pessoas em relação aos eventos que ocorrem ao seu redor.
• Tanto o álcool quanto as substâncias psicoativas também alte-
ram as análises dos estímulos (distância, temperatura, dor etc.), ainda que 
o indivíduo tenha consciência do estímulo, a reação será inadequada. 
A sensação necessita do estímulo e da capacidade da pessoa 
de captá-lo; a percepção necessita de acontecimentos prévios que en-
volveram o mesmo estímulo (ou outros semelhantes) e que afetam a 
interpretação da sensação pelo cérebro.
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- Fatores que afetam a percepção: assim como as sensações, 
os mesmos estímulos são capazes de gerar distintas percepções em 
cada indivíduo. 
a) Captura visual: caso haja confronto entre a visão e qualquer 
um dos sentidos, a visão sempre prevalecerá. 
b) Características particulares do estímulo: intensidade, dimen-
sões, mobilidade, cor, frequência etc.
c) Experiências anteriores com estímulos iguais ou semelhan-
tes: À medida que indivíduo vai praticando, ele vai melhorando e reco-
nhecendo os estímulos e suas particularidades. 
d) Conhecimentos do indivíduo: Obviamente, os conhecimen-
tos de um indivíduo impactam em sua percepção, por exemplo, um mé-
dico que é mais perceptivo às questões ligadas ao organismo, ou um 
contador que observa mais as questões ligadas aos números etc.
e) Crenças e valores: há pessoas que têm a crença de que 
“todo político é desonesto” e percebem desonestidade em atos de 
quaisquer políticos. 
f) Emoções e expectativas envolvendo o estímulo ou as cir-
cunstâncias que o geram: as pessoas que presenciam um acidente com 
mortos e feridos têm percepções diferentes de pessoas que um aciden-
te parecido, mas que os danos sejam apenas materiais. O estado emo-
cional impacta fortemente na percepção, na memorização de conteúdos 
e depois em sua recuperação. 
g) A situação em que a percepção acontece: a namorada faz 
uma cena de ciúme, pois vê seu namorado almoçando com outra. Essa 
mesma situação poderia ser considerada de outra maneira em outro 
momento ou mesmo em outro local. 
A percepção é construída no decorrer da vida e, não sendo pra-
ticada, pode ter retrocesso. Esse processo de aprendizagem é perceptí-
vel quando se avalia a adolescência, uma época em que as atenções e 
percepções estão voltadas para novos estímulos e o indivíduo dá menos 
atenção a outras pessoas, sendo mais indiferentes e desleixados.
- Fenômenos da percepção: a seguir será aprofundada a rela-
ção figura e fundo e a ilusão, que são utilizados para maior entendimen-
to da psicologia jurídica. Esses fenômenos têm atuação em relação ao 
uso de drogas. 
a) Organização perceptiva de figura e fundo: a “relação figura 
e fundo” define uma direção construtiva essencial, habitual em qualquer 
percepção. Seja qual for o estímulo, permite a escolha de uma parte 
mais simples e ordenada; a figura, com um fundo coadjuvante. O cére-
bro, constantemente, dá preferência ao que exerce a função de figura.
b) Ilusões perceptivas: trata-se de ilusão a deformação de 
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“imagens ou sensações reais”.
O estado emocional impede que os estímulos obtenham a 
compreensão correta. 
É perceptível a influência da emoção em relação à percepção 
provocando ilusões, por exemplo, quando torcedores observam erros 
de um árbitro que favorecem uma outra equipe. Logo, é compreensível 
que se verifique ilusões em depoimentos de testemunhas decorrentes 
de cenas com grandes emoções, uma vez que a emoção provoca pro-
cessos mentais que trazem ilusões. 
- O conflito e as percepções: em um momento de conflito, a per-
cepção de cada uma das partes em relação àquela situação é distinta, e a 
figura de um pode abafar-se no fundo percebido pelo outro, ou pelo menos, 
haver diferenças importantes ao que se entende como figura mais relevan-
te no conflito, tanto para os conflitantes, quanto para as testemunhas.
Não deve ser considerado apenas a visão do opositor para a 
solução do conflito, visto que é possível que essa medida tenha o efeito 
contrário: quanto mais se esforce para entender o outro lado, mais opo-
sitores podem se tornar, aumentando ainda mais suas diferenças.
Entretanto, entender as percepções de cada um dos lados de 
embate é muito importante para compreensão do todo, principalmente, 
na tentativa de propositura de possíveis acordos entre as partes e, caso 
seja possível, no estabelecimento da reparação de danos às vítimas.
• Atenção: o cérebro ganha incontáveis estímulos e a atenção 
propicia coleta de uns e a rejeição de outros, por intermédio de células 
cerebrais chamadas de detectores de padrão. 
Vários são os motivos que impactam na atenção seletiva, por 
exemplo, a emoção, a curiosidade da pessoa, a imposição da situação, 
a vivência. Os fatores que alteram uma situação chamam atenção: um 
barulho, uma movimentação, uma luz mais intensa, um cheiro mais for-
te etc., fazendo com que a atenção retenha os estímulos e aqueles inex-
plorados sejam excluídos. Aqueles que forem retidos estarão presentes 
no processo de percepção. 
A emoção desperta a atenção para estímulos que provocam 
vários sentimentos como amor, ódio, dor etc. Isso também acontece 
com o comportamento.
Igualmente importante é a falta de atenção e vários fatores fa-
vorecem seu acontecimento, quais sejam: 
- O indivíduo não compreende o que está acontecendo naque-
la situação.- Alguns estímulos são impedidos de serem captados pela 
atenção por ferramenta inconsciente de defesa do próprio organismo 
do indivíduo. 
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- O nível de concentração da pessoa em outra atividade é tão 
grande que ela não consegue prestar atenção nos estímulos recebidos 
(quando alguém conversa com uma pessoa que está “vidrada” olhando 
para o celular). 
- A conquista e a continuidade da atenção consistem nos se-
guintes aspectos, vejamos:
- Características dos estímulos: intensidade, novidade, repetição. 
- Fatores internos aos indivíduos: necessidades e objetivos (o 
que se quer obter); coisas que proporcionam prazer; indícios de algo 
temido, esperado ou antecipado etc.
É interessante observar que esses aspectos são diretamente 
inspirados pelos interesses, pela formação profissional, pela bagagem 
de vida que cada um trouxe até aquele momento. Todas as partes de um 
processo, o juiz, o promotor, o advogado, testemunha, jurados fixam sua 
atenção em situações de mais ponto de interesse em relação a outras.
• Memória: “A faculdade de reproduzir conteúdos inconscien-
tes” (JUNG, 1991, p. 18) é provocada por sinais, dados obtidos pelos 
sentidos, que despertam a atenção. Se esta não acontecer, a informa-
ção não ativa a memória.
Se prestar atenção e o estímulo for registrado, a informação pode-
rá ser recuperada. A memória proporciona o reconhecimento do estímulo.
Isto posto, cabe ressaltar que a emoção é muito relevante, uma 
vez que ela contribui para as lacunas, composições, ampliações, distor-
ções, redução dos conteúdos ou mesmo o reconhecimento. Por exem-
plo, quando se passa em frente a um prédio azul e se lembra de uma 
música que tocava no rádio no dia em se estava indo casar. 
Geralmente, aqueles assuntos que causam dor são esqueci-
dos. Essa inclinação ao esquecimento faz com que as pessoas não se 
recordem dos detalhes da situação, principalmente, quando são chama-
das a testemunhar. Trata-se, na verdade, de um mecanismo de prote-
ção utilizado pelo organismo inconscientemente que dificulta identifica-
ção da verdade dos fatos. 
Os pesquisadores não são unanimes em relação ao fato de 
que os assuntos dolorosos são preferivelmente esquecidos, mas aquilo 
que é entendido como mais importante, geralmente, é lembrado com 
mais simplicidade, ainda que o critério de relevância seja situacional e 
mediado pela emoção. 
Do mesmo modo, não é unanime o fato de que o indivíduo 
possa reprimir e, posteriormente, recuperar a lembrança completa de 
evento traumático. O maior desafio seria esquecer.
Ainda que uma lembrança esteja viva em uma mente esqueci-
da, não significa que realmente algo aconteceu. A memória não é ape-
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nas uma reprodução, mas é, também, uma reconstrução, não é possí-
vel que se tenha certeza de que algo é real apenas por parecer real, as 
memórias irreais também parecem ser reais. 
Uma prova disso é a recordação de alucinações. A alucinação 
é um fenômeno da percepção em que o indivíduo tem a convicção ina-
balável de ver algo que não existe. A recordação da alucinação em pes-
soas que fazem jejuns por períodos longos provoca visões de inferno e 
paraíso que se tornam reais em suas mentes. 
Estudos em relação a falhas na recuperação de conteúdos me-
morizados têm levado a conclusões importantes.
As falsas lembranças, como as fantasias, não são criadas apenas 
por crianças, também podem ser criadas por adultos, que se utilizam desse 
artifício para suprimir uma lacuna da memória com conjecturas aparente-
mente verdadeiras, muito comuns em casos de acidentes de carros.
As memórias realizadas sob efeito de hipnose, sob uso de dro-
gas e aquelas que estejam até os três anos de idade são consideradas 
não confiáveis.
Cada indivíduo ativa a memória por meio de um sentido dife-
rente. Enquanto uns recordam de um fato por meio da audição, outros 
recordam por meio da visão. Por isso, a necessidade da reconstituição 
dos fatos em dados crimes. 
A utilização de técnicas e métodos adequados permitem o es-
tímulo correto da memória, algo que só pode ser feito um especialista 
para que não se corra o risco de surgirem falsas lembranças. 
A confabulação é um fenômeno comum quando se trata da 
ativação da memória de pessoas idosas. Trata-se de uma falha de me-
mória que é preenchida por uma realidade que não é verdadeira para a 
ocasião e são narradas com detalhes dando aparência de lucidez. 
Majoritariamente, os pesquisadores entendem que todo o con-
teúdo processado é armazenado pela memória e ali permanece por 
tempo indeterminado, salvo exista dano físico em suas estruturas cere-
brais. Entretanto, não assegura a recuperação desses conteúdos. 
• Linguagem e pensamento: trata-se de duas funções direta-
mente ligadas.
Por meio da linguagem, “o homem transforma o outro e, por 
sua vez, é transformado pelas consequências de sua fala” (GODO; 
LANE, 1999, p. 32). 
A linguagem possibilita a integração, a constituição de modelos 
socioeconômicos e a construção da tecnologia. 
Quanto mais requintada for a linguagem, mais evoluído é o 
pensamento, pois ela influencia e é influenciada pelo pensamento de 
forma a estabelecer um círculo progressivo. 
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A linguagem conserva o registro na memória, uma vez que as 
percepções são modificadas à medida que são faladas. 
O pensamento está inteiramente ligado ao processamento, à 
compreensão e à comunicação de informações, bem como às ativida-
des de raciocínio, resolução de problemas e conceituações.
Dificilmente, as pessoas concentram seus pensamentos no 
presente e, quando o fazem, há uma projeção para o futuro. Isto é im-
portante para que os conflitantes possam estabelecer seus reais inte-
resses e se abrirem a soluções e negociações. 
- Desenvolvimento do pensamento: Jean Piaget, biólogo, psicólo-
go e epistemólogo suíço foi um dos maiores pensadores do séc. XX. De-
fendeu a ideia de que os indivíduos desenvolvem a capacidade de pensar 
passando por fases que levam desde o nascimento, e sua evolução acom-
panha o desenvolvimento anátomo-fisiológico das estruturas cerebrais.
A primeira etapa é chamada de estágio sensório-motor e ocor-
re do nascimento até o segundo ano de vida. Neste período, acontecem 
explorações em relação ao mundo e a si mesmo pelo indivíduo, mas o 
domínio do corpo é parcial e ali se começa a descoberta da linguagem.
Já na segunda etapa, denominada de pré-operacional, que ocorre 
entre o terceiro e o sétimo ano, o indivíduo começa a solucionar problemas 
com objetos concretos; e, até o fim do quinto ano, boa parte já se utiliza 
da mesma linguagem empregada pelos adultos. A partir da aprendizagem 
da linguagem, inicia-se um processo de abstração, pois a criança começa 
com brincadeira de imaginação e cria realidades a partir de seu próprio 
mundo, de sua própria perspectiva com uma confiança cega no sensorial. 
Na terceira etapa, chamada de estágio operatório-concreto, que 
se dá entre o sétimo e o décimo ano, a criança passa a compreender uma 
estrutura lógica e perde a confiança cega no sensorial. Possui distinção en-
tre aquilo que tem aparência e aquilo que é realidade, aquilo que é tempo-
rário e o que permanente. Tende a solucionar problemas por ensaio e erro, 
mas persiste a dificuldade para lidar racionalmente com ideias abstratas.
No quarto estágio, denominado de operações formais, que é 
iniciado após os 11 anos de idade, a criança inicia o desenvolvimento 
da capacidade de compreensão lógico-abstrata, ou seja, pensar sobre 
aquilo que pensa. Consegue gerar soluções para os problemas e con-
frontar mentalmente suas soluções (permitindo-se abandonar a técnica 
de “ensaio e erro”). 
Ao fim desta etapa, atinge a capacidade mental do adulto. A 
evolução permanece portoda a vida desde que haja estímulo, mesmo 
que o indivíduo tenha algum problema motor ou sensorial.
A evolução do pensamento acompanha a evolução anatômica, 
fisiológica e psicológica do indivíduo e ocorre: 
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• Do concreto para o abstrato. 
• Do real para o imaginário.
• Da análise para a síntese.
• Do emocional para o racional. 
Durante os anos, a linguagem também sofre evolução e o de-
senvolvimento do pensamento depende de uma linguagem que possa 
prepará-lo. 
Este processo evolutivo traz uma indagação para o profissional 
do direito: parcela dos adolescentes e até mesmo dos adultos se man-
têm na etapa de operações concretas e de operações formais, mas nem 
todos iniciam a etapa do operatório formal juntos, ou mesmo podem 
nem iniciar essa etapa ficando na etapa anterior pela vida toda. 
Isso tudo traz a reflexão acerca da evolução dos conflitos e o 
estágio de pensamento do indivíduo, pois, enquanto um encara o conflito 
como um ataque, outro percebe como desafio e outro pode nem o abalar. 
- Pensamento, linguagem e conflitos: os confrontos começam 
e ficam mais graves pela incapacidade dos conflitantes de tratar as mu-
danças. São restrições impostas pelo pensamento e pela emoção.
A restrição do pensamento deriva do fato de que o cérebro já 
está condicionado a aplicar solução previamente estabelecidas a deter-
minadas situações similares.
A linguagem interfere na maneira como se pensa e no que se 
pensa, na medida que pode se tornar o ápice do conflito. Um simples 
“oi” pode deixar de ser um cumprimento e ser um verdadeiro insulto. 
O poder da palavra justifica o questionamento de GADAMER 
(2007, p. 41): “Por que uma palavra errada, em um instante errado, 
pode ser tão funesta, sim, claramente fatal? E por que, inversamente, a 
palavra correta, no instante correto, pode desvelar pontos em comum e 
dissolver tensões?”. 
• Emoção: Kaplan e Sadock (1993, p. 230) conceituam emoção 
como “um complexo estado de sentimentos, com componentes somáti-
cos, psíquicos e comportamentais, relacionados ao afeto e ao humor”.
A emoção delimita o campo de ação e conduz a razão. Da-
másio enfatiza (1996, p. 204) que “a atenção e a memória de trabalho 
possuem uma capacidade limitada. Se sua mente dispuser apenas do 
cálculo racional puro, vai acabar por escolher mal e depois lamentar o 
erro, ou simplesmente desistir de escolher, em desespero de causa”. 
As emoções são processos biológicos e dependem de meca-
nismos cerebrais estabelecidos de modo inato, embora sofram influên-
cias hormonais, culturais e socais.
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- Tipos de Emoção: 
• Emoções básicas: felicidade, surpresa, raiva, tristeza, medo 
e repugnância.
• Emoções sociais: simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, 
culpa, orgulho, ciúme, inveja, gratidão, admiração, espanto, indignação 
e desprezo. Todas podem estar presentes na gênese, na manutenção e 
no agravamento de conflitos. 
• Emoções de fundo: são representativas de estados corporais 
e mentais: felicidade, tristeza, bem-estar, mal-estar. Elas se subdividem 
em dois grandes grupos (LENT, 2001, p. 659-670): 
- emoções positivas, ou seja, relacionadas com o prazer; e 
- emoções negativas, ou seja, relacionadas com a dor ou com 
o desagrado.
Enquanto as emoções positivas proporcionam a receptivida-
de, a tolerância, a disposição para inovar e ousar e a solidariedade; as 
emoções negativas provocam ao recolhimento, à limitação, ao conser-
vadorismo e podem ensejar discussões.
O medo tenciona a musculatura, aumenta a frequência cardí-
aca, produz a vasoconstrição cutânea, produzindo um estado de alerta 
no indivíduo e preparando o organismo para o conflito. 
O medo bloqueia o raciocínio. Pessoas expostas a uma situa-
ção de agressão, de violência doméstica, por exemplo, não conseguem 
reagir ou encontrar solução para situação que vivem e permanecem 
presas no ciclo de violência. 
A raiva cria comportamentos impróprios e, geralmente, faz com 
que homens e mulheres reajam de forma distinta a essa emoção. É pos-
sível que raiva surja naturalmente, mas, também, é possível que seja 
derivada do medo.
A paixão é uma emoção intensa e dominante sob a pessoa, em 
que o dominado não percebe quão ampla é o poder de dominação da pai-
xão e, ao perceber a frustração, acaba por cometer o “crime passional”. 
Trata-se de um crime cometido por motivo torpe, individualista e cruel.
A inveja é classificada como uma emoção social associada ao 
fenômeno da relatividade da alegria. Ela possui seu lado positivo em 
que a pessoa invejada desperta na invejosa uma ação proativa para 
conquistar aquilo que quer, seja um melhor trabalho, uma casa, uma si-
tuação social melhor etc., mas também tem seu lado perverso, quando 
o invejoso se utiliza de delitos para se satisfazer ou mesmo de compor-
tamentos que causam sofrimento para o indivíduo e para outros. Como 
não pode acabar com a diferença, o invejoso escolhe por prejudicar 
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aquela pessoa que lhe causa inveja.
Alegria: é uma emoção que propicia a sensação de felicidade, 
ampliando a percepção, estimulando a memória, flexibilizando os esque-
mas de pensamento e abre espaço para comportamentos cooperativos.
Esta emoção propicia a abertura para a sensação de felicida-
de (a qual, na perspicaz visão de Damásio, constitui uma emoção de 
fundo). Ela contagia, amplia a percepção, estimula a memória, dando 
oportunidade para comportamentos cooperativos. 
A emoção funciona como uma energia que se acumula no cor-
po até que ocorra a explosão emocional nas hipóteses em que essa 
energia não encontrou alguma maneira de ser consumida. São exem-
plos de emoções represadas; os choros sem motivos, depressões pro-
fundas, ataques de ansiedade e comportamentos agressivos. 
O psicólogo jurídico ou operador do direito não deve de ma-
neira nenhuma reagir na mesma proporção a uma explosão emocional 
dada pelo cliente, sob o risco de comprometer a relação de confiança 
profissional previamente estabelecida.
Há situações em que as explosões emocionais podem ser uti-
lizadas de maneira a simular determinadas situações para que o indiví-
duo obtenha determinados benefícios.
Conforme entendimento de Fiorelli (2020, p. 27-28), a gestão 
das explosões emocionais exige que o indivíduo tenha equilíbrio e es-
colha algumas técnicas, por exemplo: 
a) desviar o foco: esquecendo-se do passado e passando a 
pensar no futuro.
b) Concentrar-se nas questões práticas: focaliza-se nos atos, 
procedimentos e não na pessoa do inimigo.
c) Promover idealizações do futuro: o indivíduo vê-se forçado a 
investir no campo da racionalidade.
d) Manter-se bem-humorado: a melhor maneira de combater a 
raiva é oportunizar a descontração, desde que seja realizada com crité-
rio e sensibilidade para que não seja encarado como desdém.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: Psicólogo
Os fundamentos da entrevista cognitiva, usados para a entrevista 
de testemunhas no âmbito jurídico, estão enraizados nas técnicas 
de recuperação da memória do acontecimento testemunhado. So-
bre os fatores envolvidos na capacidade de adquirir, armazenar e 
evocar informações, assinale a afirmativa correta.
a) A atenção é focada em todos os estímulos ambientais.
b) A percepção é subjetiva, particular e individual.
c) As memórias antigas são evocadas graças ao fenômeno do déjà vu.
d) As lacunas da memória devem ser preenchidas com mentiras.
e) A lembrança de eventos emocionalmente marcantes desvanece com 
o tempo.
QUESTÃO 2
Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TRT - 6ª Região (PE) Prova: Analista 
Judiciário - Psicologia
No tocante à delinquência juvenilsabe-se que, originalmente, os 
psicólogos faziam parte do processo de reabilitação do jovem. 
Atualmente, existe uma grande variedade de papéis para o psicó-
logo forense, incluindo tratamento, avaliação da receptividade do 
tratamento, avaliações de capacidade, inimputabilidade e situação 
mental. Além desses papéis, os psicólogos forenses estão sendo 
cada vez mais utilizados:
a) Na avaliação de risco ou ameaça de violência.
b) Na mensuração do quociente de inteligência ou índices cognitivos.
c) Na aferição da autoestima ou capacidade afetiva.
d) Na avaliação para interdição ou mobilização da força física.
e) No escrutínio de mecanismos de defesa ou rompimento egoico.
QUESTÃO 3
Ano: 2016 Banca: LEGALLE Concursos Órgão: Prefeitura de Por-
tão - RS Prova: Psicólogo
__________é um ramo da psicologia que estuda como as pessoas 
pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras. Sur-
giu no século XX como uma- área de atuação da psicologia para 
estabelecer uma ponte entre a psicologia e as ciências sociais 
(sociologia, antropologia, geografia, história, ciência política). Sua 
formação acompanhou os movimentos ideológicos e conflitos do 
século, a ascensão do nazifascismo, as grandes guerras, a luta do 
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capitalismo contra o socialismo, entre outros. Quanto ao objeto 
de estudo, a _______________ procura explicar os sentimentos, 
pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença real ou 
imaginada de outras pessoas.
A partir do fragmento acima, estamos falando da:
a) Psicologia Jurídica.
b) Psicologia Social.
c) Psicologia Clínica.
d) Psicologia do Esporte.
e) Psicologia Hospitalar.
QUESTÃO 4
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: Analista Judiciário 
- Psicologia
Ainda com base na situação hipotética apresentada, assinale a op-
ção correta.
a) A justificação dos comportamentos de Antônio pela via do processo 
de adolescer não é adequada, pois seu comportamento insere-se em 
um contexto mais complexo, que requer compreensão sistêmica.
b) É adequado ao caso de Antônio o psicodiagnóstico avaliativo que in-
dique elementos preponderantes de sua personalidade e suas funções 
mentais superiores, a fim de fornecer subsídios técnicos e soluções que 
auxiliem a decisão do magistrado.
c) O comportamento de Francisco permite o estabelecimento do diag-
nóstico de transtorno psicótico devido ao uso de álcool.
d) Ao completar vinte anos de idade, ou seja, após dois anos de interna-
ção, Antônio deverá ser compulsoriamente liberado.
e) A justiça poderia ter decretado a prisão de Antônio pela proximidade 
da maioridade penal.
QUESTÃO 5
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: DPE-RJ Prova: Técnico Superior Es-
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pecializado - Psicologia
A menina B., de 3 anos, foi atendida no Serviço de Pediatria de um 
hospital público, levada por seus pais, com um quadro de múlti-
plas verrugas na região perianal. Após anamnese e exame clínico, 
a pediatra desconfiou de condiloma, causado por contaminação 
pelo vírus HPV. Confirmada a doença após exames laboratoriais, 
a médica acionou o Conselho Tutelar para notificar a suspeita de 
violência sexual. Para a necessária apuração dessa situação, o psi-
cólogo deverá considerar que:
a) Uma criança nesta faixa etária se encontra no estágio de desenvol-
vimento cognitivo definido por Jean Piaget como operatório-concreto, 
caracterizado pelo pensamento egocêntrico e pela deformação na per-
cepção da realidade.
b) O complexo centrado na fantasia de castração, que vem trazer uma 
resposta ao enigma decorrente da diferença anatômica entre os sexos, 
é um sintoma presente em algumas crianças precocemente expostas a 
experiências sexuais.
c) A presença de sinais físicos da violência perpetrada contra a criança, 
apurada no exame de corpo de delito, é condição indispensável para a 
confirmação da ocorrência do abuso sexual infantil.
d) A palavra da criança pode ser a única prova possível ao processo 
legal e será preciso utilizar estratégias adequadas à idade em um am-
biente emocionalmente facilitador para permitir a revelação do abuso.
e) A inquirição de crianças deve se dar na presença de seus pais, o que 
garantirá um ambiente psicologicamente seguro e isento das variáveis 
que serão introduzidas por um entrevistador desconhecido.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
Qual a diferença entre a psicologia criminal e a psicologia criminologia? 
Justifique sua resposta.
TREINO INÉDITO
Leia o trecho abaixo e responda à pergunta que se segue.
“Constitui a aplicação da Psicologia e, principalmente, da Psico-
logia Social ao estudo do crime, é o ramo da Psicologia Jurídica 
que analisa os fatores individuais, biológicos, familiares, sociais e 
culturais que levar uma pessoa a se tornar um criminoso”.
A qual ramo da psicologia jurídica o trecho acima se refere?
a) Psicologia Social.
b) Psicologia Criminal.
c) Psicologia Carcerária.
d) Psicologia Criminológica.
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e) Psicologia Judicial.
NA MÍDIA
HUMANIZAÇÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
O total de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho 
de 2016. Em dezembro de 2014, era de 622.202. Houve um crescimen-
to de mais de 104 mil pessoas. Cerca de 40% são presos provisórios, 
ou seja, ainda não possuem condenação judicial. Mais da metade des-
sa população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros.
Os dados são do Levantamento Nacional de Informações Penitenciá-
rias (Infopen) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do 
Ministério da Justiça.
A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) é 
uma entidade civil, sem fins lucrativos, que se dedica à recuperação 
e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade, 
bem como socorrer a vítima e proteger a sociedade.
Opera, assim, como uma entidade auxiliar do Poder Judiciário e Execu-
tivo, respectivamente na execução penal e na administração do cumpri-
mento das penas privativas de liberdade. Sua filosofia é ‘matar o crimi-
noso e salvar o homem’, a partir de uma disciplina rígida, caracterizada 
por respeito, ordem, trabalho e o envolvimento da família do sentenciado. 
Para a APAC, toda pessoa é recuperável, por isso lá o preso é tratado 
como um ser humano que merece respeito e acolhimento.
Na APAC, os presos não usam uniformes e não são identificados por 
números. Eles têm a oportunidade de estudar e aprender um ofício, já 
que são oferecidos cursos, palestras, oficinas. Além disso, eles mesmos 
cuidam da limpeza e da alimentação e cumprem horários. Os detentos 
recebem assistência jurídica, espiritual, psicológica e médica por uma 
rede de voluntários da comunidade de Itaúna (MG).
O método socializador da APAC espalhou-se por todo o território na-
cional (aproximadamente mais de 100 unidades em todo o Brasil) e no 
exterior. Já foram implantadas APACs na Alemanha, Argentina, Bolívia, 
Bulgária, Chile, Cingapura, Costa Rica, El Salvador, Equador, Eslová-
quia, Estados Unidos, Inglaterra e País de Gales, Latvia, México, Mol-
dovia, Nova Zelândia e Noruega. O modelo Apaqueano foi reconhecido 
pelo Prison Fellowship International (PFI), organização não-governa-
mental que atua como órgão consultivo da Organização das Nações 
Unidas (ONU) em assuntos penitenciários, como uma alternativa para 
humanizar a execução penal e o tratamento penitenciário. 
O método de ressocialização humanizada foi finalista no Prêmio Innova-
re, da Justiça Brasileira. Nele, a reincidência é de apenas 10%, número 
muito menor se comparado com as cadeias tradicionais. Isso acontece 
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porque aos detentos é oferecida uma chance para recomeçar através 
de um tratamento digno. Além disso, o custo do detento é muito menorna APAC, um salário-mínimo e meio, enquanto nas cadeias tradicionais 
cada detento custa ao Estado quatro salários mínimos.
Fonte: DireitoNet
Data: 22 Jul 2019.
Leia a notícia na íntegra: https://www.direitonet.com.br/artigos/exi-
bir/10579/Humanizacao-no-sistema-penitenciario-brasileiro 
NA PRÁTICA
Tanto no contexto nacional quanto no contexto internacional é possível 
se observar uma legítima participação do profissional de psicologia no 
meio judiciário, o que lhe exige especialização, capacitando-o como psi-
cólogo jurídico. 
Cabe distinguir que há diferença entre intervenção psicológica e inter-
venção judicial. Quando se trata de um contexto jurídico, não terapêu-
tico, o psicólogo pode não se identificar com o exercício da função e 
acabar atuando de maneira inadequada. 
O Direito não trabalha com conjecturas, não podendo o juiz proferir de-
cisão por mera presunção. Para que haja uma sentença, é necessá-
rio que haja autoria dos fatos e da culpabilidade do agente baseadas 
em provas contundentes. Para a Psicologia e para o Direito, o que são 
provas? E como o profissional da psicologia pode auferir valor à prova 
jurídica? Qual o espaço ocupado por esse profissional e como conside-
rar sua participação no sistema jurídico, considerando que a psicologia 
jurídica só existe a partir de um sistema jurídico?
Na prática, os psicólogos atuam como peritos que não têm a finalidade 
de buscar provas ou fazer terapias, mas atuam como agentes sociais 
que cuidam daqueles que passam pelo sistema avaliando risco, e pro-
movendo proteção e prevenção. 
Embora sejam reconhecidos pelos operadores do direito na busca de 
provas e como peritos, os psicólogos são incapazes de afirmar a verdade. 
PARA SABER MAIS
Filme sobre o assunto: Entre quatro paredes – 2001 – Todd Field 
M. Butterfly – 1993 – David Cronenberg
KOLKER, Tania. A atuação do psicólogo no sistema penal. In: GONÇAL-
VES, Hebe Signorini; BRANDAO, Eduardo Ponte. Psicologia Jurídica 
no Brasil. Rio de Janeiro: NAU, 2004.
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O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
A investigação criminal é um processo para se desvendar e ob-
ter informações a respeito das circunstâncias de um crime, materializar 
elementos de prova e procurar descobrir quem o cometeu, apurando-
-se, tanto quanto possível, a realidade dos fatos. 
No entanto, para a Psicologia, deve-se distinguir a realidade 
objetiva da realidade psíquica, que é a única existente para cada indiví-
duo. É possível que, em uma determinada situação, a realidade objeti-
va não corresponda a nenhuma das realidades psíquicas das pessoas 
nela envolvidas e, também, que a combinação dessas realidades não 
resulte na mesma realidade objetiva. Disso decorre a importância de 
diversas medidas relacionadas com o fato criminoso: 
PSICOLOGIA JURÍDICA E A
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
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- a preservação da cena do crime; 
- a reconstituição dos acontecimentos;
- as entrevistas com as testemunhas; 
- as entrevistas com pessoas relacionadas aos protagonistas 
da ocorrência. 
A preservação da cena do crime tem a ver com a atividade de 
coleta de provas e com a reconstituição dos acontecimentos. Diversos 
fenômenos da percepção e da atenção assim o justificam; quando tes-
temunhas e participantes de uma ocorrência reveem o local, os objetos, 
os sinais do que ali aconteceu, despertam-se conteúdos da memória 
que podem ter sido suprimidos, ainda que temporariamente, pela emo-
ção que cercou o acontecimento.
A fragilidade da memória, os fenômenos da percepção e da 
atenção justificam o amplo cuidado com esses tipos de detalhes. 
As entrevistas (com criminosos, vítimas, testemunhas) consti-
tuem um momento peculiar, porque existe o fator emocional sempre pre-
sente capaz de proporcionar inúmeros fenômenos. Lapsos, bloqueios, 
modificações de lembranças, confabulações podem estar presentes, e 
somente a habilidade do entrevistador permite eliminar ou reduzir essas 
possibilidades. 
A linguagem peculiar entre adolescentes e entre integrantes 
de grupos coesos (por exemplo, organizações criminosas etc.) é muito 
importante para criar um vínculo entre o entrevistador e entrevistado, 
facilitando a comunicação.
Por isso, é tão relevante ter o conhecimento das técnicas de 
entrevista para inibir que este mecanismo de investigação seja um fator 
de enviesamento na condução da investigação. 
Entre os motivos que sensibilizam consideravelmente o proces-
so de investigação e que influenciam nos resultados das medidas ante-
riormente apontadas, sob o ponto de vista da psicologia, destacam-se: 
- o intervalo de tempo entre o fato gerador e o início; 
- a duração de sua realização; 
- a uniformidade dos procedimentos em relação a cada um dos 
envolvidos que venham a ser investigados; 
- o estilo de relacionamento interpessoal dos que investigam;
- a divulgação que se dá ao caso; 
- a forma como são realizadas atividades de apoio, como as 
perícias médica, psicológica e o exame de corpo de delito. 
A memória e o tempo não convivem em harmonia, daí a impor-
tância de se realizarem entrevistas, reconstituições da cena e outras 
providências que possam estar relacionadas com as lembranças, tão 
logo quanto possível. 
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A rapidez na realização da investigação pode ser prejudicada 
pela emoção do momento. Mas, quando as emoções forem muito for-
tes, as lembranças podem sofrer influência das referências com fato e 
com os impactos sofridos pelos expectadores das cenas. 
É possível que alguns detalhes da situação surjam após o mo-
mento de emoção. O instante sucessivamente subsequente pode não ter 
tantos detalhes recuperados pela mente haja vista o curto período de tem-
po de recuperação para reflexão, tranquilidade e absorção daquele evento. 
Todavia, a delonga na realização da investigação é imensamen-
te danosa, visto que as testemunhas e demais enredados podem ser 
sujeitos a vários dados, notícias, pontos de vistas, posições que podem 
embaralhar suas ideias de tal medida que não saibam mais quais são 
realmente as suas ideias ou quais são aquelas que realmente ouviram. 
Ademais, detalhes pouco marcantes, por exemplo, rostos mal vi-
sualizados, cenas não muito nítidas, características não exatas podem ter 
influência de estímulos que, muitas vezes, nunca tiveram causando convic-
ções sem sustentação concreta, convertendo indícios em verdades plenas. 
As confabulações, ainda que não patológicas, podem ocorrer 
caso uma série de lembranças tenha pequenos prejuízos advindos do 
lapso temporal entre determinada situação e a investigação. Sem cons-
ciência, a mente o corrigi utilizando-se de pensamento lógico indiscu-
tível, mas não necessariamente real, com o objetivo de preencher as 
lacunas apagadas pela memória. 
Por outro lado, caso a investigação seja muito longa, há o aumen-
to do estresse da testemunha e dos envolvidos e o prejuízo à memória. 
No Tribunal do Júri, os jurados são incomunicáveis, pois, uma 
vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si, nem manifestar sua 
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa.
Crianças e idosos possuem vulnerabilidade em situações des-
se tipo, podendo levar à fantasia como ferramenta de defesa. 
A delonga do processo investigativo pode ser causadora de 
vários transtornos psíquicos, como a depressão, a ansiedade, podendo 
danificar a regeneração das lembranças. 
Quando se têm várias pessoas em um processo investigativo, 
a utilização regular de técnicas de entrevistas é de suma importância, 
uma vez que cada investigador tem uma característica pessoal que 
pode induzir as respostas do entrevistado enviesando um resultado.Do mesmo modo, a maneira como é conduzida a investigação 
é determinante, pois o comportamento do entrevistador pode colocar o 
entrevistado em uma situação de medo, ou mais relaxado, ou estabele-
cer autoridade, ou cooperação ou mesmo punição. 
Diante de momentos de estresse, as pessoas podem ter blo-
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queios para se expressar ou têm a atenção estimulada; captam deta-
lhes emitidos pelo entrevistador. 
Um fator importante (será tratado no item 3.2) é a questão da 
Criminologia Midiática, também chamada de Labeling Approach (Teoria 
do Etiquetamento Social), em que as noções de crime e criminoso são 
construídas socialmente a partir da definição legal e das ações de ins-
tâncias oficiais de controle social a respeito do comportamento de deter-
minados indivíduos. Na realidade, a criminalidade não seria inerente ao 
sujeito, mas, sim, uma “etiqueta” atribuída a determinados indivíduos que 
a sociedade conhece como criminosos, a sociedade os rotula como tal. 
A disseminação do caso na mídia afeta diretamente testemunhas, 
jurados, vítima e até mesmo aqueles que estão em julgamento, pela pro-
porção que tudo toma, pois há uma comoção social em torno do caso que 
perde toda a técnica e é tomada por fatores emocionais relevantes.
Todo esse clamor público pode ocasionar interferências impor-
tantes no julgamento, pois exigem das partes maior responsabilidade e 
imparcialidade quando do julgamento. 
Segundo o Professor Fiorelli (2020, p. 273), o quadro emocio-
nal de um episódio como este ocasiona impactos em todos os envol-
vidos e os meios de comunicação têm a potencialidade de ampliá-los, 
tanto no que tange às responsabilidades para os que julgam, os que 
acusam e defendem, como afetando as interpretações de testemunhas 
e, até mesmo, dos diretamente envolvidos.
O efeito Hawthorne ganha proporções e acentua-se à repre-
sentação. Conforme a personalidade do indivíduo, ter-se-á a incidên-
cia deste efeito. Haverá três tipos de indivíduos: aquele que se sentirá 
amedrontado e, portanto, tornar-se-á mais dependente; aquele que vai 
procurar uma forma de se libertar de processos e, ainda, haverá aquele 
que vai se utilizar dos processos para se expor.
Nas entrevistas, este efeito torna-se especial, pois, a depender 
da personalidade e do quadro emocional que cerca aquele aconteci-
mento, existirão respostas com consequências importantes. A maneira 
como a entrevista é realizada pelo profissional, seja ele investigador, 
médico, psicólogo, assistente social ou perito, é também capaz de iden-
tificar se há de algum envolvido má-fé, ou mesmo, no caso de crianças, 
adotar uma postura de proximidade cria uma relação fundamental de 
confiança e acolhimento, fazendo com que ela deixe de acreditar que é 
culpada pela violência que sofrera.
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A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA CRIMINAL NA INVESTIGAÇÃO 
POLICIAL
A utilização correta das técnicas de investigação policial é impor-
tantíssima para correta elucidação do fato criminoso. E, ao tempo em que 
a sociedade evoluiu, a criminalidade também se desenvolveu, organizan-
do-se e se estruturando, exigindo o aperfeiçoamento das técnicas investi-
gativas que se tornavam ineficazes para solucionar casos tão complexos. 
Tal evolução se deu ao longo dos séculos e por meio de uma 
busca interdisciplinar para solução de tais casos. Vejamos:
Um senhor em 1850, criminoso arrependido, voluntariamen-
te procurou um comissário de polícia em Paris e disse conhecer quem 
pratica cada um dos crimes, disse que era um criminoso habitual, que 
conseguiria à paisana desvendar o crime (fichário de todos os criminosos 
conhecidos e individualização por meio de cicatrizes, tatuagens e pega-
das). Essa era a figura do informante. Este senhor era Eugène-François 
Vidocq, que conseguiu convencer o comissório e fez surgir a Sûreté Na-
tionale, a primeira Polícia Civil, a primeira polícia investigativa do mundo, 
muito antes da Scotland Yard. É um marco da Polícia Investigativa. 
Vidocq trabalhava com análise de cenas de crimes, papéis de 
carta inalteráveis e tintas indeléveis, infiltração de agentes, disfarces em 
quadrilhas, ou seja, tudo o que acontece hoje já se fazia naquela época. 
Jean Alexandre Eugène Lacassagne montou um axioma im-
portante: é necessário saber como duvidar. Ou seja, fazendo a pergunta 
certa, ainda que não se saiba do assunto, pode-se ter grande chance 
de se ter esclarecido a sua dúvida e questão processual. Nessa época, 
para saber se o sujeito estava morto, colocava-se um espelho próximo às 
narinas e, se não o embasasse, significava que o sujeito estava morto. 
Muitas pessoas foram dadas como mortas mais cedo do que deveriam. 
Lacassagne, como médico, começou a desenvolver técnicas mais apura-
das para tal verificação para substituição à técnica do espelho (estudo da 
variação da temperatura corporal e das manchas sanguíneas no óbito).
Mathieu Joseph Bonaventure Orfila (1800) estuda a trajetória 
do veneno no corpo. Existia uma máxima que o veneno estaria sempre 
na corrente sanguínea, então a autópsia era muito comum e não detec-
tava a maior parte dos crimes. Nessa época, as pessoas morriam muito 
por envenenamento por arsênicos, só que não era possível encontrar 
os arsênicos no corpo. Ele começou a fazer biópsias para saber onde o 
arsênico realmente se instalava. Nessa época, o arsênico era conheci-
do como “poder de sucessão”, ou seja, o sujeito tinha uma tia velha, que 
normalmente faleceria de gota e, normalmente, o envenenamento por 
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arsênico é muito parecido com o falecimento por gota, então dava-se 
a causa da morte por gota. Após Orfila, começa-se a ter a explicação. 
Alphonse Bertillon era um policial medíocre, filho de uma pessoa 
importante, que foi tolerado e colocado em uma repartição em um subsolo 
e passou anos tentando medir o criminoso (sistema de medições do corpo 
humano - antropometria). Nessa época, o sujeito era preso e, do jeito que 
foi preso, ia para penitenciária, não tomava banho e ficava com a roupa 
que estava. Muitas vezes, o sujeito era preso da primeira vez e da segunda 
vez já tinha cicatrizes, tinha se disfarçados muitas vezes, ninguém exami-
nava a pessoa, ninguém tocava no preso. Bertillon que era uma pessoa 
meticulosa começou a querer medir o preso e aí ele passa anos catalo-
gando, fazendo fichas em arquivos físicos (crânio, distância entre os olhos, 
altura etc.). Ele passou anos catalogando, até que resolveu um caso muito 
famoso de um falso Conde que era um criminoso que ele conseguiu des-
mascarar. O criminoso não se deixava fotografar e era malcheiroso.
Juan Vucetich (1891), argentino de origem do leste europeu, 
inventou a chamada identificação datiloscópica. Bertillon cai no ostra-
cismo, pois Vucetich afirma que a impressão digital é individual, não era 
preciso medir a pessoa inteira.
O geneticista britânico Alec Jeffreys desenvolveu a técnica de 
impressão do DNA usada na ciência forense.
Atualmente, é comum observar o aumento de investigação poli-
ciais que concluam por delitos praticados por indivíduos que tenham psi-
copatologias, dentre os quais são: homicídio; feminicídio; induzimento, 
instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação; estelionato; estupro; 
importunação sexual; registro não autorizado da intimidade sexual; estupro 
de vulnerável; satisfação de lascívia mediante presença de criança ou ado-
lescente; divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulne-
rável, de cena de sexo ou de pornografia; estupro coletivo ou corretivo etc. 
Casos icônicos resultados de investigações policiais históricas 
conduziram à apreensão de delinquentes como Francisco das Chagas 
Rodrigues Brito, caso conhecido como “O caso dos Meninos Emascula-
dos de Altamira”,

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