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Disciplina | 
Introdução 
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DISCIPLINA 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO 
AMBIENTE E O DIREITO 
AMBIENTAL 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Sumário 
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Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1.1 O Conceito de Meio Ambiente -------------------------------------------------------------------------------- 9 
1.2 Princípios do Direito Ambiental ---------------------------------------------------------------------------- 10 
1.3 Competência Ambiental -------------------------------------------------------------------------------------- 15 
2 Legislação Ambiental Brasileira ---------------------------------------------------------------- 16 
2.1 Instrumentos de Defesa do Meio Ambiente ------------------------------------------------------------ 19 
2.2 Legislação Básica ------------------------------------------------------------------------------------------------ 20 
3 Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA ----------------------------------------------- 25 
3.1 Instrumentos da PNMA --------------------------------------------------------------------------------------- 27 
Padrões de Qualidade Ambiental ------------------------------------------------------------------------------------------------ 28 
Licenciamento Ambiental ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 28 
Zoneamento Ambiental ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 31 
4 Tutela Administrativa ----------------------------------------------------------------------------- 32 
5 Tutela Civil -------------------------------------------------------------------------------------------- 35 
5.1 Tutela Pré-Processual ------------------------------------------------------------------------------------------ 37 
5.2 Da Ação Civil Pública ------------------------------------------------------------------------------------------- 44 
6 Tutela Penal ------------------------------------------------------------------------------------------ 48 
7 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------- 60 
8 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------- 61 
 
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Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Introdução 
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1 Introdução 
Por duas vezes na história as Nações Unidas mobilizaram-se para tratar das 
questões globais, com o escopo de encontrar soluções para os problemas de ordem 
ambiental que afetam o planeta, sendo a primeira vez em Estocolmo, em 1972, e a 
segunda, no Rio de Janeiro, em 1992. 
Os sérios problemas ambientais que afetavam o mundo foram a causa da 
convocação pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 
1968, da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que veio a 
se realizar em junho de 1972 em Estocolmo. 
Essa Conferência chamou a atenção das nações para o fato de que a ação 
humana estava causando séria degradação da natureza e criando severos riscos para 
o bem-estar e para a própria sobrevivência da humanidade. Foi marcada por uma 
visão antropocêntrica de mundo, em que o homem era tido como o centro de toda a 
atividade realizada no planeta, desconsiderando o fato de a espécie humana ser parte 
da grande cadeia ecológica que rege a vida na Terra. 
A Conferência contou com representantes de 113 países, 250 organizações-não-
governamentais e organismos da ONU. A Conferência produziu a Declaração sobre o 
Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios de comportamento e 
responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes a questões 
ambientais. Outro resultado formal foi um Plano de Ação que convocava todos os 
países, a ONU, bem como todas as organizações internacionais a cooperarem na 
busca de soluções para uma série de problemas ambientais. 
Em 1988 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução 
determinando a realização, até 1992, de uma Conferência sobre o meio ambiente e 
desenvolvimento, que pudesse avaliar como os países haviam promovido a Proteção 
ambiental desde a Conferência de Estocolmo de 1972. Na sessão que aprovou essa 
resolução, o Brasil ofereceu-se para sediar o encontro em 1992. 
Em 1989, a Assembleia Geral da ONU convocou a Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como 
"Cúpula da Terra", e marcou sua realização para o mês de junho de 1992, de maneira 
a coincidir com o Dia do Meio Ambiente. 
Dentre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se os seguintes: 
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Introdução 
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1) Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações 
com o estilo de desenvolvimento vigente; 
2) Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-
poluentes aos países subdesenvolvidos; 
3) Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação 
de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento; 
4) Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever 
ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais; 
5) Reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando 
novas instituições para implementar as decisões da conferência. 
Como produto dessa Conferência foram assinados 05 documentos. São eles: 
1) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
2) Agenda 21 
3) Princípios para a Administração Sustentável das Florestas 
4) Convenção da Biodiversidade 
5) Convenção sobre Mudança do Clima 
As novas constituições que entraram em vigor, revelaram sempre a preocupação 
com uma legislação ambiental moderna, e particularmente no Brasil, não poderia ser 
diferente. A Constituição Federal de 1988, avançou de forma significativa no sentido 
de dar proteção ao meio ambiente. Pela primeira vez na história brasileira o texto 
constitucional elevou a tutela ambiental à categoria de direito fundamental de todo 
cidadão, dedicando-lhe, ainda, uma epígrafe própria, dentro do título da ordem social. 
A matéria que anteriormente era objeto de normas infraconstitucionais passou a 
ser disciplinada de forma precisa e atualizada em seu artigo 225, o qual disciplinou o 
assunto, consignando que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. 
A Lei Maior ainda traçou as regras a serem obedecidas pelo Poder Público, no § 
1º do citado artigo 225, a fim de assegurar a efetividade de tais direitos, e deixou 
expresso no § 3º, que os infratores das normas de proteção ao meio ambiente, sejam 
pessoas físicas ou jurídicas, estarão sujeitas às sanções penais, civis e administrativas. 
 
 
 
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Introdução 
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Direito de Terceira Geração 
A concepção de direitos humanos na Idade Média era bastante diferente da que 
conhecemos atualmente. As pessoas não tinham direitos ou liberdades individuais e 
o poder era concentrado nas mãos da nobreza e da Igreja Católica. Na Idade Média, 
o conceito de direitos humanos ainda não havia sido definido e, portanto, as ideias de 
liberdade, igualdade e dignidade humana não eram contempladas. O pensamento 
predominante era que as pessoas tinham deveres e obrigações com relação ao poder 
estabelecido, e não direitosda autoridade julgadora, o autuado será notificado por via postal 
com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência 
para pagar a multa no prazo de cinco dias ou para apresentar recurso, conforme 
previsto no artigo 126. O recurso hierárquico caberá à autoridade administrativa 
julgadora que proferiu a decisão na defesa, como estabelecido no § 1º do artigo 127. 
Por fim, destaca-se a possibilidade de conversão da multa, como previsto nos 
artigos 142 a 148. É importante ressaltar que a conversão da multa não poderá ser 
concedida novamente ao mesmo infrator durante o período de cinco anos, contados 
da data da assinatura do termo de compromisso, conforme previsto no artigo 148. 
Em conclusão, o direito ambiental possui diversas ferramentas e instrumentos 
jurídicos que visam a proteção e preservação do meio ambiente. As tutelas 
administrativas, em especial, são de extrema importância para garantir a efetividade 
das normas ambientais, promovendo a fiscalização, monitoramento e punição de 
infrações e condutas prejudiciais ao meio ambiente. 
Além disso, a atuação dos órgãos ambientais e o processo de licenciamento 
ambiental são fundamentais para o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e 
a preservação do meio ambiente. Nesse contexto, é necessário que as empresas e 
empreendedores estejam atentos às normas e exigências ambientais para evitar 
prejuízos ao meio ambiente e sanções administrativas. 
Assim, a tutela administrativa é uma importante ferramenta para garantir a 
proteção do meio ambiente, que deve ser uma preocupação de toda a sociedade. É 
fundamental que a atuação dos órgãos ambientais seja efetiva e que os instrumentos 
de proteção ambiental sejam utilizados de forma adequada, para assegurar um futuro 
sustentável e preservar a biodiversidade e qualidade de vida das presentes e futuras 
gerações. 
 
5 Tutela Civil 
A destruição do ambiente constitui, sem nenhuma dúvida, um dos maiores 
problemas com que a humanidade se deparou na segunda metade do século XX, e 
continua deparando neste início do século XXI, cuja gravidade é de todos conhecida, 
pelo que representa para a vida e para a própria sobrevivência do homem. 
Durante séculos, percebeu-se, no âmbito jurídico, total desprezo com relação às 
questões que abordassem o meio ambiente, tendo-se este como coisa nula, cujo 
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aproveitamento coletivo poderia se dar indefinidamente, sem vislumbrar-se a 
possibilidade de seu esgotamento. No entanto, principalmente a partir da metade do 
século XX, passou-se a valorizar intensamente os recursos ambientais, diante da 
constatação de que tais recursos são finitos e que seu esgotamento se encontrava 
bem mais próximo. 
O fundamento da introdução da responsabilidade objetiva pelo dano ambiental 
no Brasil é a teoria do risco integral, que é um corolário do princípio do poluidor-
pagador, consagrado internacionalmente como um dos princípios básicos do Direito 
Ambiental. 
Em matéria de proteção ambiental, a lei nº 6.938/81, instituiu a Política Nacional 
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, artigos. 9º a 
21. Destaca-se que o art. 14, § 1º, estabelece que o poluidor é obrigado a reparar o 
dano ambiental causado, independentemente da existência de culpa, adotando-se, 
assim, a responsabilização objetiva do agente poluidor. 
Introduziu-se, assim, a responsabilidade civil objetiva e solidária, que se baseia 
na ideia de que a pessoa que cria o risco deve reparar os danos advindos de seu 
empreendimento. 
 
Características da Responsabilização Civil 
• Reparação específica – a reparação deve restabelecer o status quo 
ante, sem prejuízo dos danos materiais e morais. 
• Desconsideração da PJ – tem previsão no art. 4º da lei 9605/98 
levando a cabo sempre que sua existência for obstáculo ao ressarcimento 
dos prejuízos ambientais. 
• Imprescritibilidade – a doutrina e a jurisprudência majoritária 
entendem que a matéria não prescreve, haja vista que o meio ambiente 
é indisponível e irrenunciável. 
• Responsabilidade objetiva integral – não admite as excludentes 
de responsabilidade. 
 
 
 
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5.1 Tutela Pré-Processual 
 
Inquérito Civil 
Surgiu com a lei 7347/85 que disciplinou a ação civil pública (art. 8º, §1º), 
atualmente presente nas leis 7853/89, 7913/89, 8069/90, 8078/90, lei 8625/93 e LC 
75/93. 
O Inquérito Civil Público é um procedimento administrativo, inquisitivo e 
privativo do Ministério Público. Ele tem o escopo de produzir de um conjunto 
probatório da efetiva lesão a interesses meta individuais. Este procedimento é prévio 
ao ajuizamento da Ação Civil Pública, prevista na Lei nº 7.347, de 1985. 
Tem natureza jurídica de procedimento administrativo e inquisitivo, que tem por 
finalidade a apuração de fatos. Ele integra o rol das funções institucionais privativas 
do Ministério Público (art. 129 da Constituição Federal). Nele não há contraditório, 
nem acusação, tampouco aplicação de sanção. Ele não cria, não modifica e nem 
extingue direitos. Há somente controle de legalidade pelo Poder Judiciário. Ele é uma 
medida prévia ao ajuizamento da Ação Civil Pública, prevista na Lei nº 7.347, de 1985, 
mas não é obrigatório, pois esta ação pode ser instaurada independentemente dele. 
As fases do inquérito são: 
1) Instauração: Ele é instaurado por portaria a amparar requerimento 
ou por despacho ministerial a amparar representação, sob pena de mera 
irregularidade. Nesse sentido o Ministério Público pode instaurá-lo a 
pedido, o que não afasta o procedimento de ofício. 
2) Instrução: A partir da instauração do inquérito civil pode haver a 
sua publicidade, os atos executórios podem ser praticados e a decadência 
do direito de reclamação do consumidor fica obstaculizada (art. 26 do 
Código de Defesa do Consumidor). Ele deve ser encerrado, embora a 
legislação seja silente sobre o prazo. Depois de instaurado, o crime de 
falso testemunho pode ficar caracterizado, conforme entendimento 
majoritário. A instrução do inquérito civil é a produção de todas as provas 
em direito admitidas pela notificação para oitiva de testemunhas ou pela 
requisição de documentos, sob pena de caracterizar crime de 
desobediência. Entende-se majoritariamente que o Ministério Público 
não pode quebrar o sigilo bancário, exceto no caso de investigação de 
dano ao patrimônio público, mas pode quebrar o sigilo fiscal. 
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3) Conclusão: O encerramento do inquérito civil é formalizado por 
relatório final concluindo pelo seu arquivamento ou pela propositura da 
Ação Civil Pública. 
Ainda, no curso do inquérito civil pode ser formalizado o Compromisso de 
Ajustamento e Conduta entre o Ministério Público e o investigado, com o escopo de 
adequar a conduta lesiva às normas pertinentes, uma vez que o agente a reconhece e 
compromete-se a adaptá-la à lei. Este compromisso depende de homologação do 
Conselho Superior do Ministério Público, caso em que o inquérito civil é arquivado. 
O Ministério Público ordena o arquivamento do inquérito civil nos casos de 
cumprimento do Compromisso de Ajustamento e Conduta e de inexistência de justa 
causa para propositura da Ação Civil Pública. Esta providência depende de 
homologação do Conselho Superior do Ministério Público, que pode converter o 
julgamento em diligência ou ordenar a propositura da Ação Civil Pública. O prazo de 
remessa é de 03 dias. 
 
Termo de Ajustamento de Conduta 
Todos os entes legitimados para propor a ação civil pública têm legitimidade 
para propor o termo de ajustamento de conduta, salvo as associações que não são 
órgãos públicos. 
No Brasil, já na décadade setenta, encontramos precedentes ao Termo de 
Compromisso de Ajustamento de Conduta previstos na Legislação de Controle da 
Poluição dos estados. Um bom exemplo é o art. 96 do Regulamento da Lei º da lei nº 
997, de 31 de maio de 1976, que permitia à autoridade conceder prazos para 
adequação da fonte poluidora à legislação. 
A figura do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta como é hoje 
definida, foi inicialmente prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 
8.069, de 13 de julho de 1989, o qual reza, que: “os órgãos públicos legitimados 
poderão tomar dos interessados, compromisso de ajustamento de sua conduta às 
exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial” (art. 211). 
A seguir, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11.09.1990), alterou 
a Lei da Ação Civil Pública, ao admitir que, em defesa de quaisquer interesses meta 
individuais, e não apenas dos consumidores, os órgãos públicos legitimados à Ação 
Civil Pública possam tomar dos interessados, compromisso de ajustamento de sua 
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conduta às exigências legais, mediante comunicações, tendo esse compromisso 
eficácia de título extrajudicial (art. 113, § 6º). 
Assim, o Código de Defesa do Consumidor adicionou os parágrafos 4º, 5º e 6º 
ao art. 5º da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985), os quais 
serão adiante analisados. 
Por outro lado, a Lei de Crimes Ambientais acaba também por estimular a solução 
transacional do próprio ilícito civil, uma vez que é condição para a proposta de 
transação penal a prévia composição do dano na esfera cível, salvo em caso de 
comprovada impossibilidade, conforme se infere do art. 27 da Lei nº 9.605, de 12 de 
fevereiro de 1998. Vale mencionar que a transação penal a que se refere o referido 
artigo está prevista no art. 74 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. 
Ainda, no âmbito penal, o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta 
foi inserido pela Medida Provisória nº 1.710, que adicionou o art. 79-A na Lei de Crimes 
Ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), autorizando os órgãos 
ambientais integrantes do SISNAMA a celebrar, com força de título executivo 
extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis 
pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e 
atividades utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou 
potencialmente poluidores. 
No Estado de São Paulo, a Resolução nº 05, de 07.01.97 da Secretaria do Meio 
Ambiente instituiu o Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental, com força 
de título executivo extrajudicial, no âmbito da SMA, da CETESB e da Fundação 
Florestal, cujo anexo possui modelo de conteúdo do instrumento. No dia 18.08.1998, 
esta mesma secretaria do Estado de São Paulo, regulamentou a celebração dos 
Termos de Compromisso previstos no art. 79-A da Lei de Crimes Ambientais, através 
da Resolução SMA 66/98. 
Em tese, Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta é o ato jurídico 
pelo qual a pessoa, reconhecendo implicitamente que sua conduta ofende ou pode 
ofender interesse difuso ou coletivo, assume o compromisso de eliminar a ofensa ou 
o risco através da adequação de seu comportamento às exigências legais, mediante a 
formalização de termo com força de título executivo extrajudicial. 
Se o compromisso for judicial, a presença do Ministério Público é obrigatória, 
seja quando for o autor da Ação Civil Pública, seja quando atuar como fiscal da lei. 
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Tudo em respeito ao disposto no art. 127 da Constituição Federal, onde é conferida 
ao Ministério Público a defesa dos interesses difusos e coletivos cc. Lei 7.347/85. 
Já quando o instrumento for extrajudicial, o que, mormente ocorre, entendemos 
que a presença do Ministério Público é optativa e não obrigatória, haja vista a 
autonomia do Órgão Público legitimado para celebrar o aludido Compromisso. 
De início, entendiam alguns que, a natureza jurídica do Termo de Compromisso 
de Ajustamento de Conduta era de ato jurídico unilateral quanto à manifestação 
volitiva, na medida em que o compromitente reconhecia, implicitamente, a ilegalidade 
da conduta e assumia o compromisso de se adequar à lei. Isso é válido para a grande 
maioria dos casos em que caracterizada está a infração e a possibilidade de adequação 
do infrator às exigências legais. 
No entanto, há casos em que a realidade não se enquadra na forma da lei, sendo 
verdadeira leviandade pretender que a matéria seja moldada pelo papel. Isso é 
fenômeno corrente em países como o Brasil onde há sensível disparidade tecnológica 
e funcional, não exercendo o Poder Público o devido controle sobre as atividades 
exercidas em seu território. 
Nesse sentido, moderna corrente utiliza o Termo de Compromisso como 
instrumento de mediação e solução de conflitos de interesses de natureza difusa, em 
especial os de caráter ambiental, compreendendo que a dinâmica econômica e social, 
muitas vezes, não é acompanhada pela estrutura administrativa posta pelo Poder 
Público, havendo demanda excedente que nem sempre se resolve com a aplicação 
fria do texto da lei. 
O Termo de Compromisso passa a ser, portanto, de natureza contratual e 
bilateral, sendo verdadeira hipocrisia considerá-lo mero sucedâneo do termo de 
confissão com efeitos civis. 
É certo que a Administração Pública não pode transigir com seu dever-poder, 
posto que só lhe é permitido agir quando expressamente autorizado pela lei, dentro 
de seus limites (princípio da reserva legal). No entanto, o dever de agir nos termos da 
lei, na busca da adequação de atividades de interesse econômico e social leva a 
autoridade a se esforçar para aplicar a lei exegeticamente, atendendo ao disposto no 
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, visando atender aos fins sociais a que se 
destina e às exigências do bem comum. 
A intransigência para com o meio ambiente, posto tratar-se de bem comunal, 
constitucionalmente tutelado, não há de ser confundida com a rigidez, quase 
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cadavérica, na aplicação fria da lei, praticada por alguns operadores do direito, em 
especial determinadas correntes hoje incrustadas na Administração Pública. De fato, 
não se admite que determinados administradores, ou mesmo membros do Ministério 
Público, apeguem-se a preciosismos legais para nada decidir, em prejuízo do próprio 
meio ambiente. 
Nesse sentido, a legislação em vigor ao instituir o Termo de Compromisso, 
reconhece, expressamente, a necessidade de flexibilização na aplicação de parâmetros 
legais quando a matéria diz respeito a interesses difusos, com destaque para o meio 
ambiente e as relações de consumo. 
Além do mais, o objeto do Termo de Compromisso não é, como muitos pensam, 
o meio ambiente propriamente dito, mas sim o ajuste de determinada conduta às 
exigências legais, dentro de condições de modo, tempo e lugar do cumprimento de 
obrigação de mitigar os efeitos danosos causados ao meio ambiente. Tais condições 
devem ser possíveis de fato, jurídica e economicamente, além de lícitas, de modo a 
possibilitar sua mensuração econômica, e dotadas de liquidez, ou seja, certas quanto 
à sua existência e determinadas quanto ao seu objeto (Código Civil, art. 1.533). 
Ainda, o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental é 
revestido, basicamente, do compromisso de fazer e/ou não fazer, uma vez que seu 
objetivo principal é ajustar sua conduta às exigências legais ou dirimir conflitos dentro 
dessas exigências. 
Já no caso da impossibilidade de reparação dos danos causados, o interessado 
no Termo de Compromisso buscará adotar medidascompensatórias, que não se 
confundem com mera indenização. Assim, o compromisso de adequação à lei supera 
as raias da confissão de dívida, mesmo que contenha cláusula de indenização. 
O Termo de Compromisso, por outro lado, não se confunde com Transação, na 
acepção civil deste instituto. Segundo dispõe o Código Civil, é lícito aos interessados 
prevenirem, ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas (art. 1.025), sendo 
que somente quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação 
(art. 1.035). 
Verifica-se, portanto, ser necessária a presença do litígio na transação, sendo que 
as concessões nela previstas são recíprocas, com vistas à sua extinção. O Termo de 
Compromisso, por outro lado, versa sobre interesse difuso, indivisível, e quando de 
natureza ambiental, relacionado à bem de uso comum do povo (art. 225, Constituição 
Federal), sendo, portanto, direito indisponível, defeso sobre ele transigir. 
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Como muito bem salientado pelo Ilustre jurista Dr. José Rubens Morato Leite, 
“trata-se, na verdade, de um instrumento de tutela de interesses meta individuais 
preventivo e inibitório, em concepção diversa dos institutos do direito civil existentes 
e objetivando regular uma ordem social e jurídica diferenciada”. 
Quando o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta for firmado 
anteriormente à Ação Civil Pública, desaparece o interesse de agir das partes 
compromissadas, necessário à propositura da referida ação. 
Se o Termo de Compromisso for formalizado no curso de Inquérito Civil -
procedimento judicial informe presidido pelo Ministério Público, não haverá mais 
ensejo para ajuizamento da Ação Civil Pública, quer para o Ministério Público, quer 
para qualquer outro legitimado, a menos que o autor da Ação comprove cabalmente 
a existência de resíduo jurídico-material não abrangido ou atingido pelo Termo. 
Assim, desde que o compromisso abranja todos os pontos objetivados no inquérito, 
o Ministério Público promoverá o arquivamento dos autos, ato a ser revisto pelo 
Conselho Superior do Ministério Público. 
Ademais, o TAC efetuado no bojo do processo, para ter validade, depende de 
homologação judicial, portanto, não é mais um Termo de Compromisso nos moldes 
do estabelecido pelo art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, uma vez que se trata de título 
executivo judicial. 
Não se trata também de reconhecimento da procedência do pedido, posto que 
possível, no bojo do ajuste, a adoção de medidas não só reparatórias, como 
mitigadoras e compensatórias, instrumentos reconhecidos pela Política Nacional do 
Meio Ambiente e aplicáveis exegeticamente à Ação Civil Pública, no atendimento das 
demandas caracterizadoras da tutela dos interesses difusos: autonomia e qualidade 
de vida. 
Assim, Termo de Compromisso não significa reconhecimento da procedência do 
pedido, posto ser efetuado no interesse da adequação da atividade questionada no 
processo aos parâmetros de compatibilização do desenvolvimento econômico social 
com a preservação ambiental, visando à preservação e restauração de recursos 
ambientais, com vistas a sua utilização racional e disponibilidade permanente (incisos 
I e VI, do art. 4º, da Lei 6.938/81). 
Desta forma, se o réu da Ação Civil Pública firmar Termo de Ajustamento de 
Conduta perante o órgão jurisdicional, sobrevindo sua homologação judicial, o 
processo será extinto com julgamento do mérito, com base no disposto no art. 269, 
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III, do Código de Processo Civil. O Termo de Compromisso constitui-se, portanto, em 
transação, cujo objeto, saliente-se, não é o meio ambiente propriamente dito, e sim 
as condições de modo, tempo e lugar de cumprimento das obrigações de recuperar 
o meio ambiente. 
O Termo de Compromisso, a teor do art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, não 
carece de homologação judicial para que surta efeitos, no entanto, ressalte-se mais 
uma vez, firmado em juízo, a sentença que o homologar constituirá título executivo 
judicial. 
Existe, no entanto, uma outra situação em que o compromisso é firmado no curso 
de Ação Civil Pública, porém fora do processo, perante o autor da ação ou o Ministério 
Público (caso seja este apenas interveniente). Neste caso, abrangendo o Termo de 
Compromisso todo o objeto da ação, esta perde seu objeto. 
Da mesma forma, ocorrendo Termo de Compromisso perante o órgão 
fiscalizador competente para atuar na tutela do objeto em causa, e não sendo este o 
autor da ação, pode ocorrer a perda do interesse de agir pelo autor do pedido, 
principalmente se este for associação civil ou órgão não diretamente responsável pela 
tutela do bem em testilha. Sendo assim, deve o juiz decretar o processo extinto sem 
julgamento do mérito, na forma do que dispõe o art. 267, VI, do Código de Processo 
Civil, inteiramente aplicável à espécie. 
A determinação do prazo conferido ao compromitente para adequar seu 
empreendimento às normas ambientais é condição “sine qua non” para a validade do 
Termo de Compromisso. O estabelecimento de cronograma da execução também é 
bastante recomendável, na medida em que facilita sobremaneira a fiscalização do 
cumprimento das obrigações por parte do Órgão Público. 
A Medida Provisória que inseriu o art. 79-A à Lei de Crimes Ambientais, reza que 
o prazo de adequação às normas estabelecido no Termo de Compromisso não poderá 
ser superior a três anos, sendo prorrogável por mais três, caso necessário. 
Entendemos, aliás, que o limite legal imposto pela MP fere o princípio da 
proporcionalidade, pois o prazo estabelecido, atinente somente aos casos ali 
elencados (atividades anteriores à edição da Lei 9.605/98) pode ser suficiente em 
muitas hipóteses, mas ínfimo para outras. 
O Termo de Compromisso, como reza o § 6o. do art. 5o. da Lei 7.347/85, forma 
título executivo extrajudicial, e o nele contido gera presunção iuris tantum. Isso 
significa que o título executivo que o representa pode ser imediatamente objeto de 
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ação de execução no caso de descumprimento por parte do compromitente das 
obrigações que nele assumiu. 
Tratando o Compromisso de obrigação de fazer, incidirão as normas dos arts. 
632 a 641 do Código de Processo Civil. Assim, proposta a execução, o juiz fixará prazo 
para que a obrigação seja cumprida; não o fazendo, pode o Órgão Público 
compromissário requerer ao juiz que a obrigação seja cumprida por terceiro à custa 
do devedor, em consonância ao dispositivo legal supramencionado, independente da 
multa fixada. 
Se o Compromisso for de obrigação de não fazer, incidirão as normas dos arts. 
642 e 643 do Código de Processo Civil. 
Por fim, o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta pode ser 
retificado, aditado ou mesmo rescindido como os atos jurídicos em geral, ou seja, de 
maneira voluntária, pelo mesmo procedimento pelo qual foi feito, sendo tais atos 
justificados técnica e legalmente. 
Admite-se, da mesma forma, rescisão contenciosa, por meio de ação anulatória. 
 
5.2 Da Ação Civil Pública 
É instrumento processual destinado à proteção de interesses difusos da 
sociedade e, excepcionalmente, para a proteção de interesses coletivos e/ou 
individuais homogêneos. 
Não serve, pois, para amparar direitos meramente individuais (há exceções, como 
as previsões do ECA). Trata-se de instrumento criado com a finalidade de efetivar a 
responsabilização por danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de 
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
A CF/88 alargou o alcance desse instrumento, estendendo-o à proteção do 
patrimônio público em geral, conferindo-lhe âmbito análogo ao da ação popular. 
Tornou, ainda,exemplificativa, uma enumeração que era taxativa, ao referir-se a 
“outros interesses difusos e coletivos”. 
Na CF: aparece referida entre as atribuições do MP (art. 129, inc. III). E regulado 
pela Lei 7.347/85. Também há previsão do uso da ACP em outras legislações 
específicas, tais como: 
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• Lei 7.853/89 – dispõe sobre o paio às pessoas portadoras de 
deficiência. 
• Lei 7.913/89 – dispõe sobre a ACP de responsabilidade por danos 
causados aos investidores no mercado de valores imobiliários 
• Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.078/90 
– Código de Defesa do Consumidor. 
 
Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos 
A partir de 1.974, os trabalhos de Mauro Cappelletti provocaram uma crítica à 
tradicional consideração dos interesses apenas como públicos (o indivíduo em relação 
ao Estado) e privados (os indivíduos interrelacionando-se). Demonstrou-se a 
existência de uma categoria intermediária onde se compreendiam os interesses 
transindividuais, ou seja, aqueles referentes a toda uma categoria de pessoas (p. ex., 
os condôminos de um edifício, os sócios de uma empresa, os membros de uma equipe 
esportiva etc.). 
Mas mesmo dentro dessa categoria intermediária, foi possível estabelecer uma 
distinção entre os interesses que atingem uma categoria determinada (ou 
determinável) de pessoas e os que atingem um grupo indeterminado de indivíduos 
(ou de difícil determinação). Os integrantes desse último grupo estão dispersos na 
coletividade (ex.: os moradores de uma região, os consumidores de um certo produto, 
os turistas que frequentam determinada praia, os habitantes de certo município etc.). 
Este último grupo forma o que chamamos “interesses difusos”. 
Interesses difusos, pois, são aqueles, transindividuais, que abrangem número 
indeterminado de pessoas unidas pelo mesmo fato. Característica fundamental: 
indeterminação. Seus sujeitos são indeterminados e indetermináveis. Ex.: vítimas do 
uso de um determinado remédio; vítimas da poluição ambiental provocada por certa 
empresa. 
O interesse coletivo, por sua vez, também é transindividual, embora pertencente 
a grupos ou categorias de pessoas determináveis, possuindo uma só base jurídica 
(relação jurídica-base, diz o art. 81 do CDC). Característica fundamental: determinação. 
Seus sujeitos são indeterminados, mas determináveis. Ex.: os usuários de certo serviço 
público como o serviço de distribuição de energia elétrica ou serviço de telefonia; ação 
proposta por sindicato em relação às contribuições sindicais; ACP questionando 
concurso público, não suficientemente divulgado (tornado público): direito coletivo 
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da classe médica; ACP para fazer certo condomínio cumprir norma de segurança: 
direito coletivo dos condôminos moradores e direito difuso da coletividade. 
Em sentido lato, é subespécie dos interesses coletivos os chamados interesses 
individuais homogêneos. São os decorrentes de origem comum. Ex.: os alunos de uma 
determinada escola em relação ao aumento abusivo das mensalidades; os 
contribuintes de um mesmo imposto; os moradores de um conjunto habitacional, em 
ação que obriga a construtora a reparos estruturais nas habitações financiadas 
 
Legitimidade 
Ativa: 
• O Ministério Público; 
• A União, os Estados, os Municípios; 
• Autarquias, empresas públicas, fundação pública, sociedade de 
economia mista; 
• Associação constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei 
civil, e que inclua entre as suas finalidades institucionais a proteção a um 
dos interesses de que cuida a lei; 
Sempre que o MP não for o autor da ação, dela deverá participar como fiscal da 
lei, podendo, inclusive, aditar a inicial se entender necessário. O MP assume a 
titularidade quando houver desistência por parte do autor, caso entenda que há justa 
causa para a ação. 
Com a procedência da ação e o trânsito em julgado da sentença, o MP poderá 
promover a execução do julgado, caso o autor não o faça no prazo de 60 dias. Os 
legitimados ativos podem propor a ACP sozinhos ou em litisconsórcio. 
 
Passiva: 
Todos os responsáveis pelas situações ou fatos ensejadores da ação, sejam 
pessoas físicas ou jurídicas (mesmo os órgãos governamentais e entidades da adm. 
Direta e indireta). 
 
 
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Foro Competente 
Em regra, o foro competente é o local onde ocorrer o dano. Observe-se que se a 
União, suas autarquias ou empresas públicas forem interessadas, a ação deve ser 
ajuizada na Justiça Federal. Todavia, o STF já assentou na Súmula n.º 183 que 
“compete ao Juiz Estadual, nas comarcas que não sejam sede de vara da Justiça 
Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União figure no processo”. 
 
Cautelares e Liminares 
A ACP pode ser precedida de medidas de caráter cautelar. Pode conter, ainda, 
pedido de liminar (tanto na cautelar como na principal) suspensiva da atividade do 
réu que, sendo pessoa jurídica de direito público, deverá ser ouvida antes da 
concessão. 
Da liminar cabe agravo. 
 
Consequências da Procedência 
O responsável poderá ser condenado, na ACP, a : 
• Condenação em dinheiro 
• Cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. 
• Sanção diversa prevista especificamente na lei (ex. Improbidade 
adm.) 
A condenação em dinheiro, sobretudo quando o status quo ante não puder ser 
recomposto, será recolhida em favor de um fundo especial para a reparação de 
direitos difusos lesados. Este valor deverá ser equivalente ao custo concreto e efetivo 
da conservação ou da restauração do bem. Quando este valor não é facilmente 
mensurável, pode-se usar o valor estimativo ou a realização de perícias para a 
avaliação. 
No caso de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz poderá cominar multa diária 
(astreinte) para a hipótese de descumprimento. 
A sentença faz coisa julgada erga omnes (no âmbito de jurisdição da autoridade 
julgadora) e permite, quando for o caso, execução específica pelo interessado. 
 
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6 Tutela Penal 
A tutela penal no direito ambiental é uma área do direito que tem ganhado cada 
vez mais importância na atualidade. Isso se deve ao crescente reconhecimento da 
necessidade de proteção do meio ambiente e dos recursos naturais para a 
preservação da vida humana e de outras espécies no planeta. 
Com o objetivo de garantir a proteção ambiental, o direito penal ambiental 
estabelece normas e medidas que visam coibir condutas lesivas ao meio ambiente, 
como a poluição, o desmatamento, a caça e a pesca ilegal, entre outros. 
Nesse contexto, a tutela penal ambiental assume um papel fundamental na 
punição dos responsáveis por danos ambientais, com a imposição de sanções e penas 
proporcionais à gravidade do delito cometido. Trata-se, portanto, de um tema de 
grande relevância para a sociedade e para o futuro do planeta. 
A tutela penal no direito ambiental está diretamente relacionada à teoria monista 
do direito, que entende que as normas jurídicas, independentemente de sua origem, 
possuem a mesma hierarquia e se integram em um único sistema normativo. 
Dessa forma, o dever jurídico de agir em prol da proteção ambiental é um dever 
de todos os cidadãos e instituições, já que as normas de proteção ambiental têm a 
mesma importância e força que qualquer outra norma do ordenamento jurídico. 
Assim, a tutela penal ambiental se configura como um instrumento importante 
para a efetividade desse dever jurídico, na medida em que prevê sanções e punições 
aos infratores que desrespeitam as normas de proteção ambiental. 
Portanto, a tutela penal no direitoambiental é essencial para garantir a proteção 
ambiental, ao mesmo tempo em que reforça o dever jurídico de todos em agir em 
prol da preservação do meio ambiente. 
A teoria monista do direito é uma corrente doutrinária que entende que todas as 
normas jurídicas possuem a mesma hierarquia e se integram em um único sistema 
normativo. Isso significa que não há separação entre normas de direito interno e 
normas de direito internacional, por exemplo, e que todas elas têm a mesma força e 
importância dentro do ordenamento jurídico. 
Nesse contexto, o dever jurídico de agir se configura como um dever de todos 
os cidadãos e instituições de respeitar e cumprir todas as normas do ordenamento 
jurídico, independentemente de sua origem ou natureza. Esse dever se estende 
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também à proteção do meio ambiente, que é uma preocupação cada vez mais 
presente na sociedade moderna. 
O dever jurídico de agir em prol da proteção ambiental está fundamentado em 
diversas normas, como a Constituição Federal, que estabelece o direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental, e a legislação 
ambiental, que impõe obrigações a todas as pessoas e instituições em relação à 
proteção do meio ambiente. 
Dessa forma, todos têm o dever jurídico de agir em prol da preservação do meio 
ambiente, seja por meio de medidas preventivas, como a adoção de práticas 
sustentáveis, seja por meio da denúncia de práticas que possam prejudicar o meio 
ambiente, ou ainda pela participação em movimentos sociais e políticos em defesa da 
proteção ambiental. 
Nesse sentido, a tutela penal no direito ambiental se configura como um 
importante instrumento para garantir a efetividade desse dever jurídico, na medida 
em que prevê sanções e punições aos infratores que desrespeitam as normas de 
proteção ambiental. Além disso, a tutela penal ambiental tem um caráter pedagógico, 
na medida em que contribui para a conscientização e sensibilização da sociedade em 
relação à importância da proteção ambiental. 
Em resumo, a teoria monista do direito e o dever jurídico de agir em prol da 
proteção ambiental são fundamentais para garantir a efetividade das normas de 
proteção ambiental e para a preservação do meio ambiente, que é uma preocupação 
global cada vez mais presente na sociedade moderna. 
O art. 2º, primeira parte, da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), dispõe que 
é possível o concurso de pessoas em crimes ambientais, ou seja, adotou a teoria 
unitária ou monista prevista no art. 29, CP. Já o art. 2º, segunda parte, criou o dever 
jurídico de agir para algumas pessoas físicas responsáveis pela PJ, ou seja, a omissão 
nesse caso é penalmente relevante, nos termos do art. 13, §2º, “a”. 
Essas pessoas respondem por ação ou omissão nos crimes ambientais. Na 
omissão, para se evitar a chamada responsabilidade penal objetiva, exige-se dois 
requisitos: que se tenha ciência do crime, e que se possa evitar o crime. 
 
 
 
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Responsabilidade Penal das PJ 
A responsabilidade penal das pessoas jurídicas no âmbito do direito ambiental é 
um tema de grande importância na atualidade, tendo em vista a crescente 
preocupação com a proteção do meio ambiente e a necessidade de punir as empresas 
que causam danos ambientais. Neste texto, serão abordados os aspectos legais e 
doutrinários relacionados à responsabilidade penal das pessoas jurídicas no direito 
ambiental. 
A base legal para a responsabilização penal das pessoas jurídicas no direito 
ambiental está prevista na Constituição Federal de 1988, que estabelece, em seu artigo 
225, que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Além disso, a Constituição 
também prevê que é dever do poder público e da coletividade proteger e preservar o 
meio ambiente. 
A legislação ambiental brasileira, por sua vez, estabelece diversas normas que 
visam garantir a proteção ambiental, bem como punir as empresas que causam danos 
ambientais. Dentre essas normas, destaca-se a Lei nº 9.605/1998, que dispõe sobre as 
sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente. 
De acordo com a referida lei, as pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas 
penalmente pelos crimes ambientais que cometem, desde que fique comprovado que 
tais crimes foram praticados em seu benefício ou interesse, por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou ainda por influência direta ou indireta de seu 
funcionário. A pena prevista para as pessoas jurídicas é a multa, que pode chegar a R$ 
50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). 
Além da legislação ambiental, a responsabilidade penal das pessoas jurídicas no 
direito ambiental também é abordada pela doutrina jurídica. Dentre os principais 
autores que tratam do tema, destacam-se Luiz Regis Prado e Paulo Affonso Leme 
Machado. 
Para Luiz Regis Prado, a responsabilidade penal das pessoas jurídicas é uma 
forma de responsabilização objetiva, na qual se presume que a empresa é culpada 
pelo crime ambiental que cometeu, cabendo a ela o ônus de provar que não teve 
culpa no evento danoso. O autor ainda destaca que a responsabilidade penal das 
pessoas jurídicas é um instrumento importante para a proteção do meio ambiente, na 
medida em que pode ser utilizada como forma de prevenção geral e especial. 
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Já para Paulo Affonso Leme Machado, a responsabilidade penal das pessoas 
jurídicas no direito ambiental deve ser compreendida à luz do princípio da 
solidariedade, que pressupõe a cooperação de todos na proteção do meio ambiente. 
Segundo o autor, a responsabilidade penal das pessoas jurídicas é uma forma de 
responsabilização coletiva, que leva em consideração não apenas a culpa individual 
dos envolvidos, mas também a culpa da empresa como um todo. 
Em conclusão, a responsabilidade penal das pessoas jurídicas no âmbito do 
direito ambiental é uma forma de garantir a proteção do meio ambiente e de punir as 
empresas que causam danos ambientais. A base legal para essa responsabilização está 
prevista na Constituição Federal e na legislação ambiental, que estabelecem as 
sanções aplicáveis às empresas que cometem crimes ambientais. Além disso, a 
doutrina jurídica também é relevante para o tema, uma vez que os autores que tratam 
da responsabilidade penal das pessoas jurídicas no direito ambiental apresentam 
diferentes abordagens e reflexões sobre o tema. 
Por fim, cabe ressaltar que a responsabilidade penal das pessoas jurídicas no 
direito ambiental não deve ser vista como um fim em si mesma, mas como um meio 
para garantir a proteção do meio ambiente e a preservação dos recursos naturais. É 
importante que as empresas adotem práticas sustentáveis e sejam responsáveis social 
e ambientalmente, contribuindo para um futuro mais justo e equilibrado para todos. 
 
Todavia, existem três correntes principais em relação à responsabilidade penal 
das pessoas jurídicas no âmbito do direito ambiental. 
A primeira corrente argumenta que a Constituição Federal não prevê a 
responsabilidade penal das pessoas jurídicas. De acordo com essa corrente, a CF 
estabelece que as condutas praticadas por pessoas físicas geram sanções penais, 
enquanto as atividades exercidas por pessoas jurídicas geram sanções administrativas. 
Além disso, o princípio da pessoalidade da pena determina que a pena deve recair 
sobre a pessoa do infrator, ou seja, a pessoa física que cometeu a infração penal não 
pode ter sua pena transmitida para a pessoa jurídica. Dessa forma, o artigo 3º da Lei 
nº 9.605/98, que estabelece a responsabilidade penal das pessoas jurídicas, seria 
inconstitucional.A segunda corrente, por sua vez, argumenta que as pessoas jurídicas não podem 
cometer crimes, pois são entes fictícios desprovidos de consciência, vontade e 
finalidade. Segundo essa corrente, as pessoas jurídicas não têm capacidade de 
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conduta, pois não agem com dolo, vontade, consciência ou finalidade. Sua punição, 
portanto, seria baseada na responsabilidade penal objetiva. Além disso, as penas 
seriam inúteis para as pessoas jurídicas, pois elas não têm capacidade de assimilar as 
finalidades da pena. Essa corrente se baseia na teoria civilista da ficção jurídica de 
Savigny e Feuerbach. 
Já a terceira corrente argumenta que as pessoas jurídicas podem cometer crimes. 
Segundo essa corrente, as pessoas jurídicas são entes reais e possuem capacidade e 
vontade própria, distintas das pessoas físicas que as compõem. Dessa forma, a 
responsabilidade penal das pessoas jurídicas estaria expressa na Constituição Federal 
e na Lei nº 9.605/98. Além disso, as pessoas jurídicas teriam culpabilidade, não a 
individual clássica do finalismo, mas uma culpabilidade social, chamada de ação 
delituosa institucional. A pena criminal seria mais efetiva na prevenção de crimes 
ambientais do que as sanções administrativas. Punir exclusivamente a pessoa física 
seria utilizar essa pessoa como escudo de proteção para a impunidade da pessoa 
jurídica. 
Autores como Luiz Regis Prado, Cesar Roberto Bitencourt, Miguel Reale Jr, José 
Henrique Pierangelli, René Ariel Dotti e Luis Vicente Cernicchiaro defendem a primeira 
corrente. Autores como Zaffaroni, Rogério Greco, LFG, Francisco de Assis Toledo, 
Mirabete e Delmanto admitem a possibilidade da criação da conduta criminosa pela 
Constituição Federal, mas argumentam que ela é inaplicável. Por fim, autores como 
Nucci, Paulo Affonso Leme Machado, Edis Milaré, Damásio e Ada Pelegrini Grinover 
defendem a terceira corrente. 
 
A responsabilização penal das pessoas jurídicas é um tema controverso e 
complexo no âmbito do direito ambiental. O artigo 3º da Lei nº 9.605/98 estabelece 
que as pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas penalmente por condutas 
lesivas ao meio ambiente, desde que preenchidos determinados requisitos 
cumulativos. Além disso, a jurisprudência atual e a responsabilização das pessoas 
jurídicas de direito público também são importantes para a compreensão desse tema. 
Para que uma pessoa jurídica seja responsabilizada penalmente, é necessário que 
sejam cumpridos três requisitos cumulativos: (1) a conduta deve ter sido realizada em 
seu nome, por sua conta ou em seu benefício; (2) a conduta deve ser de autoria, 
coautoria ou participação da pessoa física que atua em seu nome; e (3) a conduta deve 
ser lesiva ao meio ambiente. 
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O primeiro requisito exige que a conduta tenha sido realizada em nome da 
pessoa jurídica, por sua conta ou em seu benefício. Isso significa que a conduta deve 
ter sido realizada em razão da atividade empresarial desenvolvida pela pessoa jurídica 
ou em benefício de seus interesses econômicos. A mera participação da pessoa 
jurídica no evento danoso não é suficiente para sua responsabilização penal. 
O segundo requisito exige que a conduta tenha sido realizada por pessoa física 
que atua em nome da pessoa jurídica, seja como autor, coautor ou partícipe. Isso 
significa que a pessoa física deve ter agido em nome da pessoa jurídica, utilizando-se 
de sua estrutura organizacional e de sua autoridade para cometer a conduta lesiva ao 
meio ambiente. 
Por fim, o terceiro requisito exige que a conduta seja lesiva ao meio ambiente, 
ou seja, que cause danos ou prejuízos à fauna, flora, recursos naturais, ao equilíbrio 
ecológico, à saúde pública ou à qualidade de vida das pessoas. 
Além dos requisitos cumulativos, é importante destacar que a responsabilização 
penal das pessoas jurídicas deve ser fundamentada nos princípios da culpabilidade, 
proporcionalidade e individualização da pena. Isso significa que a pessoa jurídica deve 
ter tido ciência da ilicitude da conduta, que a pena deve ser proporcional à gravidade 
do crime e que a pena deve ser individualizada, levando em conta as circunstâncias 
do caso concreto. 
No que se refere à jurisprudência atual, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se 
manifestou sobre a possibilidade de responsabilização penal das pessoas jurídicas no 
âmbito do direito ambiental. Em 2011, o STF julgou a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) nº 3.540/DF, que questionava a constitucionalidade do 
artigo 3º da Lei nº 9.605/98. Por unanimidade, o STF decidiu que o dispositivo é 
constitucional e que as pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas penalmente por 
crimes ambientais. 
No que se refere à responsabilização das pessoas jurídicas de direito público, é 
importante destacar que a Constituição Federal de 1988 prevê expressamente a 
responsabilidade objetiva dessas entidades por danos causados ao meio ambiente. 
Isso significa que as pessoas jurídicas de direito público podem ser responsabilizadas 
por danos ambientais independentemente de culpa ou dolo. Além disso, a Lei nº 
8.429/92, que trata das sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de 
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na 
administração pública, prevê a responsabilização objetiva das pessoas jurídicas de 
direito público em casos de danos ao meio ambiente. 
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No entanto, a responsabilização das pessoas jurídicas de direito público por 
crimes ambientais é um tema ainda pouco explorado pela doutrina e pela 
jurisprudência. Algumas correntes defendem a aplicação do mesmo regime de 
responsabilização previsto para as pessoas jurídicas de direito privado, enquanto 
outras defendem a necessidade de um regime específico para as pessoas jurídicas de 
direito público, levando em conta as particularidades da administração pública. 
Em suma, a responsabilização penal das pessoas jurídicas no âmbito do direito 
ambiental exige o preenchimento de requisitos cumulativos, além de ser 
fundamentada nos princípios da culpabilidade, proporcionalidade e individualização 
da pena. A jurisprudência atual tem reconhecido a possibilidade de responsabilização 
penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais, enquanto a responsabilização das 
pessoas jurídicas de direito público ainda é um tema pouco explorado. 
 
É possível punir, simultaneamente, a PF e PJ pelo mesmo fato, ou seja, há dupla 
punição, mas de pessoas diferentes, portanto não há bis in idem. Nesse sentido: RESp 
610114/RN – 19/12/05. Esse sistema não se confunde com o sistema da imputação 
por empréstimo que exige a imputação da PJ se vinculada a PF. 
 
Desconsideração da PJ – Artigo 4º 
A desconsideração da personalidade jurídica é uma ferramenta jurídica que 
permite a responsabilização dos sócios ou administradores de uma empresa por 
dívidas ou infrações cometidas pela pessoa jurídica. 
No entanto, como destacado no texto, a desconsideração da personalidade 
jurídica não é aplicável em matéria penal em razão do princípio constitucional da 
incomunicabilidade ou intransmissibilidade da pena. Esse princípio garante que a 
pena imposta em um processo penal deve recair apenas sobre a pessoa física que 
cometeu o crime, não podendo ser transmitida para a pessoa jurídica. 
Sendo assim, o artigo 4º da Lei nº 9.605/98, que trata da desconsideração da 
pessoa jurídica em matéria ambiental, é um instituto de direito civil e não se aplica em 
matéria penal. Isso significa que a sanção penal deve recair exclusivamente sobre a 
pessoa física que cometeu o crime ambiental, não sendo possível a transferência da 
pena para a pessoa jurídica. 
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É importante ressaltar que a desconsideração da personalidade jurídica é uma 
ferramenta importante no combate a fraudes e abusos cometidos pelas pessoas 
jurídicas, mas sua aplicação deve ser feita de forma cuidadosa e em conformidade 
com os princípios constitucionais e legais aplicáveis. 
Portanto, é fundamental que os operadores do direito estejam atentos aos limites 
e possibilidades da desconsideração da personalidade jurídica, especialmente no 
âmbito penal, a fim de garantir a correta aplicação da lei e a proteção dos direitos 
fundamentais dos envolvidos. 
 
Aplicação das Penas em Crimes Ambientais 
A aplicação das penas em crimes ambientais é um tema relevante no campo do 
direito ambiental, visto que a sanção penal tem um papel fundamental na proteção 
do meio ambiente e na prevenção de novos danos. Nesse sentido, a Lei nº 9.605/98 
estabelece as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades 
lesivas ao meio ambiente, sendo que as penas aplicáveis aos crimes ambientais têm 
suas peculiaridades e particularidades. 
A Lei nº 9.605/98 prevê diversas sanções penais para os crimes ambientais, tais 
como a reclusão, a detenção e a multa, que variam de acordo com a gravidade da 
infração. As penas de reclusão e detenção são aplicáveis aos crimes mais graves, 
enquanto a multa é aplicada em conjunto com as penas privativas de liberdade ou 
isoladamente. 
Além disso, a legislação ambiental prevê a possibilidade de aplicação de medidas 
restritivas de direitos, como a prestação de serviços à comunidade, a suspensão parcial 
ou total das atividades do infrator e a interdição temporária ou definitiva do 
estabelecimento ou empreendimento. 
Cabe destacar que as penas aplicáveis aos crimes ambientais devem observar os 
princípios constitucionais da legalidade, culpabilidade, proporcionalidade, 
individualização da pena e respeito aos direitos fundamentais do acusado. Isso 
significa que as penas aplicadas devem estar previstas em lei, ser proporcionais à 
gravidade da infração e às circunstâncias do caso concreto, e serem individualizadas 
de acordo com as características do acusado. 
Além disso, as penas aplicadas em crimes ambientais devem considerar a 
reparação dos danos causados ao meio ambiente, a fim de promover a recuperação 
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dos ecossistemas afetados. Nesse sentido, a legislação ambiental prevê a obrigação 
de reparação do dano ambiental e a imposição de medidas compensatórias, como a 
realização de projetos de recuperação ambiental ou de preservação da fauna e flora. 
A aplicação das penas em crimes ambientais também deve levar em conta a 
responsabilidade das pessoas jurídicas envolvidas na infração. Como mencionado 
anteriormente, a Lei nº 9.605/98 estabelece a possibilidade de responsabilização penal 
das pessoas jurídicas por crimes ambientais, desde que preenchidos determinados 
requisitos cumulativos. 
Dessa forma, a aplicação das penas em crimes ambientais é um tema complexo 
e que exige um conhecimento aprofundado da legislação ambiental e dos princípios 
constitucionais aplicáveis. É fundamental que os operadores do direito estejam 
capacitados para lidar com essas questões e garantir a proteção do meio ambiente e 
dos direitos fundamentais dos envolvidos. 
Além disso, a aplicação das penas em crimes ambientais também tem sido objeto 
de diversas decisões judiciais e de interpretações doutrinárias. A jurisprudência atual 
tem se mostrado mais rigorosa na aplicação das sanções penais em crimes ambientais, 
buscando garantir a proteção do meio ambiente e a prevenção de novas infrações. 
Nesse sentido, é possível destacar algumas decisões recentes que têm sido 
relevantes para a aplicação das penas em crimes ambientais. Em 2019, por exemplo, 
o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a multa aplicada em decorrência de 
crime ambiental não pode ser deduzida da indenização devida pelo dano ambiental. 
Essa decisão representa um importante precedente para a garantia da reparação 
integral dos danos ambientais, uma vez que a multa aplicada pelo crime ambiental 
deve ser destinada ao órgão ambiental competente, enquanto a indenização deve ser 
paga ao prejudicado pelo dano ambiental. 
Além disso, a responsabilização das pessoas jurídicas por crimes ambientais 
também tem sido objeto de diversas discussões e decisões judiciais. A Lei nº 9.605/98 
estabelece os requisitos cumulativos para a responsabilização penal das pessoas 
jurídicas por crimes ambientais, mas a aplicação desses requisitos nem sempre é 
pacífica. 
No entanto, é importante destacar que a responsabilização das pessoas jurídicas 
por crimes ambientais é uma importante ferramenta para o combate às infrações 
ambientais, uma vez que as empresas também têm um papel relevante na proteção 
do meio ambiente e na prevenção de danos. 
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Por fim, é fundamental que a aplicação das penas em crimes ambientais seja 
realizada de forma criteriosa e em conformidade com os princípios constitucionais e 
legais aplicáveis. Somente assim será possível garantir a proteção do meio ambiente 
e dos direitos fundamentais dos envolvidos, bem como a prevenção de novas 
infrações ambientais. 
 
Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração Administrativa ou 
de Crime 
O art. 25, da Lei nº 9.605/98, com inspiração no art. 6º, do Código de Processo 
Penal, preceitua que verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e 
instrumentos, lavrando-se, com isso, os respectivos autos. 
Os produtos e instrumentos apreendidos não podem ser devolvidos ao infrator, 
conforme se lê do r. acórdão proferido pelo e. Tribunal Regional Federal da 1ª Região, 
ACR 1998.01.00.040401-4/AM, 4ª Turma, rel. Juiz Mário César Ribeiro, publicado in DJ 
de 15/1/02, p. 194. 
Vejamos o que reza a ementa do indigitado r. acórdão: 
 
“PROCESSUAL PENAL. BENS APREENDIDOS. RESTITUIÇÃO. FIEL 
DEPOSITÁRIO. DRAGAS. INDEFERIMENTO. 
1. Incumbe ao Poder Público, por imperativo constitucional, 
compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio 
ecológico e zelar pela exploração equilibrada dos recursos 
naturais, de modo a atender as necessidades não só da atual, mas 
também das futuras gerações; 
2. A atividade garimpeira clandestina, causadora de graves 
danos ao meio ambiente, deve ser reprimida energicamente, de 
modo a resguardar o bem-estar social. 
3. Caso em que foram apreendidas 13 (treze) DRAGAS, 
mediante atuação conjunta do IBAMA e do Exército Brasileiro, 
com rompimento dos respectivos lacres. 
4. Pedido de restituição indeferido.” 
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Tutela Penal 
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O artigo 25 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) estabelece as 
disposições sobre a destinação dos animais, produtos e instrumentos apreendidos em 
decorrência de infrações ambientais. Em seus cinco parágrafos, o dispositivo traz 
regras específicas para cada tipo de bem apreendido, visando garantir a sua 
destinação adequada e evitar prejuízos ao meio ambiente e à sociedade. 
O §1º do artigo 25 prevê que os animais apreendidos devem ser libertados em 
seu habitat natural ou entregues a instituições habilitadas, desde que fiquem sob a 
responsabilidade de técnicos capacitados. Essa medida busca assegurar o bem-estar 
dos animais apreendidos e sua reintegração ao meio ambiente de forma segura. 
O §2º, por sua vez, estabelece que, no caso de produtos perecíveis apreendidos, 
estes devem ser avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e 
outras com fins beneficentes. Esse dispositivo visa evitar o desperdíciode produtos 
que podem ser úteis para a sociedade, além de incentivar a pesquisa científica e a 
assistência social. 
O §3º trata dos produtos e subprodutos da fauna que não são perecíveis. Nesses 
casos, a lei prevê que esses produtos devem ser destruídos ou doados a instituições 
científicas, culturais ou educacionais. Essa medida busca evitar que produtos 
apreendidos sejam comercializados de forma ilegal, garantindo a sua destinação 
adequada. 
Já o §4º estabelece que os instrumentos utilizados na prática da infração devem 
ser vendidos, desde que descaracterizados por meio da reciclagem. Essa medida busca 
evitar que os instrumentos sejam utilizados novamente para a prática de infrações 
ambientais. 
Por fim, o §5º do artigo 25 estabelece que, no caso de madeiras apreendidas, elas 
devem ser levadas a leilão e o valor arrecadado deve ser revertido ao órgão ambiental 
responsável pela sua apreensão. Essa medida visa garantir a destinação adequada das 
madeiras apreendidas e evitar prejuízos ao meio ambiente. 
É importante destacar que a destinação dos bens apreendidos em decorrência 
de infrações ambientais deve ser feita de forma criteriosa e em conformidade com as 
disposições legais e constitucionais aplicáveis. Somente assim será possível garantir a 
proteção do meio ambiente e a efetividade das sanções previstas na Lei de Crimes 
Ambientais. 
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Tutela Penal 
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Da Ação e do Processo Penal 
O artigo 26 da Lei de Crimes Ambientais estabelece que a ação penal para os 
crimes ambientais é pública incondicionada. Isso significa que o Estado é o titular da 
ação penal e o Ministério Público é o órgão responsável por promovê-la, 
independentemente da representação do ofendido ou da requisição do Ministro da 
Justiça. Além disso, é necessário que a denúncia contenha todos os requisitos 
determinados pelo artigo 41 do Código de Processo Penal. 
Já o artigo 27 da mesma lei trata dos crimes de menor potencial ofensivo e prevê 
que a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa só pode 
ser formulada caso tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em 
casos de comprovada impossibilidade. Nesses casos, cabe ao representante do 
Ministério Público propor a transação penal ao infrator, antes mesmo de formular 
qualquer pleito de aplicação de pena. 
Por sua vez, o artigo 28 da Lei dos Crimes Ambientais estabelece que as 
disposições contidas no artigo 89 da Lei nº 9.099/95 aplicam-se aos crimes de menor 
potencial ofensivo definidos na lei ambiental. Assim, o Ministério Público pode propor 
a suspensão do processo por um período de dois a quatro anos, desde que o acusado 
não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes 
os demais requisitos previstos no artigo 77 do Código Penal. 
No entanto, existem algumas ressalvas a esse benefício, como a necessidade de 
laudo de constatação de reparação do dano ambiental para a declaração de extinção 
da punibilidade, a possibilidade de prorrogação do prazo de suspensão em caso de 
reparação incompleta e a exigência de laudo de constatação que comprove a tomada 
de providências necessárias à reparação integral do dano após o prazo máximo de 
prorrogação. 
Em suma, a legislação ambiental prevê a aplicação de penas específicas para os 
crimes ambientais, desde multas até a apreensão de produtos e instrumentos 
utilizados na prática da infração. Além disso, a ação penal é pública incondicionada e 
há possibilidade de suspensão do processo nos casos de crimes de menor potencial 
ofensivo, desde que seja realizada a prévia composição do dano ambiental. 
 
 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Conclusão 
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7 Conclusão 
Diante do exposto, conclui-se que a Política Nacional do Meio Ambiente é um 
importante instrumento do direito ambiental brasileiro, que tem como objetivo 
proteger e preservar o meio ambiente, garantindo um ambiente saudável e 
equilibrado para as presentes e futuras gerações. 
A PNMA trouxe uma série de inovações para a proteção ambiental no Brasil, 
instituindo o licenciamento ambiental como uma importante ferramenta para o 
controle e a prevenção da poluição, bem como criando mecanismos de incentivo à 
preservação ambiental, como a compensação ambiental e o ICMS Ecológico. 
Além disso, a lei prevê a responsabilização administrativa, civil e penal por danos 
ambientais, com sanções que vão desde multas e suspensão de atividades até a prisão 
dos responsáveis pelos crimes ambientais. 
No entanto, a efetividade da PNMA ainda enfrenta diversos desafios, como a falta 
de recursos financeiros e humanos para a sua implementação, a burocratização do 
processo de licenciamento ambiental e a dificuldade de conscientização e 
engajamento da sociedade em prol da proteção ambiental. 
Nesse sentido, é importante que as autoridades públicas e a sociedade como um 
todo assumam um compromisso efetivo com a proteção ambiental, buscando 
soluções para os desafios existentes e trabalhando em conjunto para garantir um 
ambiente saudável e sustentável para todos. 
Por fim, pode-se afirmar que a Política Nacional do Meio Ambiente representa 
um importante avanço na proteção ambiental no Brasil, mas ainda há muito a ser feito 
para que a legislação seja efetivamente aplicada e respeitada, garantindo a 
preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. 
Além disso, é importante destacar que a PNMA estabeleceu a obrigatoriedade 
da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA) para atividades que possam causar significativo impacto ambiental. 
A elaboração desses estudos é essencial para avaliar os possíveis impactos de uma 
atividade e para a tomada de decisão por parte do órgão ambiental competente, que 
pode aprovar, condicionar ou negar a licença ambiental. 
Ainda no âmbito da PNMA, foram criados instrumentos importantes para a 
gestão ambiental, como o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente 
Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP) e o Sistema Nacional de 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Referências 
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Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA). O CTF/APP é um registro obrigatório 
para empresas que desenvolvem atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras 
de recursos naturais, enquanto o SINIMA é um sistema integrado de informações 
sobre o meio ambiente, que permite o acesso a dados e informações relevantes para 
a gestão ambiental. 
Em suma, a PNMA é um importante marco legal para a proteção do meio 
ambiente no Brasil, que estabeleceu normas e diretrizes para a gestão ambiental e 
para a prevenção e punição de danos ambientais. Com a sua promulgação, o país deu 
um importante passo para a preservação do meio ambiente e para o desenvolvimento 
sustentável, garantindo um futuro mais equilibrado e saudável para as gerações 
presentes e futuras. 
 
8 Referências 
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Horizonte: Editora Fórum, 2ª ed., 2009. Pág. 47 
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MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: Doutrina, Prática, Jurisprudência, Glossário. 9ª ed. 
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2014. 
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). 
 
 
 
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Referências 
www.cenes.com.br | 65 
 
 
	Sumário
	1 Introdução
	1.1 O Conceito de Meio Ambiente
	1.2 Princípios do Direito Ambiental
	1.3 Competência Ambiental
	2 Legislação Ambiental Brasileira
	2.1 Instrumentos de Defesa do Meio Ambiente
	2.2 Legislação Básica
	3 Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA
	3.1 Instrumentos da PNMA
	Padrões de Qualidade Ambiental
	Licenciamento Ambiental
	Zoneamento Ambiental
	4 Tutela Administrativa
	5 Tutela Civil
	5.1 Tutela Pré-Processual
	5.2 Da Ação Civil Pública
	6 Tutela Penal
	7 Conclusão
	8 Referênciasa serem protegidos. 
Além disso, havia uma forte hierarquia social, em que os nobres tinham 
privilégios e benefícios em relação à população em geral. A escravidão e a servidão 
eram práticas comuns, e os direitos das mulheres eram extremamente limitados. 
A Igreja Católica, por sua vez, exercia um grande poder na sociedade medieval e 
influenciava a vida das pessoas em todos os aspectos, desde a política até a religião e 
a cultura. A concepção de direitos humanos não estava presente na doutrina da Igreja, 
que priorizava a submissão e a obediência às leis e à autoridade. 
Em resumo, a concepção de direitos humanos na Idade Média era muito limitada 
e diferente da que conhecemos hoje. A noção de que todas as pessoas possuem 
direitos e liberdades inerentes à sua condição humana é uma ideia relativamente 
recente. 
Foi somente no final do século XVIII, com a Revolução Francesa, que surgiram as 
primeiras ideias de direitos fundamentais. A Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, de 1789, foi o primeiro documento a reconhecer os direitos fundamentais 
como inerentes à condição humana. 
A declaração teve uma grande influência na história dos direitos humanos, sendo 
considerada um dos documentos fundadores da moderna democracia. Seus princípios 
serviram de base para a elaboração de outras declarações e documentos 
internacionais de direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (DUDH), adotada pela ONU em 1948. 
A partir daí, o conceito de direitos fundamentais foi se expandindo e evoluindo, 
acompanhando as mudanças sociais e políticas em diferentes épocas e regiões do 
mundo. A segunda dimensão dos direitos fundamentais, por exemplo, surgiu no 
século XX, em meio aos movimentos sociais e trabalhistas, que lutavam por direitos 
como a educação, saúde, previdência social e proteção ao trabalho. 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 6 
Já a terceira dimensão dos direitos fundamentais surgiu no final do século XX, 
em resposta aos desafios globais, como a pobreza, a fome, a discriminação e a 
degradação ambiental, exigindo uma atuação mais ativa do Estado e da sociedade na 
promoção e proteção dos direitos fundamentais. 
Em síntese, os direitos humanos da 1ª dimensão marcam a passagem de um 
Estado autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às 
liberdades individuais, em uma verdadeira perspectiva de absenteísmo estatal. 
Mencionados direitos dizem respeito às liberdades públicas e aos direitos políticos, 
ou seja, direitos civis e políticos a traduzir o valor liberdade. São direitos de resistência 
ou de oposição perante o Estado. 
Referente aos de 2ª dimensão, o momento histórico que os inspira e impulsiona 
é a Revolução Industrial, ocorrida na Europa, a partir do século XIX. É a busca por 
reivindicações trabalhistas e normas de assistência social. Essa perspectiva de 
evidenciação dos direitos sociais, culturais e econômicos, bem como dos direitos 
coletivos, ou de coletividade, correspondendo aos direitos de igualdade (substancial, 
real e material e não meramente formal) mostra-se marcante em alguns documentos. 
Em virtude de sua própria natureza de direitos que exigem do Estado 
determinadas prestações materiais nem sempre são resgatáveis por exiguidade, 
carência ou limitação essencial de meios e recursos (aquilo que hoje se fala em 
“reserva do possível”). 
Já os direitos fundamentais de terceira geração, também conhecidos como 
direitos de solidariedade, são aqueles que surgiram a partir da segunda metade do 
século XX, e que visam a garantir a preservação do meio ambiente, a paz, a cooperação 
internacional, o desenvolvimento, a cultura e a autodeterminação dos povos. 
Os direitos fundamentais da 3ª dimensão são marcados pela alteração da 
sociedade por profundas mudanças na comunidade internacional (sociedade de 
massa, crescente desenvolvimento tecnológico e científico), identificando-se 
profundas alterações nas relações econômico-sociais. 
Novos problemas e preocupações mundiais surgem, tais como a necessária 
noção de preservacionismo ambiental e as dificuldades para proteção dos 
consumidores, só para lembrar aqui dois candentes temas. O ser humano é inserido 
em uma coletividade e passa a ter direitos de solidariedade ou fraternidade 
Esses direitos se baseiam no reconhecimento de que as questões ambientais, 
culturais e socioeconômicas são fundamentais para a garantia da dignidade humana, 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 7 
e que o seu reconhecimento e proteção são essenciais para o desenvolvimento 
sustentável das sociedades. 
Entre os direitos fundamentais de terceira geração, destacam-se: 
• Direito ao meio ambiente saudável: todas as pessoas têm o direito 
a um meio ambiente saudável, equilibrado e preservado, que seja capaz 
de garantir a qualidade de vida das gerações presentes e futuras. 
• Direito à paz: todas as pessoas têm o direito à paz, que deve ser 
garantida por meio da cooperação internacional, do desarmamento e da 
resolução pacífica de conflitos. 
• Direito ao desenvolvimento: todas as pessoas têm o direito ao 
desenvolvimento, que deve ser sustentável, equilibrado e inclusivo. 
• Direito à autodeterminação dos povos: os povos têm o direito de 
decidir livremente sobre seu destino político, econômico, social e cultural, 
sem interferência externa. 
• Direito à cultura: todas as pessoas têm o direito de participar da 
vida cultural da sociedade, e de ter acesso à cultura, à ciência e à 
tecnologia. 
Os direitos fundamentais de terceira geração exigem ações coletivas e 
internacionais para sua garantia, já que muitas vezes envolvem questões que 
ultrapassam as fronteiras nacionais. Eles são protegidos por instrumentos jurídicos 
internacionais, como a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, de 
1972, e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992. 
Sobre o direito ao Meio Ambiente, é um dos direitos fundamentais de terceira 
dimensão, também conhecido como direito difuso, que tem como objetivo garantir a 
proteção do meio ambiente como um bem coletivo e essencial para a qualidade de 
vida de toda a humanidade. 
O meio ambiente é um patrimônio comum a todos os seres vivos, e sua 
preservação é fundamental para a manutenção da vida e da saúde das pessoas. Por 
isso, o direito ao meio ambiente está diretamente relacionado com o direito à vida e 
à saúde, e é considerado um direito fundamental difuso, uma vez que sua garantia 
depende da atuação conjunta e colaborativa de toda a sociedade. 
O direito ao meio ambiente é protegido por diversos instrumentos jurídicos, 
tanto nacionais quanto internacionais, que visam a garantir a sua proteção e 
preservação. No âmbito internacional, destacam-se a Declaração de Estocolmo sobre 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 8 
o Meio Ambiente Humano, de 1972, e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, de 1992. 
No Brasil, o direito ao meio ambiente é previsto na Constituição Federal de 1988, 
que reconhece o meio ambiente como um bem de uso comum do povo e determina 
que é dever do Estado e da sociedade preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. Além disso, a Constituição prevê a obrigação do Estado de proteger e 
recuperar os recursos naturais, e de promover a educação ambiental em todos os 
níveis de ensino. 
A proteção do meio ambiente é um dever de todos, e exige a participação ativa 
da sociedade na fiscalização e na implementação de políticas públicas que visem a 
sua preservação. É preciso que haja uma consciência coletiva de que o meio ambiente 
é um bem essencial para a qualidade de vida e para a sobrevivência das gerações 
futuras, e que a sua preservação é um dever de todos. 
Em resumo, o direito ao meio ambiente é umdireito fundamental difuso de 
terceira dimensão que tem como objetivo garantir a proteção e a preservação do meio 
ambiente como um bem coletivo e essencial para a qualidade de vida da humanidade. 
Sua proteção exige a participação ativa e colaborativa de toda a sociedade, e é 
fundamental para a construção de um futuro sustentável e justo para as gerações 
presentes e futuras. 
Nessa esteira de raciocínio o direito ambiental é pode ser classificado como um 
direito transindividual, ou seja, é um direito fundamental e difuso, nos termos do art. 
5º, caput e 225 da CF/88. 
 
A implementação dos direitos fundamentais de terceira geração é 
frequentemente desafiadora, pois exige ações coordenadas de governos e 
organizações internacionais para sua garantia. Além disso, esses direitos 
frequentemente entram em conflito com interesses econômicos e políticos, o que 
pode dificultar sua implementação. 
Os direitos fundamentais de terceira geração são essenciais para a garantia da 
dignidade humana, e para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e 
sustentável. Eles são uma evolução dos direitos fundamentais de primeira e segunda 
geração, e representam um importante passo na consolidação dos direitos humanos 
como um conjunto de normas universais e indispensáveis para a proteção e promoção 
da dignidade humana. 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 9 
O direito ambiental consiste no conjunto de princípios e normas jurídicas que 
buscam regular os efeitos diretos e indiretos da ação humana no meio, no intuito de 
garantir à humanidade, presente e futuro, o direito fundamental ao um ambiente 
sadio. Por conseguinte, tem por objetivo o desenvolvimento sustentável. 
 
1.1 O Conceito de Meio Ambiente 
A expressão meio ambiente é redundante, pois meio e ambiente são sinônimos 
e designam o âmbito que nos cerca, nosso entorno, onde estamos inseridos e 
vivemos. 
A Lei 6.938/81 assim conceitua: 
 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas; 
 
Logo, verifica-se que o conceito não abrange apenas o meio ambiente natural, 
pois compreende outras perspectivas em que esteja inserida à vida. Doutrinariamente 
pode-se fracionar o meio ambiente em meio ambiente natural, meio ambiente 
artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente do trabalho. 
• Meio ambiente natural ou físico - pode ser considerado como 
“constituído pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela fauna e pela 
flora”, ou seja, pelos elementos físicos, químicos e biológicos que 
compõem a natureza e os seres vivos (art. 225, caput, §1º, I, II, III, IV e VII 
da CF/88). 
• Meio ambiente artificial - que este se refere ao espaço físico 
transformado pelo intelecto humano para se adequar as suas 
necessidades. Compreende edificações, ruas, avenidas, praças etc. (arts. 
5º, XXIII e 170, III da CF/88); 
• Meio ambiente cultural - é aquele composto por bens e valores 
aos quais a comunidade atribui relevância em função de sua identidade 
e formação; (art. 216, CF/88); 
Política Nacional do Meio Ambiente e o Direito Ambiental | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 10 
• Meio ambiente do trabalho - pode ser visto como aquele que faz 
a relação entre as patologias apresentadas pelos trabalhadores e sua 
relação com as atividades por eles desenvolvidas; (art. 200, VIII, CF/88); 
 
Vinculado a todas as condições físicas, químicas e biológicas que afetam a vida. 
Qualidades para que o ser humano possa desenvolver a vida em todos os aspectos, 
inclusive aspectos subjetivos. 
 
1.2 Princípios do Direito Ambiental 
Os princípios são um tipo de norma jurídica. Estão no ordenamento jurídico, lado 
a lado com as regras jurídicas. Possuem força normativa tanto quanto a de uma lei. 
Além disso, todos os princípios irão vincular a uma tentativa de modificação 
antropocêntrica, para uma perspectiva biocêntrica. É o que chamamos de in dubio pro 
natura. 
 
Direito Humano ao Meio Ambiente 
Este princípio busca vincular o meio ambiente ao ser humano, como sendo 
aquele inerente a este. Dessa forma, transformar o direito ao meio ambiente em 
direito fundamental positivado faz com que a proteção a ele se torne obrigatória. 
Estado e sociedade devem proteger a dignidade da pessoa humana, e, por 
consequência, portanto, proteger também o meio ambiente. Aqui, há um aspecto 
relacionado à dimensão ecológica, ou seja, para além do ser humano. Animais e/ou 
plantas, na medida em que não são instrumentos para o ser humano, também 
possuem direito de se desenvolver com dignidade, dentro do seu padrão de 
desenvolvimento. 
Há, aqui, a expressão do que se positiva no artigo 225, CF. 
 
Ubiquidade 
Este princípio dispõe que a questão ambiental deve superar qualquer situação 
política e econômica. Essa questão está presente em todas as situações políticas, 
econômicas e sociais. Quando houver uma convenção, independente das discussões 
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que nela existirem, é necessário levar em consideração o aspecto ambiental, ou seja, 
não é possível firmar um acordo sem considerar questões ambientais. 
Dessa forma, é dever do Estado garantir que as decisões ambientais estejam 
sempre atreladas a decisões políticas e econômicas. 
 
Desenvolvimento Sustentável 
O desenvolvimento sustentável consiste em encontrar um ponto de equilíbrio 
para utilizar de uma forma racional e harmônica, a fim de tentar garantir a proteção 
da dignidade dos seres humanos, animais e natureza, para buscar o equilíbrio do meio 
ambiente. Essa racionalidade deve ser tamanha, que possamos manter os limites dos 
recursos naturais. A regulação da atividade econômica é regulada pelo artigo 170, VI, 
CF, que dispõe o seguinte: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios: 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e 
serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (BRASIL, 
1988) 
 
Nesse diapasão, o empreendedorismo se faz possível, desde que haja a proteção 
ambiental e a garantia de recursos naturais para as futuras gerações – princípio da 
intergeracionalidade. 
O desenvolvimento sustentável, portanto, está pautado no desenvolvimento que 
procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade 
das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Prevê o uso 
razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. 
 
 
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Vedação ao Retrocesso Ambiental 
A ideia aqui é ampliar as práticas de proteção ao meio ambiente, e não 
retroceder. As leis protecionistas devem sempre ser ampliadas e melhoradas. O direito 
adquirido, em tese, é um aspecto de segurança jurídica, que não tem possibilidade de 
quebra jurídica. O retrocesso, portanto, causaria insegurança jurídica. Além disso, 
estão ligados à dignidade humana. 
Além disso, o direito ambiental é um direito difuso, e possui co-titularidade entre 
as gerações, sejam elas passadas, presentes ou futuras. 
 
Função Socioambiental da Propriedade 
A propriedade é um direito não absoluto, pois deve atender à sua função social 
(artigo 5º, XXII e XXIII, CF; artigo 1.228, CC). Além de ser direito, também é um dever, 
que busca a garantia da sociedade e da proteção ao meio ambiente, pensando em 
um direito coletivo, por meio do exercício regular deste direito de propriedade.Dessa forma, esses direito são de cunho positivo (dever de fazer algo, por 
exemplo, o replantio da mata) e de cunho negativo (dever de não fazer algo, por 
exemplo, não destruir a nascente presente na propriedade). Muitas vezes os bens que 
estão dentro da propriedade são de interesse coletivo, e acaba por ser necessário que 
sejam protegidos. 
 
Poluidor-Pagador 
Conforme o artigo 3º, IV, da Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente - 
PNMA), poluidor é: 
 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou 
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade 
causadora de degradação ambiental; 
 
Este princípio está atrelado à ideia de responsabilidade, porque aquele que polui 
deve reparar o dano causado. A ideia é evitar a poluição, e trazer punição àquele que 
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polui. Eventualmente, essa poluição não deriva de ato ilícito, pois todo ato, mesmo 
que lícito, trará riscos ao meio ambiente. 
Em síntese, este princípio é repressivo e disciplinador, pois busca atribuir 
responsabilidades às pessoas, físicas ou jurídicas, causadoras de poluição. Esta, 
conceituada no artigo 3º, III, da PNMA: 
 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos; 
 
Ocorre, neste princípio, a internalização dos custos ecológicos. 
 
Usuário-Pagador 
Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem 
ambiental. Difere do poluidor-pagador, que tem natureza reparatória e punitiva, o 
princípio do usuário-pagador tem natureza remuneratória/contributiva. O indivíduo 
faz uso do bem, e contribui para o uso daquilo que faz. Há, aqui, a discriminação 
somente positiva, de forma a tentar igualar a situação entre as pessoas com mais e 
com menos dinheiro. 
O princípio do usuário-pagador está atrelado à racionalização; consiste em uma 
medida educativa. 
 
 
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Protetor-Recebedor 
Consiste em uma retribuição econômica à pessoa que contribui com a proteção 
ambiental a sua volta. O protetor-recebedor é aquele que faz algo pelo meio 
ambiente. Não apenas paga por usar, mas faz algo a mais. 
Assim, há uma retribuição pela proteção ao meio ambiente, em forma de 
desconto nos impostos. A Lei 14.119 prevê expressamente a possibilidade de 
pagamento pecuniário, caso o indivíduo proteja o meio ambiente. 
 
Prevenção 
Consiste na limitação de atividade já poluidoras. Aqui, a poluição é certa, 
cientificada. Este princípio tem por base a antecipação ao dano, ou seja, busca evitar 
a ocorrência de danos que provavelmente serão causados ao meio ambiente por uma 
atividade humana. 
 
Precaução 
Aqui, ocorre a limitação de atividades potencialmente poluidoras, ou seja, não se 
tem certeza sobre seus riscos, por isso, faz-se necessário agir com cautela, a fim de 
evitar os possíveis riscos que serão causados ao meio ambiente por uma atividade 
humana. 
A súmula 618, STJ prevê, nessas situações, uma inversão do ônus da prova, de 
modo que quem deve provar o dano, ou não, é quem o provocou. Tal previsão decorre 
da incerteza do dano. 
 
O direito ao meio ambiente é um direito de 3ª dimensão. É um agir solidário 
entre todos; direito difuso e transindividual. Por tais motivos, o meio ambiente é de 
todos, e deve haver cooperação entre os Estados para a proteção dele. E, por isso, 
permite-se a intervenção estatal, a fim de evitar e punir práticas predatórias ao meio 
ambiente. É obrigação do Estado a efetividade da proteção ao meio ambiente. Não é 
mais somente abstencionista ou mesmo prestacional, mas sim os dois. Em algum 
momento o Estado terá de se abster, e outros momentos terá de prestar. Iremos além, 
a sociedade e os indivíduos também passam a ter responsabilidade, assim como o 
Estado. 
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1.3 Competência Ambiental 
A competência ambiental é um tema de grande relevância para a preservação do 
meio ambiente e dos recursos naturais no Brasil. A Constituição Federal de 1988 
atribuiu aos entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) a 
responsabilidade pela proteção do meio ambiente, por meio de uma distribuição de 
competências estabelecida nos artigos 21 a 24. 
 
Competência Legislativa/Formal 
Quando não há Lei Federal que disponha sobre o assunto, os Estados têm 
competência legislativa plena. Todavia, na medida que a União criar leis que tratem 
sobre o mesmo assunto, a CF recepcionará as leis criadas pelo Estado, e revogará 
aquelas que não estiverem de acordo com a nova norma constitucional. Como vemos 
nos parágrafos do artigo 24, CF: 
 
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende 
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (BRASIL, 1988) 
 
Ademais, quando se tratar de competência privativa da União, prevista no artigo 
22, CF, Lei Complementar poderá autorizar que os Estados legislem sobre questões 
específicas das matérias privativas dispostas no artigo, ou seja, se o interesse for 
nacional, quem terá competência será a União; se a norma for de interesse prioritário 
dos Estados, os mesmo terão competência para legislar sobre; caso seja de interesse 
municipal, a competência será do Município. 
 
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Competência Administrativa/Material 
Ainda, temos que todos os entes federativos são igualmente competentes para 
legislar sobre matéria ambiental no tocante ao que veremos a seguir: 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer 
de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do 
bem-estar em âmbito nacional. 
 
Vale lembrar: 
A lei municipal pode restringir as leis Estaduais e da União, quando houver um 
interesse específico pelo município para a proteção do meio ambiente: 
“Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;” (BRASIL, 1988) 
 
2 Legislação Ambiental Brasileira 
A Constituição brasileira diz que o meio ambiente é um “bem de uso comum do 
povo”. Isto quer dizer que o meio ambiente tem valor, é riqueza social. Muitas vezes, 
porém é impossível transformar este valor em quantidade de dinheiro. Quanto vale 
uma cachoeira? Ou, quanto vale uma floresta nativa? 
As questões ambientais, entretanto, sempre envolvem interesses econômicos e 
sociais. A degradação do meio ambiente, ao mesmo tempo que implica em prejuízos 
para todos, serve de fonte de enriquecimento para alguns. Um corpo d’água morto, 
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significa mais dinheiro para quem polui, no momento em que deixou de investir nas 
medidas necessárias para controle da poluição. Ao mesmo tempo, a sociedade arca 
com os prejuízos de ter que usar água ruim, além de pagar a recuperação do corpo 
d’água. 
Em se tratando de um bem de interesse difuso, o meio ambiente precisa e deve 
ser protegido. Neste sentido, a Constituição Federal impõe ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
Constituição Federal de 1988 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
Assim, podemos inferir que o meio ambiente é um direito coletivo, de 3ª 
dimensão – direito difuso. Deve ser direito e dever de todas as gerações, sejam elas 
passadas, presentes ou futuras. 
O referido dispositivo legal ainda dispõe sobre meio de garantir a efetividade 
desse direito. O § 1º estabelece uma série de ações que devem ser tomadas para 
assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, tais 
como preservar os processos ecológicos essenciais, proteger a diversidade e a 
integridade do patrimônio genético do país, definir espaços territoriais a serem 
especialmente protegidos e exigir estudos prévios de impacto ambiental para obras 
ou atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental. 
O § 2º determina que aqueles que exploram recursos minerais são obrigados a 
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com soluções técnicas exigidas 
pelos órgãos públicos competentes. O § 3º prevê sanções penais e administrativas 
para pessoas físicas ou jurídicas que praticarem condutas lesivas ao meio ambiente, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
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O § 4º estabelece que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra 
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional e sua 
utilização deve ser feita dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente. O § 5º declara como indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
O § 6º determina que as usinas que operem com reator nuclear só poderão ser 
instaladas em locais definidos por lei federal. E, por fim, o § 7º estabelece que as 
práticas desportivas que utilizem animais não serão consideradas cruéis, desde que 
sejam manifestações culturais, registradas como bem de natureza imaterial integrante 
do patrimônio cultural brasileiro e que sejam regulamentadas por lei específica que 
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 
Essas disposições legais têm como objetivo garantir a proteção do meio 
ambiente e dos recursos naturais do país, bem como promover a conscientização da 
sociedade em relação à necessidade de preservação ambiental e do bem-estar dos 
animais. É importante que o poder público atue de forma efetiva no cumprimento 
dessas obrigações e que a população colabore para a preservação do meio ambiente. 
Ao Poder Público, seja Federal, Estadual ou Municipal, compete legislar em 
defesa do meio ambiente, isto é, estabelecer normas jurídicas - leis, decretos, portarias 
e resoluções. Consequentemente, a legislação ambiental é composta por normas de 
todos os âmbitos, a serem executadas pelo próprio Poder Público e pela comunidade. 
A legislação ambiental brasileira é integrada por normas que: 
• Criam direitos e deveres do cidadão em relação ao meio ambiente; 
• Criam instrumentos de proteção ao meio ambiente; 
• Criam normas sobre o uso de um bem ambiental, como a água ou 
solo; 
• Disciplinam atividades que interferem com os bens ambientais; 
• E, criam Unidades de Conservação. 
Algumas dessas normas foram criadas recentemente, outras já existem há 
décadas. E, ao contrário das leis do trabalho, organizadas em um só texto, a legislação 
ambiental brasileira está espalhada em vários textos, o que dificulta sua aplicação. 
 
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2.1 Instrumentos de Defesa do Meio Ambiente 
Além das penalidades, aplicadas no caso de infrações, a legislação ambiental 
brasileira prevê instrumentos de participação da comunidade na proteção ao meio 
ambiente, tais como: direito de petição, direito de certidão, ação civil pública, ação 
popular, inquérito civil administrativo, licenças ambientais, EIA/RIMA e audiência 
pública, alguns dos quais serão comentados a seguir. 
 
Direito de Petição 
O direito de petição é um instrumento importante para garantir o pleno acesso 
à informação. Através do mesmo, qualquer pessoa pode obter informações sobre a 
situação atual do ambiente, tais com: diagnósticos ambientais, estudos sobre 
problemas ambientais produzidos pelos órgãos de planejamento e controle 
ambiental, prognósticos ambientais, informações sobre condições das praias, 
potabilidade da água, índices de poluição do ar, índices de ruído, gastos 
orçamentários, multas aplicadas aos poluidores, multas não pagas, planos futuros, 
previsão de gastos, estudos de impacto ambiental, posição do órgão ambiental frente 
a determinadas situações de agressão ambiental. 
 
Direito de Certidão 
O direito de certidão é um instrumento que atesta a atuação dos órgãos públicos 
na defesa do meio ambiente. A certidão serve para fundamentar a ação do cidadão 
no exercício do seu direito, como defensor do patrimônio ambiental, como prova para 
a ação civil pública ou para a ação popular. 
 
Audiência Pública 
A audiência pública é uma reunião aberta, com representantes do Poder Público 
e da comunidade, para debater questões sobre o meio ambiente. É parte fundamental 
no processo de licenciamento ambiental, para a tomada de decisão. Geralmente, as 
audiências públicas têm sido motivadas para apreciação do EIA/RIMA. Nestas, o órgão 
ambiental, junto com o empreendedor e mais a equipe responsável pelo EIA, 
apresentam ao público o RIMA, detalhando as modificações ambientais, seus custos, 
sobre quem recairão, e seus benefícios, e quem deles vai usufruir. 
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EIA/RIMA é a sigla para Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de 
Impacto Ambiental. 
O EIA é um estudo técnico que tem como objetivo avaliar e identificar os 
impactos ambientais que uma atividade ou empreendimento poderá causar na região 
onde será implantado. Esse estudo é exigido por lei em casos de atividades que 
possam causar significativa degradação ambiental. 
O RIMA, por sua vez, é um relatório que deve ser elaborado com base nos 
resultados do EIA, apresentando os impactos ambientais identificados, as medidas 
mitigadoras propostas e uma análise dos impactos residuais que poderão ocorrer 
mesmo após a implantação das medidas de mitigação. 
O EIA/RIMA é uma importante ferramenta para a tomada de decisões em relação 
à viabilidade de um empreendimento ou atividade, permitindo que sejam 
identificados os impactos ambientais previstos e possam ser tomadas medidas para 
minimizá-los ou evitar que ocorram. Além disso, o EIA/RIMA também tem como 
objetivo garantir a transparência e a participação da sociedade no processo decisório, 
possibilitando que a população possa se manifestar e contribuir para a avaliação dos 
impactos ambientais. 
 
2.2 Legislação Básica 
Dentre os diplomas normativos que versam sobre matérias diretamente 
pertinentes ao meio ambiente, na Legislação Federal Brasileira cabe ressaltara 
importância das resoluções. A lei delega ao Poder Executivo a tarefa de detalhar as 
suas disposições através de resoluções, que passam a ser, de fato, os parâmetros 
concretos para aplicação da lei. A nível estadual tem-se algumas leis e decretos 
estaduais que criam órgãos e conselhos de meio ambiente, aprovam seus estatutos e 
dão outras providências. A legislação pode ser vista por temas, como água, solo, ar, 
fauna, flora, mineração, agrotóxicos, atividade nuclear, ruído etc. 
• Água - A lei básica é o Código das Águas de 1934, complementada 
por resoluções CONAMA, como a no 020/86 que trata da classificação 
dos corpos d’água, e pela Lei No 9.433/97 que trata da Política Nacional 
de Recursos Hídricos. 
• Ar - Assunto disciplinado basicamente através de resoluções do 
CONAMA, que estabelecem padrões de qualidade do ar, limites de 
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emissão de poluentes e detalham programas para controle da poluição 
do ar (PROCONVE - Resolução no 018/86, PRONAR - Resoluções nos 
005/89 e 003/90). 
• Solo - A lei básica é o Estatuto da Terra de 1964. Cabe diferençar o 
solo rural do solo urbano. Este, em cidades com mais de 20 mil habitantes, 
fica subordinado ao Plano Diretor do Município. Aquele, deve ser objeto 
de política agrícola que contemple medidas de defesa do solo. 
• Agrotóxicos e outro produtos perigosos - A legislação 
estabelece que a produção, transporte, comercialização e uso dependem 
de registro prévio junto ao governo federal. Este registro está 
condicionado ao grau de perigo que o produto representa para o meio 
ambiente. O assunto é tratado em lei (Lei dos Agrotóxicos, de 1989) e 
resoluções do CONAMA nos 013/84 e 005/85. 
• Flora - Como bem de interesse comum da população, cabe ao 
Poder Público o dever de preservá-lo - Código Florestal de 1965. Assim, 
de acordo com a localização, determinadas for- mações vegetais são 
considerados de preservação permanente. A exploração de floresta de- 
pende de autorização do IBAMA. O comprador de moto serra deve ter 
registro no IBAMA. As indústrias que consomem grandes quantidades de 
madeira têm que plantar o que consumir. As estações de TV têm que 
apresentar, no mínimo cinco minutos por semana, programas de 
interesse florestal. 
• Fauna - Duas leis básicas regem o uso da fauna: Código de Pesca 
e Código de Caça, ambos de 1967. O assunto é ainda complementado 
através de portarias do IBAMA. 
• Mineração - A lei básica é o Código de Mineração de 1967. A 
atividade está sujeita a autorização federal, além do licenciamento 
ambiental no Estado. O assunto é tratado em resoluções do CONAMA. 
• Atividade nuclear - O assunto é de competência exclusiva da 
União, ficando com a Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN - a 
incumbência de baixar diretrizes sobre o exercício da atividade. 
• Ruído - O assunto é tratado em resoluções do CONAMA nos 
001/90, 002/90, 001/93, 002/93, 020/94 e 017/95, que estabelecem, 
dentre outros itens, padrões aceitáveis de ruído, visando o conforto e a 
saúde da população. 
 
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Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC 
O SNUC constitui-se do conjunto das unidades de conservação federais, 
estaduais e municipais. 
A lei não faz menção ao Distrito Federal, que tem status constitucional. É uma 
falha irreparável, pois o Brasil é uma República Federativa formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Este não se confunde com 
nenhuma das entidades político-constitucionais, já que goza de autonomia política e 
administrativa, nos termos da Constituição. 
A unidade de conservação é o espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente 
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob 
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de 
proteção. 
Instituído pela lei 9985/00, está subdividido em dois grupos de unidade de 
conservação: 
1) Proteção integral – tem por objetivo preservar a natureza, sendo 
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais (art. 8º). Compreende cinco 
categorias: 
• Estação ecológica; 
• Reserva biológica; 
• Parque nacional; 
• Monumento natural; 
• Refúgio da vida silvestre; 
 
2) Uso sustentável – visa compatibilizar a conservação da natureza 
como o uso sustentável de parcela dos recursos naturais (art. 14). Compreende sete 
categorias: 
• Área de proteção ambiental; 
• Área de relevante interesse ecológico; 
• Floresta Nacional; 
• Reserva extrativista; 
• Reserva de fauna; 
• Reserva de desenvolvimento sustentável; 
• Reserva particular do patrimônio natural; 
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Áreas de preservação permanente - APP 
Correspondem as áreas protegidas nos termos dos artigos 2º e 3º do Código 
Florestal e Resolução CONAMA 303/02. O artigo 2º do Código Florestal estabelece as 
APPs a partir de um critério meramente geográfico, decorrendo sua criação 
diretamente da lei. 
 
Reserva Legal 
Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, 
que não seja a de preservação permanente (APP). O Objetivo do decreto da Reserva 
Legal é a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos, conservação da 
biodiversidade e o abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Ela varia de acordo com 
o bioma e o tamanho da propriedade e pode ser: 
• 80% da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; 
• 35% da propriedade rural localizada no bioma cerrado dentro dos 
estados que compõem a Amazônia Legal; 
• 20% nas propriedades rurais localizadas nas demais regiões do 
país. 
O conceito de Reserva Legal é dado pelo Código Florestal, em seu art. 1°, §2°, III, 
inserido pela MP n°. 2.166-67, de 24.08.2001, sendo: "área localizada no interior de 
uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária 
ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos 
ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora 
nativas." 
 
Bioma Mata Atlântica 
Este bioma ocupa uma área de 86.289 Km², corresponde 53% do território 
nacional e que é constituída principalmente por mata ao longo da costa litorânea que 
vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica passa pelos 
territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, e parte do 
território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, 
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e 
Sergipe. 
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A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações, engloba um 
diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e composições 
florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas da 
região onde ocorre. 
A lei 11428/06 possui um capítulo específico sobre a proteção nas áreas urbanas 
e regiões metropolitanas. Tal diploma legal não impõe uma vedação geral para a 
supressão de mata atlântica, mas fixa diversas condições de maior ou menor rigor 
para sua exploração. Em os casos é necessário autorização prévia do poder público. 
 
Reserva da Biosfera 
Reserva da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres e costeiro-marinhos, ou 
sua combinação, que são internacionalmente reconhecidas no quadro do Programa 
Homem e a Biosfera da UNESCO (Man and the Biosphere - MAB). Elas formam uma 
rede mundial, que servede instrumento para a conservação da diversidade biológica 
e o uso sustentado dos seus componentes – sempre mantendo a soberania dos 
Estados sobre essas áreas e contando com a participação das comunidades locais. 
As reservas da biosfera devem ser locais de excelência para experimentação e 
demonstração de enfoques para conservação e desenvolvimento sustentado na escala 
regional, cumprindo e combinando três funções: 
a) Contribuir para a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies 
e variações genéricas; 
b) Fomentar o desenvolvimento econômico e humano que seja 
sociocultural e ecologicamente sustentado; e 
c) Apoiar projetos demonstrativos, educação ambiental e 
capacitação, pesquisa e monitoramento relacionados com os temas locais, regionais, 
nacionais e globais da conservação e do desenvolvimento sustentado. 
Integrou-se ao ordenamento jurídico pátrio por meio do art. 41 da lei 9985/00 e 
tem como objetivo a preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de 
atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o 
desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações. 
 
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Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA 
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3 Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA 
A Política Nacional do Meio Ambiente foi estabelecida pela Lei 6.938/81. Visa a 
aplicação da política ambiental. A PNMA foi criada no que chamamos de “fase 
sistemática-valorativa”. Essa fase traz a ideia de um todo; pensa-se no meio ambiente 
como algo mais amplo, complexo, voltado à proteção do equilíbrio ecológico. Nessa 
fase, surge a ideia de que o meio ambiente é um direito transindividual, e se relaciona 
com a dignidade da pessoa humana. 
Além disso, o objetivo dessa legislação é a qualidade ambiental. Expresso no 
artigo 2º, caput, da Lei 6.938/81, a PNMA “[...] tem por objetivo a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, 
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional 
e à proteção da dignidade da vida humana [...]”. O equilíbrio ecológico só se alcança 
por meio da sustentabilidade, que, por sua vez, se refere à preservação do 
desenvolvimento com cuidado ao meio ambiente, ou seja, há a presença de uma 
incitação entre o progresso e a dignidade da pessoa humana. 
Mais especificamente, o artigo 4º da Lei em questão também fala sobre os 
objetivos da PNMA, quais sejam: 
 
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com 
a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio 
ecológico; 
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa 
à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses 
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios; 
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade 
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos 
ambientais; 
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais 
orientadas para o uso racional de recursos ambientais; 
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V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à 
divulgação de dados e informações ambientais e à formação de 
uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da 
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com 
vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, 
concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício 
à vida; 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da 
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos. 
 
Além disso, as diretrizes dessa política são elaboradas através de normas e planos 
destinados a orientar os entes públicos da federação, tudo isso em conformidade com 
os princípios previsto no artigo 2º da mesma Lei. 
A Lei 6.938/81 também criou o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), 
disposto no artigo 6º. O SISNAMA é um conselho do governo, ou seja, um órgão 
superior de assessoramento do Presidente da República. Esse sistema é composto por 
diferentes órgãos, com funções diferentes, e que atuam em diferentes âmbitos, tais 
como: o CONAMA, o MMA – órgãos deliberativos e concnsuais - e o IBAMA/ICMBio, 
além de órgãos seccionais e locais – órgãos executivos, respectivamente, no âmbito 
federal, estadual e municipal. 
A atuação do SISNAMA se dará mediante articulação coordenada dos Órgãos e 
entidades que o constituem, observado o acesso da opinião pública às informações 
relativas as agressões ao meio ambiente e às ações de proteção ambiental, na forma 
estabelecida pelo CONAMA. 
Cabe, então, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização 
das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e 
complementares. 
Os Órgãos Seccionais prestarão informações sobre os seus planos de ação e 
programas em execução, consubstanciadas em relatórios anuais, que serão 
consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente, em um relatório anual sobre a 
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situação do meio ambiente no País, a ser publicado e submetido à consideração do 
CONAMA, em sua segunda reunião do ano subsequente. 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e 
deliberativo do SISNAMA, e foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a PNMA. 
O CONAMA faz o assessoramento do Conselho do Governo, no sentido de estudar o 
proposto e, assim, sugerir novas ideias. Além de elaborar parecer técnico. O CONAMA, 
portanto, é órgão deliberativo de diretrizes estabelecidas pelo SISNAMA. 
Além disso, este órgão é composto por Plenário, CIPAM, Grupos Assessores, 
Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro do 
Meio Ambiente, e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário Executivo do 
MMA. O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores, a saber: órgãos 
federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. 
É da competência do CONAMA, entre outras: 
• Estabelecer, normas e critérios para o licenciamento de atividades 
efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, pelos 
Estados, pelo Distrito Federal e Municípios e supervisionado pelo referido 
Instituto; 
• Determinar, a realização de estudos das alternativas e das possíveis 
consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando 
informações indispensáveis à apreciação de Estudos Prévios de Impacto 
Ambiental e respectivos Relatórios; 
O CONAMA possui diversas atribuições, dentre as quais se incluem a elaboração 
de resoluções que estabelecem diretrizes, normas técnicas, critérios e padrões 
relacionados à proteção ambiental e ao uso sustentável dos recursos naturais. Essas 
resoluções têm caráter vinculante e visam garantir a proteção ambiental e a utilização 
adequada dos recursos naturais de forma sustentável. 
 
3.1 Instrumentos da PNMA 
Previstos no artigo 9º, da Lei 6.938/81. Entre os principais instrumentos da PNMA, 
encontram-se a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento ambiental, a 
fiscalização e o controle ambiental, a educação ambiental e a responsabilidade civil 
por danos ambientais. Cada um desses instrumentos possui um papel importante na 
gestão ambiental, seja no âmbito do setor público ou privado. 
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A PNMA também prevê a criação de órgãos responsáveispela gestão ambiental, 
como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA) e os órgãos estaduais de meio ambiente, além de estabelecer diretrizes para 
a atuação desses órgãos. 
Em resumo, os instrumentos da PNMA são essenciais para a promoção do 
desenvolvimento sustentável no país, garantindo a proteção do meio ambiente e o 
uso adequado dos recursos naturais. A seguir, estudaremos 3 instrumentos. 
 
Padrões de Qualidade Ambiental 
É neste instrumento que consta o valor limítrofe de poluição. A poluição pode 
ser lícita ou ilícita. Dessa forma, até um certo grau de poluição é aceitável, podendo 
ter responsabilização ou não, mas, a partir de um determinado quantum, a poluição é 
ilícita, havendo, assim, responsabilização. 
É nesse sentido que o CONAMA estabelece o limite entre o lícito e o ilícito. 
 
Licenciamento Ambiental 
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer 
empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio 
ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a participação 
social na tomada de decisão, por meio da realização de audiências públicas como 
parte do processo. 
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo 
Ibama, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). 
O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infraestrutura 
que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo 
e gás na plataforma continental. 
As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão 
expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. Além 
dessas, o Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o Parecer nº 312, que 
discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como 
fundamento a abrangência do impacto. 
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A lei 6.938/91 em seu art. 9º, IV dispõe que o licenciamento ambiental é 
instrumento preventivo de tutela ao meio ambiente, inserido na tutela administrativa 
do meio ambiente. 
O art. 1º da Resolução 237/97 adotada as seguintes definições: 
• Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual 
o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, 
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de 
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras 
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as 
normas técnicas aplicáveis ao caso. 
• Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de 
controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, 
pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar 
empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais 
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob 
qualquer forma, possam causar degradação ambiental. 
• Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos 
aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e 
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como 
subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório 
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental 
preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de 
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. 
• Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto 
ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no 
todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. 
 
Fases do Licenciamento 
Conforme estabelecido pelo artigo 10 da Resolução CONAMA 237/97, o 
processo de licenciamento ambiental deve seguir uma série de etapas específicas. A 
primeira etapa consiste na definição dos documentos, projetos e estudos ambientais 
necessários para o início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser 
requerida. 
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Em seguida, o empreendedor deve apresentar o requerimento da licença 
ambiental ao órgão ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (SISNAMA), que realizará a análise do processo. Durante essa análise, o 
órgão ambiental poderá solicitar esclarecimentos e complementações, bem como 
realizar uma audiência pública, caso seja necessário. 
Após a realização da audiência pública, se for o caso, o órgão ambiental poderá 
solicitar esclarecimentos e complementações adicionais decorrentes dessa audiência. 
Em seguida, o órgão emitirá um parecer técnico conclusivo e, quando necessário, um 
parecer jurídico, para posterior deferimento ou indeferimento do pedido de licença. 
Essas etapas previstas pela Resolução CONAMA 237/97 são fundamentais para 
garantir que os empreendimentos realizados no país sejam realizados de forma 
sustentável, minimizando seus impactos ambientais e promovendo a proteção do 
meio ambiente e a qualidade de vida da população. 
 
Espécies de Licenças Ambientais 
• Licença Prévia (LP) - Deve ser solicitada ao órgão competente na 
fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do 
empreendimento. Essa licença não autoriza a instalação do projeto, e sim 
aprova a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua localização e 
concepção tecnológica. Além disso, estabelece as condições a serem 
consideradas no desenvolvimento do projeto executivo. 
• Licença de Instalação (LI) - Autoriza o início da obra ou instalação 
do empreendimento. O prazo de validade dessa licença é estabelecido 
pelo cronograma de instalação do projeto ou atividade, não podendo ser 
superior a 6 (seis) anos. Empreendimentos que impliquem desmatamento 
depende, também, de "Autorização de Supressão de Vegetação". 
• Licença de Operação (LO) - Deve ser solicitada antes de o 
empreendimento entrar em operação, pois é essa licença que autoriza o 
início do funcionamento da obra/empreendimento. Sua concessão está 
condicionada à vistoria a fim de verificar se todas as exigências e detalhes 
técnicos descritos no projeto aprovado foram desenvolvidos e atendidos 
ao longo de sua instalação e se estão de acordo com o previsto nas LP e 
LI. O prazo de validade é estabelecido, não podendo ser inferior a 4 
(quatro) anos e superior a 10 (dez) anos. 
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No processo de licenciamento os estudos ambientais são elaborados pelo 
empreendedor e entregues ao órgão competente para análise e deferimento. Para 
cada etapa do licenciamento há estudos específicos a serem elaborados. 
Para subsidiar a etapa de LP, sendo o empreendimento de significativo impacto 
ambiental, o empreendedor encaminha ao órgão competente o EIA/RIMA. Para os 
demais empreendimentos, estudos mais simplificados são requeridos. 
O EIA é um documento técnico-científico compostos por: Diagnóstico ambiental 
dos meios físico, biótico e socioeconômico; Análise dos impactos ambientais do 
projeto e de suas alternativas; Definição das medidas mitigadoras dos impactos 
negativos e elaboração de medidas mitigadoras dos impactos negativos; e Programas 
de Acompanhamento e Monitoramento. 
O RIMA é o documento público que reflete as informações e conclusões do EIA 
e é apresentado de forma objetiva e adequada a compreensão de toda a população. 
Nessa etapa são realizadas Audiências Públicas para que a comunidade interessada 
e/ou afetada pelo empreendimento seja consultada. 
Para subsidiar a etapa deLI o empreendedor elabora o Plano Básico Ambiental e 
se a obra implicar em desmatamento é também elaborado o Inventário Florestal, para 
apoiar a decisão sobre o deferimento da Autorização de Supressão de Vegetação. 
Para subsidiar a etapa de LO o empreendedor elabora um conjunto de relatórios 
descrevendo a implantação dos programas ambientais e medidas mitigadoras 
previstas nas etapas de LP e LI. 
 
Zoneamento Ambiental 
O zoneamento ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, 
consiste em procedimento de divisão de determinado território em áreas onde “se 
autorizam determinadas atividades ou interdita-se, de modo absoluto ou relativo, o 
exercício de outras” em razão das características ambientais e socioeconômicas do 
local. 
Pelo zoneamento ambiental são instituídos diferentes tipos de zonas nas quais o 
Poder Público estabelece regimes especiais de uso, gozo e fruição da propriedade na 
busca da melhoria e recuperação da qualidade ambiental e do bem-estar da 
população. Suas normas, que deverão obrigatoriamente respeitar o disposto em 
legislação ambiental, vinculam todas as atividades exercidas na região de sua 
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Tutela Administrativa 
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incidência, o que implica na inadmissibilidade de ali serem exercidas atividades 
contrárias a elas. 
A regulamentação desse instrumento se deu pelo Decreto 4297 de 10 de julho 
de 2002 que estabelece os critérios para o zoneamento ecológico-econômico – ZEE 
do Brasil, ou seja, um zoneamento de abrangência nacional, bem como, no art. 9º, II, 
da lei 6938/81, art. 4º, III, “c” da lei 10256/01, art. 182, CF/88. 
A definição legal do zoneamento ambiental encontra-se no art. 2º do referido 
decreto que o descreve como sendo “instrumento de organização do território a ser 
obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e 
privadas” estabelecendo “medidas e padrões de proteção ambiental” com vistas à 
“assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da 
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições 
de vida da população”. 
Apesar de o decreto que regulamentou o zoneamento ambiental ter versado 
sobre um zoneamento de abrangência nacional, é importante frisar que esse 
instrumento tem enorme importância e aplicabilidade ainda maior nas esferas locais 
e regionais, tanto que também foi previsto como instrumento de política urbana no 
Estatuto da Cidade. 
 
4 Tutela Administrativa 
Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole 
as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, 
sendo punida com as sanções previstas na legislação. Vale ressaltar que qualquer 
pessoa, ao tomar conhecimento de alguma infração ambiental, poderá apresentar 
representação às autoridades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA). 
Além disso, a autoridade ambiental, ao contrário, deverá promover 
imediatamente a apuração da infração ambiental sob pena de corresponsabilidade. A 
Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, disciplinou as infrações administrativas no 
Capítulo VI, em seus arts.70 a 76, tendo sido regulamentada pelo Decreto 6514/08. 
Trata-se de lei federal que poderá ser suplementada pelos Estados (art.24, § 2º, da 
constituição federal de 1998) e pelos Municípios (art. 30, II, da constituição federal de 
1998). 
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Tutela Administrativa 
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Já as sanções administrativas, dispostas no artigo 3º do decreto 6.514/08, são as 
seguintes: 
 
Art. 3º As infrações administrativas são punidas com as seguintes 
sanções: 
I - advertência; 
II - multa simples; 
III - multa diária; 
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e 
flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração, 
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer 
natureza utilizados na infração; 
V - destruição ou inutilização do produto; 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; 
VIII - demolição de obra; 
IX - suspensão parcial ou total das atividades; e 
X - restritiva de direitos. 
 
A sanção de advertência poderá ser aplicada, mediante a lavratura de auto de 
infração, para as infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, 
garantidos a ampla defesa e o contraditório. Além disso, consideram-se infrações 
administrativas de menor lesividade ao meio ambiente aquelas em que a multa 
consolidada não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) ou, na hipótese de multa 
por unidade de medida, não exceda o valor referido. 
Já a multa simples será de no mínimo R$50,00 e máximo de R$50.000.000,00, 
podendo ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação do meio 
ambiente. E a multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se 
prolongar no tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação mediante 
a celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação do dano. 
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Tutela Administrativa 
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Ainda, os animais referidos em uma das sanções acima serão devolvidos ao seu 
habitat; os produtos, subprodutos e veículos serão avaliados e doados à entidade de 
caridade, às instituições científicas ou hospitalares; e os petrechos e equipamentos 
serão vendidos com a garantia de sua descaracterização. Serão aplicadas nos termos 
dos artigos 102 a 107 do decreto 6514/78. 
Acerca do inciso subsequente, o produto da flora e da fauna será destruído ou 
inutilizado ou, excepcionalmente, doado a instituições científicas, culturais ou 
educacionais. 
Posteriormente, trata de uma sanção não prevista em legislação anterior, cuja 
eficácia será importante para obstar a continuidade da venda e do fabrico de produtos 
nocivos à saúde, a segurança e ao bem-estar da população. 
Seguindo, o órgão fiscalizador poderá embargar a obra ou a própria atividade 
causadora da degradação ambiental; ou determinar a demolição da obra construída 
irregularmente. Ainda, poderá determinar a suspensão total ou parcial das atividades, 
caso constate alguma irregularidade ou o descumprimento de normas ambientais 
relevantes. 
Por fim, a última sanção prevista abrande a suspensão de registro como a licença, 
permissão ou autorização; cancelamento de registro, licença, permissão ou 
autorização; perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; perda ou suspensão 
da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
e proibição de contratar com a administração pública, pelo período de até três anos. 
Quanto ao procedimento dessas tutelas administrativas, de acordo com o artigo 
96 do Decreto 6514/08, o processo de fiscalização se inicia com a lavratura do auto 
de infração, que deve ser intimado ao autuado. Em seguida, o autuado terá o prazo 
de 20 dias para apresentar sua defesa, conforme previsto no artigo 113. 
Durante o processo, a autoridade julgadora poderá requisitar a produção de 
provas necessárias à sua convicção, bem como parecer técnico ou contradita do 
agente autuante, conforme estabelecido no artigo 119. É importante destacar que o 
parecer técnico deve ser elaborado no prazo máximo de 10 dias, como previsto no § 
1º do mesmo artigo. 
Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de manifestar-se em alegações 
finais, no prazo máximo de 10 dias, conforme estabelecido no artigo 122. Em seguida, 
a autoridade julgadora terá o prazo de 30 dias para julgar o auto de infração e decidir 
sobre a aplicação das penalidades, conforme previsto no artigo 124. 
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Tutela Civil 
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Após a decisão

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