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Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 1 Solos e Rochas Um Jornal Internacional de Engenharia Geotécnica e Geoambiental www.soilsandrocks.com ISSN 1980-9743 ISSN-e 2675-5475 https://doi.org/10.28927/SR.2022.001122 Este é um artigo de Acesso Aberto distribuído sob os termos da Licença de Atribuição Creative Commons, que permite uso, distribuição e reprodução irrestrita em qualquer meio, desde que o trabalho original seja devidamente citado. A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho António Viana da Fonseca1 , Diana Cordeiro1 , Fausto Molina-Gómez1 , Davide Besenzon1,2 , António Fonseca1 , Cristiana Ferreira1# 1. Introdução A barragem I, no município de Brumadinho, rompeu repentinamente às 12h28, horário local, do dia 25 de janeiro de 2019, após mais de 40 anos de operação e deposição de rejeitos processados das rochas naturais extraídas da mina Córrego de Feijão, do Complexo Paraopeba, em Minas Gerais (MG), Brasil. As imagens registradas mostraram que o rompimento da barragem foi repentino e abrupto, sem sinais aparentes de sofrimento antes do rompimento, desenvolvendo-se em aproximadamente 80% da face da barragem em cerca de 5 segundos. O material da encosta que falhou rapidamente se transformou em um fluxo de lama. A topografia LiDAR pós- rompimento indica que 9,7 Mm3 de material foram perdidos da barragem, o que corresponde aproximadamente a 75% do volume pré-rompimento, causando um dano catastrófico a jusante e é considerada uma das tragédias mais dramáticas dos últimos anos, no Brasil (Figura 1). Como consequência directa do fracasso, muitas pessoas morreram e foram causados enormes danos económicos, sociais e ambientais. A ruptura foi o resultado da liquefação do fluxo (estático) dentro dos materiais da barragem (Robertson et al., 2019). A barragem B1 tinha aproximadamente 85 m de altura e 700 m de comprimento ao longo da crista quando rompeu. A disposição de rejeitos foi interrompida cerca de 2,5 anos antes do rompimento e nenhuma operação em grande escala estava sendo realizada na época. O histórico de construção da barragem fornece informações sobre as possíveis razões do rompimento. A construção deficiente a montante e as más condições de drenagem criaram uma barragem composta principalmente por rejeitos soltos, saturados, pesados e quebradiços que apresentavam altas tensões de cisalhamento no talude a jusante, resultando em uma barragem marginalmente estável (ou seja, perto do rompimento em áreas não drenadas). condições). O que permaneceu obscuro foi como o processo de liquefação foi iniciado, ou seja, qual foi o evento que iniciou o cisalhamento em alguma região da barragem e desencadeou a resposta de liquefação. Foi dada especial atenção às operações em curso no último ano antes do rompimento, nomeadamente as operações de perfuração subhorizontal para instalação de drenos e a perfuração de furos verticais para instalação de piezómetros. Extensas atividades forenses e estudos pós-liquefação, incluindo simulações numéricas avançadas, foram realizadas para compreender o comportamento e a resposta dos rejeitos Resumo A Barragem B1 tinha aproximadamente 85 m de altura e 700 m de comprimento ao longo do topo quando rompeu repentinamente em 25 de janeiro, após 41 anos de operações e deposição de rejeitos no complexo mineiro de Paraopeba (Côrrego de Feijão), em Minas Gerais, Brasil. Mais de 250 pessoas morreram e enormes danos económicos, sociais e ambientais resultaram do colapso. Dada a necessidade de caracterizar geotecnicamente os rejeitos dentro da barragem para um modelo computacional confiável da ruptura, foi realizada uma extensa campanha de amostragem e testes laboratoriais. O laboratório geotécnico do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Portugal) foi convidado pelo CIMNE, no âmbito de um contrato com a VALE, com acordo do MPF, para a realização deste programa. Este artigo apresentará uma descrição das campanhas de amostragem nos rejeitos post-mortem remanescentes da barragem/reservatório onde a mecânica de instabilidade de ruptura foi desenvolvida e o programa experimental realizado para testar os rejeitos em testes laboratoriais avançados. São aqui retomados os resultados que abrangem avaliações das propriedades físicas, hidráulicas e mecânicas, deduzidas de amostras integrais coletadas seletivamente e preparadas conforme descrito, que permitiram definir os parâmetros geotécnicos necessários às referidas análises. Palavras-chave Ensaios laboratoriais geotécnicos Rejeitos de minério de ferro Estado crítico Mecânica dos solos Rompimento da barragem de rejeitos Instabilidade Liquefação #Autor correspondente. Endereço de e-mail: cultura@fe.up.pt 1CONSTRUCT-GEO, Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia, Porto, Portugal. 2Escuela Superior Politécnica del Litoral, Faculdade de Engenharia em Ciências da Terra, Guayaquil, Equador. Enviado em 4 de fevereiro de 2022; Aceitação Final em 31 de março de 2022; Discussão aberta até 31 de agosto de 2022. Artigo 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 1/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)2 mecânica e determinar objetivamente as causas prováveis e/ou concomitantes que levaram ao rompimento desta barragem. As investigações técnicas sobre as causas do rompimento da Barragem I foram encomendadas tanto pelas autoridades (Ministério Público Federal) quanto pelo proprietário do complexo minerário (Vale SA). Três relatórios principais sobre as causas técnicas do rompimento da Barragem Feijão 1 foram apresentados com base nos resultados dessas investigações: ● o Relatório Técnico do Painel de Especialistas (EPR) de Robertson et al. (2019); ● uma investigação independente conduzida pela CIAEA, cujo relatório não é público; ● o Relatório de Análise Computacional do CIMNE (2021). Dada a necessidade de caracterizar geotecnicamente os rejeitos dentro da barragem para um modelo computacional confiável da ruptura, foi realizada uma extensa campanha de amostragem e testes laboratoriais. O Laboratório Geotécnico (LabGEO) do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Portugal) foi convidado para realizar o programa de testes avançados. Este artigo descreve o programa experimental, incluindo a amostragem de um grande conjunto de amostras indeformadas e reconstituídas na Instalação de Armazenamento de Rejeitos post- mortem (TSF), e os procedimentos dos testes laboratoriais. Os resultados obtidos desde as técnicas básicas/convencionais até as mais avançadas, utilizando as metodologias adequadas forneceram os parâmetros para a construção de modelos constitutivos para simulações numéricas. Os procedimentos laboratoriais incluíram a reconstituição de amostras representativas em diversas condições de estado e a execução de uma ampla variedade de testes laboratoriais convencionais e avançados nessas amostras. Os materiais foram coletados em três locais diferentes próximos à zona de falha. O número de diferentes solos foi cuidadosamente selecionado, considerando a discretização prévia de aglomerados limitados dentro das massas depositadas com base em testes in situ – realizados antes da ruptura. O resultado dos testes abrangeu avaliações das propriedades físicas, hidráulicas e mecânicas, permitindo a definição de parâmetros fundamentais parâmetros para as entradas de modelos constitutivos apropriados baseados na Mecânica dos Solos do Estado Crítico (CSSM) e capazes de reproduzir uma ampla gama de comportamentos do solo, desde dúcteis a muito frágeis, especialmente o amolecimento não drenado subjacente ao fenómeno de liquefação por fluxo. 2. Descrição do local e seleçãoISO Organização Internacional de Padronização K0 Coeficiente de pressão da terra em repouso LabGEO Laboratório Geotécnico da Engenharia Civil Departamento da FEUP LiDAR Laser Imaging, Detecção e Variação Mc Inclinação do locus de estado crítico no plano qp ́ em compressão MG Minas Gerais MPF Ministério Público Federal N Interceptação da linha de compressão normal no plano ine-log p ́ ṕ Estresse efetivo médio PSD Distribuição de Tamanho de Partícula SBT Tipo de comportamento do solo SDMT Teste de dilatômetro plano sísmico SEM Microscopia Eletrônica de Varredura 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 18/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 19 Sp Razão de resistência não drenada normalizada TSF Instalação de Armazenamento de Rejeitos UFMG Universidade Federal de Minas Gerais Un Percentual de subcompactação UPC Universidade Politécnica da Catalunha Vice- presidente Velocidade da onda P Contra Velocidade da onda S f́cs Ângulo de atrito no estado crítico φpk Ângulo de atrito máximo Senhor Inclinação da linha de descarga-recarga no plano e-log p ́ E Inclinação da linha de compressão normal / inclinação da linha de estado crítico no plano e-log p ́ ηpk Taxa de tensão no pico de resistência não drenada σʹv Tensão efetiva vertical p Parâmetro de estado C Interceptação da linha de estado crítico no plano e-log p ́ Referências Bedin, J., Schnaid, F., Viana da Fonseca, A., & de Costa Filho, LM (2012). Gold tailings liquefaction under critical state soil mechanics. Geotécnica, 62(3), 263- 267. http://dx.doi.org/10.1680/geot.10.P.037. Sido, K., & Jefferies, M. (2011). 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Reid, D., Fourie, A., Ayala, JL, Dickinson, S., Ochoa-Cornejo, F., Fanni, R., Garfias, J., Viana da Fonseca, A., Ghafghazi, M., Ovalle, C., Riemer, M., Rismanchian, A., Olivera, R., & Suazo, G. (2021). Resultados de um programa round robin de teste de linha de estado crítico. Geotécnica, 71(7), 616-630. http://dx.doi.org/10.1680/JGEOT.19.P.373. Robertson, PK e Write, CE (1998). Avaliação do potencial de liquefação cíclica utilizando o teste de penetração de cone. Jornal Geotécnico Canadense, 35(3), 442-459. http://dx.doi.org/10.1139/t98-017. Robertson, PK, de Melo, L., Williams, DJ e Wilson, GW (2019). Relatório do painel de especialistas sobre as causas técnicas do rompimento da Barragem Feijão I. Recuperado em 4 de fevereiro de 2022, em http://www.b1technicalinvestigation.com/ Santamarina, JC, Klein, KA, & Fam, MA (2001) . Solos e ondas. J. Wiley & Filhos. Smith, K., Fanni, R., Chapman, P. e Reid, D. (2019). Crítico testes estaduais de rejeitos: comparação entre vários rejeitos e implicações para o projeto. Em Processos de Rejeitos e Resíduos de Minas (pp. 1183-1195). Vancouver. Soares, M., & Viana da Fonseca, A. (2016). Fatores que afetam locus de estado estacionário em testes triaxiais. Diário de Testes Geotécnicos, 39, 1056-1078. http://dx.doi.org/10.1520/GTJ20150228. Verdugo, R. e Ishihara, K. (1996). O estado estacionário dos solos arenosos. Solo e Fundação, 36(2), 81-91. http://dx.doi. org/10.3208/sandf.36.2_81. Viana da Fonseca, A., Cordeiro, D., & Molina-Gómez, F. (2021). Procedimentos recomendados para avaliar o locus do estado crítico a partir de testes triaxiais em remodelados sem coesão 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 19/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)20 amostras. Geotecnia, 1, 95-127. http://dx.doi.org/10.3390/GEOTECHNICS1010006. Viana da Fonseca, A., Ferreira, C., & Fahey, M. (2009). Uma estrutura que interpreta testes de elementos bender, combinando métodos no domínio do tempo e no domínio da frequência. Diário de Testes Geotécnicos, 32(2), 91-107. http://dx.doi.org/10.1520/GTJ100974. Yang, J. e Luo, XD (2015). Explorando a relação entre estado crítico e formato de partícula para granular materiais. 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Os modelos que foram adotados para a análise numérica exigiram a execução de testes de diversas complexidades, desde os mais elementares (mas não menos importantes) até os mais avançados, capazes de definir os parâmetros do modelo que cobririam o essencial do comportamento mecânico em condições convencionais. solos, mas também em solos liquefeitos. Contudo, as informações geotécnicas obtidas em estudos anteriores apresentavam lacunas significativas e diretamente relevantes para o modelo numérico em elaboração. Em particular, havia dúvidas razoáveis sobre quão representativos dos materiais da barragem envolvidos no rompimento eram aqueles selecionados para testes pelo EPR. Havia muito poucos dados laboratoriais com medições confiáveis de resistência não drenada em condições (estado inicial, histórico de consolidação) semelhantes às prevalecentes no campo e não havia dados sistemáticos sobre possíveis efeitos da taxa de deformação na resistência, o que era lamentável, considerando que a fluência viscosa tinha foi postulado como possível fator desencadeante pela EPR (CIMNE, 2021). Portanto, considerou-se necessário obter novas amostras do material remanescente da barragem e testá-las extensivamente em laboratório. A natureza dos rejeitos depositados nesta TSF teve que ser tratada com muito cuidado. A representatividade das amostras a serem recuperadas deste enorme volume de rejeitos depositados foi realizada à luz de análises rigorosas dos dados históricos registrados dos 50 anos de origem desta TSF. Mais importante ainda, um Figura 1. Imagens da barragem no Google Earth: (a) imagem de 22/07/2018; e (b) imagem após o colapso (22/12/2019). 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 2/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 3 número representativo de dados de testes in situ realizados recentemente; isto é, testes estáticos de penetração de cone com medição de poros pressões (CPTu) e velocidades de ondas de cisalhamento (Vs) por dispositivos sísmicos dilatômetros planos (SDMT). Os perfis CPTu e Vs foram analisados antes da decisão de programar as campanhas para obtenção de novas amostras nos restos da barragem, revelando uma elevada variabilidade/heterogeneidade esperada tanto em profundidade como em plano. Ficou claro que os materiais envolvidos no processo de modelagem deveriam estar associados às fases de deposição ao longo dos anos (quando distintas frentes de mineração e injeção/espigotagem explicam a variabilidade). A intercalação foi nítida nas amostras intactas obtidas diretamente nos demais blocos intactos, como observado nas trincheiras criadas para tal fim. Também foram observadas uma interestratificação de camada muito fina e anisotropia em escala de laboratório (ver Figura 2). Testar essas amostras intactas/não perturbadas é importante para identificar como os resultados se enquadram no quadro geral de cada tipo de material selecionado para constituir a modelagem numérica. É muito difícil passar das especificidades destas distribuições materiais e fácies “individuais” estratificadas não perturbadas, com comportamento específico) para uma extrapolação para um modelo unificado de cada um dos constituintes. Para tanto, foi realizada uma identificação minuciosa de bolsas de massas mais homogêneas e as massas integrais (referidas principalmente a cores convergentes com valores distintos de gravidade específica) foram montadas em sacos e levadas ao laboratório. Esta representatividade foi naturalmente muito limitada pelo estado de esgotamento da bacia e pelo desaparecimento quase total dos diques de elevação da barragem construídos a montante. No entanto, como será explicado a seguir, foram procuradas áreas que contivessem material não perturbado e diferentes tipologias que emergiram da análise dos elementos públicos disponíveis a partir de relatórios de painéis de especialistas anteriores. 2.2 Campanhas de amostragem As campanhas de coleta de amostras representativas desses rejeitos foram realizadas em três fases. A primeira campanha (S1) foi realizada no dia 19 de dezembro de 2019, a segunda (S2) no dia 26 de dezembro de 2019 e a terceira (S3-L1 e S3- L4) no dia 12 de março de 2020 seguinte. A Figura 3 identifica o local e a data das três campanhas na condição post-mortem da barragem. Após uma identificação visual precisa da área exposta dos restos da barragem, a primeira campanha foi conduzida até as massas integrais (ainda em pé ou deslocadas, mas preservadas) nas profundezas do rejeito, até o fundo da bacia da barragem destruída e seguindo em direção à margem direita da barragem. As outras duas campanhas foram realizadas tendo em vista a necessidade de tipos adicionais de solos e amostras para os ensaios laboratoriais programados. Estes trabalhos de investigação local foram coordenados pelo primeiro autor, em colaboração com Figura 2. Exemplos de variabilidade localizada de camadas: (a) camadas visíveis em campo; (b) microcamadas, visíveis em uma amostra não perturbada do Local 1 (19/12/2019) no LabGEO. Figura 3. Localização dos três locais de amostragem na barragem B1, após rompimento. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 3/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)4 Professor António Mendonça from the Federal University of Minas Gerais (UFMG) and the local technical support of VALE. Dois materiais foram identificados como predominantes no Local 1 com propriedades visuais bastante distintas, nomeadamente um material de rejeito fino vermelho e um material granular escuro (preto). Estes materiais diferiam claramente em algumas faces das grandes massas que falharam –provavelmente devido ao relevo da parte interna da bacia de drenagem– ao longo das superfícies de deslizamento expostas num processo progressivo. Como se tratavam de áreas rasas mais próximas das margens da bacia, não colapsaram, mas deslizaram ao longo destas superfícies no limite da resistência ao atrito. Assim, logo na primeira campanha, percebeu-se que seria possível encontrar rejeitos “intatos”, ou seja, não colapsados e com a estrutura original e interpartículas, permitindo a execução de diversos testes em laboratório caso fossem foram amostrados diretamente com blocos e tubos de paredes finas, conforme ilustrado na Figura 2a). A segunda visita à barragem ocorreu no dia 26 de dezembro de 2019, mas não foi possível acessar áreas dentro do volume do rompimento devido às fortes chuvas do final daquele ano, sendo necessário deslocar-se para áreas mais seguras atrás da crista. No Sítio 2, localizado dentro do reservatório de rejeitos, foi coletado um material marrom muito fino pela sua abundância. Pequenos aglomerados de material vermelho/acastanhado também foram coletados. Um grande número de amostras intactas/não perturbadas também foi recuperada deste local. Posteriormente, foi realizada uma terceira campanha (Ponto 3), e dois locais ficaram acessíveis (denominados S3-L1 e S3–L4). O Local 1 situava-se na parte superior do anterior Sítio 1, em massas escorregadias de difícil acesso e onde predominavam os horizontes negros, enquanto o Local 4 situava-se próximo da ombreira onde foram recolhidos os solos da campanha EPR (ver Figura 4). . Sacos com amostras remoldadas, porém integrais, foram coletados em cada local evitando segregação e respeitando a distribuição granulométrica do volume amostrado de solo homogeneizado. Rejeitos intactos/não perturbados também foramamostrados em blocos nesses locais. Figura 4. Localização dos locais experimentais das diferentes campanhas amostrais – Posição projetada: (a) planta da barragem; (b) ao longo do trecho da barragem. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 4/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 5 Os locais de amostragem do EPR e da FEUP são projetados na Figura 4 na planta da barragem e ao longo do eixo de referência da secção da barragem A-A'. A maioria das amostras do EPR foram agrupadas em um único local próximo aos restos da ombreira esquerda da barragem (retiradas de níveis correspondentes aos estágios intermediários de enchimento da barragem), enquanto outros dois locais estavam várias centenas de metros atrás da última crista da barragem, com a intenção de recuperar limos. A superfície de falha inicial estava muito distante desses locais de amostragem. Os locais experimentais da FEUP são mais profundos e correspondem a rejeitos mais antigos que os obtidos na campanha EPR, com exceção do Local 2, localizado a 200 m atrás da crista final da barragem, que foi escolhido com o intuito de recuperar lamas. Não obstante, os locais de amostragem da FEUP estão provavelmente mais próximos da localização da superfície de falha inicial. 2.3 Seleção de materiais A caracterização geotécnica dos rejeitos que constituíam a barragem foi considerada essencial para a obtenção de um modelo computacional credível da ruptura, mas do ponto de vista prático e eficaz, procurou-se uma discretização de aglomerados/blocos limitados no interior das massas depositadas. Isto está bem descrito no referido relatório do painel do CIMNE. Para simplificar as análises numéricas, duas decisões de modelagem foram investigadas: quantos materiais podem representar de forma justa a distribuição complexa de rejeitos através da barragem (distribuídos heterogeneamente e fortemente intercalados); e quais dos materiais coletados são compatíveis com os tipos dominantes de comportamento do solo presentes ao longo da barragem (rejeitos granulares grossos a finos, areias siltosas, principalmente siltes e até limos). Este assunto foi inicialmente abordado através da análise dos dados profícuos de diversas campanhas de testes de CPTu durante o período de 2005 e 2018. O índice de tipo de comportamento do solo IcRW = 2,60 proposto por Robertson & Wride (1998) é normalmente usado para separar material fino de material grosso. Observou-se que este valor limite separa corretamente solos principalmente granulares e principalmente coesos em depósitos naturais; entretanto, não está claro se esse valor também é o melhor para rejeitos. Auxiliado por simulações numéricas avançadas, o CIMNE estabeleceu um limite diferente para o IcRW com base na resposta drenada e não drenada aos testes CPTu, para um valor superior de 2,85, otimizando os horizontes do tipo comportamento fino e grosso. Solos que respondem de forma drenada à penetração do CPTu seriam muito permeáveis. Portanto, a permeabilidade foi a propriedade chave para diferenciar solos finos de solos grossos e, neste caso, também foi correlacionada com importantes propriedades de estado crítico. A resposta não drenada a um CPTu foi quantificada pelo índice de excesso de poropressão normalizado Bq. As frações grossa (IcRWexperimental Numa fase inicial deste processo, após inspeção visual das amostras de solo recolhidas, tornou-se claro que, para se conseguir uma caracterização geotécnica ampla e abrangente dos rejeitos da barragem de estudo de caso, era necessário considerar diferentes tipos de solo. ser testado e analisado em paralelo. Assim, foram definidas as classes tipológicas de solos consideradas representativas dos rejeitos armazenados na barragem, com base nas características das amostras recolhidas durante as campanhas de amostragem anteriormente descritas, tendo sido selecionados e identificados os seguintes três tipos de rejeitos: ● Tipo 1 – Rejeitos finos, avermelhados e pouco ferrosos; ● Tipo 2 – Rejeitos finos acastanhados, moderadamente ferrosos; ● Tipo 3 – Rejeitos pretos ricos em ferro de granulação grossa. A seleção final desses três tipos de rejeitos materiais foi apoiada por dois critérios físicos, nomeadamente a distribuição do tamanho das partículas (PSD) e a gravidade específica das partículas sólidas (Gs). Designação fina e grosseira associada a valores de permeabilidade distintos e significativos, conforme expresso anteriormente. Esses dois critérios foram adotados, pois se reconhece que a classificação do solo controla o comportamento do solo, enquanto os diferentes valores dos Gs podem estar associados ao teor de ferro de cada rejeito. O programa experimental foi desenhado para incluir testes laboratoriais que determinem objetivamente os parâmetros necessários para a calibração dos modelos constitutivos necessários à realização de análises computacionais especializadas. Assim, foi realizado um extenso conjunto de ensaios para uma caracterização geotécnica geral, nomeadamente parâmetros físicos, hidráulicos e geomecânicos, em termos de compressibilidade e resistência ao corte. O programa experimental compreendeu distribuição granulométrica, gravidade específica das partículas sólidas, condutividade hidráulica (permeabilidade em diferentes níveis de tensão isotrópica), compressibilidade volumétrica em condições confinadas (em carregamento edométrico isotrópico e unidirecional) e caracterização de resistência em diversas condições de ensaio triaxial. Este plano experimental foi discutido com os professores Antonio Gens e Marcos Arroyo, principais autores do relatório do CIMNE. Foi dada especial atenção à resistência máxima a volume constante, que é fundamentalmente mobilizada sob comportamento “estável” (isto é, condição de estado crítico). Para tanto, foram considerados ensaios envolvendo diferentes trajetórias de tensões e condições de drenagem, necessariamente associadas à complexa estrutura geotécnica da Barragem I. A falha que resultou em um deslizamento de fluxo foi o resultado da liquefação do fluxo dentro dos rejeitos da barragem. Dado que apenas os materiais contrativos têm a possibilidade de sofrer liquefação, foi dada especial ênfase ao comportamento não drenado de amostras muito soltas. O EPR também concluiu que a súbita perda de resistência e a falha resultante da barragem marginalmente estável se deviam a uma combinação crítica de deformações internas contínuas devido à fluência e a uma redução de resistência devido à perda de sucção na zona não saturada causada pela precipitação acumulada. Para este propósito, uma série de testes triaxiais foram explicitamente projetados para investigar os efeitos da taxa de deformação na resistência não drenada dos rejeitos. 3.2 Caracterização física As análises de distribuição granulométrica e gravidade específica foram realizadas de acordo com as normas ISO 17892-4 (ISO, 2016) e ISO 17892-3 (ISO, 2015), respectivamente, assim como as normas ASTM correspondentes. A Figura 5 ilustra os resultados das curvas de distribuição granulométrica dos três tipos de rejeitos identificados, juntamente com uma área sombreada correspondente às curvas de classificação relatadas das amostras de solo de rejeitos coletadas, conforme publicado no EPR (Robertson et al., 2019) . O solo tipo 1 corresponde a rejeitos finos de cor avermelhada, pouco ferrosos, com densidade específica de 3,94. O solo tipo 2 refere-se a um rejeito fino, acastanhado, moderadamente ferroso, com densidade específica igual a 4,55. O solo tipo 3 é de granulação grossa Figura 5. Curvas de classificação dos três tipos de rejeitos. Comparação com outros solos da barragem de Brumadinho, conforme Relatório do Painel de Especialistas (EPR) (Robertson et al., 2019). 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 6/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 7 rejeito preto rico em ferro, com maior gravidade específica de 5,00. As distintas densidades de partículas estão relacionadas às etapas iniciais da deposição de rejeitos, quando o processo de extração do minério de ferro das rochas provenientes da mina era menos eficiente. O percentual de ferro é muito maior no rejeito escuro, produzido nas primeiras fases de subida da barragem, do que no vermelho, correspondente a operações mais recentes. 3.3 Caracterização da compressibilidade e consolidação 3.3.1 Compressibilidade edométrica Vários testes de consolidação edométrica foram realizados para avaliar a compressibilidade dos três tipos de rejeitos identificados na seção anterior. O processo de testes seguiu a norma internacional ISO 17892-5 (ISO, 2017). Esses testes foram realizados em amostras remoldadas pela técnica de compactação úmida, garantindo condição de solo solto. As taxas de vazios in-situ foram derivadas da análise de vários testes de CPTu realizados em diferentes locais e amostras de blocos não perturbados testadas em laboratório neste estudo. As comparações, antes do rompimento da barragem, entre os índices de vazios iniciais das amostras coletadas durante as etapas de deposição apresentaram comportamento sistematicamente dilatante quando testadas em laboratório. Estes contradizem os elevados valores dos parâmetros de estado derivados dos testes CPT e CPTU, apontando para um comportamento contrativo. Sabendo que o locus do estado crítico é alcançado independentemente do índice de vazios inicial e que é mais claramente alcançado em ensaios triaxiais a partir das condições de estado mais soltas possíveis (Viana da Fonseca et al., 2021), a preparação dos corpos de prova foi feita com o máximo cuidado para obter valores superiores aos acima referidos determinados após o insucesso deste estudo. Após o preparo das amostras, estas foram colocadas nas células do edômetro e submersas em água destilada por um período mínimo de 12 horas, para garantir a saturação quase total do solo. Posteriormente, as amostras foram submetidas a uma série de etapas de carga e descarga para estabelecimento dos parâmetros de compressibilidade dos três tipos de rejeito, conforme ilustrado na Figura 6. A Tabela 1 resume os parâmetros de compressibilidade obtidos nos ensaios de edômetro para os três tipos de rejeitos. Pode-se observar que os três tipos de rejeitos apresentam diferentes parâmetros de compressibilidade: índice de compressibilidade (Cc), índice de recompressibilidade (Cr, obtido a partir dos ciclos de descarga-recarga de amplitude moderada), índice de expansão a partir da descarga final com tensão próxima de zero (Cs ) e outras proporções, Tabela 1. Parâmetros de compressibilidade edométrica para os três tipos de solos de rejeitos. ID Tipo de solo e0 (-) Cc (-) Cr (-) Cc/Cr (-) Cs (-) ED_T1 Tipo 1 1.24 0.2196 0.0097 22.64 0.0181 ED_T2 Tipo 2 1.30 0.1589 0.0143 11.11 0.0175 ED_T3 Tipo 3 1.40 0.1925 0.0267 7.21 0.0254 ID: Identificação. Figura 6. Curvas de compressibilidade edométrica para os três diferentes rejeitos. nomeadamente Cc/Cr. Estas diferenças são demonstrativas de um comportamento geomecânico distinto de acordo com o tipo de rejeito previamente definido. Com base nessas diversas características de compressibilidade, foi validada a seleção dos três tipos de rejeitos a serem caracterizadosmais detalhadamente, o que será realizado utilizando técnicas avançadas, conforme descrito nas seções seguintes. Diante dos resultados dos testes do edômetro, observou-se que os três tipos de rejeitos apresentaram alteração na inclinação da curva de compressibilidade para tensões verticais efetivas (σ ́v) acima de 3200 kPa. Esse achado evidencia a natureza evolutiva desses solos, causada principalmente pela quebra (ou esmagamento) de partículas ou por alterações na forma das partículas sob tensões mais elevadas. Por outro lado, não foi observado nenhum comportamento transicional nestes materiais, uma vez que testes realizados em diferentes índices de vazios iniciais convergiram para a mesma linha de compressibilidade 1D (resultados não mostrados aqui, maiores detalhes no Anexo 1 do relatório do CIMNE). 3.3.2 Compressibilidade isotrópica Uma série de ensaios de consolidação isotrópica foram realizados em células triaxiais como complemento aos ensaios de consolidação do edômetro, a fim de caracterizar os parâmetros de rigidez do solo estabelecidos na teoria do estado crítico. Esses testes foram realizados em corpos de prova soltos remoldados usando a técnica de compactação úmida. O procedimento de teste incluiu a aplicação 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 7/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)8 de diversas etapas de consolidação, com medição da variação volumétrica ao longo do tempo. Dado que as células triaxiais utilizadas para estes ensaios estavam equipadas com elementos de flexão (BE), foram medidas as velocidades das ondas sísmicas de cisalhamento, Vs, para estimar a variação da rigidez às pequenas deformações em cada fase de consolidação, de acordo com a metodologia proposta por Viana da Fonseca. e outros. (2009) e Ferreira et al. (2021). Além disso, foram medidas as velocidades das ondas sísmicas compressivas, Vp, para avaliar as condições de saturação, complementando a verificação pelo parâmetro B de Skempton, conforme recomendado por Viana da Fonseca et al. (2021). A Figura 7 mostra as curvas de compressibilidade isotrópica no plano e - log p ́, para os três diferentes rejeitos. A Tabela 2 inclui os parâmetros de compressibilidade isotrópica obtidos nos ensaios de consolidação isotrópica com medição de ondas sísmicas, onde se confirma que os três tipos de rejeitos apresentam comportamentos distintos, conforme verificado anteriormente nos ensaios de edómetro. 3.4 Rigidez sob pequenas deformações A rigidez sob pequenas deformações foi medida por meio de elementos flexores durante testes triaxiais dos diferentes tipos de rejeitos. Esses transdutores piezoelétricos, que enviam e recebem ondas sísmicas, permitem a medição das velocidades das ondas P e S em quaisquer condições de tensão durante o teste triaxial. O equipamento necessário consiste em um gerador de funções (TTi TG1010), um osciloscópio (Tektronix TDS 220) e um computador para aquisição de sinal. Nestes testes, foi utilizada uma série de impulsos sinusoidais únicos em diferentes frequências de entrada para excitar o transmissor BE, para minimizar a incerteza e subjetividade associadas à interpretação do sinal (Viana da Fonseca et al., 2009). Para medição da onda S foram utilizadas frequências de entrada variando de 1 a 10 kHz, a partir das quais foram obtidos os resultados da Figura 8 para os três diferentes rejeitos. Estes resultados indicam uma maior dependência da tensão para o Tipo 1, evidenciada pelo maior expoente de tensão, que é tipicamente observado em solos com uma estrutura mais fraca ou estrutura inerente. Globalmente, pode-se observar que os solos mais densos apresentam menor dependência de tensões. Outras análises desse comportamento estão sendo realizadas atualmente como estudos complementares. Também foram medidas ondas P, utilizando frequências entre 25 e 150 kHz, principalmente para avaliar as condições de saturação dos corpos de prova testados. Conforme estabelecido na teoria de propagação de ondas, se o valor da velocidade da onda de compressão (Vp) for superior a 1482 m/s, o solo está saturado (Santamarina et al., 2001). 3.5 Condutividade/permeabilidade hidráulica A condutividade hidráulica ou permeabilidade dos três tipos de rejeitos foi medida por testes diretos de permeabilidade de cabeça constante medidos em células triaxiais. O procedimento de ensaio incluiu a saturação do solo, aumentando a contrapressão até 300 kPa, mantendo o mesmo confinamento efetivo de 10 kPa, seguido do fluxo de água desaerada aplicando uma altura manométrica constante de cerca de 5 kPa entre as extremidades do corpo de prova (ex. , 302,5 kPa na parte inferior e 297,5 kPa na parte superior). A determinação do coeficiente de condutividade hidráulica (k) dos diferentes solos foi realizada em diversos estágios de carregamento e índices de vazios. A Figura 9 mostra o Figura 8. Evolução das velocidades das ondas de cisalhamento em função da tensão efetiva média para os três tipos de rejeitos. Tabela 2. Parâmetros de compressibilidade isotrópica para os três tipos de solos de rejeitos. Material N(-) E (-) k (-) Tipo 1 1.1944 0.049 0.006 Tipo 2 1.0873 0.046 0.003 Tipo 3 1.3129 0.028 0.003 Figura 7. Curvas de compressibilidade isotrópica para os três tipos de rejeitos. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 8/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 9 coeficiente das curvas de condutividade hidráulica para os três rejeitos em função das tensões efetivas e das condições de índice de vazios. Os índices de vazios apresentados nesta figura correspondem aos valores estimados em cada fase de consolidação do carregamento, em que foi medida a permeabilidade. Na Figura 9 pode-se observar que os três tipos de rejeitos possuem características de permeabilidade diferentes, o que é uma indicação clara de comportamento distinto do solo. Como a ordem de grandeza da permeabilidade está correlacionada com a distribuição granulométrica dos materiais, há uma correspondência evidente entre esses parâmetros e as propriedades de classificação de cada tipo de rejeito. Com base nas diferenças nos coeficientes de permeabilidade, é validada a seleção dos tipos de rejeitos a serem caracterizados. 4. Caracterização do estado crítico 4.1 Equipamentos e procedimentos específicos A Mecânica do Estado Crítico dos Solos (CSSM) tem sido cada vez mais aplicada para descrever o comportamento destes materiais granulares de rejeitos de minas, com claras vantagens para a sua modelação, nomeadamente para as análises de estabilidade. A linha de estado crítico (CSL) de qualquer solo é independente do seu estado de tensão inicial e da sua razão de vazios, representando assim um 'estado final e estável' e pode ser estimada a partir de testes triaxiais de laboratório. Os resultados permitem obter o estado de cisalhamento-confinamento-volume, representado por invariantes tridimensionais no plano e–p ́–q (razão de vazios, tensões efetivas médias e desviatórias). A definição das linhas de estado crítico (CSL) para cada tipo de rejeito foi realizada através da realização de um conjunto de testes triaxiais em condições drenadas e não drenadas. A Tabela 3 resume o programa de testes adotado para caracterização do CSL, para os três tipos de rejeitos. Os parâmetros de estado crítico dos solos de rejeitos ferríferos foram obtidos seguindo os procedimentos de ensaio recomendados propostos por Viana da Fonseca et al. (2021). Assim, aparelhos triaxiais foram configurados para avaliar o comportamento do solo em grandes deformações, incluindo placas terminais lubrificadas e um pistão de conexão embutido na tampa superior. As placas terminais lubrificadas permitiram deformações radiaisuniformes e mantiveram a forma cilíndrica da amostra em grandes níveis de deformação axial (Molina- Gómez & Viana da Fonseca, 2021); enquanto o pistão de conexão incorporado permite uma inclinação significativamente reduzida da tampa superior durante todas as fases do teste triaxial (Reid et al., 2021). Todos os corpos de prova foram preparados utilizando a técnica de compactação úmida simultaneamente ao método de subcompactação (Ladd, 1978). Este procedimento de preparação foi selecionado devido à sua confiabilidade, reprodutibilidade e capacidade de atingir uma gama completa de densidades (Jefferies & Been, 2016). Embora a compactação úmida com método de subcompactação não represente bem a deposição in situ de rejeitos, para caracterização do estado crítico isso não é um problema, uma vez que os parâmetros do estado crítico são independentes da estrutura inicial do solo (Smith et al., 2019; Molina-Gómez & Viana da Fonseca, 2021; O preparo compreendeu a compactação de seis camadas com teor de água específico, que variou de 5% a 10% conforme o tipo de solo e percentual de subcompactação (Un) de 2%. Tal procedimento garantiu o teste de amostras soltas uniformes de 70 mm de diâmetro e 140 mm de altura – adequadas para definir bem o locus de estado crítico (CSL) dos solos estudados. Todas as amostras foram testadas em condições totalmente saturadas. O procedimento de saturação abrangeu as seguintes fases (Viana da Fonseca et al., 2021): (i) lavagem com 1,5 litros de CO2 da linha de drenagem inferior, forçando a circulação do ar para cima; (ii) a lavagem de 800 ml de água desaerada sob uma pressão confinante efetiva positiva Figura 9. Variação do coeficiente de condutividade hidráulica para os três tipos em função de: (a) condições de tensão efetiva; (b) índice de vazios. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 9/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)10 (por exemplo, pressão da célula 20 kPa, contrapressão inferior 10 kPa e topo à pressão atmosférica); e (iii) a aplicação de incrementos de contrapressão a uma tensão efetiva constante de 10 kPa até atingir 300 kPa. A condição de saturação total foi validada medindo o valor B de Skempton. As amostras foram consideradas totalmente saturadas apenas para valores de B superiores a 0,97. No geral, foram alcançados valores B de cerca de 0,98. Após a saturação, as amostras foram consolidadas isotropicamente em diferentes tensões efetivas médias. Para definição do CSL, corpos de prova de solo foram cisalhados sob condições drenadas e não drenadas a 0,025 mm/min. Essa taxa é compatível para garantir a drenagem e o acúmulo de poropressão de solos sem coesão. Para garantir a precisão dos resultados, os dados foram corrigidos para restrição de membrana utilizando o método indicado no procedimento padrão ISO 17892-9 (ISO, 2018). Por outro lado, a estimativa do índice de vazios final dos corpos de prova de solo foi realizada através da medição do teor de água após o ensaio. Para obter medições confiáveis do teor final de água e do índice de vazios após o ensaio triaxial, foi adotada a técnica de congelamento do solo no final do ensaio (EOTSF) (Soares & Viana da Fonseca, 2016). Um banco de dados contendo os resultados desta caracterização do estado crítico foi disponibilizado na forma de dados suplementares a este artigo. 4.2 Resultados CSL Foram analisados os resultados de todos os ensaios triaxiais soltos drenados e não drenados e aqueles considerados como tendo atingido o estado crítico foram utilizados para definir os parâmetros de estado crítico dos diferentes tipos de rejeitos. Um ligeiro desvio da linearidade foi observado em tensões efetivas médias baixas (principalmente nos materiais mais grosseiros abaixo de 100 kPa); esses resultados não foram considerados para a definição da CSL. Por sua vez, para materiais mais finos, notou-se uma grande aproximação à linearidade, para toda a gama de tensões representativas das condições de campo, utilizadas neste estudo. A Figura 10 apresenta o estresse caminhos no plano invariante q - p ́ e e-log p ́ derivados de resultados de testes triaxiais. Da Figura 10a, c e e, pode-se observar que todos os pontos finais definem uma única linha de estado crítico (CSL) no plano q - p ́, que é claramente representada por uma linha reta que passa pela origem. As projeções do CSL definem um parâmetro de resistência Mc igual a 1,42, 1,40 e 1,36 para os tipos 1, 2 e 3, respectivamente; e o ângulo de atrito da resistência ao cisalhamento no estado crítico (φ ́cs) varia de 34º a 35º. As Figuras 10b, d e f mostram o CSL de melhor ajuste no plano e - log p ́. Neste estudo, a abordagem linear ( )' cs ee ln pλ= Γ − foi considerada a mais adequada para descrever o comportamento dos diferentes tipos de rejeitos. Embora os dados do Tipo 3 exibam um locus de estado crítico não linear no plano e - log p ,́ as tensões e os estados de densidade relativa da parte da curva do CSL foram considerados irrelevantes em aplicações práticas de engenharia. Os parâmetros de estado crítico Mc, λe e Γ deduzidos para os diferentes rejeitos estão muito bem alinhados com os dados de outros rejeitos em bancos de dados de referência (por exemplo, Smith et al., 2019). 4.3 Comportamento de dilatação do estresse Amostras densas foram evitadas para definir o CSL, pois podem não atingir o estado final, principalmente devido às densidades e deformações não uniformes da amostra que se desenvolvem se ocorrer localização de cisalhamento durante o teste. Porém, em modelos constitutivos baseados em plasticidade, os parâmetros de dilatância devem ser definidos. A dilatação do solo considera apenas as deformações volumétricas plásticas porque as deformações volumétricas elásticas são muito pequenas e, portanto, desprezíveis. Portanto, a tensão-dilatância de amostras densas em cisalhamento drenado está bem estabelecida como um aspecto fundamental do comportamento do solo (Been & Jefferies, 2011). Para tanto, foi testado um conjunto de amostras densas em condições drenadas para cada tipo de rejeito. Os equipamentos e procedimentos utilizados foram os mesmos descritos anteriormente, exceto pelo método de preparo, conforme Tabela 3. Resumo do programa de testes CSL para os três tipos de solo de rejeitos. Solo Estado de Preparação Tipo de teste Consolidação Tipo Doença p´(kPa) Tipo 1 Original Solto CID 50, 200, 400 Denso CID 100, 200 Evoluiu Solto CID 200, 500, 800 UIC 400, 800 (x2) Denso CID 100, 200, 400 Tipo 2 Original Solto CID 100, 200, 400 Evoluiu Solto CID 50, 100, 400, 800 UIC 400 Denso CID 200 Tipo 3 Original Solto CID 20, 200, 800 Evoluiu Solto CID 30, 100,200, 400, 800 UIC 600, 800, 1200 Denso CID 100 (x3), 200 Legenda: CID – ensaios drenados consolidados isotrópicos; CIU – ensaios não drenados consolidados isotrópicos. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 10/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 11 Figura 10. Características do estado crítico: (a) resultados no plano p ́- q do solo Tipo 1; (b) resulta em e - log p ́ plano do solo Tipo 1; (c) resulta no plano p ́- q do solo Tipo 2; (d) resulta em e - log p ́ plano do solo Tipo 2; (e) resulta no plano p ́- q do solo Tipo 3; (f) resulta em e - log p ́ plano do solo Tipo 3. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 11/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)12 as amostras foram compactadas estaticamente em uma estrutura de carregamento. Os caminhostensão-estado derivados dos ensaios triaxiais densos também estão representados na Figura 11. A Tabela 4 apresenta os valores de pico das tensões desviatórias e efetivas médias com seu correspondente índice de vazios. 5. Evidências da evolução do solo 5.1 Evolução do comportamento mecânico Durante este programa experimental, tornou-se evidente que o comportamento dos três tipos de rejeitos evoluiu, em termos do posicionamento do CSL no plano e - log p ́; isto é, em termos de compressibilidade no carregamento de cisalhamento. Este comportamento evolutivo foi observado pela primeira vez após testes em altas pressões (com tensões efetivas médias acima de 800 kPa) e, também, após testes em amostras densas (estaticamente compactadas em temperaturas muito baixas). índices de vazios) e podem ser atribuídos a dois fatores principais que afetam as partículas do solo, nomeadamente a evolução da classificação do solo e da morfologia das partículas (forma e rugosidade superficial). Este comportamento evolutivo foi relatado anteriormente por Bedin et al. (2012) em rejeitos de minério de ouro. Durante as fases de consolidação ou cisalhamento, o material pode evoluir devido à quebra ou esmagamento das partículas. Esses processos atuam como um moedor, aumentando o teor de finos e induzindo alterações na forma das partículas. O incremento no conteúdo de finos causa compressibilidade adicional e desloca para baixo a posição do CSL no plano e - log p ́, enquanto as mudanças na forma das partículas ajustam os parâmetros de estado crítico Mc, λe e Γ. Tais efeitos geram incertezas na posição da CSL. A evolução no comportamento dos três tipos de rejeitos só foi identificada no plano e - log p ́, afetando, portanto, apenas λe e Г, e não Mc (ver Tabela 5). Portanto, foram definidos dois CSL para cada tipo de rejeito, um correspondente a Tabela 4. Valores de pico durante o cisalhamento para os testes densos. Solo ID do teste Valores de pico Tipo Doença ṕpk qpk épico kPa kPa Tipo 1 Original Tx_T1_4 229 389 0.89 Tx_T1_5 414 634 0.87 Evoluiu Tx_T1_12 217 349 0.82 Tx_T1_13 448 740 0.77 Tx_T1_14 868 1392 0.77 Tipo 2 Evoluiu Tx_T2_9 465 782 0.72 Tipo 3 Evoluiu Tx_T3_12 194 278 1.08 Tx_T3_13 204 305 1.06 Tx_T3_14 205 317 1.01 Tx_T3_15 375 522 1.09 Figura 11. CSL dos três tipos de rejeitos em condições naturais e evoluídas na: (a) parcela q - ṕ; e (b) e - ln p ́ plano. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 12/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 13 o estado natural (original) e outro ao estado evoluído, conforme mostra a Figura 11. 5.2 Evolução da classificação Dadas as alterações observadas no comportamento do solo, em termos dos parâmetros do estado crítico, a partir de testes em solo natural (remoldado) e evoluído (solo reutilizado após teste), foi realizada uma série de análises de distribuição granulométrica para avaliar o efeito da britagem (ou quebra) e conseqüente geração de multas, em decorrência de testes da CSL. A Figura 12 ilustra a evolução da classificação dos três tipos de rejeitos. A partir destes resultados, a evolução do comportamento do rejeito Tipo 1 pode ser atribuída à quebra de partículas, o que aumentou o teor de finos da amostra e consequentemente a compressibilidade deste material. Entretanto, não foi observada britagem significativa nos rejeitos Tipo 2 e Tipo 3. Mudanças na morfologia das partículas também podem desencadear a evolução do comportamento do material (Cho et al., 2006; Yang & Luo, 2015). 5.3 Evolução morfológica A avaliação das alterações na morfologia das partículas pode ser feita pela observação cuidadosa de imagens microscópicas do solo em condições naturais (intactas) e evoluídas (após teste) e pela identificação de parâmetros morfológicos, como esfericidade, convexidade, rugosidade e aspecto razão. Para tanto, fotografias de microscopia eletrônica de varredura (MEV) dos três tipos de rejeitos, em condições naturais e evoluídas, foram tiradas e comparadas para observar alterações na morfologia das partículas. Como exemplo, fotos SEM de amostras naturais e evoluídas dos Tipos 1 e 3 são mostradas na Figura 13. Devido à natureza subjetiva da descrição visual, o formato das partículas de um determinado solo deve ser descrito em termos quantitativos, como parâmetros morfológicos, e uma técnica robusta de varredura a laser deve ser usada para fazer medições objetivas e precisas do formato das partículas. Este tema será abordado em trabalhos futuros. 6. Caracterização em diversos caminhos de tensão condições 6.1 Equipamentos e procedimentos específicos A liquefação por fluxo é um processo associado ao aumento da pressão dos poros, pelo qual a resistência ao cisalhamento é reduzida à medida que a tensão efetiva no solo se aproxima de zero e está intrinsecamente relacionada ao comportamento frágil não drenado do solo. Somente materiais contratuais têm a possibilidade de sofrer liquefação. Como o rompimento da barragem B1 envolveu o fenômeno de liquefação do fluxo, uma consideração adequada do comportamento não drenado do rejeito deve basear-se em testes que adotem um estado de tensão inicial representativo das condições in-situ (K0) e caminhos de carregamento de tensão específicos que ocorrem em as estruturas geotécnicas. Para tanto, um conjunto de testes não drenados consolidados anisotropicamente foram realizados em amostras soltas (e até mesmo densas) para retratar o comportamento de liquefação, amolecimento e encruamento dos três rejeitos. A Tabela 6 resume o programa de testes adotado para caracterização do comportamento não drenado para os três tipos de rejeitos. A correta caracterização da resistência de pico não drenada é de extrema importância no Tabela 5. Parâmetros de estado crítico para os três tipos de solo de rejeitos. Material Doença φcs (°) MC (-) E (-) C(-) Tipo 1 Original 35.0 1.42 0.053 1.24 Evoluiu 0.056 1.17 Tipo 2 Original 34.5 1.40 0.037 1.04 Evoluiu 0.051 1.06 Tipo 3 Original 33.6 1.36 0.054 1.43 Evoluiu 0.050 1.35 Observe que λe representa notação em logaritmo natural. Figura 12. Curvas de classificação dos três tipos de rejeitos em condições naturais e evoluídas. Comparação com outros solos da barragem de Brumadinho, conforme Relatório do Painel de Especialistas (EPR) (Robertson et al., 2019). 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 13/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)14 contexto dos cálculos de estabilidade, pois sinaliza o início da instabilidade (a incapacidade de uma amostra de solo de sustentar uma determinada carga ou tensão). Um aparelho triaxial tipo Bishop-Wesley totalmente automatizado, capaz de testar corpos de prova de solo com 50 mm de diâmetro, foi utilizado para realizar ensaios em diferentes condições de trajetória de tensões. Este aparelho triaxial pode aplicar independentemente tensões radiais e axiais sob deformação ou controle de tensão, permitindo a caracterização do solo sob qualquer combinação tensão-caminho, representativa do comportamento complexo de barragens de rejeitos. Além disso, foi equipado com transdutores piezoelétricos para medição de velocidades de ondas sísmicas (nomeadamente onda P e onda S) através de testes de elementos de flexão. As amostras foram preparadas em condições muito soltas (para replicar o processo de deposição na barragem de rejeitos ao longo dos anos de operação) utilizando as mesmas técnicas descritas anteriormente. Uma condição de saturação total com valores B superiores a 0,98 foi alcançada aplicando os mesmos procedimentos dos testes realizados para atingir o estado crítico final. A importância da saturação total é ainda mais pronunciada em testes não drenados,uma vez que o desenvolvimento da pressão da água nos poros depende fortemente da rigidez do fluido nos poros. As amostras foram consolidadas anisotropicamente em diferentes tensões efetivas médias com um coeficiente de pressão lateral da terra em repouso (K0) de aproximadamente 0,5. Diferentes taxas de cisalhamento não drenadas, incluindo controle de deformação e tensão, foram adotadas para avaliar os efeitos das condições de carregamento no comportamento Figura 13. Imagens SEM: Tipo 1 (a) natural; (b) evoluído; Tipo 3 (c) natural; (d) evoluiu. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 14/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 15 dos solos estudados, conforme referido na Tabela 6. A estimativa do índice de vazios final dos corpos de prova de solo foi realizada medindo o teor de água após os ensaios, porém o EOTSF não foi utilizado nos ensaios realizados no aparelho triaxial Bishop-Wesley por causa de o manuseio dessas células pesadas e evitar danos ao BE. Para estes testes, os corpos de prova foram cuidadosamente retirados da célula, evitando possíveis perdas de partículas de solo e água (Verdugo & Ishihara, 1996), que –se utilizados corretamente– podem ser igualmente precisos ao EOTSF (Viana da Fonseca et al., 2021). Um banco de dados contendo os resultados deste programa experimental avançado também está disponível na forma de dados suplementares a este artigo. 6.2 Comportamento anisotrópico não drenado Os caminhos de tensão e estado do teste realizado para avaliar o comportamento não drenado são apresentados na Figura 14. Neste programa de testes, todas as amostras soltas apresentam pressão positiva da água nos poros, revelando a tendência à resposta contrativa em uma ampla faixa de pressões confinantes, já para as amostras densas foi observado um comportamento estável. Algumas das amostras soltas apresentaram liquefação completa, com a anulação da tensão efetiva média e da tensão desviadora, enquanto outros sofreram severo amolecimento de deformação, mas sem liquefação total (ou seja, tensão efetiva zero), à medida que um estado crítico estável é alcançado. Na prática, ambos os mecanismos de instabilidade levariam a resultados catastróficos. Os testes não drenados apresentados na Figura 14 destacaram a fragilidade não drenada dos rejeitos. Os pontos de pico de força para aquelas amostras que experimentaram mecanismos de instabilidade permitiram a definição da linha de instabilidade (IL) no plano q - ṕ. A proporção de estresse ( )' pqpacote pacote qp ou = em que o pico é atingido é de cerca de 0,93, 0,94 e 0,89 para o tipo de rejeito 1, 2 e 3, respectivamente. A singularidade da linha de instabilidade no plano invariante de tensão é assumida para cada solo e, embora estes critérios tenham se mostrado úteis para cálculos de equilíbrio limite, são difíceis de implementar como restrições de calibração no contexto da modelagem numérica (Mánica et al., 2021 ). Do ponto de vista da implementação, o relação de resistência não drenada normalizada , 0 'você pk obs: S p = é preferido. Ele oferece um bom modelo de descrição da resistência de pico não drenado em materiais que exibem liquefação estática e é o Tabela 6. Resumo do programa de testes não drenados para os três tipos de solo de rejeitos. Solo ID do teste Tipo de teste Preparação Estado Consolidação Fase Fase de cisalhamento Tipo Doença K0 p'(kPa) Tipo Avaliar Tipo 1 Original SP_T1_1 CK0U Solto 0.5 100 Controle de estresse (q) 1kPa/min SP_T1_2 CK0U Solto 0.5 100 Controle de estresse (q) 1kPa/min SP_T1_3 CK0U Solto 0.4 200 Controle de estresse (q) 1kPa/min Evoluiu SP_T1_4 CK0U Denso 0.5 500 Controle de tensão 0,02 mm/min SP_T1_5 CK0U Solto 0.5 500 Controle de tensão 0,002 mm/min SP_T1_6 CK0U Solto 0.5 500 Controle de tensão 0,2 mm/min SP_T1_7 CK0U Solto 0.5 500 Controle de tensão 0,02 mm/min Tipo 2 Original SP_T2_1 CK0U Solto 0.5 100 Controle de estresse (q) 1kPa/min Evoluiu SP_T2_2 CK0U Solto 0.5 300 Controle de estresse (q) 1kPa/min SP_T2_3 CK0U Solto 0.5 400 Controle de tensão 0,02 mm/min SP_T2_4 CK0U Solto 0.5 400 Controle de tensão 0,002 mm/min SP_T2_5 CK0U Solto 0.5 400 Controle de tensão 0,2 mm/min SP_T2_6 CK0U Denso 0.5 400 Controle de tensão 0,02 mm/min Tipo 3 Original SP_T3_1 CK0U Solto 0.5 50 Controle de estresse (q) 1kPa/min SP_T3_2 CK0U Solto 0.5 100 Controle de estresse (q) 1kPa/min SP_T3_3 CK0U Solto 0.4 200 Controle de estresse (q) 1 kPa/min Evoluiu SP_T3_4 CK0U Solto 0.5 100 Controle de estresse (q) 0,1kPa/min SP_T3_5 CK0U Solto 0.5 100 Controle de tensão 0,2 mm/min SP_T3_6 CK0U Solto 0.5 100 Controle de tensão 0,02 mm/min SP_T3_7 CK0U Solto 0.5 100 Controle de tensão 0,002 mm/min SP_T3_8 CK0U Denso 0.5 100 Controle de tensão 0,02 mm/min Legenda: CK0U – ensaios não drenados consolidados anisotrópicos. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 15/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)16 razão entre o pico de resistência não drenado ( , 2 pacotes você pk qs = ) e a tensão efetiva média após a consolidação do solo (p ́0). A Figura 15 mostra as relações entre o não drenado a resistência de pico e a consolidação significam a tensão efetiva derivada dos ensaios de compressão triaxial não drenados que apresentam mecanismos de instabilidade. Os testes consolidados isotrópicos não drenados apresentados na seção CSL também foram adicionados para comparação. O interessante é que a razão de resistência não drenada normalizada não dependeu do tipo e condição do solo, mas sim da trajetória de consolidação, apresentando valores de Sp muito maiores para consolidação anisotrópica do que para isotrópica. A razão subjacente é que a estrutura do solo depende do caminho de deformação (Fourie & Tshabalala, 2005). Sp depende do tecido associado à anisotropia e à orientação das partículas. A figura mostra claramente que a relação de resistência de pico não drenado em relação à tensão efetiva média [(q/p ́)p] quando partindo de tensões de consolidação isotrópicas (K = σ ́hi/σ ́vi = 1) é consideravelmente menor, cerca de metade, que em condições anisotrópicas tensões de consolidação (K0 = σ ́ho/σ ́vo, neste caso assumido igual a 0,5). Assim, a condição de consolidação em repouso, assumida como representativa, deve ser considerada para a modelagem da TSF, uma vez que a resistência máxima não drenada, que indica o início da instabilidade do solo, depende do coeficiente in-situ de pressão da terra em repouso (entre outros fatores como rotação de tensão - ver Reid et al., 2022). Isto também demonstra o efeito distinto das condições de consolidação anisotrópica de tensão induzida no comportamento do solo, o que tem implicações de projeto tanto em cálculos de equilíbrio limite, especialmente quando conduzido em análises de tensões efetivas Figura 14. Caminhos não drenados no plano q - p ́ e e - log p ́ para os diferentes tipos de rejeitos. Figura 15. Relação entre pico de resistência não drenado e tensões de consolidação pré-cisalhamento. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 16/20 Viana da Fonseca et al. Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022) 17 (Fourie e Tshabalala, 2005), e na avaliação do estado do solo. Ao modelar o comportamento destes solos frágeis, o pico de resistência não drenado resultante dependerá do caminho específico pelo qual o critério de ruptura é alcançado (Mánica et al., 2021). Estudos avançam para esclarecimento desses fatores. 6.3 Avaliação da fluência ou dependência tensão-deformação Para avaliar o comportamento de fluência, os efeitos da taxa de deformação nos rejeitos foram medidossistematicamente nos diferentes materiais reconstituídos usando testes triaxiais controlados pela taxa de deformação. Para tanto, foram cisalhados três corpos de prova triaxiais de cada material sob o mesmo estado de consolidação (densidade e pressão de confinamento), nos quais a taxa de deformação não drenada foi sistematicamente variada na ordem de grandeza de 10%. Este conjunto de testes está identificado na Tabela 6 como SP_T1_5, SP_T1_6 e SP_T1_7 para o Tipo 1; SP_T2_3, SP_T2_4 e SP_T2_5 para Tipo 2; e SP_T3_5, SP_T3_6 e SP_T3_7 para Tipo 3. Os resultados dos testes são apresentados na Figura 16. O efeito observado é equivalente a uma mudança na resistência não drenada de 2% por ordem de grandeza da mudança na taxa de deformação. Este resultado experimental sugere que a magnitude dos efeitos medidos da taxa de deformação nos rejeitos foi sempre pequena e não previu um grande papel para os efeitos viscosos (ou “fluência”) na ruptura. O resultado experimental mostrado na Figura 16 sugere que a magnitude dos efeitos medidos da taxa de deformação nos rejeitos foi sempre pequena e não previu um grande papel para os efeitos viscosos (ou “fluência”) na falha. 7. Conclusões Este artigo descreveu a caracterização forense experimental da barragem de rejeitos de Brumadinho B1, um caso histórico, que rompeu repentinamente em 25 de janeiro de 2019 em Minas Gerais (Brasil). Esta caracterização detalhada compreendeu um programa experimental avançado utilizando amostras reconstituídas de três solos representativos da barragem de rejeitos de Brumadinho B1. Todos os ensaios aqui apresentados foram realizados no Laboratório Geotécnico do departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Portugal). Os resultados forneceram os parâmetros físicos, hidráulicos e mecânicos para a realização de simulações numéricas do comportamento do solo utilizando modelos constitutivos baseados na Mecânica do Estado Crítico dos Solos com Lócus de Instabilidade. Os resultados do programa são resumidos a seguir. ● Classes tipológicas representativas de solos consideradas representativas dos rejeitos armazenados na barragem foram definidas para esta pesquisa. Esta seleção incluiu um procedimento quantitativo baseado na análise e comparação da distribuição do tamanho das partículas e da gravidade específica dos resultados das partículas sólidas, levando a três clusters com diversos teores de ferro e finos; ● Foi observada uma evolução do comportamento mecânico dos rejeitos estudados nos três rejeitos estudados. A evolução do comportamento do solo causou compressibilidade adicional – representada por um deslocamento para baixo do CSL no plano e - log p ́. No entanto, isso não afetou o ângulo de atrito da resistência ao cisalhamento no estado crítico. Tal evolução foi atribuída a mudanças na morfologia das partículas do solo e na distribuição granulométrica após ensaios triaxiais, conforme evidenciado nas Figuras 12 e 13; ● A partir dos ensaios não drenados foi inferida uma linha de instabilidade para cada solo. Entretanto, uma comparação entre os resultados experimentais dos ensaios isotrópicos e anisotrópicos revelou maiores valores de resistência ao cisalhamento não drenado para os corpos de prova consolidados para K0, da ordem de 0,5. Isto indica que há um efeito significativo da anisotropia do solo no comportamento não drenado dos rejeitos de ferro da barragem Brumadinho B1; ● Testes conduzidos usando uma combinação sistemática de taxas de cisalhamento sob deformação e controle de tensão revelaram características de cisalhamento-deformação muito semelhantes para todos os estudos estudados. Figura 16. Avaliação da dependência tensão-deformação nos diferentes tipos de rejeitos. 29/12/2024, 16:31 PDF translate: HQFXR6DKF9Dvry5zDcY749d.pdf | Sider https://sider.ai/pdf-translate/E02NU8MXGB7?fid=0 17/20 A mecânica dos rejeitos de ferro a partir de testes laboratoriais em amostras reconstituídas coletadas post-mortem na Barragem I em Brumadinho Viana da Fonseca et al., Soils and Rocks 45(2):e2022001122 (2022)18 solos. Portanto, efeitos viscosos desprezíveis ou “fluência” foram observados no comportamento mecânico desses geomateriais. Agradecimentos Agradecimentos são especialmente devidos ao Prof. Marcos Arroyo e ao Prof. Antonio Gens, do CIMNE, que estiveram diretamente envolvidos na definição dos testes de laboratório para definir os parâmetros constitutivos necessários aos modelos utilizados nas análises numéricas. Isto foi feito no âmbito de um contrato entre o CIMNE e a VALE, SA, ao abrigo de um Termo de Cooperação do Ministério Público Federal (MPF). A FEUP, enquanto parceira do CIMNE, agradece a colaboração da VALE no terreno e o apoio do MPF, nomeadamente nas campanhas de amostragem. Por estes, devemos um agradecimento especial e pessoal ao Dr. Sebastião Oliveira (MPF) e ao Ing. Leonardo Mesquita (PF) pelo empenho na organização, execução e ilustração do trabalho de campo, que possibilitou o desafiante trabalho de recolha das amostras representativas e seu transporte para o LabGEO em condições seguras, conforme atestado pelos responsáveis da VALE, SA. Um amigável reconhecimento ao Prof. Antonio Mendonça da Universidade Federal de Minas Gerais (BH), pela preciosa e contínua dedicação aos trabalhos de amostragem e condicionamento, especialmente nas 2ª e 3ª campanhas. O trabalho experimental na FEUP e a interpretação dos resultados foi apoiado financeiramente pelo referido contrato entre o CIMNE e a VALE, e, conforme acordado com o MPF, integrou-se também nas atividades de investigação do CONSTRUCT – Instituto de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em Estruturas e Construção, financiada por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC), com o Financiamento Base –UIDB/04708/2020. Declaração de interesse Não aplicável devido à ausência de interesses conflitantes. Contribuições dos autores António Viana da Fonseca: Conceituação, Metodologia, Validação, Investigação, Recursos, Curadoria de dados, Redação - Rascunho Original e Revisão, Supervisão, Administração de projetos e Obtenção de financiamento. Diana Cordeiro: Conceituação, Metodologia, Análise formal, Investigação, Curadoria de dados, Redação - Revisão e Edição, Visualização. Fausto Molina-Gómez: Conceitualização, Análise formal, Investigação, Visualização, Redação – revisão e edição. Davide Besenzon: Análise formal, Investigação, Curadoria de dados, Redação – revisão e edição. António Fonseca: Metodologia, Investigação, Curadoria de Dados, Escrita, Visualização. Cristiana Ferreira: Análise formal, Visualização, Redação – revisão e edição. Lista de símbolos e proporção de vazios e0 índice de vazios inicial ecs índice de vazios em estado crítico épico razão de vazios no valor de pico da dilatação máxima k coeficiente de condutividade hidráulica ṕ0 significa estresse efetivo de consolidação ppk tensão efetiva média no valor de pico da dilatação máxima q estresse desviatório qpk estresse desviatório de pico com pk pico de resistência ao cisalhamento não drenado ASTM Sociedade Americana de Testes e Materiais B Coeficiente de pressão dos poros de Skempton SER Elementos Dobradores Bq índice de poropressão Índice de compressibilidade Cc Comitê Consultivo Independente Extraordinário CIAEA para Investigação CIMNE Centro Internacional de Métodos Numéricos em Engenharia CID Testes drenados isotrópicos consolidados UIC Testes não drenados consolidados isotrópicos CK0U Testes não drenados consolidados anisotrópicos CO2 Dióxido de Carbono CPTu Teste de Penetração Piezocone Cr Índice de recompressibilidade Cs Índice de expansão CSL Locus de Estado Crítico CSSM Mecânica do Solo em Estado Crítico Coeficiente de uniformidade de Cu EOTSF Congelamento de solo no final do teste EPR Expert Panel Technical Report FC Conteúdo de multas FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Gs Gravidade específica de partículas sólidas Eu Índice de tipo de comportamento do solo EU IA Identificação O Lócus de Instabilidade