Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Formação Docente 
Frente às Tendências 
Pedagógicas
Juliana Branco
Formação Docente 
Frente às Tendências 
Pedagógicas
2
Introdução 
Olá! Vamos iniciar nosso estudo. Você já pensou na importância de sua formação e 
de sua profissão? Esse conteúdo é essencial para sua formação, e serão abordados 
importantes temas relativos à capacitação do futuro professor. Aqui, o futuro professor 
poderá compreender a prática educativa e a importância da reflexão sobre a realidade, 
além de entender o conhecimento como condição para a emancipação humana.
Para isso, iremos ampliar as discussões sobre a formação docente e o compromisso 
com a formação cidadã; estudar aspectos legais para a profissionalização docente, 
discutir aspectos da semiprofissionalização e apontar demandas e críticas sobre o 
trabalho docente. Ao mesmo tempo, discutiremos sobre a Didática e a sua relação 
com as tendências pedagógicas. O estudo das tendências pedagógicas permite saber 
como cada uma delas pode interferir no processo de ensino e aprendizagem. 
Por fim, também abordaremos questões da profissionalização docente, da importância 
da formação continuada, das relações interpessoais, entre outros aspectos da 
formação cidadã. Desejamos boas descobertas!
Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
• Discutir a formação docente e o compromisso com a formação cidadã;
• Apresentar as tendências pedagógicas;
• Apontar demandas e críticas sobre o trabalho docente.
3
Formação Docente
De acordo com Martins (1991), na formação do futuro educador, deve-se considerar 
que o aluno tende a reproduzir (mesmo que inconscientemente) a forma com que 
seus professores se relacionam e contribuem para sua formação. Por essa visão, 
podemos entender que a relação professor-aluno é composta, sobretudo, por um 
contexto e uma vivência pregressa. É um conteúdo oculto no qual se aprende, muitas 
vezes, a submissão, o respeito às normas e a obediência, mesmo que de forma não 
intencional. Assim, mesmo que a teoria estudada indique que o professor deve ter 
uma relação afetuosa e de diálogo com os alunos, o que vivenciou na sua formação 
será mais forte e presente. 
O conteúdo de Didática trabalha o rompimento com os vícios aprendidos e busca 
discutir as melhores alternativas de alcance dos objetivos educacionais. Desse modo, 
a Didática, possui um papel importante no processo de ensino e aprendizagem e 
deve auxiliar a formação docente, sua forma de ensinar, que exprime uma atividade 
pedagógica, e de aprender, que envolve a realização de uma tarefa com êxito. Por essa 
perspectiva, a Didática deve possuir um valor ainda mais significativo para quem está 
do outro lado da docência: o discente. 
Figura 1 – Relação professor-aluno
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
Assim, a Didática não pode ser reduzida ao ensino de técnicas pelas quais se deseja 
desenvolver um processo de ensino e aprendizagem. Candau (2009) explica que as 
primeiras discussões sobre Didática, no Brasil, em cursos de formação de professores, 
4
eram acerca da técnica: planos, provas e aulas expositivas. O objetivo era que o futuro 
professor aprendesse técnicas para ensinar, que envolvia a metodologia e a sequência 
lógica dos conteúdos. 
Somente a partir da década de 1980 se inicia um movimento no país para romper essa 
lógica. Passamos a entender e a estudar a Didática e o ensino como uma prática social 
articulada e contextualizada a outras práticas dentro do contexto brasileiro. Nesse 
aspecto, há a preocupação e o compromisso de um ensino que também contemple 
interesses das camadas populares, que tenha compromisso com a democratização 
da escola pública e o entendimento da sala de aula como espaço próprio do saber 
didático-prático. 
Passamos a questionar a serviço de que e de quem se ensina. Esse é um movimento 
muito importante do fim do século XX, que conta com importantes educadores como 
José Carlos Libâneo, Dermeval Saviani, Paulo Freire, entre outros. Ainda segundo 
Candau (2009), há uma multidimensionalidade no processo de ensino e aprendizagem 
que deve envolver uma articulação técnica, política e humana, que elabore a reflexão 
didática a partir da análise e da reflexão sobre experiências concretas, procurando 
trabalhar continuamente a relação teoria-prática.
Veiga (1996) afirma que dificilmente um aluno consideraria um bom professor sem 
que este “[...] tenha condições básicas de conhecimento de sua matéria de ensino ou 
habilidades para organizar suas aulas, além de manter as relações positivas” (VEIGA, 
1996, p. 145). Isso nos mostra que, no cotidiano da sala de aula, o professor que 
consegue se aproximar dos alunos e que se preocupa em envolvê-los na aula para que 
possam assumir responsabilidades com compromisso e afeto é visto como o melhor 
professor. 
Sabemos que não são apenas os aspectos afetivos que são relevantes nessa relação. 
Os valores e as qualidades do professor que consegue fortalecer os laços com os 
alunos também estão presentes na forma como ele lida com os conteúdos e com a 
situação de aprendizagem.
Dessa forma, evidenciamos que a relação professor-aluno perpassa os conteúdos 
pela metodologia e pela forma com que o professor se relaciona com a sua disciplina 
e com a construção do conhecimento pelos alunos. Desse modo, a relação contempla 
a dedicação do professor em buscar formas mais atrativas de desenvolver sua aula 
e sua preocupação com as potencialidades e o desenvolvimento dos alunos. Além 
disso, essa relação é beneficiada pelas formas dialógicas de interação cativadas no 
cotidiano escolar.
5
Assista ao vídeo do professor Libâneo, Desafios do futuro, 
disponível no link.
Saiba mais
Consideramos que, entre as qualidades dos melhores professores, destacam-se: 
domínio do conteúdo; apresentação da matéria adequadamente; bom relacionamento 
com o grupo; clima positivo na sala; senso de humor; prazer de ensinar e capacidade de 
tornar a aula interessante. Entre alunos e professores, há expectativas em relação ao 
desempenho de cada um. A escola determina os comportamentos que deseja de seus 
integrantes, sendo também determinada pelas expectativas que a sociedade tem dela. 
O Ensinar e o Educar no Contexto da Formação 
Cidadã
O cenário nacional nos faz entender a importância da maior participação do cidadão 
nas decisões políticas que afetam toda população e na fiscalização dos recursos 
públicos. Nesse contexto, o papel da escola pode ser o de conscientizar sobre o papel 
do indivíduo na sociedade democrática. Cabe à educação estimular a participação e 
incentivar a experimentação para o pensar e o agir. Esse pode ser o ideário educacional 
da contemporaneidade.
Mas como fazer isso? Quais os meios e as alternativas plausíveis? Uma maneira de 
provocar o pensar, o fazer, o experimentar e o exercer a criatividade nos educandos é 
o trabalho com projetos. 
Projetos didáticos podem ser trabalhados em todos os níveis de ensino. Por meio do 
desenvolvimento de projetos, é possível experimentar, questionar e imaginar. O papel 
do docente será de mediador, de incentivador da aprendizagem, de questionador. 
Caberá aos educandos a pesquisa, a descoberta e a construção de um produto, 
isso porque um bom projeto é aquele que cria possibilidades de interação entre os 
educandos, os quais discutem, decidem, dialogam, resolvem conflitos e estabelecem 
regras e metas.
Desse modo, o trabalho com projetos exige planejamento detalhado sobre cada fase, 
os recursos que serão necessários, o tempo de execução e os resultados pretendidos. 
Esse planejamento permitirá ao docente uma melhor organização de sua prática, 
https://goo.gl/BQqK2Q
6
pois, ao planejar, o professor reflete sobre sua atuação e os objetivos que almeja, 
demonstrando uma intencionalidade no processo. 
Trabalho Docente: Questões da Profissionalização
Segundo Branco (2008), debates sobre a melhoria da qualidade da educação 
entendem a profissionalização do magistério como o caminho para a conquista de 
direitos:“Investir e incentivar a formação continuada dos docentes é condição para a 
profissionalização do magistério, pois a formação é uma das categorias necessárias 
para essa profissionalização”; e, junto a isso, Veiga (apud BRANCO, 2008) atribui à 
profissionalização um meio de elevação do prestígio social do docente. 
Nesse debate, insere-se a questão da valorização do magistério, de políticas de 
formação inicial e continuada para docentes, fortalecimento dos planos de carreira, 
melhoria em salários e condições de trabalho. Para Veiga (1998), o “processo de 
profissionalização envolve o esforço da categoria para efetivar uma mudança tanto 
no trabalho pedagógico que desenvolve quanto na sua posição na sociedade” (VEIGA 
apud BRANCO, 2008, p. 87). 
Com vistas à profissionalização docente, instituições públicas e privadas, sindicatos, 
sociedade, agências de fomento, associações científicas, entre outros, devem unir 
esforços para uma melhor formação de professores e melhores condições de trabalho 
para a categoria. 
Definição de Projeto Didático: conjunto de atividades que abordam 
conhecimentos específicos, construídos a partir de um eixo 
curricular, e que se organiza a partir de um problema e se chega a 
um produto final. 
Curiosidade
Nóvoa (1992) citado por Branco (2008) também nos traz a reflexão de que a formação 
é o meio de profissionalização docente. O autor expõe que:
[...] a formação para professores pode desempenhar um papel importante 
na configuração de uma “nova” profissionalidade docente, estimulando a 
emergência de uma cultura profissional no seio do professorado e de uma 
cultura organizacional no seio das escolas. (NÓVOA apud BRANCO, 2008, 
p. 24).
7
Dessa forma, quando o Estado exige que o professor tenha uma licença, ou seja, uma 
autorização para ensinar, ele influencia a profissionalização docente. Isso porque 
essa autorização é concedida por meio da realização de cursos, sobretudo, os de 
licenciatura. 
Temos, portanto, que nos preocupar com a formação docente e sua profissionalização, 
pois, enquanto há perda de prestígio e pouca preocupação com os parâmetros de 
formação, a docência pode ser considerada uma semiprofissão. E não é isso que 
queremos: nossa luta é por uma formação de qualidade e políticas públicas que 
estabeleçam parâmetros para essa qualidade. Tais parâmetros estão nas exigências 
em relação a itens como currículo obrigatório, carga horária, estágio supervisionado, 
reconhecimento de cursos e instituições, entre outros.
Tendências Pedagógicas
O estudo das tendências pedagógicas nos permite conhecer características de 
correntes pedagógicas de diversos autores. Esse estudo nos leva a pensar acerca dos 
contextos educativos, da compreensão do homem e do mundo, da relação escola e 
sociedade. A partir disso, podemos entender melhor o papel do docente, do discente 
e da escola. Você já ouviu falar em Pedagogia Tradicional? Será que ela está presente 
em sua vida acadêmica? 
Ao conversar com colegas docentes, percebemos que a Pedagogia Tradicional ainda 
está enraizada em nossa sociedade. Basta entrarmos em uma escola atual para 
verificarmos que ela reproduz o mesmo sistema da época dos nossos avós. A escola 
tradicional não se preocupa com os espaços físicos da sala de aula, os quais são 
compostos apenas por carteiras, lousa e cortinas. De acordo com Mizukami (1985), 
nessa perspectiva, quando o professor realiza seu trabalho, não há preocupação com 
os interesses dos alunos. O foco está no conteúdo, que precisa ser transmitido. Desse 
modo, para “avançar”, é necessário um ensino rígido e coercitivo. Aqui, o aluno é mero 
depositário do conhecimento.
A metodologia na abordagem tradicional é transmitida por meio de aulas expositivas 
e fundamentadas em quatro pilares: escute, leia, decore e repita. Dessa maneira, 
Mizukami (1985) citada por Behrens (2005) salienta: 
A reprodução dos conteúdos feita pelo aluno de forma automática e 
sem variações, na maioria das vezes, é considerada como um poderoso 
8
e suficiente indicador de que houve aprendizagem e de que, portanto, o 
produto está assegurado. (MIZUKAMI apud BEHRENS, 2005, p. 43).
Nesse sentido, o professor repassa os estudos por meio de fórmulas prontas, 
ordenadas e desvinculadas entre os conteúdos. A metodologia valoriza a sequência 
lógica e a ordenação dos conteúdos. Assim, cabe ao aluno escutar, assimilar, decorar 
e repetir. Libâneo (1992) caracteriza essa abordagem como Pedagogia Liberal.
A partir da discussão realizada no conteúdo, pesquise e reflita a 
partir da seguinte questão: como o professor pode contribuir para 
motivar os alunos, favorecendo, assim, a relação professor-aluno 
e, consequentemente, o processo de ensino e aprendizagem? 
Reflita
Outra abordagem pedagógica apresentada por Mizukami (1985) é a abordagem 
comportamentalista. Segundo a autora, essa abordagem tem foco no conhecimento, 
o qual molda os comportamentos sociais. Desse modo, entende-se que os sujeitos 
são manipulados pela sociedade e são produtos do meio. Essa abordagem pode ser 
comparada com a tendência liberal e a tecnicista.
A ênfase está nos meios ou mídias: recursos audiovisuais, instrução programada, 
tecnologias de ensino, ensino individualizado (módulos instrucionais), “máquinas de 
ensinar”, computadores, hardwares e softwares. Há necessidade de condicionamento. 
Os comportamentos desejados serão trabalhados de forma a permanecer nos 
alunos, que serão condicionados para realizar determinada tarefa e terem certo 
comportamento. Saviani (1983) caracteriza a abordagem como Pedagogia Tecnicista.
A terceira tendência discutida por Mizukami (1985) é denominada abordagem 
humanista. Ela apresenta uma mudança, pois o ensino passa a ser centrado no aluno, 
em que o enfoque é interacionista no sujeito objeto. Nesse sentido, há preocupação 
com as relações interpessoais e o crescimento do indivíduo. Para isso, o professor 
tem papel de facilitador da aprendizagem.
A abordagem cognitivista se preocupa com um ensino que desenvolva a inteligência por 
meio do construtivismo interacionista ao criar uma ligação com a concepção piagetiana 
(MIZUKAMI, 1985). Saviani (1983) enquadra essa abordagem à Pedagogia Nova. 
9
A tendência escolanovista privilegia a autoavaliação e busca metas pessoais, 
desenvolvendo a valorização pessoal, a atividade de pesquisa do aluno e o clima 
psicológico e social da escola e da sala de aula. Esse movimento se desenvolveu 
nos Estados Unidos, a chamada Pedagogia Progressista, a qual teve como principal 
representante John Dewey (1859-1952). Essa abordagem, proposta por volta de 1930 
por educadores do “Movimento da Escola Nova”, em especial por Anísio Teixeira, 
apresenta-se como uma reação à abordagem tradicional. 
A abordagem escolanovista aparece como revolucionária para a época e traz uma 
visão psicológica para a educação. Libâneo (1992) e Saviani (1983) também entendem 
essa abordagem como Escola Nova, classificando a como Pedagogia Liberal, em 
sua versão renovada progressista, pois entendem que faz parte dessa concepção o 
aprender a aprender.
Na Pedagogia Renovada, o aluno se torna o centro do processo de ensino e 
aprendizagem. Ele aprende pela descoberta e iniciativa, sendo responsável por trilhar 
e escolher seus caminhos por meio de experiências significativas. É concebido 
como um indivíduo que se autodesenvolve. Assim, o aluno passa a ser auxiliado pelo 
professor, que é visto como um facilitador da aprendizagem. O educador facilita aos 
alunos a exposição de seus sentimentos, garantindo-lhes o desenvolvimento e o 
relacionamento interpessoal e estimulando, assim, a curiosidade e a autodisciplina.
Por fim, Mizukami (1985) traz à tona a abordagem sociocultural, que reflete a 
abordagem interacionista entre o sujeito e o objeto de conhecimento. A escola é vista 
como via única para a educação formal e, ao mesmo tempo que trabalha conteúdos, 
precisa provocar uma atitude crítica reflexiva. Segue os passos pregados por Paulo 
Freire, na ênfase daeducação popular e da alfabetização de jovens e adultos.
Libâneo (1992) classifica essa abordagem como Pedagogia Progressista, em sua 
versão libertadora, pois há preocupação com o desenvolvimento do processo de 
aprendizagem formal e não formal. Para Saviani (1983), é um importante avanço, uma 
vez que se discute a educação e o problema da marginalidade. 
Podemos imaginar que o contexto escolar sofre variações de acordo com cada 
tendência. Vamos compará-las? Observe a seguir algumas características:
10
Tendência 
tradicional
Tendência 
comporta-
mentalista
Tendência 
humanista
Tendência 
cognitivista
Tendência 
sociocultural
 A escola
É lugar idea-
lizado para a 
realização do 
processo edu-
cativo. 
Tem organiza-
ção e função 
definidas por 
normas rígidas. 
Seu objetivo 
é preparar os 
educandos 
para a socie-
dade.
Segue um mo-
delo empresa-
rial aplicado à 
escola. 
Há divisão cla-
ra: de um lado, 
a gestão e o 
planejamento, 
de outro, a 
execução.
Lugar para to-
dos: “espaço 
democrático”.
Há preocupa-
ção com o de-
senvolvimento 
e a autonomia 
do aluno.
Deve ser um 
local que per-
mita ao aluno 
aprender por si 
próprio. Para 
isso, o am-
biente precisa 
ser desafiador 
e favorável à 
motivação do 
aluno.
Para que ocorra 
a aprendiza-
gem, a escola 
precisa ser 
organizada, 
funcionar bem 
e proporcionar 
os meios para 
que a educação 
ocorra de modo 
planejado.
O aluno
É passivo, 
deve assimilar 
os conteúdos 
transmitidos 
pelo professor. 
É fundamental 
que domine 
o conteúdo 
transmitido 
pela escola.
É quem rece-
be e trabalha 
com o mate-
rial preparado. 
Precisa 
entender os 
problemas 
da realidade 
e lidar com 
eles “cienti-
ficamente”, 
somente des-
se modo será 
produtivo.
É quem rece-
be e trabalha 
com o mate-
rial preparado. 
Precisa 
entender os 
problemas 
da realidade 
e lidar com 
eles “cienti-
ficamente”, 
somente des-
se modo será 
produtivo.
É ativo, obser-
va, experimen-
ta, compara, 
relaciona, 
analisa, levan-
ta, hipóteses, 
argumenta, 
etc.
É visto como 
ser social e 
político.
Determina e 
é determina-
do pelo meio 
social, político, 
econômico e 
individual. 
Desse modo, 
deve ser capaz 
de operar cons-
cientemente na 
realidade.
O profes-
sor
Transmite 
conteúdos e é 
autoritário.
Seleciona, 
organiza 
as práticas 
pedagógicas 
e está preo-
cupado com 
a eficiência e 
a eficácia do 
ensino.
É facilitador 
do processo 
de aprendiza-
gem.
Seu papel é 
instigar. Para 
isso, cria 
situações 
desafiadoras e 
orienta. Traba-
lha a
reciprocidade 
e a coopera-
ção.
Direciona e con-
duz o processo 
de ensino e 
aprendizagem. 
A relação entre 
os envolvidos 
é horizontal: to-
dos aprendem e 
podem ensinar.
11
Ensino e 
aprendi-
zagem
Há uma se-
quência rígida 
de conteúdos 
a seguir. As 
aulas são expo-
sitivas, com 
exercícios de 
fixação, leituras 
e cópias.
Há maior 
preocupação 
com os meios, 
os recursos 
audiovisuais e 
as tecnologias 
utilizadas para 
o ensino. 
Seguem-se 
módulos 
instrucionais. 
Os comporta-
mentos serão 
condicionan-
tes e reforça-
dores.
Há preocupa-
ção com o alu-
no, pois visa 
ao seu desen-
volvimento 
psicológico. 
Desse modo, 
selecionam-se 
conteúdos 
a partir dos 
interesses dos 
discentes. 
Há ênfase na 
autoavaliação.
Há preocu-
pação em 
desenvolver 
a inteligência 
do aluno de 
acordo com 
o contexto 
social. 
A inteligência 
é desenvolvi-
da por meio 
da troca com 
o meio. Para 
isso, utilizam-
-se ações do 
sujeito. Traba-
lham-se o erro, 
a pesquisa, a 
investigação 
e a solução 
de problemas, 
com enfoque 
no “aprender 
a pensar”. 
Trabalham-se 
jogos e sen-
timentos de 
equipe.
Trabalha-se 
com situações 
concretas 
a partir do 
contexto social 
do discente. 
Assim, objeti-
va-se o alcance 
da consciência 
crítica por parte 
dos alunos. 
Ressaltam-se 
o diálogo e os 
grupos de dis-
cussão. 
Quadro 1 - Tendências: diferenças entre as abordagens
Fonte: Adaptado de Mizukami (1985).
Como você pôde notar até aqui, sempre que há discussão sobre Didática, há reflexão 
sobre as tendências pedagógicas, pois é um conteúdo que estuda o processo de ensino 
e aprendizagem, considerando os objetivos educacionais, os conteúdos, os métodos 
e as formas de organização do ensino. O processo de ensino e aprendizagem deve ser 
estudado sob variadas perspectivas, e esse é um papel importante da Didática para 
a formação docente. Quando falamos em ensinar, falamos de práticas pedagógicas 
e, quando falamos em aprender, precisamos lembrar que é preciso realizar algo com 
êxito, de forma a alcançar determinado objetivo.
O caminhar pedagógico no leva ao entendimento de que, no processo educacional, 
o aluno não é um mero receptor de conteúdos, mas, sim, um sujeito histórico e um 
construtor de seu conhecimento por meio de competências e habilidades que devem 
ser desenvolvidas também pelo sistema escolar. Para que isso se efetive, o docente 
tem papel fundamental, pois, ao interagir com os alunos, irá construir práticas e meios 
que buscam conhecimento.
12
Mizukami (1985) enfatiza que a escola é o agente transformador da educação formal 
por meio de suas atividades socioeducativas. O fenômeno educativo é humano, 
histórico e dimensional, entendido por nós como um fenômeno em constante 
construção do conhecimento, de competências e de habilidades. Vimos que a relação 
professor aluno é fundamental no processo de ensino e aprendizagem, precisa ser 
afetuosa e permitir o dialógico. 
Ao compreender a prática do professor como uma atividade 
pedagógica, faz-se necessário entender e buscar os seguintes 
objetivos:
1. Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro 
possível dos conhecimentos científicos;
2. Orientar as tarefas de ensino para fins educativos de formação 
de personalidade, isto é, auxiliar os alunos a escolherem um 
caminho na vida;
3. Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam 
capacidades e habilidades intelectuais, de modo que dominem 
métodos de estudo, visando à sua autonomia no processo de 
aprendizagem e formas de organização do ensino.
Fonte: Adaptado de Libâneo (1992).
Atenção
Na perspectiva de Libâneo (1992), para que o professor possa atingir efetivamente os 
objetivos, é necessário um conjunto de operações didáticas, tais como: planejamento, 
direção do processo de ensino e aprendizagem e avaliação. Essas são algumas das 
atribuições de que precisa o docente para o desempenho de suas tarefas e que formam 
o campo e o objeto de estudo da Didática. Portanto, o conteúdo em questão fornece 
um apoio essencial à formação dos professores, possibilitando conhecimentos 
específicos para o exercício pleno e com qualidade na sua profissão.
Essa mudança de postura na relação professor-aluno, do ensino tradicional para 
um ensino dialogado e não transmissivo, ocorre no fim dos anos 1970 e princípio 
dos anos de 1980. Há mudança de paradigma decorrente dos movimentos sociais. 
Aqui, o professor é mediador entre o saber sistematizado e os envolvidos na prática 
educativa. Nesse sentido, aproveitamos para lembrar o que afirma Candau (2010) 
13
sobre o papel do professor nessa relação: “a sua ação deve estar fundada a partir de 
uma premissa: a reconstrução do conhecimento pelo aluno.” (CANDAU, 2010, p. 76). 
O que isso quer dizer? Que o professor deve negar a transmissão de conceitos, regras 
e noções abstratas que não tenham semelhança com a realidade da qual alunos e 
professor fazem parte.
Outro ponto importante que merece destaque quando se trata da relação professor-
aluno é a de que o professor possui saberes que resultam da apropriação sobre o que 
realizou em sua prática de vida e dos saberes histórico-sociais acumulados. Ele não é 
só fruto da vida na escola. Assim, as relações que estabelece com os alunos partem 
das suas experiências pessoais e também da sua história de vida.
Sabemos também que motivar os alunos não é uma tarefa simples. Algumas vezes, 
o professor conhece as teorias e as técnicas que pode aplicar para motivar asaprendizagens, mas ele mesmo não está motivado para isso. Consequentemente, os 
alunos sentem essa desmotivação do professor e acabam também não demonstrando 
entusiasmo pela matéria ensinada.
Nesse contexto, outras situações que podem ser prejudiciais se referem à insatisfação 
de necessidades que se sobressaem à necessidade de conhecimentos, por exemplo, 
um aluno com fome ou muito cansado pode ter menos motivação. Um aluno que está 
com problemas familiares ou se sente isolado da turma na escola também pode não 
ter motivação para aprender. Desse modo, o olhar atento do professor, que busca 
construir uma melhor relação professor-aluno e favorecer o processo de ensino e 
aprendizagem de todos, é fundamental. Precisamos ter em mente que o discente é 
“[...] um ser historicamente situado, pertencente a uma determinada classe, executor 
de uma prática social com interesses próprios e que não pode ser ignorado pela 
escola.” (TAVARES, 2011, p. 99).
14
Conclusão
Refletindo sobre a trilha que percorremos, fica claro que a formação docente transcende 
a simples aquisição de conhecimentos. Este conteúdo ressaltou a relevância da 
prática educativa e da reflexão contextualizada para forjar um educador completo. 
A compreensão de que o conhecimento é uma ferramenta de emancipação humana 
representa uma fundação sólida para moldar a maneira como você irá orientar seus 
alunos no futuro.
Exploramos as complexidades da profissão docente, abordando desde as nuances 
legais que a cercam até as críticas e demandas sobre o trabalho docente. A análise 
das tendências pedagógicas proporcionou conhecimentos sobre como diferentes 
abordagens podem influenciar o processo de ensino e aprendizagem. Essa 
compreensão diversificada é um trunfo valioso que você levará consigo ao entrar na 
sala de aula.
À medida que expandimos os horizontes, reforçamos a importância contínua da 
formação. A profissionalização docente não é uma etapa estática, mas uma jornada de 
desenvolvimento constante. A exploração das relações interpessoais e a compreensão 
da formação cidadã atestam a complexidade e a abrangência do papel do educador 
na sociedade.
Referências
BEHRENS, M. Paradigma da complexidade, metodologia e portfólios. Petrópolis: 
Vozes, 2005.
BRANCO, J. C. S. A educação a distância para o professor em serviço. 2008. 157 
f. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) – Centro Federal de Educação 
Tecnológica, Belo Horizonte, 2008.
CANDAU, V. M. A Didática em questão. Petrópolis: Vozes, 2009.
CANDAU, V. M. Rumo a uma nova didática. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. 
LIBÂNEO, J. C. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1992.
MARTINS, P. L. O. Didática teórica/didática prática: para além do confronto. 2. ed. São 
Paulo: Loyola, 1991.
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino-aprendizagem: as abordagens do processo. São Paulo: 
EPU, 1985.
SAVIANI, D. Educação e democracia. São Paulo: Cortez, 1983.
TAVARES, R. H. Didática geral. Belo Horizonte: UFMG, 2011.
VEIGA, I. P. A. Repensando a didática. 12. ed. campinas: Papirus, 1996.

Mais conteúdos dessa disciplina