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O cenário da avaliação no ensino de Ciências, História e Geografia Em conformidade a Hoffmann (2003, p.45), "a avaliação da aprendizagem são termos que assumem múltiplas dimensões porque estão atrelados a diferentes concepções". Como princípio, podemos apontar que avaliar está relacionado com a questão de atribuir um valor a algo, assim como perceber as várias dimensões de qualidade acerca de uma pessoa, objeto, fenômeno ou situação. Estes juízos de valor podem ser negativos ou positivos para quem avalia, portanto, no sentido de superar valorações negativas, o professor com sua prática pedagógica deve conceber que a avaliação e o ensino devem ocorrer de forma conjunta, uma vez que se planeja e replaneja para atender as especificidades que compõem cada área curricular e, conseqüentemente, os conteúdos programáticos. Neste sentido, para ocorrer aprendizagem concomitante ao ato avaliativo, é preciso conceber que a aprendizagem possui várias áreas de saberes, e o professor deve refletir sobre suas várias dimensões em sua prática pedagógica, focando-se na perspectiva interdisciplinar. Os elementos de aprendizagem numa perspectiva interdisciplinar devem orientar uma revisão da prática pedagógica do professor ao atentar para as atividades/ trabalhos pedagógicos solicitados aos alunos. Segundo Hoffmann (2003:48), o professor em sua prática pedagógica deve considerar que os alunos ao ser encorajados em sua "sua curiosidade acerca de sua própria realidade", estão sendo considerados como aprendizes pesquisadores e protagonistas das próprias questões de estudo. Os alunos ao ser atentamente ouvidos a respeito do tema que compõe os conteúdos programáticos, são encorajados em termos de sua curiosidade acerca da própria realidade, encaminhando-se a pensar na concepção, por parte do professor e deles enquanto aprendizes pesquisadores. Com isso, o professor, ao propor trabalhos/ atividades, deve entender a necessidade de compor um cenário educativo instigador. Neste cenário educativo instigador, a curiosidade, a pesquisa, a expressão própria do estudante devem fazer-se presentse correspondendo a um cenário avaliativo igualmente investigativo. Assim, um cenário investigativo, desafiador, em que os alunos deixam de ser meros receptores de informação, pode se constituir em lócus privilegiado para o professor da disciplina, ocorrendo uma adequação entre o cenário educativo e o contexto avaliativo. Para a construção de aprendizagens significativas na área de história e geografia, Hoffmann (2003: 50-51), aponta algumas recomendações. Ela aponta, que estas recomendações são de extrema importância na prática pedagógica do professor, pois auxiliam o professor na construção de aulas interessantes que conduzem a aprendizagens significativas pelo aluno. Acompanhar verdadeiramente os múltiplos significados construídos pelos alunos, a expressão própria de conceitos, das dúvidas, dos interesses transdisciplinares decorrentes dos estudos realizados; Revisar os modelos avaliativos inseridos no contexto escolar; Propor modelos avaliativos, com ocorrência processual, articulado e interrelacionado com outras disciplinas e séries; Elaborar correções conjuntas das avaliações realizadas, como de áreas deconhecimento diferentes; Utilizar os resultados avaliativos para uma revisão constante do planejamento. Portanto, utilizar estas recomendações a todas as áreas do currículo escolar se constitui em encaminhamentos rumo a aprendizagens significativas, uma vez que o aluno, ao sentir-se parte do processo educativo e valorizado pelo professor com tal propositiva, melhor aprenderá. E o professor, ao revisar sua prática pedagógica, encaminhar-se-á para uma práxis ressingnificada e refletida. A avaliação na disciplina de Historia e Geografia, segundo Hoffmann (2003: 51-2), deve focar e valorizar principalmente expressões singulares de noções de tempo e lugar, construídas pelos alunos. O aprender a ser, a convivência em espaços de pertencimento devem permear as atividades/ trabalhos solicitados pelo professor aos alunos, no sentido de permitirem seus posicionamentos. Para tanto, estas atividades/ trabalhos devem preferencialmente ser realizados nas formas dissertativas, tais como a produção de narrativas e textos. Portanto, fica evidente a existência da inter-relação das áreas de estudo, com as disciplinas de língua portuguesa, filosofia, artes e outras. Com isso, as atividades/ trabalhos precisam resultar em encaminhamentos interdisciplinares. A defesa desta dimensão interdisciplinar está respaldada na perspectiva de que cada uma das áreas de conhecimentos necessita de saberes construídos em seu lócus individual e que ao longo do processo de ensino e aprendizagem compõem o coletivo ensinado no sistema educativo. A avaliação na disciplina de ciências segundo Hoffmann (2003:53) deve focar-se em questões de equilíbrio entre as questões conceituais e as experiências propostas. Severas críticas têm sido feitas no sentido de superar práticas pedagógicas e avaliativas que enfoquem somente uma das questões. Nos sistemas de ensino, a avaliação na disciplina de ciências precisa rever práticas em que se privilegie a dimensão teórica em forma de "decoreba", ou somente as experiências de laboratório ou em ambientes naturais. O equilíbrio entre essas duas questões faz-se pertinente no sentido de que para o aluno aprender significativamente determinados conteúdos programáticos é necessário que ele ressignifique questões práticas com as questões teóricas. Assim, alguns princípios são considerados universais ao conceber a avaliação mediadora conforme Hoffmann (2003: 107-72), dentre eles apontam-se para a necessidade de conceber a avaliação como um projeto de futuro, no sentido de garantir uma aprendizagem para toda a vida; entender que valor e/ ou qualidade da aprendizagem são parâmetros sempre subjetivos e arbitrários e, portanto, devem se constituir em temas de reflexão e consenso no coletivo dos professores e dos alunos; é preciso acreditar que toda a aprendizagem se dá na relação de saber consigo mesmo, com os outros e com os objetivos do saber. Portanto, desenvolver uma prática avaliativa, de modo a privilegiar a expressão própria do pensamento do aluno e a oportunizar-lhes vivências em ambientes interativo nas múltiplas e ricas fontes de informação sobre os objetos do saber, conduz-nos a aprendizagens significativas e bem-sucedidas. REFERÊNCIA BERRUTTI, Lizelle de Moura. "Aprendiz de professor I: observando aulas de Biologia". In: OLIVEIRA, Daisey Lara de (Org). Ciências em salas de aula. Porto Alegre: Mediação, 1999. p. 59-74. ESTEBAN, Maria Teresa. Escola, Currículo e Avaliação. São Paulo: Cortez, 2003. JANSSEN, Felipe, HOFFMANN, Jussara, ESTEBAN, Maria Teresa. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre; Mediação, 2003. HOFFMANN, Jussara. Avaliação – mito & desafio: uma perspectiva construtivista. 11. ed. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1993. _______. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 3. ed. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1993. HOFFMANN, Jussara. "O cenário da avaliação no ensino de Ciências, História e Geografia." In: JANSSEN, Felipe; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, Maria Teresa. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre; Mediação, 2003.