Prévia do material em texto
A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 1 A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DO CONSTRUTIVISMO, APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA, EXPERIENCIAL E MULTISSENSORIAL. Simone Helen Drumond Ischkanian Gladys Nogueira Cabral Bruna Silva Felix Eliana Drumond de Carvalho Silva Giane Demo Thamirys Patricia Ramos da Costa Regina Daucia de Oliveira Braga Ediana Maria Cacau Oliveira Silvana Nascimento de Carvalho Sandro Garabed Ischkanian O presente artigo analisa a importância das principais teorias de aprendizagem – Construtivismo, Aprendizagem Significativa, Experiencial e Multissensorial – e como elas contribuem para o processo de alfabetização. A partir das perspectivas de Jean Piaget, Lev Vygotsky, David Ausubel, David Kolb e Howard Gardner, explora-se como o aprendizado ocorre de forma ativa, conectando-se a experiências e conhecimentos prévios. A integração das neurociências no contexto educacional é abordada, destacando como o conhecimento sobre o funcionamento do cérebro potencializa as práticas pedagógicas e promove uma alfabetização mais eficaz, o contexto ressalta a importância de estratégias multissensoriais e experienciais para atender às diferentes formas de aprendizagem, consolidando uma visão holística do desenvolvimento cognitivo. Palavras-chave: Construtivismo; aprendizagem significativa; neurociências; alfabetização; letramento; estratégias multissensoriais. This article analyzes the importance of the main learning theories – Constructivism, Meaningful Learning, Experiential Learning, and Multisensory Learning – and how they contribute to the literacy process. From the perspectives of Jean Piaget, Lev Vygotsky, David Ausubel, David Kolb, and Howard Gardner, it explores how learning occurs actively, connecting to experiences and prior knowledge. The integration of neuroscience into the educational context is discussed, highlighting how knowledge about brain functioning enhances pedagogical practices and promotes more effective literacy. The context emphasizes the importance of multisensory and experiential strategies to meet different learning styles, consolidating a holistic view of cognitive development. Keywords: Constructivism; meaningful learning; neuroscience; literacy; literacy development; multisensory strategies. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 2 1. INTRODUÇÃO A alfabetização é um dos pilares fundamentais no processo de desenvolvimento cognitivo e social dos indivíduos, e sua eficácia depende de uma série de fatores que envolvem tanto os aspectos pedagógicos quanto os biológicos do aprendizado. A constante busca por métodos mais eficientes e inclusivos levou ao desenvolvimento de várias teorias de aprendizagem que buscam compreender os processos mentais envolvidos na aquisição de habilidades de leitura e escrita. Nesse contexto, teorias como o Construtivismo, a Aprendizagem Significativa, a Aprendizagem Experiencial e a abordagem Multissensorial desempenham um papel crucial na formação de um ambiente educacional mais dinâmico e adaptado às necessidades dos alunos. Estas abordagens não apenas consideram os processos cognitivos como a construção ativa do conhecimento, mas também enfatizam a conexão entre o aprendizado e as experiências anteriores dos alunos, oferecendo um espaço para a integração de novas informações. O Construtivismo, como proposto por Jean Piaget, vê o conhecimento como algo que é ativamente construído pelo indivíduo, não apenas transmitido de forma passiva. Piaget acreditava que o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da interação do sujeito com o ambiente, em um processo de adaptação contínua. Já Lev Vygotsky, com sua teoria socioconstrutivista, destacou a importância das interações sociais e do contexto cultural na aprendizagem, argumentando que o desenvolvimento da criança é amplamente influenciado pelo seu entorno social e pelas ferramentas culturais, como a linguagem, que facilitam a construção do pensamento. A interação com o meio social é, assim, um elemento central no processo de aprendizagem e alfabetização, pois promove o compartilhamento de experiências e o desenvolvimento de habilidades cognitivas através da mediação de adultos ou colegas mais experientes. Por sua vez, a Aprendizagem Significativa (AS), proposta por David Ausubel, coloca grande ênfase na importância do conhecimento pré-existente e na organização desse conhecimento para que novas informações possam ser significativas. Ausubel afirmou que o aprendizado acontece de maneira mais eficaz quando o novo conteúdo é relacionado de forma substancial a ideias já conhecidas pelos alunos. Esse processo de organização e contextualização das informações facilita a retenção e a aplicação do conhecimento, o que é particularmente relevante no contexto da alfabetização, onde é fundamental estabelecer conexões entre as palavras e os conceitos já presentes no repertório da criança. Aprendizagem Experiencial (AE), de David Kolb, por sua vez, destaca a importância da experiência direta no processo de aprendizagem. Segundo Kolb, a aprendizagem é um ciclo A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 3 contínuo que envolve a experiência concreta, a reflexão sobre essa experiência, a concepção abstrata e, por fim, a experimentação ativa. Esse ciclo é visto como fundamental para a construção do conhecimento, pois permite que os alunos se envolvam ativamente no processo, experimentando e refletindo sobre suas descobertas, o que facilita a internalização dos conteúdos. Essa abordagem, quando aplicada à alfabetização, sugere que as crianças devem ser envolvidas em atividades que vão além da simples leitura e escrita, incluindo práticas que permitam que elas interajam com as palavras e explorem seu significado de maneiras mais tangíveis e vivenciais. As estratégias multissensoriais, que incluem o uso de diferentes canais sensoriais (como a visão, a audição, o tato e o movimento), têm se mostrado fundamentais no processo de alfabetização. A utilização de abordagens multissensoriais permite que os alunos acessem diferentes formas de aprendizado, atendendo às diversas formas de processamento cognitivo, o que facilita a compreensão e a retenção dos conteúdos. Essas estratégias são especialmente eficazes para alunos com dificuldades de aprendizagem ou que necessitam de uma abordagem diferenciada para superar barreiras cognitivas. A integração das neurociências nesse contexto tem demonstrado como o cérebro processa e armazena as informações, proporcionando uma base científica para a utilização de técnicas pedagógicas que considerem a neuroplasticidade e as diferenças individuais de aprendizado. As descobertas no campo das neurociências, ao serem incorporadas nas práticas pedagógicas, oferecem um panorama mais preciso e fundamentado sobre como o cérebro aprende, o que tem grande implicação nas estratégias de ensino e na forma como os professores podem otimizar as metodologias de alfabetização. Sabe-se hoje que a leitura e a escrita ativam diferentes áreas do cérebro, e que a combinação de estímulos auditivos, visuais e cinestésicos pode fortalecer as conexões neurais, facilitando o aprendizado, o conhecimento sobre a importância das emoções no processo de aprendizagem reforça a necessidade de criar ambientes educacionais que promovam o bem-estar emocional dos alunos, visto que emoções positivas favorecem a retençãouma forma de A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 27 comunicação, mas também uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do pensamento. Vygotsky afirma que a criança internaliza os símbolos e as representações sociais durante suas interações com os outros, especialmente com os adultos e colegas. Isso ocorre, de forma gradual, por meio da comunicação social, em que o discurso do adulto serve de guia para a organização do pensamento infantil. Assim, a fantasia e a brincadeira não apenas representam a realidade, mas ajudam na construção de novos conceitos, por meio de simbolizações cada vez mais complexas. David Ausubel, conhecido por sua teoria da aprendizagem significativa, propõe que o conhecimento prévio do aluno é a chave para a construção de novos conhecimentos. Para ele, a aprendizagem ocorre quando o novo conteúdo se conecta de forma significativa aos conceitos que o aluno já possui. A brincadeira e a fantasia podem ser vistas, nesse contexto, como ferramentas que ajudam a criança a integrar novas informações de forma mais eficaz, criando um vínculo entre o que já é conhecido e o novo aprendizado. Ausubel acredita que a representação simbólica, construída pela criança, serve como uma ponte entre o mundo real e o mundo das ideias, facilitando o processo de aprendizagem. David Kolb, com sua teoria da aprendizagem experiencial, defende que o aprendizado se dá por meio de experiências concretas seguidas de reflexão. A brincadeira, a imitação e a fantasia são, nesse sentido, experiências concretas fundamentais para o desenvolvimento simbólico, pois permitem que a criança construa e reconstrua a realidade por meio de ações práticas e simbólicas. A representação, nesse modelo, surge quando a criança reflete sobre as experiências vividas e cria novas maneiras de expressar e compreender o mundo ao seu redor. Howard Gardner, com sua teoria das inteligências múltiplas, amplia a compreensão sobre a diversidade das formas de aprender. Para Gardner, a brincadeira e a fantasia podem ser vistas como expressões da inteligência emocional e da inteligência linguística, mas também estão relacionadas a outras formas de inteligência, como a espacial e a corporal-cinestésica. Ao considerar a multiplicidade de inteligências, é possível compreender como diferentes crianças podem construir símbolos de maneiras distintas, com base em suas preferências e habilidades individuais. A aprendizagem simbólica, assim, é uma experiência única e pessoal, que se adapta à forma de pensar e compreender de cada criança. A integração das neurociências no contexto educacional proporciona uma compreensão ainda mais profunda de como o cérebro humano funciona, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento simbólico. As práticas pedagógicas modernas devem, portanto, incorporar estratégias multissensoriais e experiencias que atendam às diferentes formas de aprendizagem das crianças, como sugerido pelos autores Ischkanian et al. (2025). A partir desse ponto de vista, a alfabetização deve ser tratada de maneira holística, levando em consideração não apenas a A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 28 aprendizagem de símbolos linguísticos, mas também a interação desses símbolos com as experiências vividas, as emoções e as representações internas das crianças. Isso promove uma aprendizagem mais rica e eficaz, que respeita as diferenças individuais e propicia uma evolução cognitiva mais completa e integrada. Tabela 5: A Construção do Símbolo na Infância (CSI): imitação, brincadeira, fantasia, imagem e representação. Aspectos Autores Jean Piaget (1971) Vygotsky (1987) David Ausubel (2003) David Kolb (1984) Howard Gardner (1983) Ischkanian et al. (2025) Imitação Piaget vê a imitação como um mecanismo fundamental no desenvolvimento simbólico. A imitação é uma das primeiras formas de representação e ajuda a criança a entender o mundo. Para Vygotsky, a imitação é um processo social. A criança internaliza comportamentos e representações culturais por meio da imitação. A imitação pode ser considerada como uma base para a aprendizagem significativa, conectando conhecimentos prévios à realidade do aluno. A imitação é uma experiência concreta que permite à criança refletir sobre as ações realizadas, favorecendo a construção de novas representações. A imitação pode ser uma expressão da inteligência linguística e corporal- cinestésica. Ela varia conforme as inteligências predominantes de cada criança. A imitação é vista como um meio de ativar a aprendizagem por meio da observação e de sua inserção em contextos pedagógicos, onde a criança reproduz comportamentos observados. Brincadeira Piaget considera a brincadeira como uma atividade essencial para o desenvolvimento simbólico. Ela envolve a reorganização de objetos do mundo real em símbolos. A brincadeira é uma forma de internalizar representações sociais. Para Vygotsky, ela ajuda a criança a desenvolver habilidades cognitivas e sociais. A brincadeira, associada ao aprendizado significativo, permite que as crianças conectem o que sabem ao que estão aprendendo, expandindo seus conceitos e a capacidade simbólica. A brincadeira reflete uma experiência de aprendizagem ativa. Ela envolve a criança em situações concretas que depois podem ser refletidas e transformadas em representações mentais. A brincadeira pode estar relacionada com diversas inteligências, incluindo a interpessoal e a intrapessoal, ajudando na construção de significado e desenvolvimento de habilidades sociais. A brincadeira pode ser vista como uma prática experiencial que permite à criança acessar o significado dos símbolos ao associá-los a suas próprias vivências. Fantasia Piaget vê a fantasia como um estágio do desenvolvimento simbólico, em que a criança cria representações mentais mais complexas e se distanciam da realidade. A fantasia, no olhar de Vygotsky, é um meio para a criança experimentar novas formas de pensamento e criar mundos fictícios que alimentam a criatividade. A fantasia é uma ferramenta para ampliar o conhecimento, conectando o mundo concreto com o imaginário, e ampliando o significado do que é aprendido. A fantasia também é uma forma de vivenciar experiências concretas, que ao serem refletidas, geram novas compreensões e representações. A fantasia se conecta com várias inteligências, como a criativa e a espacial, e é essencial para o desenvolvimento de novas formas de simbolização e resolução de problemas. A fantasia é abordada como um recurso pedagógico para estimular a criatividade e o pensamento simbólico das crianças, possibilitando uma nova visão do mundo. Imagem Piaget considera que a imagem é um tipo de símbolo, especialmente nas fases mais avançadas do desenvolvimento infantil, onde o Vygotsky acredita que a imagem tem uma função mediadora entre a criança e o mundo, facilitando a internalização A imagem, como forma de simbolização, é uma representação mental que pode ser ligada ao conhecimento Para Kolb, a imagem é resultado da reflexão sobre experiências vividas. Ao criar representações visuais, a A imagem pode se associarà inteligência visual-espacial, sendo um recurso importante para a representação simbólica, pois A imagem, como forma simbólica, está interligada ao processo de construção do significado, sendo essencial no A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 29 uso de imagens começa a se consolidar. de significados culturais. prévio, permitindo que a criança organize e compreenda melhor os novos conteúdos. criança organiza suas ações de forma mais clara e compreensível. permite ao aluno visualizar o mundo de diferentes formas. desenvolvimento cognitivo das crianças para a construção de representações mentais. Representação Piaget descreve a representação como uma forma de a criança recriar a realidade em sua mente, a partir das interações com o ambiente e das próprias experiências. Para Vygotsky, a representação simbólica é mediada pela linguagem e pelas interações sociais, e serve como um meio de internalização de conhecimentos culturais. A representação mental é uma forma que a criança utiliza para construir novos conhecimentos. Ausubel destaca a importância da representação para a aprendizagem significativa. Para Kolb, a representação simbólica é o resultado da experiência refletida, em que a criança cria modelos mentais para interpretar e organizar o mundo. A representação simbólica, em Gardner, envolve várias formas de inteligência, especialmente as linguísticas e espaciais, e é crucial para a construção de novos significados. A representação é vista como o processo de tornar experiências e conceitos acessíveis por meio de simbolizações, e é essencial para a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo. Fonte: ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025). A tabela compara como diferentes teóricos abordam aspectos da construção do símbolo na infância, incluindo imitação, brincadeira, fantasia, imagem e representação. Cada autor fornece uma perspectiva única sobre como esses processos simbólicos estão interligados com o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem. A teoria de Piaget foca na evolução das capacidades cognitivas e no papel da interação com o ambiente. Vygotsky enfatiza a importância das interações sociais e culturais no desenvolvimento simbólico. Ausubel, Kolb e Gardner fornecem perspectivas adicionais, ligando esses processos simbólicos a experiências anteriores, reflexão e múltiplas formas de inteligência, respectivamente. Já os autores de ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025), ampliam essa discussão, conectando a construção simbólica ao contexto educacional atual e a diferentes práticas pedagógicas. Esse enfoque multissensorial e experiencial reflete a ideia de que a construção do símbolo na infância não é um processo isolado, mas sim parte de um ciclo contínuo de interação entre o indivíduo e seu ambiente, no qual as representações simbólicas (imagens, palavras, gestos, etc.) são constantemente reformuladas e adaptadas. Compreender e aplicar essas perspectivas teóricas no cotidiano escolar pode resultar em práticas pedagógicas mais eficazes, que atendem às necessidades cognitivas e emocionais das crianças de forma mais abrangente e personalizada. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 30 2.4 A INFLUÊNCIA DO CONSTRUTIVISMO NA ALFABETIZAÇÃO O construtivismo, teoria educativa central de Piaget, postula que o conhecimento não é transmitido passivamente ao aprendiz, mas construído ativamente por ele, como um processo contínuo de adaptação de estruturas cognitivas diante das experiências do mundo (Piaget, 1970). No contexto da alfabetização, isso implica que as crianças devem ser vistas como protagonistas do processo de aprendizagem, pois elas não apenas recebem informações, mas as constroem a partir de interações com o ambiente e estímulos ao seu redor. Lev Vygotsky, outro grande teórico, complementa essa perspectiva ao destacar a importância do contexto social para o desenvolvimento cognitivo. Ele introduz o conceito de zona de desenvolvimento proximal, onde o aprendiz, com a ajuda de um mediador, pode avançar de seu nível de competência atual para um nível superior, ampliando suas capacidades (Vygotsky, 2007). No caso da alfabetização, isso sugere que as crianças precisam de orientação e apoio, seja por parte dos professores, seja de outros indivíduos ao seu redor, para internalizar o conhecimento da leitura e da escrita. As neurociências, com suas descobertas sobre a plasticidade cerebral, corroboram essas teorias. Estudos mostram que o cérebro é altamente plástico, ou seja, capaz de se reorganizar e criar novas conexões à medida que novas informações são adquiridas (Doidge, 2007). Essa plasticidade é um indicativo de que a aprendizagem ocorre mais eficazmente quando novas informações são integradas às estruturas cognitivas pré-existentes. Assim, no processo de alfabetização, é fundamental que as novas informações sobre a escrita sejam conectadas com o que a criança já sabe, seja sobre a oralidade, seja sobre o mundo ao seu redor. David Ausubel, em sua teoria da aprendizagem significativa, reforça essa ideia ao afirmar que a aprendizagem ocorre quando novas informações se conectam de forma substancial com o que o aprendiz já conhece (Ausubel, 1963). Para ele, é a organização do conhecimento e a forma como as novas informações se articulam com as estruturas cognitivas existentes que determinam a eficácia do processo de aprendizagem. Essa abordagem está em sintonia com a ideia construtivista de que a aprendizagem não é uma mera repetição de informações, mas uma reconstrução contínua das estruturas cognitivas, com o aprendiz ativamente envolvido. O construtivismo quanto as descobertas das neurociências sugerem que a alfabetização não deve ser encarada apenas como o aprendizado mecânico de letras e palavras, mas como um processo interativo e dinâmico. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 31 Segundo a doutora, Idênis Glória Belchior (2025), “as crianças devem ser vistas como construtoras do seu conhecimento, sendo essencial que elas integrem as novas informações de leitura e escrita ao que já conhecem e vivenciam no mundo”. O processo citado por Belchior (2025) é o processo de construção ativa do conhecimento, mediado socialmente e apoiado pela plasticidade cerebral, oferece uma base sólida para um aprendizado mais significativo e eficaz. A alfabetização no construtivismo é baseada na ideia de que a aprendizagem é um processo ativo de construção de conhecimento, onde a criança é protagonista de seu aprendizado. Para alfabetizar uma pessoa nesse paradigma, o educador deve criar situações em que o aluno possa explorar, experimentar e refletir sobre a linguagem, utilizando a interação com o meio e com outros. O professor não é um transmissor de conhecimento, mas um facilitador que organiza o ambiente de aprendizagem para que a criança desenvolva sua capacidade de construir significado a partir das experiências. Uma abordagem construtivista para alfabetização envolveatividades que incentivem a curiosidade e a investigação. Em vez de ensinar letras e palavras de forma isolada, o professor deve inserir essas estruturas de linguagem dentro de contextos significativos para o aluno. Isso pode ser feito por meio de histórias, jogos, atividades lúdicas e situações do cotidiano. A escrita e a leitura não são vistas como tarefas separadas, mas como práticas integradas que têm um propósito na vida do aluno, tornando a aprendizagem mais relevante e engajante. O papel do professor é fundamental, pois ele deve proporcionar experiências que estimulem a reflexão e a interação social. A aprendizagem no construtivismo ocorre de forma gradual, à medida que a criança testa hipóteses, realiza atividades de leitura e escrita e, por meio de tentativas e erros, constrói seu conhecimento sobre a língua. O erro, nesse contexto, é visto não como falha, mas como uma oportunidade de aprender e ajustar a compreensão. A avaliação no construtivismo não se limita a provas tradicionais, o progresso do aluno deve ser monitorado por meio da observação contínua de sua interação com o conteúdo e com seus pares, a análise de suas produções de texto e a sua participação nas atividades propostas. Em termos de neurociência, o construtivismo encontra respaldo no entendimento de que o cérebro é altamente plástico, ou seja, capaz de se reorganizar e formar novas conexões neurais à medida que a criança interage com o ambiente. A aprendizagem eficaz ocorre quando novas informações são conectadas ao que já se sabe, e a alfabetização construtivista permite justamente essa integração entre as novas A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 32 experiências linguísticas e as estruturas cognitivas pré-existentes. Assim, a criança não aprende de forma mecânica, mas constrói ativamente seu conhecimento ao conectar e reorganizar suas experiências linguísticas. 2.5 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA ALFABETIZAÇÃO A aprendizagem significativa, um conceito desenvolvido por David Ausubel, propõe que o conhecimento é mais eficazmente adquirido quando novas informações se conectam de maneira lógica e substancial ao que o aluno já sabe. Esse processo de integração das informações exige que o conteúdo não seja aprendido de forma isolada, mas sim como parte de uma rede cognitiva, o que facilita tanto a compreensão quanto a memorização. Este princípio é fundamental no processo de alfabetização, onde as crianças precisam associar letras, sons e palavras a conceitos já conhecidos. A relação entre a aprendizagem significativa e as neurociências é estreita. Estudos nas áreas de neurociência cognitiva e psicologia educacional revelam que a aprendizagem ocorre de forma mais eficaz quando novas informações são conectadas a estruturas cognitivas pré- existentes, facilitando a formação de redes neuronais mais fortes e duradouras. Isso implica que, ao se estabelecerem conexões entre os novos conceitos e as experiências anteriores do aluno, o aprendizado se torna mais sólido e acessível. No contexto da alfabetização, a teoria de Ausubel sugere que a melhor forma de ensinar as crianças a ler e escrever é partindo do conhecimento prévio que elas já possuem. Por exemplo, se uma criança já está familiarizada com o som de uma letra em um contexto auditivo, a associação visual dessa letra ao som pode ser mais facilmente compreendida e memorizada. Isso se aplica à aprendizagem de palavras e frases, pois a relação entre som e grafia deve ser construída de maneira significativa. Uma das implicações dessa teoria para a prática pedagógica é a necessidade de os professores ajustarem seus métodos de ensino para conectar o conteúdo da leitura e escrita com o universo vivido dos alunos. Em vez de impor conteúdos de maneira desconectada, deve-se explorar o conhecimento prévio de cada aluno, criando pontes que favoreçam a aprendizagem de forma mais eficaz. Além disso, é essencial que os professores ofereçam oportunidades para que as crianças interajam com o conteúdo, por meio de atividades que proporcionem a exploração ativa da língua e da escrita. A prática pedagógica que segue os princípios da aprendizagem significativa pode ser enriquecida por recursos tecnológicos, como softwares educativos e aplicativos interativos, que promovem um ambiente de aprendizado dinâmico e conectado com as experiências do aluno. Tais A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 33 recursos permitem a criação de situações que desafiem o aluno a estabelecer novas relações entre o conhecimento já adquirido e as novas informações. A neurociência confirma que o cérebro humano é extremamente plástico, ou seja, é capaz de se reorganizar e formar novas conexões neuronais ao aprender. Portanto, quando o conhecimento é relacionado ao que já é conhecido, a aprendizagem se torna mais fluida e o armazenamento da informação é mais eficiente. Ao utilizar esse princípio na alfabetização, o professor não apenas facilita a construção de conhecimento de forma eficaz, mas também garante que a aprendizagem seja mais duradoura. A combinação da teoria de aprendizagem significativa de Ausubel com as descobertas das neurociências reforça a importância de conectar o novo conhecimento ao que os alunos já sabem. Ao adotar essas abordagens, podemos garantir que a alfabetização seja mais eficiente, acessível e significativa, criando uma base sólida para o desenvolvimento cognitivo dos alunos. As neurociências têm um papel crucial no entendimento da teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel, pois fornecem uma base científica para o processo de aprendizagem. A neurociência moderna revela que o cérebro humano é altamente plástico, o que significa que ele é capaz de reorganizar suas conexões neurais em resposta a novas experiências e aprendizagens. Esse fenômeno, conhecido como neuroplasticidade, tem implicações diretas no modo como o conhecimento é adquirido e armazenado. De acordo com as neurociências, a aprendizagem ocorre de forma mais eficaz quando o novo conhecimento está relacionado ao que o aluno já sabe. Isso ocorre porque o cérebro não processa a informação de maneira isolada, mas, sim, a integra com o que já está presente em sua rede de conhecimentos preexistentes. Quando uma nova ideia ou conceito se conecta a uma estrutura de conhecimento já estabelecida, essa conexão facilita a formação de novas sinapses – as conexões entre os neurônios –, tornando o aprendizado mais sólido e acessível. Quando as informações adquiridas possuem uma relação significativa com o conhecimento pré-existente, elas são mais facilmente armazenadas na memória de longo prazo. Isso acontece porque a ativação de redes neuronais anteriores facilita a codificação das novas informações, quando as novas informações são bem integradas com o conhecimento já adquirido, elas criam redes neurais mais robustas, que tornam mais fácil a recuperação dessas informações quando necessário. Esse processo é fundamental para o aprendizado profundo e duradouro. Se o novo conhecimento não for relacionado ao conhecimento anterior, ele tende a ser processado de forma superficial, dificultando sua retenção. O cérebro pode ter mais dificuldades para estabelecer conexões duradouras e, como resultado, as informações podem ser esquecidas rapidamente ou ter um impacto limitado no aprendizado do indivíduo. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 34 A relação entre a teoria de Ausubel e as neurociências é,portanto, evidente na forma como as novas aprendizagens podem ser mais eficazes quando se baseiam nas estruturas cognitivas que os alunos já possuem. O cérebro humano não aprende de forma fragmentada, mas, sim, por meio de um processo contínuo e dinâmico de integração de novas informações com o conhecimento pré-existente. Esse processo é facilitado pela plasticidade cerebral, que permite a formação de novas conexões neurais e a reorganização das existentes, promovendo uma aprendizagem mais eficaz e duradoura. A aprendizagem significativa não é apenas uma teoria pedagógica, mas também está embasada nos mecanismos de funcionamento do cérebro. Ao integrar novas informações com o conhecimento prévio, o cérebro forma redes neurais mais eficazes, facilitando o aprendizado e a retenção das informações ao longo do tempo. Na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel, a alfabetização deve focar em integrar o conhecimento novo com o que o aluno já sabe. Para isso, o professor deve construir uma base de conhecimento prévio relevante, permitindo que as crianças estabeleçam conexões entre letras, sons e palavras, facilitando a compreensão da leitura e escrita. O ensino precisa ser estruturado de forma que os alunos possam assimilar novas informações de maneira significativa, criando pontes entre o conhecimento pré-existente e o novo aprendizado. O uso de organizadores prévios é uma estratégia importante nesse processo. Na teoria de David Ausubel, ensinar as letras envolve conectar o novo conhecimento (as letras) com o que a criança já sabe. O professor pode começar com organizadores prévios, que são informações que preparam o aluno para o aprendizado, facilitando a compreensão. Ao ensinar as letras, é fundamental associá-las a palavras familiares e a sons que a criança já conheça, criando uma rede de significados. A introdução das letras deve ser feita de maneira contextualizada, ajudando os alunos a integrar e relacionar a forma da letra com seu som e significado. 2.6 A ABORDAGEM EXPERIENCIAL E A PRÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO A abordagem experiencial de David Kolb foca no aprendizado ativo, onde o aluno se engaja em experiências práticas e reflexivas, garantindo que o aprendizado seja mais profundo e duradouro. Na alfabetização, essa abordagem envolve práticas em que a criança interage diretamente com o objeto de estudo — as letras e as palavras — por meio de atividades que incentivam o uso do conhecimento de forma prática. Kolb divide o processo de aprendizagem em um ciclo de quatro etapas: experiência concreta, observação reflexiva, conceitualização abstrata e experimentação ativa, e todas essas etapas são fundamentais para o processo de alfabetização. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 35 A leitura em voz alta é uma das práticas mais eficazes, pois envolve a criança de forma ativa no processo de aprendizagem. Ao ler, a criança utiliza suas habilidades cognitivas e motoras de forma integrada, ajudando a reforçar o conhecimento adquirido. Além disso, essa prática favorece o desenvolvimento da fluência verbal e fortalece a associação entre letras e sons. É importante que, durante essas atividades, o educador forneça feedback imediato, ajudando a criança a refletir sobre o processo de leitura e identificando possíveis dificuldades. A escrita criativa é outro método fundamental dentro da abordagem experiencial de Kolb. Ao escrever, a criança tem a oportunidade de aplicar o conhecimento adquirido de forma prática. Não se trata apenas de copiar ou escrever palavras, mas de explorar sua criatividade e inventar histórias, frases ou textos, o que a leva a refletir sobre o significado das palavras e a estrutura da linguagem. Nesse processo, a criança também é incentivada a experimentar a linguagem e a refletir sobre o uso das palavras em diferentes contextos. A manipulação de letras e palavras por meio de jogos pedagógicos também é uma atividade essencial para a alfabetização experiencial. Com o auxílio de materiais concretos, como blocos de letras, cartazes com palavras e outros recursos visuais, as crianças podem criar palavras e frases, experimentando as relações entre os símbolos gráficos e os sons correspondentes. Essa atividade ajuda a tornar o aprendizado mais tangível, promovendo a internalização do conhecimento de forma concreta e significativa. A leitura e a escrita não devem ser vistas como atividades isoladas, mas sim como parte de um ciclo contínuo de aprendizagem, onde a criança aprende fazendo e refletindo sobre suas ações. Esse ciclo de experimentação ativa, associado à reflexão constante sobre a experiência, favorece o aprendizado profundo e duradouro. O papel do educador é fundamental, pois ele deve criar ambientes de aprendizagem que incentivem o engajamento ativo dos alunos, fornecendo desafios que estimulem a exploração e a resolução de problemas. Dentro desse contexto, as neurociências oferecem uma explicação interessante sobre como o cérebro processa as informações durante o aprendizado experiencial. A aprendizagem ativa, que envolve a prática e a reflexão, ativa diversas áreas do cérebro, incluindo aquelas responsáveis pela memória, linguagem, cognição e coordenação motora. Isso significa que, ao engajar as crianças em atividades práticas como leitura em voz alta, escrita criativa e manipulação de letras, estamos não apenas estimulando o desenvolvimento de habilidades cognitivas e linguísticas, mas também fortalecendo as conexões neurais que são essenciais para o processo de alfabetização. Estudos das neurociências confirmam que a aprendizagem é mais eficaz quando novas informações são integradas às estruturas cognitivas já existentes. Isso ocorre porque o cérebro A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 36 humano tem uma incrível capacidade de criar e reforçar conexões neurais à medida que adquire novos conhecimentos. No processo de alfabetização, quando a criança associa as letras a sons, palavras e significados, ela está criando redes neuronais mais complexas e robustas, que facilitam o acesso e o armazenamento das informações. O envolvimento de múltiplas áreas do cérebro na aprendizagem torna o processo mais eficaz, permitindo que a criança compreenda, memorize e utilize as informações de maneira mais eficaz. As neurociências sugerem que a prática de atividades que envolvem o uso físico, como a escrita manual, pode ser benéfica para o aprendizado, pois ativa áreas do cérebro associadas à memória motora e à coordenação. Quando as crianças escrevem à mão, não apenas estão praticando o alfabeto, mas também estão fortalecendo sua memória muscular, o que ajuda a internalizar o conhecimento de maneira mais eficiente. É importante destacar que, na abordagem experiencial, o erro é visto como uma parte essencial do processo de aprendizagem. As crianças devem ser incentivadas a cometer erros e refletir sobre eles, pois isso faz parte do processo de construção do conhecimento. A capacidade de aprender com os erros é uma habilidade importante que pode ser reforçada por meio de atividades práticas que permitem à criança testar suas ideias, corrigir equívocos e aprimorar suas habilidades de leitura e escrita. A metodologia experiencial também envolve o reconhecimento de que cada aluno é único e possui diferentes formas de aprender. Dessa forma, é fundamental que os professores adaptem as atividades para atender às necessidades específicas de cada criança, criando um ambiente de aprendizagem personalizado e inclusivo. Isso pode ser feito por meio da diversificação das atividades, utilizando materiais concretos, jogos,tecnologia e outros recursos que favoreçam a aprendizagem prática. A aprendizagem experiencial na alfabetização é, portanto, uma abordagem que valoriza a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, permitindo que ele construa o conhecimento de maneira significativa e profunda. Ao integrar a prática com a reflexão, os alunos se tornam mais autônomos e capazes de aplicar suas habilidades de leitura e escrita de maneira criativa e contextualizada. De acordo com Aquino (2007), a andragogia — que estuda os processos de aprendizagem em adultos — e as habilidades de aprendizagem devem ser aplicadas no ensino de crianças também. A aprendizagem significativa e experiencial é fundamental em qualquer fase da vida, pois permite que o aluno construa seu conhecimento de maneira ativa e envolvente. Davis e Oliveira (1994) corroboram essa ideia ao afirmar que a psicologia da educação reconhece a A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 37 importância da vivência do aluno em seu processo de aprendizagem, enfatizando a necessidade de práticas pedagógicas que promovam a experiência direta e a reflexão contínua. A aprendizagem experiencial oferece uma abordagem rica e eficaz para a alfabetização, permitindo que os alunos se tornem aprendizes ativos e engajados, capazes de construir e aplicar seus conhecimentos de maneira criativa. Ao integrar as práticas da leitura, escrita e manipulação de letras com a reflexão constante, os alunos não apenas desenvolvem suas habilidades cognitivas e linguísticas, mas também fortalecem suas conexões neurais, garantindo um aprendizado mais profundo e duradouro. A utilização de práticas pedagógicas baseadas na aprendizagem experiencial é essencial para o sucesso do processo de alfabetização e para o desenvolvimento global das crianças. A utilização de práticas pedagógicas baseadas na aprendizagem experiencial no processo de alfabetização segue uma sequência de etapas que são fundamentais para garantir o aprendizado ativo e profundo do aluno. Essas etapas podem ser divididas da seguinte forma: Experiência concreta: O aluno vivencia situações de aprendizagem por meio de atividades práticas que envolvem a manipulação de letras, palavras e outros recursos visuais e auditivos. Isso pode incluir jogos de leitura, escrita criativa e atividades em que a criança interage fisicamente com o conteúdo. Observação reflexiva: Após vivenciar as experiências, o aluno reflete sobre o que aprendeu, identificando erros, acertos e pontos de dificuldade. Durante esse processo, o educador pode mediar as reflexões, ajudando a criança a conectar suas vivências com o conhecimento já existente. Conceitualização abstrata: A partir das experiências concretas e das reflexões, o aluno começa a formular teorias ou ideias sobre o funcionamento da língua, como a relação entre sons e letras. Ele vai, então, aplicando esse conhecimento em novas situações de leitura e escrita. Experimentação ativa: Nesta fase, a criança testa as novas ideias e conceitos que desenvolveu, aplicando-os em situações práticas, como a escrita de palavras ou frases e a leitura de textos curtos. Esse ciclo se repete continuamente, permitindo que o aluno refine suas habilidades de alfabetização. Essas etapas são interativas e cíclicas, e garantem que o aluno desenvolva não apenas a habilidade de ler e escrever, mas também a capacidade de refletir sobre sua aprendizagem, criando uma base sólida para o aprendizado contínuo. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 38 2.7 O IMPACTO DAS ABORDAGENS MULTISSENSORIAIS NA ALFABETIZAÇÃO A alfabetização é um dos pilares da educação e, por conseguinte, a forma como ela é promovida impacta diretamente no desenvolvimento cognitivo e linguístico dos alunos. Uma abordagem que vem ganhando destaque no contexto educacional é a utilização de práticas pedagógicas multissensoriais. Essa estratégia busca integrar diferentes canais sensoriais no processo de aprendizagem, permitindo que os alunos se envolvam de maneira mais profunda e significativa com o conteúdo. As abordagens multissensoriais consistem no uso de diversos sentidos, como visão, audição, tato, olfato e paladar, durante o processo de aprendizagem. Elas têm como premissa que a ativação simultânea de diferentes canais sensoriais facilita a compreensão e retenção de informações. Por exemplo, uma atividade de alfabetização pode envolver a visualização de letras, a audição de sons associados a essas letras e a manipulação de materiais táteis para reforçar a aprendizagem. A neurociência tem demonstrado que o cérebro humano possui uma capacidade incrível de adaptação e plasticidade. Isso significa que, ao estimular diferentes áreas cerebrais, o cérebro se torna mais eficiente na construção de conexões neuronais e na retenção de informações. Quando a aprendizagem é multidimensional, ativando diferentes sentidos simultaneamente, ela envolve áreas distintas do cérebro, facilitando o armazenamento e a recuperação de informações. É importante ressaltar que as crianças possuem diferentes estilos de aprendizagem. Enquanto algumas podem ser mais visuais, outras podem aprender melhor por meio de atividades auditivas ou táteis. As abordagens multissensoriais têm a capacidade de atender a essas diferentes necessidades, proporcionando uma forma mais inclusiva e eficaz de aprendizagem, onde cada aluno pode encontrar o método que melhor se adapta ao seu perfil. Na alfabetização, as abordagens multissensoriais podem ser aplicadas de diversas formas. Algumas das estratégias incluem: Cartões táteis: Utilizar cartões com texturas ou formas elevadas para que as crianças toquem e reconheçam letras. Leitura sonora: Ler em voz alta histórias e associar palavras com sons, utilizando diferentes entonações para engajar as crianças. Vídeos educativos: Mostrar vídeos animados que explicam conceitos como sons das letras e suas combinações. Atividades de escrita no ar: Fazer com que os alunos escrevam no ar com os dedos, estimulando o movimento e a visualização das letras. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 39 Papel lixa: Cartões de papel lixa com letras ou números para os alunos desenharem com os dedos. Leitura em grupo: Realizar leituras coletivas onde as crianças acompanham com os dedos, promovendo a sincronização entre som e imagem. Aplicativos de leitura: Utilizar aplicativos interativos com sons e imagens para ajudar na compreensão de palavras e frases. Jogos de memória tátil: Criar jogos com letras em diferentes materiais, como veludo ou plástico, para que as crianças associem o tato à visualização das letras. Áudio-livros: Disponibilizar livros narrados que ajudem as crianças a associar o que ouvem ao texto visual. Quadros interativos: Usar quadros interativos que emitem sons ao escrever letras e palavras. Canções educativas: Integrar músicas que ensinam letras, sons ou palavras específicas para melhorar o aprendizado. Teatro de fantoches: Usar fantoches para representar personagens de histórias, criando uma interação com os alunos enquanto eles acompanham a leitura. Caixas de som com letras: Utilizar caixas de som que emitam o som das letras quando pressionadas. Teclados com áudio: Usar teclados interativos, onde ao digitar, a criança ouve o som da letra correspondente. Histórias com imagens dinâmicas: Apresentar livros ilustrados e manipular as páginas com efeitos visuais ou sonoros.Atividades de pintura e letras: Propor que as crianças pintem letras e palavras enquanto ouvem o som correspondente. Desenhos com luzes: Projetar letras no quadro com luzes e solicitar que as crianças desenhem no ar acompanhando os contornos. Brinquedos que associam som e forma: Usar brinquedos como blocos com letras que emitem sons ao serem encaixados de forma correta. Relógios e objetos com letras sonoras: Usar objetos como relógios de brinquedo ou caixas registradoras que emitem sons ao clicar nas letras. Ensino com objetos sensoriais: Criar objetos que representem sons de letras (como sinos e tambores), para que as crianças toquem e identifiquem os sons. Os benefícios das abordagens multissensoriais na alfabetização são diversos. Além de facilitar a retenção de informações, elas ajudam a manter o aluno engajado e motivado. O uso de A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 40 diferentes sentidos no processo de aprendizagem contribui para uma experiência mais rica e significativa, que vai além da simples memorização de fatos. A prática também estimula a criatividade e o pensamento crítico, habilidades essenciais no desenvolvimento cognitivo dos alunos. Em um mundo cada vez mais dinâmico e multifacetado, as abordagens multissensoriais são uma ferramenta poderosa no processo de alfabetização. Elas promovem uma aprendizagem mais rica e inclusiva, capaz de atender às necessidades e estilos de aprendizagem de cada aluno. A neurociência confirma que a utilização desses métodos pode não apenas melhorar a compreensão, mas também contribuir para o desenvolvimento integral do aluno, reforçando conexões cerebrais que são essenciais para o aprendizado ao longo da vida. 2.8 O PAPEL DAS EMOÇÕES E DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO As abordagens humanistas, especialmente as de Carl Rogers, colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem, destacando a importância do ambiente emocional e afetivo para o aprendizado. Essa perspectiva sustenta que a aprendizagem ocorre de maneira mais eficaz quando os indivíduos se sentem acolhidos, compreendidos e respeitados, um princípio fundamental para o sucesso da alfabetização. Rogers (1983) enfatiza que a criação de um ambiente seguro e sem julgamentos, onde o aluno possa expressar suas emoções e desenvolver uma relação de confiança com o educador, é essencial para o processo educativo. No contexto da alfabetização, um dos aspectos mais críticos é a motivação. A motivação intrinsica é fundamental, uma vez que permite ao estudante superar obstáculos e engajar-se no processo de aprendizagem. Rogers (1983) sublinha que a empatia, enquanto habilidade de compreender as experiências do aluno, facilita o desenvolvimento dessa motivação. Quando os alunos se sentem compreendidos e apoiados emocionalmente, tendem a se engajar de forma mais significativa nas tarefas de leitura e escrita, resultando em um aprendizado mais eficaz. A empatia do educador serve como um catalisador para a criação de um ambiente no qual a confiança e o respeito mútuo são promovidos, essenciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional do aluno. Estudos recentes em neurociências comprovam que o processo de aprendizagem está diretamente ligado à ativação emocional. O cérebro humano, especialmente as áreas responsáveis pela memória, como o hipocampo, é fortemente influenciado por emoções positivas, facilitando a retenção de novos conhecimentos (GARDNER, 1983). No processo de alfabetização, isso significa que a criação de um ambiente emocionalmente seguro e estimulante não apenas facilita a A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 41 motivação, mas também fortalece as redes neuronais relacionadas à aprendizagem da leitura e da escrita. Quando o aluno se sente emocionalmente conectado com o conteúdo e o ambiente de aprendizagem, sua capacidade de reter e aplicar o conhecimento aumenta significativamente. Para aplicar as abordagens humanistas na alfabetização, é necessário que os educadores se concentrem na criação de um ambiente seguro, onde o aluno possa explorar sem medo de errar. O erro, sob essa perspectiva, é visto como uma oportunidade de aprendizado, e não como algo a ser evitado. Isso ajuda a desenvolver a confiança necessária para a aprendizagem da leitura e escrita. O educador, como facilitador do processo, deve promover a autonomia do aluno, proporcionando-lhe liberdade para tomar decisões e experimentar de forma ativa e prática os elementos da linguagem, como as letras, os sons e as palavras. As neurociências demonstram que as emoções têm um impacto direto na formação de memórias de longo prazo. Quando os alunos estão emocionalmente engajados com o conteúdo, o cérebro libera substâncias químicas que favorecem o armazenamento das informações. Isso se aplica diretamente à alfabetização, pois as crianças que experimentam emoções positivas em relação ao aprendizado têm maior facilidade em reter e recordar as palavras, letras e sons aprendidos. Além disso, a conexão emocional com o conteúdo da leitura e escrita facilita a compreensão de textos e a aplicação do que foi aprendido em situações práticas, como a produção de textos e a leitura fluente. Na teoria humanista, a aprendizagem é vista como um processo contínuo e holístico, onde o aluno é considerado em sua totalidade, incluindo aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Isso implica que o processo de alfabetização deve englobar mais do que a simples decodificação de palavras. A alfabetização deve ser encarada como um meio de desenvolvimento pessoal e social, onde as habilidades de leitura e escrita estão interligadas com o crescimento emocional e a autoconfiança do aluno. O educador, portanto, deve ajudar o aluno a perceber a relevância da leitura e da escrita em sua vida cotidiana, permitindo-lhe fazer conexões pessoais com os conteúdos e com o mundo ao seu redor. A escuta ativa, uma das principais habilidades de Carl Rogers (1983), também desempenha um papel essencial na alfabetização. O educador, ao ouvir atentamente o aluno, é capaz de identificar as dificuldades, os interesses e as necessidades individuais, proporcionando uma abordagem personalizada para o aprendizado. Isso contribui para a construção de uma relação de confiança, permitindo que o aluno se sinta valorizado e encorajado a participar ativamente do processo de alfabetização. A escuta ativa, além disso, promove o desenvolvimento de habilidades de comunicação, fundamentais para a leitura e escrita. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 42 A integração das abordagens humanistas na alfabetização é essencial para o desenvolvimento integral dos alunos. A teoria de Carl Rogers (1983) enfatiza que a aprendizagem se dá em um contexto de empatia, respeito e segurança emocional. As neurociências corroboram essa visão, demonstrando que as emoções e a motivação têm um impacto direto na aprendizagem, especialmente no que diz respeito à alfabetização. Ao criar um ambiente de aprendizagem emocionalmente seguro e estimulante, os educadores podem ajudar os alunos a superar obstáculos, a desenvolver habilidades de leitura e escrita de forma significativa e duradoura, e a cultivar um amor pela aprendizagem ao longo da vida. As teorias de Howard Gardner, especialmente a teoria das inteligências múltiplas, oferecem um quadro fundamental para a compreensão do papel das emoções e da motivação no processo de alfabetização. Gardner (1983) propôs que a inteligêncianão é uma habilidade única, mas sim composta por diversas capacidades cognitivas, emocionais e sociais. Isso implica que os alunos, ao desenvolverem suas habilidades de leitura e escrita, também necessitam de um ambiente emocionalmente estimulante e motivador. A motivação emocional positiva influencia a ativação das diversas inteligências e facilita a aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento mais eficaz das habilidades alfabetizadoras. Fonte: Keeps - VIANA. J, (2023) A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 43 Segundo Gardner, a diversidade de inteligências inclui capacidades linguísticas, lógicas, musicais, espaciais, corporais-cinestésicas, interpessoais, intrapessoais e naturalistas, cada uma das quais pode ser aplicada ao aprendizado da leitura e escrita. Isso significa que, ao considerar diferentes formas de inteligência, os educadores podem adaptar as práticas pedagógicas para que se conectem com os estilos de aprendizagem únicos de cada aluno. Fonte: VIANA. J, (2023) Um ambiente positivo e motivador é essencial para que o aluno se engaje ativamente na alfabetização, ativando não apenas as habilidades cognitivas, mas também suas emoções e motivações internas. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 44 As emoções e a motivação têm um papel central no processo de alfabetização, pois impactam a capacidade do aluno de se envolver, aprender e aplicar o que foi ensinado, seja por meio da linguagem verbal ou de outras inteligências, como a musical ou a corporal-cinestésica. Dicas dos autores (2025) de como alfabetizar utilizando a teoria das múltiplas inteligências de Howard Gardner: Inteligência Linguística: Como: Estimule a leitura de livros, histórias e poesias. Material: Livros infantis, palavras e cartões de leitura. Objetivos: Desenvolver habilidades de leitura, escrita e compreensão. Como proceder: Leia em voz alta para os alunos e incentive-os a fazer o mesmo, discutindo o conteúdo e explorando novos vocabulários. Inteligência Lógica-Matemática: Como: Use jogos e desafios que envolvam sequências, padrões e números. Material: Jogos de tabuleiro, cartas com letras e números, quebra-cabeças. Objetivos: Melhorar a compreensão das letras e palavras através de padrões e associações. Como proceder: Organize atividades lúdicas que envolvam construção de palavras e sequências numéricas. Inteligência Musical: Como: Utilizar músicas e canções para ensinar rimas e fonemas. Material: Canções, instrumentos musicais simples. Objetivos: Associar sons e letras de forma rítmica. Como proceder: Cante músicas educativas e incentive as crianças a repetirem palavras e frases rítmicas. Inteligência Espacial: Como: Trabalhar com imagens e desenhos para associar palavras a figuras. Material: Cartões de figuras, livros ilustrados, mapas. Objetivos: Desenvolver a percepção visual e a associação de imagens com palavras. Como proceder: Use ilustrações e desenhos para reforçar o significado das palavras e estimular a memorização visual. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 45 Inteligência Corporal-Cinestésica: Como: Promover atividades que envolvam movimento físico, como danças ou dramatizações. Material: Espaço para movimentação, brinquedos que imitem letras ou palavras. Objetivos: Associar letras e palavras com movimentos. Como proceder: Organize jogos em que as crianças formem letras ou palavras com o corpo, ou dramatizem pequenas histórias. Inteligência Interpessoal: Como: Fomentar o trabalho em grupo para discussão e construção de conhecimento. Material: Cartões de palavras, histórias coletivas. Objetivos: Estimular a colaboração na aprendizagem e troca de ideias. Como proceder: Organize atividades em grupos, onde as crianças possam compartilhar o que aprenderam e criar coletivamente palavras e frases. Inteligência Intrapessoal: Como: Incentivar a reflexão pessoal sobre o aprendizado de letras e palavras. Material: Diários de leitura, folhas para desenhos ou reflexões. Objetivos: Estimular a autoavaliação e o autoconhecimento. Como proceder: Peça aos alunos para escreverem ou desenharem como se sentiram ao aprender novas palavras ou ao ler uma história. Inteligência Naturalista: Como: Utilizar o ambiente natural para aprender novas palavras. Material: Cartões com nomes de plantas, animais ou elementos da natureza. Objetivos: Associar palavras e letras com elementos da natureza. Como proceder: Faça passeios ao ar livre e incentive as crianças a nomear e descrever o que observam. Cada uma dessas estratégias se alinha com diferentes formas de aprender, aproveitando as diversas inteligências que as crianças podem ter, e fornecendo experiências ricas para o processo de alfabetização. O uso de múltiplos recursos e atividades oferece um ambiente inclusivo, acessível e engajador para os alunos, atendendo às suas necessidades cognitivas e emocionais. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 46 2.9 A PERSONALIZAÇÃO DO ENSINO E AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO A personalização do ensino é um princípio essencial para garantir uma alfabetização eficaz, considerando as diferenças individuais de cada aluno. De acordo com as teorias de aprendizagem, como o construtivismo de Piaget e a aprendizagem significativa de David Ausubel, cada criança possui características e ritmos distintos, que devem ser respeitados durante o processo educacional. Essas teorias defendem que o ensino deve ser adaptado para atender às necessidades individuais, permitindo que o aluno se desenvolva de maneira autônoma e construa seu conhecimento com base em suas experiências e conhecimentos prévios. No contexto da alfabetização, essa personalização é fundamental, pois as crianças não aprendem da mesma forma ou no mesmo tempo. Cada aluno possui um ritmo diferente de aprendizagem, influenciado por suas características cognitivas, emocionais e sociais. As neurociências corroboram essa ideia, indicando que a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do cérebro de se modificar com a aprendizagem, varia de pessoa para pessoa. Em outras palavras, cada cérebro se desenvolve de forma única, o que implica que a forma de aprender e o tempo necessário para alcançar determinados marcos de aprendizagem também serão diferentes. Quando os educadores adotam práticas pedagógicas que respeitam essas diferenças individuais, eles aumentam as chances de sucesso no processo de alfabetização. Isso porque, ao personalizar o ensino, o professor consegue oferecer atividades que estão alinhadas ao estágio de desenvolvimento de cada aluno. Por exemplo, algumas crianças podem ter uma melhor compreensão visual das letras e palavras, enquanto outras podem se beneficiar mais de práticas auditivas ou táteis. A personalização do ensino envolve o uso de estratégias pedagógicas diversificadas, adaptadas aos diferentes estilos de aprendizagem. Isso inclui o uso de materiais variados, como livros ilustrados, recursos audiovisuais, jogos e atividades práticas, que podem ser ajustados conforme a necessidade de cada aluno. Ao proporcionar essas experiências, o professor permite que os alunos se engajem ativamente na aprendizagem, o que é um princípio fundamental das abordagens construtivistas. É importante reconhecerque a alfabetização não é apenas um processo cognitivo, mas também emocional e social. A motivação e a confiança desempenham papéis cruciais na aprendizagem, e um ambiente educacional personalizado ajuda a promover esses aspectos. A empatia do professor, o reconhecimento das dificuldades individuais e o incentivo constante são componentes essenciais para que a criança se sinta segura e motivada a aprender. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 47 Estudos em neurociências confirmam que a motivação está intimamente ligada à atividade cerebral. Quando o aluno está motivado, o cérebro libera substâncias químicas que favorecem a aprendizagem, como a dopamina, que é associada à recompensa e à sensação de prazer. Isso demonstra como a personalização do ensino pode não apenas tornar a aprendizagem mais eficiente, mas também mais prazerosa, pois o aluno se sente reconhecido e compreendido em suas necessidades. A neurociência sugere que o cérebro responde bem ao feedback imediato e preciso, pois ele ajuda a consolidar as informações e orienta o aluno sobre seu progresso. Dessa forma, a avaliação deve ser contínua e adaptativa, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada criança, sem forçar uma abordagem única que possa não ser eficaz para todos. Quando a alfabetização é personalizada, o aluno se torna o protagonista do seu aprendizado. Ele é encorajado a explorar, experimentar e descobrir, de acordo com suas próprias capacidades e interesses. Isso significa que a sala de aula deixa de ser um espaço rígido e padronizado, para se tornar um ambiente dinâmico e flexível, onde o professor é um facilitador do processo de aprendizagem. É crucial, portanto, que o educador tenha um profundo conhecimento sobre as características e necessidades de seus alunos. A personalização do ensino não se limita a um ajuste superficial das atividades, mas envolve uma análise contínua do desenvolvimento cognitivo, emocional e social de cada criança. Além disso, é necessário que o professor esteja aberto a modificar suas práticas pedagógicas de acordo com os feedbacks que recebe dos alunos e das observações realizadas ao longo do processo. Em termos de prática pedagógica, a personalização do ensino na alfabetização pode envolver a utilização de tecnologias educacionais. Ferramentas digitais, como aplicativos de leitura, jogos interativos e plataformas de aprendizagem online, permitem que o ensino seja ainda mais adaptado às necessidades de cada aluno. Por meio dessas tecnologias, é possível oferecer atividades diferenciadas, que atendem ao ritmo e aos interesses de cada criança, promovendo uma aprendizagem mais personalizada. A personalização do ensino deve ser acompanhada por uma abordagem inclusiva, que leve em consideração a diversidade da turma. Isso significa que o professor precisa estar atento às diferentes deficiências e dificuldades de aprendizagem que seus alunos podem apresentar, criando estratégias específicas para cada caso. Crianças com dislexia (Figuras 1 e 2), por exemplo, podem se beneficiar de recursos táteis ou audiovisuais, enquanto outras crianças podem precisar de um suporte maior na construção do raciocínio lógico e na associação de letras e sons. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 48 Fonte: http://simonehelendrumond.blogspot.com/2011/04/dislexia-e-as-dificuldades-de.html, (2011) A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 49 A personalização do ensino também envolve o desenvolvimento de estratégias de ensino colaborativo, que permitam que os alunos aprendam uns com os outros, respeitando as diferenças. A aprendizagem cooperativa é uma das abordagens mais eficazes para personalizar o ensino, pois ela permite que os alunos se ajudem mutuamente, desenvolvendo habilidades sociais e cognitivas de forma conjunta. Ao trabalhar em grupo, as crianças podem explorar diferentes maneiras de resolver problemas e compartilhar estratégias de aprendizagem. A personalização do ensino é fundamental para garantir uma alfabetização eficaz e inclusiva. Ao reconhecer as diferenças individuais de cada aluno, o educador consegue criar um ambiente de aprendizagem mais adequado, onde as crianças podem se desenvolver de forma plena. As neurociências confirmam que a personalização favorece o desenvolvimento cerebral, facilitando o processo de aprendizagem e tornando-o mais prazeroso e eficaz, ao adotar práticas pedagógicas diferenciadas e adaptativas, os professores contribuem significativamente para o sucesso de seus alunos no processo de alfabetização. 2.10 PIAGET E VYGOTSKY: NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO, APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA, EXPERIENCIAL E MULTISSENSORIAL A alfabetização é um processo complexo que envolve não apenas a aquisição de habilidades mecânicas de leitura e escrita, mas também a compreensão dos contextos socioculturais e cognitivos. As contribuições de Jean Piaget e Lev Vygotsky, aliadas às descobertas das neurociências, fundamentam práticas pedagógicas inovadoras que promovem a aprendizagem significativa, experiencial e multissensorial. Fonte: Google, (2025) A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 50 Piaget propôs que o desenvolvimento cognitivo ocorre em estágios sequenciais, cada um marcado por capacidades específicas que influenciam o aprendizado. Durante o estágio pré- operacional (2 a 7 anos), as crianças começam a desenvolver a capacidade simbólica, essencial para a alfabetização. ―A alfabetização, nesse estágio, deve ser centrada na exploração concreta de símbolos e na mediação de significados‖ (Davis & Oliveira, 1994). Assim, práticas que envolvem manipulação de materiais, como letras em blocos, são cruciais para associar sons e formas. Para Vygotsky, o aprendizado ocorre em contextos sociais por meio da interação com pares e mediadores. A alfabetização, nesse sentido, é favorecida pela "zona de desenvolvimento proximal" (ZDP), espaço onde a criança consegue realizar tarefas com a ajuda de um adulto ou colega mais experiente. A leitura compartilhada e os jogos cooperativos são exemplos de estratégias que podem ser utilizados para promover o avanço nessa zona. A integração de múltiplos sentidos no processo de alfabetização é respaldada pela neurociência, que demonstra que experiências multissensoriais ativam áreas diversificadas do cérebro. Segundo Aquino (2007), ―o uso de estímulos visuais, auditivos e táteis reforça a codificação e a recuperação das informações‖. Atividades como desenhar letras na areia ou utilizar texturas diferentes para formar palavras podem potencializar a retenção de informações. Fonte: Concurseiros da Educação, (2024) A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 51 Fonte: Concurseiros da Educação, (2024) Ausubel (1963) propõe que o novo conhecimento é mais efetivo quando conectado ao conhecimento prévio do aluno. No contexto da alfabetização, isso significa que as crianças devem associar palavras e sons a experiências e contextos familiares. A leitura de histórias contextualizadas à realidade da criança é uma prática eficaz para alcançar esse objetivo. David Kolb, em sua teoria da aprendizagem experiencial, destaca que o aprendizadoocorre por meio da experiência ativa. Na alfabetização, isso pode incluir atividades como dramatizações, jogos de tabuleiro com letras e palavras e a criação de histórias coletivas. Fuentes (2018) reforça que essas práticas criam um ambiente de engajamento ativo, promovendo a autonomia e a criatividade. A aplicação integrada dessas teorias e descobertas exige práticas pedagógicas flexíveis e adaptativas. Para atender às demandas individuais, o professor deve identificar os estilos de aprendizagem predominantes de cada aluno, promovendo atividades que engajem suas inteligências múltiplas, conforme proposto por Gardner (1983). Por exemplo, crianças com inteligência corporal-cinestésica podem se beneficiar de jogos de movimento para aprender letras. Cada aluno possui um ritmo único de desenvolvimento, o que exige personalização. As neurociências apontam que a plasticidade cerebral permite adaptações significativas no aprendizado. De acordo com Davis & Oliveira (1994), "um ensino centrado no aluno, que valoriza suas características individuais, é essencial para o sucesso educacional". A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 52 O professor desempenha um papel central ao criar um ambiente alfabetizador que combina exploração, interação social e atividades multissensoriais. Fuentes (2018) destaca a importância da preceptoria pedagógica, que orienta o professor na escolha de estratégias que atendam às necessidades dos alunos. A alfabetização fundamentada nas teorias de Piaget, Vygotsky, neurociências e abordagens multissensoriais promove uma aprendizagem integral e eficaz. Essa combinação respeita as diferenças individuais e valoriza o potencial de cada aluno, garantindo que a aquisição da leitura e escrita seja significativa e prazerosa. 3. CONCLUSÃO A alfabetização fundamentada nas teorias de aprendizagem e no suporte das neurociências aponta para um cenário educativo promissor, onde o aprendizado é mais eficaz, inclusivo e adaptado às necessidades individuais. As contribuições de Piaget e Vygotsky destacam o aluno como protagonista, com ênfase na interação social e na construção ativa do conhecimento. Paralelamente, a aprendizagem significativa de Ausubel possibilita que novos conhecimentos se integrem ao repertório prévio do aluno, promovendo compreensão e retenção mais profundas. A abordagem experiencial de Kolb reforça a importância de atividades práticas no processo educativo, valorizando a experimentação e a reflexão. Quando somada à perspectiva multissensorial de Gardner, que reconhece as múltiplas inteligências, essa prática abre espaço para uma educação mais inclusiva, atendendo diferentes estilos e capacidades de aprendizagem. Essa integração de abordagens enriquece o processo de alfabetização, ao combinar práticas que exploram aspectos emocionais, sociais, cognitivos e sensoriais. A neurociência fortalece esse entendimento ao demonstrar como o cérebro aprende e se adapta. Estudos indicam que a alfabetização não é apenas um processo mecânico, mas um fenômeno neurobiológico complexo que envolve emoções, memória e atenção. Assim, estratégias que englobam múltiplos sentidos, como a utilização de materiais táteis, atividades interativas e estímulos audiovisuais, promovem conexões neurais mais robustas e duradouras, favorecendo o aprendizado. O avanço das práticas pedagógicas fundamentadas nas neurociências demonstra que a personalização do ensino não é apenas um ideal, mas uma necessidade para que todos os alunos tenham acesso equitativo à alfabetização. Isso é especialmente relevante em um mundo onde as diferenças individuais, como ritmo de aprendizado, preferências sensoriais e estilos cognitivos, A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 53 são reconhecidas e valorizadas. Ao atender a essas particularidades, o professor potencializa o aprendizado e ajuda o aluno a desenvolver suas habilidades de forma plena. As teorias e práticas apresentadas neste artigo convergem para a construção de um processo de alfabetização mais inclusivo e eficaz. A valorização do protagonismo do aluno, aliada à utilização de métodos que considerem suas experiências e capacidades, permite que a educação seja um instrumento de transformação social. A alfabetização, nesse contexto, não é apenas uma habilidade técnica, mas uma porta para o desenvolvimento integral, abrindo caminhos para a autonomia e o pensamento crítico. A integração entre as teorias de aprendizagem e as descobertas das neurociências representa uma oportunidade única de reimaginar a alfabetização no século XXI. Ferramentas tecnológicas e materiais pedagógicos inovadores, quando utilizados em alinhamento com esses princípios, criam ambientes de aprendizagem mais ricos e estimulantes. Nesse sentido, o futuro da alfabetização está intrinsecamente ligado à capacidade de adaptação e criatividade dos educadores. O impacto desse enfoque não se limita à sala de aula. Ele reverbera na sociedade como um todo, ao formar indivíduos mais preparados para lidar com os desafios do mundo contemporâneo. Alfabetizar-se com base nessas perspectivas significa, portanto, aprender a aprender, desenvolvendo habilidades que transcendem o domínio da linguagem e se estendem a outras áreas da vida. A esperança reside na possibilidade de criar um sistema educacional que seja, ao mesmo tempo, cientificamente fundamentado e humanisticamente orientado. As práticas pedagógicas que emergem desse entendimento promovem uma alfabetização que respeita a singularidade de cada indivíduo, enquanto incentiva a colaboração, a empatia e o pensamento crítico. O maior legado dessas abordagens é a visão otimista de que todos os alunos podem aprender e prosperar, desde que lhes sejam oferecidas as condições adequadas. O desafio está em transformar essas possibilidades em ações concretas, garantindo que a alfabetização seja uma experiência enriquecedora para todos. REFERÊNCIAS AUSUBEL, David P. The psychology of meaningful verbal learning. New York: Grune & Stratton, 1963. CABRAL, A e OITICICA, C.M. (2017) Piaget, J. A. Formação do símbolo na criança. Imitação, jogo, sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro, LTC. (original 1964). A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 54 DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Ramos de Psicologia da Educação. 2 ed. São Paulo: Coleção Magistério Série Formação do Professor, 1994. DE AQUINO, C. Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. 1ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. DOIDGE, Norman. O cérebro que se transforma. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2007. FUENTES, N. Preceptoria Parapedagógica na formação docente conscienciológica. Revista de Parapedagogia, Foz do Iguaçu, p. 3-14, 2018. ______. O Processo de Aprendizagem e o Papel do Educador. Revista de Parapedagogia, Foz do Iguaçu, p. 77-99; 2020. GARDNER, Howard. Frames of mind: The theory of multiple intelligences. New York: Basic Books, 1983. GAUTHIER, C. A Pedagogia: teorias e práticas da Antiguidade aos nossos dias. Petrópolis: Vozes, 2010. ILLERIS, K. (Org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre: Penso, 2013. ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; COSTA, T. P. R. da; SILVA, E. da S.; SANTOS, C. A. N. dos; ISCHKANIAN, S. G.; CARVALHO, S. N. de; CARVALHO, S. N. Da Escola para a Universidade e da Universidade para a Escola: Transformando o Ensino e Aprendizagem por Meio de Metodologias de Projetos. Disponível em: https://www.academia.edu/126906207/APRENDIZAGEM_POR_MEIO_DE_METODOLOGIAS_DE_PROJETOS. Acesso em: 10 jan. 2025. ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; COELHO, T.; TEIXEIRA, E. S.; OLIVEIRA, E. M. C.; DEMO, G.; RONQUE, W. D. S.; SILVA, F. A. da; ISCHKANIAN, S. G. Desafios e Avanços na Alfabetização de Crianças com Deficiências (PCDs), Progressos Tecnológicos, Metodologias de Letramento, Consciência Fonológica, Softwares Educativos, Aplicativos de Leitura, Escrita e Ferramentas Interativas. Disponível em: https://www.academia.edu/126646240/DESAFIOS_E_AVAN%C3%87OS_NA_ALFABETIZA% C3%87%C3%83O_DE_CRIAN%C3%87AS_COM_DEFICI%C3%8ANCIAS. Acesso em: 10 jan. 2025. ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond; BRAGA, Regina Daucia de Oliveira. Alfabetização e Neurociências: Inovações na Educação. Disponível em: https://www.academia.edu/126632921/ALFABETIZA%C3%87%C3%83O_E_NEUROCI%C3% 8ANCIAS_INOVA%C3%87%C3%95ES_NA_EDUCA%C3%87%C3%83O. Acesso em: 10 jan. 2025. ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond; CABRAL, Gladys Nogueira; SILVA, Lucas Serrão da; BRAGA, Regina Daucia de Oliveira; CARVALHO, Silvana Nascimento de; SILVA, Milca Ruiz da. Alfabetização e Neurociência. 2025. Disponível em: https://www.academia.edu/126449303/ALFABETIZA%C3%87%C3%83O_E_NEUROCI%C3% 8ANCIAS. Acesso em: 10 jan. 2025. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 55 KOLB, David A. Experiential learning: Experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1984. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1970. VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2007. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 56 A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DO CONSTRUTIVISMO, APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA, EXPERIENCIAL E MULTISSENSORIAL. Simone Helen Drumond Ischkanian Gladys Nogueira Cabral Bruna Silva Felix Eliana Drumond de Carvalho Silva Giane Demo Thamirys Patricia Ramos da Costa Regina Daucia de Oliveira Braga Ediana Maria Cacau Oliveira Silvana Nascimento de Carvalho Sandro Garabed Ischkanian Unidade de Ensino: ________________________________________ Acadêmico (a): ____________________________________________ Curso: __________________________________________________ Período: _________________________________________________ Anotações: ________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ __________________________________________________________ A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 57 COLETÂNEA DE CITAÇÕES 2025 EM CONSONÂNCIA COM “A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DO CONSTRUTIVISMO, APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA, EXPERIENCIAL E MULTISSENSORIAL”. Ana Cristina Sales dos Santos (2025): "A alfabetização multissensorial promove uma aprendizagem significativa ao integrar estímulos que enriquecem a experiência educativa." Ana Luzia Amaro dos Santos (2025): "A construção do conhecimento, segundo as neurociências, reflete o potencial humano quando as metodologias são adequadas ao perfil do aluno." Andréia de Lima Aragão Teixeira (2025): "A personalização no ensino fortalece a alfabetização ao considerar as diferenças individuais e os contextos sociais." Bruna Silva Felix (2025): "As teorias de Vygotsky destacam a interação como chave no processo de alfabetização, conectando o aluno ao meio social." Celine Maria de Souza Azevedo (2025): "A alfabetização eficaz resulta da combinação de métodos construtivistas com estratégias inovadoras e interativas." Cíntia Aparecida Nogueira dos Santos (2025): "A aprendizagem significativa transforma o aluno em protagonista, promovendo autonomia e engajamento." David de Almeida Simões (2025): "A integração de neurociências e educação reforça a importância de práticas pedagógicas baseadas na ciência do aprendizado." A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 58 Diogo Rafael da Silva (2025): "O construtivismo permite uma alfabetização ativa, onde o aluno reconstrói saberes com base em suas experiências." Ederson da Silva e Silva (2025): "A abordagem multissensorial amplia as possibilidades de aprendizado, conectando os sentidos à aquisição de conhecimento." Ediana Maria Cacau Oliveira (2025): "A alfabetização vai além do domínio técnico, sendo um caminho para o desenvolvimento integral do indivíduo." Eliana Drumond de Carvalho Silva (2025): "O aprendizado experiencial fortalece a memória e a retenção ao envolver o aluno em atividades práticas." Eunice Soares Teixeira (2025): "A inclusão de estratégias colaborativas no ensino promove uma alfabetização mais significativa e equitativa." Evelyn Noelia Seixas Solorzano (2025): "As neurociências educacionais destacam a importância das emoções para a alfabetização efetiva." Francisca Araújo da Silva (2025): "A prática docente deve ser adaptável, incorporando as teorias de aprendizagem para atender a diversidade da sala de aula." Gabriel Nascimento de Carvalho (2025): "Uma alfabetização eficaz reconhece o papel do ambiente social na formação de leitores críticos." Giane Demo (2025): "O letramento crítico potencializa a capacidade de interpretação e participação ativa na sociedade." Gladys Nogueira Cabral (2025): "A alfabetização deve integrar múltiplos estímulos e perspectivas, promovendo uma aprendizagem diversificada." Hevelin Katana Farias Ribeiro (2025): "A construção do conhecimento na alfabetização envolve uma abordagem inclusiva e dinâmica." A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 59 José Maria Oliveira Araújo Júnior (2025): "A aprendizagem significativa conecta novos conhecimentos à realidade do aluno, potencializando resultados." Juliana Balta Ferreira (2025): "A alfabetização baseada em teorias de aprendizagem é um processo transformador que impacta toda a vida do aluno." Leizane Ferreira dos Santos (2025): "A aplicação prática das teorias de Piaget e Vygotsky favorece a alfabetização interativa e significativa." Lucas Serrão da Silva (2025): "Os avanços das neurociências reforçam a necessidade de práticas pedagógicas adaptadas e inovadoras." Luciana Tavares de Barros (2025): "O aprendizado é maximizado quando as metodologias consideram o estágio de desenvolvimento do aluno." Milca Ruiz da Silva (2025): "O construtivismo oferece um alicerce para a alfabetização ativa e baseada em experiências reais." Natali Maria Serafim (2025): "A inclusão de múltiplas inteligências no ensino promove uma alfabetização mais abrangente e equitativa."de informação e o engajamento dos estudantes. Neste contexto, a integração das teorias de aprendizagem com as descobertas das neurociências oferece uma abordagem mais holística da alfabetização, considerando não apenas os aspectos cognitivos, mas também os afetivos, sociais e físicos envolvidos no processo. A análise das teorias de aprendizagem – como o Construtivismo, a Aprendizagem Significativa, a Aprendizagem Experiencial e as estratégias Multissensoriais – em conjunto com os avanços das neurociências, oferece aos educadores ferramentas poderosas para a construção de metodologias de ensino mais inclusivas e eficazes. Essas teorias não apenas contribuem para um entendimento mais profundo do processo de aprendizagem, mas também fornecem bases para A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 4 práticas pedagógicas que atendem às diferentes formas de aprender dos alunos, consolidando a alfabetização como um processo contínuo e dinâmico de desenvolvimento cognitivo e social. 2. DESENVOLVIMENTO A aplicação dessas teorias permite uma prática pedagógica mais eficaz e inclusiva, que atende às necessidades de todos os alunos, respeitando suas diferenças individuais e promovendo uma alfabetização que seja tanto significativa quanto duradoura. 2.1 TEORIAS DA AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO O estudo das teorias de aprendizagem se baseia na compreensão dos processos cognitivos envolvidos na aquisição de conhecimento e no desenvolvimento de habilidades. Essas teorias (Figura 1) oferecem uma visão aprofundada de como os indivíduos absorvem, processam e retêm informações ao longo do tempo. Elas são fundamentais tanto na psicologia quanto na educação, pois ajudam a guiar as práticas pedagógicas, oferecendo uma base para o aprimoramento das metodologias de ensino. Fonte: Natalia Fuente (2021), professora e pesquisadora da REAPRENDENTIA. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 5 2.1.1 TEORIA DA APRENDIZAGEM Uma teoria de aprendizagem não é apenas uma explicação sobre como o processo de aprendizagem acontece, mas também uma tentativa de desvendar os mecanismos que regem esse processo. As teorias de aprendizagem procuram responder a questões como: O que realmente acontece na mente de um indivíduo quando ele aprende algo novo? Como ele organiza o novo conhecimento com o que já sabe? Como o contexto e as experiências anteriores influenciam a capacidade de aprender? Tais questionamentos são fundamentais para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que atendam às necessidades de cada aluno de forma individualizada. As teorias de aprendizagem também se dividem em modelos que explicam as várias formas como o aprendizado pode ocorrer, como as abordagens comportamentais, cognitivas, construtivistas e sociais. Cada uma dessas perspectivas traz uma visão única sobre o processo de aprendizagem, com diferentes ênfases, objetivos e implicações pedagógicas. 2.1.2 PRINCIPAIS ABORDAGENS Dentro do estudo da aprendizagem, algumas correntes se destacam por suas diferentes explicações sobre como o conhecimento é adquirido. Duas das principais abordagens teóricas que surgem em relação à aquisição de conhecimento são o empirismo e o racionalismo, com teorias que derivam desses paradigmas. Empirismo (ou Ambientalismo/Associacionismo): É uma abordagem que acredita que o conhecimento provém da experiência sensorial e da interação com o ambiente. De acordo com essa corrente, os indivíduos começam como uma "tabula rasa" (uma folha em branco) e, à medida que interagem com o mundo ao seu redor, vão adquirindo conhecimentos através das percepções sensoriais. Teorias associacionistas, como as de John Locke e David Hume, enfatizam como as experiências podem ser associadas para formar uma rede de ideias ou conceitos. No contexto educacional, essa abordagem sugere que o aprendizado é um processo contínuo de interação com o ambiente, onde estímulos externos geram respostas que levam ao aprendizado. Racionalismo: Sustenta que o conhecimento não se origina apenas da experiência sensorial, mas também da razão e da reflexão interna. Filósofos como René Descartes e Immanuel Kant propuseram que existem ideias inatas ou categorias mentais que moldam como os indivíduos percebem e compreendem o mundo. O racionalismo enfatiza a importância dos processos cognitivos internos, como a dedução lógica e a análise crítica, para a construção do conhecimento. Em termos educacionais, essa teoria sugere que os alunos devem ser incentivados a usar sua razão para explorar e resolver problemas, muitas vezes por meio de questionamentos e reflexão profunda. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 6 2.1.3 APLICAÇÕES PRÁTICAS NO ENSINO No contexto educacional, as teorias de aprendizagem têm um impacto direto na forma como os professores abordam o ensino e como as estratégias pedagógicas são elaboradas. A integração dessas abordagens no ambiente escolar pode ser feita de diversas maneiras: Ensino Empírico (ambientalista): Pode ser aplicado por meio de atividades práticas, experiências e observações que permitem aos alunos aprender de forma ativa, estimulando o uso dos sentidos e a interação com o mundo ao redor. Ensino Racionalista: Enfatiza o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade de resolução de problemas, estimulando os alunos a pensar de forma lógica e reflexiva. Aqui, o professor atua como facilitador, guiando os alunos para que eles descubram respostas e compreendam conceitos de maneira profunda e fundamentada. Em ambos os casos, a aplicação de uma ou mais dessas abordagens depende do contexto educacional e das necessidades dos alunos. Algumas metodologias mais recentes, como as baseadas no Construtivismo, oferecem uma fusão dessas correntes, sugerindo que o conhecimento é construído ativamente pelo aluno através de experiências, interações e reflexões, apoiadas em uma base sólida de conhecimentos prévios. O estudo das teorias de aprendizagem é essencial para o aprimoramento da prática pedagógica. A compreensão das diferentes abordagens teóricas oferece aos educadores um vasto leque de ferramentas para personalizar o ensino de acordo com as necessidades de seus alunos. Seja pela ênfase no empirismo ou no racionalismo, o que é indiscutível é que a aprendizagem é um processo dinâmico, multifacetado e contínuo, que envolve tanto aspectos internos quanto externos do indivíduo. As teorias de aprendizagem são, portanto, essenciais para a criação de ambientes educacionais mais eficientes e significativos, que favoreçam o desenvolvimento integral dos alunos. 2.1.4 EMPIRISMO OU AMBIENTALISMO O Empirismo ou Ambientalismo é uma corrente filosófica que destaca a influência do ambiente na aquisição do conhecimento, tendo como principais representantes David Hume (1711-1776) e John Locke (1632-1704). Segundo essa perspectiva, o ambiente desempenha um papel fundamental no desenvolvimento humano, sendo que as condições do meio são determinantes na formação das capacidades cognitivas e comportamentais. O planejamento ambiental é visto como uma ferramenta para criar estímulos que induzam respostas específicas, enfatizando a ideia de que o ambiente molda o indivíduo de maneira direta e exclusiva. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 7 Conforme destaca MizukamiNeuza Venditte (2025): "O foco na personalização do ensino é essencial para atender às necessidades únicas de cada aluno." Regina Daucia de Oliveira Braga (2025): "Uma alfabetização significativa considera os aspectos emocionais e sociais do processo de aprendizado." Rita Cristina Guimarães de Almeida (2025): "A alfabetização multissensorial conecta os sentidos à aquisição do letramento." Samara Mesquita dos Santos (2025): "A aprendizagem experiencial possibilita um engajamento mais profundo e duradouro no processo educativo." A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 60 Sandro Garabed Ischkanian (2025): "A alfabetização deve ser baseada em práticas que respeitem as diferenças individuais e promovam o desenvolvimento pleno." Simone Helen Drumond Ischkanian (2025): "A aplicação de estratégias neurocientíficas no ensino melhora significativamente a alfabetização." Silvana Nascimento de Carvalho (2025): "A alfabetização requer práticas dinâmicas que integrem experiências e teoria." Silvia Drumond de Carvalho (2025): "A construção do saber é potencializada pelo uso de métodos que conectem emoção e cognição." Sygride Nascimento de Carvalho (2025): "A personalização do ensino valoriza as singularidades do aluno, promovendo uma alfabetização eficaz." Tatiana Coelho (2025): "A alfabetização significativa transcende o ato de ler e escrever, promovendo cidadania." Tatiani Bonfim Bianchini (2025): "O construtivismo oferece bases sólidas para uma alfabetização reflexiva e ativa." Thamirys Patricia Ramos da Costa (2025): "A aprendizagem multissensorial conecta estímulos diversos à aquisição do letramento." Wanessa Delgado Silva Ronque (2025): "A alfabetização eficaz une ciência, emoção e prática, gerando impacto duradouro no aprendizado." A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 61 Qual é a importância do construtivismo no processo de alfabetização? Como o construtivismo fomenta uma abordagem centrada no aluno, refletindo sobre sua capacidade de construir conhecimento ativamente em vez de recebê-lo de forma passiva? Como Vygotsky contribuiu para o entendimento da aprendizagem colaborativa na alfabetização? De que maneira a interação social e o papel do mediador influenciam na aquisição de habilidades de leitura e escrita? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 62 De que forma a Aprendizagem Significativa, proposta por Ausubel, auxilia no ensino da leitura e da escrita? Como os educadores podem conectar os novos conteúdos ao conhecimento prévio dos alunos para torná-los mais relevantes e eficazes? Explique a importância do aprendizado experiencial no desenvolvimento de habilidades de alfabetização. De que modo vivências concretas e práticas ajudam a criar uma base sólida para a leitura e a escrita? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 63 Como as neurociências podem ajudar a personalizar o ensino para atender diferentes estilos de aprendizagem? De que forma o conhecimento sobre funções cerebrais específicas pode orientar estratégias pedagógicas mais eficazes? O que caracteriza uma abordagem multissensorial na alfabetização? Como atividades que englobam sentidos como visão, audição e tato podem melhorar a retenção e o engajamento dos alunos? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 64 Qual a relação entre a memória de trabalho e a alfabetização, segundo as neurociências? Por que é essencial entender a capacidade de memória de trabalho dos alunos para adaptar os conteúdos de forma eficaz? Por que é importante conectar o aprendizado a experiências anteriores, segundo David Ausubel? Como a criação de associações significativas pode evitar o esquecimento e reforçar a alfabetização? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 65 Como o conhecimento sobre o desenvolvimento cognitivo de Piaget pode ser aplicado na alfabetização? De que maneira os estágios de desenvolvimento infantil orientam a escolha de metodologias para a leitura e a escrita? Qual é o papel das emoções na aprendizagem, conforme estudos neurocientíficos? Como sentimentos de segurança e motivação impactam diretamente a capacidade de aprender a ler e escrever? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 66 Como a mediação social influencia a aprendizagem, de acordo com Vygotsky? Quais são os benefícios de envolver adultos ou pares mais experientes no processo de alfabetização? Quais são os benefícios de usar atividades práticas e experienciais no ensino da alfabetização? Como a experimentação direta pode ajudar os alunos a internalizarem conceitos fundamentais da linguagem? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 67 Explique o conceito de "zona de desenvolvimento proximal" e sua aplicação na alfabetização. Como identificar e trabalhar com as capacidades emergentes dos alunos pode acelerar o processo de leitura e escrita? De que forma o aprendizado ativo é promovido no construtivismo? Por que o envolvimento direto dos alunos no processo de alfabetização resulta em maior compreensão e retenção? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 68 Qual a importância das múltiplas inteligências, de Gardner, no planejamento de atividades de alfabetização? Como adaptar estratégias para diferentes inteligências pode garantir que todos os alunos tenham suas necessidades atendidas? Como o uso de tecnologia pode potencializar estratégias multissensoriais na alfabetização? De que modo ferramentas digitais e interativas ampliam as possibilidades de engajamento e aprendizado? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 69 O que diferencia o aprendizado significativo do aprendizado mecânico? Por que a compreensão profunda dos conceitos é mais importante do que a memorização simples de informações? Como as teorias construtivistas podem ser aplicadas no ensino de crianças com dificuldades de aprendizado? Quais adaptações podem ser feitas para criar um ambiente mais inclusivo e eficaz para esses alunos? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 70 Qual é a importância da inclusão de estímulos visuais, auditivos e táteis na alfabetização? Como a combinação de diferentes estímulos pode fortalecer conexões cerebrais e facilitar o aprendizado? Explique a relação entre atenção e alfabetização, segundoos estudos neurocientíficos. Por que manter a atenção dos alunos é um desafio e uma prioridade na alfabetização? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 71 Por que o contexto cultural é relevante para o processo de alfabetização? Como o respeito às vivências e tradições dos alunos pode enriquecer o ensino da leitura e da escrita? Como a prática de leitura compartilhada contribui para a alfabetização, segundo Vygotsky? Quais habilidades cognitivas e sociais são desenvolvidas por meio dessa prática? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 72 Qual o impacto da neuroplasticidade no desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita? De que maneira o cérebro se adapta para adquirir novas competências no processo de alfabetização? De que forma o aprendizado experiencial pode melhorar a retenção de informações na alfabetização? Por que atividades práticas são mais eficazes do que métodos exclusivamente teóricos? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 73 Como a teoria das múltiplas inteligências pode ajudar na personalização do ensino da alfabetização? Quais são os desafios e benefícios de adaptar as aulas para atender diferentes perfis de inteligência? Qual é o papel do professor como mediador no construtivismo? Por que é essencial que o professor oriente o processo sem se tornar a fonte única de conhecimento? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 74 Como a integração das neurociências com a pedagogia pode transformar o processo de alfabetização? Quais avanços recentes mostram como o estudo do cérebro pode revolucionar práticas educativas? Por que é importante considerar os aspectos emocionais na alfabetização? Como trabalhar a autoestima dos alunos pode ser decisivo no desenvolvimento da leitura e da escrita? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 75 Explique como atividades colaborativas ajudam no processo de letramento. Quais são os ganhos de aprendizagem social no desenvolvimento de competências linguísticas? Qual é a importância de estratégias interdisciplinares no ensino da alfabetização? Como unir conhecimentos de diferentes áreas pode enriquecer o processo de alfabetização? A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 76 O que caracteriza a abordagem construtivista? O construtivismo é um movimento pedagógico que se destaca como uma nova proposta de ensino, que vem ganhando destaque nas últimas décadas. No entanto, seus maiores defensores não o consideram como uma metodologia consolidada, mas sim como um campo de estudo ainda em processo de amadurecimento. Esse enfoque exige tempo para desenvolver e estruturar práticas de ensino, exceto nas áreas de alfabetização, que já estão mais avançadas. Quais são os princípios centrais da pedagogia construtivista? A pedagogia construtivista propõe que o aluno se envolva ativamente no processo de aprendizagem por meio da experimentação, colaboração, questionamento e raciocínio. Ao contrário de oferecer conhecimento pronto, o método foca em técnicas inovadoras, incluindo a memorização de forma criativa. A abordagem acredita que o aprendizado se torna mais efetivo quando o aluno participa da construção do conhecimento. O erro é visto como uma oportunidade de crescimento, não como um fracasso, e o sistema de ensino propõe flexibilidade ao invés de rigidez. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 77 Por que o construtivismo adota essas práticas? O construtivismo se baseia nos estudos de Jean Piaget, psicólogo suíço que revolucionou a compreensão do processo de aquisição do conhecimento. Ele mostrou que as crianças raciocinam de forma lógica, mas com estruturas que evoluem conforme a idade, e são diferentes das lógicas adultas. Por exemplo, uma criança pode achar que uma "salsicha" feita com massa contém mais que uma bolinha devido ao formato, o que não é um erro, mas uma forma de raciocínio adequada à sua fase de desenvolvimento. O construtivismo propõe práticas pedagógicas que respeitam essas diferentes fases de amadurecimento intelectual. Piaget criou o construtivismo? Não, Piaget nunca se dedicou a criar uma pedagogia específica. Ele se concentrou em estudar os processos da inteligência humana. Outros especialistas, baseando- se nas suas descobertas, aplicaram essas ideias para desenvolver métodos pedagógicos inovadores. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 78 De onde surgiu o construtivismo? O termo "construtivismo" foi introduzido por Emilia Ferreiro, psicóloga argentina e discípula de Piaget. Ela se dedicou ao estudo do processo de aprendizagem da leitura e escrita, baseando-se na teoria de Piaget e desenvolvendo suas próprias propostas, que ela chamou de construtivismo. Emilia Ferreiro é a autora do construtivismo? Não, Emilia Ferreiro, assim como Piaget, criou uma teoria científica, mas não uma pedagogia. A pedagogia construtivista se desenvolveu com o uso das descobertas de ambos, além de outros educadores como Lev Vygotsky, cujas ideias também foram incorporadas. Inicialmente, o termo "construtivismo" se referia à teoria de Ferreiro, mas com o tempo passou a englobar todas as propostas pedagógicas inspiradas nessa abordagem. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 79 O que sustenta a teoria de Emilia Ferreiro? Emilia Ferreiro aplicou a teoria de Piaget para estudar como as crianças aprendem a ler e escrever entre 4 e 6 anos. Ela descobriu que as crianças não seguem os métodos tradicionais de ensino, pois aprendem segundo uma lógica própria. Ou seja, elas não aprendem exatamente como são ensinadas, o que levou à criação de novas práticas pedagógicas de alfabetização adaptadas à lógica infantil. Como é a lógica infantil na alfabetização, segundo Emilia Ferreiro? Ferreiro identificou uma sequência lógica no desenvolvimento da alfabetização. Inicialmente, na fase pré-silábica, as crianças não associam letras a sons e escrevem com repetições de uma letra. Na fase silábica, elas atribuem um valor silábico a cada letra. Depois, na fase silábico-alfabética, começam a combinar sílabas. Por fim, na fase alfabética, dominam completamente o valor das letras e sílabas. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 80 O construtivismo se aplica apenas à alfabetização infantil? Embora o construtivismo tenha começado com a alfabetização, suas práticas já são utilizadas até a quarta série, adaptadas para outros conteúdos. Contudo, a partir daquinta série, quando há especialização dos professores por matéria, o construtivismo é menos aplicado devido à falta de teorias equivalentes à de Ferreiro. Por que o construtivismo critica a "prontidão" na alfabetização infantil? Os construtivistas, com base nas teorias de Piaget e Ferreiro, consideram que o treinamento motor, frequentemente usado para preparar as crianças para a escrita, é inútil. Para eles, aprender a ler e escrever envolve mais do que habilidades motoras; trata-se de um processo cognitivo mais complexo.(1986), essa linha de pensamento parte da premissa de que o ser humano, ao nascer, é como uma "tábula rasa", ou seja, uma folha em branco, pronta para ser preenchida pelas experiências sensoriais e motoras que vivencia. O conhecimento, portanto, não é algo inato ou derivado de uma estrutura mental pré- existente, mas sim uma cópia das informações provenientes do mundo externo, sendo uma "descoberta" do sujeito sobre algo que já existia na realidade. Essa visão implica que a aprendizagem ocorre por meio da percepção e da interação com o ambiente, no qual o conhecimento é adquirido à medida que o sujeito descobre e interpreta o que está ao seu redor. A partir dessa corrente empirista, surgiram outras abordagens, como o behaviorismo (ou comportamentalismo) e o conexionismo, que enfatizam a influência do ambiente nas respostas observáveis e nas conexões estabelecidas entre estímulos e respostas. 2.1.5 RACIONALISMO Na filosofia moderna, René Descartes (1596-1650) é considerado o precursor do racionalismo, corrente que afirma que o conhecimento humano é alcançado principalmente por meio da análise lógica e da reflexão. Segundo essa visão, a aprendizagem não depende exclusivamente das percepções sensoriais, mas sim de processos mentais que envolvem raciocínio, análise de proposições e lógica. Descartes defendeu que a mente humana possui uma capacidade única de compreender e avaliar proposições, determinando sua veracidade ou probabilidade através do pensamento estruturado, independente das experiências sensoriais diretas. No contexto do racionalismo, o ambiente tem um papel importante, mas não é o único determinante da aprendizagem. A ideia central é que o ambiente gera estímulos que influenciam o indivíduo, e, uma vez que o indivíduo processa esses estímulos, ele se transforma internamente. A mudança interna gerada pela aprendizagem, por sua vez, permite ao indivíduo influenciar e modificar o ambiente ao seu redor, gerando novos estímulos que, em um ciclo contínuo, propiciam mais aprendizagem. Esse processo é visto como uma interação dinâmica e contínua, ou seja, uma via de mão dupla, onde tanto o ambiente quanto o indivíduo se influenciam mutuamente, como destaca. A partir do racionalismo, surgiram outras correntes filosóficas que deram origem a teorias importantes, como o inatismo (ou nativismo), que postula que certos conhecimentos ou capacidades são inatos ao ser humano, e o interacionismo (como o construtivismo), que acredita que o conhecimento é construído por meio da interação entre o indivíduo e o ambiente, processo que envolve tanto fatores internos (mentais) quanto externos (ambientais). A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 8 2.1.6 BEHAVIORISMO O behaviorismo é uma teoria psicológica que se concentra no estudo dos comportamentos observáveis e nas formas como os indivíduos respondem aos estímulos do ambiente. Segundo Illeris (2013), o behaviorismo se caracteriza por sua ênfase na observação do comportamento e na relação entre estímulos e respostas, enquanto rejeita o estudo dos processos mentais internos, como pensamentos e emoções, por serem considerados inacessíveis à observação científica direta. Existem duas vertentes principais dentro do behaviorismo: o behaviorismo metodológico e o behaviorismo radical. A primeira vertente foi criada por John B. Watson (1878-1958), considerado o fundador do estudo do comportamento observável. Para Watson, todo ser humano aprende a partir do seu ambiente, sendo este o principal fator na formação de seus comportamentos. Ele rejeitava a importância dos processos mentais, pois estes não poderiam ser observados cientificamente. Watson defendia que a única forma válida de estudar o comportamento humano seria através da análise dos estímulos do ambiente e das respostas observáveis dos indivíduos a esses estímulos (Illeris, 2013). De acordo com essa abordagem, ao modificar o ambiente e os estímulos, seria possível prever e controlar as respostas do indivíduo, ou seja, o comportamento humano passaria a ser algo controlável e condicionado. O conceito central do behaviorismo metodológico, segundo Illeris (2013), é o modelo de estímulo-resposta. Isso implica que o comportamento humano é uma reação direta a estímulos externos, o que o torna previsível. Dessa forma, o indivíduo não possui um papel ativo ou reflexivo em relação ao seu comportamento, sendo o ambiente o principal responsável pela formação de suas respostas. Mais tarde, o behaviorismo radical, desenvolvido por B.F. Skinner (1904-1990), expandiu a teoria do behaviorismo metodológico ao considerar que, além dos estímulos externos, as consequências das ações de um indivíduo também influenciam seu comportamento. Skinner introduziu o conceito de reforço, que postula que os comportamentos seguidos de consequências positivas tendem a ser repetidos, enquanto os seguidos de consequências negativas tendem a ser reduzidos (Illeris, 2013). O reforço pode ser positivo (ao adicionar uma recompensa) ou negativo (ao remover um estímulo aversivo), e ambos têm o poder de modificar o comportamento. Embora o behaviorismo tenha sido fundamental para a aplicação de técnicas de modificação de comportamento, principalmente no campo educacional e terapêutico, ele também foi criticado por correntes como o cognitivismo, que argumenta que o comportamento não pode ser totalmente compreendido apenas em termos de estímulos e respostas, pois fatores internos, como cognições e emoções, desempenham um papel crucial na aprendizagem e no comportamento humano (Illeris, 2013). A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 9 Conforme destacado na (tabela 1) o behaviorismo tem sido uma das abordagens mais influentes no estudo do comportamento humano, porém, suas limitações são evidentes quando se considera a complexidade do funcionamento mental. Tabela 1: Perspectivas sobre o Behaviorismo. AUTOR PERSPECTIVA SOBRE O BEHAVIORISMO John B. Watson (1878-1958) Watson propôs que o comportamento humano é um reflexo direto do ambiente, sendo este o principal agente na formação de respostas do indivíduo. A aprendizagem ocorre por meio da associação de estímulos e respostas observáveis. B.F. Skinner (1904-1990) Skinner aprofundou o estudo do behaviorismo ao introduzir o conceito de reforço, sugerindo que os comportamentos são moldados através de consequências positivas ou negativas, destacando o papel das respostas do indivíduo em contextos específicos de aprendizagem. Simone Helen Drumond Ischkanian (2025) Ischkanian propõe que, no ambiente educacional, os princípios do behaviorismo podem ser aplicados para reforçar comportamentos desejados, enfatizando a importância de estímulos ambientais que estimulem o aprendizado e a interação com o meio. Gladys Nogueira Cabral (2025) Cabral analisa como o comportamento do aluno pode ser melhor compreendido a partir da interação entre o ambiente escolar e as respostas dos alunos, sugerindo que a aprendizagem é um processo de adaptação às condições externas e aos reforços positivos ou negativos que os estudantes recebem. Bruna Silva Felix (2025) Felix destaca a relevância dos estímulos como ferramentas poderosas de modificação de comportamento, reconhecendo que a aprendizagem no contexto escolar é favorecida pela repetição de respostas a determinados estímulos do ambiente. Eliana Drumond de Carvalho Silva (2025) Drumond de Carvalho reforça que, no modelo behaviorista, o papel do educador é fundamental como mediador dos estímulos ambientais, sugerindo que, ao moldar esses estímulos,o educador pode direcionar a aprendizagem de forma mais eficaz. Giane Demo (2025) Demo discute que o aprendizado, na perspectiva behaviorista, ocorre quando o aluno é condicionado a responder a estímulos, sendo necessário um planejamento cuidadoso de atividades que possam fortalecer essas respostas através de reforços. Thamirys Patricia Ramos da Costa (2025) Ramos da Costa aponta que, dentro do contexto behaviorista, a aprendizagem não é apenas uma questão de acumular informações, mas sim de respostas comportamentais que são modificadas de acordo com a experiência de reforços e punições. Regina Daucia de Oliveira Braga (2025) Braga explica que a teoria behaviorista enfatiza a importância da observação e mensuração do comportamento, sugerindo que as práticas pedagógicas devem ser baseadas na análise das respostas dos alunos a estímulos do ambiente educacional. Ediana Maria Cacau Oliveira (2025) Oliveira propõe que, no comportamento humano, as respostas aos estímulos são fundamentais para o processo de aprendizagem, sendo o ambiente um fator crucial para a formação e modificação desses comportamentos. Silvana Nascimento de Carvalho enfatiza que a aplicação do behaviorismo no ensino pode ser eficaz para controlar e modificar comportamentos indesejáveis, utilizando o reforço A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 10 Carvalho (2025) positivo como estratégia pedagógica. Sandro Garabed Ischkanian (2025) Ischkanian sugere que, a partir do behaviorismo, as práticas educacionais podem ser otimizadas ao identificar padrões de resposta e reforçar comportamentos que favoreçam o aprendizado, resultando em mudanças observáveis no comportamento dos alunos. Fonte: ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025). Essa tabela organiza as ideias de cada autor sobre o comportamento e a aprendizagem, com foco nas influências do ambiente, estímulos e respostas no processo de aprendizagem. O aprendizado, segundo os teóricos, envolve mais do que a simples resposta a estímulos; ele também envolve processos internos de pensamento, memória e resolução de problemas, que não podem ser observados diretamente, mas são igualmente fundamentais para a compreensão do comportamento humano (Illeris, 2013). 2.1.7 SKINNER E O BEHAVIORISMO RADICAL Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) foi um dos principais defensores do behaviorismo radical, que se fundamenta na ideia de que o comportamento humano pode ser moldado e modificado por meio do controle e reforço de estímulos ambientais. Ao contrário de outras abordagens psicológicas que se concentravam nos processos mentais internos, como pensamentos ou sentimentos, Skinner argumentava que o foco da psicologia deveria ser no comportamento observável e mensurável. A aprendizagem, em sua concepção, não seria uma questão de adquirir conhecimento abstrato, mas sim uma mudança no comportamento do sujeito em resposta a estímulos do ambiente. Essa perspectiva levou à formulação do conceito de condicionamento operante, que é a ideia de que o comportamento é fortalecido ou enfraquecido dependendo das consequências que se seguem. Segundo Skinner, o processo de aprendizagem ocorre quando uma resposta é dada a um estímulo, e essa resposta é reforçada positivamente, aumentando a probabilidade de que o comportamento se repita no futuro. Esse reforço pode ser positivo, quando algo agradável é apresentado após a resposta, ou negativo, quando algo desagradável é removido. O princípio central da teoria skinneriana é que o comportamento pode ser moldado através de reforços sistemáticos e controlados, sendo o ambiente a chave para o desenvolvimento do comportamento desejado. Para Skinner, a educação deve ser organizada de forma a criar condições ambientais que favoreçam o aprendizado de maneira estruturada e eficiente. O ensino não é visto como uma transmissão passiva de informações, mas como um processo ativo de manipulação e controle de A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 11 condições que possibilitam a aprendizagem. Os métodos de ensino devem ser cuidadosamente planejados para garantir que as respostas desejadas sejam reforçadas adequadamente, com o objetivo de promover o desenvolvimento de habilidades e comportamentos esperados. O aluno, assim, é visto como um agente que reage ao ambiente e, por meio da repetição e reforço de suas respostas, aprende a se comportar de maneiras específicas, dentro dos parâmetros estabelecidos. Skinner aplicou sua teoria em diversos contextos, especialmente no ensino, propondo que o processo educacional fosse moldado de acordo com os princípios do reforço operante. Ele introduziu técnicas como o ensino programado, que utiliza uma série de estímulos controlados e reforços imediatos para promover a aprendizagem de forma sequencial e gradual. O ensino programado, por exemplo, permite que o aluno avance de forma autônoma, recebendo reforços a cada pequena conquista, o que o motiva a continuar a aprendizagem. Esse modelo se distancia das abordagens tradicionais de ensino, que muitas vezes dependem de métodos mais passivos e repetitivos, e oferece uma experiência de aprendizagem mais personalizada e adaptada ao ritmo do estudante. Entretanto, a teoria de Skinner tem sido alvo de críticas, especialmente no que diz respeito à sua ênfase na manipulação do ambiente em vez da consideração dos aspectos cognitivos e afetivos do indivíduo. Críticos argumentam que a teoria ignora a complexidade do comportamento humano e as influências internas que também desempenham um papel significativo no processo de aprendizagem. Além disso, a abordagem pode ser vista como excessivamente mecanicista, tratando o ser humano como um "reflexo" do ambiente, sem levar em conta as variáveis subjetivas e as motivações pessoais que podem influenciar o comportamento. Apesar das críticas, a teoria de Skinner tem importância significativa no campo educacional, especialmente em áreas que envolvem treinamento comportamental, ensino de habilidades práticas e reabilitação. A aplicação dos princípios do condicionamento operante, como reforços imediatos e feedback constante, tem mostrado eficácia em contextos de aprendizagem de habilidades motoras, ensino de alunos com dificuldades de aprendizagem e modificação de comportamentos em diversas configurações educacionais. De acordo com Illeris (2013), a abordagem de Skinner se mantém relevante em certos contextos específicos, como a aprendizagem precoce, o retreinamento e a educação de indivíduos com limitações cognitivas. Nesses casos, onde é essencial promover respostas comportamentais específicas e sustentadas, os princípios do reforço operante são fundamentais para garantir que o aprendizado ocorra de forma eficaz. Contudo, é importante reconhecer que o comportamento humano é multidimensional e que a teoria de Skinner deve ser considerada como uma das várias A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 12 abordagens possíveis no processo educacional, sendo complementada por outras teorias que enfatizam a importância dos aspectos cognitivos, emocionais e sociais no aprendizado. 2.1.8 TEORIAS RACIONALISTAS As teorias racionalistas sobre o desenvolvimento humano propõem que a maior parte das qualidades e capacidades do ser humano, como seus traços de personalidade, valores, habilidadescognitivas e comportamentais, são inatas, ou seja, já presentes no momento do nascimento e não são moldadas de forma substancial pelas experiências adquiridas ao longo da vida. Essas teorias contrapõem-se à visão empírica, que enfatiza o papel do ambiente como determinante no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Ao longo dos séculos, diferentes correntes filosóficas e psicológicas deram forma ao racionalismo e aos seus desdobramentos. As principais abordagens dentro dessa linha de pensamento são o inatismo, o interacionismo e o construtivismo. Cada uma dessas perspectivas oferece uma visão única sobre o papel da experiência e da biologia no processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. O inatismo, uma das mais antigas e influentes teorias dentro do racionalismo, sustenta que muitos aspectos da personalidade e do comportamento humano são pré-determinados geneticamente e, portanto, não são significativamente influenciados pela experiência. De acordo com essa perspectiva, a educação deve ter um papel secundário, limitando-se a interferir o mínimo possível no processo natural de desenvolvimento. A ideia central do inatismo é que as habilidades cognitivas e os traços de personalidade fundamentais são dados ao nascimento e permanecem relativamente estáveis ao longo da vida. A teoria inatista tem implicações importantes para a educação, uma vez que sugere que, em vez de moldar e transformar os indivíduos, a educação deve focar em criar condições favoráveis para que esses traços inatos se expressem de maneira adequada e eficaz. Na prática educacional, essa teoria implica que o papel dos educadores seria mais o de observadores e facilitadores, proporcionando condições mínimas para que os alunos se desenvolvam conforme sua predisposição inata. O inatismo também pode ser visto como uma base para teorias como o nativismo, que propõe que certos conhecimentos ou capacidades cognitivas são, de fato, inatos, como a capacidade de aprender uma língua. Diferentemente do inatismo, o interacionismo argumenta que o desenvolvimento humano ocorre através de uma interação constante entre o organismo e seu ambiente. Essa perspectiva reconhece a importância tanto das características biológicas e genéticas quanto das influências externas no processo de aprendizagem. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 13 O interacionismo destaca a ideia de que o conhecimento não é pré-existente e tampouco adquirido de forma passiva; pelo contrário, ele é continuamente construído pelo indivíduo com base em suas experiências e na interação com o ambiente social e físico. Para os interacionistas, o aprendizado é visto como um processo dinâmico, em que o ser humano vai adaptando suas estruturas cognitivas e emocionais à medida que interage com o meio. O conhecimento não é algo dado, mas algo que se constrói ao longo do tempo, com base nas experiências vividas e nas relações estabelecidas com o mundo ao redor. Essa teoria tem uma forte conexão com o trabalho de Jean Piaget, no que diz respeito à forma como as crianças constroem suas próprias compreensões de mundo a partir de interações ativas com seu ambiente físico e social. Ao mesmo tempo, pode ser relacionada com o trabalho de Lev Vygotsky, que focou a importância da interação social para o desenvolvimento cognitivo, especialmente a interação com figuras de autoridade ou colegas mais experientes. O interacionismo cognitivista de Piaget e o sociointeracionismo de Vygotsky exemplificam diferentes maneiras de entender essa interação. Enquanto Piaget enfatiza a construção do conhecimento a partir da experiência individual, Vygotsky coloca um maior ênfase nas interações sociais e culturais como elementos fundamentais para o desenvolvimento cognitivo. O construtivismo, particularmente a teoria de Jean Piaget, vê o processo de aprendizagem como uma busca ativa do organismo por um estado de equilíbrio com o ambiente. Piaget formulou o conceito de equilibração, que descreve como os indivíduos buscam um equilíbrio entre as novas informações que adquirem e as estruturas cognitivas previamente estabelecidas. Esse processo é essencial para a adaptação às mudanças no ambiente e para o crescimento intelectual. O construtivismo é fundamentado na ideia de que o conhecimento não é algo simplesmente transmitido ao indivíduo, mas algo que é construído ativamente por ele. Piaget descreveu dois mecanismos essenciais para esse processo: assimilação e acomodação. Na assimilação, o indivíduo tenta entender novas informações utilizando seus conhecimentos já existentes. Em contraste, a acomodação ocorre quando o indivíduo precisa modificar suas estruturas cognitivas para se ajustar a novas informações ou experiências que não podem ser assimiladas da forma como são. A interação entre esses dois processos é o que permite o desenvolvimento cognitivo contínuo. O socioconstrutivismo de Lev Vygotsky propõe que o conhecimento é construído principalmente nas interações sociais. Vygotsky argumenta que as habilidades cognitivas mais complexas se desenvolvem a partir da interação social com adultos e com outros indivíduos mais experientes. Isso inclui o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que descreve a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com o auxílio de outros. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 14 Segundo Vygotsky, o aprendizado é mais eficaz quando se adianta o desenvolvimento da criança, guiando-a através de desafios que ela ainda não pode resolver sozinha, mas que pode atingir com o apoio de um adulto ou colega. Fonte: Natalia Fuente (2021), professora e pesquisadora da REAPRENDENTIA. O inatismo, o interacionismo e o construtivismo oferecem diferentes perspectivas sobre o processo de aprendizagem e o desenvolvimento humano, cada uma enfatizando diferentes aspectos da interação entre o ser humano e seu ambiente. Enquanto o inatismo sugere que a maior parte do desenvolvimento é predeterminada geneticamente, o interacionismo e o construtivismo destacam o papel ativo das experiências e das interações sociais na construção do conhecimento. Essas teorias têm profundas implicações para a educação, pois influenciam diretamente a forma como entendemos o papel do professor, o método de ensino e a interação entre alunos e o ambiente de aprendizagem. Ao longo do tempo, essas teorias evoluíram e continuam a influenciar a prática pedagógica, sendo fundamentais para a compreensão do desenvolvimento cognitivo humano e da aprendizagem. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 15 2.1.9 TEORIAS DE TRANSIÇÃO ENTRE O BEHAVIORISMO CLÁSSICO E O COGNITIVISMO A Teoria de Processamento da Informação, desenvolvida por Robert Gagné (1916-2002), se posiciona entre o behaviorismo e o cognitivismo, pois reconhece tanto a importância dos estímulos e respostas, como os processos internos envolvidos na aprendizagem. De acordo com Gagné, a aprendizagem não pode ser explicada apenas pelo processo de crescimento, sendo, na verdade, uma modificação nas capacidades cognitivas do indivíduo, que é ativada por estímulos provenientes do ambiente externo (input). Essa modificação leva a uma mudança observável no comportamento, que se manifesta como desempenho humano (output) (FUENTES, 2018). Ao contrário de Skinner e outros behavioristas, que focam nas respostas externas ao ambiente, Gagné se concentra no processamento mental interno do aluno. Ele distingueentre os eventos externos e internos da aprendizagem: os eventos externos são os estímulos que afetam o aluno e os resultados de sua resposta, enquanto os internos dizem respeito às atividades mentais que ocorrem no sistema nervoso central. Gagné analisa o ato de aprendizagem como uma sequência de eventos internos, que podem ser organizados nas seguintes fases: motivação (expectativa), apreensão (atenção e percepção seletiva), aquisição (entrada e armazenamento de informações), retenção (armazenamento na memória), rememoração (recuperação), generalização (transferência de aprendizagem), desempenho (resposta) e retroalimentação (reforço) (GAUTHIER, 2010). Para Gagné, a aprendizagem gera estados persistentes no indivíduo, conhecidos como capacidades humanas, que se dividem em categorias como: informação verbal, habilidades intelectuais, estratégias cognitivas, atitudes e habilidades motoras. A função do ensino, para Gagné, é criar condições externas favoráveis à aprendizagem, que, por sua vez, ativem as condições internas do aluno. Dessa forma, o papel do professor é essencial para planejar eventos externos que iniciem, ativem e mantenham o processo de aprendizagem, promovendo assim o desenvolvimento das capacidades cognitivas do aluno (FUENTES, 2020). 2.1.10 TEORIAS HUMANISTAS Carl Rogers (1902-1987) desenvolveu uma abordagem humanista que marcou uma ruptura significativa em relação aos modelos educacionais anteriores, como o behaviorismo e o cognitivismo. Sua proposta, que coloca o crescimento pessoal do aluno no centro do processo de aprendizagem, difere profundamente das abordagens que visam controlar o comportamento ou simplesmente transmitir conhecimentos específicos. Rogers não via o ensino como uma forma de simplesmente moldar o comportamento do aluno ou transmitir conteúdos cognitivos, mas sim A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 16 como um meio de ajudar o aluno a se tornar a melhor versão de si mesmo, em termos tanto intelectuais quanto emocionais. A visão de Rogers sobre o processo educacional está centrada na noção de autorrealização, ou seja, na capacidade do aluno de se compreender e se desenvolver de maneira autêntica, com liberdade para explorar, questionar e integrar novos conhecimentos em sua vida. Para ele, a educação deve ir além da simples aquisição de informações ou habilidades, devendo alcançar a transformação do indivíduo como um todo. O professor, segundo Rogers, deve se posicionar como um facilitador dessa aprendizagem, criando um ambiente no qual a confiança e a aceitação mútua sejam os pilares da relação educacional. A centralidade do aluno na abordagem humanista é marcada pela ideia de que o aprendizado deve ser um processo autodirigido, no qual o aluno assume um papel ativo e protagonista. Rogers enfatiza que o verdadeiro "homem educado" não é aquele que apenas acumula informações, mas sim aquele que desenvolve a habilidade de aprender ao longo da vida, adaptando-se a novas situações e buscando constantemente novos conhecimentos. Essa visão do professor como facilitador implica uma mudança de postura, em que o educador deixa de ser a figura autoritária, que detém o saber, para se tornar uma pessoa real, autêntica e transparente, capaz de criar um clima de aprendizagem baseado no respeito mútuo e na empatia. Em consonância com a abordagem humanista, Rogers defende que a comunicação no contexto educacional deve ocorrer dentro de um clima de empatia genuína. Ele sugere que, para facilitar o processo de aprendizagem, o professor deve ser capaz de entender o aluno em um nível profundo, compartilhando suas experiências e sentimentos de maneira que promova a confiança e a abertura para o aprendizado. Essa empatia, de acordo com Rogers, permite que o aluno se sinta compreendido e acolhido, o que, por sua vez, favorece o engajamento emocional e intelectual com o conteúdo. A empatia é vista como uma habilidade essencial para o professor, pois permite que ele perceba as necessidades, interesses e preocupações dos alunos, ajustando sua abordagem de ensino de forma personalizada e eficaz. Além disso, o conceito de empatia não se limita à relação entre professor e aluno, mas se estende à relação entre os próprios alunos, criando um ambiente colaborativo e harmonioso para o aprendizado. Na década de 1970, Jack Mezirow propôs a teoria da aprendizagem transformadora, que se concentra no processo de transformação pessoal do aprendiz por meio da reflexão crítica sobre suas crenças, valores e suposições. Mezirow argumenta que a educação deve ser uma ferramenta para provocar mudanças profundas na maneira como os adultos percebem o mundo e a si mesmos. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 17 Esse tipo de aprendizagem envolve um questionamento das ideias preconcebidas e uma análise crítica das perspectivas pessoais, levando o aluno a uma reinterpretação mais profunda e mais consciente da realidade. Ao refletir sobre suas próprias crenças e experiências, os aprendizes se tornam mais independentes, autossuficientes e críticos em relação às informações que recebem. A teoria de Mezirow, portanto, enfatiza a necessidade de promover uma aprendizagem que vá além do simples acúmulo de informações e que leve o indivíduo a questionar e, se necessário, redefinir seu entendimento do mundo. O objetivo final dessa abordagem é o crescimento pessoal e intelectual, com o aluno alcançando uma maior compreensão de si mesmo e do mundo ao seu redor. A teoria da aprendizagem experiencial, proposta por David Kolb em 1971, fundamenta-se na ideia de que a aprendizagem é mais eficaz quando os alunos vivenciam o processo de aprendizagem de forma ativa, ao invés de apenas receberem informações de maneira passiva. Kolb baseou sua teoria em pesquisas anteriores de Kurt Lewin, Jean Piaget e John Dewey, e sua proposta se aplica especialmente à aprendizagem de adultos. Ele introduziu o conceito de um ciclo de aprendizagem, no qual os aprendizes passam por quatro estágios: a experiência concreta, a observação reflexiva, a formação de conceitos abstratos e a experimentação ativa. Esse ciclo permite que o aprendiz, por meio da vivência e reflexão sobre a experiência, construa novos conhecimentos de forma mais profunda e significativa. A teoria de Kolb também enfatiza a importância da autonomia e da autorregulação na aprendizagem, pois os alunos, ao vivenciar as situações de aprendizagem, são capazes de se tornar mais independentes e críticos em relação aos seus próprios processos de aprendizagem. As teorias cognitivas concentram-se nos processos mentais que ocorrem quando o indivíduo adquire, organiza e utiliza informações. Diferente das abordagens behavioristas, que se preocupam com a observação e controle de comportamentos, as teorias cognitivas buscam entender como a mente humana processa informações e como os indivíduos atribuem significados à realidade. A cognição envolve uma série de processos mentais, como percepção, memória, atenção e raciocínio, que permitem ao indivíduo compreender, interpretar e responder ao ambiente ao seu redor. Autores como Jerome Bruner, Jean Piaget, David Ausubel, Joseph Novak e George Kelly contribuíram significativamente para o campo das teorias cognitivas, propondo diferentes abordagens sobre como a aprendizagem ocorre e como os alunos constroem o conhecimento. Embora cada um desses autores tenha uma perspectiva única, todos enfatizam a importância da construção ativa do conhecimento, na qual o aprendiz não é um receptor passivo de informações, mas um agente ativo na construção de seus própriossignificados. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 18 A teoria de David Ausubel (1918-2008) destaca a aprendizagem significativa como um processo fundamental no qual a nova informação se integra de maneira substantiva à estrutura cognitiva pré-existente do aprendiz. De acordo com Ausubel, a aprendizagem é mais eficaz quando as novas informações se conectam de maneira lógica e relevante com o conhecimento previamente adquirido, o que permite ao aluno compreender e reter melhor o conteúdo. Ele introduziu o conceito de "subsunçores", que são conceitos ou ideias existentes na estrutura cognitiva do aprendiz que podem servir de âncoras para a nova informação. Fonte: Natalia Fuente (2021), professora e pesquisadora da REAPRENDENTIA. A aprendizagem significativa, portanto, ocorre quando o aluno consegue relacionar a nova informação com esses subsunçores, transformando-a em conhecimento duradouro e utilizável. Em contraste, a aprendizagem mecânica ocorre quando a nova informação é armazenada de maneira arbitrária, sem qualquer vínculo significativo com o conhecimento pré- existente, o que resulta em uma compreensão superficial e na dificuldade de aplicar o que foi aprendido em novos contextos. A abordagem de Ausubel orienta os professores a organizarem o conteúdo de forma hierárquica, identificando quais conceitos fundamentais precisam ser ensinados primeiro para que o aluno seja capaz de aprender de maneira significativa. O entendimento das bases cognitivas e psicológicas da aprendizagem é crucial para os educadores, pois permite que eles escolham e apliquem estratégias de ensino mais eficazes. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 19 Conhecer como o cérebro processa e organiza a informação ajuda o professor a estruturar as atividades de aprendizagem de forma que favoreçam a retenção, compreensão e aplicação do conhecimento. A aplicação de estratégias adequadas pode não apenas melhorar a qualidade do aprendizado, mas também ajudar a criar um ambiente mais inclusivo e acessível, que atenda às necessidades de todos os alunos. Tabela 2: As principais abordagens de aprendizagem humanistas. ABORDAGEM TEORIA DESCRIÇÃO AUTOR(ES) Humanismo Foca no crescimento pessoal do aluno, considerando-o como pessoa. A educação visa facilitar sua autorrealização, abrangendo aprendizagens afetiva, cognitiva e psicomotora. Carl Rogers (1902-1987) Empatia A comunicação na aprendizagem deve ser feita em um clima de compreensão empática, permitindo que o aluno se sinta compreendido e acolhido, favorecendo o aprendizado. Carl Rogers (1902-1987) Aprendizagem Autodirecionada O aluno aprende a ser independente, criativo e autoconfiante. A autocrítica e a autoavaliação são fundamentais, com menor foco na avaliação externa. Carl Rogers (1970) Teoria da Aprendizagem Transformadora Busca transformar o aluno, levando-o a refletir sobre suas suposições, crenças e valores, favorecendo o crescimento pessoal e a independência. Jack Mezirow (1970) Teoria da Aprendizagem Experiencial A aprendizagem é mais eficaz quando o aluno vivencia o processo, ao invés de simplesmente receber passivamente o conhecimento. Enfatiza a aprendizagem ativa e reflexiva. David Kolb (1971) Teorias Cognitivas Foca nos processos mentais envolvidos na compreensão, armazenamento e utilização das informações. Explora a construção ativa do conhecimento pelo aprendiz. Jerome Bruner, Jean Piaget, David Ausubel, Joseph Novak, George Kelly Aprendizagem Significativa A nova informação se relaciona com o conhecimento pré-existente do aluno de forma relevante, permitindo uma compreensão profunda e duradoura do conteúdo. David Ausubel (1918-2008) Bases da Aprendizagem Compreensão de como o indivíduo adquire e organiza o conhecimento, permitindo o uso de estratégias eficazes que favorecem uma aprendizagem de qualidade e aplicável, Ischkanian, S. H. D.; Cabral, G. N.; Felix, B. S.; Silva, E. D. C.; Demo, G.; A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 20 contemporânea aliada a integração das neurociências no contexto educacional, destacando como o conhecimento sobre o funcionamento do cérebro potencializa as práticas pedagógicas e promove uma aprendizagem eficaz. Costa, T. P. R.; Braga, R. D. O.; Oliveira, E. M. C.; Carvalho, S. N.; Ischkanian, S. G., (2025) Fonte: ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025). A tabela resume as abordagens e teorias de aprendizagem humanistas, focando em seu propósito de promover o crescimento pessoal, a autorrealização e a aprendizagem significativa. O foco deve ser o desenvolvimento de uma aprendizagem que seja significativa, duradoura e aplicável, promovendo o crescimento intelectual e pessoal dos estudantes. 2.2 A FORMAÇÃO DO SÍMBOLO NA CRIANÇA: IMITAÇÃO, JOGO E SONHO, IMAGEM E REPRESENTAÇÃO Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, no dia 9 de agosto de 1896, e faleceu em Genebra, em 16 de setembro de 1980, aos 84 anos. Sua formação inicial foi na área de Biologia, na qual concluiu o doutorado. No entanto, seu interesse pelas questões filosóficas o conduziu a um campo interdisciplinar que culminou na criação da Epistemologia Genética, um estudo sobre como o conhecimento é construído e desenvolvido ao longo do tempo. Ao longo de sua carreira, Piaget foi professor de Psicologia e disciplinas correlatas, autor de mais de 70 livros e cerca de 200 artigos, tornando-se um dos maiores influenciadores da Psicologia e da Educação do século XX. 2.2.1 CONTRIBUIÇÕES FUNDAMENTAIS DE PIAGET À PSICOLOGIA E À EDUCAÇÃO Piaget buscava entender como o ser humano desenvolve sua capacidade de raciocinar, questionando, desde jovem, os processos que levam à construção do conhecimento. Essa inquietação o levou a investigar o desenvolvimento cognitivo das crianças, campo em que se tornou referência mundial. Piaget sustentava que o desenvolvimento intelectual ocorre de forma contínua, por meio de interações ativas entre o indivíduo e o ambiente. Para ele, o aprendizado não é apenas uma transmissão passiva de informações, mas um processo ativo em que o sujeito constrói e reconstrói seu conhecimento. Um dos trabalhos mais significativos nesse contexto é o livro A Formação do Símbolo na Criança. Nesse estudo, Piaget explora como as crianças constroem representações simbólicas, um tema central para compreender o desenvolvimento da inteligência. Ele argumenta que a A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 21 capacidade de usar símbolos — como palavras, imagens ou gestos — é essencial para o avanço cognitivo, pois permite à criança transcender o imediato e pensar em termos de abstrações. 2.2.2 BASES EPISTEMOLÓGICAS E CONTEXTO HISTÓRICO Piaget desenvolveu suas teorias em um momento histórico marcado por grandes avanços no pensamento científico e filosófico. Desde o Iluminismo, no século XVIII, a razão era vista como a principal ferramenta para compreender os fenômenos naturais e sociais. Inspirado por esse legado, Piaget procurou responder a uma questão filosófica fundamental: comoo ser humano constrói a razão? Embora essa questão tenha um caráter abstrato, ele a abordou com base em métodos empíricos, utilizando observações sistemáticas e experimentos com crianças. Um aspecto distintivo de sua abordagem foi a observação de seus próprios filhos, que serviram como objeto de estudo para algumas de suas investigações. Ele complementou essas observações com dados experimentais coletados em interações com grupos de crianças, utilizando o método clínico. Essa abordagem permitiu que Piaget criasse um modelo detalhado e dinâmico sobre o desenvolvimento da inteligência. 2.2.3 OS QUATRO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Piaget descreveu o desenvolvimento cognitivo como um processo que ocorre em quatro estágios principais: 1. Estágio Sensório-Motor (do nascimento até os 2 anos): Neste estágio, a inteligência é predominantemente prática e está relacionada a ações diretas no mundo. O bebê explora o ambiente por meio dos sentidos e da manipulação de objetos, desenvolvendo gradualmente conceitos básicos como permanência do objeto. 2. Estágio Pré-Operatório (dos 2 aos 7 anos): Nesse período, a criança desenvolve a capacidade de usar símbolos, como palavras e imagens, mas ainda apresenta limitações em seu pensamento lógico. É nesse estágio que o jogo simbólico ganha destaque, permitindo à criança expressar ideias, sentimentos e desejos por meio de representações imaginativas. 3. Estágio das Operações Concretas (dos 7 aos 11 anos): Aqui, a criança começa a pensar logicamente sobre eventos concretos e compreende conceitos como conservação e reversibilidade. 4. Estágio das Operações Formais (a partir dos 12 anos): Neste último estágio, o indivíduo desenvolve a capacidade de pensar de forma abstrata, formulando hipóteses e raciocinando logicamente sobre ideias e situações hipotéticas. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 22 2.2.4 O PAPEL DO SIMBOLISMO E DO JOGO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL A Formação do Símbolo na Criança destaca o papel central da função simbólica no desenvolvimento cognitivo. Para Piaget, a construção da relação significante-significado é essencial para que a criança possa superar as ações concretas e iniciar um processo de representação mental mais avançado. Essa função simbólica se manifesta inicialmente no jogo simbólico, no qual a criança utiliza sua imaginação para transformar a realidade de acordo com seus desejos e emoções. O jogo simbólico, segundo Piaget, cumpre três funções principais: Representação simbólica: Utiliza símbolos para recriar a realidade de maneira imaginativa. Função afetiva: Permite que a criança expresse e lide com suas emoções de forma lúdica. Imaginação criadora: Serve como base para o desenvolvimento da criatividade e do pensamento abstrato. Piaget observa que o jogo simbólico é substituído gradualmente pelo pensamento lógico à medida que a criança desenvolve estruturas cognitivas mais complexas. 2.2.5 A RELAÇÃO ENTRE LINGUAGEM E PENSAMENTO Piaget enfatiza que a aquisição da linguagem está subordinada à função simbólica. Ele argumenta que a linguagem não é a única forma de expressão simbólica; a imitação e o jogo também desempenham papéis cruciais nesse processo. A criança, ao aprender a falar, não apenas nomeia objetos, mas também constrói significados que refletem sua interação com o ambiente. A relação entre linguagem e pensamento tem sido objeto de análise em diversas áreas do conhecimento, como filosofia, psicologia, linguística e educação. Essa conexão é fundamental para compreender como os seres humanos organizam, processam e expressam suas ideias e conhecimentos sobre o mundo. Linguagem e pensamento não são processos independentes; pelo contrário, estão profundamente interligados, influenciando-se mutuamente em diversas dimensões do desenvolvimento cognitivo e social. Na visão de teóricos como Lev Vygotsky, a linguagem desempenha um papel central no desenvolvimento do pensamento. Para ele, o pensamento se manifesta por meio da linguagem, que funciona como mediadora entre o indivíduo e o meio sociocultural. A linguagem não apenas expressa o pensamento, mas também o molda, fornecendo as ferramentas necessárias para categorizar, abstrair e sistematizar o conhecimento. Essa perspectiva sugere que, à medida que a A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 23 linguagem se desenvolve, o pensamento se torna mais complexo, permitindo a resolução de problemas e a construção de significados. Por outro lado, Jean Piaget entende que o pensamento precede a linguagem em algumas fases do desenvolvimento humano. Segundo ele, a criança desenvolve estruturas cognitivas antes mesmo de adquirir a fala, utilizando esquemas sensório-motores para interagir com o ambiente. A linguagem, nesse contexto, é uma consequência do pensamento e um meio para comunicar ideias que já foram previamente construídas. Com o desenvolvimento, a linguagem e o pensamento passam a se influenciar mutuamente, especialmente no estágio das operações concretas e formais, onde o raciocínio abstrato emerge. Na contemporaneidade, com a introdução das tecnologias digitais, essa relação é ainda mais desafiadora e dinâmica, o pensamento é constantemente estimulado por novas formas de comunicação, como textos multimodais, emojis e hipertextos, que não apenas ampliam o alcance da linguagem, mas também criam novas formas de organização cognitiva. A linguagem digital contemporânea reformula os padrões tradicionais de pensamento, proporcionando novas formas de expressar e articular ideias. Essa interdependência entre linguagem e pensamento é evidente também em contextos educacionais. A aquisição da linguagem é uma ferramenta essencial para o aprendizado, pois permite que os alunos compreendam conceitos complexos, articulem argumentos e interajam com o conhecimento de forma significativa, ao mesmo tempo, o pensamento crítico e criativo potencializa o uso da linguagem, possibilitando que os aprendizes explorem diferentes formas de expressão. A relação entre linguagem e pensamento é dinâmica e dialética, constituindo a base para o desenvolvimento humano e a interação social em qualquer sociedade. Tabela 3: A relação entre linguagem e pensamento. TEÓRICO VISÃO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE LINGUAGEM E PENSAMENTO Jean Piaget Piaget propõe que o pensamento precede a linguagem em estágios iniciais do desenvolvimento infantil. A criança constrói suas primeiras representações mentais por meio de ações concretas e interações com o mundo físico. A linguagem surge posteriormente como uma forma de expressão dessas estruturas cognitivas que foram inicialmente formadas sem a necessidade da linguagem. Ao avançar para os estágios das operações concretas e formais, pensamento e linguagem se tornam mais interdependentes. A linguagem auxilia na organização de conceitos e na realização de operações cognitivas mais complexas. Para Vygotsky, a linguagem e o pensamento são intimamente interligados. A linguagem não é apenas um reflexo do pensamento, A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 24 Lev Vygotsky mas um dos fatores que molda e desenvolve as funções cognitivas. A linguagem, inicialmente social e externa, torna-se internalizada, permitindo que a criança organize seus pensamentos, tome decisões e desenvolva capacidades cognitivas mais avançadas. A interação social, especialmente a fala, é essencial para o desenvolvimento cognitivo epara a construção do conhecimento. ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025) Os autores (2025) discutem a relação entre linguagem e pensamento em contextos educacionais e sociais, destacando que a linguagem é uma ferramenta essencial na organização do pensamento crítico e criativo. A aprendizagem da linguagem permite ao indivíduo acessar diferentes níveis de abstração e comunicação. Eles enfatizam que, no contexto da educação, o desenvolvimento de habilidades linguísticas facilita a construção de sentidos mais profundos e complexos sobre o mundo, influenciando diretamente o processo de aquisição de conhecimento e a capacidade de reflexão crítica. Fonte: ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025). Essa tabela sintetiza as diferentes perspectivas sobre a interação entre linguagem e pensamento, refletindo as abordagens distintas desses teóricos fundamentais na psicologia e educação. 2.2.6 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS E CRÍTICAS Jean Piaget revolucionou a compreensão do desenvolvimento cognitivo ao propor que a inteligência humana se desenvolve em estágios, marcados por processos dinâmicos de assimilação e acomodação. Para Piaget, a criança é um ser ativo na construção de seu conhecimento, interagindo com o ambiente de maneira a reorganizar suas estruturas cognitivas. Em contrapartida, autores contemporâneos como Ischkanian, Cabral, Félix, Silva, Demo, Costa, Braga, Oliveira, Carvalho e Garabed Ischkanian (2025) expandem a visão piagetiana ao incorporar perspectivas interdisciplinares que valorizam não apenas os aspectos intrínsecos do desenvolvimento infantil, mas também os fatores sociais, culturais e tecnológicos que influenciam a aprendizagem. Enquanto Piaget enfatizava a lógica interna da construção do conhecimento, os autores modernos consideram que a inserção de novas tecnologias e métodos pedagógicos transformadores desempenham papel fundamental na formação do sujeito contemporâneo. Essas abordagens complementam a visão clássica com reflexões sobre os desafios da era digital e a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e adaptadas à diversidade dos alunos. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 25 Tabela 4: Contribuições Teóricas de Piaget e os autores, (2025). ASPECTOS RELEVANTES AO CONTEXTO TEÓRICAS JEAN PIAGET ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025) Foco principal das teorias Desenvolvimento cognitivo baseado em estágios (sensório-motor, pré-operatório, operações concretas, operações formais). Aprendizagem como processo multidimensional, integrando fatores sociais, culturais e tecnológicos. Natureza da aprendizagem Construção ativa do conhecimento pelo indivíduo, em interação com o meio. Construção do conhecimento mediada por tecnologias e práticas pedagógicas inovadoras. Papel do ambiente O ambiente é uma condição essencial para o desenvolvimento, mas a criança é protagonista. O ambiente inclui elementos sociais e culturais complexos, como a digitalização e a globalização. Importância do social Considerado secundário; o desenvolvimento individual é predominante. Enfatiza a interação social como essencial, incluindo as dinâmicas de colaboração e inclusão. Uso de tecnologia Não explorado, dado o contexto histórico da época. Fundamental; aborda o impacto de tecnologias digitais na educação e na construção do conhecimento. Perspectiva inclusiva Foco nas capacidades gerais de desenvolvimento cognitivo, com pouca ênfase nas especificidades individuais. Priorização da inclusão e da personalização do ensino para atender à diversidade dos aprendizes. Método de investigação Observação clínica e experimentação sistemática com crianças. Abordagens interdisciplinares, com integração de métodos qualitativos e quantitativos. Objetivo educacional Desenvolver a capacidade de pensamento lógico e abstrato. Formar sujeitos críticos, autônomos e preparados para desafios do século XXI. Fonte: ISCHKANIAN, S. H. D.; CABRAL, G. N.; FELIX, B. S.; SILVA, E. D. C.; DEMO, G.; COSTA, T. P. R.; BRAGA, R. D. O.; OLIVEIRA, E. M. C.; CARVALHO, S. N.; ISCHKANIAN, S. G., (2025). A tabela mostra como as teorias de Piaget, baseadas na epistemologia genética, são complementadas pelos autores contemporâneos (2025), que ampliam a discussão ao considerar o impacto da sociedade moderna e das novas demandas educacionais no desenvolvimento cognitivo e social dos indivíduos. A RELEVÂNCIA DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E DAS NEUROCIÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. Página 26 2.2.7 RELEVÂNCIA CONTEMPORÂNEA Mesmo após décadas de sua publicação, A Formação do Símbolo na Criança permanece uma leitura essencial para estudiosos da Psicologia e da Educação. Suas descrições precisas, a análise sistemática das interações entre sujeito e ambiente e as elaborações teóricas continuam influenciando a pesquisa e a prática pedagógica. O livro não apenas ilumina os processos de desenvolvimento cognitivo, mas também oferece insights valiosos para compreender como crianças constroem significados e enfrentam desafios do mundo ao seu redor. Piaget demonstra que a evolução cognitiva é um processo contínuo de equilíbrio entre assimilação e acomodação, levando o indivíduo a níveis mais elevados de adaptação e compreensão. Sua obra, além de clássica, é atemporal, pois seus conceitos básicos continuam a inspirar debates e avanços no campo da Educação e da Psicologia. 2.3 A CONSTRUÇÃO DO SÍMBOLO NA INFÂNCIA: IMITAÇÃO, BRINCADEIRA, FANTASIA, IMAGEM E REPRESENTAÇÃO A formação simbólica na infância é um processo complexo que envolve a imitação, a brincadeira, a fantasia, a imagem e a representação, sendo um dos temas centrais do desenvolvimento cognitivo infantil. A partir das perspectivas de diversos teóricos, como Jean Piaget, Lev Vygotsky, David Ausubel, David Kolb e Howard Gardner, o processo de aprendizagem é visto como algo ativo e dinâmico, no qual as crianças constroem seus conhecimentos a partir das experiências e das interações com o ambiente que as cerca. Esse processo é enriquecido com o envolvimento de diversas áreas do cérebro, uma vez que a integração das neurociências educacionais enfatiza a importância de conhecer o funcionamento cerebral para aprimorar as práticas pedagógicas e a alfabetização. Jean Piaget vê a criança como um ser ativo que constrói sua inteligência através de interações com o ambiente. Para Piaget, a formação do símbolo começa a se desenvolver na primeira infância, com a imitação e o jogo simbólico sendo elementos fundamentais nesse processo. A brincadeira, para Piaget, não é apenas uma expressão de criatividade, mas um momento em que a criança reinterpreta o mundo e começa a criar representações mentais que mais tarde permitirão o desenvolvimento de habilidades cognitivas mais complexas. A criança vai, assim, se deslocando entre as fases do desenvolvimento intelectual, desde a ação até a representação, passando pelo uso de símbolos na linguagem, no jogo e nas imagens mentais. Lev Vygotsky, por outro lado, destaca a importância da linguagem e da interação social no desenvolvimento simbólico. A linguagem, em sua teoria, não é apenas