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Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 1 Instituto Superior Politécnico Privado Walinga Do Moxico Aprovado Pelo Conselho De Ministro Aos 17 De Maio De 2017Decreto Presidencial Nº 132/2017, 19 De junho. Departamento de Ciências Sociais e Saúde Curso de Enfermagem MATERIAL DE APOIO DE GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Docente: Amândio A. Simão Luena, Outubro 2024 Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 2 REGIME DE AVALIAÇÕES Os métodos utilizados para a avalição dos alunos desta disciplina serão: Avalição continua (controlo da assiduidade, participação e frequência); Apresentação de seminários; Avalições teóricas (primeira e segunda frequência, exames e recursos) OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA Compreender aspetos das organizações na evolução do pensamento em gestão e nas funções de gestão; Utilizar os recursos institucionais de forma eficaz e eficiente na prestação de cuidados de enfermagem; Participar nos projetos de mudança e de melhoria continua; Participar na gestão atendendo às caraterísticas especificas do mercado de cuidados de saúde. OBJETIVOS ESPECIFICOS Compreender as definições de organizações, gestão e gestores Descrever o desempenho da gestão e da organização Mencionar as funções das organizações Diferenciar os diferentes níveis dos gestores, hierárquicos e perceber as tarefas e responsabilidades de cada um deles; Distinguir entre planeamento, organização, direção e controlo. Mencionar os níveis e capacidades dos gestores Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 3 UNIDADE I- INTRODUÇÃO A GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE Segundo Kurcgant (2008) todas as organizações, independentemente do seu ramo de atividade, desde as indústrias às prestadoras de serviços, como é o caso do hospital, necessitam da componente da gestão. Esta gestão deve ser adequada aos objetivos propostos pela organização, no sentido de maior eficiência e melhor adequação dos recursos disponíveis, tendo em conta o fator económico. Para alcançar os seus objetivos, os gestores devem ser capazes de utilizar, de forma eficaz e eficiente, os recursos que lhes estão alocados. Para isso precisam das ferramentas de gestão. Na enfermagem, como em outras profissões, o enfermeiro incorpora, em sua formação profissional o saber de várias ciências. Dentre elas, a ciência da administração contribui com uma parcela que se concretiza, principalmente, na gestão do pessoal de enfermagem (Kurcgant, 2008). Uma economia dinâmica, altamente competitiva e global dos nossos dias, coloca aos gestores novos desafios e exigência de novas competências. Os gestores, para além da gestão interna das suas organizações, têm também que gerir uma serie complexa de relações externas com clientes, fornecedores, concorrentes e instituições financeiras, bem como lidar com as oportunidades e ameaças que são apresentadas pelo mercado e pelo meio envolvente, como as mudanças rápidas da tecnologia, as alterações dos gostos e necessidades dos colaboradores (Sotomayor, Rodrigues e Duarte, 2014). Para Maçães (2014) a busca da melhor forma de dirigir uma organização tem estado, desde a muito, no centro das preocupações dos acadêmicos e dos gestores. Para uma boa gestão, é necessário tomar decisões acertadas e para tomar boas decisões é necessário conhecer bem o que é e que deve ser uma Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 4 empresa, obter a informação necessária para tomar decisões e saber interpretar essa informação. Para além da gestão técnica dos recursos e do conhecimento e o aproveitamento das oportunidades do mercado, há também que cuidar da parte humana das organizações, que é a que dificulta em maior grau uma boa gestão. O sucesso de qualquer organização depende não apenas na dedicação de todos os seus colaboradores ou do acerto nos produtos e nos mercados, mas também no bom desenho dos processos estratégicos, administrativos e operacionais, de uma boa gestão dos recursos financeiros e da qualidade dos recursos humanos (Maçães, 2014). Num mundo cada vez mais global e competitivo, o sucesso das organizações depende da qualidade da sua gestão. São os gestores quem estabelecem os objetivos, formulam a estratégia, e guiam a empresa no sentido de atingir os objetivos definidos. São também eles quem preparam a organização para a mudança, procurando adapta-la a um meio envolvente cada vez mais dinâmico e competitivo. Portanto o sucesso ou insucesso das organizações depende da qualidade da sua gestão (Maçães, 2014). Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 5 1.1- AS ORGANIZAÇÕES E A GESTÃO As organizações surgem da necessidade sentida pelo homem em agregar esforços e recursos com vista à prossecução de determinados objetivos. Assim, as pessoas entenderam que, um conjunto, num efeito sinergético, conseguiam de forma mais eficaz e eficiente usar os recursos ao seu alcance para atingir os fins a que se propunham (Kurcgant, 2008). De acordo com Maçães (2014) as organizações, independentemente da sua forma e atividades, partilham algumas caraterísticas comuns. Em primeiro lugar, todas as organizações têm objetivos distintos: os objetivos são variados, desde produzir bens ou serviços, proporcionar lucro aos proprietários, até atender às necessidades culturais, sociais ou espirituais da sociedade. Em segundo lugar, todas as sociedades são constituídas por pessoas: sem elas, as organizações não têm quem tome decisões nem quem execute as tarefas tendentes à realização dos objetivos. Todos nós numa organização temos objetivos: objetivos individuais, cuja realização depende de nós, e objetivos coletivos, cuja realização depende de encontrar um conjunto de circunstâncias para que possam ser satisfeitos. Analisemos o caso de um objetivo individual: obter uma licenciatura. Antigamente cada aluno pagava ao professor que ia a casa, como descrito por Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) em uma família Inglesa. Hoje, reunimos um conjunto de indivíduos com as mesmas aspirações que desfrutam de um conjunto de meios coletivos para realização desse fim. Todos nós, de alguma forma, somos membros de uma organização. Desta constatação emergiu a definição de organização. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 6 Quadro 1- Exemplos de objetivos organizacionais Organização Objetivo - Escola de ensino superior - Clube desportivo - Partido político - Hospital - Igreja - Formar Licenciados - Vencer o respetivo campeonato - Exercer o poder - Prestar assistência com qualidade a população - Proclamar o evangelho ao mundo Fonte: adaptado de Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014). 1.2- DEFINIÇÕES: Organizações: segundo Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) definem as organizações como um conjunto distintos de pessoas que se agrupam de forma deliberada para atingirem determinados objetivos. Por organizações para Maçães (2014) entende-se um conjunto de duas ou mais pessoas que conjugam esforços de modo estruturado para alcançar determinados objetivos. Desta forma, as organizações podem ser formais ou informais: o Organizações formais: são aquelas que proporcionam bens e serviços aos seus clientes, oferecem oportunidades de carreiras aos seus membros, e baseiam-se numa estrutura, de acordo com algum critério. São organizações que estão desenhadas no papel com base em manuais de organização, de descrição de cargos, organogramas, de regras,regulamentos entre outros (por exemplo, hospitais, organizações religiosas e escolas). o Organizações informais: por sua vez emergem espontânea e naturalmente entre as pessoas que ocupam posições na organização formal. São constituídas de interações e relacionamentos sociais impostos pelas organizações formais, para o desempenho dos cargos (por exemplo, prestação de serviços e a acessória). Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 7 Gestão: é o processo de coordenar as atividades dos membros de uma organização, através do planeamento, organização, direção e controlo dos recursos organizacionais, deforma a atingir, de forma eficaz e eficiente, os objetivos estabelecidos (Maçães, 2014). Gestão: é o processo (enquanto modo sistemático de fazer as coisas) de planear, organizar, liderar e controlar a utilização dos recursos postos à disposição da organização, afim de alcançar os objetivos pretendidos, de maneira eficiente e eficaz (Sotomayor, Rodrigues e Duarte, 2014). Das definições de gestão resultam duas ideias fundamentais: o As funções de planeamento, organização, direção e controlo. o Atingir os objetivos organizacionais de forma eficaz e eficiente. Gestores: são os membros da organização que exercem as funções da gestão e que coordenam as atividades dos outros membros da organização e têm como função conduzir os negócios de forma a atingir os objetivos (Maçães, 2014). O gestor é a pessoa responsável pelo desempenho das organizações, sejam formais ou informais, que faz com que os resultados sejam obtidos através das pessoas. O gestor não é aquele que faz, mais sim aquele que faz fazer. Os princípios de gestão são normalmente considerados universais, pós visam utilizar os recursos das organizações para atingir os seus objetivos com o melhor desempenho (Sotomayor, Rodrigues e Duarte, 2014). 1.3- DESEMPENHO (sucesso) DA GESTÃO E DA ORGANIZAÇÃO Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) o conceito da gestão e da organização aqui utilizado refere-se à realização dos objetivos da organização, através do uso dos recursos postos a sua disposição. Neste contexto torna-se fundamental fazer a distinção entre os conceitos de eficiência e eficácia: Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 8 Eficiência: é a capacidade de conseguir o máximo de resultados com o mínimo de recursos. É uma medida da relação entre os resultados alcançados e os recursos consumidos. É uma métrica segundo a qual os recursos (fatores de produção, dinheiro e tempo) são convertidos em resultados da forma mais econômica. Significa fazer as coisas bem e corretas (fazer certo as coisas). É uma medida da utilização dos recursos para alcançar os objetivos. Deverá ser expressa para cada um dos fatores produtivos em quantidade. Por exemplo: Realização de uma pequena cirurgia/recursos consumidos. Eficácia: é a capacidade de executar as atividades da organização de modo a alcançar os objetivos pretendidos. Focaliza-se nos fins. É o grau segundo o qual o gestor consegue atingir os objetivos. Por exemplo: uma equipa de futebol que jogou mal (não criou emoção ou não fez assistências ao jogo), mas ganhou os três pontos da vitória. Fez ¨a coisa certa¨, ou seja, ganhou o jogo. Muitas vezes, o gestor é eficiente ao extrair o máximo dos recursos disponíveis, mas não é eficaz por não atingir os objetivos esperados. Quadro 2- Eficiência versus Eficácia Eficiência Eficácia - Fazer corretamente as coisas - Preocupação com os meios - Cumprir os regulamentos internos - Treinar e aprender - Ser pontual no trabalho - Fazer as coisas necessárias - Preocupação com os fins - Atingir alvos e objetivos - Saber e conhecer - Acrescentar valor para a organização Fonte: Adaptado de Chiavenato (1999). Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 9 Existem, basicamente três razões que justificam a existência de organizações: a) Razões sociais: os indivíduos são seres sociais e gregários e juntam- se a fim de satisfazerem a sua necessidade de relacionamento com os seus semelhantes; b) Razões materiais: o fato deter um conjunto de indivíduos reunidos para atingirem um determinado objetivo ou conjunto de objetivos faz com que as atividades desenvolvidas pelo todo gerem uma maior eficiência na execução das tarefas, uma redução do tempo necessário para executar essas mesmas tarefas; c) Efeito sinérgico: o todo é superior ao somatório das partes; é a noção do efeito multiplicador que se obtém pelo fato de termos mais do que um indivíduo a trabalhar para um fim comum. Associados ao conceito de organização surgem três caraterísticas principais: 1) Recursos materiais, os quais constituem o conjunto do capital (financeiro) e dos equipamentos necessários à prossecução dos objetivos da organização; 2) Recursos humanos, que são o elemento que desenvolve o trabalho no seio da organização e transforma os recursos materiais em bens ou serviços que está oferece ou coloca no mercado. Cada vez mais o predomínio estratégico das organizações está a ser posta nos seus recursos humanos; eles são a potencial fonte de obtenção de vantagens competitivas sustentadas. 3) Forma organizativa, a qual consiste no modo como a organização combina recursos humanos e materiais e se organiza internamente. É, igualmente, uma potencial fonte de obtenção de vantagem competitiva. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 10 A empresa é uma forma especifica de organização que tem por objetivo a produção de bens, serviços ou ideias para obter lucros. Há organizações que não têm o lucro como meta final: são os casos das organizações sem o fim lucrativos, das organizações não- governamentais (ONG´s), das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), das organizações com caráter político (os partidos políticos são uma forma de organização), ou organizações com caráter cultural. 1.4- FUNÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES Dentre as várias funções que as organizações devem satisfazer, parece ser consensual entre muitos autores como, por exemplo Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014), enunciar as seguintes: servem a sociedade, realizam objetivos, preservam o crescimento e proporcionam carreiras profissionais. Servem a sociedade As organizações são instituições sociais que refletem alguns valores e necessidades culturais com que alguns de nós temos necessidade de nos identificar. Permitem que vivamos juntos e de modo civilizado. É através delas que realizamos objetivos enquanto sociedade. Como exemplos podem-se referir os postos de saúde, as unidades sanitárias do primeiro, segundo e terceiro nível, decidem normas e procedimentos a população a quem servem. Realizam objetivos Coordenando esforços de diferentes entidades as organizações conseguem obter o que não obteriam individualmente, ou seja, utilizando como simbolismo a linguagem matemática, 3 + 3 = 6. É o denominado efeito de Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 11 sinergia: o todo é superior à soma das partes. Por exemplo, uma universidade de ciências da saúde, ao coordenar entre outros, os enfermeiros, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e o pessoal administrativo, permite a cada um dos profissionais obterem uma especialidade, que de outra forma seria muito mais difícil ou mesmo impossível de alcançar. Preservam o conhecimento Organizações como universidades, museus e bibliotecas guardam e protegem a maior parte do conhecimento que se foi acumulando ao longo de gerações, permitindo que ele seja transmitido as gerações vindouras, para além de contribuírempara o seu acréscimo e desenvolvimento: a) O conhecimento é assim como que uma ponte continua entre as gerações passadas, presentes e futuras. b) O conhecimento é o principal recurso, bem diferentes dos recursos dentro das organizações (materiais/equipamentos e humanos) tem como principais caraterísticas as seguintes: não ser escasso; ter caráter acumulativo; gozar de rendimentos crescentes à escala quando se reparte (partilhado). c) O conhecimento é o elemento chave dos modos de produção atuais e a aprendizagem (a capacidade de absorver e de criar conhecimentos) é o seu processo mais importante. Por exemplo, ao estudarmos a disciplina de gestão dos serviços de saúde estamos a beneficiar de: Conhecimentos acumulado anteriormente. Não é pelo fato de o professor transmitir os conhecimentos que ficam sem eles. Pelo contrário, ficam mais indivíduos com esses conhecimentos. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 12 O processo de conhecimento é, assim, constituído pelo acréscimo continuado de pequenos contributos de muita gente. Propiciam carreiras profissionais As organizações proporcionam as pessoas que nelas trabalham uma fonte de rendimentos e/ou sobrevivência, bem como satisfação e auto-realização. Normalmente, associamos oportunidades de carreiras ao trabalho em organizações econômicas (por exemplo, empresas), mas muitas organizações, como igrejas, partidos políticos, escolas, hospitais, também oferecem oportunidades de carreira e a possibilidade de se alcançarem objetivos individuais. Considera-se o caso de um indivíduo que queira ser cirurgião. O local onde poderá desempenhar esta função será, em princípio, num hospital. 1.5- TIPOS OU NÍVEIS DOS GESTORES Gerir é obter resultados através das pessoas. São eles quem decidem onde e como aplicar os recursos da organização, de modo a assegurar que os objetivos sejam atingidos de forma eficaz e eficiente. Apesar de todos os gestores planearem, organizarem, direcionarem e controlarem, nem todos têm o mesmo grau de responsabilidade para estas atividades. Assim, é útil classificar os gestores de acordo com os níveis e áreas de responsabilidade. As organizações normalmente têm três níveis de gestão: gestão de topo, gestão intermédia e gestão de primeira linha (Figura 1). A generalidade das organizações, como seria de esperar, tem mais gestores intermédios do que gestores de topo e mais gestores de primeira linha do que gestores intermédios. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 13 Os gestores de topo são responsáveis pelo desempenho de toda a organização. Estabelecem os objetivos organizacionais, como que produto e serviços produzir, como devem interagir os diferentes departamentos e monitorizam como os gestores intermédios de cada departamento usam os recursos para atingir os objetivos. Em última instância, os gestores de topo têm a responsabilidade máxima da organização e são responsáveis pelo desempenho e pelo sucesso ou insucesso da organização. São gestores de topo ¨os diretores de postos, centros médicos, hospitais municipais, hospitais gerais e hospitais de referência mono ou polivalentes diferenciados e especializados¨. Abaixo dos gestores de topo situam-se os gestores intermédios, que assumem também posições de considerável autonomia e importância dentro da organização. Os gestores intermédios supervisionam os gestores de primeira linha e são responsáveis pela implementação da estratégia e por encontrar a melhor forma de os recursos humanos e outros recursos, para atingir os objetivos organizacionais estabelecidos pela gestão de topo. Por exemplo, se a gestão de topo decidir introduzir um novo produto ou reduzir os custos em X%, os gestores intermédios são os primeiros responsáveis sobre o modo Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 14 como atingir esses objetivos. São gestores intermédios os responsáveis das áreas funcionais da empresa, como ¨o diretor de enfermagem, o diretor clínico e o diretor administrativo¨. Na base da pirâmide situam-se os gestores de primeira linha, que são responsáveis pela supervisão do trabalho dos não gestores que reportam diretamente a eles. São exemplos de gestores de primeira linha os chefes de áreas como o chefe da secção do banco de urgência, o chefe da secção de medicina, o chefe da secção de pediatria, o chefe da secção de cirurgia, o chefe da secção de ortopedia e da UTI. Os gestores podem também ser classificados pelo nível hierárquico que ocupam na organização e pelo âmbito ou funções pelas quais são responsáveis. Tendo presente a posição que ocupam na estrutura organizacional, é possível distinguir três níveis hierárquicos de gestão: nível estratégico, nível tático e nível operacional (Figura 2). O nível estratégico, o mais elevado da hierarquia organizacional, é composto pelos gestores de topo, que são responsáveis pelas decisões que envolvem toda a organização e pelo estabelecimento dos planos e objetivos de longo prazo para toda a organização. Têm Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 15 responsabilidade máxima da empresa. São igualmente responsáveis pela interação entre organização e o meio envolvente (Stakeholders). O nível tático constituído pelos gestores intermédios que são os gestores situados entre os gestores de primeira linha e gestores de topo e coordenam as atividades dos gestores de primeira linha. Estes gestores atuam ao nível tático e tomam decisões de médio prozo. O nível operacional é o mais baixo da hierarquia da organização e é constituído pelos gestores de primeira linha. São pessoas que gerem o trabalho dos não gestores e que estão diretamente envolvidos com a assistência (por ex: o chefe da secção do banco de urgência, o chefe da secção de medicina, o chefe da secção de pediatria, o chefe da secção de cirurgia, o chefe da secção de ortopedia e da UTI). Estes gestores atuam ao nível operacional e tomam decisões de curto prozo, orientados para a execução de atividades operacionais. Existem gestores em todos os níveis da organização. É a coordenação entre todos os gestores que garantem o sucesso da organização. 1.6- PROCESSO OU FUNÇÕES DE GESTÃO Apesar de se situarem em diferentes níveis hierárquicos da organização, todos os responsáveis que exercem funções em cada um dos níveis indicados no ponto anterior são gestores, porque exercem as seguintes funções da gestão: 1.6.1- Planeamento Segundo Maçães (2014) consiste na definição de objetivos, na formulação de estratégias para alcançar os objetivos e no desenvolvimento de planos para integrar e coordenar as atividades. O planeamento pode ser de longo prazo, como o planeamento estratégico ao nível da empresa, ou de curto prazo, como a elaboração de orçamentos nas diversas áreas da empresa. O Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 16 planeamento de longo prazo implica um horizonte temporal da ordem dos cinco anos, mais pode atingir dez ou mesmo vinte anos em determinadas indústrias farmacêuticas. O planeamento de curto prazo pode ir de imediato até um ano. Para Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) a função planear (processo de planificação) consiste na definição dos objetivos a atingir e na identificação da melhor forma de os alcançar. Nesta fase de planeamento começam por se definir os grandes objetivos a atingir pela organização, que se desagregam, por turno em objetivos para as diferentes unidades orgânicas ou departamentos e assim sucessivamente. Depois de definidos os objetivos para os diferentes departamentos ou subáreas na organizaçãosão afetos os meios para os atingir; são definidas as atividades que cada responsável deve executar, o modo de as controlar e acompanhar, e são identificados os indicadores cujas informações levam a implementação de medidas corretivas. Regra geral há três tipos de planos: o Planos estratégicos: são planos de longo proza definidos pelos gestores de topo. Devem ser suficientemente gerais para permitir uma correção/adaptação caso haja uma alteração no meio envolvente e na conjuntura macroeconômica que a justifique; o Planos táticos: são planos de médio prazo, normalmente elaborados e executados pelos gestores de nível intermédios; o Planos operacionais: são planos de curto prazo, normalmente executados pelos gestores de nível mais baixos (os operacionais). De acordo com Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) planear significa definir antecipadamente os objetivos e as ações a desenvolver no futuro. Indica a existência de um método ou plano para fazer as coisas. São os planos Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 17 que levam as organizações a escolherem os seus objetivos e que indicam a melhor maneira de os alcançar. Planear envolve a solução de problemas e tomadas de decisões quanto a alternativas para o futuro, a saber: Seleção dos objetivos da organização, para um dado horizonte temporal; Decomposição dos objetivos pelas subunidades organizacionais; Estabelecimento de programas (quantidades) para alcançar os objetivos. Há um conjunto de caraterísticas que os objetivos devem respeitar, denominadas de forma abreviada por SMART (a designação corresponde a junção da primeira letra de cada uma das cinco caraterísticas) (Sotomayor, Rodrigues e Duarte, 2014): a. Devem ser específicos (Specific), ou seja, serem compreensíveis e não apresentam dúvidas quanto ao seu entendimento; b. Devem ser mensuráveis (Mensurable) permitindo comparar os resultados obtidos com os planeados, apurar desvios e identificar as causas dos mesmos; c. Devem ser adequados (Appropriat), de forma a serem alcançáveis, mas desafiadores; d. Devem ser relevantes ou realistas (Relevant ou realistic), ou seja, estarem de acordo com a missão da organização; e. Devem ser temporizadas (Timed ou Time-Limited), tanto mais que há objetivos que só se podem alcançar no longo prazo, mais há outros possíveis de serem atingidos no curto prazo. Esta calendarização não significa que os objetivos permaneçam imutáveis. Dado que a empresa é um sistema aberto há uma constante interação com o meio envolvente que justifica esse ajustamento dos objetivos. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 18 1.6.2- Organização Segundo Maçães (2014) é a função da gestão que determina as tarefas que devem ser efetuadas, quem as deve executar, quem as deve executar, como se agrupam, quem reporta a quem onde as decisões são tomadas. Envolve a organização detalhada e a coordenação de tarefas e dos recursos humanos e materiais necessários para levar a cabo essas tarefas. Para Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) a função organizar (ou organização, como também se pode designar) é o modo como a autoridade é distribuída na organização, como é que se repartem os recursos e o trabalho pelos membros da organização de modo a que se possam atingir os objetivos da mesma. A forma como uma empresa encontra-se organizada vai ditar a sua estrutura. Esta, como é óbvio, difere de empresa para empresa dependendo da sua atividade, do perfil dos seus líderes, da sua dimensão, entre outros fatores. Por exemplo, gerir unidades sanitárias do primeiro nível é diferente de gerir unidades sanitárias do segundo nível e gerir unidades sanitárias do segundo nível é diferente de gerir as do terceiro nível. Organizar é o modo de arrumar e distribuir os recursos, o trabalho e a autoridade entre os membros da organização, para que eles possam alcançar os objetivos de modo eficiente. 1.6.3- Direção Segundo Maçães (2014) consiste em liderar e motivar todas as partes envolvidas e tratar os problemas de comportamento dos colaboradores. Esta função está relacionada com a gestão das pessoas na organização. De acordo com Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) a função liderar (ou liderança) designava-se, no passado, por função dirigir. A moderna concepção de funções da gestão entente que se deve designar a função Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 19 dirigir, por liderar, já que o fundamental é motivar e orientar os colaboradores da organização no desempenho das suas funções, para que as atinge de forma mais eficiente e eficaz. Desse modo liderar significa influenciar e motivar os indivíduos de uma equipa a realizar as tarefas para se atingir os objetivos organizacionais. Essa função da gestão põe a ênfase no elemento humano. O gestor, líder ou responsável pela equipa de trabalho deve proporcionar um ambiente de trabalho motivador, dinâmico, em que os colaboradores se sintam envolvidos e satisfeitos com o seu trabalho e com a organização. 1.6.4- Controlo Segundo Maçães (2014) é a função da gestão que consiste em monitorizar as atividades e assegurar que estão a ser executadas conforme o planeado, bem como encontrar e explicar as diferenças entre o planeado e o realizado (analise dos desvios) e desencadear ações corretivas necessárias para manter ou melhorar o desempenho. Para Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) a função controlar ou somente controlo, consiste na verificação do cumprimento ou não dos objetivos definidos. Não basta planear e definir os objetivos; é preciso verificar se os mesmos estão a ser atingidos, apurar os desvios, e analisar as causas dos mesmos, para empreender ações corretivas. Por tanto, controlar significa certificarmo-nos de que a organização está a cumprir os objetivos definidos, ou seja, a caminhar conforme o estabelecido. Esta função tem como elemento essenciais: Estabelecer padrões de desempenho. Consiste na definição das métricas para avaliar os resultados alcançados pelos colaboradores. Medir o desempenho atual da gestão. Traduz-se na verificação sistemática do desempenho conseguidos pelos colaboradores, Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 20 aplicando metodologias entendidas como sendo as mais eficazes e apropriadas para avaliar esse desempenho; Terminação de desvias (planeado-realizado), ou seja, comparação entre o que tinha sido previsto (os objetivos) e o desempenho efetivo (observado); Tomada de medidas corretivas. Caso ocorra uma diferença entre o planeado e o observado importa estabelecer medidas corretivas. Em esquema, podemos relacionar todas as funções de gestão e a interação existente entre elas, com recurso à figura 1. As organizações constituem-se para atingir objetivos que seriam impossíveis de alcançar se cada um dos elementos da organização os tentasse alcançar isoladamente, e que funcionam com grandes linhas orientadoras da atividade da empresa. Na definição de objetivos deve haver um envolvimento e participação dos responsáveis pelos diferentes níveis hierárquicos da organização. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 21 Quadro 3- impactos das funções de gestão Funções de gestão Incide sobre O que significa Planear ---------- Ideias Transformar a visão em objetivos vitais. Organizar-------- Recursos Afetar os recursos às atividades principais. Dirigir----------- Pessoas Levar as pessoas a fazer o que deve ser feito. Controlar ------- Resultados Garantir o desempenho da organização Fonte: Adaptado de Sotomayor, Rodrigues e Duarte (2014). De acordo comSotomayor, Rodrigues e Duarte (2014) a interpretação das funções clássicas de gestão, numa abordagem atual, pode resumir-se do seguinte modo: 1. A função planeamento incide sobre as ideias dos gestores, transformando a visão destes em objetivos vitais para a organização, visando a sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. 2. A função organização preocupa-se com os recursos materiais, humanos e financeiros, afetando-os às atividades principais da organização, para a prossecução dos fins definidos na função planeamento. 3. A função direção, exercida pelos gestores sobre as pessoas na organização, tem por objetivo motivá-las e envolve-las na prossecução dos objetivos quer da organização, quer individuais. O desenvolvimento de uma organização só será sustentado quando acompanhado do desenvolvimento individual de cada uma das partes que nela trabalham. 4. A função de controlo tem por objetivo zelar pelo crescimento sustentável da organização, a par com o desenvolvimento conjunto e harmonioso das pessoas que nela trabalham. Para tal, deverá fornecer informação pertinente que permita caminhar no sentido para que aponta a visão dos gestores. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 22 1.7- NÍVEIS E CAPACIDADES DOS GESTORES Para desempenharem os diferentes papéis pelos quais são responsáveis, os gestores, para além da qualidade fundamental que se exige a qualquer decisor, que é o bom senso, devem possuir capacidades: capacidades concetuais, capacidades humanas e capacidades técnicas (Maçães, 2014) (Figura 2). Capacidades concetuais estão relacionadas com a capacidade dos gestores para resolver situações complexas e coordenar as atividades da organização. Têm mais importância para os gestores de topo. São estas capacidades que permitem aos gestores ver a organização como um todo, compreender as relações entre a diversas unidades da organização, visualizar a forma como a organização se adequa ao meio envolvente e tomar decisões mais acertadas e inovadoras. Capacidades humanas dizem respeito à capacidade dos gestores para trabalhar e comunicar com outras pessoas ou grupos, entendendo-as, motivando-as e liderando-as. Atendendo a que o trabalho de um gestor consiste na realização de objetivos através das pessoas, as capacidades humanas são cruciais para o seu bom desempenho. As capacidades humanas são fundamentais em todos os níveis de gestão, na medida em que todos os gestores gerem pessoas. A nível da gestão de topo, as capacidades humanas são também fundamentais para estabelecer relações com os grupos de interesse externos à organização e para conseguir agregar e motivar os membros internos em torno da estratégia da organização. As capacidades técnicas estão relacionadas com a capacidade dos gestores para usar ferramentas, procedimentos, técnicas e Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 23 conhecimentos especializados relativos a área de sua especialização e responsabilidade. As capacidades técnicas devem existir a todos os níveis hierárquicos, embora tenham mais importância para os gestores de primeira linha. Para os gestores de topo, as capacidades técnicas devem situar-se ao nível do conhecimento do mercado e dos processos e produtos da organização. Para um gestor intermédio, as capacidades técnicas dizem respeito ao conhecimento especializado da área funcional que responsável, por exemplo, um diretor administrativo deve ter conhecimentos de contabilidade e gestão financeira. Segundo Maçães (2014) as três capacidades são relevantes para o desempenho de qualquer gestor, mais a sua importância depende do nível organizacional do gestor na organização: o Para os gestores de topo, quem têm responsabilidades ao nível estratégico, as capacidades concetuais são mais importantes, uma vez que o seu desempenho depende da sua capacidade para formular estratégias e tomar decisões que afetam toda a organização. o Por sua vez, as capacidades técnicas são mais importantes aos níveis hierárquicos mais baixos, pós os gestores estão envolvidos em processos e atividades especificas. o As capacidades humanas são importantes em todos os níveis hierárquicos, já que todos os gestores trabalham com pessoas e coordenam as suas atividades. A figura 2 ilustra o grau de importância de cada uma das capacidades dos gestores de acordo com o nível organizacional. Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 24 Material de apoio da disciplina de Gestão dos Serviços de Saúde Walinga ano letivo 2024/2025 AAS 25 REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS Frederico, M, Leitão, M, A. (1999). Princípios de administração para enfermeiros. Coimbra: Farmasau. Kurcgant. P. (2008). Administração em enfermagem. 9ª Ed. São Paulo. Maçães, M, A, R. (2014). Manual de Gestão Modena. Teorias e Práticas. 2014 Sotomayor, Rodrigues e Duarte. (2014). Princípios de Gestão das Organizações. 2ª Ed. Lisboa.