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SAÚDE COLETIVA Tuberculose e Hanseníase Prof.ª Enf.ª Brenda Cavalcante TUBERCULOSE A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, produzida por um agente específico (bactéria aeróbica do tipo Gram- positiva). Sua imunidade pode ser desenvolvida pela infecção, doença e vacina, conferindo uma imunidade relativa e de duração variável. TUBERCULOSE • Epdemiologia A tuberculose (TB), antiga enfermidade descrita como tísica, foi conhecida, no século XIX, como peste branca, ao dizimar centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. No início da década de 1980, houve recrudescimento global da TB: nos países de alta renda, esse recrudescimento se deveu principalmente à emergência da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV ) e, nos países de baixa renda, devido à ampliação da miséria e do processo de urbanização descontrolada, além de desestruturação dos serviços de saúde e dos programas de controle da tuberculose O PROBLEMA DA TUBERCULOSE • Até o final de 2015, a Organização Mundial da Saúde classificou os 22 países com maior carga da doença no mundo e dentre eles estava o Brasil. Para o período de 2016 a 2020, uma nova classificação de países prioritários foi definida, segundo características epidemiológicas. O PROBLEMA DA TUBERCULOSE • Foram dadas três listas de acordo com a relevância de sua carga, sendo considerados: casos de tuberculose, casos de coinfecção TB-HIV e casos de TB multirresistente. • . O Brasil se encontra em duas dessas listas, ocupando a 20ª posição quanto à carga da doença e a 19ª no que se refere à coinfecção TB-HIV. O PROBLEMA DA TUBERCULOSE • Foi lançada, em 2006, a estratégia Stop-TB (WHO, 2006), cujo propósito era reduzir drasticamente o peso global da TB até 2015. Agente Etiológico • A TB pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: -M. Tuberculosis (bacilo de koch); -M. Bovis; -M. Africanum; -M. Canetti; -M. Microti; - M. pinnipedi; e -M. caprae. * A Bovis, em alguns lugares, pode ter relevância como AE da TB, > frequência em forma ganglionar ou extrapulmonar . * A Mycobacterium tuberculosis é a mais comum e de maior importânca. Modo de transmissão • A tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente através do ar . A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente de tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo. Gotículas de Pflüger Núcleos de Wells RISCOS TRANSMISSÃO: • LOCAIS FECHADOS • POUCA VENTILAÇÃO • POUCO SOL • QUANTO MAIS BACILÍFERO FOR A FONTE • AGLOMERAÇÃO ADOECIMENTO: • DESNUTRIDOS • PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS • POBREZA/MISÉRIA • DROGAS/ALCOOL • NEOPLASIAS • USO DE CORTICÓIDES (PROLONGADO) • PVHIV/AIDS RISCO DE ADOECIMENTO • O maior risco de adoecimento para a TB descrito é a infecção pelo HIV. Diagnóstico • A tuberculose (TB) pode acometer uma série de órgãos e/ou sistemas. A apresentação da TB na forma pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde pública, pois é essa forma, especialmente a bacilífera, a responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença. • A busca ativa de sintomático respiratório (SR) é uma importante estratégia para o controle da TB, uma vez que permite a detecção precoce das formas pulmonares. TB pulmonar: • Pode se apresentar sob a forma primária, pós primária (ou secundária) ou miliar. Os sintomas clássicos da TB pulmonar são: tosse persistente, produtiva ou não (com muco e eventualmente sangue), febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. TB pulmonar primária • É mais comum em crianças e clinicamente apresenta-se, na maior parte das vezes, de forma insidiosa. O paciente se apresenta irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna, inapetência e o exame físico pode ser inexpressivo. Tuberculose pós-primária • Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e adulto jovem. Tem como característica principal a tosse, seca ou produtiva. • A expectoração pode ser purulenta ou mucóide, com ou sem sangue. A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5º C. • A sudorese noturna e a anorexia são comuns. O exame físico geralmente mostra “fácies” de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. Tuberculose miliar • A denominação é vinculada ao aspecto radiológico pulmonar. É uma forma grave de doença e ocorre em 1% dos casos de TB em pacientes HIV soronegativos, e em até 10% dos casos em pacientes HIV soropositivos, em fase avançada de imunossupressão. • A apresentação clínica clássica é a aguda, mais comum em crianças e adultos jovens. Os sintomas são febre, astenia e emagrecimento, que em associação com tosse ocorrem em 80% dos casos. O exame físico mostra hepatomegalia (35% dos casos), alterações do sistema nervoso central (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritematomáculo-papulo-vesiculosas. TB miliar apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura. TB extrapulmonar • As apresentações extrapulmonares da TB têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos e/ou sistemas acometidos. Sua ocorrência aumenta entre pacientes com aids, especialmente entre aqueles com imunocomprometimento grave. Exame Bacteriológico • Exame microscópico direto - baciloscopia direta. • A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) pelo método de Ziehl-Nielsen é a técnica mais utilizada em nosso meio. • A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos de tuberculose pulmonar, o que é importante do ponto de vista epidemiológico, já que os casos bacilíferos são os responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão. TRM • O TRM-TB é um teste de amplificação de ácidos nucleicos utilizado para detecção de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina. (PCR) * AINDA SOBRE O DIAGNÓSTICO • Todo paciente com diagnóstico de tuberculose deve ser testado para HIV TRATAMENTO • A tuberculose é uma doença curável em praticamente todos os casos, em pessoas com bacilos sensíveis aos medicamentos antituberculose (antiTB), desde que obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa e que haja a adequada operacionalização do tratamento. • Para a prevenção da seleção de bacilos resistentes e a efetiva cura da doença, é necessária a utilização de esquemas terapêuticos com associação de diferentes medicamentos que agirão sobre os bacilos sensíveis e nas diversas populações de bacilos naturalmente resistentes, uma vez que bacilos resistentes a um medicamento podem ser sensíveis a outro. OS MEDICAMENTOS COM ALTA EFICIÊNCIA SÃO EM ORDEM: RIFAMPICINA ISONIAZIDA ETAMBUTOL Regimes de tratamento O tratamento será desenvolvido sob regime ambulatorial, diretamente observado (TDO). A hospitalização é recomendada em casos especiais e de acordo com as seguintes prioridades: • Meningoencefalite tuberculosa. • Intolerância aos medicamentos antiTB incontrolável em ambulatório. • Estado geral que não permita tratamento em ambulatório. • Intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas relacionadas ou não à TB que necessitem de tratamento e/ou procedimento em unidade hospitalar. • Casos em situação de vulnerabilidade social, como ausência de residência fixa ou grupos com maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento, falência ou multirresistência. NOTIFICAÇÃO • Mediante confirmação de um caso de tuberculose, a unidade de saúde (pública ou privada) que identifica o caso é responsável por sua notificação. Outros serviços também podem notificar o caso, como os laboratórios. Cabe ressaltar que, por Portaria Ministerial, a tuberculose é uma doençade notificação compulsória (Portaria no 204, de 17 de fevereiro de 2016). • Notifica-se apenas o caso confirmado de tuberculose (critério laboratorial ou clínico). TODO (DOTS) • O tratamento diretamente observado constitui uma mudança na forma de administrar os medicamentos, sem mudanças no esquema terapêutico: o profissional treinado passa a observar a tomada da medicação do paciente desde o início do tratamento até a sua cura. • O local e o horário da administração do medicamento devem estar de acordo com as necessidades do usuário, e nunca do serviço . • Os medicamentos deverão ser administrados uma única vez ao dia e, apesar da melhor absorção ser obtida com ingestão em jejum, podem ser administrados em qualquer horário, mesmo durante refeições. TODO (DOTS) Estratégia Operacional • Todo caso de tuberculose (novos e retratamentos) deve realizar o tratamento diretamente observado. • Para a implementação do tratamento diretamente observado, devem-se considerar as seguintes modalidades de supervisão: • Domiciliar • Na Unidade de Saúde • Prisional • Compartilhada DESCRIÇÃO • Doença crônica, infectocontagiosa, causada por um bacilo capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), embora poucos adoeçam (baixa patogenicidade). • • Essas propriedades não ocorrem em função apenas das características intrínsecas do agente etiológico, mas dependem, sobretudo, da relação com o hospedeiro e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspectos. HANSENÍASE • Agente etiológico - O Mycobacterium leprae e um parasita intracelular bacilo álcool-acido resistente. E a única espécie de microbactéria que infecta nervos periféricos, especificamente as células de Schwann. • Reservatório - O homem é reconhecido como a única fonte de infecção, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados – tatu, macaco mangabei e chimpanzé. Os doentes com muitos bacilos (multibacilares– MB) sem tratamento – hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa nasal). HANSENÍASE • Suscetibilidade e imunidade - Há uma forma de alta resistência à infecção pelo bacilo – a hanseníase tuberculoide –, na qual há manifestações em relação a exacerbação da resposta imunocelular, com limitação de lesões, formação de granuloma bem definido e destruição completa dos bacilos. • Também pode ocorrer a forma de alta suscetibilidade – hanseníase virchowiana –, na qual há uma deficiência da resposta imunocelular, com excessiva multiplicação de bacilos e disseminação da doença para o tecido nervoso e vísceras. • Entre essas duas formas polares, está a forma instável da doença – hanseníase dimorfa –, a qual pode permanecer como dimorfa ou apresentar características das formas clÍnicas tuberculoide ou virchowiana. Manifestações clínicas • Hanseníase indeterminada – forma inicial, evolui espontaneamente para a cura na maioria dos casos. Lesão, de cor mais clara que a pele normal, com distúrbio da sensibilidade, ou áreas circunscritas de pele com aspecto normal e com distúrbio de sensibilidade, podendo ser acompanhadas de alopecia e/ou anidrose. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Hanseníase tuberculoide- forma mais benigna e localizada que aparece em pessoas com alta resistência ao bacilo. As lesões são poucas (ou uma única), de limites bem definidos e pouco elevados, e com ausência de sensibilidade (dormência). Ocorre comprometimento simétrico de troncos nervosos, podendo causar dor, fraqueza e atrofia muscular. Manifestações clínicas • Hanseníase dimorfa (ou borderline) – Forma intermediária, resultante de uma imunidade também intermediária. A variedade de lesões cutâneas é maior e estas apresentam-se como placas, nódulos eritemato- acastanhados, em grande número, com tendência à simetria. O acometimento dos nervos é mais extenso, podendo ocorrer neurites agudas de grave prognóstico. Manifestações clínicas • Hanseníase virchowiana (ou lepromatosa) As lesões cutâneas caracterizam-se por placas infiltradas e nódulos (hansenomas), de coloração eritemato-acastanhada ou ferruginosa, que podem se instalar também na mucosa oral. Podem ocorrer infiltração facial com madarose superciliar e ciliar, hansenomas nos pavilhões auriculares, espessamento e acentuação dos sulcos cutâneos. Pode, ainda, ocorrer acometimento da laringe, com quadro de rouquidão, e de órgãos internos (fígado, baço, suprarrenais e testículos), bem como a hanseníase histoide, com predominância de hansenomas com aspecto de queloides ou fibromas, com grande número de bacilos. Ocorre comprometimento de maior número de troncos nervosos de forma simétrica. Diagnóstico clínico • A classificação operacional do caso de hanseníase, visando ao tratamento com PQT, e baseada no número de lesões cutâneas, de acordo com os seguintes critérios: • PB – casos com até 5 lesões de pele; • MB – casos com mais de 5 lesões de pele.