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Introdução ao Direito Penal – Smanio e Fabretti - Fichamento 1

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Criminologia e Teoria Geral do Crime – Fabio Bechara
Livro de Apoio: Introdução ao Direito Penal – Smanio e Fabretti
PERÍODO PRIMITIVO
Durante essa fase, segundo Bernardino Alimena, não se encontra um verdadeiro código penal, mas as legislações previam uma extraordinária abundância de penas cruéis que castigavam não somente os culpados, mas também as demais pessoas de sua família. 
A essa primeira fase do Direito Penal, quando na verdade o que havia era um direito repressivo, chama-se de fase da Vingança Penal. Que é dividida em três partes: Vingança Privada, Vingança Divina e Vingança Pública. Devemos lembrar que esses períodos não se sucedem integralmente, tampouco aparecem nessa ordem cronológica, necessariamente. 
Ademais, não podemos nos esquecer de que nesse período as guerras entre os povos eram uma constante, não sendo raras as situações em que um povo dominava o outro e lhe impunha sua cultura e costumes, inclusive seu direito. 
VINGANÇA DIVINA
Nas sociedades primitivas, a percepção do mundo pelos homens era muito limitada, carregada de misticismos e crenças em seres sobrenaturais. Acreditavam que ventos, chuvas, trovoes, raios, etc decorriam das leis da natureza, que eram, então, provocados por divindades que os premiavam ou castigavam pelos seus comportamentos. Essas divindades com poderes infinitos e capazes de influenciar diretamente a vida das pessoas eram os Totens, sendo essas sociedades chamadas de totêmicas.
Assim, quando um dos integrantes do grupo social praticava alguma conduta proibida – os “tabus” – que acreditava ser capaz de ofender os totens, o próprio grupo punia o infrator, pensando assim que purificara aquele pecado e que amenizara a ira divina.
Tratava-se de um Direito Penal com enorme fundo religioso, teocrático e sacerdotal, onde a pena era aplicada pelos sacerdotes, por delegação divina, de forma cruel, desproporcional e degradante, com a finalidade principal de intimidar os outros membros do grupo. O rigor dos castigos justificava-se pela grandeza dos entes ofendidos. 
Códigos principais: Código de Manu (Índia), Cinco livros (Egito), Livro das cinco penas (China), Avesta (Pérsia), Pentateuco (Hebreus).
VINGANÇA PRIVADA
Nessa fase a vingança se relaciona com uma forma de reação de um indivíduo contra o outro ou de um grupo contra um indivíduo. Passa a ter um caráter pessoal. 
Perda de paz: quando uma infração era praticada contra um membro do próprio grupo, situação que gerava o banimento do infrator daquela comunidade, deixando-o sem a proteção de seu grupo. 
Vingança de sangue: aplicada quando a vítima pertencia a outro grupo social, pois o grupo agredido, no sentido de vingar o crime cometido, iniciava uma verdadeira guerra grupal.
Entretanto, não havia proporção entre o ato praticado e o revide, motivo pelo qual se iniciavam lutas acirradas entre grupos e famílias que, paulatinamente, iam se debilitando, enfraquecendo e extinguindo-se. 
Como meio de evitar essa aniquilação, surge o Talião (Olho por olho, dente por dente), que trouxe o critério da proporcionalidade entre o crime cometido e a reação da pena, não permitindo mais vinganças arbitrárias e desproporcionais. Entretanto, o talião levou, com o passar do tempo, com que grande parte da população ficasse deformada pela perda de membro, sentido ou função, pois conforme assevera Manoel Pimentel, “olho por olho, o resultado era cegueira parcial de duas pessoas. Braço por braço, a consequência era a invalidez de dois homens, enfraquecendo-se o grupo frente aos inimigos externos”. 
Os donos de escravos, normalmente, ofereciam estes para cumprir a pena em seu lugar, poupando seus corpos. 
Evolui-se, assim, para o que se chamou de Composição, sistema que permitia ao infrator “comprar” sua liberdade ao pagar um preço em moedas, animais, ferramentas, etc. para a vítima ou sua família, que “vendiam” o direito de represália.
“Quem matar um plebeu dê 200 soldos em composição e, no caso de negar, jure com 11 testemunhas, ou saia a campo para bater-se com o acusador, se este preferir a proa pelo combatente. Quem matar um servo dê 30 soldos em composição e, negando, jure com 5 testemunhas”
Com o passar do tempo, a comunidade passou a ter direito a uma parte da Composição que era chamada de fredum, que poderia ser metade ou terço do total. Tal quantia era recebida pelo “Estado” como uma “recompensa” pela proteção conferida ao criminoso por impedir que contra ele se realizasse a vingança ou a quebra da paz. 
Códigos Principais: Código de Hammurabi (Babilônia); Exôdo (Hebreus), Pentateuco, Lei das XII tábuas (Romanos) e outras. 
VINGANÇA PÚBLICA
Posteriormente, com uma melhor organização social e fortalecimento do Estado, comprova-se que a vingança privada, vingança de sangue e as outras formas punitivas turbam a paz da sociedade, fato que legitima a intervenção do Estado no conflito com a aplicação da pena pública. 
Pena Pública: proteger a própria existência do Estado e do Soberano, tendo como delitos principais os de lesa-majestade e, sucessivamente, os que atacassem a ordem pulica e os bens religiosos ou públicos. (Homicídio, lesões corporais, crimes contra a honra e a propriedade, etc.).
Somente pode-se falar de PENA a partir dessa fase pública, pois antes as manifestações punitivas não passavam de vinganças coletivas, guerras e vinganças privadas.
Procura manter a paz pública, utilizando-se do terror e da intimidação na execução de penas. É nessa época que aparecem as leis mais cruéis e que se castiga com maior dureza não só os crimes mais graves, como também fatos como magia e feitiçaria. (Penas de morte, penas corporais, etc.).
Em alguns casos, a pena transcendia o réu e atingia seus descendentes por diversas gerações. Aos poderosos e nobres eram impostas as penas mais suaves, enquanto aos plebeus e servos eram impostos os castigos mais pesados. Os juízes e tribunais podiam impor penas não previstas em lei e considerar fatos não apenados como criminosos. 
ESCOLAS PENAIS (O corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade do direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim das sanções.)
Escola: conjunto de adeptos e/ou seguidores de um mestre ou de uma doutrina ou sistema. 
Quando falamos de Escolas Penais, significa que todos os autores a ela pertencentes seguem uma mesma corrente de pensamento e compreendem de maneira mais ou menos uniforme os fenômenos criminológicos, o criminoso e a pena. 
PRÉ-CLÁSSICOS
Todos os autores denominados como pré-clássicos desenvolveram seus estudos após Beccaria revolucionar o DP, ou seja, todos eles são tributários da nova concepção de DP inaugurada pela obra “Dos delitos e das Penas”, não guardando qualquer relação com aquela forma de punição típica do absolutismo medieval ou épocas anteriores. 
Giandomenico Romagnosi: jurisconsulto e filosofo italiano, professor na Universidade de Pisa. Obras: Filosofia do Direito e Gênese do Direito Penal. Jusnaturalista (Direito independente de convenções humanas). Negava a existência do contrato social. DP: sustentava que este se fundamenta do direito que tem a sociedade de defender-se dos criminosos. “A sociedade tem o direito de fazer com que a pena siga o delito, com meio necessário para a conservação de seus membros e do estado de agregação em que se encontra, já que ela tem pleno e inviolável direito a estas coisas”. Utilitarista (Admitia a imposição da pena caso esta cumprisse sua função.). Utilidade/Necessidade da pena: prevenção de novos delitos e, consequentemente, na defesa da sociedade, pois conforme asseverou o próprio Romagnosi: “se a pena não é eficaz, não servira para a defesa da sociedade e se reduziria a um inútil tormento do culpado e, por conseguinte, seria duplamente injusta”.
Paul Johann Anselm Ritter von Feuerbach: jurista alemão, é considerado por muitos o fundador do moderno DP, um dos precursores do positivismo penal e o primeiro dogmático da doutrina jurídico-penal. Teoria da “coação psicológica”. Era um contratualista, pois entendia o Estado como uma sociedadecivil organizada constitucionalmente mediante a submissão das pessoas a uma vontade comum, sendo o seu principal objetivo a criança da condição jurídica, ou seja, a existência conjunta dos homens conforme as leis do direito. Não é suficiente a coação física, então o Estado deve apelar para a coação psicológica, que é a ameaça de pena que impedirá os cidadãos de cometerem crimes, pois terão medo de serem apenados. Função da pena: intimidação de todos como possíveis protagonistas das lesões jurídicas. Criador do Princípio da Legalidade dos Crimes e das Penas (nullum crimen sine lege, nulla poena sine lege). 
ESCOLA CLÁSSICA
Pelegrino Rossi sustentava que havia uma ordem moral obrigatória para todos os seres livres e inteligentes, da qual deriva a ordem social, também obrigatória, fonte de todos os direitos e deveres que são inerentes à vida social do homem. Violação desses direitos e deveres corresponde às práticas criminosas. A pena tem a função de restabelecer o equilíbrio da paz social/moral abalada pelo crime. O crime tem um caráter puramente moral e a pena nada mais é do que a retribuição do mal causado pelo infrator.
Giovanni Carmignani sustentava, diferentemente de Rossi, que o direito de castigar não tem fundamento na justiça moral, mas sim na necessidade política de manter-se a paz social. A pena tem como função evitar delitos futuros e não de se vingar dos delitos passados, não adotando, assim, uma concepção retribucionista, mas sim, utilitarista.
Fracesco Carrara escreveu a primeira obra cientifica do DP, segundo alguns autores: o “Programa de Direito Criminal”. Jusnaturalista (o direito é congênito ao homem porque lhe foi dado por Deus, desde o momento de sua criação, para que possa cumprir os seus deveres nessa vida; deve, pois, o direito ter existência e critérios anteriores às inclinações dos legisladores terrenos”. O crime deve ser entendido como um “ente jurídico”, ou seja, para ser considerada criminosa, uma ação deve, necessariamente, consistir na violação do direito. Essa violação, entretanto, deve ser perpetrada por uma vontade inteligente e livre, ou seja, a materialização de um crime depende simultaneamente de uma lesão ou ameaça de lesão ao direito de outrem e que essa tenha sido praticada por alguém que entende o que faz e é capaz de controlar suas vontades. O livre arbítrio, para Carrara, é um dogma. O delinquente tem a escolha de praticar ou não a conduta criminosa, independentemente das pressões advindas do mundo exterior. A pena deve buscar a justiça e a defesa da humanidade. 
Características essenciais da escola clássica: O crime é um ente jurídico, trata-se de uma infração e não uma ação, pois sua essência constitui, necessariamente, na violação de um direito; O livre arbítrio é condição fundamental da punibilidade, ou seja, os homens moralmente sãos nascem livres e a pratica do crime deriva da escolha moral de cada um, independentemente dos fatores externos; A pena visa a tutela jurídica através da retribuição ao criminoso do mal por ele praticado.
ESCOLA POSITIVA
Somente aquilo que poderia ser comprovado através de experiências é que ganhava status de ciência. A EP tem como núcleo de renovação a consideração do homem, na sua realidade naturalista, ou seja, como um ser vivente inserido no seu meio e suscetível a todas as condições antropológicas, biológicas e sociais. O crime já não é mais um ente jurídico e abstrato dependente única e exclusivamente do livre arbítrio do homem, mas sim um episódio de desajustamento social ou psicológico, dependente das forças exteriores e interiores que atuam no sujeito e determinam a pratica da conduta criminosa. 
O crime já não é uma escolha livre e individual que cabe unicamente ao indivíduo, mas sim um problema social dependente da periculosidade das pessoas que é determinada tanto por fatores internos (psicológicos e genéticos) como externos (meios ambientes, relações sociais etc.). = DETERMINISMO.
Diferença entre a escola clássica e a escola positiva: dedutivo de logica abstrata, para a clássica, indutivo e de observação de fatos, para a positiva; aquela tendo por objetivo “o crime como entidade jurídica”, esta, ao contrário, “o delinquente” como pessoa, revelando-se mais ou menos socialmente perigosa pelo delito praticado. 
Pena com caráter utilitário: instrumento de defesa da sociedade perante os criminosos. Os fundamentos da pena são a personalidade do próprio criminoso, principalmente a sua periculosidade. 
Se o delinquente é visto como uma patologia social, como algo danoso à sociedade, a pena deve ser o remédio contra esse mal e, para funcionar, deve mantê-lo afastado do corpo social enquanto durar sua periculosidade. 
Surge com os positivistas o conceito indeterminado da pena, o que futuramente seria o que hoje chamamos de Medida de Segurança.
Cesare Lombroso era médico psiquiatra, trabalhava em penitenciarias. Inaugurou a chamada Antropologia Criminal, que tinha como centro de estudos o homem delinquente, e como finalidade a investigação da constituição orgânica e psíquica do delinquente, assim como o conhecimento de sua vida social, na tentativa de descobrir as causas que o levaram à prática do crime. Sua principal ideia foi a do “criminoso nato”: alguns homens, por uma regressão atávica (herança genética), nascem criminosos, assim como alguns nascem loucos ou doentes. As características físicas e psíquicas que permitiriam reconhecê-los seriam: assimetria craniana, fronte baixa e fugidia, orelhas em forma de asa, lóbulos occipitais e arcadas superciliares salientes, maxilares proeminentes, face longa e larga, cabelos abundantes, barbar escassa e rosto pálido. Teria também anomalias fisiológicas, tais como a preferência pelo uso da mão esquerda ou de ambas, além de grande resistência aos golpes e ferimentos graves e mortais, dos quais prontamente se restabelecia. Olhar duro e cruel e o seu sorriso, cínico. 
Enrico Ferri sua maior contribuição foi a criação da Sociologia Criminal. Defendia a inexistência do livre arbítrio, sustentando que o crime tinha por origem fatores antropológicos, sociais e físicos. Defendia também que o homem só é responsável porque vive em sociedade, se estivesse isolado em uma ilha não teria qualquer responsabilidade pelos seus atos. Acreditava que a pena tinha dupla finalidade: punir e ressocializar. Para Ferri todo sujeito que comete um crime, qualquer que seja sua condição psicofísica, é responsável e deve ser objeto de uma reação social (sanção) correspondente a sua periculosidade. Embora não repudiasse a ideia de Lombroso de que a pena deveria funcionar como defesa social, deu mais importância à prevenção, sugerindo medidas que chamou de substitutivos penais, providencias estas que foram todas à alçada do CP e consistem em reformas práticas de ordem educativa, familiar, econômica, administrativa, política e também jurídica, destinadas a modificar as condições dos delinquentes. Entretanto, cometido o crime anyways, a pena era como último ratio de defesa social repressiva, não se devia fixar somente na gravidade objetiva jurídica do crime, mas sim adaptar-se também e principalmente à personalidade, mais ou menos perigosa, do delinquente, com o sequestro por tempo indeterminando, quer dizer, enquanto o condenado não estiver readaptado à vida livre e honesta, da mesma maneira que o doente não entra num hospital por um tempo pré-determinado, mas pelo tempo necessário a readaptar-se à vida comum. CLASSIFICAÇÃO DOS DELINQUENTES: NATO (pessoa que já nasce inclinada às práticas criminosas. Falta ou debilidade do senso moral), LOUCO (aquele que por alienação mental pratica atos nocivos à sociedade. Atrofia do senso moral), PASSIONAL (Aquele que é movido por uma paixão social. Apresentação espontânea à autoridade policial com remorso sincero do mal feito. Tentativa em série de suicídio. Homens de integridade moral, todavia com temperamento nervoso ou de qualquer maneira superexcitavel. Menor grau de periculosidade, maior grau de readaptabilidade social), OCASIONAL (Predisposiçãoou insuficiente repulsão orgânica ou psíquica ao delito. Caracteriza-se mais pela irreflexão e imprevidência com fraqueza de vontade do que por uma atrofia do senso moral. É menor a periculosidade e maior a readaptabilidade social) e HABITUAL (Grave periculosidade e fraca readaptação social. É um indivíduo que – nascido e crescido em ambiente de miséria material e moral, especialmente nos meios urbanos e, portanto, também com taras hereditárias, somáticas e psíquicas – começa, de rapaz, com leves faltas e depois – pela deletéria influência das prisões, e pelo futuro da pena com a má companhia dos delinquentes, e a dificuldade de encontrar um trabalho regular e, muitas vezes, pela improvidente ação da polícia empírica – recai obstinadamente no crime). 
Rafael Garofalo tem como obra principal sua Criminologia. Buscou conceituar o delito natural, que segundo ele seriam aquelas condutas que “em todos os tempos e lugares fossem consideradas puníveis”, ou seja, que pairassem acima e anteriormente às próprias legislações. Para ele, os delinquentes eram portadores de anomalias do sentimento moral. O criminoso é, necessariamente, um homem em que se da ausência ou defeito dos sentimentos altruístas fundamentais. CLASSIFICAÇÃO: NATO (privados de qualquer sentimento altruísta), VIOLENTOS E ENERGÉTICOS (aqueles que não tem qualquer sentimento de piedade), e LADRÕES OU NEURASTÊNICOS (não tem o sentido de probidade). Sustenta que a pena tem como função a eliminação do delinquente, podendo ser reativa ou absoluta, dependendo de sua adaptabilidade ao convívio social. Defende que “a reação eliminativa é um efeito socialmente necessário da ação do delito”. Aos completamente inadaptados defende, expressamente, a pena de morte.
Principais características da Escola Positiva: O delito é um fenômeno natural e social produzidos por causas de ordem biológica, física e social; O delinquente é biológica e psiquicamente um anormal; A crença no livre arbítrio da liberdade humana é uma ilusão, pois a vontade humana é determinada por influxos de ordem física, psíquica e social; Como consequência dessa concepção determinista, a responsabilidade penal deixa de fundamentar-se sobre a imputabilidade moral e passa a ter como base a responsabilidade social; A pena tem por fim a defesa social. 
A Escola Positiva ainda contribui com a descoberta de novos fatos e a realização de experiências ampliativas do conteúdo do direito; O nascimento de uma nova ciência causal-explicativa: a criminologia; A preocupação com o delinquente e com a vítima; O conceito de periculosidade; O desenvolvimento de institutos como a Medida de segurança.
TERZA SCUOLA ITALIANA
Escola crítica ou escola eclética, nega a existência do livre arbítrio no que com concorda com a Escola Positiva, mas sustenta, como a Escola Clássica, a responsabilidade moral dos indivíduos. 
Concepção do delito como um fenômeno individual e social. Aceita a distinção entre imputáveis e inimputáveis. Segundo Bernardino Alimena a imputabilidade surge da vontade e dos motivos que a determinam e tem sua base na “dirigibilidade” do sujeito, ou seja, na sua aptidão para sentir a coação psicológica da pena. Os imputáveis são aqueles que são capazes de sentir ameaça penal. A imputabilidade resulta da intimidabilidade.
A pena tem como função a defesa social, porém sem perder o seu caráter aflitivo. 
ESCOLA DO IDEALISMO ATUALÍSTICO
Responsabilidade universal. Todos os homens são responsáveis por suas ações, sejam eles capazes ou incapazes, normais ou anormais, sãos ou efêmeros. O crime pertence a quem o praticou e a ele deve ser imputado, de modo que a pena, assim como a imputabilidade, atinge um caráter universal. Pena como meio de educação moral.
ESCOLA PENAL HUMANISTA
Os sentimentos, não as ideias, que guiam os homens em suas condutas. Considera-se com delito todo fato que viola sentimentos morais. A pena tem função educadora, tendo como objetivo primordial a emenda do culpado. Possibilidade de se educar o criminoso através da pena. Todos os homens sãos e psiquicamente desenvolvidos poderiam ser corrigidos. 
ESCOLA MODERNA ALEMÃ
Escola Política Criminal. Segundo a concepção de Liszt, o crime é resultado da cooperação de dois grupos de condições. De um lado, a própria natureza individual do delinquente e, de outro, as condições exteriores, físicas e sociais, sobretudo econômicas que o rodeiam. Assume o livre arbítrio e o determinismo como causa do crime. 
Liszt admite que a pena é necessariamente um mal e lhe empresta a ideia de fim, ou seja, admite a possibilidade de se utilizarem os múltiplos efeitos da ameaça penal e de sua execução para proteção dos interesses da vida humana, de modo que a pena pode se prestar a várias funções, tais como prevenção especial, prevenção geral, inocuização e ressocialização, pois sustenta que a pena deve se adaptar, em sua espécie e medida, à natureza própria do delinquente.
Segundo Liszt, há uma “Ciência total do Direito Penal” conhecida como gesamte Strafrechtwissenchaft, sendo que para conhece-la integralmente faz-se necessário que a formação do penalista seja jurídica e criminalística, ou seja, a explicação causal do direito e da pena há de ser entendida como criminológica, penológica e de pesquisas históricas sobre o desenvolvimento da delinquência e dos sistemas penais. 
POLÍTICA CRIMINAL pode ser entendida por dois modos: como ciência, quando indica um caminho a ser seguido, e como arte, quando segue um caminho indicado. Estuda os delitos profilaticamente e os meios para combatê-los e previni-los. 
“O CP é a Carta Magna do delinquente e o DP é a barreira intransponível da Política Criminal” Liszt. 
ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA
“O Problema e o Método da Ciência do Direito Penal”, de Arturo Rocco, sustenta que a Ciência Penal se encontra em uma crise, em virtude da desorganização, incertezas e dúvidas, criadas, principalmente, pela Escola Positiva, que em detrimento da técnica jurídica, privilegiou a Sociologia, Criminologia, Antropologia, Filosofia etc. 
Os “erros” que levaram a essa “crise” somente podem ser corrigidos com um “remédio simplíssimo”: “manter-se firme e aferrados estritamente e escrupulosamente ao estudo do direito”. Se refere, ali, à um Direito Positivo vigente, que segundo o mestre italiano, “é o único que a experiência nos destaca e no qual somente se pode encontrar o objeto de uma ciência jurídica como é a do Direito Penal e como deve e há de continuar sendo, desmentindo já os oráculos de uma antropologia tão cômoda como inexata”.
Propõe que nenhuma ciência externa interfira no Direito Penal, que deve se resumir ao Direito Positivado, ou seja, à letra da lei. Propõe ainda que o estudo da lei penal seja composto por uma investigação exegética (interpretação da lei, segundo a ordem por ela mesma definida), uma investigação dogmática e sistemática (análise dos princípios e fundamentos do Direito Positivo e sua coordenação lógica) e uma investigação crítica do Direito (análise da necessidade e/ou razão de manter ou substituir esse direito por outro diferente). 
Para Arturo, o único objeto da Ciência Criminal é o ordenamento jurídico vigente. Deve limitar-se a estudar o delito e a sanção de um ponto de vista pura e simplesmente jurídico. O delito é um fato humano e social e a pena é um fato social e político. 
Defesa da responsabilidade moral e do livre arbítrio como causas do crime, e exigência do castigo como finalidade da pena. 
O maior mérito dessa doutrina certamente foi o de ter estabelecido as bases metodológicas para elaboração de um sistema penal de caráter jurídico, regido pela lógica deôntica (dever ser), distinguindo-se de outras ciências causais-explicativas, pertencentes ao mundo ôntico (ser). 
ESCOLA CORRECIONALISTA 
“O Direito Protetor dos Criminosos”, de Pedro Dorado Montero. Inclinações politicas ao anarquismo e ao socialismo. Negou a existência de um delito natural, sustentando que todos são de criação política, pois é a sociedade que determina quais condutas serão consideradas criminosas. Determinista.Para Dorado, duas coisas podem ser feitas com os criminosos: destruí-los ou esforçar-se para que deixem de ser forças hostis e negativas e se convertam em forças úteis, cooperadoras ao bem-estar social. A primeira opção considera injusta (em virtude do determinismo, pois considera que as causas do crime são externas ao delinquente) e insensata (porque os delinquentes destruídos seriam rapidamente substituídos enquanto não fossem exterminadas as causas que levaram à pratica delituosa e porque considera que todo homem, ainda que pareça inútil, tem algo de aproveitável, e seria um erro não aproveitar as energias que os delinquentes possuem). 
Individualização da pena, que deverá ser levada a cabo pelo Juiz através de uma análise detalhada do estado particular do paciente e do conjunto de condições de que resulta, ou seja, do meio social em que se encontra. Sempre que encontrar indivíduos que julgue perigosos para conservação ordenada da sociedade, poderá tomar as medidas que lhe pareçam necessárias, justas e oportunas para afastar o referido perigo. 
O Correlacionalismo não admite a pena como forma de “defesa social” através da inocuização do delinquente. A pena deve ser um “remédio social” que tem como finalidade a “cura” do delinquente, que deve ser buscada pela restrição da liberdade, por tempo indeterminado, pois deve pendurar enquanto não cessar a periculosidade do agente. 
ESCOLA DA NOVA DEFESA SOCIAL
Reação humanista e humanitária contra abusos praticados pelos regimes totalitários do nazismo e fascismo. Tem uma concepção crítica do fenômeno criminal e o acompanha e estuda nas suas transformações, nas suas causas, nos seus efeitos, entendendo-o como o resultado e uma diátese social, que deve ser curada racionalmente, através de uma política que respeite a dignidade da pessoa e resguarde os direitos do homem. Posição reformista quanto à atividade punitiva do Estado, que há de ser exercida de modo não dogmático, mas dentro de uma visão abrangente dos conhecimentos humanos. O movimento repudia o tecnicismo jurídico e, por isso, entende que a lei não é a única fonte do direito. Rejeita também o positivismo, tanto o fatalismo biofísico derivado de Lombroso (criminoso nato) quanto o causalismo social de Ferri. 
Nova Defesa Social, de Filippo Gramatica, que representa a posição mais radical do movimento, pois para ele a Defesa Social consistia na ação do Estado destinada a garantir a ordem social, mediante a meios que importassem a própria abolição do Direito Penal e dos sistemas penitenciários vigentes à época. 
Marc Ancel, opondo-se ao radicalismo de Gramatica, propôs a adoção de uma concepção mais moderada, que ao invés de substituir o Direito Penal por um Direito de Defesa Social defendia a manutenção do Estado de Direito, da legalidade e um sistema regular de processo judicial, com a garantia dos direitos individuais. 
A Sociedade Internacional de Defesa Social, como órgão de um movimento que busca influir na política criminal, defende e pressupõe aceitas por todos os seus membros as seguintes ideias, que caracterizam os princípios fundamentais da Sociedade: 1 – A luta contra a criminalidade deve ser reconhecida como uma das tarefas mais importantes que cabem à sociedade; 2 – Nessa luta, a sociedade deve recorrer a diversos meios de ação, quer pré-criminosos, quer pós-criminosos. O direito criminal deve ser considerado como um dos meios de que a sociedade pode servir-se para fazer diminuir a criminalidade e; 3 – Os meios de ação empregados para esse fim devem ser considerados não só na ótica da proteção da sociedade contra os criminosos, mas também na da proteção dos membros da sociedade contra o risco de cair no crime. 
CRIMINOLOGIA
CRIMINOLOGIA CRÍTICA
As questões centrais da criminologia deixam de ser referentes ao delinquente e até mesmo ao crime, para serem dirigidas ao próprio sistema de controle, entendido como conjunto articulado de instancias de produção normativa e de estruturas de reação da sociedade. 
Em vez de questionar quais as causas do crime praticado, passa a indagar porque determinadas pessoas são tratadas como criminosas, quais as consequências desse tratamento e qual sua legitimidade. Em vez de perguntar os motivos do delinquente, pergunta quais os critérios, ou mecanismos de seleção das instâncias de controle social. 
As normas penais passam a ser vistas dentro de um pluralismo axiológico, como expressão do domínio de um grupo ou classe social. O direito penal e o processo penal passam a ser vistos como instrumentos a serviço dos donos do poder. 
Labeling Approach: O comportamento desviante não é uma qualidade ontológica da ação, mas o resultado de uma reação social. O delinquente distingue-se do homem normal pela estigmatização que sofre. “São os grupos sociais que criam o deviance ao elaborar as normas cuja violação constitui deviance e ao aplicar essas normas a pessoas particulares, estigmatizando-as como desviantes”. 
Etnometodologia: Propõe-se a estudar a intersubjetividade do cotidiano, como ele é verdadeiramente vivido por seus participantes, para descobrir as regras e os rituais que tais participantes assumem. Abstém-se de qualquer juízo de valor sobre a realidade das normas ou da própria estrutura social aceitas pelos partícipes. O crime é visto como uma construção social, realizada na interação entre o desviante e as instâncias de controle, às quais se refere como “Organizações”, tais como a polícia, os tribunais, a prisão etc.
Criminologia Radical: O fenômeno criminológico é insolúvel numa sociedade capitalista, não sendo o criminoso passível de recuperação, posto que a própria sociedade é que deve ser “recuperada”, ou melhor, transformada. 
CRIMINOLOGIA E DELITO
O conceito de crime não está reduzido à legalidade estrita. E seu conceito para o Direito Penal e para a Criminologia não é o mesmo. 
Para o Direito penal crime é uma conduta típica, ilícita e culpável, sendo que a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade são categorias jurídico-penais absolutamente formais, sem qualquer cunho criminológico ou sociológico, mas puramente jurídico.
O conceito criminológico do crime, por sua vez, tem necessariamente uma referência jurídica e uma referência sociológica, implica sempre um comportamento humano e a definição desse comportamento como criminoso por outros homens. A possibilidade de o comportamento vir a ser sancionado pelo ordenamento criminal faz com que ele se torne um problema jurídico. Portanto, a questão da conceituação do crime deixou de ser uma questão legal, para tornar-se um problema jurídico, ou seja, a qualidade do comportamento, se normal ou criminoso, advém da própria sanção penal.
Sérgio Salomão Shecaira – Criminologia. Quatro critérios:
Incidência massiva na população: não se deve atribuir o status de crime à conduta que tenha sido praticada de forma isolada, sem reiteração, ainda que tal conduta seja reprovável. 
Incidência aflitiva do fato praticado: é preciso que uma conduta, para justificar sua criminalização, além de ter incidência massiva, produza dor à vítima e/ou à sociedade, ou seja, que tenha relevância social, que cause aflição, incômodo, angústia. 
Persistência espaço-temporal: não se poderia considerar criminoso um fato, ainda que tenha incidência massiva na população e seja apto a causar dor, se tal fato não se distribui pelo território nacional por um relevante período. Não se pode criminalizar condutas que sejam passageiras, frutos de modismos regionais, mas somente aquelas que ocorrem por todo território nacional e de forma permanente. 
Inequívoco consenso: apresenta como último critério para justificar a criminalização de um fato a necessidade de haver um inequívoco consenso a respeito da origem desse fato e das técnicas que seriam mais eficazes para seu combate. 
VITIMOLOGIA
A atenção que vem sendo dispensada à figura da vítima decorre de movimentos recentes e é devida ao desenvolvimento da Criminologia, principalmente a partir do final da Segunda Guerra Mundial. 
Não se pode dizer que a vítimasempre esteve alijada do processo de responsabilização do infrator, pois em alguns momentos da história presenciamos um protagonismo processual da vítima, que era a única com legitimidade para responsabilizar e punir o infrator.
A vitimologia estuda a vítima e suas relações com o autor do crime e com os sistemas sociais, tendo grande importância para a compreensão da estrutura e da intervenção das instâncias formais e informais de controle social, bem como para a formulação da política criminal adequada. 
Conceito de vítima: Vítima é o sujeito passivo eventual, material, específico em cada crime, é quem sofre a lesão do bem jurídico que é titular.
A vítima no direito penal: A vítima deve não só postular pela reparação civil do dano, mas também auxiliar o Estado na persecução penal, fornecendo provas e atuando de forma a possibilitar a condenação do delinquente. 
BEM JURÍDICO
FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
Quanto mais plural uma sociedade, maior a possibilidade de conflitos entre seus membros, demandando assim, para a convivência pacífica, um maior número de regras a serem obedecidas. O aumento dos grupos sociais, a perda de importância do parentesco na organização social e as desigualdades no acesso aos bens e recursos originaram o surgimento dos Estados e, consequentemente, sistemas avançados de controle social. 
Os limites são impostos aos indivíduos através de normas (que fixam modelos de comportamento) que, sendo violadas, geram para o violador uma sanção, que pode ser social ou jurídica. 
A sanção social tem lugar quando há violação de uma norma social, que não tem um conteúdo jurídico. A sanção jurídica tem lugar quando há o desrespeito a uma norma fixada pela lei, com uma sanção também fixada pela lei. 
Controle Social Informal: passa pela instancia da sociedade civil (família, vizinhos, escola, profissão...)
Controle Social Formal: atuação do aparelho político do Estado (Polícias, Justiça, Exército, Ministério Público...)
Esses sistemas são articulados entre si, pois somente terão aplicação as instâncias formais de controle quando as instâncias informais falharem, ou seja, quando o indivíduo não absorver e reproduzir os comportamentos transmitidos e exigidos pela sociedade. 
O Direito Penal está inserido no chamado sistema de controle social e é uma de suas instituições. É um controle normativo, ou seja, exercido por meio de um conjunto de normas criadas previamente. 
Estado Social e Democrático de Direito. Dentro dessa perspectiva, o Direito Penal é visceral, pois é do Estado que emanam as normas jurídico-penais e é o Estado o único detentor legítimo do jus puniendi, ou seja, o mesmo ente que cria o Direito Penal é quem irá aplica-las, fazendo-o, entretanto, por órgãos diversos numa relação de interdependência. 
O Direito Penal não pode ser outra coisa senão um instrumento à disposição do Estado para realização de suas funções constitucionais, como por exemplo assegurar o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à dignidade etc. 
Há de ser o Direito Penal, portanto, um meio eficaz e necessário para proteção dos cidadãos, porque Estado e Direito devem servir ao homem, e não o contrário. “Todo direito existe para o homem e tem por objeto a defesa dos interesses da vida humana” Franz Von Lizst. 
BEM JURÍDICO
Os interesses sociais que, por serem caros à sociedade, merecem proteção da ordem jurídica são chamados de bens jurídicos. Assim, todos os bens jurídicos são interesses vitais dos indivíduos ou da comunidade que, em determinado momento, passaram a necessitar da tutela do sistema jurídico. Somente quando recebem a proteção do Direito é que os interesses são elevados ao status de bem jurídico. 
“A necessidade cria a defesa e com a alteração dos interesses, varia o número e a espécie de bens jurídicos”
O Direito Penal deve proteger bens jurídicos, mas isso não significa que todo bem jurídico deva ser protegido pelo Direito Penal, somente aquele que a própria sociedade reputa como mais importantes, merecedores dessa tutela. 
A proteção do Direito Penal ocorrerá apenas para os bens jurídicos-penais, verificados em sentido político-criminal, ou seja, bens que podem reclamar a proteção jurídico-penal, em virtude da escolha feita pela própria sociedade. 
Para que os bens jurídicos mereçam a proteção jurídico-penal e passem a ser bens jurídico-penais, devem ter uma importância fundamental para a convivência pacífica na comunidade. 
Birnbaum: Jusnaturalista e racionalista. Via o bem jurídico como um bem natural garantido pelo poder do Estado, que podia corresponder tanto ao indivíduo quanto à comunidade e que foi concebido como vulnerável em sentido naturalístico. 
Binding: Bem jurídico não é reconhecido pela norma jurídica, mas se encontra estabelecido na norma jurídica, fazendo parte da mesma. Inexistiria, assim, separação entre norma jurídica e bens jurídicos, posto que a norma levaria em si seu próprio bem jurídico. O crime consiste na lesão de um direito subjetivo do Estado, mas toda agressão aos direitos subjetivos produz-se mediante uma agressão aos bens jurídicos. Nos termos dessa posição, o bem jurídico identifica-se com o sentido e o fim das normas penais. 
Rocco: teoria do objeto do crime. No crime, deve-se distinguir um objeto formal e um objeto substancial. O objeto formal é dado pelo direito do Estado de observância dos preceitos penais. O objeto substancial genérico é o interesse do Estado de assegurar as condições da existência da vida em comunidade, isto é, sua própria conservação. O objeto substancial específico consiste no bem (ou interesse) próprio do sujeito passivo do crime, da pessoa ou ente diretamente ofendido pelo crime.
Welzel: retoma o conceito de bem jurídico como bem vital da comunidade ou do indivíduo protegido penalmente. É o significado social do bem que o leva à proteção penal. O bem jurídico é todo o estado social desejável que o direito penal quer proteger de lesões.

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