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ACIDENTES POR SUBMERSÃO DEFINIÇÃO Afogamento: O processo de insuficiência respiratória causada por imersão/submersão em meio líquido. Imersão: o corpo esta imerso e as vias aéreas estão acima da superfície da água Submersão: as vias aéreas se econtram completamente abaixo da superfície da água. Afogamento não fatal: o afogamento é interrompido e a pessoa resgatada. Afogamento fatal: morte em qualquer momento, como resultado do afogamento. “Quase afogado”, “afogamento seco”, “afogamento ativo” devem ser evitados. Fisiopatologia 1) Período de apnéia e laringoespasmo(a vítima é incapaz de respirar o ar) 2) Resultado: O2 e CO2 (hipercapnia, hipoxemia, e acidose) 3) Nesse momento: a vítima frequentemente degluti grandes quantidades de água. 4) Movimentos respiratórios podem tornar-se muito ativo, mas não há troca de ar por causa da obstrução ao nível da laringe. 5) Como a tensão da vítima arterial de oxigênio cai ainda mais, laringoespasmo diminui, e a vítima ativamente respira líquido (quantidade variável) Fisiopatologia Evolução: Desenvolvimento de uma SARA após a submersão Resulta em hipoxia,hipercapenia, acidose respiratória e metabólica; Instalação: gradual entre os primeiros 15 minutos a 72 horas. Fisiopatologia A evolução dos eventos é difícil de confirmar. 1º momento*: grande esforço para tornar-se livre Laringoespasmo Fisiopatologia 2ºmomento*: inalação de água seguida de PCR Complicações: aspiração da água eliminada por reflexo ou aspiração do vômito (conteúdo gástrico ou da água deglutida) HIPÓXIA COMA (mais aspiração de líquidos,como evento final a água pode inundar passivamente os pulmões) FISIOPATOLOGIA CONSEQUÊNCIA FINAL lesão hipóxica SNC Mecanismos de lesão neurológica Submersão → asfixa → hipoxemia acidose tecidual PARADA CARDÍACA ISQUEMIA CEREBRAL LESÃO NEUROLÓGICA Lesão de reperfusão (no reflow) HIPEREMIA CEREBRAL GLOBAL Hipóxia Vasodilatação central +metabolismo anaeróbio Reperfusão tecidual Correção do pH tecidual rapidamente Fluxo cerebral LESÃO DE REPERFUSÃO Liberação de Glutamato e aminoácidos excitatórios Ativação de receptores na membrana de células neurais Ativação de receptores metabolotrópicos Influxo de cálcio e sódio Disparam sistemas de segundo mensageiro e levam a liberação de cálcio de reservas intracelulares Via final pra lesão celular irreversível e morte FISIOPATOLOGIA Se realizada a RCP com retorno do fluxo sanguíneo entre 5 a 10% do normal O cérebro fica sujeito à isquemia incompleta secundários a lesão de reperfusão, hipotensão, diminuição de DC e aumento de PIC Quando a parada cardíaca é >10 minutos → lesão adicional de reperfusão PPC= PAM-PIC Mecanismos de lesão neurológica A duração de submersão é diretamente relacionada com a lesão neurológica HIPOTERMIA PROTETORA Hipotermia → diminui metabolismo cerebral (até 30% do normal quando a temperatura corporal atinge 25°C) → diminui necessidade de fluxo sanguíneo → proteção sobre a função cerebral O tempo de sobrevida cerebral é duplicado com a queda de cada 10°C da temperatura corporal LESÃO PULMONAR A pneumonia aspirativa e inadequado suporte vital podem causar permanência do estado de hipoxemia Edema pulmonar e Microatelectasia vasocontrição periférica Levam ao desequilíbrio V/Q Resultando em hipoxemia Mecanismos de lesão neurológica Mecanismos de lesão neurológica Fatores que afetam a lesão cerebral: Duração da submersão Temperatura da água Temperatura corporal antes e durante a parada cardíaca Reflexo de sobrevivência Duração e qualidade da RCR Função dos múltiplos orgãos Pós-reanimação Suporte vital Pós reanimação Lesão pulmonar e alterações hidroeletrolíticas Água salgada X Água doce Graus variados de hipoxemia Lesão pulmonar e alterações hidroeletrolíticas Água do mar (hipertônica) Pulmões Ruptura da integridade da membrana alveolocapilar + Fluxo osmótico de água e proteínas plasmáticas do vaso para o interstício e parênquima pulmonar Inundação alveolar + Alterações hidroeletrolíticas (hipovolemia, hipernatremia e hemoconcentração) Lesão pulmonar e alterações hidroeletrolíticas Água doce → inativa o surfactante pulmonar e lesa as células alveolares do tipo II → Microatelectasias Água doce (hipotônica) → desvio do espaço alveolar para o vaso sanguíneo → hipervolemia, hiponatremia, hemodiluição, hemólise e hipercalemia Ambas as situações resultam de hipoxemia Alterações cardiocirculatórias Água doce: Hipervolemia retorno da PVC (na 1ªhora) Água salgadahipovolemia mais prolongada manuseio hídrico rigoroso (2 dias) Alterações Renais Hipóxiavasoconstrição periférica necrose tubular aguda (NTA) e destruição da membrana basal Alterações do Sistema hematológico Hipóxialesão endotelial ativação da cascata de coagulação consumo dos fatores de coagulação e fibrinólise secundária CIVD QUADRO CLÍNICO Sistemas nervoso, respiratório e cardiovascular OU síndrome da disfunção de múltiplos órgãos Comprometimento respiratório: Tosse Dispnéia Chiado Taquipnéia Estertoração Roncos Cianose Aspectos radiológicos variam de normais até grandes repercussões radiológicas Achados radiológicos Semelhantes aos do edema pulmonar proveniente de outras etiologias Classificados em 3 categorias: Casos leves Casos severos Casos sem alterações pulmonares iniciais no Rx Incluí a maioria dos pacientes Não excluí comprometimento pulmonar posterior Caso leve Infiltrado alveolar fino Geralmente bilateral e simétrico Pode alterar pela mudança de decúbito do paciente. Caso severo Infiltrados nodulares confluentes Opacificações homogêneas (broncogramas) Melhora no padrão radiológico pulmonar: 3 a 5 dias Completo desaparecimento dos infiltrados: 7 a 10 dias *Persistência do infiltrado por período maior ou aumento da área em poucos dias pode sugerir *Não foram encontradas diferenças radiológicas quanto ao tipo de água aspirada Comprometimento bacteriano 2ª Quadro neurológico Desde aparentemente normal até coma profundo Pode estar associado a sinais de hipertensão intracraniana: Alteração do ritmo respiratório Postura de decorticação, descerebração ou flacidez Alteração de reflexos do tronco cerebral Convulsões podem estar presentes Quadro cardiovascular Hemodinamicamente estável até choque: com vasoconstrição pulsos periféricos finos hipotensão Hipóxia e acidose Disritmias cardíacas !!! Podem apresentar febre, movimentos atetóicos, grunhidos e irritabilidade QUADRO CLÍNICO Podem apresentar: febre movimentos atetóico gemência irritabilidade Cuidados pré-hospitalares Não fazer manobras de reanimação: Quando houver evidências de tempo de submersão maior que 1 hora Se houver sinais de putrefação Sempre lembrar que a vítima poderá apresentar trauma craniano ou cervical, devido a queda ou acidente ao mergulhar REGRAS Manobras de RCR devem continuar até que se tenha um aquecimento da temperatura corporal (T34ºC). “ninguém está morto, até estar quente e morto” Todo paciente vítima de submersão deve ser transportado ao hospital. Durante o transporte deve ser oferecido oxigênio a 100%, até avaliação mais adequada no hospital Antes de realizar o transporte, tentar obter algumas informações específicas Anamnese no local: Circunstâncias envolvidas no acidente: Trauma? O paciente sabia nadar? Alguém presenciou o acidente? Tempo de submersão Temperatura da água (Hipotermia X Efeito protetor encefálico) Grau de limpeza da água gasolina ou substâncias detergentes no local. (substâncias X Surfactante alveolar) Necessidade de reanimação no local do acidente RCR foi correta e imediata? Qual o tempo de RCR necessário para voltarem os sinais vitais? Manobra de heimlich Não existe evidência científica Atualmente, a manobra é indicada se houver suspeita de obstrução de via aérea superior por corpo estranho Desvantagens: Pode induzir vômito e promover aspiração do conteúdo gástrico Vômito interfere com aspecto clínico para respiração boca a boca Retardo das medidas de RCR. Tratamento Hospitalar Tratamento Hospitalar Avaliação no pronto-socorro: - Condições cardiorrespiratórias - Nível de consciência (Glasgow) - Traumatismos associados Iniciar terapêutica de suporte Definir local de internação ou continuar com as manobras de RCP. Classificar o Paciente Objetivo: - Quantificar o grau de lesão cerebral - Determinar um prognóstico evolutivo - Determinar a melhor forma de terapia CLASSIFICAÇÃO Grau 6: Parada Cardiorrespiratória Grau 5: Parada Respiratória Grau 4: Edema Agudo de pulmão com hipotensão arterial Grau 3: Edema Agudo de pulmão sem hipotensão Grau 2: Ausculta com estertores em alguns campos pulmonares Grau 1: Tosse com ausculta pulmonar normal Resgate: Ausência de tosse ou dificuldade respiratória Classificar o Paciente GLASGOW Critérios de internação na UTI (anamnese) Todos os pacientes que necessitarem de RCP Todos os pacientes que necessitarem de ventilação pulmonar mecânica Raio X de tórax e/ou padrão gasométrico anormal na admissão Pacientes com alterações no nível de consciência TRATAMENTO GRAU 6: PCR Manter compressões cardíacas. Iniciar ventilação com balão auto-inflável e máscara, com O2 a 15l/min, até realização de IOT. Aspirar a COT se houver fluido dificultando a ventilação pela cânula. FV= desfibrilador Adrenalina= RCP: 0,01mg/kg Após obtenção de VA definitiva SNG TRATAMENTO GRAU 5: PR Seguir os protocolos para GRAU 6, para ventilação e oxigenação. PARA GRAU 5 E 6: Sedação Analgesia Bloqueadores neuromusculares (p.ex., Pancurônio) TRATAMENTO GRAU 4: EAP COM HIPOTENSÃO Seguir os protocolos para GRAU 6, para ventilação e oxigenação: -SaO2<90%, -PaCO2>45mmHg -FR alta -Esforço respiratório(fadiga) Sedação Analgesia Bloqueadores neuromusculares (p.ex., Pancurônio) TRATAMENTO GRAU 3: EAP SEM HIPOTENSÃO Avaliação clínica: máscara X IOT Mantido a oxigenação com uma PEEP* ideal para manter Saturação aceitável, por até 48h(regeneração do surfactante) CPAP. *Pressão Expiratória Final Positiva: pressão que mantém a tensão dentro do alvéolo, evitando o colabamento e atelectasia. TRATAMENTO GRAU 2: Mantidos em observação na sala de emergência por 6 a 24 horas. GRAU 1 E RESGATES: Sem queixas ou comorbidades são liberados CUIDADO!!!! Risco de deteriorização neurológica tardia secundária ao edema cerebral. GRAU 2 A 6 É indispensável: Avaliação seriada dos gases arteriais, dosagem eletrolítica, uréia e creatinina, hematológico completo. Suporte cardiorrespiratório adequado Monitorização hemodinâmica Dosagem de nível sérico de drogas Exames como EEG e TC de crânio REPOSIÇÃO DE VOLEMIA Tratar a HIPOVOLEMIA com solução cristalóide: SF0,9% ou Ringer lactato. As soluções colóides (sangue, albumina, plasma) só devem ser usadas na hipovolemia refratária à adm cristalóide. CORREÇÃO DE DISTÚRBIO HIDRO-ELETROLÍTICO Corrigir acidose se: Ph<7,2 Ou Bic<12meq/l, em suporte ventilatório adequado. Geralmente em reanimações prolongadas!! ANTIBIOTICOTERAPIA Profiláticos tem valor duvidoso!! Aguardar evolução na UTI. Controle com Radiologia e hemograma com PCR. Suporte Cardiovascular Medidas de suporte cardiovascular: - Monitorização de sinais vitais. - Monitorização da PVC e PAM (drogas vasoativas) - Controle de disritmias. Cuidados Hospitalares Monitorização do Débito urinário com o emprego da sonda de foley. Não é indicada a antibioticoterapia profilática. Controverso o emprego de corticoterapia tanto para lesão pulmonar quanto para lesão neurológica (exceto nos casos de BE) Reanimação cerebral Prevenção de danos anóxicos adicionais: Ótimo fornecimento de oxigênio; Manter pressão de perfusão cerebral (PPC) adequada (PIC-PAM) Cuidadosa monitorização do desenvolvimento do edema cerebral; Monitorização da Pressão intracraniana (PIC) A complicação mais grave é a ISQUEMIA VEREBRAL ANÓXICA que evolui para PIC (swelling celular) com lesão irreversível. O PIC pode ser devido TCE. Medidas: Cabeceira elevada a 30 graus. Evitar compressões da veia jugular. VM eficaz sem esforço. Evitar hipóxia durante aspiração da cânula. Terapia anticonvulsivante(evitar consumo cerebral). Evitar correções metabólicas bruscas. Evitar dor, retenção urinária, hipotensão ou hipóxia. Manter em normoglicemia. Hipotermia Hipotermia na emergência X UTI Manter hipotermia leve(35ºC) por 12-24horas. PROGNÓSTICO Múltiplos estudos mostram que o prognóstico depende unicamente do tempo de submersão. Duraçãoda submersão Morte ou lesão cerebral grave 0 a <5 minutos 5 a <10 minutos 10a <25 minutos >25 minutos 10% 56% 88% 100% MEDIDAS PREVENTIVAS A PREVENÇÃO CONTINUA SENDO A MAIS PODEROSA INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA E PODE EVITAR QUASE 85% DOS CASOS DE AFOGAMENTO. É IMPORTANTE QUE O MÉDICO PEDIATRA TRANSMITA AOS PAIS AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO ESPECÍFICAS. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Terapia Intensiva Pediátrica.Hirschheimer, Mário Roberto; Matsumoto, Toshio; Carvalho, Werther Brunow de. 2ed.-São Paulo:Editora Atheneu, 1997.Capítulo 84“ Acidentes por submersão”. Szpilman, D. Afogamento na infância:epidemiologia, tratamento e prevenção. Rev Paul Pediatria 2005;23(3)142-53 ILCOR Advisory Statements: Recommended Guidelines for Uniform Reporting of Data From Drowning The “Utstein Style” Final recommendations of the World Congress on Drowning - Amsterdam 26 – 28 June 2002
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