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CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE CLÍNICA
MARIA ACIRENE GOMES MONTEIRO
MÓDULO 9 – O COMPLEXO DE ÉDIPO
Palmas – TO
2023
O COMPLEXO DE ÉDIPO
De maneira sucinta, a história de Édipo ou mito de Édipo, como é mais conhecido, conta a narrativa de Édipo e uma maldição a ele proferida antes mesmo de nascer. Seu pai, Laio, sabia da maldição ao engravidar sua esposa Jocasta. Eles optaram por permanecer com a gravidez, mas temendo a profecia, ao nascer Édipo foi deixado para morrer amarrado de cabeça para baixo em uma arvore. Contudo, um pastor que passava pelo local avistou a criança e a salvou, levando-o para sua cidade para posteriormente ser adotado (VERNANT; NAQUET,2005). 
Seus pais adotivos o batizam com nome de Édipo, que traz o significado da mitologia grega como “aquele que tem os pés furados”. Anos depois, o jovem opta por consultar o oráculo para saber sobre seus antepassados e descobre a maldição a ele designada, que mataria seu pai e desposaria sua mãe. Por acreditar que seus pais adotivos eram seus verdadeiros pais, Édipo opta por abandonar sua família para que a profecia não seja cumprida. No caminho para seu novo destino, Édipo encontra um senhor, com o qual discute e acaba matando (senhor que mais tarde acabará descobrindo que era seu pai).
No caminho ao chegar à cidade de Tebas, Édipo encontra uma esfinge que estava assombrando a cidade. Essa esfinge propõe a ele a resolução de um enigma. Se ele acertasse, ela se mataria, se ele errasse, então quem iria morrer era Édipo. O famoso enigma era o seguinte: qual animal tem 4 patas de manhã, 2 patas a tarde e 3 patas a noite? De imediato Édipo responde: o homem. O significado é que ao nascer o ser humano engatinha, quando adulto caminha sobre suas pernas e ao ficar velho tem auxílio de uma bengala para andar. Com isso, Édipo derrota a esfinge e se torna Rei de Tebas.
Casa-se com a irmã do até então Rei. Essa irmã era Jocasta, sua mãe biológica. Tudo isso ocorre sem Édipo saber que o homem que matou era seu pai, e a mulher com quem casou era sua mãe. Cumprindo assim seu destino e sua maldição. Anos despois ao descobrir toda a história através da consulta com o oraculo de Delfos, Édipo inconformado fura seus próprios olhos e sai sem rumo pela vida. Sua mãe biológica ao saber comete suicídio. 
A psicanálise não adota os mitos como papéis vivenciados na realidade, entretanto são utilizados para embasar uma realidade, como havia dito anteriormente, para ilustrar uma situação, ocasião ou modo de vida. No caso do Complexo de Édipo, a mitologia trouxe uma representação do inconsciente analisadas por Freud. Talvez tivesse ele mesmo fazendo uma alusão ao paciente que o despertara. Neste caso podemos considerar a mitologia como um modelo de vida almejado por aqueles que os criaram.
Sigmund Freud retratou o Complexo de Édipo em quatro momentos durante sua obra: na teoria dos sonhos, na problemática do Pai Totêmico, no mecanismo de identificação no Édipo e em relação ao complexo de Castração (MOREIRA, 2004). O Édipo é um complexo considerado núcleo das neuroses, ponto crítico para a constituição do sujeito e é a partir dele que vemos como o sujeito se posiciona frente à angústia de castração (FREUD, 1969). 
Freud relata sobre a diferença do Édipo na menina e no menino. Enquanto o menino irá ter um declínio do Édipo perante a angústia de castração, a menina pode entrar no Édipo graças à esta mesma angústia. Através da história de Édipo conseguimos entender a semelhança e significado dado a teria do complexo de Édipo por Freud. O autor explicou uma das fases principais do desenvolvimento sexual da criança baseado na história do mito, mais especificamente a fase fálica, que ocorre aos 4 anos de idade (VERNANT; NAQUET, 2005).
O complexo de Édipo faz referência ao relacionamento triangular entre mãe, pai e filho. Em especifico o amor do filho pela mãe e a rivalidade com o pai (de maneira similar o mesmo ocorre com a filha em relação a imagem do pai e rivalidade com a mãe). De maneira sucinta o Édipo se desenvolve na fase fálica, mas seu desenvolvimento começa ainda nas primeiras fases psicossexuais da criança. Mesmo antes de nascer, ainda na barriga da mãe, a unidade mãe/criança é uma só. O bebe nessa fase se confunde com a própria mãe e entende o corpo da mãe como sendo o seu. Já nos primeiros meses de vida, ainda que há a diferenciação da unidade mãe/criança, o bebe ainda enxerga no corpo da mãe uma parte ainda sua que lhe fornece prazer, através e principalmente, com a amamentação. O bebe entende a mãe como um objeto que sacia seu desejo.
São nessas primeiras fases do desenvolvimento da criança que há o desenvolvimento do narciso. Ele é um fator importante para posteriormente entender de que maneira e com qual intensidade a criança passara pelo complexo de édipo. O narciso do bebe é justamente a não compreensão de que ele e sua mãe são unidades diferentes. Para o bebe sua mãe é uma extensão sua, uma parte que lhe pertence e lhe fornece prazer. Se nessa fase a mãe incentiva o narciso, saciando e suprindo todas as necessidades da “sua majestade, o bebe’’ (FREUD, 1914), certamente a dependência da criança pela mãe e a quebra de laços será muito mais dificultosa para ambos quanto este vir a ser adulto.
Com o passar dos anos e o distanciamento (fim da amamentação) há então essa busca pela volta da atenção plena da mãe, ao mesmo tempo em que a criança percebe que precisa dividir essa atenção com a figura do pai. A criança entende a figura paterna como um possível inimigo com o qual tem que dividir a atenção de sua mãe. É nesse momento que se não houver uma resolução do complexo bem definida pela figura paterna principalmente, através da castração, que as sequelas podem vir a se manifestar na fase adulta.
Segundo Zimerman, o complexo de Édipo não é somente um desenvolvimento pulsional, mas também uma forte influência do contexto familiar e cultural da qual a criança está inserida. Os papeis de cada unidade da tríade (mãe – pai – criança) são essenciais nessa fase do desenvolvimento e posteriormente na determinação do gênero sexual da criança. A mãe pode exercer o seu papel de mãe ao mesmo tempo que esposa, deixando esses limites bem estabelecidos com a criança, ou manter os moldes de uma ‘’ gravidez eterna” com a exclusão do pai do campo afetivo (ZIMERMAN, 1999). Zimerman (2001) aponta ainda que a importância do conceito na atualidade mostra-se em muitos aspectos necessários para a convivência social e em grupo, dentre eles, a possibilidade de triangulação nas relações, formação de identificações e ingresso em uma genitalidade adulta.
O papel do pai na contemporaneidade é fundamental. Entender se esse pai é uma figura ausente ou presente, ao mesmo tempo que, exerce seu papel de marido amoroso, ou por outro lado, tem uma presença frágil e conivente, influencia muito no desenvolvimento do complexo na criança. Essa presença ou não do pai, abre brechas para a figura da mãe passar sua interpretação desse relacionamento com a figura paterna para seu filho, o que não sendo raro essa imagem da mãe pelo marido seja depreciativa. Nesse último caso aumentando ainda mais o sentimento de rivalidade da criança para com seu pai. Devendo ser estimulado a compreensão da posição ocupada pelo filho e pelo pai (FREUD, 1923; MOREIRA, 2004).
A estrutura do desfiladeiro edípico, o Édipo, é o eixo de humanização do sujeito humano. O Édipo é aquilo que garante ao sujeito o acesso à sua individualidade, a poder dizer eu sou. No entanto, quando o homem adulto não consegue superar esta etapa normal do desenvolvimento e fica preso nela, aparece uma série de sintomas comportamentais e psicológicos característicos que identificam o transtorno. Podendo ser identificados por sintomas e comportamentos como: 
· Excessiva proximidade com a mãe (falam diariamente por telefone, admiram a mãe exageradamente, colocam-na como prioridade na frente de tudo, incluindo a esposa ou namorada); 
· Dependência frequentemente de conselhos e consentimento da mãe para tomar as própriasdecisões; 
· Impotência sexual, em alguns casos, devido aos desejos sexuais inconscientes e reprimidos pela mãe cada vez que existe excitação sexual;
· Maior propensão a ter relações amorosas destinadas a fracassar;
· Maior probabilidade de se apaixonarem por pessoas impossíveis.
· Manutenção da dependência econômica em relação à mãe;
· Troca constante de parceiras, por terem dificuldade em combinar a ternura e o amor com o desejo sexual. Ou seja, não podem ver a esposa como companheira e amante em simultâneo;
· Tendência a se interessar sentimentalmente por pessoas mais velhas e medo de relacionar-se com outra pessoa de forma íntima, entre outros sintomas.
O diagnóstico do complexo de Édipo, se faz relevante por servir ao direcionamento da análise. As estruturas clínicas são estabelecidas de acordo com o modo como o sujeito lida com a falta inscrita na subjetividade e que condiciona a maneira de cada um lidar com o sexo, com o desejo, com a lei, com a angústia e com a morte.
Na chamada forma positiva, a criança apresenta desejos amorosos pelo genitor do sexo oposto e uma identificação com o genitor do mesmo sexo. Tomando o menino como exemplo, à medida que os desejos sexuais pela mãe se intensificam é que identificação com o pai ganha contornos conflituosos. Temos a presença da ambivalência. Ao pensar que filho estaria voltado contra o pai e a filha contra a mãe, Freud revelava a influência da ordem biológica no seu pensamento. Um passo é dado com a formulação da forma negativa do complexo de Édipo. Inversa à forma positiva, aqui os desejos amorosos são direcionados ao genitor do mesmo sexo (ZIMERMAN, 1999).
Enquanto os sentimentos hostis volta-se para o genitor do sexo oposto. É então num terceiro movimento de teorização do Édipo, que o complexo ocorre em sua forma completa. Ou seja, a experiência clínica revelou que os sujeitos vivenciavam o complexo de Édipo, simultaneamente, em suas formas positiva e negativa. 
O conceito de identificação, importante para entender o complexo de Édipo, marca uma diferença importante nas formas de ocorrência do complexo. Nesse mecanismo de defesa psíquico o sujeito assimila um aspecto, propriedade ou atributo de outra pessoa e assim se transforma total ou parcialmente no modelo que o outro fornece.
Neste momento, cabe fazermos referência à transferência e ao método psicanalítico. Isto porque Freud tratou seus pacientes por meio de várias técnicas: hipnose, sugestão e catarse. Entretanto, em 1893-1895, no último capítulo de “Estudos sobre a histeria”, descreve sua invenção: a psicanálise, sendo organizada em torno do método de associação livre. Ao descobrir a função da transferência na relação com o paciente, Freud, abandona o método catártico para criar o método psicanalítico. Tal evidência, é encontrada em seu trabalho “Tratamento psíquico” (FREUD, 1905), quando descreveu o conceito de neurose de transferência introduzido após a percepção de que na relação com o médico a palavra possui importância primordial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O complexo de Édipo revela sua importância como fenômeno central do momento sexual da primeira infância. Sendo depois dissolvido por sua falta de êxito, desaparecendo quando chega a hora de sua desintegração. Freud imputa a destruição da organização fálica infantil à ameaça da castração. No começo, o menino não acredita na ameaça ou não a obedece, somente quando observa os órgão genitais femininos é que munido de fantasias, de que a menina tinha e perdeu o pênis, que por temer também perder o seu, o menino se tomba às ameaças. A criança abandona os investimentos no objeto e o toma por identificações. A autoridade paterna é introjetada dando lugar ao superego, que assume a severidade do pai e perpetua sua proibição contra o incesto protegendo o ego contra o retorno dos investimentos do objeto libidinal. As tendências libidinais que pertencem ao complexo de Édipo são em parte dessexualizadas e sublimadas, assim como parcialmente inibidas em seus objetivos e transformadas em impulsos de afeição. A saída do complexo de Édipo é determinante na constituição do sujeito e de suas possíveis neuroses.
Assim, o diagnóstico em psicanálise é importante para a direção do tratamento e somente possui sentido quando serve para a condução da análise. Este é o motivo pelo qual o diagnóstico psiquiátrico não se aplica à psicanálise. É necessário um diagnóstico que seja realizado a partir do registro simbólico, onde são articuladas as principais questões do sujeito sobre o sexo, a morte, a paternidade. Essas questões se articulam com a travessia do complexo de Édipo, que será estudada quando abordarmos o diagnóstico estrutural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD, S (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Edição Standard 
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (ESB). Rio de 
Janeiro: Editora Imago, 1989, v. 7. 
FREUD, S. (1923). A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade. In: ESB, op. cit., v. 19. 
FREUD, S. A dinâmica da transferência (1912). IN FREUD, S. Obras Completas de S. Freud, Rio de Janeiro: In Editora Ltda.; 1969.
FREUD, S. (1924). A dissolução do complexo de Édipo. In: ESB, op. cit., v. 19.
ZIMERMAN, D. E. (2001) Vocabulário Contemporâneo de Psicanálise. (459 p.) Porto Alegre: Artmed.
VERNANT, J. P. & NAQUET, P. V. Mito e tragédia na Grécia antiga. São Paulo: 
Perspectiva, 2005.
ZIMERMAN, David E. Fundamentos psicanalíticos [recurso eletrônico]: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática / David E. Zimerman – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007.
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