Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR ANHANGUERA SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA PEDAGOGIA MARLI DE FATIMA FOGAÇA PORTFÓLIO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: Identidade Docente JOINVILLE - SC 2025 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: IDENTIDADE DOCENTE Introdução Este portfólio é uma análise sobre práticas pedagógicas e a identidade docente, seu objetivo é refletir sobre a importância da prática do professor e a construção da identidade docente. Para isso, refletiu-se mediante uma situação- problema e análise de dois textos acadêmicos a importância dessa prática. A situação problema traz algumas indagações sobre como o professor deve atuar diante de uma diversidade crescente de alunos, oriundos de diferentes contextos culturais e socioeconômicos: a conciliação entre a preservação dos valores tradicionais e a necessidade de adaptação às demandas contemporâneas. A busca por uma identidade docente autêntica, que respeite a diversidade cultural dos alunos, integre tecnologias emergentes e promova práticas pedagógicas inovadoras, torna-se um dilema para muitos educadores. A situação faz-se refletir sobre como construir uma identidade que preserve a essência do papel do educador, ao mesmo tempo que abraça a evolução constante do cenário educacional e refletir sobre este desafio para promover uma prática docente que seja tanto enraizada em valores fundamentais quanto capaz de inspirar e capacitar os estudantes para os desafios complexos do mundo contemporâneo. Análise Crítica (Texto I e Texto II) No intuito de se refletir sobre a identidade docente será feita aqui uma análise de dois artigos científicos que abordam a temática em questão. O primeiro texto de Silva e Chakur (2009) “ A Tomada de Consciência da Crise de Identidade Profissional em Professores do Ensino Fundamental” investigou professores do II Ciclo do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries) de uma escola paulista sobre a consciência de suas funções e responsabilidades como professores, como avaliam a crise da profissão docente, descrita na bibliografia educacional, e se estão conscientes dessa crise com seus determinantes. O segundo texto analisado de Lomba e Filho (2022) “Os professores e sua formação profissional: entrevista com António Nóvoa” trata-se de uma entrevista realizada com António Nóvoa sobre a dificuldade da prática docente. Para António Nóvoa, há muitas maneiras de ser professor, uma diversidade de opções e de caminhos. Contudo, em todos eles, defende que é imprescindível compreender a complexidade da profissão em todas as suas dimensões: teóricas, experienciais, culturais, políticas, ideológicas e simbólicas. Trata-se de um conhecimento profissional docente, um conhecimento contingente, coletivo e público. Para Silva e Chakur (2009) o processo de formação da identidade pessoal tem início na fase infantil, na medida em que a criança assimila traços e características de pessoas e objetos externos valorizados. É um processo que ocorre de acordo com a cultura e a categoria social do indivíduo. O desenvolvimento do eu depende, em grande parte, das pessoas ou grupos de pessoas com os quais nos identificamos, mas isto nunca ocorre em nível generalizável e a intensidade desta identificação é variável. As autoras entendem identidade profissional docente como um processo contínuo, subjetivo, que obedece às trajetórias individuais e sociais, que tem como possibilidade a construção/desconstrução/reconstrução, atribuindo sentido ao trabalho e centrado na imagem e autoimagem social que se tem da profissão e também legitimado a partir da relação de pertencimento a uma determinada profissão, no caso, o Magistério. Sabe- se que a formação da identidade profissional do professor sofre um processo lento e se desenvolve por meio de apreciações e apropriações do mundo escolar, ou seja, nas relações de convívio social e na prática docente. Nesse processo, o professor provavelmente se depara com dificuldades, ambiguidades e confusões quanto à própria imagem e papel. Pode-se concluir que, assim como a bibliografia educacional vem afirmando, os professores se encontram em uma crise profissional e também em uma crise de identidade, mantendo estas uma relação estreita, com limites muito tênues entre os aspectos que as caracterizam. Mas consideramos que nem sempre a crise de identidade é percebida pelos professores em seus aspectos centrais e em seus determinantes. Tal como encontrado por Piaget (1978) no âmbito da ação, a tomada de consciência da crise da profissão e da identidade se processa em níveis distintos. O nível que apareceu predominantemente foi o intermediário, um nível em que os professores, na maioria das questões, apresentam respostas ambíguas e confusas com relação aos elementos centrais e periféricos da consciência da identidade profissional. Muitos professores não conseguem perceber o motivo central pelo qual se sentem incomodados, ou que dificulta o próprio trabalho. A análise desse segundo texto será realizada através do relato da entrevista feita com António Nóvoa. António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa (Valença, Portugal, 12 de dezembro de 1954) é professor Catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Foi Reitor da Universidade de Lisboa entre 2006 e 2013 e Embaixador de Portugal na UNESCO entre 2018 e 2021 e doutor em Ciências da Educação. A entrevista se iniciou com o questionamento à Nóvoa sobre o que considera como valioso aprendizado do período no Magistério Primário. Nóvoa relata que iniciou sua vida profissional como professor, com pouco mais de 20 anos de idade, em escolas do magistério primário. “Sabemos, desde os estudos pioneiros de Michael Huberman, que os primeiros anos de vida profissional docente são decisivos no nosso percurso como professores. No meu caso, não consigo imaginar melhor entrada”. Para Nóvoa é urgente reforçar a capacidade de reflexão, de publicação e de ação pública dos professores. Não se trata, apenas, de uma publicação ou intervenção a título individual, mas da possibilidade de uma “voz colectiva” que dê corpo à presença dos professores no espaço público, de inscrever os professores como profissão nos debates e decisões sobre educação. Indagado sobre o que mais deseja encontrar nas publicações que tem lido sobre autoria e formação de professores, ele diz que é preciso completar estas duas abordagens com um terceiro tipo de escrita e de publicação, a saber, textos escritos por professores que, com base em vivências pessoais, produzam uma reflexão e sistematização das suas experiências e iniciativas. Não são meros relatos ou narrativas, mas antes um esforço de sistematização que possa desencadear dinâmicas de partilha e ser inspirador para outros educadores noutros contextos Sobre como avalia o desenvolvimento dessa experiência considerando as diferentes realidades institucionais com as quais dialoga e o que considera como caminho possível a ser percorrido pelas universidades e escolas, o professor relata não há formação de professores sem uma ligação forte entre as escolas e as universidades, tanto na formação inicial como no período da indução docente e na formação continuada. Hoje, sabemos que não basta construir caminhos de colaboração ou de parceria. Estes caminhos são importantes, por exemplo para a qualidade da supervisão e dos estágios, mas não são suficientes. Precisamos, por isso, construir uma nova “realidade institucional”, uma espécie de “casa. No Brasil e em Portugal a formação de professores necessita de grandes mudanças, tanto na formação inicial como na formação continuada. A formação inicial segue “engessada” em modelos tradicionais baseados em currículos com três segmentos: conteúdos, disciplinas pedagógicas e prática docente. A formação continuada permanece dominada por uma lógica de cursos e de ações que os professores devem frequentar. Hoje, nada disto faz sentido. Hoje, precisamos do apoio dos outros colegas, de nos inserirmos num coletivo docente. O autoconhecimento faz partedo nosso conhecimento como pessoas e do nosso conhecimento profissional. Cada professor não está sozinho com os seus alunos, mas em situação colaborativa, cooperativa. A dimensão coletiva e uma maior autonomia profissional dos professores são processos diretamente relacionados com uma transformação do ensino e da pedagogia, com novos modos de trabalho docente e de organização das escolas. A entrevistadora quis saber sobre como não desconsiderando as limitações tecnológicas e sociais diante da implantação do ensino remoto emergencial em decorrência da pandemia causada pelo coronavírus a partir de 2020, bem como os diversos obstáculos encontrados pelos profissionais da educação e estudantes durante essa implantação do ensino remoto, qual a inserção de metodologias que, antes da pandemia eram pouco presentes no ensino presencial, seria um indício de mudança. Para Nóvoa os dispositivos digitais que temos ao nosso alcance são úteis, ninguém os deve recusar. Mas, dizer que a educação vai passar a ser feita unicamente a distância seria perder a dimensão da relação humana, do encontro humano que é absolutamente necessário. Não há educação sem o afeto, não há educação sem o sentimento, não há educação sem a relação humana profunda, de alunos com alunos, de alunos com professores. Não se pode conhecer sem sentir, não se pode aprender sem emoção, sem empatia. Não nos podemos educar sem os outros. Por último, o professor foi questionado sobre em que medida essas novas configurações da formação impactam os modos de fazer e contar a história da profissão docente. Para ele nas últimas décadas, devido em parte à “massificação da educação”, houve uma certa desvalorização dos professores, tanto no plano simbólico e social como no plano salarial e profissional. Quando se fala dos professores é quase sempre pela negativa: o que os professores não têm, o que os professores não sabem, o mal-estar docente, o desprestígio da profissão, a crise dos professores, a violência nas escolas, etc. Muitas vezes, nós próprios acentuamos este discurso negativo, sem nos darmos conta dos prejuízos que causamos na imagem e na vivência da profissão. É preciso utilizar palavras duras para criticar a ausência de políticas públicas de valorização dos professores. Considerações Finais Por fim, refletindo sobre a importância da prática do professor e a construção da identidade docente, deixa -se aqui essa charge. A charge mostra um questionamento sobre o papel do professor, a resposta na charge é que na pior das hipóteses o professor faz toda a diferença. Isso porque o professor vai muito além da sua função típica de transmitir conhecimento a respeito da disciplina para a qual se especializou. O professor acumula diversos papéis, que na realidade não deveria ser de sua competência, mas que nenhum professor se nega a exercer. Por isso, é fato dizer que ele faz toda a diferença. Cabe ao professor influenciar seu aluno, ele desperta o senso crítico, ele mostra a realidade, consegue sanar dúvidas, dar conselhos, consegue inspirar e orientar seu aluno a caminhar sozinho. Diante de uma diversidade crescente de alunos, oriundos de diferentes contextos culturais e socioeconômicos, você se vê diante de um complexo desafio: a conciliação entre a preservação dos valores tradicionais e a necessidade de adaptação às demandas contemporâneas. A busca por uma identidade docente autêntica, que respeite a diversidade cultural dos alunos, integre tecnologias emergentes e promova práticas pedagógicas inovadoras, torna-se um dilema para muitos educadores. reflexão sobre este desafio torna- se crucial para promover uma prática docente que seja tanto enraizada em valores fundamentais quanto capaz de inspirar e capacitar os estudantes para os desafios complexos do mundo contemporâneo. Referências Bibliográficas DA SILVA, E. P.; CHAKUR, C. R. de S. L. A Tomada de Consciência da Crise de Identidade Profissional em Professores do Ensino Fundamental 1. Schème: Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, 2009. Disponível em:https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Scheme/Vol02Num 03Art05. LOMBA, Maria Lúcia Resende; FARIA FILHO, Luciano Mendes. Os professores e sua formação profissional: entrevista com António Nóvoa. Educar em Revista, [S.l.], dez. 2022. ISSN 1984-0411. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/88222/48158 . http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Scheme/Vol02Num PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: IDENTIDADE DOCENTE Análise Crítica (Texto I e Texto II) Considerações Finais Referências Bibliográficas