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Aproximação do Filme Cisne Negro aos Conceitos Kleinianos

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Aproximação do Filme Cisne Negro aos Conceitos Kleinianos �
Antes de colocar os conceitos Kleinianios, faz-se mister apresentar uma breve resenha do filme:
Estrelado por Natalie Portman, o filme retrata a história de Nina Sayers uma bailarina, solteira, que vive com a mãe.
Nina busca a perfeição em seu trabalho na companhia de balé e em função disso é chamada para dançar o balé “Cisne Negro”. Este trabalho exige muito treino, habilidade e sensualidade especialmente para viver o cisne negro, mas Nina não tem esse poder de sedução.
Abrindo um parênteses: a história do Cisne negro que é vivida no palco se desenrola  dessa forma: uma garota tímida vivia no corpo de um cisne branco, esperando um beijo do seu amado para voltar a ser mulher. Porém sua irmã gêmea o seduz, o que provoca muita tristeza no cisne branco, o que faz com cometa suicídio.
Voltando ao filme: Nina tem uma concorrente, a bailarina Lilly (Milla Kunis) que é a expressão da sensualidade, ideal para o papel do Cisne Negro, porém, carece de técnica, que Nina tem de sobra. Assim Nina se vê às voltas com uma rival, um diretor exigente e uma mãe controladora e invejosa.
A busca pela perfeição no Cisne Negro faz com que Nina treine dia e noite, levando-a a histeria, e desencadeando alguns surtos esquizofrênicos. Ela passa a ter alucinações de toda natureza, inclusive bissexuais. Suas alucinações são povoadas de fantasia com cisne negro: ela se imagina bela, poderosa, sedutora. Porém sente um medo paranoico de ser substituida pela rival Lilly.
Sua relação com a mãe, num primeiro momento parece tranquila, mas o observador atento vai notar que logo de início essa mãe tem uma atitude de cuidado extremo, ao ajudar a filha vestir o casaco (Ninna tem 30 anos!!). Essa mãe trata a filha como se ela tivesse 5 anos de idade, se considerarmos que dentre outras coisas, chama-a de “menina doce”, decora seu quarto com ursinhos de pelúcia,  papel de parede rosa, e põe ao lado da sua cama uma caixinha de música com uma bailarina....
Quando essa filha é escolhida para o personagem Cisne Negro, a mãe compra um enorme bolo confeitado, que a filha rejeita e a mãe ameaça jogá-lo no lixo. Considerando que a bailarina não deve engordar, esse bolo pareceu uma sabotagem.
Em outra cena, essa mãe liga para a secretaria da companhia, para reclamar de uma atitude que prejudicou sua filha, tomando a dianteira de uma situação que poderia facilmente ser resolvida pela própria Nina.
A situação começa a se complicar quando Nina sai pra se divertir com a rival Lilly: a mãe não suporta dividir a filha com a amiga e passa a sabotá-la abertamente, deixando de despertá-la no horário certo. Aí as brigas começam entre as duas começam pra valer.
Mas Nina não se dá por vencida: no dia da apresentação ela encanta a platéia ao interpretar os dois cisnes, o branco com a sutileza que o momento exige, e o negro com toda voracidade que pode colocar no personagem. O final eu não vou contar (sinto muito, rsrs).
Conceituação.
Inveja e Gratidão
Quando é muito intensa, pode interferir nos mecanismos esquizoides, pois dificulta do processo de divisão (splitting) onde surge um objeto bom e um objeto perseguidor. Ao ser danificado este objeto bom origina-se a inveja e isso conduz a “confusão entre o bom e o mau” (Segall, p. 53)
A fim de não se sobrepor à mãe que foi no passado uma bailarina medíocre, Nina vive o dilema de ser a melhor estrela da companhia ou não se sobresair para preservar a mãe. (confusão entre o bom e o mau).
Essa atitude assemelha-se ao que Klein chama de INVEJA E GRATIDÃO, pois Nina demonstra inveja da mãe ao querer se tornar uma bailarina também, e sua gratidão está implícita no fato de não querer se sobresair, vivendo timidamente, o que a prejudica na desenvoltura do papel de Cisne Negro.
Porém ela se sobresai. E a situação se inverte. A mãe passa a sentir inveja da filha que foi mais longe do que ela própria havia conseguido (pois jamais saiu do corpo de baile). A reparação é feita a partir do bolo confeitado, mencionado acima, mas essa reparação tem um certo “sabor” de inveja pois a filha não deve comer doces, especialmente às vésperas da apresentação.
A mãe é a personificação da Inveja e do ciúme, percebendo que a filha pode obscurer sua modesta carreira, fica apavorada quando percebe que esta se destaca e passa a ter  atitudes destrutivas em relação à filha, numa tentativa de destruir esse objeto bom, gerador de vida e talento, que a mãe se recusa a aceitar.
Splitting
A principal realização dessa fase é o splitting, ou divisão do ego que permite a este ordenar suas experiências e classificar os objetos em bons ou maus. Mais tarde este splitting será responsável pelo discernimento no adulto e também a base para a repressão (Segall, p. 46).
A partir do rompimento interno com a mãe, expresso numa cena em que Nina quebra a caixinha de música e joga fora seus ursinhos, ela poderia estar revivendo a A Posição depressiva. Somente nesse momento Nina percebe que ela é um ser independente dessa mãe castradora, que a controla de todas as formas possíveis. Quando se desfaz dos brinquedos, está se desfazendo dessa mãe internalizada que há 30 anos habita dentro de si.
Identificação projetiva
A leitura que se aproxima dos conceitos Kleinianos é feita a partir da identificação projetiva que conforme aponta Segall, “da-se quando as partes do self são expelidos e projetados num objeto externo, que se torna controlados por partes projetadas, identificando-se com elas (p. 39) e tem inicio quando a posição esquizoparanoide é estabelecida em relação ao seio, [...] Este mecanismo de defesa produz [...]o medo da retaliação por parte do objeto atacado; ansiedade por dar-se conta de que partes de si mesmo estão no objeto. (Segall, p. 42).
No filme essa identificação projetiva se dá quando Nina, em suas alucinações percebe os quadros pintados pela mãe se mexendo, perseguindo-a (ansiedade persecutória). Seu pavor fica evidente pela forma apressada que deixa o recinto onde os quadros estão expostos.
Voracidade.
Segall postula que a voracidade “consiste em extrair toda bondade do objeto sem considerar as consequências, o que pode resultar na destruição deste objeto e de sua bondade”. (Segall, p. 52)
Esta voracidade é pontuada de diversas formas no decorrer do filme, mas apenas para citar alguns passagens:
Nina afana objetos pessoais da bailarina Betty, considerada até então a mais perfeita;
A destruição do Cisne Branco;
A destruição da mãe em suas alucinações;
A destruição da rival em suas alucinações; Dentre outras…
Todas essas personagens mencionadas deram á Nina algo de bom, mesmo que sutilmente: amor, amizade, exemplo. Nas suas alucinações Nina se vê ameaçada por estas pessoas, como se fossem objetos maus e persecutórios e sempre os destrói. A única excessão aqui é a destruição do Cisne Branco que esta incorporada nela mesma. (Quem assistiu o filme vai entender, eu não posso falar nada...)
Apenas para concluir....
A inveja é um conceito que devemos aplicar no cotidiano com muita cautela.  A inveja que atribuimos aos outros, pode estar dentro de nós (projeção). Por isso, sempre que houver um “invejoso” por perto é sempre bom questionar “ o que ele tem que eu não tenho?”. 
Conheci pessoas que achavam que o mundo inteiro tinha inveja de si e que no entanto não conseguiam conceber a alegria alheia, não aprenderam a desejar o bem, não aprenderam a viver em paz, nem desfrutar da felicidade alheia.
Outros negam-se a enxergar as qualidades alheias, numa atitude de destruição ao objeto bom, atitude típica da inveja. Essa destruição internalizada lhes traz algum conforto? Não sei dizer, isso é muito subjetivo....
 Aqui precisamos  Precisamos de bom senso e muita reflexão!
Fique em paz!
SEGALL, Hanna. Introdução a obra de Melanie Klein.Imago. Rio de Janeiro, 1975
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acessado em: 22/9/15; 20h.

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