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Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 31 31 Aula 02ETAPAS DO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO Ao iniciar esta aula sobre instrumentos de aval- iação é necessário deixar claro que os instrumentos não podem ser usados como um fim em si mesmo, ou seja, é necessário a anamnese, a observação, a escuta e o olhar psicopedagógico, livre de qualquer influência de terceiros ou do próprio “achismo”. É necessário acima de tudo um olhar e uma escuta profissional, pois o diagnóstico nada mais é que uma investigação, ou seja, um estudo de caso, por meio do qual a partir da queixa, surgirão as hipóteses e somente a partir das hipóteses é que se poderá se tra- çar o roteiro que irá seguir. Sendo assim, bom estudo! Se ao final desta aula, surgirem dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas “FÓRUM” ou “QUADRO DE AVISOS” e através do “CHAT”. Comecemos, então, analisando os objetivos da nossa aula. Objetivos de aprendizagem: •Verificar as etapas de um diagnóstico Psicopedagógico e seus Instrumentos. Ao término desta unidade, o aluno será capaz de: •Refletir sobre os métodos de investigação diagnóstica. •Analisar quais os melhores instrumentos a utilizar Seções de estudo Seção 1 Qual o melhor caminho a seguir Seção 2 Alguns Instrumentos do Diagnóstico Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 32 SEÇÀO 1 : QUAL O MELHOR CAMINHO A SEGUIR Os instrumentos de avaliação podem incluir diferentes modos de atividades e testes padronizados, utilizados de acordo com a habilitação profissional do psicopedagogo e da necessidade do caso em aten- dimento. Esse roteiro deve conter basicamente três aspectos: 1. Aspecto Pedagógico: deve-se verificar como está e como se dá a apren- dizagem da criança, em que nível que se encontra, quais suas maiores dificuldades. Além de realizar uma análise do material escolar, os psicopedagogos se utilizam de alguns recursos como: entrevista; escrita livre e dirigida, visando avaliar a grafia, or- tografia e produção textual (forma e conteúdo); leitura (decodificação e compreensão). 2. Aspecto Cognitivo: são as provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas; cálculos; jogos simbólicos e jogos com regras; provas operatórias. 3. Aspecto Afetivo Social: ao empregarmos as provas projetivas, podemos verificar como a criança elabora suas emoções de frustração, de ansiedade, curiosi- dade, negativismo, baixa auto-estima, etc. ____________________________________________________________ FONTE: WEISS, 2001. Nesse processo de avaliação é necessário deixar bem claro que na avaliação diagnóstica o psicopedagogo deve ter o olhar e a escuta psicopedagógica. Com crianças até 6 anos de idade são utilizadas com maior freqüência atividades para a observação da manifestação espontânea como o brincar, demonstrado através do jogo simbólico e dos desenhos, bem como do exame neuropsi- cológico. Já com as crianças de 7 a 14 anos podem ser inseridas entrevistas, provas específicas, pro- vas operatórias, jogos com regras, testes e outros. No caso dos adolescentes, de acordo com Bossa e Oliveira (orgs) et al (2003) as ativi- Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 33 dades são mais complexas, sendo incluídas as provas piagetianas de construção do pensamento hipotético-dedutivo, as quais avaliam a percepção do sujeito quanto às regularidades, às regras e as leis, a combinação das possibilidades entre si, enfim, detectando como raciocina. Além disso, são utilizados outros recursos como entrevista livre, jogos de regras, testes gráficos, teste do par educativo, avaliação do desempenho escolar e outros. Um dos primeiros recursos de Investigação diz respeito a Observação. OBSERVAÇÃO A observação é outro instrumento muito utilizado e de grande importância no diagnóstico, pois tem como objetivo conhecer a dinâmica e a relação dentro do grupo-aula e, especificamente, conhecer a capacidade que a criança tem para aprender, bem como para receber ajuda individual. Bassedas (1996) apresenta os seguintes tipos de observações: • Observação de um grupo-aula: interes- sando reter e analisar a atividade geral do grupo-aula sobre a delimitação do que é considerado relevante, podendo observar a atividade preparada, ou entrar na sala de aula durante um momento qualquer do período escolar. • Observação de um aluno: observar aspectos sobre a atividade do aluno. • Observação participativa: considera-se necessário, em alguns casos, trabalhar em conjunto com a criança de forma a verificar sua capacidade de admitir auxílio, como se organiza frente às sugestões e outras peculiaridades. Tem sido re- alizada em situações de jogo, de resolução de um exercício de linguagem, de leitura e nas aulas de educação com portadores de necessidades especiais. • Observações de seguimento: avaliar a situação em que se encontra o aluno após um período de ajuda. Particularmente na clínica, Weiss (2001) sustenta que na primeira sessão diagnóstica deve- se observar no sujeito três aspectos: Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 34 • A temática, que revelará o significado do conteúdo das atividades em seu aspecto manifesto e latente ; • A dinâmica, expressada através da postura corporal, gestos, tom de voz, modo de sentar, de manipular os objetos e outros; • O produto feito pelo paciente, ou seja, a escrita, o desenho, as contas, a leitura, possibilitando também uma pré-avaliação do nível pedagógico. Independente do âmbito seja ele na escola ou na clínica, a observação é um dos recursos indispensáveis, não só no primeiro contato, mas durante todo o trabalho. Em seguida no processo de investigação temos a Entrevista, a qual vamos estudar a seguir. A ENTREVISTA O roteiro de entrevista será determinado pelo modelo que se irá seguir. Pode-se iniciar a entrevista com os pais através da anamnese, buscando entender inicialmente a queixa principal e a história de vida da criança; já alguns autores como Visca, preferem iniciar o diagnóstico com a EOCA, por entender que assim poderiam ter uma visão da criança sem a contaminação dos pais. Segundo Chamat (2004), o psicodiagnóstico começa com a anamnese e termina com a devolutiva, o que não difere do modelo psicopedagógico de vários autores, com exceção de Visca (1987). Esse autor justifica que esse procedimento (EOCA) tem a finalidade de eliminar a contaminação a que o agente corretor fica exposto com a óptica dos pais, impedindo que o profissional “ se aproxime ingenu- amente do paciente para vê-lo tal como ele é, para descobri-lo”. Weiss (2001), na primeira sessão diagnóstica, tem algumas opções de en- trevistas: Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.): reúne os pais com a criança ou adolescente para uma sessão conjunta, tendo como objetivos a compreensão da queixa nas dimensões familiar e escolar, a captação das relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, a expectativa quanto à atuação do terapeuta, a realização do contrato e enquadramento, esclarecendo o que vem a ser o processo de diagnóstico psicopedagógico. Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA): para Visca, a EOCA deverá ser um instrumento de avaliação, rico em seus resultados. Consiste em solicitar ao sujeito que ele mostre o que sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer, e o que aprendeu a fazer, utilizando de materiais dispostos sobre a mesa. Manifesto: Claro, evidente Latente: Oculto, disfarçado, dissimulado. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 35 Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneiraespontânea, porém dirigida de forma experimental. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical,etc. (VISCA, J. 1987, p.72 apud WEISS, 2003) Segue modelo abaixo: Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (E.O.C.A) A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – E.O.C.A. é uma entrevista proposta por Visca (1987). É o primeiro contato com o sujeito, para o levantamento de hipóteses a respeito do caso. 1) Objetivo: Detectar sintomas e, a partir deles, formular hipóteses sobre as causas das quais os sintomas emergem. 2) Materiais: a) papel sulfite; b) papel pautado; c) folhas coloridas; d) lápis preto novo sem ponta; e) apontador; f) borracha; g) régua; h) caneta esferográfica; i) tesoura sem ponta; j) cola; k) livros; l) revistas; 3) Instruções: a) colocar o material sobre a mesa; b) propor à criança: “Mostre-me o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu”; “Esse material é para que você o use como quiser”. “Você já me mostrou como se lê e desenha, mostre-me outra coisa”. 4) Como analisar: a) a temática (o significado do conteúdo das atividades – manifesto ou latente); b) a dinâmica (através da postura corporal, gestos, tom de voz, modo de sentar e de Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 36 manipular os objetos); c) o produto (a escrita, o desenho, as contas, a leitura). Entrevista de Anamnese Um dos pontos cruciais para um bom diagnóstico, considerado por Weiss (Ibid), pois, possibilita a integração das dimensões de passado, presente e futuro do indivíduo. Segue modelo abaixo: ENTREVISTA DE ANAMNESE I – IDENTIFICAÇÃO: 1.1 Nome: _________________________________________________________ 1.2 Data de nascimento: _______/_______/_______ 1.3 Idade: _________________________ 1.4 Filiação: 1.4.1 Nome do Pai: __________________________________________________ 1.4.2 Idade do Pai:___________________________________________________ 1.4.3 Nome da Mãe: _________________________________________________ 1.4.5 Idade da Mãe: __________________________________________________ 1.5 Endereço: ______________________________________________________ __________________________________________________________________ 1.6 Profissão do Pai: _________________________________________________ 1.7 Profissão da Mãe: ________________________________________________ 1.8 Religião: _______________________________________________________ II – QUEIXA PRINCIPAL E MOTIVO DA CONSULTA: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.1. Quando começou? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.2. Em que condições ocorre? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.3. Com que frequência? __________________________________________________________________ Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 37 __________________________________________________________________ 2.4. Como é a evolução ? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.5. Já tentou algum tratamento? Quando? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.6. Com quem? Onde? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.7. O que tomou? __________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 2.8. Obteve resultados? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.9. O que achou do tratamento? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ III – DADOS PESSOAIS: 3.1. Concepção: 3.1.1. A criança foi desejada? (pergunta se a criança foi desejada ou se a mãe espe- rava ficar grávida) __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 3.2. Saúde da mãe durante a gravidez: 3.2.1. Como passou durante sua gestação? ________________________________ __________________________________________________________________ 3.2.9. Como foi a alimentação?_________________________________________ __________________________________________________________________ 3.2.10. Quando fez pré-natal?__________________________________________ __________________________________________________________________ 3.2.11. Época em que sentiu a criança mexer? _____________________________ __________________________________________________________________ _____________________________________ 3.2.12. Sensações da mãe durante a gravidez? _____________________________ _____________________________________ 3.3. Nascimento: Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 38 3.3.1. Local: _______________________________________________________ 3.3.2. Recebeu assistência médica? _____________________________________ 3.3.3. Tipo de parto: _________________________________________________ 3.3.4. Condições da criança (má formação, chorou logo, oxigênio, peso, altura, icterícia).__________________________________________________________ 3.3.5. Atitude dos familiares: __________________________________________ 3.3.6. Idade dos pais por ocasião do nascimento: ___________________________ 3.4. Configuração Familiar: 3.4.1. Número de filhos:_______________________________________________ 3.4.2. Idade dos filhos:________________________________________________ 3.4.3. Posição dos filhos na ordem do nascimento: _________________________ 3.4.4. Saúde dos filhos: ______________________________________________ 3.4.5. Abortos: _____________________________________________________ 3.4.6. Genetograma: _________________________________________________ IV – SONO 4.1. Como é o sono? _________________________________________________ 4.2. Dorme bem? ____________________________________________________ 4.3. Pula quando dorme? ______________________________________________ 3.2.2. Teve enjôos? Quanto tempo?______________________________________ 3.2.3. Doenças infecciosas (tipo e época)? ________________________________ 3.2.4. Diabetes? _____________________________________________________ 3.2.5. Traumatismos? ________________________________________________ 3.2.6. Convulsões? __________________________________________________ 3.2.7. RH?_________________________________________________________ 3.2.8. Fez uso de alguma medicação? Qual?_______________________________ 4.4. Baba à noite? ___________________________________________________ 4.5. Tem sudorese noturna? ___________________________________________ 4.6. Acorda várias vezes durante a noite e torna a dormir com facilidade? _______ 4.7. Fala ou grita durante o sono? _______________________________________ 4.8. Dorme do lado da cabeceirae acorda nos pés da cama? __________________ 4.9. Mexe muito os braços? ___________________________________________ 4.10. Faz outros movimentos sem acordar e sem se lembrar no dia seguinte? _____ _____________________________________________________________ 4.11. Acorda quando tem algum sonho à noite e torna a dormir com facilidade? __ ________________________________________________________________ 4.12. Dorme em quarto separado dos pais? ________________________________ __________________________________ 4.13. Até quando dormiu no quarto com os pais? ___________________________ _______________________________________ Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 39 4.14. Qual a atitude dos pais para separá-los de quarto? _____________________ _____________________________________________ 4.15. Tem cama individual? ___________________________________________ 4.16. Dorme sozinho ou com alguém no quarto? ___________________________ 4.17. Acorda e vai para o quarto dos pais? ________________________________ V - ALIMENTAÇÃO 5.1. Foi amamentada? Por quanto tempo? ________________________________ 5.2. Usou mamadeira? Por quanto tempo?________________________________ 5.3. Teve reflexo de sucção? ___________________________________________ 5.4. Quando ocorreu o desmame? Qual a atitude da criança? _________________ 5.5. Quando foi dada a primeira alimentação? _____________________________ 5.6. Quando foi introduzida a comida de sal e qual era a consistência? __________ ________________________________________________________ 5.7. Rejeitou algum tipo de comida? _____________________________________ 5.8. Quando a criança começou a comer sozinha? __________________________ 5.9. Como era e é o comportamento dela à mesa? __________________________ 5.10. Necessita de ajuda à mesa? _______________________________________ 5.11. Como é a alimentação atualmente? _________________________________ VI – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 6.1. Época em que sorriu pela primeira vez? ______________________________ 6.2. Época em que dirigiu-se ativamente às pessoas? ________________________ 6.3. Quando sentou-se? _______________________________________________ VII – SOCIABILIDADE 7.1. Participa de jogos? _______________________________________________ 7.2. Quais as brincadeiras de que mais gosta? _____________________________ 7.3. Tem tendência a se dirigir às demais crianças? _________________________ 7.4. Tem facilidade de fazer amigos? ____________________________________ 7.5. Como é a adaptação ao meio (quando chegam visitas, em situações novas, etc.) __________________________________________________________________ VIII – DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM 8.1. Época em que pronunciou as primeiras sílabas, primeiras bissílabas, primeiras frases. ____________________________________________________________ 8.2. Época em que passou a pronunciar palavras completas e a fazer uma articulação correta. __________________________________________________________________ 8.3. Uso do pronome eu. ______________________________________________ 6.4. Quando engatinhou? _____________________________________________ 6.5. Quando andou? _________________________________________________ 6.6. Caía muito? ____________________________________________________ Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 40 6.7. Sofreu algum acidente? Em caso afirmativo, quais as conseqüências? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 6.8. Machucava-se muito? ____________________________________________ 6.9. Apresenta tiques? Qual a atitude dos pais? ____________________________ 6.10. Fez uso da chupeta? Por quanto tempo? _____________________________ 6.11. Quando foi o início da erupção dos dentes? __________________________ 6.12. Ri e chora normalmente? _________________________________________ 6.13. Parece não expressar nenhum desejo? _______________________________ 6.14. Tem tendência a se isolar e/ou permanecer inativo? ____________________ 6.15. Repete seguidamente os mesmos gestos, gritos ou palavras? _____________ 6.16. É exageradamente carinhosa? _____________________________________ 6.17. Apresenta outros comportamentos considerados problemas? Quais? __________________________________________________________________ 1 0 . 3 . N a s e s c o l a s q u e f r e q ü e n t o u c o m o e r a o a p r o v e i t a m e n- to?_____________________________________________________ 10.4. Apresentou alguma dificuldade? ___________________________________ 10.5. Quais as dificuldades em relação à vida escolar? _______________________ ___________________________________________ 10.6. Qual a atitude dos pais diante das dificuldades da criança? _______________ ___________________________________________________ 10.7. Como é a participação dos pais na vida escolar? _______________________ ___________________________________________ XI – ATIVIDADES ROTINEIRAS 11.1. Toma banho sozinha? ____________________________________________ 11.2. Penteia-se? ____________________________________________________ 11.3. Troca-se de roupa sozinha? _______________________________________ 11.4. Roe unhas freqüentemente? _______________________________________ 11.5. Os pais atribuem alguma tarefa à criança? Qual?_______________________ ______________________________________ 11.6. A criança executa com responsabilidade as tarefas a ela atribuí- das?_________________________________________________________ 11 .7 . A c r i ança pa r t i c i pa de a lguma r ec r eação fo r a da e sco- la?____________________________________________________________ 8.4. Uso da linguagem falada entendida somente por pessoas íntimas? __________ ________________________________________________________ 8.5. Entende o que lhe é dito? __________________________________________ 8.6. Como faz para que entendam o que quer? _____________________________ 8.7. Apresentou algum distúrbio na fala, como: gagueira, nasalização excessiva, Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 41 etc.? ______________________________________________________________ 8.8. Como é a comunicação e a expressão da criança atualmente? ______________ ____________________________________________________ 8.9. Quais línguas ouve falar em casa? ___________________________________ IX – CONTROLE DOS ESFINCTERES 9.1. Como foi ensinado o controle dos esfíncteres? _________________________ 9.2. Qual a atitude dos pais diante das falas da criança? ______________________ ____________________________________________ 9.3. Atualmente necessita de ajuda para ir ao banheiro? ______________________ ____________________________________________ 9.4. Tem enurese noturna? ____________________________________________ 9.5. Apresenta curiosidade sexual? ______________________________________ 9.6. Masturba-se com freqüência? ______________________________________ X – ESCOLARIDADE 10.1. Idade em que entrou na escola? ____________________________________ 10.2. Tipo de escola? _________________________________________________ XIV – DINÂMICA FAMILIAR 14.1. Como é o relacionamento dos pais?_________________________________ __________________________________________________________________ _____________________________ 14.2. Como é o relacionamento entre os pais e os fils?________________ __________________________________________________________________ _____________________________________________ XII – ENFERMIDADES 12.1. Quais as doenças que a criança já teve?______________________________ ________________________________ 12.2. Em caso de doença grave detalhar a evolução da mesma: __________________________________________________________________ 12.3. Procurou atendimento médico? ____________________________________ 12.4. Medicamentos que tomou ou está tomando? __________________________ ________________________________________ 12.5. Que impressões a família tem sobre a visão, a audição e a inteligência da criança? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ XIII – MANUTENÇÃO FAMILIAR 13.1. Quem mantém a família? _________________________________________ 13.2. A criança participa e conhece a situação econômica da família? ___________ Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 42 _______________________________________________________ 13.3. Como ela reage? _______________________________________________ ___________________ Já conhecemos os caminhos que podemos seguir, ou seja, a observação e a entrevista, passamos agora a conhecer outros instrumentos do diagnóstico. SEÇÃO 2 – ALGUNS INSTRUMENTOS DO DIAGNÓSTICO JOGOS O jogo tem sido freqüente- mente utilizado por psicólogos no que tange ao psicodiagnóstico, bem como no tratamento de problemas emocio- nais, e também por psicopedagogos no diagnóstico psicopedagógico e no trabalho com dificuldades de apren- dizagem. Contudo, nos limitaremos ao papel da psicopedagogia neste contexto. O jogo supõe uma forma de expressão da linguagem afetiva inserindo-se na estrutura do símbolo, e para Piaget (1946) caracteriza-se por uma atividade que reflete os estados internos do sujeito frente a uma realidade vivida ou imaginada. Sendo assim, tem como função a assimilação do real ao eu como um processo individual e específico. Ainda nos descritos de Piaget (1946), o jogo de regras se diferencia do jogo simbólico, pois, o primeiro por ser constituído pela estrutura de regras, revela a forma de expressão cognitiva se caracterizando quanto a sua natureza lógica e social. Pain (1985) apresenta uma proposta de diagnóstico fundamentada pelas teorias psicanalíti- cas, piagetiana e pelo materialismo histórico. Para a autora, o jogo é uma atividade predominante- mente assimilativa. E à observação do jogo com interesse para diagnóstico denominou por “hora do jogo”, que tem como meta averiguar como a criança manipula o jogo e em que condições é capaz de fazê-lo. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 43 Desse modo, descreve o transcurso normal do jogo e sua seqüência lógica, sendo caracterizado por três momentos: • O primeiro distingue-se pelo inventário, onde a criança classifica o con- teúdo da caixa lúdica, sugerindo possibilidade de ação. • No segundo momento ocorre a postulação do jogo, o qual é construído em torno de um esboço de seqüência coerente com a hipótese escolhida pela criança. • No terceiro é realizada a aprendizagem propriamente dita, ocorrendo a integração da experiência atual e resultando no conhecimento. Em crianças com problema de aprendizagem observam-se perturbações em qualquer desses momentos. Pain (Ibid) alerta que a “hora do jogo” pode ser realizada somente até os nove anos de idade, e a partir dessa idade deve ser substituída pela entrevista do tipo “motivo da consulta”. Quanto aos jogos de regras, Weiss (2003) afirma que são utilizados com maior freqüência em adolescentes possibilitando-lhes ao mesmo tempo brincar e competir com o terapeuta. Propõe jogos que envolvem bastante raciocínio, atenção, antecipação de situações e diferentes estratégias. Ex.: Jogo de dama. Além dos jogos de regras, a autora utiliza também da “hora de jogo diagnósti- ca”, cujo propósito está na verifica- ção dos aspectos afetivos gerais da aprendizagem. A autora denominou esse momento diagnóstico de “Ses- são Lúdica Centrada na Aprendiza- gem”. Brenelli (2001) ressalta a relevância do jogo de regras no diagnóstico psicopedagógico propondo como recurso complementar aos testes e provas. Analisa a possibilidade de averiguar os procedi- mentos que os sujeitos utilizam numa situação de jogo proposto ou ainda do jogo espontâneo, visto que na situação de jogo as regras são construídas pelas próprias crianças. Adverte que as possibilidades do jogo não estão inseridas nele mesmo, mas nas atividades da crianças, ou melhor, “no como suas ações e representações se manifestam e se organizam quando inseridas num contexto lúdico” (BRENELLI, 2001, p.185). Portanto, ainda segundo o autor acima citado, os estudos demonstram que por meio dos jogos pode–se inferir a respeito da estruturação cognitiva da criança ou do adolescente neutralizando as resistências dos sujeitos com dificuldades, pois, no caso de situações diretivas podem reviver os fracassos experimentados na escola. Abaixo segue os exemplos dos jogos e das sessões lúdicas. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 44 Sessão Lúdica Centrada na Aprendizagem a) Objetivo: a Sessão Lúdica Centrada na Aprendizagem foi proposta por Weiss (1997, p.72), com o objetivo “de se compreender, basicamente o funciona- mento dos processos cognitivos e afetivo-sociais em suas interferências mútuas, no Modelo de Aprendizagem do paciente”. b) Materiais: - folhas de papel (sulfite branco, colorido, pautado, seda, etc.) - lápis preto novo sem ponta. - Apontador - Borracha - Régua - Canetas esferográfica e hidrocor - Lápis de cor - Lápis de cera - Tesoura sem ponta - Cola - Revistas para recortar - 04 livros infantis no mínimo (01 somente com figuras, 01 com figuras e pouco texto, 01 com figuras e textos em quantidade igual, 01 somente com texto). - Material de sucata - Fantoches ou dedoches - Miniaturas, animais, etc. - Uma caixa de tamanho que comporte todo esse material dentro. c) Procedimento: Colocar parte do material sobre a mesa, sem uma ordenação ou classifica- ção, e deixar parte dele dentro da caixa. Propor à criança que utilize o material para brincar como quiser e que quando estiver próximo ao final da sessão avisará. d) Análise: - A escolha do material e da brincadeira (atividade); - O modo de brincar; - A relação com o psicopedagogo. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 45 DESENHOS Através do desenho a criança tem a oportunidade de manifestar-se cognitiva e afetivamente. Numa aval- iação é importante observar a capacid- ade de envolvimento, de concentração e de prazer em criar demonstrados por ela. Desse modo, Bossa e Oliveira et al (2002), baseando-se numa leitura psicanalítica, acreditam que o desenho livre possibilita maior expressão de seus sentimentos e, por conseguinte, dados sobre seu desenvolvimento afetivo- emocional, intelectual, perceptivo e motor. Para Paín (1986), o que podemos avaliar através do desenho é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar emoção, o que também permitirá avaliar a deteriorização que se produz no próprio pensamento. A proposta de avaliação psicopedagógica apresentada pelas autoras su- pracitadas refere-se a crianças até 6 anos de idade, e sustentam que por meio da observação e da análise da expressão gráfica há possibilidade de encontrar respostas para a seguinte pergunta: “A criança representa sua realidade de forma simbólica?” (BOSSA e OLIVEIRA et al, 2002, p. 47). Ainda nos descritos das autoras, caso a criança represente simbolicamente sua realidade, a observação estará pautada em como ela representa? A realidade se manifesta em suas representações lúdicas? Aparece de forma esparsa ou cenas com- plexas? A realidade é apresentada de forma caótica ou organizada? Como se utiliza dalinguagem enquanto produz? Utiliza suas lembranças pessoais para criar? Como se organiza perante o inesperado? E o que a criança representa na expressão gráfica? A si mesma? Quais os temas predominantes? Como ela lida com eles? Que pessoas são representadas e quais são omitidas? Caso não consiga representar e já esteja com a idade próxima ou superior a 2 anos é recomendável que haja uma complementação na avaliação diagnóstica. O procedimento adequado sobre a avaliação gráfica acarreta uma entrevista a priori com os pais e um contato com a escola, para dessa forma, realizar a avaliação denominada por Bossa e Oliveira et al (2002) como Interação-Brinquedo-Desenho (I.B.D.), que consiste em verificar como a criança se organiza de maneira espontânea Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 46 diante do material lúdico e gráfico. Em geral, o material consiste em peças figurativas (bonecos, carrinhos, etc.), não figurativos (sucatas, módulos, etc.) e jogos, além do material gráfico: giz de cera, lápis de cor, papel sulfite e borracha. Desse modo, o observador deverá ter uma presença discreta, intervindo somente quando solicitado, de forma não diretiva, tendo por último fim averiguar como a criança lida com o material, sua forma de combiná-lo e significá-lo. Além do desenho livre existem outras expressões gráficas utilizadas para crianças a partir de 7 anos até a adolescência como: teste da figura humana; teste do par educativo; teste da família prospectiva e outros. Esses instrumentos serão também explorados na próxima Aula. PROVAS PROJETIVAS PSICOPED- AGÓGICAS As provas projetivas psicopedagógi- cas foram propostas por Visca (1995), com o objetivo de analisar: • Vínculos escolares: par educativo, eu com meus companheiros, o plano da sala de aula. • Vínculos familiares: o plano de minha casa, os quatro momentos de um dia, família educativa; • Vínculos consigo mesmo: desenho em episódios, o dia do meu aniversário, em minhas férias, fazendo o que mais gosto. Assim, entende-se por projetivas, pois no desenho e em algumas provas especificas a criança se projeta emocionalmente, ou seja, demonstra a sua vida afetiva através deste instrumento. Abaixo estão listadas todas as provas propostas pelo autor. 1) Par Educativo: - Objetivo: investigar o vínculo de aprendizagem. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: pedir ao sujeito que desenhe duas pessoas – uma que ensina e outra que aprende, indicando o nome e a idade, dando um título para o desenho e relatando o que se passa. 2) Eu com meus companheiros: - Objetivo: investigar o vínculo com os companheiros de sala. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: pedir ao sujeito que desenhe seus companheiros de sala, in- Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 47 dicando quem são eles, como se chamam e a idade das outras pessoas e fazer um comentário sobre seus companheiros. 3) O Plano da sala de aula: - Objetivo: conhecer a representação do campo geográfico sala de aula e as posições, reais e desejadas na mesma. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha, régua. - Aplicação: pedir ao sujeito que desenhe o plano da sala de aula fazendo uma cruz no lugar onde senta e se a escolha do lugar foi sua ou do professor; perguntar se gostaria de sentar em outro lugar e por que, indicar quem são as outras pessoas falando algo sobre elas, fazer um comentário sobre a aula. 4) O plano de minha casa: - Objetivo: conhecer a representação do campo geográfico do lugar onde mora e a posição real dentro do mesmo. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha e régua. - Aplicação: pedir ao sujeito que desenhe o plano de sua casa colocando o nome dentro de cada ambiente, perguntar de quem é cada quarto e se gostaria de ocupar outro quarto e por quê; fazer outras perguntas que considere necessárias. 5) Os quatro momentos de um dia: - Objetivo: investigar os vínculos durante um período da vida. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: o entrevistador dobra uma folha em 4 partes iguais e pede que o sujeito faça o mesmo com outra folha, pedir que desenhe 4 momentos de seu dia desde a hora que desperta até a hora de dormir; dizer o que está acontecendo no de- senho em cada cena; podem-se realizar outras perguntas que se fizerem necessárias. 6) Família Educativa: - Objetivo: estudar o vínculo de aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos integrantes do mesmo. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: pedir ao sujeito que desenhe sua família fazendo o que cada um sabe fazer, indicando a idade e o nome de cada um; pedir que comente sobre cada pessoa; perguntar se o que sabem fazer ensinam a quem não sabe e como ensinam; pode-se fazer outras perguntas se julgar necessário. 7) Desenho em episódios: - Objetivo: analisar a organização espaço-temporal do sujeito através do tema das cenas. - Material: folhas de sulfite branco dobrada em 6 partes, lápis preto, borracha. - Aplicação: dobrar a folha em 6 partes na frente e na posição horizontal; pedir que desenhe uma pessoa que tem um dia livre desde o momento em que se levanta (indicar o quadro do canto superior esquerdo) até a hora em que vai dormir Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 48 (indicar o quadro do canto inferior direito), comentando sobre o que desenhou. 8) O dia do meu aniversário: - Objetivo: conhecer a representação que tem de si e do contexto sócio- dinâmico na transição de uma idade para outra. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: pedir que o sujeito desenhe o dia do aniversário de um menino ou menina (do mesmo sexo) perguntando a idade do aniversário e das outras pessoas e qual a relação que têm com o aniversariante; pergunta-se sobre outras coisas que se passaram no dia e fazem-se outras perguntas que se fizerem necessárias. 9) Em minhas férias: - Objetivo: estudar as atividades escolhidas durante o período de férias escolares. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: pedir que faça uma fotografia do que fazia nas férias e relate o que fez; podem-se fazer outras perguntas caso se faça necessário. 10) Fazendo o que mais gosto: - Objetivo: investigar o tipo de atividade de que mais gosta. - Material: folhas de sulfite branco, lápis preto, borracha. - Aplicação: solicitar que desenhe fazendo o que mais gosta e comentar (o que e quando ocorre), caso se faça necessário fazem-se perguntas complementares. 11) O faz de conta: - Objetivo: investigar a vida da criança. - Material: entrevista abaixo. - Aplicação: solicitar que a criança responda conforme as informações abaixo. Eu conheço um (a) menino (a) chamado (a) Roberto (Maria) e você vai imaginar como ele (a) é e por que ele (a) faz coisas assim. Diga-me a primeira coisa que você pensar: 01) Roberto não tem tempo de ouvir música. Por quê? 02) Roberto não jantou ontem. Por quê? 03) Roberto não brinca com outros meninos. Por quê? 04) Roberto não foi ao cinema domingo. Por quê? 05) A professora disse que queria falar com ele depois da aula. Por quê? 06) Quando o pai de Roberto chegou ontem o que aconteceu? 07) Roberto levantou-se durante a noite. Por quê? 08) Quando Roberto abriu a porta o que foi que ele viu? 09) Roberto não fez nenhuma lição de casa. Por quê? 10) Roberto uma noite sonhou. Com o quê? 11) Roberto trouxe ontem suas notas. Que aconteceu? Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 49 12) A mãe de Roberto vestiu o casaco e saiu. Por quê?13) Roberto chegou chorando em casa. Por quê? 14) Roberto ficou com raiva de sua mãe. Por quê? 15) Roberto queria ser mais sabido do que é. Por quê? 16) Roberto foi para seu quarto. Por quê? 17) Roberto está com medo de alguma coisa. O que é? 18) Às vezes alguém aborrece Roberto e ele fica triste. Por quê? 19) Roberto queria ser mais forte do que é. Por quê? 20) A mãe de Roberto está muito preocupada com alguma coisa. O que é? 21) Roberto não veio jantar em casa. Por quê? 22) Ontem aconteceu alguma coisa ruim. O que foi? 23) Roberto não gosta de alguma coisa em seu pai. O que é? 24) Roberto pensa que seu pai e sua mãe não gostam dele. Por quê? 25) Roberto não quer ir à escola hoje. Por quê? 26) Roberto não gosta de recitar poesias (falar na frente) em classe. Por quê? 27) Roberto gostaria às vezes de ser menina. Por quê? 28) Roberto gostaria de ser maior do que é. Por quê? 29) Roberto gosta de uma coisa em sua professora. O que é? 30) Roberto às vezes fica com raiva na escola. Por quê? 31) Roberto às vezes não faz o que sua mãe manda. Por quê? 32) Roberto prefere brincar com meninos ou meninas. Por quê? 33) Roberto não gosta de um menino de sua classe. Por quê? 34) Roberto às vezes fica nervoso e preocupado na escola. Por quê? 35) Certo dia Roberto e sua mãe brigaram seriamente. Por quê? 36) Um dia Roberto quis fugir de casa. Por quê? 37) Roberto não gosta de alguma coisa em sua professora. Por quê? 38) Roberto às vezes fica muito triste. Por quê? 39) Roberto gosta de ficar sozinho. Por quê? 40) Roberto acha uma pessoa da escola muito boa. Quem é? 41) Quantos anos você pensa que Roberto tem? 42) Se Roberto fosse grande e forte, que faria que não pode fazer agora? 43) Se Roberto fosse rico, que faria que não pode fazer agora? 44) Se Roberto fosse sabido, que faria que não pode fazer agora? 45) Se Roberto pudesse fazer tudo o que quisesse, que faria que não pode fazer agora? 46) O que Roberto quer acima de tudo (O que Roberto mais quer na vida?) Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 50 PROVAS OPERATÓRIAS Para se obter um diagnóstico operatório o psicopedagogo dispõe de algu- mas provas piagetianas, as quais estão condizentes com o nível em que a criança ou adolescente se encontram. Segundo Weiss (2001, p.105) “Por exemplo, um aluno de 1ª série em nível pré-operatório que não tenha atingido a conservação de conjuntos discretos não terá condições cognitivas para compreender de imediato exercícios de numeração no trabalho de sala de aula”. Criado por Piaget, as provas operatórias partem de um método clínico, de conversação livre com a criança sobre um tema dirigido pelo interrogador que segue as respostas da criança, que lhe pede que justifique o que diz. O exame clínico tem a ver ao mesmo tempo com a experiência, na medida em que o interrogador faz hipóteses, faz variar as condições em jogo, testa a constância, faz contra-sugestões, controla pelos fatos cada hipótese etc., e ao mesmo tempo com a observação direta. As provas operatórias têm como meta principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, revelando o nível de pensamento atingido pela criança. Desse modo citaremos algumas provas operatórias piagetianas: 1. Prova de Classificação: a) Material: blocos lógicos de duas espessuras (grossa e fina), de três cores (azul, vermelha e amarela), de quatro formas (quadrada, retangular, triangular e circular) e de dois tamanhos (pequeno e grande). b) Aplicação: colocar sobre a mesa vários blocos lógicos e pedir à criança que: 1º - diferencie as formas geométricas; 2º - compare as semelhanças e diferencie entre as peças, explicando-as. Apresentar questões como: “O que tem de igual?”; “O que tem de diferente?”, mostrando à criança, por exemplo, duas peças que estão sobre a mesa. Depois, apontar à criança todos os blocos lógicos e solicitar que reúna, em grupos, as peças parecidas, dizendo: “Como você pode arrumar essas peças de modo que fiquem juntas as que combinam?” Depois que o sujeito executar o que lhe é pedido, perguntar: “Há outro jeito de arrumá-las?” Em seguida, solicitar à criança que dê um nome a cada coleção. c) Avaliação: os critérios de classificação são os mesmos adotados por Piaget e Inhelder (1983) que são: Nível I: a criança tende a organizar o material classifacável, não numa hier- arquia de classes e subclasses baseada em semelhança e diferença entre os objetos, mas de acordo com o que Piaget e Inhelder (1983) chamam de coleções figurais. Isso significa que o comportamento de classificação tem características próprias. Primeiro trata-se de um comportamento não planejado, que se dá por etapas, nas quais Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 51 o critério de escolha muda constantemente. Segundo, a classificação não obedece a um plano geral e a coleção finalmente formada não é uma classe lógica, mas uma configuração complexa (ex.: casa, trem, etc). Nível IIa: as coleções figurais são substituídas por coleções não figurais. Isso significa que a criança passa a formar grupos de objetos com base apenas em semelhanças de atritos e tentar relacionar cada objeto a um dos grupos. Entretanto, a criança ainda utiliza um critério único de classificação (cor, forma, etc.), mas ainda sem hierarquias. Nível IIb: a criança começa a utilizar pelo menos dois critérios de clas- sificação. Nível III: a classificação é formada de classes propriamente lógicas, sub- divididas em subclasses e com quantificação das inclusões. A ele se concentram a mobilidade nas mudanças possíveis de critério e facilidade de construir sistemas multiplicativos (tabelas de dupla entrada, etc.). 2. Prova de Seriação: a) Material: 10 bastonetes de 4 cm. b) Aplicação: convidar a criança para fazer um jogo ou brincadeira. Apre- sentar-lhe os bastonetes dizendo: “Esses pauzinhos chamam-se bastonetes. Você pegar esses bastonetes e fazer com eles uma bonita escada (ou fileira) colocando os bastonetes em ordem, um ao lado do outro”. Observar e anotar como a criança escolhe os bastonetes e os ordena. Se a criança fizer uma escada sem base comum sugerir: - “Você não poderia fazer sua escadinha mais bonita?”. Quando a criança terminar pergunta-lhe: “Como você fez para escolher os bastonetes?” Anotar o desempenho da criança ao construir a série de bastonetes: nenhum ensaio de seriação – pequenas séries – tentativa de seriação ou seriação assistemática – êxito sistemático. c) Avaliação: Nível I: A criança não possui a noção de seriação operatória quando não tem êxito na construção da série. Nível II: A criança está no estágio de transição quando acerta algumas das fases e erram outras. Nível III: A criança possui a noção de conservação operatória quando tem êxito sistemático na construção da série. Além disso, ela deve compreender que qualquer um dos elementos medianos da série é ao mesmo tempo maior do que o seu antecessor e menor do que seu sucessor. 3. Prova de Conservação de Comprimento: a) Material: palitos de fósforo de dois tamanhos diferentes. b) Aplicação: Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 52 1ª situação: colocar sobre a mesa duas fileiras paralelas (A e B) de palitos de fósforo (uma com 8 palitos grandes e outra com 10 palitos pequenos, mas ambas com o mesmo comprimento), dizendo: “Vamos fazer de conta que essas fileiras são duas estradas. Diga-me, elas têm o mesmo comprimento?” Após anotar a resposta da criança, certificando-se de que a mesma concorda em terem as fileiras o mesmo comprimento, passar para a situação seguinte. 2ª situação: deixar a fileira A como na primeira situação e deslocar a fileira Bpara a direita. Depois, perguntar: “Qual dessas duas estradas é mais comprimida? Ou elas têm o mesmo comprimento? Como você sabe disso?” Em seguida, anotar a resposta da criança. 3ª situação: deixar a fileira A na primeira situação e arruma a fileira B em ziguezague. Depois, perguntar: “Se você fosse andar nessas duas estradas, em qual você andaria mais? Ou você andaria o mesmo tanto? Elas têm o mesmo comprimento? Como você sabe disso?” Em seguida, anotar a resposta da criança. 4ª situação: deixar a fileira A como na primeira situação e arrumar a fileira B de forma não retilínea. Depois perguntar: “Se você fosse andar nessas duas estra- das em qual você andaria mais? Ou você andaria o mesmo tanto? Elas têm o mesmo comprimento? Como você sabe disso?” Anotar a resposta da criança. Devem ser criadas ainda mais duas situações, nas quais a fileira B é disposta de diferentes maneiras, mas com uma configuração não retilínea. c) Avaliação: são utilizados os mesmos critérios adotados por Inhelder, Bovet e Sinclair (1977), os quais estão relacionados a seguir: Nível I: Não conservação - a criança julga os comprimentos conforme o critério da coincidência das extremidades. Dessa forma, após a mudança da configu- ração de uma das fileiras passa a negar que ambas tenham o mesmo comprimento. Nível II: Condutas intermediárias - a criança ora diz que as fileiras têm o mesmo comprimento, ora diz que não têm. Nível III: Conservação - a criança começa a afirmar que as duas fileiras têm o mesmo comprimento, mesmo que ambas possuam configurações diferentes. 4. Prova de Conservação de Massa: a) Material - dois bastonetes de massa de modelar, preferencialmente da mesma cor. b) Aplicação - apresentar à criança duas bolinhas com a mesma quantidade de massa e perguntar: “Essas duas bolinhas são iguais?” “Elas têm a mesma quan- tidade (ou o mesmo tanto) de massa?” “Você tem certeza?” 1. “Se eu der esta bolinha para você e ficar com esta pra mim, qual de nós ganha a bola que tem mais massa? Ou nós ganhamos o mesmo tanto? Por quê?”. Obs: Se a criança responder que uma vai ganhar uma bola maior que a outra, perguntar: “Então elas não são iguais?”. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 53 2. Transformar uma das bolas em salsicha colocando-a horizontalmente na mesa e perguntar: “E agora tem mais massa? Ou tem o mesmo tanto de massa nas duas?”. “Por quê? Ou como você sabe disso?”. 3. Transformar a salsicha em bolinha novamente e perguntar: “Estas duas bolinhas são iguais? Elas têm a mesma quantidade (ou o mesmo tanto) de massa? Você tem certeza?”. 4. Transformar a bolinha em salsicha colocando-a verticalmente sobre a mesa e então perguntar: “E agora onde tem mais massa? Ou tem o mesmo tanto de massa nas duas? Por que? Ou como você sabe disso?”. 5. Transformar a salsicha em bolinha novamente e perguntar: “Estas bolinhas são iguais? Elas têm a mesma quantidade (ou o mesmo tanto) de massa? Você tem certeza?”. 6. Dividir uma das bolinhas em quatro ou cinco pedaços iguais fazendo com eles bolinhas menores, em seguida perguntar: “E agora onde tem mais massa? Nesta bola grande ou em todas estas bolinhas juntas? Ou tem o mesmo tanto de massa nas duas? Por quê? Ou como você sabe disso?” c) Classificação: Nível I: Não-conservação: a criança não tem noção de conservação de massa quando admite que a quantidade de massa se altera quando a bolinha é transformada. Nível II: Condutas intermediárias: a criança está em fase de transição quando admite a conservação de massa em algumas situações e a nega em outras. Nível III: Conservação: a criança tem a noção de conservação de massa quando afirma que as bolinhas transformadas continuam tendo a mesma quantidade de massa e justificam suas afirmações com argumentos lógicos de identidade, re- versibilidade simples e reversibilidade por reciprocidade. 5. Prova de Conservação de Líquido: a) Material: dois copos idênticos, um copo mais estreito e mais alto, um copo mais largo e mais baixo. b) Aplicação: inicialmente conversar com a criança e a convidar para brincar ou fazer um joguinho dizendo: “Vou colocar água nestes dois copos (A e A’) quando eles estiverem com a mesma quantidade (ou o mesmo tempo) de água você me avisa? Olhe bem!”. 1. Colocar água até mais ou menos metade dos copos e perguntar: “Estão iguais? Tem a mesma quantidade de água nos dois copos?”. “Você tem certeza? Por quê?”. “Se você tomar a água deste copo (A) e tomar a água deste (A’) qual de nós dois (duas) toma mais água? Por quê?”. 2. Transvasar a água de A para B e depois perguntar: - “E onde tem mais água?”, “Por quê?” Ou – “Como você sabe disso?”. Contra-argumentação: se a cri- ança demonstrar que não possui a noção de conservação dizer: “Outro dia eu estava Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 54 brincando com um (a) menino (a) que tem a sua idade e ela me disse que nestes dois copos tem a mesma quantidade de água porque a gente não pôs e nem tirou. Você acha que aquela menina estava certa ou errada? Por quê?”. Se a criança demonstrar que possui a noção de conservação dizer: “Outro dia eu fiz esta brincadeira com um (a) menino (a) do seu tamanho e ele me disse que neste como (B) havia mais água, porque nele a água estava mais alta. O que você acha desse (a) menino (a), ele (a) estava certo ou errado? Por quê?”. 3. Transvasar a água de B para A, mostrar à criança então os copos A e A’ e perguntar: “E agora onde tem mais água?” e depois: “Se eu beber esta água (A) e você esta (A’) quem bebe mais, eu ou você? Por quê?”. 4. Transvasar a água de A para C e depois perguntar: “E agora onde tem mais água? Por quê?” ou “Como você sabe disso?”. Fazer uma contra-argumentação igual à do item 2. c) Avaliação: Nível I: a criança não possui a noção de conservação quando afirma que a quantidade de água não é a mesma em B e C. Nível II: A criança está em fase intermediária ou de transição quando admite a conservação da quantidade em alguns transvasamentos e nega em outros. Nível III: A criança possui a noção de conservação do líquido quando afirma que os copos A e B e A e C tem a mesma quantidade de água e para justificar suas afirmações apresenta os seguintes argumentos: - Identidade: “Tem a mesma quan- tidade porque não se pôs e nem tirou”. – Reversibilidade simples: “Tem a mesma quantidade porque se pusermos a água deste copo (B) neste (A) fica tudo igual outra vez”. – Reversibilidade por reciprocidade: “Tem a mesma quantidade porque este copo (B) é estreito e nele a água sobe e este é mais largo e a água fica mais baixa”. 6. Prova de Conservação de Quantidades Discretas: a) Material: 10 fichas em forma circular de cor rosa, 10 fichas em forma circular de cor azul. b) Aplicação: Primeira situação: - Dispor sobre a mesa 5 fichas azuis, alinhando-as, e pedir à criança para compor uma coleção equivalente numericamente com fichas cor-de-rosa: “Coloque aqui na mesa o mesmo número (mesmo tanto) de fichas cor-de-rosa, assim como eu pus as azuis, nem mais, nem menos”. - Dispor, se for necessário, as fichas azuis e cor-de-rosa termo a termo e assegurar-se de que a criança acerta a equivalência das coleções. - Fazer uma modificação de disposição, espaçando as fichas de uma das coleções ou unido-as mais, de modo a formar uma linha mais comprida ou mais curta. Em seguida, perguntar: “E agora, tem o mesmo número (mesmo tanto) de Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 55 fichas azuis e cor-de-rosa ou não? Onde tem mais? Como você sabe?”. Segunda situação: - 8 fichas (idem procedimento da primeira situação). Terceira situação: - Colocar de 6 a 8 fichas sobre a mesa em círculo e procedercomo na primeira situação. Contra-argumentação (deve ser utilizada nas três situações acima): - Se a resposta da criança é conservativa, chamar sua atenção sobre a con- figuração das duas coleções: “Olha como essa linha é comprida, será que não tem mais fichas do que a outra?”. - Se a resposta é não conservativa, lembrar a equivalência inicial: “Você se lembra, antes a gente tinha posto uma ficha vermelha diante de cada azul, e uma criança me disse que daquele jeito tinha o mesmo tanto de fichas azuis e cor-de-rosa ou não?”. c) Classificação: Nível I: Não-conservação: a criança não tem conservação de quantidades discretas quando admite que o número de fichas se altera após a transformação de uma das fileiras (espaçamento ou união das fichas). Nível II: Condutas intermediárias: a criança está em fase de transição quando admite a conservação de quantidades discretas em algumas situações e a nega em outras. Nível III: Conservação: a criança tem a conservação de quantidades dis- cretas quando afirma que mesmo após a transformação de uma das fileiras continua existindo o mesmo número de fichas. 7. Prova de Imagem Mental: a) Material: duas garrafas iguais transparentes, com paredes paralelas, lápis, borracha e uma folha de papel sulfite com desenhos de garrafas em várias posições. b) Aplicação: deixar sobre a mesa duas garrafas: uma com água e outra vazia. Em seguida, mostrar à criança a garrafa vazia dizendo: “Vamos supor que esta garrafa estivesse cheia de água, assim como esta (aponte a garrafa cheia). Como ficaria a água se eu virasse a garrafa de várias maneiras?”. Inclinar a garrafa vazia para a direita e perguntar: “Como vai ficar a água se eu a colocar deste jeito?”. Em seguida, dizer: “E se eu virar a garrafa assim, como a água vai ficar?”, mostrando agarrafa inclinada para a esquerda. Além das posições citadas anteriormente, a garrafa deve ainda ser colocada nas seguintes posições: deitada, com o gargalo para baixo e em pé. Depois de mostrar à criança a garrafa em diferentes posições e perguntar como a água vai ficar em cada uma das situações, oferecer-lhe a folha com desenhos, pedindo-lhe para desenhar como a água ficará em cada caso. c) Classificação: são utilizados os mesmos critérios adotados por Piaget e Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 56 Inhelder (1948): Nível I: as crianças revelam-se incapazes de representar planos. Assim, a água na garrafa é representada por uma garatuja, na qual é impossível discernir qualquer nível, em qualquer orientação. Nível II: os níveis são representados toscamente, tendo como referencial a própria garrafa, e não as coordenadas externas. Desse modo, o nível da água é quase sempre considerado como perpendicular aos lados, independentemente da maneira como a garrafa está inclinada. Para representar o que pensa, a criança geralmente desenha a água paralela à base da garrafa. Se em algumas situações a criança repre- senta o nível da água corretamente, em outras acaba por representa-lo incorretamente. Nível III: as crianças desse estágio, em suas construções, baseiam-se na referência espacial mais ampla, usando, por exemplo, o nível da mesa como um guia na previsão do nível da água. 8. Prova de Inclusão de Classes: a) Material: 10 fichas quadradas na cor rosa, 10 fichas quadradas na cor verde. b) Aplicação: Mostrar as fichas e perguntar: “Quais as cores destas fichas?” (Obs.: se a criança não souber identificar as cores, dizer a ela: “Estas fichas são cor- de-rosa e estas são verdes”). 3. “Separe estas fichas por cor em dois montes para mim”. 4. Colocar sobre a mesa 7 fichas (5 rosas e 2 verdes) e perguntar: “Aqui na mesa tem mais fichas rosas ou mais fichas?” “Como você sabe?” ou “Como você faria para explicar isso que você me disse a um amigo seu?”. 5. Nove fichas: 4 rosas e 5 verdes (idem à questão 4). 6. Sete fichas: 2 rosas e 5 verdes (idem à questão 4). 7. Nove fichas: 6 rosas e 3 verdes (idem à questão 4). 8. Oito fichas: 4 rosas e 4 verdes (idem à questão 4). Classificação das respostas do sujeito: foram utilizados os mesmos critérios adotados por Piaget e Inhelder (1983): 1. Ausência de qualificação inclusiva: a criança mostra-se incapaz de comparar o número de elementos de uma subclasse ao de uma classe mais geral na qual ela está inclusa; ela faz sistematicamente a comparação das duas subclasses, respondendo então que há mais quadrados verdes. 2. Condutas intermediárias: a criança hesita diante da questão que lhe é feita e, ora responde que tem mais quadrados rosas (ou verdes), ora responde que tem mais quadrados verdes. 3. Acerto da quantificação inclusiva: todas as perguntas obtêm respostas corretas. 9. Prova de Eqüidistância: Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 57 a) Material: são utilizados animais em miniatura e uma lagoa, feita em cartolina azul, em formato circular. b) Aplicação: a experimentadora apresenta à criança os animais e a lagoa. Em seguida, solicita a mesma que coloque os animais a uma mesma distância da lagoa (ponto central). Inicia a prova dando 2 animais à criança. A primeira instrução é a seguinte: “Nesta fazenda existem vários animais. Todos os dias eles gostam de ir até esta lagoa para beber água. De que forma você pode colocar os animais para que cada um ande o mesmo tanto até chegar à lagoa?”. Após a primeira situação idealizada pela criança, a experimentadora per- gunta: “Da forma como você colocou os animais, eles andam o mesmo tanto até chegarem à lagoa?” “Como você fez para saber que eles andam o mesmo tanto?” “Tem outro jeito de colocar os animais, para que eles andem o mesmo tanto até chegarem à lagoa? Procede-se dessa forma nas demais situações sucessivamente apresentadas ao sujeito (5 animais e uma lagoa; 8 animais e uma lagoa; 10 animais e uma lagoa). Em cada situação, insiste-se para que a criança demonstre pelo menos 5 maneiras de colocar os animais. c) Critérios de classificação para as respostas dos sujeitos: são utilizados os mesmos critérios adotados por Piaget (1985): Nível Ia: a criança faz uma reunião dos animais, seja através de um alin- hamento vertical ou horizontal, figuras em curva, ziguezague, animais em desordem e perto da lagoa. Nível Ib: as crianças começam a fazer configurações fechadas, mas não circulares, que envolvem a lagoa; ou seja, elas comparam a distância entre a lagoa e cada um dos animais individualmente, sem levar em conta os outros animais envolvi- dos. Contudo, existe ainda um predomínio de retas e amontoados como no nível Ia. Nível II: a criança trabalha predominantemente com formas, podendo apre- sentar o círculo como solução, ou não, mas considerando uma forma entre outras. Nível III: as únicas construções aceitas são o círculo ou o semicírculo, que já aparecem desde as primeiras construções, e as únicas variações são aquelas nas quais a criança aumenta ou diminui o raio do círculo. 10. Prova das Posições dos Dados Sobre um Suporte: a) Material: são utilizados três suportes coloridos (círculo amarelo, quadrado vermelho, triângulo azul) e nove dados, cujas faces são de cores diferentes (branco, preto, rosa, verde, vermelho, amarelo). b) Aplicação: a experimentadora coloca um dos suportes sobre a mesa e entrega três dados à criança, dizendo “Coloque estes três dados de todas as maneiras Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 58 sobre este cartão”. Após a execução da tarefa pela criança, ela pergunta: “Pode ser de outro jeito?”. Caso a criança argumente que não há outras maneiras, a experimentadora insiste: “Faça agora de um jeito bem diferente”. E continue, fazendo as seguintes solicitações: “Vocêacha que existem jeitos certos ou errados de colocar os dados?” “Então mostre-me um jeito certo de colocar os dados”. “Agora mostre-me um outro jeito certo”. “Mostre-me um jeito errado de colocar os dados”. “Agora mostra-me um outro jeito errado”. “De quantos jeitos você acha que pode colocar esses dados sobre este cartão? Como você sabe? Você conseguiria fazer todos esses jeitos? A criança é incentivada a demonstrar todas as posições em que ela pensar. Todas as suas condutas devem ser anotadas. O mesmo procedimento é adotado para outros dois suportes. c) Critérios de classificação para as respostas dos sujeitos: são utilizados os mesmos critérios propostos por Piaget (1985): Nível Ia: a criança combina pequenas diferenças com semelhanças (pro- cedimentos analógicos), e seus argumentos caracterizam-se pela presença de pseu- donecessidades. Além disso, ela trabalha apenas com uma família de co-possíveis. Nível Ib: a criança trabalha com duas famílias de co-possíveis. Nível II: a criança busca mais variações e apresenta co-possíveis antecipa- dos. Nesse nível, ela já trabalha com três famílias de co-possíveis. Nível III: a criança argumenta que existem maneiras ilimitadas de colocar os dados (copossíveis quaisquer). __________________________________________________________________ FONTE: http://geocities.yahoo.com.br/simarapsicopedagoga/pro- vas_operatorias.htm. Para o adolescente de acordo com Barros e Oliveira (Orgs) et al (2003), é utilizada a prova de diagnóstico operatório, Piaget descreve duas provas a da permutação e a da combinação, sendo possível avaliar se a estruturação mental alcançou o nível das operações formais. É interessante notar que tanto as provas operatórias quanto as específicas não devem ser vistas como instrumentos infalíveis, absolutos, porque o desenvolvimento operatório, resultante da interação indivíduo-meio, está sujeito a progressos após o momento das provas. Assim, deve-se considerar sempre o melhor nível de resposta obtida ao longo do processo. Por conseguinte, o conhecimento das estruturas cog- Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 59 nitivas das crianças ou adolescentes permite levantar hipóteses para compreensão de sua conduta escolar. Essas provas podem ser acessadas através do site: http://geocities.yahoo. com.br/simarapsicopedagoga/provas_operatorias.htm. Abaixo uma tabela para melhor visualização dos resultados: TABELA DA PAG.55 DO MATERIALANTIGO Em nossa próxima aula, vamos estudar mais um pouco dos instrumentos de avaliação diagnóstica. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSEDAS, Eulália et al. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996. BRENELLI, R. P. Espaço lúdico e diagnóstico em dificuldades de aprendizagem: contribuições do jogo de regras. In: SISTO, F. F. et al. Dificuldade de aprendizagem no ocntexto psicopedagógico.Petrópolis: Vozes, 2001. p. 185. BOSSA, Nádia A.; OLIVEIRA, Vera B. (Orgs.). et al. Avaliação psicopedagógica da criança de zero a seis anos. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. ______. Avaliação psicopedagógica do adolescente. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. CHAMAT, Leila S. J. Diagnóstico psicopedagógico. São Paulo: Vetor, 2004. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 60 PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. PIAGET, J. A epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1972. ______. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1990. VISCA, J. Clínica psicopedagógica: epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia clínica: Uma visão diagnóstica dos prob- lemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. ______. Psicopedagogia e informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. YAEGASHI, S. F. R. Aprendizagem de possíveis e inclusão de classes. Campinas: Faculdade de Educação/UNICAMP, 1992 (Dissertação de mestrado em Psicologia Educacional). Disponível em, http://geocities.yahoo.com.br/simarapsicopedagoga/ provas_operatorias.htm. ______. O fracasso escolar nas séries iniciais: um estudo com crianças de escolas públicas. Campinas: Faculdades de Educação/UNICAMP, 1997 (Tese de Doutorado em Psicologia Educacional). Disponível em, http://geocities.yahoo.com.br/simarap- sicopedagoga/provas_operatorias.htm. RETOMANDO A CONVERSA INICIAL Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar esse tópico, vamos recordar: Seção 1 Qual o melhor caminho a seguir Os instrumentos de avaliação podem incluir diferentes modos de atividades e testes padronizados, utilizados de acordo com a habilitação profissional do psi- copedagogo e da necessidade do caso em atendimento. Esse roteiro deve conter basicamente três aspectos: aspecto pedagógico, o aspecto cognitivo, o aspecto afetivo social. Diagnóstico Psicopedagógico - Adriana Sordi - UNIGRAN 61 Seção 2 Alguns Instrumentos do Diagnóstico Nesta seção de estudo, podemos estudar os Jogos, os desenhos, as provas projetivas psicopedagogicas e as provas operatórias. SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES E FILMES: LEITURAS WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia clínica: Uma visão diagnóstica dos prob- lemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. SITES http://www.psicopedagogia.com.br FILMES QUE TAL UM FILMINHO? → Céu de outubro
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