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CONTRATO DE COMPRA E VENDA MERCANTIL E VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO. Artigos 481 a 528 do Código Civil HÁ NO DIREITO PRIVADO HOJE: Duas espécies de compra e venda: a civil e ao consumidor. Na esfera civil pode ter natureza civil ou mercantil. Esta última se caracteriza quando comprador e vendedor são empresários, o objeto do contrato será uma mercadoria e o negócio se insere na atividade empresarial de circulação de bens. O Código Civil trata a compra e venda civil e mercantil da mesma forma, inexistindo diferenças de tratamento entre os dois tipos de venda. A compra e venda é o contrato mais importante do direito comercial, eis que a atividade fundamental dos empresários é a constituída pela realização de tais operações. PODEM SER OBJETO DE COMPRA E VENDA: a) moeda (câmbio); b) valores mobiliários (alienação de debêntures, ações); c) quotas de sociedade empresária (cessão de quotas); d) bens móveis em geral (compra e venda) e e) imóveis. ELEMENTO FINALÍSTICO: A compra e venda mercantil se caracteriza por sua finalidade: o empresário adquire os bens com o escopo de inserir tais bens em sua atividade empresarial, como insumo, reintroduzindo-a na chamada cadeia econômica para criar ou circular riquezas, transformando ou não os bens adquiridos. Insumo é o bem que o empresário adquire para o exercício de sua atividade empresaria. Se o empresário adquire bem que não será aplicado em sua atividade empresarial, a compra e venda não é reputada mercantil, sendo então considerada como uma relação de consumo. ATIVO: Quando o empresário adquire bem que não é reincorporado na cadeia de circulação de riquezas (não é manufaturado, industrializado, etc.), tal bem é contabilizado como integrante do ativo não circulante imobilizado, como por exemplo: máquinas, veículos, instalações. O contrato é de compra e venda mercantil, porque também é considerado como insumo. CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: O contrato de compra e venda, considerando-se o seu conceito, pode ser classificado da seguinte forma: a) consensual, pois para sua formação basta que haja o encontro de vontades de ambas as partes, advindo do consenso a obrigação do vendedor de transferir o domínio da coisa e para o comprador a de pagar o preço. (artigo 482, CC: “A compra e venda, quando pura*, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço”) *Não é pura, quando é condicionada. b) bilateral, pois, celebrado o ajuste, ambas as partes assumem obrigações pessoais contrapostas, o vendedor a de entregar o bem e o comprador a de pagar o preço. c) oneroso, pois, sendo o comércio exercido com finalidade lucrativa, ambos os contratantes têm interesse de ordem patrimonial, sendo o contrato eminentemente especulativo. d) comutativo, pois, normalmente, o objeto da compra e venda é certo e determinado, havendo, no entanto, possibilidade de se formar o contrato tendo por objeto bens que não podem ser individualizados no momento da celebração, sendo indicados apenas por gênero e qualidade. Ex. compra e venda de coisas incertas ou futuras. A entrega de X número sacas de laranja a serem entregues na época da colheita. Em regra o contrato de compra e venda se aperfeiçoa com o simples consenso, não exigindo forma especial, podendo ser provado por qualquer dos meios elencados no artigo 212 do Código Civil. Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III - testemunha; IV - presunção; V - perícia. ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: São três os elementos da compra e venda: coisa, preço e consentimento. Presentes os três elementos, a compra e venda está perfeita e acabada. Coisa: Mercadorias presentes ou futuras. Mesmo que o vendedor não tenha as mercadorias em seu poder no momento em que realiza o negócio, a compra e venda é regular, pois, ou ele ainda irá produzi-las, ou irá adquiri-las para entregá- las ao comprador. Caso, posteriormente, o vendedor não consiga cumprir o contrato, este ficará sem efeito e o vendedor responderá por perdas e danos em face do inadimplemento da obrigação de entregar a coisa alienada. (artigo 483) : Preço: A Constituição Federal adota os princípios da liberdade de iniciativa e de concorrência, razão pela qual, a regra geral é a de que o vendedor tem liberdade plena no estabelecimento do preço de suas mercadorias. Cabe ao comprador e vendedor, na livre negociação, estabelecer o preço da mercadoria. Admite-se que o preço seja estipulado por arbitragem, desde que os contratantes, de forma livre, elejam tal critério de fixação do preço. O terceiro será designado árbitro pelos contratantes. Caso o terceiro não aceite a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando os contratantes acordarem em designar outra pessoa (art. 485). Pode-se também deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. Pode-se também fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação (arts. 486/487). . Se a venda for convencionada sem estabelecer o preço ou critérios para sua fixação, não havendo tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor (art. 488). Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio (par. único do art. 488). Caso se deixe ao arbítrio de uma das partes a fixação do preço, o contrato é nulo (art. 489). Regras editadas pelo Estado promovendo o congelamento de preços ou proibindo reajustamento de preços, com prazo indeterminado vulneram o princípio constitucional da livre iniciativa e concorrência. O Estado só pode intervir na ordem econômica, se observar as hipóteses e os parâmetros constitucionais e legais. As constituições de ordem capitalista não validam mecanismos de supressão da livre iniciativa, mas admitem intervencionismo do Estado, inclusive o controle temporário de preços, conforme ensinamento de Tércio Ferraz Jr. e Bandeira de Mello. Admite-se que o Estado possa controlar os preços de forma direta ou indireta por meio de: congelamento, tabelamento, autorização ou homologação e monitoramento. A venda pode ser à vista ou a prazo. Se a prazo, os juros não podem exceder os cobrados pela Fazenda Nacional em caso de mora (art. 406 e 591, do CC, taxa Selic). Normalmente as empresas se valem de instituições financeiras, conjugadas com contrato de vendor *, factoring ou desconto de duplicata, para cobrar juros maiores. * Utilizado para venda de insumos agrícolas ao agricultor. CONDIÇÕES: Na compra e venda podem as partes estabelecer condições do contrato, sejam de natureza suspensiva ou resolutiva. Se não houver prazo acordado, para o comprador se manifestar, o vendedor poderá intimá-lo judicial ou extrajudicialmente para que o faça em prezo improrrogável (art.512 CC). ESPÉCIES DE VENDA CONDICIONAIS: Venda a contento (art. 509) A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirentenão manifestar seu agrado. As vendas a contento podem ser feitas sob condição de prova, medida, peso, contagem, experimentação ou exame. a) Venda sob a condição de prova ou degustação (artigo 510). A venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea ao fim a que se destina. O acordo de vontades é manifestado sob a condição de o comprador provar a coisa e declarar que está satisfeito. No artigo 207, n. 2 do revogado Código Comercial havia previsão de tal modalidade de venda. Em França, o Código Civil diz que podem ser vendidas sob condição de prova, o vinho, o azeite e outras coisas que se usa provara antes de fazer a compra. São usuais, no entanto, nas vendas de bebidas. b) Vendas sob a condição de peso, medida e contagem. São as mercadorias cujas vendas se sujeitam a pesagem, medida ou contagem. Apenas após serem pesadas, medidas ou contadas é que se consideram vendidas tais mercadorias. (Exemplo: venda de 5 milheiros de telhas, 2.000 metros de tábuas de pinho, de 0,30 centímetros de largura e 2,5 centímetros de espessura. Não conferindo as mercadorias entregues no peso, medida ou contagem, o contrato não se completa. Tais mercadorias, no entanto, podem também ser vendidas sem a condição de serem pesadas, medidas ou contadas. Exemplo: compro todas as telhas que estão num forno da cerâmica, ou todos os tijolos de uma caieira, ou o algodão que se encontra num armazém. É a venda denominada “a esmo” ou “por partida inteira”, que os romanos denominavam de venda “per aversionem”. Em tal caso não é venda condicional, mas pura e simples. c) Venda sob a condição de experimentação ou ensaio. No artigo 1.144, parágrafo único, do Código Civil anterior cuidava-se da venda a contento, de coisa sujeita a experimentação ou ensaio. Ocorre tal modalidade de venda quando as partes estabelecem que o contrato só se aperfeiçoará depois que a coisa for experimentada e o comprador declarar que se contenta com a mesma. É usual nas vendas de vestuário, aparelhos de eletro- eletrônicos, sendo marcado um prazo para o comprador experimentar o bem. d) Venda sob condição de exame. É a venda em que o comprador tem o direito de examinar a coisa e declarar se a aceita ou não, condição está que precisa constar de forma expressa do contrato, exceto se o uso comercial assim estabelecer. Exemplo: venda de máquinas ou animais. e) Venda de mercadorias em trânsito. São aquelas vendas de mercadorias que estão em trânsito e que o comprador contrata sua compra sob a condição de que a mercadoria chegue ao local determinado da entrega (porto, aeroporto, etc.), sob pena do contrato não ser feito, retornando as partes à situação anterior. f) Venda sob o pacto da retrovenda. Segundo o artigo 505 do Código Civil, o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la, no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessária. Decorrido o triênio legal, a venda torna-se irretratável. “Não há incompatibilidade entre a cláusula de retrovenda e o contrato de compra e venda de bens móveis, funcionando aquele puramente como garantia, sem força suficiente, portanto, para anular o negócio jurídico em sua integralidade” (STJ, 4a. Turma, REsp. 260.923-SP, rel. Min.Fernando Gonçalves, j. 7.10.03,vu, DJU de 20.10.03, p.277, Theotônio Negrão, CC, pág. 143). Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador (art. 506). O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros ou legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral (arts. 507/508). g) Venda com pacto comissório. O pacto comissório é uma cláusula resolutiva, que se considera presente em todos os contratos bilaterais, pela qual, convenciona-se que, sendo a venda a prazo, se o pagamento não for realizado até uma data estabelecida, fica o vendedor com o direito de resolver o contrato ou pleitear judicialmente o preço. É na verdade, uma venda sob condição resolutiva. VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO (ART. 521). Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade até que o preço seja integralmente pago. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro (LRP, art. 129, item 5º) no domicílio do comprador para valer contra terceiros. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio coisa insuscetível de caracterização perfeita, para distinguí-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço for integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quanto lhe foi entregue (art. 524). O vendedor só poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação do cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida (Ação de apreensão, artigo 1070 e seguintes do CPC). (art. 525/526, CC). VENDAS A TERMO: O contrato de compra e venda, como já vimos, é consensual, e se aperfeiçoa quando as partes chegam ao consenso sobre a coisa e o preço. Celebrada a compra e venda, as obrigações dela decorrentes, consistentes na transferência do domínio e pagamento do preço podem ocorrer imediatamente. É possível, no entanto, que se convencione que as obrigações possam ser cumpridas posteriormente, no futuro, que são denominadas de vendas a termo. Quando se convenciona que o pagamento do preço será feito no futuro, temos a venda a crédito ou a prazo. Quando se convenciona que a mercadoria será entregue futuramente, normalmente se fala em venda a termo. As principais espécies de vendas a termo são: venda a termo de mercadorias, venda de títulos nas Bolsas e o “reporte”. a) Venda a termo de mercadorias. É a venda que é convencionada no caso do vendedor não ter a mercadoria para a pronta entrega, pelo que, estabelecido o termo para proceder a entrega, o vendedor procurará adquiri-la para cumprir com a obrigação de entregá-la. É venda realizada na Bolsa de Mercadorias. No momento da liquidação do contrato, as partes poderão receber a mercadoria adquirida e pagar o preço, ou, pagar apenas a diferença entre o preço do momento em que foi celebrado o contrato e o da data da liquidação. b) Vendas de títulos nas Bolsas. E a Lei n. 4.728/65 que regula o mercado de capitais, estabeleceu ser o Banco Central do Brasil o órgão competente para fiscalizar o funcionamento das Bolsas de Valores.São negociados nas Bolsas os títulos públicos federais, estaduais e municipais, as ações, debêntures, etc. As vendas a termo podem ser: a) vendas “firmes”, em que, vencido o prazo convencionado, o vendedor deve entregar ao comprador os títulos vendidos, pelo prezo convencionado, sendo aquele obrigado a aceitar os títulos e pagar o preço. É possível, no entanto, que as partes estipulem que em vez da efetiva entrega dos títulos e o pagamento do preço ajustado, a liquidação ocorra através do pagamento da diferença entre a cotação da data do contrato e da liquidação. b) vendas “a prêmio ou por opção”, que são aquelas em que o comprador ao contratar com o vendedor a aquisição de títulos por um preço certo, reserva-se o direito de, no prazo estabelecido para liquidação do contrato, ao invés de manter o contrato, desfazê-lo mediante o pagamento de uma quantia ou prêmio previamente estabelecido. c) vendas a termo de título denominada “reporte”, na qual as partes convencionam que, no momento da liquidação de uma venda, transferi-la para outro prazo, mediante o pagamento da diferença de cotação do dia do contrato e o da liquidação, prolongando-se a operação. c) Reporte. Esta operação não se confunde com a venda de título denominada “reporte”. Reporte é uma modalidade de operação extremamente complexa que é realizada nas Bolsas. Por ela, uma pessoa compra, mediante pagamento a vista, uma quantidade de títulos e, simultaneamente, vende, por preço determinado, à mesma pessoa de quem comprou os títulos, certa quantidade de título da mesma espécie, convencionando-se a entrega dos títulos para o futuro. No reporte há, pois, duas compras e duas vendas feitas simultaneamente entre as mesmas pessoas, sendo uma à vista (com a entrega dos títulos e o pagamento no ato) e outra a termo (com a entrega e o pagamento diferidos). VENDAS COMPLEXAS As denominadas vendas complexas são que são celebradas por um contrato inicial em que se convenciona execução diferida no tempo, desdobrando-se em diversas compras e vendas, todas decorrentes do primitivo contrato, mas dotadas de autonomia. Os contratos de compra e venda complexos mais utilizados são os de fornecimentos e os de assinaturas. a) Contrato de fornecimento: É o contrato em que as partes convencionam que o vendedor deverá fornecer mercadorias durante um prazo determinado, ou não, por preço certo fixado anteriormente para todo o período de fornecimento ou por preço a ser estabelecido em cada uma das entregas parciais. É contrato celebrado com frequência para obras de grande envergadura ou para venda de material a órgãos públicos. b) Contrato de assinatura. É típico contrato utilizado nas assinaturas de jornais, revistas ou outras espécies de publicações literárias. No contrato de assinatura o vendedor assume a obrigação de entregar ao comprador, que é denominado de “assinante” um número determinado ou indeterminado de jornais, revistas ou livros, pelo preço fixado quando da celebração do contrato. OBRIGAÇÕES DO VENDEDOR. Segundo clássica doutrina, o vendedor, ao celebrar o contrato de compra e venda assume três obrigações, a saber: 1) entregar a mercadoria; 2) responder pelos vícios ocultos (vícios redibitórios); 3) garantir ao comprador a posse e propriedade do bem vendido, respondendo pela evicção. Tais obrigações constam expressamente, dos artigos 481, 441, 442 e 447 do CC Evicção é a perda total ou parcial de bem em favor de terceiro, m virtude de sentença judicial. A principal obrigação do vendedor, no entanto, é a de transferir o domínio da coisa vendida, uma vez que as demais obrigações acima referidas, têm caráter secundário. O cumprimento da obrigação principal da compra e venda consistente na transferência do domínio concretiza-se pela tradição, isto é, a entrega da coisa móvel, a teor do artigo 1267 do Código Civil. (A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição). A tradição poderá ser real ou efetiva, que é aquela que ocorre quando a mercadoria é materialmente entregue ao comprador. A tradição é chamada de simbólica ou virtual quando a mercadoria não é entregue de fato ao comprador, mas ela se formaliza simbolicamente, como por exemplo, a expedição de um documento, a averbação em um determinado livro, a colocação das marcas do comprador nas mercadorias adquiridas. Há ainda a denominada tradição consensual, que é a que se caracteriza pela simples declaração do vendedor no sentido de que está transferindo o domínio do bem vencido ao comprador, pondo-o à sua disposição, como previa o artigo 206 do revogado Código Comercial. Em tal caso, mesmo prosseguindo o bem com o vendedor, ele não será seu possuidor, mas simples detentor. RISCOS EM RELAÇÃO À COISA Relativamente aos riscos, que são sempre suportados pelo proprietário, no caso da compra e venda mercantil, até que ocorra a tradição, o responsável pelos riscos é o vendedor (artigo 492, CC). Feita a tradição, os riscos serão suportados pelo comprador. O artigo 492 do Código Civil é muito claro: “Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor e os do preço por conta do comprador”. Os riscos e despesas com o transporte das mercadorias, podem ser livremente convencionados pelas partes. Se for o caso de contratantes de países diferentes, a Câmara do Comércio convencionou termos padrões chamados Incoterms. Convém anotar que na hipótese do vendedor não cumprir com a obrigação de entregar a coisa vendida, ao comprador só caberá o direito de postular uma indenização por perdas e danos, sendo incabível a dedução de pretensão do comprador em reivindicar a própria coisa vendida, uma vez que a compra e venda mercantil não outorga ao comprador um direito real, mas apenas um direito pessoal.
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