Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 APRESENTAÇÃO 5 AULA 01: FASE POSTULATÓRIA E SEQUÊNCIA DE ATOS DA AUDIÊNCIA 6 INTRODUÇÃO 6 CONTEÚDO 7 DISSÍDIO INDIVIDUAL 7 NOÇÃO: FASE POSTULATÓRIA 7 AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 11 AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (ART. 846, §§ 1° E 2§, DA CLT) 12 APRESENTAÇÃO DA DEFESA (ART. 847 CLT) 12 DEPOIMENTO DAS PARTES (ART. 848 CLT) 12 DEPOIMENTO DE TESTEMUNHAS (ARTS. 820/821 CLT), PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS, SE NECESSÁRIO (ART. 848, §2º CLT) 13 AS SENTENÇAS SÃO CLASSIFICADAS 13 LIMITES DA SENTENÇA 14 INTIMAÇÃO DA SENTENÇA 14 ATA DE AUDIÊNCIA 14 PRÁTICA DOS TRIBUNAIS 15 REFERÊNCIAS 15 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 16 AULA 02: AS PARTES NA AUDIÊNCIA 20 INTRODUÇÃO 20 CONTEÚDO 21 DISSÍDIO INDIVIDUAL 21 EM RELAÇÃO À RECLAMADA 21 REFERÊNCIAS 24 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 25 AULA 03: PRODUÇÃO DE PROVAS 30 INTRODUÇÃO 30 3 CONTEÚDO 31 PRODUÇÃO DE PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO 31 ÔNUS DA PROVA NO PROCESSO DO TRABALHO (ART. 818 CLT C/C ART. 333 CPC) 31 PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ 34 DEPOIMENTO PESSOAL 35 CONFISSÃO 35 SÚMULA 74 35 PROVA DOCUMENTAL 36 ATIVIDADE PROPOSTA 37 REFERÊNCIAS 38 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 38 AULA 04: PROVAS TESTEMUNHAL E PERICIAL 41 INTRODUÇÃO 41 CONTEÚDO 42 PROVA TESTEMUNHAL 42 QUEM É A TESTEMUNHA 42 QUEM NÃO PODE SER TESTEMUNHA 42 PROVA BÁSICA DO PROCESSO DO TRABALHO 42 EMPREGADO QUE TEM EM CURSO PROCESSO CONTRA A EMPRESA 42 PROCEDIMENTOS 43 AUSÊNCIA LEGAL: ART. 822 CLT 43 PROCEDIMENTO INDEPENDENTE DE NOTIFICAÇÃO 43 ATA DE AUDIÊNCIA 44 COMPROMISSO 44 PROVA PERICIAL 45 PREVISÃO ART. 3º, LEI Nº 5.584/70 – A CLT ADOTOU PERÍCIA POR LAUDO 45 HONORÁRIOS DE PERITO 46 MOMENTO DA PRODUÇÃO DA PROVA PERICIAL 47 OBRIGATORIEDADE DA PROVA PERICIAL: ART. 195, §2º DA CLT 47 HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA (SÚMULA 219 TST) 48 REFERÊNCIAS 49 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 49 CHAVES DE RESPOSTA 53 4 AULA 1 53 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 53 AULA 2 53 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 53 AULA 3 55 ATIVIDADE PROPOSTA 55 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 55 AULA 4 57 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 57 CONTEUDISTA 58 5 A disciplina de audiência trabalhista, definida doutrinariamente como um ato complexo, abordará os diversos conceitos e procedimentos relativos à sequência dos seus atos processuais, que integram a sistemática jurídica, visando o deslinde de um conflito travado pelas partes, por meio do processo judicial. No que concerne a disciplina de prova, serão examinados vários meios definidos pelo direito como idôneos para convencer o juiz da ocorrência ou não de determinados fatos, bem como seus diferentes tipos e procedimentos, realizados no bojo do processo para o justo cumprimento da tutela jurisidicional por parte do Estado-Juiz, por meio de uma decisão definitiva ou terminativa de mérito. Por fim, será definida a clássica distinção entre conciliação e transação, examinando os sujeitos da Relação jurídica processual e às regras a eles aplicáveis; bem como o termo de conciliação, a sua irrecorribilidade pelas partes e a natureza das parcelas envolvidas no objeto do acordo. Sendo assim, ao final desta disciplina, com base em seus objetivos: 1. O aluno deverá ser capaz de identificar os requisitos básicos de petição inicial, por via das noções gerais apresentadas; 2. O aluno deverá ser capaz de identificar os efeitos do comparecimento ou não das partes em audiência, e suas consequências; 3. O aluno deverá ser capaz de diferenciar as espécies de prova, mormente no que tange o ônus da prova e o cerceamento de defesa no caso concreto. 6 Introdução Olá, aluno! Sejam bem-vindo! Hoje é nossa primeira aula e vamos iniciar nossos estudos sobre dissídio individual do trabalho. Objetivos: 1. Estudar a fase postulatória: petição inicial, requisitos, custas. Ritos. Audiência de Conciliação, instrução e julgamento - Sequência de atos da audiência. Prática dos Tribunais. 7 Conteúdo Dissídio Individual Em termos de organização judiciária e de competência, de um modo geral, o Processo do Trabalho se divide em dissídio Individual, quando as partes envolvidas no conflito são identificadas pelo empregado e empregador, e em dissídio coletivo quando as partes são as entidades sindicais ou outras Instituições como Ministério Público do Trabalho. Noção: Fase Postulatória Petição inicial: a prestação jurisdicional depende de provocação do interessado – princípio da inércia, mas o processo se desenvolve por impulso oficial. É o instrumento pelo qual o autor exerce o seu direito ao acesso à justiça. A petição inicial é a peça inaugural do processo, sendo também denominada de “peça exordial”, “peça vestibular”, “peça de ingresso”. Na justiça do trabalho a denominação jurídica da petição inicial é reclamação trabalhista. 1. Princípios: da inércia/dispositivo ou da demanda – art. 2º CPC C/C 262 CPC e 769 DA CLT. 2. Espécies (art. 840, §§1º e 2º, CLT): designação do juiz do direito ocorre quando em uma localidade não tem vara do trabalho (§1º) verbal (arts. 786 e 731 CLT). 3. Escrita (art. 787 CLT): para a distribuição, da petição inicial, a CLT estabelece procedimento nos seguintes dispositivos legais: (art. 837, CLT), (art. 838 c/c 783 e 788, CLT), (art. 783, CLT). As reclamações serão registradas em livro próprio (arts. 784 e 785, CLT). Todavia, a partir de setembro de 2009, foi implantado o Processo Eletrônico (PJE), pelo Conselho Nacional de Justiça. A Justiça do Trabalho aderiu por meio de convênio firmado com o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e com o 8 Tribunal Superior do Trabalho (TST), os quais firmaram, por sua vez, convênios com todos os Tribunais Regionais do Trabalho. Porém, algumas Varas do Trabalho ainda estão em processo de implantação do sistema, permanecendo com o processo físico. A reclamação trabalhista poderá ser proposta pelos empregados e empregadores pessoalmente (jus postulandi), pelos sindicatos e pelo MPT (art. 839, CLT). 4. Requisitos (art. 840 CLT c/c art. 282 CPC): devem ser atendidos os requisitos da justiça do trabalho e do CPC, pois o CPC tem mais requisitos do que os citados no art. 840. O art. 840 CLT não prevê a citação do reclamado, pois é automática, feita pelo cartório. O juiz tem conhecimento do processo no dia da audiência. Também não há o protesto por produção de provas porque estas serão produzidas em audiência. Obs. 1: e o valor da causa? É fundamental para determinação de alçada: A Lei nº 5.584/1970 criou novo procedimento, criticado doutrinariamente, mas mantido pelos Tribunais, o procedimento de alçada. O valor da causa se relaciona com os ritos abaixo: Rito Sumário: a Lei nº 5.584/1970 criou o procedimento de alçada. Nesse rito, só cabe recurso por violação à Constituição, e é aplicado se o valor da causa for de até dois salários-mínimos. A lei permitiu que, se a parte não indicasse o valor, o juiz fizesse essa fixação. Rito Sumaríssimo: Lei nº 9.957/2000 (arts. 852-A ao 852-I da CLT): O valor da causa é de 40 salários-mínimos. Não traz a informação de que o juiz deve dar o valor da causa. Portanto, passou a ser necessário. Para alguns doutrinadores atualmente só existe o rito sumaríssimo e ordinário na seara justrabalhista. Rito Ordinário: rito inicial da CLT Obs.: 2: custas – art. 789, §1º: as custas serão pagas pelo vencido,após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o 9 recolhimento dentro do prazo recursal - quando o reclamante distribui a reclamação, não paga custas, para não inviabilizar o acesso à justiça. O art. 832, §2º, CLT preceitua que as custas devem sempre ser determinadas na sentença, no cômputo de 2% sobre o valor da condenação (art. 789, CLT). Quem paga à custa processual? A jurisprudência trabalhista entende que, se o empregado ganhar um pedido, o empregador deve pagar às custas, pois o art. 789 §1º não trata da procedência parcial, logo o fundamento aplicado é a hipossuficiência do empregado. Se a parte que tem interesse em recorrer, se reclamante, pelo indeferimento total do pedido ou o Reclamado pela procedência em parte, devem pagar as respectivas custas processuais, no prazo do recurso. 5. Pedido: O pedido é o objeto da ação, é um resumo do que o autor pretende receber. É o próprio mérito, é o bem da vida deduzido em juízo. Aplica-se o CPC de modo supletivo, pela omissão da CLT. 5.1 A interpretação dos pedidos é feita restritivamente (art. 293, CPC), mas os pedidos podem ser implícitos, sendo deferidos pelo juiz de ofício, como os juros legais (art. 293, CPC) e a correção monetária. 1 - O pedido deve ser certo e determinado (art. 286, CPC). 2 - O pedido pode ser genérico (art. 286, CPC). 5.2 Classificação dos pedidos: 1 - Simples ou cumulados - simples é o que contém uma única postulação. 2 - Cumulado é a cumulação de pedidos numa mesma ação. 3 - Principal e acessório – segue-se a mesma regra das obrigações principais e acessórias. 4 - Alternativo - pode ser cumprido de mais de uma forma (art. 288, CPC) 5 - Sucessivos: o primeiro pedido é prejudicial em relação ao segundo (art. 289, CPC e art. 496, CLT). 6 - Líquidos e ilíquidos. 10 7 - Pedidos cominatórios: refere-se às obrigações de fazer ou de não fazer (art. 287, CPC). Atenção: no procedimento sumaríssimo o pedido há de ser necessariamente líquido (852-B, CLT). Sob pena de extinção sem resolução do mérito (§1º, 852-B, CLT). 6. A petição inicial apócrifa: é tida como inexistente no processo do trabalho. Juiz, verificando a ausência de assinatura, deve determinar a intimação da parte para que corrija a inicial, no prazo determinado. 7. Valor da causa: apesar de haver controvérsia a respeito do valor da causa, parte da doutrina entende que é obrigatório apenas para as causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo (art. 852-A e 852-B), nos outros procedimentos, se não indicado o valor da causa o juiz deve, de ofício, fixá-lo (p. ex.: art. 2º, Lei 5584/70). 8. Da citação: nomenclatura - a doutrina chama de notificação citatória. Se necessário alterar a petição inicial por emenda ou aditamento, deve ser procedido tal ato antes da citação (art. 264, CPC c\c art. 769, CLT). No processo trabalhista a citação é feita pelo Diretor de Secretaria (art. 841, CLT). Citação automática, independentemente de requerimento. Na seara trabalhista a citação se aperfeiçoa com o comparecimento das partes em audiência, oportunidade em que o réu apresentará sua defesa. Por isso, o entendimento é que o requerimento do Reclamante para alteração da inicial seja deferida, pelo magistrado, até a hora da audiência, isto é, antes da leitura ou entrega da contestação ao advogado do autor, por ausência na Justiça do Trabalho de momento específico de saneamento do processo. De todo modo, a audiência será adiada para que o Réu tenha oportunidade de impugnar os novos fatos alegados pelo autor, mas isso se ocorrer modificação 11 substancial em sua defesa, a fim de respeitar o princípio da ampla defesa e do contraditório, mas sempre resguardando a celeridade e economia processual. 8.1 Espécies: 1. Citação postal (default): art. 841, §1º CLT, art. 774, § único CLT, Súmula nº 16 TST. Se não ocorrer, a citação será feita por edital: 2. Citação por edital: art. 841, §1º CLT 3. Citação por oficial de justiça: art. 880, §2º CLT. a. Para o início da execução b. Fora do alcance do serviço postal: apesar de não prevista em lei, os juízes em muitos casos autorizam a citação por oficial de justiça quando encontra-se dificuldades na citação postal (quando se observa que criam obstáculos, se for difícil de encontrar a pessoa). Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento Sequência de Atos: audiência de conciliação, instrução e julgamento. Audiência: audiência é o ato determinado pelo juiz para conhecer, instruir e julgar dissídio individual de sua competência. É um ato concentrador. A audiência de instrução e julgamento pauta pela celeridade processual e oralidade dos atos. No processo do trabalho, as audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho são públicas e realizadas na sede do juízo ou Tribunal, em dias úteis, entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar 5 horas seguidas, salvo matéria urgente. Em casos excepcionais poderá ser designado outro local para as audiências, desde que se faça tal comunicado com antecedência de 24 horas. A publicidade dos atos processuais está assegurada no art. 93, IX, ressalvados os casos excepcionais legalmente previstos. Nos moldes do art. 849 da CLT, a audiência trabalhista é única, mas não impede a sua subdivisão, no caso de força maior. Desta forma, a audiência trabalhista é um ato complexo do processo, cujo objetivo maior é o comparecimento das partes para que se reconciliem, mediante concessões mútuas. Mas, não sendo 12 possível a conciliação, inicia-se a instrução do processo, com a produção de provas documentais e pericias interrogatório das partes e testemunhas. Audiência de conciliação (art. 846, §§ 1° e 2§, da CLT) É destinada apenas à tentativa de conciliação, impondo ao juiz que promova a tentativa de conciliação no início e final da instrução do processo, inclusive em qualquer fase processual. O termo lavrado valerá como decisão irrecorrível (Súmula 259, TST). Vale lembrar que o princípio da conciliação é inerente ao Processo do Trabalho. Assim, o juiz deverá proceder à tentativa de conciliação do conflito no início e ao final da audiência, sob pena de nulidade dos atos praticados em audiência (art. 831, CLT). Apresentação da defesa (art. 847 CLT) Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (art. 799, CLT). Na contestação compete ao réu alegar, toda a matéria defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir (art. 300, CPC). Deve ser assinada por advogado com procuração nos autos. Na contestação deve constar toda a matéria de defesa (princípio da eventualidade ou da concentração). Aplica-se no processo do trabalho o art. 302, do CPC, pois o réu deve manifestar-se precisamente sobre todos os fatos narrados na petição inicial (ônus da impugnação especificada dos fatos ou não admissão da defesa por negativa geral), presumindo-se verdadeiros aqueles que não forem impugnados, mas essa veracidade dos fatos pode ser afastada por prova em sentido contrário existente nos autos (juris tantum). Depoimento das partes (art. 848 CLT) O procedimento probatório comporta diversas fases (arts. 846, 847 e 848 da CLT). Assim, encerrada a audiência de conciliação, com a apresentação da resposta do réu, terá início à instrução, que a fase destinada à produção da prova dos fatos 13 controversos. Não há necessidade de o juiz do trabalho fixaros pontos controvertidos logo de início, ficando a critério. Portanto, terminada a defesa, inicia- se a instrução do processo, podendo o juiz, de ofício, interrogar as partes. O interrogatório é uma faculdade do juiz às partes cabe requerer o depoimento pessoal da outra (art. 880, CLT - arts. 342 e 343 do CPC). Depoimento de testemunhas (arts. 820/821 CLT), peritos e assistentes técnicos, se necessário (art. 848, §2º CLT) Alegações finais (art. 85º e 851, ambos da CLT): terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. Pelo princípio da oralidade não é obrigatória consignar em ata o debate trazido nessa fase pelas partes, por se tratar de uma faculdade. Tentativa final de conciliação (art. 850 CLT): no caso do rito sumaríssimo, a proposta conciliatória será realizada na forma do art. 852-E da CLT. Sentença: os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos (art. 126, CPC). A Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa, pois implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 do CPC. O conceito legal ora exposto é aplicável subsidiariamente no Processo do Trabalho. As sentenças são classificadas (i) Sentença declaratória – é aquela que se encerra em uma declaração de existência ou inexistência de uma relação jurídica. (ii) Sentença constitutiva – tem como efeito criar, modificar ou extinguir a relação, alterando uma determinada situação jurídica. (iii) Sentença condenatória - impõe ao réu uma condenação de dar, de fazer ou de não fazer, conforme o objeto da pretensão. 14 Limites da sentença É defeso ao juiz, ressalvados alguns casos especiais, decidir acima, fora ou aquém dos limites da lide, ou seja, do pedido. Daí falar-se em proibição de julgamentos ultra petita, extra petita ou citra petita (arts. 460 e 128 CPC c/c 769, CLT). Devem-se observar as exceções legais. Elementos da sentença: nome das partes; resumo do pedido e da defesa; apreciação das provas; fundamentos da decisão e conclusão (art. 832, CLT). Relatório - sentença sem relatório > nula de pleno direito (art. 832, CLT c/c art. 458, I, CPC). O procedimento sumaríssimo dispensa o relatório (852-I). Fundamentação: são as razões de decidir do juiz - art. 93, IX, CRFB/88. Dispositivo – é a conclusão, ou seja, a parte final da sentença, a qual transita em julgado. Intimação da sentença Art. 852, CLT - partes serão intimadas da sentença na própria audiência (art. 841, §1º, CLT). Ata de audiência Deve ser juntada em 48 horas. Se não for observado o prazo para juntada, as partes serão novamente intimadas da sentença. Súmula nº 30, TST: INTIMAÇÃO DA SENTENÇA (mantida) - Res. Nº 121/2003, DJ, 19, 20 e 21 nov. 2003 - quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento (art. 851, § 2º, da CLT), o prazo para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença. Coisa julgada: a doutrina a define como a qualidade conferida à sentença judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível. O fundamento da coisa julgada reside na segurança nas relações jurídicas e pacificação dos conflitos. 15 Prática dos Tribunais Audiência inicial (conciliação) – se não tiver acordo, junta a defesa, intima as partes e marca nova data (fases 1 e 2) Prosseguimento ou instrução – fases 3 a 6 Sentença. Material complementar Leia o capítulo XIII do livro: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. Faça os exercícios propostos e estude os gabaritos, eles complementam a aula. Avalie se você assimilou o conteúdo proposto. Referências PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo de conhecimento. 5. ed. São Paulo: LTr. 16 Exercícios de fixação Questão 1 Considere as assertivas abaixo a respeito do termo lavrado na audiência de conciliação. I. É decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social. II. Deverá sempre indicar a natureza jurídica das parcelas, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso. III. Passa a ser título executivo judicial. É correto o que se afirma em: a) I, II e III. b) I, apenas c) III, apenas d) II, apenas e) I e II, apenas 17 Questão 2 Hércules, após quatro anos de contrato de trabalho com a empresa Alfa Beta Engenharia, foi dispensado sem receber saldo salarial e verbas da rescisão. Ajuizou reclamação trabalhista, sendo designada audiência UNA (conciliação, instrução e julgamento) após dois meses da distribuição da ação. Ocorre que Hércules sofreu acidente na véspera da audiência, ficando hospitalizado e, portanto, impossibilitado de se locomover até a Vara do Trabalho. Com base nas normas previstas em lei trabalhista, nessa situação: a) o advogado de Hércules fará toda a sua assistência em audiência, inclusive com poderes para depor pelo reclamante e realizar demais atos processuais. b) o reclamante Hércules poderá fazer-se representar na audiência por outro empregado que pertença à mesma profissão ou pelo Sindicato Profissional. c) o processo será arquivado ante a ausência do reclamante, que poderá ajuizar novamente a demanda quando estiver em condições plenas de saúde. d) a lei processual trabalhista não prevê a hipótese de substituição de empregado reclamante ausente, razão pela qual fica a critério do Juiz adiar a audiência ou arquivar o processo. e) a esposa, companheira ou algum parente até o terceiro grau poderão representar o trabalhador ausente com amplos poderes para inclusive prestar depoimento pelo reclamante. 18 Questão 3 Quanto à prova testemunhal no processo do trabalho, é correto afirmar que se diferenciam o rito ordinário e o rito sumaríssimo por que: a) no rito sumaríssimo só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. b) no rito ordinário limita-se a três testemunhas para cada fato e no rito sumaríssimo limita-se a duas para cada parte. c) no rito ordinário limita-se a duas testemunhas para cada fato e no rito sumaríssimo limita-se a duas para cada parte. d) no rito sumaríssimo não há que se falar em condução coercitiva de testemunha. e) em ambos os ritos a limitação do número de testemunhas dá-se em função da matéria debatida, até o limite máximo de três para cada parte. Questão 4 Sobre as audiências trabalhistas, com base nas normas aplicáveis, é correto afirmar: a) As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz, não podendo ser reinquiridas a requerimento das partes ou advogados. b) O juiz, à hora marcada, declarará aberta a audiência, sendo feitapelo chefe de secretaria ou escrivão a chamada das partes, havendo uma tolerância de até 15 minutos após a hora marcada. c) Estas serão públicas e realizar-se-ão em dias úteis, entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar 5 horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente. d) A ausência injustificada do reclamante ou de seu advogado à audiência importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. e) O reclamante e o reclamado deverão estar presentes pessoalmente, independentemente do comparecimento de seus advogados, não podendo ser substituídos ou representados neste ato processual. 19 Questão 5 Maria ajuizou reclamação trabalhista em face da empresa DEDE. João, proprietário da empresa, cientificado da respectiva reclamação, contratou advogado na véspera da data designada para a realização da audiência, em que será obedecido o procedimento ordinário. O advogado advertiu João de que teria que apresentar defesa oral em razão da proximidade da contratação. Neste caso, de acordo com a CLT, o advogado a) não poderá apresentar defesa oral em razão do procedimento ordinário da respectiva reclamação trabalhista. Poderá apresentar defesa oral e terá o prazo de 20 minutos para aduzir sua defesa. b) poderá apresentar defesa oral e terá o prazo de 10 minutos para aduzir sua defesa. c) não poderá apresentar defesa oral por expressa disposição legal, independentemente do procedimento adotado pela ação reclamatória. d) poderá apresentar defesa oral e terá o prazo de 30 minutos para aduzir sua defesa. 20 Introdução Olá, aluno! Seja bem- vindo! Hoje é nossa segunda aula e vamos continuar nossos estudos sobre dissídio individual. Objetivos: 1. As partes na audiência: comparecimento das partes. Arquivamento, revelia, confissão. Representação do empregado e do empregador. 21 Conteúdo Dissídio Individual Aspectos gerais e especiais da audiência e presença das partes. 1. Audiência Contínua (art. 849 CLT): se não for possível concluir a audiência por motivo de força maior, marca-se para a primeira data possível, independentemente de notificação, pois as partes são intimadas na própria audiência para a data seguinte. Hoje o fracionamento é realizado em função do grande volume de processos. 2. Presença das Partes à Audiência Comparecimento obrigatório das partes (art. 843 CLT): regra geral. A CLT, no entanto, permite a representação das partes: 3. Representação do empregador (art. 843, §1º CLT, Súmula nº 377 TST). De acordo com a lei, o empregador pode indicar preposto que tenha conhecimento do fato, mas se o preposto fizer alguma declaração indevida, a responsabilidade será do empregador. Ou seja, o preposto não pode comparecer à audiência e dizer que não sabe nada. Se não tiver conhecimento dos fatos, isso é uma confissão ficta, presumida dos fatos declarados pela outra parte. O preposto não presta compromisso com o juízo para dizer a verdade. O representante do empregador pode prestar depoimento no seu nome, quer dizer, a representação é ampla. Segundo a Súmula do TST, o preposto deve ser empregado da empresa. As partes são qualificadas, nos moldes das informações dadas pelo reclamante (em conjunto com os documentos fornecidos e que se referem ao caso, como CTPS, recibo de salário, TRCT, extrato do FGTS e outros). Em relação à Reclamada Litisconsórcio passivo: grupos de empresas, empreitada, terceirização (S. 331 TST), subempreitada (art. 455, CLT). 22 Sócios: fase conhecimento – (exceção - art. 2º CLT) – fase de execução – desconsideração da personalidade jurídica (arts. 50 CC e 28 CDC). Massa falida: deve indicar o nome do administrador judicial e endereço. Mencionar a razão social da empresa precedida de Massa falida de... (Lei nº 11.101/2005 – art. 12, III, CPC); Reclamado falecido: o nome deve preceder de: Espólio de... 4. Representação do empregado (art. 843, §2º, CLT e art. 844, parágrafo único, CLT): aquela representa o empregado não presta depoimento. O mais comum é tentar ter a audiência tirada de pauta há tempo. 4.1 Trata-se de modalidade de representação limitada, destinada, tão somente, a evitar a penalidade resultante da ausência injustificada. 5. Do não comparecimento das partes e suas consequências 5.1 Reclamante: arquivamento (art. 844 e 732 da CLT e Súmula nº 268, TST). A natureza do arquivamento é de extinção do processo sem julgamento do mérito. O empregado pode entrar novamente com a reclamação. Se o reclamante faltar a duas reclamações por arquivamento será penalizado, só podendo entrar com a reclamação seis meses depois. Reclamado: revelia e confissão quanto à matéria de fato (art. 844, CLT, Súmula nº 122, TST). Parte da doutrina entende que, estando presente o advogado da parte, não se considera o reclamado revel, pois o animus de se defender está presente. O TST não entende assim, conforme a Súmula nº 122. Art. 861 - É facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e por cujas declarações será sempre responsável. Súmula nº 377 do TST PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação) - Res. nº 146/2008, DJ, 28 abr. 2008, 02 e 05 maio 2008. Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou 23 pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, §1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Obs.: se foi adiado o prosseguimento e marcada para nova data a audiência, incorre a confissão de qualquer das partes que faltarem – Súmulas nºs 9 e 74 TST. Não é porque houve confissão que será julgado improcedente o pedido. 6. O jus postulandi – previsão: art. 791, CLT (facultativo) Pela CLT, a parte detém os ius postulandi, para facilitar o acesso ao Poder Judiciário. 6.1 Controvérsia acerca do art. 133 da CF/88: o advogado é indispensável à administração da justiça, nos limites da lei, ou seja, o texto constitucional admitiu a restrição da regra pelas normas infraconstitucionais. Entretanto, vários autores entendiam que o art. 791 CLT havia sido revogado. 6.2 Interpretação do TST – Súmula nº 425: não se limitou à interpretação literal da CLT. O TST considerou que deveria haver uma atenuação do art. 791 CLT porque alguns atos a parte não consegue realizar sozinha. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791, CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Obs.: honorários advocatícios de sucumbência – súmulas nºs 219 (nova redação dada pela Resolução nº 174 TST) e 329 TST: honorários de sucumbência, em regra, não são devidos. As exceções estão na Súmula nº 219 TST: se a parte estiver sendo representada por sindicato e for hipossuficiente, em ação rescisória, quando o ente sindical figura como substituto processual e se as lides não derivarem da relação de emprego. 24 7. Assistência judiciária: art. 14 da Lei nº 5.584/70. Como não há previsão de defensoria, quem presta assistência é o sindicato de classe. Material complementar Leia o capítulo XIII do livro: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. Acesse aBiblioteca Virtual e leia a reportagem: Adriano vai a Fórum para audiência contra o Corinthians. Referências LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo: Atlas, 2012. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2009. v. I e II. 25 Exercícios de fixação Questão 1 Em se tratando de dissídio individual, a norma processual trabalhista prevê, como regra, a realização de audiência una, ou seja, em um determinado ato processual será realizada a tentativa de conciliação, a instrução processual e o julgamento. Nesse sentido, a) terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, sendo ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver, e após será efetuado o interrogatório dos litigantes. b) caso o reclamante não compareça na audiência inaugural, mesmo presente seu advogado, deverá necessariamente ser adiada a sessão. c) é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, mas cujas declarações não obrigarão o proponente. d) aberta a audiência, o Juiz proporá a conciliação, sendo que se não houver acordo, o reclamado poderá apresentar defesa oral no tempo máximo de 10 (dez) minutos. e) deverão estar presentes o reclamante e o reclamado na audiência de julgamento, independentemente do comparecimento de seus representantes. 26 Questão 2 Assinale a alternativa INCORRETA. a) Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. b) Na audiência, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o preponente. c) Na audiência inicial, não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa. d) A reclamação trabalhista do menor de 16 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo. e) No procedimento sumaríssimo, não se fará a citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado. 27 Questão 3 Assinale a alternativa INCORRETA. a) Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. b) Na audiência, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o preponente. c) Na audiência inicial, não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa. d) A reclamação trabalhista do menor de 16 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo. e) No procedimento sumaríssimo, não se fará a citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado. 28 Questão 4 Em se tratando de dissídio individual, a norma processual trabalhista prevê, como regra, a realização de audiência una, ou seja, em um determinado ato processual será realizada a tentativa de conciliação, a instrução processual e o julgamento. Nesse sentido, a) terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, sendo ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver, e após será efetuado o interrogatório dos litigantes. b) Caso o reclamante não compareça na audiência inaugural, mesmo presente seu advogado, deverá necessariamente ser adiada a sessão. c) é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, mas cujas declarações não obrigarão o proponente. d) Aberta a audiência, o Juiz proporá a conciliação, sendo que se não houver acordo, o reclamado poderá apresentar defesa oral no tempo máximo de 10 (dez) minutos. e) Deverão estar presentes o reclamante e o reclamado na audiência de julgamento, independentemente do comparecimento de seus representantes. 29 Questão 5 Conforme legislação específica em relação às audiências trabalhistas, o comparecimento das partes e as consequências de suas ausências, é INCORRETO afirmar: a) As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas como regra, sendo que o juiz manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem. b) Nas audiências trabalhistas é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. c) Se por doença ou qualquer outro motivo, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente na audiência, poderá fazer- se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. d) O não comparecimento do reclamado à primeira audiência designada como una importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. e) O não comparecimento do reclamante à primeira audiência designada como una importa na confissão quanto à matéria fática, não ocorrendo o arquivamento da ação. 30 Introdução Olá, aluno! Seja bem-vindo! Hoje é nossa terceira aula e vamos iniciar nossos estudos sobre produção de provas no Processo do Trabalho. Objetivos: 1. Identificar os meios de provas admitidas no Processo do Trabalho. 31 Conteúdo Produção de Provas no Processo do Trabalho Conceito de prova: é o meio pelo qual as partes buscam fixar a convicção do juízo acerca dos fatos e fundamentos do processo. Objeto de prova – o que será objeto de prova no processo do trabalho? Serão objeto de prova fatos e normas Dos fatos: com relação aos fatos, aplica-se o art. 334 do CPC c/c art. 769 da CLT. Em resumo, serão objeto de prova os fatos controvertidos. Das normas: O art. 337 do CPC é aplicável ao processo do trabalho. Somado a isso, deverão ser juntados aos autos as convenções e acordos coletivos e as sentenças “normativas” (art. 872, parágrafo único CLT). Se houver pedido no processo originado de convenções e acordo coletivo é necessário à juntada destes. Embora o art. 872, parágrafo único, da CLT, refira-se apenas à sentença normativa, a jurisprudência entende que a regra deve ser aplicada, também, aos acordos e convenções. Ônus da prova no processo do trabalho (art. 818 CLT c/c art. 333 CPC) A CLT estabelece no art. 818 que, em regra, quem alegou deve provar. A doutrina entende que o art. 818 da CLT é insuficiente para o processo do trabalho, pois há situações nas quais ambas as partes fazem alegações. Identificar de quem seria o encargo da produção de prova é impossível. Assim sendo, entende a corrente majoritária que o art. 818 da CLT deve seraplicado “em conjunto” com a lógica do art. 333 do CPC. Assim, caberá ao autor provar o fato constitutivo do direito. E, ao réu, cabe a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito. 32 Corrente minoritária entende que se deve inverter o ônus da prova na esfera trabalhista conforme art. 6º do CDC. Entende essa corrente que o empregador é detentor das provas documentais do contrato, logo, tem o ônus de provar. Os tribunais têm invertido o ônus da prova na esfera trabalhista em casos específicos. Isso porque, na verdade, a desigualdade entre as partes pode ser atenuada através do instituto da exibição do documento em juízo, conforme art. 355 do CPC. Caso a parte não exiba a documentação, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar (art. 359, CPC). Tendo em vista que a produção de prova também se relaciona com algumas presunções do direito material, destacam-se as seguintes Súmulas acerca do tema: Súmulas nºs 6, VIII; 212, 16, 43, 74, 338, todas do TST). A jurisprudência trabalhista vem mitigando a rigidez das normas acima citadas, passando a admitir a inversão do ônus da prova. Súmula nº 338, TST. Inclusive, com fundamento no princípio da aptidão para a prova, segundo o qual o encargo de produzir a prova deve ser atribuído a quem tem os meios para fazê-lo, independentemente de se tratar de fato constitutivo, modificativo, impeditivo ou extintivo do direito da parte. • prova do término da relação de emprego – Súmula nº 212, TST – compete ao empregador – princípio da continuidade da relação de emprego. • ônus da prova atinente à equiparação salarial – Súmula nº 6, TST – é do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial. Obs.: ônus de provar horas extras – é do empregado, excepcionada a hipótese da Súmula nº 338, I, II, III, TST. No que concerne à inversão do ônus da prova, vale mencionarmos a inversão judicial do ônus da prova prevista no artigo 6º, VIII, da Lei nº 8.078/1990, que autoriza o 33 juiz inverter o ônus da prova em favor do consumidor, com base em sua verossímil alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. Esse critério concedido por lei ao juiz reside no fato de facilitar o direito do hipossuficiente, uma vez transfere para a parte contrária o ônus da prova, que inicialmente caberia ao autor. Apesar de ainda haver celeumas em torno da questão, de um modo geral os juslaboralistas consideram compatível o referido dispositivo legal com as regras que regulam o processo do trabalho, haja vista a omissão da CLT no trato da matéria. Nesse diapasão, merece destaque a lição de Cândido Rangel Dinamarco1 a respeito da matéria, a saber: “inversão judicial do ônus da prova é a alteração do disposto em regras legais responsáveis pela distribuição deste, por decisão do juiz no momento de proferir a sentença de mérito”. Provas em espécie: Art. 818 - CLT; Art. 819 - CLT; Art. 821 - CLT; Art. 823 - CLT; Art. 824 - CLT; Art. 829 - CLT; Art. 333, I, II, CPC; Art. 405, p. 4º, CPC; Art. 6º - CDC. Meios de provas: Todas em direito permitidas. • Documental 1 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 79. v. III. 34 • Depoimento pessoal • Testemunhal • Pericial • Inspeção judicial Informante = valoração da informação pelo juiz, em relação ao conjunto probatório. Art. 405, parágrafo 4º - CPC. Princípio da persuasão racional do juiz Deve motivar a sua decisão, a fim de dar conhecimento às partes e à sociedade das razões as quais o levaram a tomar tal decisão (art. 93, IX, CRFB/88), sob pena de nulidade do ato processual. Fato negativo: no caso de negativa geral, tradicionalmente, não havia necessidade de fazer provar. Atualmente, deve ser provado, pois na verdade há um fato positivo inverso. Ex.: aquele que alega a inexistência de vínculo de emprego com o Reclamante deve fazer prova de suas alegações – OJ nº 212 TST. Ex.: Se a empresa alega que o empregado não fez horas extras porque cumpriu o horário legal, deve fazer prova de tal alegação. Em relação aos fatos negativos, a doutrina aponta para a prova diabólica, que é aquela impossível ou muito difícil de ser demonstrada pela parte, principalmente em relação ao empregado, mormente quando se trata de fato negativo indeterminado. A jurisprudência predominante, por meio da Súmula nº 254 do TST traz um dos diversos exemplos de fatos que ocorrem no dia a dia das relações de trabalho, que é a comprovação da entrega da certidão de nascimento de filho por parte do empregado e o empregador se recusou a recebê-la, o qual é considerado, pela doutrina, como fato negativo indeterminado que dificulta o trabalhador de demonstrar o seu direito em juízo, isto é, o de lograr êxito em seu pleito, referente 35 ao pagamento de salário-família, pela dificuldade de demonstrar a veracidade de suas alegações, pela sua hipossuficiência de produzir as provas necessárias. Fatos incontroversos: Há estabilidade e equilíbrio da litiscontestação, razão pela qual não precisa ser provado. Depoimento pessoal Previsto nos arts. 848 CLT c/c art. 820 CLT. É prestado pelas partes em audiência. Alguns autores entendem que ouvir o depoimento das partes é prerrogativa do juiz. Na prática, essa divergência foi ultrapassada, pois tanto o juiz ouve depoimento da parte de ofício quanto há requerimento de qualquer das partes. O depoimento é prestado com a finalidade de tentar extrair a confissão das partes. Confissão I. Real ou concreta: é aquela em que a parte declara efetivamente o que está sendo indagado. É a mãe de todas as provas. Prevalecerá pelo que será declarado pelas testemunhas. Pode ser confissão do preposto. II. Ficta ou presumida (Súmula nº 74 TST): ocorre em razão do silêncio da parte, por não responder ou por não comparecer à audiência. O preposto deve ter conhecimento do fato segundo a CLT, senão não pode ser preposto. Se ele não sabe as respostas para as perguntas que lhe são feitas, presumem- se verdadeiros os fatos alegados pela outra parte. Súmula 74 A súmula nº 74 teve sua redação ampliada para esclarecer os efeitos dessa confissão. Em caso de fracionamento de audiência, se na “audiência de instrução” alguma das partes não aparecer, resta caracterizada a confissão ficta. O juiz julgará os pedidos de acordo com o princípio da unidade. Assim, a despeito da confissão ficta, podem existir no processo elementos que indiquem o contrário da confissão 36 feita. Imagine-se, à guisa de exemplo, empregado que pede indenização por doença laboral, a empresa é confessa. Quando o juiz vai julgar depara-se com laudo demonstrando que a doença era preexistente. A confissão, assim, deverá ser apreciada em conjunto com a prova pré-constituída. Prova documental Noção: corresponde aos registros físicos dos fatos do processo. Pode ser contracheque, cartão de ponto, fotografia etc. Juntada: art. 787 c/c 845 da CLT – o momento é com a petição inicial. Quanto à documentação do reclamado, a doutrina entende que deve ser juntada com a defesa. Juntada posterior: art. 397 do CPC – trata da juntada posterior quando acontecem fatos novos. Serve para documentos ou fatos. Na esfera trabalhista, pode ocorrer, por exemplo, para provar o nascimento de um bebê delimitando operíodo da estabilidade. Forma: art. 830 da CLT (alterado em 2009): O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos. 37 Material complementar TRT-6 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 709242010506 PE 0000709-24.2010.5.06.0412 (TRT-6). TST - RECURSO DE REVISTA RR 1740009120055020011 174000-91.2005.5.02.0011 (TST) Leia o capítulo XIII do livro: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr. Leia o artigo A inversão do ônus da prova no processo do trabalho disponível em nossa Biblioteca Virtual. Atividade Proposta 1 - João postulou Reclamação trabalhista em face da sua ex-empregadora, a empresa XGX, postulando o pagamento de vale-transporte no período trabalhado entre 01.02.2013 a 14.02.2014, relativo ao percurso casa-trabalho e trabalho-casa, de segunda a sexta-feira, totalizando, por dia, a quantia de R$5,00, tendo em vista que fazia uso de trem urbano. Informa, ainda, em que pese ter solicitado e assinado no ato de sua admissão declaração requerendo o aludido benefício, a reclamada não lhe forneceu a cópia de tal documento, razão pela qual está impossibilitado de produzir a referida prova documental. Por outro lado, a Reclamada contesta tal pedido, pugnando pela sua improcedência, alegando em suas razões que o reclamante João não se desincumbiu de provar os fatos alegados, ou seja, que requereu o vale-transporte no ato de sua admissão, já que o fato constitutivo do direito do autor cabe a ele (art. 333, I, CPC c/c art. 818, CLT), não havendo de se falar, na hipótese, de inversão do ônus da prova. Indaga- se: Qual é o seu posicionamento jurídico a respeito do caso? Fundamente. 38 Referências LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2013. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2007. PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo de conhecimento. 5. ed. São Paulo: LTr, 2000. Exercícios de fixação Questão 1 Conforme previsão legal e jurisprudência sumulada do TST, em relação às audiências trabalhistas, é correto afirmar: a) A ausência do reclamante, quando adiada a instrução depois de contestada a ação em audiência, importa arquivamento do processo. b) Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto em audiência deve ser necessariamente empregado do reclamado. c) Não se aplica a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor desde que esteja presente o seu advogado. d) Aberta a audiência, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa oral ou apresentá-la por escrito e, em seguida, o juiz proporá a conciliação. e) Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, devendo o juiz, ex officio, interrogar os litigantes, sob pena de nulidade, sendo que findo o interrogatório não poderão os litigantes retirar-se, até o término da instrução com a oitiva de testemunhas. 39 Questão 2 A empresa Deuses do Olimpo Produções S/A foi citada para responder reclamatória trabalhista que tramita pelo procedimento ordinário e comparecer à audiência UMA (conciliação, instrução e julgamento), designada trinta dias após a sua notificação. Entretanto, o representante legal da empresa reclamada, por mero esquecimento, não compareceu à audiência designada. O reclamante compareceu à audiência sem a presença de seu advogado. O advogado da reclamada, presente em audiência, pretendeu apresentar defesa oral. Nessa situação, com fundamento na lei e em jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho – TST, o Juiz deverá: a) arquivar a reclamatória diante da ausência de uma das partes e do advogado do reclamante, tendo em vista que este não pode atuar pessoalmente na Justiça do Trabalho. b) adiar a audiência para outra data, possibilitando o comparecimento do advogado do reclamante e do representante legal da reclamada c) permitir ao patrono da empresa a apresentação de defesa oral e adiar a audiência para que o advogado do reclamante tome ciência da defesa e apresente réplica nos autos. d) aplicar a revelia e consequente confissão quanto à matéria de fato à reclamada ausente, não permitindo que seu advogado apresente defesa oral diante do motivo da ausência não ser relevante e prosseguir com o processo sem adiar a audiência. e) autorizar que o patrono da reclamada apresente defesa por escrito em 15 dias diretamente no protocolo da Secretaria da Vara e adiar a audiência para nova data. 40 Questão 3 No que tange aos dissídios individuais, assinale a opção correta. a) A notificação é realizada em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, deverá ser realizada notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar expediente forense, ou, na falta afixada na sede da junta ou juízo. b) Na audiência de julgamento, deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, necessariamente acompanhados de seus advogados. Nos casos de reclamatórias plúrimas ou ações de cumprimento, os empregados podem ser representados pelo sindicato de sua categoria. c) A reclamação trabalhista pode ser ajuizada apenas pelo empregado. d) A reclamação trabalhista não pode ser apresentada por intermédio das procuradorias da justiça do trabalho. e) A notificação será sempre realizada por meio de mandado. Questão 4 Conforme a jurisprudência pacífica do TST sobre ônus da prova: a) O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negado o despedimento, é do empregado. b) A não apresentação injustificada dos controles de frequência pelo empregador que tem mais de dez empregados gera presunção absoluta de veracidade da jornada alegada na inicial. c) A presunção de veracidade da jornada de trabalho, salvo se prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. d) Os controles de jornada com horários invariáveis são imprestáveis como meio de prova, devendo, porém, o empregado alegar a nulidade dos mesmos, sob pena de serem considerados válidos. e) A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. 41 Introdução Olá, aluno! Seja bem-vindo! Hoje é nossa quarta aula e vamos iniciar nossos estudos sobre prova testemunhal e pericial Objetivos: 1. Apresentar as noções de prova testemunhal, a condição para ser testemunha, bem como a substituição de testemunha no processo do Trabalho, além do estudo da prova técnica pericial, a sua colocação na instrução, os prazos legais e a aplicação subsidiária do CPC sobre a matéria no Processo do Trabalho. 42 Conteúdo Prova testemunhal Noção: É a prova mais importante e a mais utilizada no processo do trabalho até por força do princípio da primazia da realidade. Contudo, a doutrina afirma tratar-se de meio de prova mais inseguro, tendo em vista a subjetividadedos relatos das testemunhas, cabendo ao juiz à valoração e autenticidade dos depoimentos, os quais constituem elementos para a formação de sua convicção, nos moldes do art. 131 do CPC. Quem é a testemunha Será o terceiro neutro que presenciou o fato. Testemunha presta compromisso e responde por falso testemunho, as partes não. Porém, estas tem o dever de participar do processo com ética e princípios morais. Quem não pode ser testemunha Parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes - art. 829 da CLT e 405 CPC c/c art. 1591 a 1595 do CCB. Os incapazes, impedidas ou suspeitas. Essas pessoas não prestarão compromisso, serão considerados informantes (art. 228, CCB).2 Prova básica do Processo do Trabalho A testemunha serve para auxiliar o poder judiciário, portanto, presta um serviço fundamental ao Estado-Juiz na busca da verdade real. Empregado que tem em curso processo contra a empresa Súmula 357 do TST. Não torna suspeita a testemunha. Os juízes não admitem troca de favores, ou seja, a prestar depoimento para B e B prestar depoimento para A. Para configurar ainda mais a suspeição a jurisprudência aponta para a hipótese da 43 existência de processo cuja testemunha e Reclamante são patrocinadas por um único advogado. Procedimentos Número de testemunhas: art. 821 da CLT (no rito ordinário, cada parte não pode indicar mais de 3 testemunhas ou, no caso de inquérito para justa causa, máximo de 6), art. 852-H CLT (no rito sumaríssimo, a lei prevê 2 testemunhas para cada parte). Em relação aos litisconsortes, pelo princípio da razoabilidade, é possível haver uma mitigação do número de testemunhas, quando os interesses forem conflituosos. Ademais, o magistrado é o destinatário da prova, e pelo princípio inquisitivo poderá determinar a intimação de pessoas mencionadas no momento da instrução pelas partes ou pelas testemunhas, cuja oitiva seja essencial para o deslinde da controversa, na qualidade de “testemunhas do Juízo”, conforme art. 418, I, do CPC c/c art. 769 CLT Ausência legal: art. 822 CLT Aquele que comparece para depor não pode sofrer qualquer desconto no salário pelo período que está à disposição. Na ressalva que a vara fornece há o horário da audiência. Procedimento independente de notificação Art. 825 caput e parágrafo único da CLT, art. 852-H, §§3º e 4º CLT (rito sumaríssimo). Não é necessária notificação ou intimação para comparecimento da testemunha à audiência. Mas, se a testemunha não comparecer espontaneamente, quando convidada pela parte interessada, será intimada de ofício pelo juiz ou a requerimento da parte, mas esta terá que provar que a convidou, sob o risco de perda da prova. Contudo, reiterada a ausência da testemunha esta poderá ser conduzida coercitivamente e sujeita a pagamento de multa (art. 730, CLT). Os dispositivos acima são normas restritivas de direito, assim, em relação ao rito 44 ordinário ou sumário, há julgados afastando essa comprovação, sendo aceitável apenas a simples afirmação, em Juízo, de tal providência pela parte. Mas, pelo princípio da celeridade, alguns magistrados exigem tal prova, antes da intimação da testemunha, sob pena de preclusão da produção da prova. Peculiaridades: no Processo do Trabalho cabe a substituição de testemunhas, mesmo que arroladas previamente, sem as formalidades do art. 408 do CPC: trata-se da substituição de testemunhas após o término do prazo de cinco dias para apresentação do rol, pois no Processo do Trabalho não há obrigatoriedade de apresentação do rol (arts. 825 e 845 da CLT). Ata de audiência No procedimento sumaríssimo os depoimentos das testemunhas serão registrados resumidamente (art. 852-F-CLT). Já no procedimento ordinário serão resumidos pelo juiz e deduzidos a termo (art. 828, CLT). No Sumário é dispensado o resumo dos depoimentos, constando apenas a conclusão do juiz quanto à matéria de fato (art. 2º, §3º, Lei nº 5.584/1970). O depoimento de uma testemunha não pode ser ouvido pelas demais que irão depor no processo (art. 824, CLT). Assim, como não consta uma exigência na CLT de observância da ordem de depoimento, aplica-se subsidiariamente o art. 413 do CPC c/c art. 769 da CLT. Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as do autor e depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o depoimento das outras. ATENÇÃO: interprete, nomeado pelo juiz, fará a tradução do depoimento das testemunhas que não souberem falar a língua nacional (art. 819, CLT). Compromisso Antes de a testemunha prestar depoimento deve ser qualificado, por meio de seus documentos pessoais, e, tão logo, prestar o compromisso legal de dizer a verdade 45 sobre o que lhe for perguntado. Caso não observe tais preceitos, poderá incorrendo em falso testemunho, ficando submetida ao comando das leis (art. 828 da CLT, e art. 414, §1º, do CPC). Contradita: Instrumento utilizado pela parte para impugnar o depoimento da testemunha. Cria incidente no processo, porque a parte que apresentou a impugnação terá a oportunidade de produzir prova, e poderá a testemunha, antes de sua oitiva, a: reconhecer a contradita e ser ouvida apenas como depoente ou substituída por decisão do juiz, ou; negar a contradita, e haverá a oportunidade de prova-la. Prova Pericial Noção: Será realizada sempre que houver necessidade de um conhecimento técnico ou científico no processo. O Juiz será assistido por perito (art. 145, CPC). Consiste a prova pericial em exames, avaliação ou vistoria, cujo laudo com as considerações do expert serão submetidas ao juiz para analise dos fatos. Em regra, é produzida antes da prova testemunhal – art. 848, §2º, CLT. Atenção: Quando se tratar de adicional de insalubridade, periculosidade, de acidente de trabalho ou qualquer outro atinente à segurança do trabalhador, o Juiz poderá valer-se de cópias dos laudos técnicos PPP, LTCAT, PCMSO e PPRA (Res. TST/CSJT 35/07) Previsão art. 3º, Lei nº 5.584/70 – a CLT adotou perícia por laudo Laudo pericial: o magistrado não está adstrito aos limites conclusivos contido no laudo, pois poderá fazer uso de outros meios de provas admissíveis em direito, para formar o seu convencimento sobre o caso sub judici, como uma prova técnica pré- constituída (art. 436 do CPC). No Processo do Trabalho, o art. 827 da CLT preceitua 46 que o perito nomeado pelo juiz está obrigado a prestar compromisso, uma vez que passam a exercer a função de auxiliar do Juízo. Submetendo-se, assim, à arguição de suspeição e impedimento. Obs.: diferença entre perito e assistente técnico. A CLT não fazia essa distinção. O art. 826 foi revogado. O que vale é o art. 3º da Lei nº 5.584/1970. Perito é do juízo, nomeado pelo juiz. O assistente é facultado à parte, podendo nomeá-lo ou não. A função do assistente é orientar o perito, chamar a atenção dele para um fato da parte que está assistindo. Honorários de perito art. 790-B da CLT - são de responsabilidade da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ou seja, daquele que teve o seu pedido ou requerimento julgado improcedente em regra cabe ao autor- Reclamante, salvo se beneficiário da justiça gratuita. Será feito o pagamento após a sentença. Antecipação de honorários de perícia: OJ 98 SDI-II TST. Em relação aos honorários de assistente aplica-se o art. 33 do CPC e Súmula nº 341 TST. Não incide a aplicação subsidiária do CPC para antecipação dos honorários deperícia. Na Justiça do Trabalho a regra será após o trânsito em julgado da decisão, mas, se não observada cabe o manejo de mandado de segurança - OJ nº 98 da SDI- I-TST. Contudo, essa afirmativa foi relativizada pela Resolução nº 66/2010, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que autoriza o pagamento por parte da Justiça do Trabalho aos peritos em favor do beneficiário da gratuidade de Justiça, por meio de dotação orçamentária específica para atender ao hipossuficiente econômico, nas seguintes condições: a) antecipação dos honorários até o valor de R$350; b) o valor máximo dos honorários é de R$1 mil. ATENÇÃO: A instrução normativa nº 27/2005 do TST admite a possibilidade de antecipação de honorários, nas lides decorrentes da relação de emprego (artigo 6º). 47 ATENÇÃO: O artigo 3º, V da Lei nº 1.060/1950 (Lei da Assistência Judiciária Gratuita) que preceitua: art. 3º. A assistência judiciária compreende as seguintes isenções: (...) V - dos honorários de advogado e peritos. Momento da produção da prova pericial art. 848, §2º, CLT – a CLT prevê a oitiva de peritos e técnicos (assistentes) no dispositivo citado. Para que isso seja possível, após a apresentação da defesa, em audiência, o juiz faz a nomeação do perito e abre prazo para apresentação de quesitos (05 dias – art. 421, §1º, CPC), inclusive os suplementares (art. 425, CPC), e nomeação de assistente, suspendendo a audiência. O feito será reinserido em pauta após a conclusão do laudo pericial. Primeiro faz-se o laudo para que se dê a oitiva. Poderá o juiz ouvir o perito em audiência para esclarecimentos – art. 827, CLT. No procedimento sumaríssimo: Art. 852-H, CLT – “Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente. §4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito”. Obrigatoriedade da prova pericial: art. 195, §2º da CLT Quando se tratar de adicional de insalubridade e periculosidade, cabe ao médico ou engenheiro do trabalho, registrado no Ministério do Trabalho, as suas caracterização e classificação, observando a OJ nº 165 da SBD-I-TST. Assim, o TST vem firmando entendimento no sentido de determinar a realização da prova pericial, se o pedido versar sobre adicional de insalubridade ou periculosidade mesmo na hipótese de confissão ficta. Por outro lado, em relação ao adicional de insalubridade, existem entendimentos, no próprio TST, dispensando a prova pericial quando a empresa já tem por habito efetuar tal pagamento, com base no grau postulado pelo Reclamante. Todavia, vale lembrar o que dispõe a 1ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho: 48 Enunciado nº 54. Prova pericial. Possibilidade de dispensa. Aplica-se o art. 427 do Código de Processo Civil no processo do trabalho, de modo que o juiz pode dispensar a produção de prova pericial quando houver prova suficiente nos autos. A Súmula nº 54 está em consonância com a OJ nº 278 da SBD-I-TST – Fechamento do estabelecimento – outros meios de prova. Se necessário o juiz pode determinar a realização de nova perícia – art. 437, CPC c/c art. 769 da CLT. Há celeuma na doutrina e na jurisprudência sobre a prova emprestada, para uns fere o princípio da ampla defesa e contraditório, para outros valoriza o princípio da celeridade e efetividade jurisdicional. Honorários de sucumbência (súmula 219 TST) Pagos ao advogado pela parte vencida. Material complementar 49 TST - RECURSO DE REVISTA RR 968001620065090322 96800- 16.2006.5.09.0322 (TST) - Data de publicação: 24.05.2013 <http://www.conjur.com.br> - É preciso debater a perícia na Justiça do Trabalho - Por Luciano Athayde Chaves. Leia os capítulos 6.2 e 6.4 do livro: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. Referências “Art. 228. I - os menores de dezesseis anos; II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil; III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam; IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade. Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo”. Exercícios de fixação Questão 1 50 O Processo Judiciário do Trabalho elenca o depoimento de testemunhas como uma das modalidades de prova. Assim, conforme previsão da Consolidação das Leis do Trabalho, nos dissídios individuais de Procedimento Ordinário, de Procedimento Sumaríssimo e no Inquérito para Apuração de Falta Grave, a quantidade máxima de testemunhas que cada parte poderá indicar é de, respectivamente: a) três duas e seis. b) três e cinco. c) duas três e seis. d) cinco duas e cinco. e) três duas e quatro. Questão 2 Carlos, analista judiciário do TRT, é arrolado como testemunha do autor em uma ação reclamatória trabalhista em que deverá depor em horário normal de seu expediente. Nesta situação, Carlos deverá: a) ser conduzido por oficial de justiça à audiência marcada. b) comparecer espontaneamente à audiência designada. c) ser ouvido na sua própria repartição. d) prestar seu depoimento por escrito para posterior juntada aos autos. e) ser requisitado ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada. Questão 3 51 Joana e Márcia são testemunhas na reclamação trabalhista proposta por Gabriela contra sua ex-empregadora, a empresa CHÁ. Somente considerando que Joana já litigou contra a mesma empregadora em reclamação trabalhista transitada em julgado e que Márcia ainda está litigando contra a empresa CHÁ, a) Joana e Márcia não são consideradas suspeitas. b) Joana e Márcia são consideradas suspeitas. c) Apenas Joana é considerada suspeita. d) Apenas Márcia é considerada suspeita. e) Joana e Márcia estão impedidas de testemunhar. Questão 4 João ajuizou reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, a empresa X. Considerando que Manoela é parente consanguíneo de João de terceiro grau; que Marcela é parente por afinidade de segundo grau de João e que Mirela é parente por afinidade de terceiro grau de João. Está (ão) impedido (a/s) de depor. a) Marcela, apenas. b) Manoela, apenas. c) Marcela e Mirela, apenas. d) Manoela e Marcela, apenas. e) Manoela, Marcela e Mirela. Questão 5 52 A perícia para apuração de periculosidade e insalubridade será realizada, segundo as normas da Consolidação das Leis do Trabalho: a) por médico do trabalho ou por engenheiro do trabalho. b) por médico do trabalho e por engenheiro do trabalho, respectivamente. c) por médico credenciado pelo INSS e por engenheiro habilitado pelo CREA. d) tanto por médico, quanto por engenheiro, exceto os engenheiros do trabalho. e) apenas por médico do trabalho. 53 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - AQuestão 2 - B Questão 3 – A Questão 5 – B Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 – E Justificativa: o art. 844 da CLT preceitua que o não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. E o art. 319 do CPC dispõe que se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Assim, a jurisprudência do TST estabeleceu em sua Súmula nº 212 que é revel a empresa que deixa de enviar seu representante ou preposto à audiência, mesmo estando presente seu advogado devidamente constituído. Desta forma, não se trata apenas da ausência de defesa, mas pela ausência do representante legal. Pois, a OAB veda a atuação simultânea do advogado, na qualidade de patrono e de preposto da empresa, no mesmo processo (Lei nº 8.906/1994, Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, art. 3º, Código de Ética e Disciplina da OAB, art. 23). 54 Questão 2 – D Justificativa: o legislador trabalhista estabeleceu, com fulcro no art. 818 da CLT, que “a prova das alegações incumbe à parte que as fizer” adotando a teoria dinâmica da prova. De acordo com essa teoria, o ônus da prova será estabelecido diante do caso concreto, repassando tal encargo para a parte com condições possíveis de suportá-lo, sob a ótica da celeridade, economia e eficácia. Portanto, na seara trabalhista a relação não se estabelece entre o ônus da prova e a posição da parte na relação processual ou com a natureza do fato afirmado como constitutivo, impeditivo, modificativo ou extintivo, conforme preceitua o art. 333 do CPC, já que este diploma legal adotou a teoria estática da prova, ao determinar quem tem o dever do ônus da prova, ao afirmar que ao autor cabe a prova do fato constitutivo e ao réu a dos fatos impeditivo, modificativo e extintivos do direito do autor, independentemente da análise do caso concreto. Questão 3 – D Justificativa: consoante o art. 793 da CLT, a reclamação trabalhista do menor de 16 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo. Assim, as pessoas destituídas de capacidade serão representadas em juízo por seus representantes legais e, na falta destes, pelo MPT, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou por curador nomeado pelo juízo. Questão 4 – E Justificativa: segundo o art. 843 da CLT, na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua Categoria. Porém, em relação ao empregador, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente (§1° do art. 843, CLT). 55 Questão 5 – E Justificativa: conforme o art. 844, parágrafo único, da CLT, o não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência. Aula 3 Atividade Proposta 1 - Em relação ao ônus da prova, ou seja, dos requisitos para o recebimento do vale- transporte, o TST tem firmado entendimento com base no princípio da aptidão para a prova, segundo o qual o encargo de produzir a prova deve ser atribuído a quem tem os meios para fazê-lo, independentemente de se tratar de fato constitutivo, modificativo, impeditivo ou extintivo do direito da parte. Assim, aplicando-se o referido princípio, passou-se a adotar o entendimento de que cabe ao empregador o ônus de comprovar se o empregado não preenche os requisitos necessários à percepção do vale-transporte. Por tal razão, foi cancelada a Orientação Jurisprudencial nº 215 da SBDI-1 do TST. Exercícios de fixação Questão 1 – B Justificativa: Conforme art. 843, §1º da CLT e a Súmula nº 377 do TST, exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Questão 2 – D Justificativa: O art. 844 da CLT preceitua que o não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. E o art. 319 do CPC dispõe que se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos 56 afirmados pelo autor. Assim, a jurisprudência do TST estabeleceu em sua Súmula nº 212 que é revel a empresa que deixa de enviar seu representante ou preposto à audiência, mesmo estando presente seu advogado devidamente constituído. Desta forma, não se trata apenas da ausência de defesa, mas pela ausência do representante legal. Pois, a OAB veda a atuação simultânea do advogado, na qualidade de patrono e de preposto da empresa, no mesmo processo (Lei nº 8.906/1994, Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, art. 3º, Código de Ética e Disciplina da OAB, art. 23). Questão 3 – A Justificativa: O art. 841, §1º do CLT regulamenta a citação inicial no processo do trabalho, que é nomeada de notificação citatória, pois com a notificação do reclamado é que se constitui a relação jurídica processual. Como regra, é feita em registro postal, por meio do Correio, visando o legislador trabalhista a celeridade e a economia processual. A Súmula nº 16 do TST estabelece que se presume recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário. A notificação é realizada pelo Diretor de Secretaria, sem prévio despacho do juiz (art. 841 da CLT). A modalidade de notificação citatória por meio de edital está prevista no art. 273 do CPC c\c art. 769, CLT, sendo indevida a sua aplicação no procedimento sumaríssimo (art. 852-B, II, da CLT). Questão 4 – E Justificativa: A questão tem como fundamento a Súmula nº 338, item I, do TST, a qual determina ser ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT . A não apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. 57 Aula 4 Exercícios de fixação Questão 1 – A Justificativa: art. 821 da CLT (no rito ordinário, cada parte não pode indicar mais de 3 testemunhas ou, no caso de inquérito para justa causa, máximo de 6), art. 852-H CLT (no rito sumaríssimo, a lei prevê 2 testemunhas para cada parte). Questão 2 – E Justificativa: Art. 823 CLT- Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada. Questão 3 – A Justificativa: Súmula nº 357 TST. O simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador não torna suspeita a testemunha. Questão 4 – E Justificativa: Parente até o terceiro grau civil e por afinidade, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes - art. 829 da CLT e 405 do CPC c/c arts. 228 e 1591 a 1595 do CCB. Questão
Compartilhar