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1 
 
 
 
 2 
APRESENTAÇÃO 8 
AULA 1: PROCESSO DO TRABALHO; CONCEITO; CARACTERÍSTICAS; 
AUTONOMIA; ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 10 
INTRODUÇÃO 10 
CONTEÚDO 11 
CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 11 
DA AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 12 
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 15 
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO 15 
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 16 
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO APÓS A EC Nº 24/99 17 
COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO TST 18 
COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRTS 20 
COMPOSIÇÃO DAS VARAS DO TRABALHO 21 
OS JUÍZES DE DIREITO INVESTIDOS DE JURISDIÇÃO TRABALHISTA 22 
ATIVIDADE PROPOSTA 22 
REFERÊNCIAS 23 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 
AULA 2: PRINCÍPIOS GERAIS E SINGULARIDADES DO PROCESSO DO 
TRABALHO 26 
INTRODUÇÃO 26 
CONTEÚDO 27 
PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO DO TRABALHO 27 
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS 27 
PRINCÍPIOS COMUNS AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AO DIREITO PROCESSUAL DO 
TRABALHO 29 
PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 32 
OUTROS PRINCÍPIOS PECULIARES NO PROCESSO DO TRABALHO 34 
SINGULARIDADE DO PROCESSO DO TRABALHO 36 
 
 3 
ATIVIDADE PROPOSTA 37 
REFERÊNCIAS 38 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 39 
AULA 3: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 44 
INTRODUÇÃO 44 
CONTEÚDO 45 
JURISDIÇÃO 45 
EXCEÇÕES DO EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO 47 
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 47 
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 48 
JURISDIÇÃO TRABALHISTA E SEU SISTEMA DE ACESSO INDIVIDUAL, COLETIVO E 
METAINDIVIDUAL À JUSTIÇA 48 
JURISDIÇÃO VOLUTÁRIA E CONTENCIOSA 49 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 50 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO APÓS A EC N° 45/2004 51 
COMPETÊNCIA NORMATIVA 53 
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR (FORO – RATIONE LOCI) 53 
EMPREGADO AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL 54 
EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO ESTRANGEIRO 55 
EMPRESA QUE PROMOVE ATIVIDADE FORA DO LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO 56 
FORO DE ELEIÇÃO 56 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA 57 
MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 58 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 60 
ATIVIDADE PROPOSTA 60 
REFERÊNCIAS 61 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 62 
AULA 4: PARTES E PROCURADORES NO PROCESSO DO TRABALHO 71 
INTRODUÇÃO 71 
CONTEÚDO 72 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA OU AÇÃO TRABALHISTA 72 
ATOS PROCESSUAIS 74 
COMUNICAÇÃO DOS ATOS 77 
 
 4 
PUBLICIDADE DOS ATOS 79 
TERMOS PROCESSUAIS 80 
PRAZOS PROCESSUAIS 82 
CONTAGEM DOS PRAZOS 83 
NULIDADES PROCESSUAIS 85 
PRECLUSÃO 88 
PEREMPÇÃO 90 
DECADÊNCIA 90 
PRESCRIÇÃO 91 
ATIVIDADE PROPOSTA 94 
REFERÊNCIAS 95 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 96 
AULA 5: PARTES E PROCURADORES NO PROCESSO DO TRABALHO; 
REPRESENTAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO DE PARTE 101 
INTRODUÇÃO 101 
CONTEÚDO 102 
PARTES NO PROCESSO 102 
CONCEITO 102 
REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA 104 
RESPONSABILIDADE DA PARTE 106 
CLASSIFICAÇÃO 110 
DIFERENÇA ENTRE A SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL E OUTROS INSTITUTOS 112 
ATIVIDADE PROPOSTA 113 
REFERÊNCIAS 114 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 114 
AULA 6: REUNIÃO DE PARTES; LITISCONSÓRCIO; INTERVENÇÃO DE 
TERCEIROS 119 
INTRODUÇÃO 119 
CONTEÚDO 120 
REUNIÃO DE PARTES 120 
COMBINAÇÕES POSSÍVEIS DE LITISCONSÓRCIO 123 
OUTRAS QUESTÕES LIGADAS AO LITISCONSÓRCIO 124 
CHAMAMENTO AO PROCESSO 128 
 
 5 
INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA E INTERVENÇÃO PROVOCADA 128 
ATIVIDADE PROPOSTA 129 
REFERÊNCIAS 130 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 131 
AULA 7: PETIÇÃO INICIAL. DISSÍDIO INDIVIDUAL, CARACTERES, 
RESPOSTA DO RÉU (CONTESTAÇÃO) 135 
INTRODUÇÃO 135 
CONTEÚDO 136 
PROCEDIMENTO – CONCEITO 136 
DISTINÇÃO ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO 136 
TIPOS DE PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO 136 
PROCEDIMENTO COMUM 137 
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 137 
PROCEDIMENTO SUMÁRIO 138 
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 139 
FASE POSTULATÓRIA 140 
DIREITO DE AÇÃO, CONDIÇÕES DA AÇÃO E SEUS REQUISITOS 140 
CONDIÇÕES DA AÇÃO 142 
ELEMENTOS OU REQUISITOS DA AÇÃO 142 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 143 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 146 
DEFESA DO RÉU 148 
CONTESTAÇÃO 149 
EXCEÇÃO 155 
RECONVENÇÃO 156 
REVELIA 157 
REVELIA E CONFISSÃO 159 
REVELIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 159 
DA AUDIÊNCIA TRABALHISTA 159 
GENERALIDADES 159 
DO FUNCIONAMENTO DA AUDIÊNCIA 160 
ABERTURA DA AUDIÊNCIA 161 
PRIMEIRA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO 163 
DEFESA DO RÉU 164 
 
 6 
SEGUNDA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO 165 
ATIVIDADE PROPOSTA 165 
REFERÊNCIAS 166 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 166 
AULA 8: PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS E INSTRUÇÃO PROCESSUAL 
NA JUSTIÇA DO TRABALHO 169 
INTRODUÇÃO 169 
CONTEÚDO 170 
PROCEDIMENTOS DAS AÇÕES TRABALHISTAS 170 
NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO 170 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 171 
MOMENTO DE EXAMINAR OS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 173 
DISTINÇÃO ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO 173 
TIPOS DE PROCEDIMENTOS NO PROCESSO DO TRABALHO 173 
PROCEDIMENTO COMUM 173 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 174 
PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO 175 
PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO 177 
ATIVIDADE PROPOSTA 179 
REFERÊNCIAS 180 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 181 
CHAVES DE RESPOSTA 185 
AULA 1 185 
ATIVIDADE PROPOSTA 185 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 185 
AULA 2 187 
ATIVIDADE PROPOSTA 187 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 188 
AULA 3 190 
ATIVIDADE PROPOSTA 190 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 190 
AULA 4 194 
ATIVIDADE PROPOSTA 194 
 
 7 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 195 
AULA 5 198 
ATIVIDADE PROPOSTA 198 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 199 
AULA 6 202 
ATIVIDADE PROPOSTA 202 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 202 
AULA 7 204 
ATIVIDADE PROPOSTA 204 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 204 
AULA 8 206 
ATIVIDADE PROPOSTA 206 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 207 
CONTEUDISTA 210 
 
 
 
 
 8 
A disciplina de Teoria Geral do Processo do Trabalho irá abordar os conceitos 
e fundamentos do direito processual do trabalho, proporcionando melhor 
atuação aos profissionais que militam no ramo trabalhista e áreas afins. 
 
Partindo do exame da legislação, das normas, e dos princípios que 
diferenciam o Direito Processual do Trabalho dos demais ramos do direito 
processual, será examinada a sua interpretação e a sua aplicação a casos 
concretos à luz da sua construção normativa, doutrinária e jurisprudencial. 
 
Dentro do contexto da disciplina serão, também, examinadas as fontes do 
Direito Processual do Trabalho, com destaque para as suas fontes específicas 
e suas características, natureza jurídica, limitações, eficácia e aplicabilidade. 
 
Por fim, será abordada a clássica distinção entre o processo do trabalho e o 
processo civil em sentido amplo e estrito, examinando os seus institutos 
normativos e as regras a eles aplicáveis, a exemplo da jurisdição, 
competência, intervenção de terceiros e regras gerais de procedimentos 
processuais. 
 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
1. Identificar os fundamentos básicos do Direito Processual do Trabalho, 
por via das noções gerais apresentadas; 
 
 9 
2. Descrever, explicar e aplicar os princípios peculiares do Direito 
Processual do Trabalho em suas articulações com as fontes gerais e 
específicas, o que é pressuposto indispensável para a solução de casos 
concretos; 
3. Diferenciar as regras do Direito Processual Civil e do Direito Processual 
do Trabalho, com habilidade para listar, explicar e aplicar as normas 
jurídicas pertinentes aos sujeitos da relação de emprego, em sua 
regulamentação geral e suas peculiaridades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
Introdução 
Nesta primeira aula iremos iniciar nossos estudos de Teoria Geral do Processo 
do Trabalhoapresentando um conceito para a disciplina, assim como seus 
fundamentos e características. A seguir, examinaremos as Fontes do Direito 
do Trabalho e os princípios do direito do trabalho dentro do atual contexto da 
flexibilização. 
 
Objetivos: 
1. Conhecer a evolução do Processo do Trabalho no Brasil; 
2. Compreender sua autonomia e as singularidades, como a organização 
da Justiça do Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Conteúdo 
Conceito de direito processual do trabalho 
A função básica do direito processual é a solução dos conflitos de interesses 
por meio de prestação jurisdicional. 
 
Na ótica de José Augusto Rodrigues Pinto, “Direito processual do trabalho é o 
conjunto de princípios e normas jurídicas destinados a regular a atividade dos 
órgãos jurisdicionais do Estado na solução dos dissídios individuais ou 
coletivos, entre empregadores e empregados. Pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, a competência dos órgãos jurisdicionais trabalhistas vai algo além 
do conceito do Direito Processual do Trabalho, graças à extensão feita a 
outros conflitos, oriundos de relações de trabalho em que são sujeitos não 
necessariamente o empregado e o empregador (Constituição Federal de 
1988, art. 114, e CLT, art. 652, III). Desse modo, é bom ter-se em vista, na 
conceituação do Direito Processual do Trabalho, essa possibilidade de 
extensão ao que se denomina outras controvérsias provindas de relação de 
trabalho”. 
 
 
Para Amauri Mascaro do Nascimento, Direito Processual do Trabalho é o ramo 
do “Direito Processual destinado à solução jurisdicional dos conflitos 
trabalhistas. As normas jurídicas nem sempre são cumpridas 
espontaneamente, daí a necessidade de se pretender, perante os tribunais, o 
seu cumprimento, sem o que a ordem jurídica tornar-se-ia um caos. A 
atuação dos tribunais também é ordenada pelo direito, mediante leis 
coordenadas num sistema, destinadas a determinar a estrutura e o 
funcionamento dos órgãos do Estado, aos quais é conferida a função de 
resolver os litígios ocorridos na sociedade, bem como os atos que podem ser 
praticados não só por esses órgãos, mas também pelas partes em juízo”. 
 
 
 12 
Na versão de Sergio Pinto Martins, Direito Processual do Trabalho representa 
“o conjunto de princípios, normas e instituições destinados à atividade dos 
órgãos jurisdicionais na solução dos conflitos individuais ou coletivos entre 
trabalhadores e empregadores”. 
 
No entender de Carlos Henrique Bezerra Leite, “O Direito Processual do 
Trabalho como ramo da ciência jurídica, constituído por sistema de normas, 
princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a 
pacificação justa dos conflitos decorrentes das relações de emprego e de 
trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõem a iça 
do Trabalho”. 
 
Podemos afirmar que o direito processual do trabalho é um ramo da ciência 
jurídica. O direito processual constitui uma das diversas formas de 
investigação da ciência do direito. Do ponto de vista metodológico, o direito 
processual do trabalho integra o elenco de disciplinas de direito público, que, 
por sua vez, abrange o direito processual. 
 
Da autonomia do direito processual do trabalho 
A autonomia de um ramo da ciência jurídica pode ser identificada por 
diversos critérios, entretanto, dois são os mais conhecidos e o primeiro leva 
em conta: a extensão da matéria, a existência de princípios comuns, a 
observância de método próprio; o segundo critério baseia-se nos elementos 
componentes da relação jurídica, isto é, os sujeitos, o objeto e o vínculo 
obrigacional que os integra. 
 
No que concerne ao direito processual do trabalho, duas correntes 
doutrinárias distintas se apresentam. 
 
De um lado, os monistas, que defendem que o direito processual é simples 
desdobramento do processo civil, não possuindo princípios e institutos 
 
 13 
próprios. Entre os autores brasileiros, destaca-se Valentim Carrion, para quem 
“o direito processual se subdivide em processual penal e processual civil (em 
sentido lato, ou não penal)”. As subespécies deste são o processual 
trabalhista, processual eleitoral etc. Todas as subespécies do direito 
processual civil se caracterizam por terem em comum a teoria geral do 
processo; separam-se dos respectivos direitos materiais (direito civil, direito 
do trabalho etc.) porque seus princípios e institutos são diversos. São direitos 
instrumentais que possuem os mesmos princípios e os estudam (celeridade, 
oralidade, simplicidade, instrumentalidade, publicidade etc.). 
 
Assim, do ponto de vista jurídico, a afinidade do direito processual do 
trabalho com o direito processual comum (civil, em sentido lato) é muito 
maior (de filho para pai) do que com o direito do trabalho (que é objeto de 
sua aplicação). 
 
O direito processual do trabalho não possui princípio próprio algum, pois 
todos os que o norteiam são do processo civil (oralidade, celeridade etc.); 
apenas deu (ou pretendeu dar) a alguns deles maior ênfase e relevo. O 
princípio de “em dúvida pelo mísero” não pode ser levado a sério, pois, em 
caso de dúvida na interpretação dos direitos materiais, será uma questão de 
direito do trabalho e não de direito processual. E as dúvidas de direito 
processual se resolvem por outros meios: ”ônus das provas, plausibilidade, 
fontes de experiência comum, pela observação do que ordinariamente 
acontece (CPC, art. 335) ou contra quem possuía maior facilidade de provar, 
etc”. 
 
Por outro lado, os dualistas propugnam a existência de autonomia do direito 
processual do trabalho em relação ao direito processual civil. Entre os 
dualistas destacam-se Amauri Mascaro Nascimento, Sergio Pinto Martins, 
Mozart Victor Russomano, Humberto Theodoro Junior, José Augusto 
Rodrigues Pinto, Wagner Giglio e Coqueijo Costa. 
 
 
 14 
Salvo melhor juízo, o direito processual do trabalho dispõe de autonomia em 
relação ao direito processual civil (ou direito processual não penal). Com 
efeito, o direito processual do trabalho dispõe de vasta matéria legislativa, 
possuindo título próprio na Consolidação das Leis do Trabalho, que, inclusive, 
confere ao direito processual civil o papel de mero coadjuvante. Existem 
princípios peculiares do direito processual do trabalho, como os princípios da 
proteção, da finalidade social, da indisponibilidade, da busca da verdade real, 
da normatização coletiva e conciliação. 
 
Reconhece esta corrente doutrinária que o direito processual do trabalho não 
possui métodos tipicamente próprios, pois a hermenêutica, que compreende 
a interpretação, a integração e a aplicação das normas jurídicas processuais, 
é a mesma da teoria geral do direito processual. Todavia, a própria finalidade 
social do direito processual do trabalho exige do intérprete uma postura 
comprometida com o direito material do trabalho e com a realidade 
econômica e social, o que lhe impõe a adoção da técnica da interpretação 
teleológica, buscando sempre a verdade real, e, com isso, promovendo a 
justiça social no campo das relações decorrentes do conflito entre o capital e 
o trabalho. Ademais, o direito processual do trabalho possui institutos 
próprios, como, por exemplo: uma justiça especializada, com juízes 
especializados e o poder normativo exercido originariamente pelos tribunais 
do trabalho. 
 
O direito do trabalho dispõe, atualmente, de autonomia didática, pois a 
disciplina tem sido ofertada separadamente nas grades curriculares; da 
autonomia jurisdicional, não, apenas no Brasil (CF, art. 114), mas, também, 
em outros países, como: Alemanha, Argentina,Uruguai, México e Espanha, 
de autonomia doutrinária, pois são inúmeras as obras, nacionais e 
estrangeiras, versando apenas direito processual do trabalho. 
 
 
 
 
 15 
Organização da Justiça do Trabalho 
Órgãos do Poder Judiciário brasileiro 
A concepção moderna de Estado impede que haja superposição de poderes, o 
que geraria o arbítrio e a tirania. Surge então a chamada teoria da tripartição 
dos Poderes do Estado. 
 
O exercício do poder passa, assim, a ser implementado por três órgãos 
distintos, independentes e harmônicos entre si. Esses órgãos são chamados 
de Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. 
 
O Poder Judiciário, como um dos três Poderes clássicos do Estado, vem 
assumindo a cada dia uma função fundamental na efetivação do Estado 
Democrático de Direito. (Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso de direito 
processual do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2009). 
 
De acordo com o art. 92 da Constituição Federal de 1988, com a nova 
redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, o Poder Judiciário 
brasileiro é integrado pelos seguintes órgãos: 
 
I. O Supremo Tribunal Federal; 
II. O Conselho Nacional de Justiça; 
III. O Superior Tribunal de Justiça; 
IV. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
V. Os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
VI. Os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VII. Os Tribunais e Juízes Militares; 
VIII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
 
O Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e o Conselho Nacional 
de Justiça têm sede na Capital Federal, sendo certo que os dois primeiros têm 
jurisdição em todo o território nacional. 
 
 16 
 
Quanto à organização do Poder Judiciário, a grande novidade introduzida pela 
EC nº 45/2004 foi, sem dúvida, o Conselho Nacional de Justiça, que é, em 
última análise, uma forma mitigada de controle externo administrativo e 
financeiro da atuação dos órgãos que compõem o próprio Poder Judiciário. 
 
O STF entende que o Conselho Nacional de Justiça é órgão de natureza 
administrativa, com atribuições de controle da atividade administrativa, 
financeira e disciplinar da magistratura, sendo sua competência relativa 
apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo 
Tribunal Federal, já que seus atos e decisões administrativas estão sujeitos a 
seu controle jurisdicional, por força do art. 102, caput, inciso I, “r”, e § 4º, da 
CF. Portanto, o Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência 
sobre o Supremo Tribunal Federal. 
 
Organização da Justiça do Trabalho nas Constituições 
brasileiras 
A Organização da Justiça do Trabalho no Brasil foi inspirada no sistema 
paritário, do governo fascista da Itália, que mantinha um ramo especializado 
do Judiciário na solução de conflitos trabalhistas, em cuja composição 
figuravam representantes do Estado (juízes togados), da classe empresarial e 
da classe trabalhadora (juízes classistas). 
 
Embora a Itália tivesse abandonado esse sistema paritário no período “pós-
guerra”, o Brasil manteve a mesma estrutura da Justiça do Trabalho desde a 
Constituição de 1934, (art. 122) até a Emenda Constitucional nº 24, de 
09.12.1999, que extinguiu a chamada representação classista. 
 
Na Constituição de 1934, art. 122, a Justiça do Trabalho não era 
independente, pois estava vinculada ao Poder Executivo. Mas nascia aí a 
marca da representação classista paritária. 
 
 17 
 
Em 1937, art. 139, a nova Constituição Federal passou a dar maior autonomia 
à Justiça do Trabalho, mas silenciou quanto à sua inserção no Poder 
Judiciário. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (RE nº 6.310, DJU, 30 set. 
1943) reconheceu o caráter jurisdicional da Justiça do Trabalho ao admitir 
recurso extraordinário contra decisão do CNT (atualmente TST). 
 
Somente em 1946 a Constituição Federal, no art. 94, inciso V, tornou 
inequívoca a integração no Poder Judiciário da Justiça do Trabalho. O art. 
122, dessa Constituição, também estabeleceu a estrutura da Justiça do 
Trabalho. 
 
Em 1967, o art. 133, da nova Constituição Federal, estabeleceu quais eram os 
órgãos da Justiça do Trabalho, indicando de que forma se daria a substituição 
por juízes de direito, no caso de inexistência de Juntas de Conciliação e 
Julgamento nas Comarcas, por lei ordinária. A Emenda Constitucional nº 
01/69 manteve a mesma estrutura organizacional, no que foi seguida pela 
Constituição de 1988. 
 
Organização da Justiça do Trabalho após a EC nº 24/99 
A Emenda Constitucional nº 24, de 09.12.1999, extinguiu a representação 
classista em todos os graus de jurisdição (1º, 2º e 3º graus). Assim, a Justiça 
do Trabalho passou por uma grande reformulação quanto à sua composição e 
organização. 
 
Portanto, a Justiça do Trabalho passou a ser integrada pelos seguintes 
órgãos: 
 
I. O Tribunal Superior do Trabalho; 
II. Os Tribunais Regionais do Trabalho; e 
III. Juízes do Trabalho. 
 
 18 
 
Vale lembrar que, desde a sua criação, a Justiça do Trabalho está estruturada 
em três graus de jurisdição, a saber: 
 
a) No primeiro grau funcionam as Varas do Trabalho (antes da EC nº 
24/1999, Juntas de Conciliação e Julgamento); 
b) No segundo grau funcionam os Tribunais Regionais do Trabalho - 
TRT); 
c) No terceiro grau funciona o Tribunal Superior do Trabalho (TST). 
 
Composição e funcionamento do TST 
Com a EC nº 45/2004, que acrescentou o art. 111-A ao Texto Constitucional, 
o Tribunal Superior do Trabalho passou a ser integrado por vinte e sete 
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de 
sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após a 
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: 
 
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva 
atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho 
com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no 
art. 94; 
II. Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos 
da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. 
 
Junto ao Tribunal Superior do Trabalho funcionam: 
 
I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do 
Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos 
oficiais para o ingresso e promoção na carreira; 
II. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na 
forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e 
 
 19 
patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como 
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. 
 
O Tribunal Pleno é constituído pelos Ministros da Corte. Para o seu 
funcionamento é exigida a presença de, no mínimo, quatorze Ministros, sendo 
necessário a maioria absoluta quando a deliberação tratar de: I - escolha dos 
nomes que integrarão a lista destinada ao preenchimento de vaga de Ministro 
do Tribunal; II - aprovação de Emenda Regimental; III - eleição dos Ministros 
para os cargos de direção do Tribunal; IV - aprovação, revisão ou 
cancelamento de Súmula ou de Precedente Normativo; e V - declaração de 
inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público. 
 
Integram o Órgão Especial o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o 
Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, os sete Ministros mais antigos 
incluindo os membros da direção, e os sete Ministros eleitos pelo Tribunal 
Pleno. O quorum mínimo para o seu funcionamento é de oito Ministros. 
 
A Seção especializada em dissídios coletivos é constituída do Presidente e 
Vice-Presidente doTribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e 
mais seis Ministros. O quorum para o seu funcionamento é de cinco Ministros. 
 
A Seção especializada em dissídios individuais é composta de vinte e um 
Ministros, sendo o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-
Geral da Justiça do Trabalho e mais dezoito Ministros, e funciona em 
composição plena ou dividida em duas subseções para o julgamento dos 
processos de sua competência. O quorum exigido para o funcionamento da 
Seção de dissídios individuais plena é de onze Ministros. 
 
A subseção I especializada em dissídios individuais é integrada por quatorze 
Ministros: o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral 
da Justiça do Trabalho e mais onze Ministros, preferencialmente os 
 
 20 
Presidentes de Turma, sendo exigida a presença de, no mínimo, oito Ministros 
para o seu funcionamento. 
 
Integram a Subseção II da Seção especializada em dissídios individuais o 
Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do 
Trabalho e mais sete Ministros, sendo exigida a presença de, no mínimo, seis 
Ministros para o seu funcionamento. 
 
As Turmas são constituídas, cada uma, por três Ministros, sendo presididas 
pelo Ministro mais antigo integrante do colegiado. Para o julgamento nas 
Turmas, é necessário a presença de três Magistrados. Para compor o quorum, 
o Presidente da Turma poderá convocar, mediante prévio entendimento, 
Ministro de outra Turma. 
 
Composição e funcionamento dos TRTs 
O art. 112, da CF, em sua redação original, previa “pelo menos um Tribunal 
Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal”. 
 
A EC nº 45/2004, dando nova redação ao dispositivo em exame, suprimiu a 
obrigatoriedade da instalação de pelo menos um TRT em cada Estado e no 
Distrito Federal. 
 
Estabelece o art. 674, da CLT, que o território nacional é dividido em vinte e 
quatro Regiões. Atualmente, existem 24 TRTs. Em São Paulo são dois: um na 
Capital e outro em Campinas. Com a nova redação do art. 112 da CF não é 
mais obrigatória a criação dos TRTs nos Estados do Tocantins, Acre, Roraima 
e Amapá. 
 
Os juízes dos TRTs são nomeados pelo Presidente da República e seu número 
varia em função do volume de processos examinados pelo Tribunal. 
 
 
 21 
De acordo com o art. 115 da CF, com redação dada pela EC nº 45/2004, os 
Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, 
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo 
Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos 
de sessenta e cinco anos, sendo: 
 
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva 
atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho 
com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no 
art. 94 da CF; 
II. Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e 
merecimento, alternadamente. 
 
Compete aos TRT, originariamente, processar e julgar as ações de sua 
competência originária, tais como dissídios coletivos, mandados de segurança 
e ações rescisórias; em grau recursal, o TRT julga os recursos das decisões 
das Varas do Trabalho. 
 
Composição das Varas do trabalho 
As Varas do Trabalho são órgãos de primeira instância da Justiça do 
Trabalho. A jurisdição da Vara do Trabalho é local, pois abrange, geralmente, 
um ou alguns municípios. Cabe à lei fixar a competência territorial das Varas 
do Trabalho. 
 
Com a extinção da representação classista, a composição das Varas do 
Trabalho (antigas JCJs) sofreu substancial alteração, na medida em que a 
jurisdição na primeira instância da Justiça do Trabalho passou a ser exercida 
por um juiz singular, conforme o art. 116 da CF. 
 
Cada Vara compõe-se de um Juiz do Trabalho titular e um Juiz do Trabalho 
substituto, ambos nomeados pelo Presidente do TRT, após aprovação em 
 
 22 
concurso público. O Juiz titular é fixo em uma Vara do Trabalho; o Juiz 
substituto, não. 
 
Compete às Varas do Trabalho, em linhas gerais, processar e julgar as ações 
oriundas das relações de trabalho (CF, art. 114, I a IX) e aquelas que, por 
exclusão, não sejam da competência originária dos tribunais trabalhistas. 
 
Os juízes de direito investidos de jurisdição trabalhista 
Em comarcas onde não existir Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função 
jurisdicional trabalhista aos Juízes de Direito (CLT, art. 668). O art. 112 da CF, 
com nova redação dada pela EC nº 45/2004, dispõe que a “Lei criará Varas 
da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua 
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo 
Tribunal Regional do Trabalho”. 
 
Atividade proposta 
Como se deu a formação paritária na Justiça do Trabalho e em que período? 
 
 
 
Material complementar 
 
Leia o capítulo1 do livro “Direito processual do trabalho”, de Carlos 
Henrique Bezerra Leite, LTr e “Curso de direito processual do 
trabalho”, de Renato Saraiva, Editora Método. 
Faça os exercícios propostos e estude os gabaritos, eles 
complementam a aula. 
Avalie se você assimilou o conteúdo proposto. 
Tire suas dúvidas no Fórum e participe do debate proposto. 
Solucione o caso concreto proposto como atividade. 
Leia a chamada para a aula seguinte. 
 
 23 
Referências 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 
São Paulo: LTr, 2012. 
 
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo, Atlas, 
2012. 
 
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo, 
Método: 2013. 
 
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de direito processual do 
trabalho, São Paulo: LTr, 2009, v. I e II. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Quando o intérprete busca os objetivos que norteiam a edição da lei, ele está 
fazendo uso da interpretação lógica. 
 
a) Certo 
b) Errado 
 
Questão 2 
Os TRT, que têm sua criação definida por lei, compõem-se, no mínimo, de 
sete juízes, garantida a representação de um quinto, dentre advogados e 
membros de Ministério Público do Trabalho. 
 
a) Certo 
b) Errado 
 
 
 
 
 24 
Questão 3 
O TRT tem competência para apreciar os dissídios coletivos que envolvam as 
categorias no âmbito da respectiva região, e o TST, aqueles que ultrapassam 
os limites de competência de algum tribunal regional ou que possuam caráter 
nacional. 
 
a) Certo 
b) Errado 
 
Questão 4 
A Justiça do Trabalho, atualmente, é dividida em vinte e quatro Regiões, cada 
qual possuindo um TRT e tantas varas do trabalho quantas criadas por lei, 
nas quais exercem sua jurisdição os juízes do trabalho, segundo os limites de 
competência territorial próprios. Os TRT podem funcionar 
descentralizadamente, constituindo câmaras regionais, e instalar juízos 
itinerantes, observados os limites territoriais da respectiva jurisdição a que 
estão vinculados. 
 
a) Certo 
b) Errado 
 
Questão 5 
São fontes formais do direito processual do trabalho: 
 
a) As leis federais, a Consolidação das Leis do Trabalho, as convenções e 
acordos coletivos de trabalho. 
b) Apenas as leis federais e a Consolidação das Leis do Trabalho. 
c) As leis federais, estaduais ou municipais e a Consolidação das Leis do 
Trabalho. 
d) As leis federais, a Consolidação das Leis do Trabalho e os costumes. 
e) As leis federais, estaduais ou municipais, a Consolidação das Leis do 
Trabalho e os costumes. 
 
 25 
Questão 6 
Com a extinção da representação classista no Brasil, como passou a funcionar 
as Varas doTrabalho em primeiro grau de jurisdição? 
 
Questão 7 
Em não havendo um código do processo do trabalho, é possível afirmar que o 
processo do trabalho guarda autonomia em relação ao processo civil? 
 
Questão 8 
Como se dá a escolha e nomeação do Juiz do Tribunal Regional do Trabalho? 
 
Questão 9 
O Tribunal Superior do trabalho é integrado de quantos Ministros? Como se 
processa a escolha deles? 
 
Questão 10 
Em relação o art. 115, da /CRFB, é correto afirmar que existe pelo menos um 
TRT em cada Estado da Federação e no Distrito Federal? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
Introdução 
Nesta aula iremos dar continuidade aos nossos estudos de Teoria Geral do 
Processo do Trabalho apresentando um conceito para a disciplina, assim 
como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos Jurisdição 
e Competência e sua aplicação processual. 
 
Objetivo: 
1. O estudo dos Princípios gerais e singularidades do Processo do 
Trabalho e dos fundamentos do Processo do Trabalho, jurisdição 
trabalhista e competência processual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
Conteúdo 
Princípios gerais do processo do trabalho 
Princípios são as ideias mais gerais que inspiram o ordenamento jurídico de 
um país. Mesmo sem estarem formulados nos textos, sua presença é 
imanente no sistema. Alguns são contingentes, isto é, frutos das ideias 
dominantes em determinados períodos; outros são mais permanentes, 
surgindo da experiência jurídica multissecular (BARBI, Celso Agrícola. 
Comentários ao Código de Processo Civil. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1998. p. 390). 
 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina expressamente 
que, na omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito (LINDB, art. 4º). A mesma 
orientação é encontrada no art. 8º, da CLT. São, portanto, verdadeiras fontes 
de direito (ZANGRANDO, Carlos Henrique da Silva. Resumo de direito 
processual do trabalho. 4. ed. Editora Edições Trabalhistas. p. 11). 
 
Princípios processuais constitucionais 
São princípios fundamentais ou gerais de direito processual. 
Princípio da igualdade ou isonomia: Decorre da norma estabelecida no 
art. 5º, caput, da CF, segundo a qual todos são iguais perante a lei, e aos 
brasileiros ou estrangeiros residentes no País é garantida a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
 
Princípio do contraditório: Também é garantia constitucional, estabelecido 
entre nós pelo art.5º, LV, da Carta Constitucional de 1988. Esse princípio é de 
mão dupla, isto é, implica na bilateralidade do processo, aproveitando, 
portanto, ao autor e ao réu. O princípio em exame também é útil para 
estabelecer o moderno conceito de parte no processo. Vale dizer, parte é 
quem participa, efetiva ou potencialmente, do contraditório na relação jurídica 
processual. 
 
 28 
 
Princípio da ampla defesa: Encontra-se positivado no art. 5º, LV, da CF, 
funcionando como complemento do princípio do contraditório. Com efeito, a 
não se admitir a relação processual sem a presença do réu, não teria sentido 
tal regramento se, comparecendo a juízo para se defender e opor-se à 
pretensão autoral, o réu ficasse impedido ou inibido de excepcionar , 
contestar, recorrer ou deduzir toda a prova de seu interesse. 
 
Princípio da imparcialidade do juiz: Avocando a si o monopólio da 
prestação jurisdicional, salta aos olhos que, ao exercer essa função-poder, o 
Estado-juiz deverá agir com absoluta imparcialidade. Imparcialidade não se 
confunde com neutralidade. O juiz, embora agente público com 
responsabilidades complexas, é um ser humano como outro qualquer. Logo, 
não se pode ignorar que ele tenha a sua própria “visão do mundo”, com as 
suas preferências políticas, filosóficas e ideológicas próprias. Como afirmou 
Aristóteles, o homem é um animal político. No desempenho da função 
jurisdicional, o juiz deverá agir com imparcialidade, isto é, sem tendências 
que possam macular o devido processo legal e favorecer uma parte em 
detrimento da outra. 
 
Princípio da motivação das decisões: Correlato ao princípio da 
imparcialidade, o princípio da motivação das decisões constitui uma garantia 
do cidadão e da sociedade contra o arbítrio dos juízes. Com efeito, vaticina o 
art. 93, IX, da CF que todos os julgamentos serão públicos e todas as 
decisões judiciais fundamentadas. 
 
Princípio do devido processo legal: O devido processo legal, no dizer de 
Nelson Nery Júnior, é a base sobre a qual todos os outros princípios se 
sustentam. Como leciona o referido jurista, bastaria a norma constitucional 
haver adotado o princípio do “duo process of law” para que daí decorressem 
todas as consequências processuais que garantiriam aos litigantes o direito a 
 
 29 
um processo e a uma sentença justa. É, por assim dizer, o gênero do qual 
todos os demais princípios constitucionais do processo são espécies. 
 
Princípio da razoabilidade da duração do processo: Com a 
promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, que acrescentou o inciso 
LXXVIII ao art. 5º, da CF, um novo princípio fundamental foi insculpido em 
novo sistema processual, segundo o qual “a todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios 
que garantam a celeridade de sua tramitação”. 
 
Alguns meios que garantirão a celeridade processual foram inseridos na 
própria Carta Magna, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, tais 
como: a previsão de que “a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo 
vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando 
nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão 
permanente” (CF, art.93, XII); a previsão para que os servidores recebam 
“delegação para a prática de atos de administração e atos de mero 
expediente sem caráter decisório” (idem, XIV) e a determinação de que “a 
distribuição de processos será imediata em todos os graus de jurisdição” 
(idem, XV). 
 
Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito 
processual do trabalho 
Princípio dispositivo ou da demanda: Na esfera civil o poder de provocar 
a tutela jurisdicional foi entregue à própria parte interessada, isto é, àquela 
que se sentisse atingida pelo comportamento alheio, podendo ela vir a juízo 
apresentar a sua pretensão, se quiser ou da forma que lhe aprouver, assim 
como dela desistir, respeitadas as exigências legais (art. 2º, CPC). 
 
 
 30 
Princípio inquisitório ou do impulso oficial: Está consagrado 
expressamente no art. 262, do CPC, que dispõe textualmente: O processo 
civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. 
Após o ajuizamento da ação, o juiz assume o dever de prestar a jurisdição, de 
acordo com os poderes que o ordenamento jurídico lhe confere. É importante 
a advertência de Ada Pelegrini Grinover, para quem “o processo civil não é 
mais eminentemente dispositivo como era outrora; impera, portanto, no 
campo processual penal, como no campo processual civil, o princípio da livre 
investigação das provas, embora com doses maiores de dispositividade no 
processo civil”. (art.267, II e III, do CPC e arts. 128 e 460, do CPC e 39, 765, 
856 e 878, da CLT). 
 
Princípio da instrumentalidade: O processo não é um fim em si mesmo. 
Ao revés, o processo deve ser instrumento de justiça. É por meio dele que o 
Estado presta a jurisdição, diminuindo conflitos, promovendo a pacificação e a 
segurança aos jurisdicionados( CPC, arts. 154, 244 e 302, e CLT, art. 769). 
 
Princípio da impugnação especificada: Corolário do contraditório, o 
princípio da impugnação específica está previsto no art. 302, do CPC, 
segundo o qual “cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os 
fatos narrados na petição inicial”. A inobservância do princípio deságua na 
presunção de serem verdadeiros os fatos não impugnados. Esse ônus 
atribuído ao réu somente não ocorrerá: 
 
I. se não for admitido (admissível) a seu respeito, a confissão; 
II. se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público 
que a lei considerar da substância do ato; 
III. se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu 
conjunto. 
 
 
 31 
Princípio da estabilidade da lide: Este princípio informa que se o autor já 
propôs sua demanda e deduziu os seus pedidos, e se o réu já foi citado para 
sobre eles se pronunciar, não poderá mais o autor modificar sua pretensão 
sem anuência do réu, e, depois de ultrapassado o momento da defesa, nem 
mesmo com o consentimento de ambas as partes isso será possível. O art. 41 
do CPC consagra o critério subjetivo da estabilização da demanda. 
 
Princípio da eventualidade: As partes devem alegar, na oportunidade 
própria prevista em lei, ou por ocasião do exercício da faculdade processual, 
todas as matérias de defesa ou de seu interesse. É o princípio da 
eventualidade, que está inserto no art. 300, do CPC, in verbis: “compete ao 
réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de 
fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as 
provas que pretende produzir.” 
 
Princípio da preclusão: O princípio da preclusão decorre do princípio 
dispositivo e com a própria logicidade do processo, que é o “andar para 
frente”, sem retornos e etapas ou momentos processuais já ultrapassados. 
Este princípio esta inscrito no art. nº 245, do CPC, segundo o qual, “a 
nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber 
à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. 
 
Princípio da economia processual: Trata-se de princípio aplicável em 
todos os ramos de direito processual, e consiste em obter da prestação 
jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de esforço, evitando-se 
dispêndios desnecessários para os jurisdicionados. 
 
Princípio da “perpetuatio juristionis”: Melhor seria falar em princípio da 
perpetuação da competência. Está previsto no art. 87, do CPC, segundo o 
qual a competência é fixada no momento em que a ação é proposta, sendo 
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 
 
 32 
posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a 
competência, em razão da matéria ou da hierarquia. 
 
Princípio do ônus da prova: Está previsto no art. 333, do CPC, que “o ônus 
da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - 
ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do 
direito do autor. O direito processual do trabalho o consagra no art. 818, da 
CLT, in verbis: “a prova das alegações incumbe à parte que as fizer.” 
 
Princípio da oralidade: Este princípio não encontra residência em nenhuma 
norma expressa do CPC ou da CLT. A rigor, ele se exterioriza interagindo com 
outros quatro princípios: I - princípio da imediatidade; II - princípio da 
identidade física do juiz; III - princípio da concentração; IV - princípio da 
irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. 
 
Princípios peculiares do direito processual do trabalho 
Não há a desejável uniformidade entre os teóricos a respeito da existência de 
princípios peculiares ou próprios do direito processual do trabalho. Alguns 
entendem que os princípios do direito processual do trabalho são os mesmos 
do direito processual civil, apenas ressaltando ênfase maior quando da 
aplicação de alguns princípios procedimentais no processo laboral. Outros 
sustentam que existem apenas dois ou três princípios peculiares do direito 
processual do trabalho: 
 
Princípio da proteção: Américo Plá Rodriguez aponta que o princípio tutelar 
ou protetor é peculiar ao processo do trabalho. Ele busca compensar a 
desigualdade existente na realidade, com uma desigualdade em sentido 
oposto. Deriva este princípio da própria razão de ser do Direito do Trabalho, 
pois esta disciplina foi criada para compensar a desigualdade real existente 
 
 33 
entre empregado e empregador, que são, na verdade, os mesmos figurantes 
do processo laboral. (arts. 844 e 899, § 4º, da CLT). 
 
Princípio da finalidade social: Segundo Humberto Theodoro Júnior “o 
primeiro e mais importante princípio que informa o processo trabalhista, 
distinguindo-o do processo civil comum, é a finalidade social de cuja 
observância decorre uma quebra do princípio da isonomia entre as partes, 
pelo menos em relação à sistemática do direito formal. 
 
Princípio da busca da verdade real: Este princípio deriva do princípio 
material da primazia da realidade. O disposto no art. 765 da CLT confere aos 
juízes e tribunais do trabalho ampla liberdade na direção do processo. Para 
tanto, os magistrados do trabalho “velarão pelo andamento rápido das 
causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento 
delas”. A jurisprudência tem acolhido implicitamente o princípio da primazia 
da realidade. 
 
Princípio da indisponibilidade: Este princípio constitui emanação do 
princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material no 
campo do processo do trabalho. Numa palavra, o processo do trabalho teria 
uma função finalística: “a busca efetiva do cumprimento dos direitos 
indisponíveis dos trabalhadores.” 
 
Princípio da conciliação: Embora o princípio da conciliação não seja 
exclusividade do processo laboral parece-nos que é aqui que ele se mostra 
mais evidente, tendo, inclusive, um “iter procedimentalis” peculiar, nos 
termos do art. 764 e seus parágrafos, da CLT. No mesmo sentido é o art. 
831, da CLT, o qual estabelece uma condição intrínseca para a realidade da 
sentença trabalhista, ao estatuir que ela somente será proferida depois de 
rejeitada pelas partes a proposta conciliatória. 
 
 
 34 
Princípio da normatização coletiva: A Justiça do Trabalho é a única que 
pode exercer o chamado Poder Normativo, que consiste no poder de criar 
normas e condições (o que é atividade típica do Poder Legislativo), proferindo 
sentença (rectius, acórdão) normativa com eficácia ultra partes, cujos efeitos 
irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da 
categoria profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio 
coletivo. Essa função especial (competência) conferida aos tribunais 
trabalhistas é autorizada pelo art. 114, §2º, da CF. 
 
Outros princípios peculiares no processo do trabalho 
Princípio da oralidade: Os atos processuais, na sua maioria, deveriam ser 
praticados na forma oral, entretanto, na prática, o processo trabalhista é 
quase totalmente escrito (CLT, art. 847). 
 
Princípio da celeridade: Os juízes e tribunais do trabalho terão ampla 
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas 
(art. 765, da CLT). 
 
Princípio da concentração dos atos e unicidade da audiência: Os atos 
processuais devem ser praticados numa única audiência, se possível, 
resolvendo-se no menor espaço de tempo. As audiências deverão ser 
contínuas, salvo motivo de força maior (art. 849 da CLT). 
 
Princípio da informalidade: Ou princípio da instrumentalidade das formas 
– Os atos processuais trabalhistas não dependem de nenhuma forma rígida,podendo a defesa ser efetuada oralmente, e os recursos interpostos por meio 
de simples petição. (arts. 840 e 899 da CLT). 
 
Princípio da conciliação: Os juízes sempre empregarão seus bons ofícios e 
persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos (CLT, art. 
764, § 1º). 
 
 35 
Princípio inquisitório: O julgador poderá determinar, de ofício, todas as 
diligências necessárias para o descobrimento da verdade e para propiciar a 
celeridade processual (CLT, art. 765). 
 
Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: As decisões 
que toma o juiz, no decorrer do processo, são irrecorríveis, devendo, se 
ilegais ou impertinentes, ser objeto de impugnação por via de recurso 
ordinário (CLT, art. 893). 
 
Princípio do jus postulandi: A parte não precisa estar representada por 
advogado para propor ou contestar a ação trabalhista, ou seja, podem autor 
e réu postular em causa própria sem assistência jurídica, na Justiça do 
Trabalho, exercendo sua capacidade postulatória (art. 791 da CLT). 
 
Princípio do impulso oficial (ex officio): O juiz poderá determinar de 
ofício os atos necessários ao andamento dos processos salvo exceções 
previstas na lei (art. 765, CLT). 
 
Princípio da gratuidade inicial: As custas serão pagas ao final pela parte 
sucumbente, na forma do art. 789 da CLT. O reclamante/autor somente 
pagará as custas no caso de improcedência do pedido ou quando der causa 
ao arquivamento, ou seja, extinção do processo sem julgamento do mérito. 
 
Princípio da aplicação subsidiária do CPC: O direito processual civil é 
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, só podendo ser admitido 
nos casos omissos, e desde que haja compatibilidade com o ordenamento 
processual laboral (CLT, art. 769). 
 
Princípio da economia processual – notificação postal: As 
comunicações dos atos processuais se farão, de ordinário, por meio postal 
 
 36 
(citação, intimações, publicidade dos atos processuais, em geral), art. 841, da 
CLT. 
 
Singularidade do processo do trabalho 
Segundo Cristóvão Piragibe Tostes Malta, as generalidades abrangem o 
conflito de interesses individuais e coletivos de trabalho, preservando os 
resquícios da autocomposição e autodefesa, sem desprezar a possibilidade da 
heterocomposição. 
 
O Estado exerce a sua soberania através da jurisdição (o poder dever de dizer 
o direito). O Poder Judiciário exerce a jurisdição trabalhista, e esta para se 
pronunciar, põe em relevo os princípios e normas do direito material do 
trabalho e do direito processual do trabalho contidos na CLT e diversas leis 
esparsas; e.g. Lei nº 5.584/70, Decreto-Lei nº 779/69; Leis nº 9.957 e 
9.958/2000, CPC, autorizado pelo art. 769 da CLT etc. 
 
Ressalta-se a autonomia do processo do trabalho entre os demais ramos do 
direito, inclusive o processual, sem entretanto, desprezar a possibilidade de 
aplicação subsidiária dos demais preceitos do direito processual civil. 
 
As regras processuais do trabalho não desprezam as desigualdades existentes 
entre trabalhadores e empregadores, criando normas de proteção ao 
hipossuficiente, qual seja, o trabalhador. 
 
Ex.: Jus Postulandi, oralidade, celeridade, simplicidade, concentração de atos 
(audiência uma), irrecorribilidade das decisões interlocutórias; efeito 
meramente devolutivo dos recursos, o que possibilita a execução provisória 
unicidade e redução dos prazos recursais (oito dias) etc. 
 
 
 37 
O impulso oficial ou “ex officcio” e as regras de competência, residual 
contidas no art. 651 da CLT também despontam como regras de efetividade 
da prestação jurisdicional e celeridade na proteção processual do trabalhador, 
cuja pretensão em última análise é de natureza alimentar. 
 
Atividade proposta 
Jorge Tavares trabalhou na empresa de construção civil como Pedreiro 
durante dois anos, tendo sido demitido sem nada receber, embora tivesse sua 
CTPS anotada. Um mês depois foi convocado para realização de um Acordo 
perante a Comissão de Conciliação Prévia, no Sindicato Patronal. Jorge 
Rejeitou o Acordo, pois entendeu não ser justo o valor proposto. No mês 
seguinte ajuizou uma Reclamação Trabalhista reivindicando verbas 
resilitórias, indenização de FGTS, multas dos arts. 467 e 477/CLT, além de 
horas extras e demais repercussões, deixando de esclarecer ao Juízo a 
impossibilidade de Acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia. 
 
No dia da audiência, inviabilizada a conciliação judicial, a Ré negou toda a 
pretensão, arguindo as preliminares de ausência dos requisitos e 
pressupostos da ação, já que o reclamante não apresentou declaração de 
submissão da lide à CCP e de inviabilidade de conciliação prévia, requerendo 
a extinção do feito, sem julgamento do mérito. 
 
Diante dessas preliminares arguidas, pergunta-se: 
a) Considerando a Lei nº 9.958/2000 e a jurisprudência, a submissão à 
Comissão de Conciliação Prévia é obrigatória ou facultativa? 
b) Que efeitos produziria sobre a Reclamação proposta o acolhimento ou 
rejeição dessas preliminares? 
 
 
 
 
 
 38 
 
Material complementar 
 
Leia os capítulos 1 do livro “Direito processual do trabalho”, de 
Carlos Henrique Bezerra Leite, LTr. e “Curso de Direito Processual do 
Trabalho”, de Renato Saraiva, Editora Método. 
 
 
Referências 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 
São Paulo: LTr, 2012. 
 
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo, Atlas, 
2012. 
 
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo, 
Método: 2013. 
 
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de direito processual do 
trabalho, São Paulo: LTr, 2009, v. I e II. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exercícios de fixação 
PROVA DE JUIZ DO TRABALHO – RJ – 2013 
Direito Processual do Trabalho 
 
Questão 1 
“A” ingressou com reclamação trabalhista contra “B”, postulando, dentre 
outras pretensões, o seguinte: determinação à reclamada para que efetue o 
cadastro no Programa de Integração Social ou a condenação da reclamada ao 
pagamento indenizado do benefício; condenação da reclamada ao pagamento 
de diferenças relativas ao benefício de aposentadoria, previsto em Plano de 
Previdência Privada patrocinado pela empresa; condenação da Caixa 
Econômica Federal ao pagamento de diferenças de correção monetária sobre 
os valores depositados na conta vinculada do FGTS; imposição de multa 
administrativa à reclamada pela infração de lei; e determinação à reclamada 
para que regularize as informações constantes do Cadastro Nacional de 
Informações Sociais − CNIS junto ao INSS, para fins de registro do término 
do contrato de trabalho. 
 
Diante do exposto, é correto afirmar: 
a) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, 
compete à Justiça do Trabalho julgar as ações relativas às penalidades 
administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de 
fiscalização das relações de trabalho, abrangida a possibilidade de o 
próprio Juiz do Trabalho impor penalidades administrativas na 
sentença, decorrentes de infração da reclamada aos comandos legais. 
b) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, manifestado por 
meio de súmula vinculante, compete à Justiça Comum e não à Justiça 
do Trabalho apreciar e julgar dissídios entre empregados e 
empregadores, decorrentes de contrato de previdência privada 
complementar. 
c) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, 
não compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar os dissídios que 
 
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envolvam a regularização do Cadastro Nacional de InformaçõesSociais 
pelo empregador, uma vez que a alimentação de informações no 
referido Cadastro incumbe ao Instituto Nacional da Seguridade Social. 
d) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, 
compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por 
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no 
Programa de Integração Social. 
e) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, 
compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar ações oriundas de lide 
entre o trabalhador e a Caixa Econômica Federal, versando sobre 
pagamento de correção monetária dos valores depositados na conta 
vinculada do FGTS. 
 
Questão 2 
Compete ao Ministério Público do Trabalho, nos termos da lei... 
 
a) Intervir facultativamente em todos os feitos, em quaisquer graus de 
jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica 
de Direito Público, Estado Estrangeiro ou Organismo Internacional. 
b) Recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender 
necessário, apenas nos processos em que for parte. 
c) Atuar como árbitro, desde que requisitado pelo juiz do trabalho, nos 
dissídios de competência da Justiça do Trabalho. 
d) Pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal 
Superior do Trabalho. 
e) Promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios 
decorrentes da 
paralisaçãodeserviçosdequalquernatureza,oficiandoobrigatoriamente 
nos processos, manifestando sua concordância ou discordância, em 
eventuais acordos firmados antes da homologação, não lhe sendo 
resguardado, nestes casos, o direito de recorrer. 
 
 
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Questão 3 
De acordo com as previsões legais e entendimento jurisprudencial do Tribunal 
Superior do Trabalho, quanto aos atos, prazos e despesas processuais, é 
correto afirmar: 
 
a) Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos de trabalho, nas 
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem 
como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício 
da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de 
conhecimento e de execução, incidirão à base de 2% e serão 
calculadas, no caso de procedência do pedido formulado em ação 
declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor que o juiz fixar. 
b) Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo será 
contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver 
expediente forense. 
c) Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem, entre outros, 
privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e 
das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou 
municipais que não explorem atividade econômica: o quádruplo de 
prazo para contestar e o dobro do prazo para recorrer. 
d) O recesso forense interrompe os prazos recursais, ou seja, cessado o 
recesso, recomeça-se a contagem do prazo, isto é, retoma-se a 
contagem do prazo no estado em que parou. 
e) Nos dissídios coletivos, as partes vencidas ou não, responderão 
solidariamente pelo pagamento de custas, que incidirão à base de 2% 
sobre o valor dado à causa. 
 
 
 
 
 
 
 
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Questão 4 
Quanto às partes e procuradores no Processo do Trabalho, segundo as 
previsões da Consolidação das Leis do Trabalho, do Código de Processo Civil 
e entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, é correto 
afirmar: 
 
a) A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e 
fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e 
passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de 
instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação, 
sendo essencial nestes casos, que o signatário ao menos declare-se 
exercente do cargo de procurador, não bastando a indicação do 
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. 
b) Haverá cumulação no mesmo processo, de lides no plano objetivo, 
formando litisconsórcio ativo, facultativo e inicial, as chamadas 
reclamações trabalhistas plúrimas, que segundo a previsão expressa 
contida na CLT, somente podem ocorrer nos dissídios em que há várias 
reclamações de trabalhadores da mesma empresa ou estabelecimento, 
desde que haja identidade de matéria e desde que a matéria seja de 
direito. 
c) O litisconsórcio, na ação rescisória, é facultativo em relação ao polo 
passivo da demanda, porque não supõe uma comunidade de direitos 
ou de obrigações que admite solução díspar para os litisconsortes, em 
face da divisibilidade do objeto. 
d) De acordo com previsão contida no CPC, aplicável subsidiariamente ao 
Processo do Trabalho, não poderão figurar como parte no Processo do 
Trabalho, as sociedades sem personalidade jurídica, uma vez que não 
regularizados os seus atos constitutivos. Neste caso, deverá constar 
como parte, no polo passivo ou ativo, a pessoa a quem, de fato, 
couber a administração dos seus bens. 
e) No Processo do Trabalho, a reclamação trabalhista do menor de 18 
anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pelo 
 
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Sindicato, pelo Ministério Público do Trabalho ou advogado dativo 
nomeado em juízo. 
 
Questão 5 
Com relação aos vícios do ato processual e nulidades do processo do 
trabalho, segundo a doutrina e legislação aplicável, é correto afirmar: 
 
a) O juiz ou tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que 
ela se estende. A nulidade do ato prejudicará todos os atos 
posteriores, ainda que estes não dependam ou sejam consequência do 
ato inquinado de nulo. 
b) Todas as nulidades, em sede de processo de trabalho, não serão 
declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão 
argui-las à primeira vez em que tiverem que falar nos autos, sob pena 
de preclusão consumativa. 
c) Os atos processuais não ratificados no prazo serão havidos por nulos 
de pleno direito. 
d) O princípio da transcendência ou da instrumentalidade das formas é 
encampado pelo Direito Processual do Trabalho e determina que, 
quando a lei previr determinar forma para certo ato processual, este 
poderá ser praticado de todas as formas. 
e) O princípio do interesse, que só alcança as nulidades relativas, está 
previsto na Consolidação das Leis do Trabalho e dispõe que somente 
terá interesse de postular a declaração de nulidade, a parte que foi 
prejudicada, mas não a que deu causa a ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Nesta terceira aula iremos iniciar nossos estudos sobre Jurisdição e 
Competência, apresentando seus conceitos e critérios de aplicabilidade, assim 
como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos 
Reclamação Trabalhista e Partes e Procurados no Processo do Trabalho e sua 
aplicação processual. 
 
Objetivos: 
1. Rever em linhas gerais as regras de jurisdição e competência no 
Processo Civil e verificar como esses institutos se apresentam no 
Processo do Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conteúdo 
Jurisdição 
No início da civilização os homens resolviam seus conflitos individualmente, 
na maioria das vezes pelo uso da força, usando violência física ou psicológica. 
Portanto, o mais forte levava vantagem sobre o mais fraco. Com o 
desenvolvimento das civilizações o Estado passou a perceber a necessidade 
de interferir, buscando equilibrar a solução dos conflitos de interesses, claro, 
na busca do bem comum e da paz social. 
 
Chiovenda conceituou jurisdição “como a função estatal que tem por escopo a 
atuação da vontade concreta da lei, mediante a substituição, pela atividadedos órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos 
públicos, quer para afirmar a existência da vontade da lei, quer para torná-la 
praticamente efetiva” (Instituições de direito processual civil, v. II, nºs 
137 a 140, p. 3-14). 
 
Já Carnelutti considerou que a “jurisdição é um meio de que se vale o Estado 
para a justa composição da lide, entendida essas como pretensão resistida. 
Ou seja, a atividade jurisdicional exercida pelo Estado por meio do processo 
visa à composição, nos termos da lei, do conflito de interesses submetido à 
sua apreciação” (Sistema del diritto processuale civile, v. I, n. 78, p. 
222-228, apud MARCATO, Antonio Carlos. Breves considerações sobre 
jurisdição e competência, cit., p. 13.) 
 
Luiz Guilherme Marinoni convida-nos à seguinte reflexão: “Se as teorias da 
jurisdição constituem espelhos dos valores e das ideias das épocas e, assim, 
não podem ser ditas equivocadas – uma vez que isso seria um erro derivado 
de falsa compreensão de história, certamente devem ser deixadas de lado 
quando não mais revelam a função exercida pelo juiz. Isso significa que as 
teorias de Chiovenda e Carnelutti, se não podem ser contestadas em sua 
 
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lógica, certamente não têm – nem poderiam ter – mais relação alguma com a 
realidade do Estado contemporâneo”. 
 
A par de outras considerações, Marinoni também afirma que a transformação 
da concepção de direito fez surgir um positivismo crítico, que passou a 
desenvolver as teorias destinadas a dar ao juiz a real possibilidade de afirmar 
o conteúdo da lei, comprometido com a Constituição. Nessa linha podem ser 
mencionadas as teorias dos direitos fundamentais, inclusive a teoria dos 
princípios, a técnica da interpretação de acordo, as novas técnicas de controle 
da constitucionalidade – que conferem ao juiz uma função “produtiva”, e não 
mais apenas de declaração de inconstitucionalidade – e a própria 
possibilidade de controle da inconstitucionalidade por omissão no caso 
concreto. Ora, é pouco mais do que evidente que isso tudo fez surgir um 
outro modelo de juiz, sendo apenas necessário, agora, que o direito 
processual civil se dê conta disso e proponha um conceito de jurisdição que 
seja capaz de abarcar a nova realidade que se criou. 
 
JURISDIÇÃO (jus dicere), costuma-se dizer, é o poder que o Estado avocou 
para si de dizer o direito, de fazer justiça, em substituição aos particulares. 
 
A jurisdição é, portanto, num só tempo: 
a) poder, que decorre da potestade do Estado exercida de forma 
definitiva em face das partes em conflito; 
b) função, porque cumpre a finalidade de fazer valer a ordem jurídica 
colocada em dúvida diante de uma lide; 
c) atividade, na medida em que consiste numa série de atos e 
manifestações externas e ordenadas que culminam com a declaração 
do direito e concretização de obrigações consagradas num título. 
 
O poder, a função e a atividade somente transparecem validamente por meio 
do processo (due process of Law), o que equivale dizer que não há jurisdição 
fora do processo. É, pois, uma atividade provocada por meio da ação, pois, 
 
 47 
sem esta não há jurisdição. Daí a afirmação corrente de que a inércia é uma 
das principais características da atividade jurisdicional. (Curso de direito 
processual do trabalho. 9. ed. LTr, 2011. p. 147/149). 
 
Exceções do exercício da jurisdição 
A jurisdição constitui função do Poder Judiciário, mas o nosso ordenamento 
jurídico estabelece algumas exceções, como, por exemplo: 
 
a) a jurisdição exercida pelo Senado Federal para processar e julgar 
algumas autoridades por crimes de responsabilidade (CF, art. 52, I e 
II); 
b) nos casos de imunidade de jurisdição reconhecida, por força do 
princípio da sabedoria, aos Estados estrangeiros e a seus 
representantes diplomáticos; e 
c) nos casos de compromisso arbitral. 
 
Princípios da jurisdição 
Há alguns princípios inerentes à jurisdição, tais como: 
a) princípio da inércia ou da demanda ou dispositivo, pois a jurisdição não 
se instaura, em regra, ex officio; 
b) princípio da aderência ao território, porque a jurisdição se manifesta, 
em regra, nos limites da soberania nacional vinculada ao território de 
cada unidade da federação; 
c) princípio da indeclinabilidade da jurisdição, também chamado de 
princípio da inafastabilidade ou ubiquidade, que não permite que 
nenhum ato normativo possa obstaculizar o acesso ao Poder Judiciário; 
d) princípio da inevitabilidade, pois, uma vez provocada a jurisdição, não 
é possível, validamente, impedir a prestação jurisdicional; 
e) princípio da idelelegabilidade, pois a jurisdição, como emanação de 
Poder, não permite a delegação de poderes, ou seja, ao juiz não é 
 
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permitido delegar os poderes que lhe são conferidos 
constitucionalmente; 
f) princípio da investidura, porquanto a jurisdição só é validamente 
exercida por quem esteja legalmente investido na autoridade de juiz. 
 
Características da jurisdição 
São características da jurisdição: 
 
 a unidade (CPC, art. 1°); 
 a secundariedade (possibilidade primária de resolução do conflito, 
pelos próprios interessados – autocomposição); 
 a imparcialidade (CPC, art. 2°); e 
 a substitutividade (substitui a atuação das partes na solução do litígio). 
 
Jurisdição trabalhista e seu sistema de acesso individual, 
coletivo e metaindividual à justiça 
No Brasil, a doutrina costuma distinguir, levando em conta as regras de 
competência estabelecidas na Constituição Federal, dentre as diversas 
“justiças”, as que exercem jurisdição comum e as que exercem jurisdição 
especial. 
 
Reza a Constituição Federal que a jurisdição comum abrange a Justiça 
Federal (arts. 106 a 110) e as Justiças Estaduais ordinárias (arts. 125 e 126). 
 
A jurisdição especial é composta pela Justiça do Trabalho (CF, arts. 111 a 
117), pela Justiça Eleitoral (arts. 118 a 121) e pela Justiça Militar (arts. 122 a 
124). 
 
A jurisdição trabalhista, portanto, é exercida pelos órgãos (juízes e tribunais) 
da Justiça do Trabalho. 
 
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A jurisdição trabalhista é estabelecida, conforme determina a Constituição 
Federal, art. 114, de acordo com sua área de competência, quanto aos 
dissídios individuais, dissídios coletivos (normativos) e os dissídios 
metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos), (art. 129, III e 
IX, 8°, III, e 114, da Constituição Federal). 
 
Jurisdição volutária e contenciosa 
No âmbito do processo civil, há duas espécies de jurisdição: a contenciosa e a 
voluntária. Estabelece o art. 1° do CPC: “A jurisdição contenciosa e 
voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as 
disposições que este Código estabelece”. No CPC a jurisdição contenciosa é 
regulada no Título I, e a voluntária no Título II. 
 
As distinções entre as duas espécies de jurisdição são, basicamente, as 
seguintes: 
 
a) a jurisdição contenciosa visa à composição de litígios por meio de um 
processo, pois existe uma lide a ser resolvida, com a presença das partes 
e aplicação dos efeitos da revelia, sendo que a decisão fará coisa julgada 
formal e material; 
 
b) a jurisdição voluntária visa à participação do Estado para dar validade 
a negócios jurídicos por meio de um procedimento, pois não existe lide 
nem partes, mas apenas interessados, sendo que a decisão fará, tão 
somente, coisa julgada formal. 
 
No processo do trabalho somente existe a jurisdição contenciosa. Não há 
formalmente previsão para a jurisdição voluntária. Entretanto, a doutrina, 
admite espécies de procedimentos como inerentes à jurisdição voluntária. 
Mauro Schiavi (Manualde direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: 
LTr, 2009), menciona o art. 500 da CLT, segundo o qual o “pedido de 
 
 50 
demissão do empregado estável só será válido quando feito com a assistência 
do respectivo Sindicato e, se não houver, perante autoridade local 
competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou da Justiça do 
Trabalho”. Vale lembrar que o §1° do art. 477 da CLT também admite poder 
homologador, jurisdição voluntária, ao Sindicato ou perante autoridade 
competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social, para o pedido de 
demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho. 
 
Outro exemplo de jurisdição voluntária no processo do trabalho encontra-se 
no Enunciado nº 63 da 1ª jornada de Direito Material e Processual do 
Trabalho (disponível em <www.ananmatra.org.br>): 
 
“COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. PROCEDIMENTO DE 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. LIBERAÇÃO DO FGTS E PAGAMENTO DO 
SEGURO-DESEMPREGO. Compete à Justiça do Trabalho, em procedimento de 
jurisdição voluntária, apreciar pedido de expedição de alvará para liberação 
do FGTS e de ordem judicial para pagamento do seguro-desemprego. Ainda 
que figurem como interessados os dependentes de ex-empregado falecido”. 
 
Competência da Justiça do Trabalho 
Já aprendemos que a jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e 
atividade de dizer e realizar o direito, reconhecidos ao Poder Judiciário pela 
Constituição Federal. 
 
Afirmam os doutrinadores que a competência é a medida da jurisdição, ou 
área de atuação, de cada órgão judicial. É a competência que legitima o 
exercício do poder jurisdicional. 
 
Com base na teoria geral do direito processual, é possível formular inúmeros 
critérios para determinar a competência, levando-se em conta a matéria, a 
 
 51 
qualidade das partes, a função, a hierarquia do órgão julgador, o lugar e o 
valor da causa. 
 
Desse modo, verifica-se o uso das expressões que designam a competência, 
seja em razão da matéria (ratione materiae), em razão das pessoas (ratione 
personae), em razão da função e da hierarquia, em razão do território 
(ratione loci) e das chamadas causas de alçada (em razão do valor da causa). 
Ressalte-se que, guardadas as devidas proporções, esses critérios podem ser 
trasladados para os domínios do direito processual do trabalho, observadas 
algumas peculiariedades desse setor especializado da árvore jurídica. 
 
Competência da Justiça do Trabalho após a EC n° 45/2004 
A competência da Justiça do Trabalho, em razão da matéria, reside no art. 
114 da CF/88. Vale lembrar que, com o advento da Emenda Constitucional n° 
45, de 31.12.2004, houve significativa ampliação da competência da Justiça 
do Trabalho. 
 
Estatui o art. 114, da Constituição Federal, o que segue: 
 
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
 
I. as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de 
direito público externo e da administração pública direta e indireta da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
II. as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
III. as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre 
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
IV. os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o 
ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
V. os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, 
ressalvado o disposto no art. 102. I, o; 
 
 52 
VI. as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da 
relação de trabalho; 
VII. as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos 
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
VIII. a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, 
a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que 
proferir; 
IX. outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da 
lei. 
§ 1° Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. 
§ 2° Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à 
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo. Ajuizar dissídio 
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o 
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, 
bem como as convencionadas anteriormente. 
§ 3° Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do 
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio 
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito”. 
 
As competências em razão da função e em razão do território dos órgãos da 
Justiça do Trabalho são fixadas pela lei ordinária, e não pela Constituição. 
Assim estatui o art. 113 da CRFB, que remete à lei a tarefa de regular “a 
constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de 
exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho”. 
 
Dessa forma, as relações de trabalho direta e indireta, trabalho eventual, 
empreitada, trabalho temporário, empregado doméstico, servidor público 
regido por CLT (Administração Pública indireta), trabalhador avulso, relação 
de trabalho autônomo, excluídas as relações de consumo, p. ex., honorários 
advocatícios não decorrentes das ações trabalhistas e outros honorários 
médicos, odontológicos e outros. 
 
 
 53 
Ressalte-se que os servidores públicos, regidos Regime Jurídico Único, 
portanto estatutários, estão excluídos da competência da Justiça do Trabalho 
e terão suas lides submetidas à Justiça Federal, quando forem servidores 
públicos federais, ou à Justiça Comum, quando forem servidores públicos 
estaduais ou municipais. 
 
Competência normativa 
A Justiça do Trabalho é o único ramo do Poder Judiciário que possui 
competência material para criar normas gerais e abstratas destinadas às 
categorias profissionais ou econômicas, desde que respeitadas as disposições 
mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas 
anteriormente. Este é o Poder Normativo previsto no art. 114, § 2°, da CRFB, 
que é exercido por meio de sentença normativa (rectius, acórdão normativo) 
proferida nos autos de dissídio coletivo. 
 
A competência funcional para processar e julgar os dissídios coletivos é dos 
Tribunais Regionais do Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho, 
conforme a área de abrangência do conflito de interesses. Se ultrapassar a 
base territorial de competência de mais de um TRT, a competência funcional 
originária será do TST. 
 
Competência em razão do lugar (foro – ratione loci) 
A competência em razão do lugar (ratione loci), também chamada de 
competência territorial, é determinada com base na circunscrição geográfica 
sobre a qual atua o órgão jurisdicional. A competência ratione loci é atribuída 
às Varas do Trabalho. A competência territorial das Varas do Trabalho é 
determinada por lei federal. 
 
O regramento da competência em razão do lugar tem previsão expressa na 
CLT (art. 651), não cabendo, pois, em princípio, a aplicação subsidiária do 
CPC. 
 
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Dessa forma, a competência territorial das Varas do Trabalho pode ser 
classificada: 
 
a) quanto ao local da prestação de serviços; 
b) quando se tratar de empregado agente ou viajante comercial; 
c) de empregado brasileiro que trabalho no estrangeiro, desde que 
contratado no Brasil, salvo acordo ou convenção internacional, 
dispondo em contrário; 
d) de empresa que promova atividade fora do lugar da celebração do 
contrato. 
 
O art. 651, caput, da CLT, com as limitações impostas pela EC n° 24/1999, 
estabelece

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