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1 2 APRESENTAÇÃO 8 AULA 1: PROCESSO DO TRABALHO; CONCEITO; CARACTERÍSTICAS; AUTONOMIA; ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 10 INTRODUÇÃO 10 CONTEÚDO 11 CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 11 DA AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 12 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 15 ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO 15 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 16 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO APÓS A EC Nº 24/99 17 COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO TST 18 COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS TRTS 20 COMPOSIÇÃO DAS VARAS DO TRABALHO 21 OS JUÍZES DE DIREITO INVESTIDOS DE JURISDIÇÃO TRABALHISTA 22 ATIVIDADE PROPOSTA 22 REFERÊNCIAS 23 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 AULA 2: PRINCÍPIOS GERAIS E SINGULARIDADES DO PROCESSO DO TRABALHO 26 INTRODUÇÃO 26 CONTEÚDO 27 PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO DO TRABALHO 27 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS 27 PRINCÍPIOS COMUNS AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 29 PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 32 OUTROS PRINCÍPIOS PECULIARES NO PROCESSO DO TRABALHO 34 SINGULARIDADE DO PROCESSO DO TRABALHO 36 3 ATIVIDADE PROPOSTA 37 REFERÊNCIAS 38 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 39 AULA 3: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 44 INTRODUÇÃO 44 CONTEÚDO 45 JURISDIÇÃO 45 EXCEÇÕES DO EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO 47 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 47 CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 48 JURISDIÇÃO TRABALHISTA E SEU SISTEMA DE ACESSO INDIVIDUAL, COLETIVO E METAINDIVIDUAL À JUSTIÇA 48 JURISDIÇÃO VOLUTÁRIA E CONTENCIOSA 49 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 50 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO APÓS A EC N° 45/2004 51 COMPETÊNCIA NORMATIVA 53 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR (FORO – RATIONE LOCI) 53 EMPREGADO AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL 54 EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO ESTRANGEIRO 55 EMPRESA QUE PROMOVE ATIVIDADE FORA DO LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO 56 FORO DE ELEIÇÃO 56 COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA 57 MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 58 CONFLITO DE COMPETÊNCIA 60 ATIVIDADE PROPOSTA 60 REFERÊNCIAS 61 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 62 AULA 4: PARTES E PROCURADORES NO PROCESSO DO TRABALHO 71 INTRODUÇÃO 71 CONTEÚDO 72 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA OU AÇÃO TRABALHISTA 72 ATOS PROCESSUAIS 74 COMUNICAÇÃO DOS ATOS 77 4 PUBLICIDADE DOS ATOS 79 TERMOS PROCESSUAIS 80 PRAZOS PROCESSUAIS 82 CONTAGEM DOS PRAZOS 83 NULIDADES PROCESSUAIS 85 PRECLUSÃO 88 PEREMPÇÃO 90 DECADÊNCIA 90 PRESCRIÇÃO 91 ATIVIDADE PROPOSTA 94 REFERÊNCIAS 95 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 96 AULA 5: PARTES E PROCURADORES NO PROCESSO DO TRABALHO; REPRESENTAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO DE PARTE 101 INTRODUÇÃO 101 CONTEÚDO 102 PARTES NO PROCESSO 102 CONCEITO 102 REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA 104 RESPONSABILIDADE DA PARTE 106 CLASSIFICAÇÃO 110 DIFERENÇA ENTRE A SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL E OUTROS INSTITUTOS 112 ATIVIDADE PROPOSTA 113 REFERÊNCIAS 114 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 114 AULA 6: REUNIÃO DE PARTES; LITISCONSÓRCIO; INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 119 INTRODUÇÃO 119 CONTEÚDO 120 REUNIÃO DE PARTES 120 COMBINAÇÕES POSSÍVEIS DE LITISCONSÓRCIO 123 OUTRAS QUESTÕES LIGADAS AO LITISCONSÓRCIO 124 CHAMAMENTO AO PROCESSO 128 5 INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA E INTERVENÇÃO PROVOCADA 128 ATIVIDADE PROPOSTA 129 REFERÊNCIAS 130 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 131 AULA 7: PETIÇÃO INICIAL. DISSÍDIO INDIVIDUAL, CARACTERES, RESPOSTA DO RÉU (CONTESTAÇÃO) 135 INTRODUÇÃO 135 CONTEÚDO 136 PROCEDIMENTO – CONCEITO 136 DISTINÇÃO ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO 136 TIPOS DE PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO 136 PROCEDIMENTO COMUM 137 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 137 PROCEDIMENTO SUMÁRIO 138 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 139 FASE POSTULATÓRIA 140 DIREITO DE AÇÃO, CONDIÇÕES DA AÇÃO E SEUS REQUISITOS 140 CONDIÇÕES DA AÇÃO 142 ELEMENTOS OU REQUISITOS DA AÇÃO 142 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 143 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 146 DEFESA DO RÉU 148 CONTESTAÇÃO 149 EXCEÇÃO 155 RECONVENÇÃO 156 REVELIA 157 REVELIA E CONFISSÃO 159 REVELIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 159 DA AUDIÊNCIA TRABALHISTA 159 GENERALIDADES 159 DO FUNCIONAMENTO DA AUDIÊNCIA 160 ABERTURA DA AUDIÊNCIA 161 PRIMEIRA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO 163 DEFESA DO RÉU 164 6 SEGUNDA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO 165 ATIVIDADE PROPOSTA 165 REFERÊNCIAS 166 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 166 AULA 8: PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS E INSTRUÇÃO PROCESSUAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO 169 INTRODUÇÃO 169 CONTEÚDO 170 PROCEDIMENTOS DAS AÇÕES TRABALHISTAS 170 NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO 170 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 171 MOMENTO DE EXAMINAR OS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 173 DISTINÇÃO ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO 173 TIPOS DE PROCEDIMENTOS NO PROCESSO DO TRABALHO 173 PROCEDIMENTO COMUM 173 PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 174 PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO 175 PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO 177 ATIVIDADE PROPOSTA 179 REFERÊNCIAS 180 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 181 CHAVES DE RESPOSTA 185 AULA 1 185 ATIVIDADE PROPOSTA 185 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 185 AULA 2 187 ATIVIDADE PROPOSTA 187 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 188 AULA 3 190 ATIVIDADE PROPOSTA 190 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 190 AULA 4 194 ATIVIDADE PROPOSTA 194 7 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 195 AULA 5 198 ATIVIDADE PROPOSTA 198 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 199 AULA 6 202 ATIVIDADE PROPOSTA 202 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 202 AULA 7 204 ATIVIDADE PROPOSTA 204 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 204 AULA 8 206 ATIVIDADE PROPOSTA 206 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 207 CONTEUDISTA 210 8 A disciplina de Teoria Geral do Processo do Trabalho irá abordar os conceitos e fundamentos do direito processual do trabalho, proporcionando melhor atuação aos profissionais que militam no ramo trabalhista e áreas afins. Partindo do exame da legislação, das normas, e dos princípios que diferenciam o Direito Processual do Trabalho dos demais ramos do direito processual, será examinada a sua interpretação e a sua aplicação a casos concretos à luz da sua construção normativa, doutrinária e jurisprudencial. Dentro do contexto da disciplina serão, também, examinadas as fontes do Direito Processual do Trabalho, com destaque para as suas fontes específicas e suas características, natureza jurídica, limitações, eficácia e aplicabilidade. Por fim, será abordada a clássica distinção entre o processo do trabalho e o processo civil em sentido amplo e estrito, examinando os seus institutos normativos e as regras a eles aplicáveis, a exemplo da jurisdição, competência, intervenção de terceiros e regras gerais de procedimentos processuais. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Identificar os fundamentos básicos do Direito Processual do Trabalho, por via das noções gerais apresentadas; 9 2. Descrever, explicar e aplicar os princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho em suas articulações com as fontes gerais e específicas, o que é pressuposto indispensável para a solução de casos concretos; 3. Diferenciar as regras do Direito Processual Civil e do Direito Processual do Trabalho, com habilidade para listar, explicar e aplicar as normas jurídicas pertinentes aos sujeitos da relação de emprego, em sua regulamentação geral e suas peculiaridades. 10 Introdução Nesta primeira aula iremos iniciar nossos estudos de Teoria Geral do Processo do Trabalhoapresentando um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos as Fontes do Direito do Trabalho e os princípios do direito do trabalho dentro do atual contexto da flexibilização. Objetivos: 1. Conhecer a evolução do Processo do Trabalho no Brasil; 2. Compreender sua autonomia e as singularidades, como a organização da Justiça do Trabalho. 11 Conteúdo Conceito de direito processual do trabalho A função básica do direito processual é a solução dos conflitos de interesses por meio de prestação jurisdicional. Na ótica de José Augusto Rodrigues Pinto, “Direito processual do trabalho é o conjunto de princípios e normas jurídicas destinados a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais do Estado na solução dos dissídios individuais ou coletivos, entre empregadores e empregados. Pelo ordenamento jurídico brasileiro, a competência dos órgãos jurisdicionais trabalhistas vai algo além do conceito do Direito Processual do Trabalho, graças à extensão feita a outros conflitos, oriundos de relações de trabalho em que são sujeitos não necessariamente o empregado e o empregador (Constituição Federal de 1988, art. 114, e CLT, art. 652, III). Desse modo, é bom ter-se em vista, na conceituação do Direito Processual do Trabalho, essa possibilidade de extensão ao que se denomina outras controvérsias provindas de relação de trabalho”. Para Amauri Mascaro do Nascimento, Direito Processual do Trabalho é o ramo do “Direito Processual destinado à solução jurisdicional dos conflitos trabalhistas. As normas jurídicas nem sempre são cumpridas espontaneamente, daí a necessidade de se pretender, perante os tribunais, o seu cumprimento, sem o que a ordem jurídica tornar-se-ia um caos. A atuação dos tribunais também é ordenada pelo direito, mediante leis coordenadas num sistema, destinadas a determinar a estrutura e o funcionamento dos órgãos do Estado, aos quais é conferida a função de resolver os litígios ocorridos na sociedade, bem como os atos que podem ser praticados não só por esses órgãos, mas também pelas partes em juízo”. 12 Na versão de Sergio Pinto Martins, Direito Processual do Trabalho representa “o conjunto de princípios, normas e instituições destinados à atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos conflitos individuais ou coletivos entre trabalhadores e empregadores”. No entender de Carlos Henrique Bezerra Leite, “O Direito Processual do Trabalho como ramo da ciência jurídica, constituído por sistema de normas, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos decorrentes das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõem a iça do Trabalho”. Podemos afirmar que o direito processual do trabalho é um ramo da ciência jurídica. O direito processual constitui uma das diversas formas de investigação da ciência do direito. Do ponto de vista metodológico, o direito processual do trabalho integra o elenco de disciplinas de direito público, que, por sua vez, abrange o direito processual. Da autonomia do direito processual do trabalho A autonomia de um ramo da ciência jurídica pode ser identificada por diversos critérios, entretanto, dois são os mais conhecidos e o primeiro leva em conta: a extensão da matéria, a existência de princípios comuns, a observância de método próprio; o segundo critério baseia-se nos elementos componentes da relação jurídica, isto é, os sujeitos, o objeto e o vínculo obrigacional que os integra. No que concerne ao direito processual do trabalho, duas correntes doutrinárias distintas se apresentam. De um lado, os monistas, que defendem que o direito processual é simples desdobramento do processo civil, não possuindo princípios e institutos 13 próprios. Entre os autores brasileiros, destaca-se Valentim Carrion, para quem “o direito processual se subdivide em processual penal e processual civil (em sentido lato, ou não penal)”. As subespécies deste são o processual trabalhista, processual eleitoral etc. Todas as subespécies do direito processual civil se caracterizam por terem em comum a teoria geral do processo; separam-se dos respectivos direitos materiais (direito civil, direito do trabalho etc.) porque seus princípios e institutos são diversos. São direitos instrumentais que possuem os mesmos princípios e os estudam (celeridade, oralidade, simplicidade, instrumentalidade, publicidade etc.). Assim, do ponto de vista jurídico, a afinidade do direito processual do trabalho com o direito processual comum (civil, em sentido lato) é muito maior (de filho para pai) do que com o direito do trabalho (que é objeto de sua aplicação). O direito processual do trabalho não possui princípio próprio algum, pois todos os que o norteiam são do processo civil (oralidade, celeridade etc.); apenas deu (ou pretendeu dar) a alguns deles maior ênfase e relevo. O princípio de “em dúvida pelo mísero” não pode ser levado a sério, pois, em caso de dúvida na interpretação dos direitos materiais, será uma questão de direito do trabalho e não de direito processual. E as dúvidas de direito processual se resolvem por outros meios: ”ônus das provas, plausibilidade, fontes de experiência comum, pela observação do que ordinariamente acontece (CPC, art. 335) ou contra quem possuía maior facilidade de provar, etc”. Por outro lado, os dualistas propugnam a existência de autonomia do direito processual do trabalho em relação ao direito processual civil. Entre os dualistas destacam-se Amauri Mascaro Nascimento, Sergio Pinto Martins, Mozart Victor Russomano, Humberto Theodoro Junior, José Augusto Rodrigues Pinto, Wagner Giglio e Coqueijo Costa. 14 Salvo melhor juízo, o direito processual do trabalho dispõe de autonomia em relação ao direito processual civil (ou direito processual não penal). Com efeito, o direito processual do trabalho dispõe de vasta matéria legislativa, possuindo título próprio na Consolidação das Leis do Trabalho, que, inclusive, confere ao direito processual civil o papel de mero coadjuvante. Existem princípios peculiares do direito processual do trabalho, como os princípios da proteção, da finalidade social, da indisponibilidade, da busca da verdade real, da normatização coletiva e conciliação. Reconhece esta corrente doutrinária que o direito processual do trabalho não possui métodos tipicamente próprios, pois a hermenêutica, que compreende a interpretação, a integração e a aplicação das normas jurídicas processuais, é a mesma da teoria geral do direito processual. Todavia, a própria finalidade social do direito processual do trabalho exige do intérprete uma postura comprometida com o direito material do trabalho e com a realidade econômica e social, o que lhe impõe a adoção da técnica da interpretação teleológica, buscando sempre a verdade real, e, com isso, promovendo a justiça social no campo das relações decorrentes do conflito entre o capital e o trabalho. Ademais, o direito processual do trabalho possui institutos próprios, como, por exemplo: uma justiça especializada, com juízes especializados e o poder normativo exercido originariamente pelos tribunais do trabalho. O direito do trabalho dispõe, atualmente, de autonomia didática, pois a disciplina tem sido ofertada separadamente nas grades curriculares; da autonomia jurisdicional, não, apenas no Brasil (CF, art. 114), mas, também, em outros países, como: Alemanha, Argentina,Uruguai, México e Espanha, de autonomia doutrinária, pois são inúmeras as obras, nacionais e estrangeiras, versando apenas direito processual do trabalho. 15 Organização da Justiça do Trabalho Órgãos do Poder Judiciário brasileiro A concepção moderna de Estado impede que haja superposição de poderes, o que geraria o arbítrio e a tirania. Surge então a chamada teoria da tripartição dos Poderes do Estado. O exercício do poder passa, assim, a ser implementado por três órgãos distintos, independentes e harmônicos entre si. Esses órgãos são chamados de Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. O Poder Judiciário, como um dos três Poderes clássicos do Estado, vem assumindo a cada dia uma função fundamental na efetivação do Estado Democrático de Direito. (Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso de direito processual do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2009). De acordo com o art. 92 da Constituição Federal de 1988, com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, o Poder Judiciário brasileiro é integrado pelos seguintes órgãos: I. O Supremo Tribunal Federal; II. O Conselho Nacional de Justiça; III. O Superior Tribunal de Justiça; IV. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; V. Os Tribunais e Juízes do Trabalho; VI. Os Tribunais e Juízes Eleitorais; VII. Os Tribunais e Juízes Militares; VIII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. O Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e o Conselho Nacional de Justiça têm sede na Capital Federal, sendo certo que os dois primeiros têm jurisdição em todo o território nacional. 16 Quanto à organização do Poder Judiciário, a grande novidade introduzida pela EC nº 45/2004 foi, sem dúvida, o Conselho Nacional de Justiça, que é, em última análise, uma forma mitigada de controle externo administrativo e financeiro da atuação dos órgãos que compõem o próprio Poder Judiciário. O STF entende que o Conselho Nacional de Justiça é órgão de natureza administrativa, com atribuições de controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura, sendo sua competência relativa apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal, já que seus atos e decisões administrativas estão sujeitos a seu controle jurisdicional, por força do art. 102, caput, inciso I, “r”, e § 4º, da CF. Portanto, o Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo Tribunal Federal. Organização da Justiça do Trabalho nas Constituições brasileiras A Organização da Justiça do Trabalho no Brasil foi inspirada no sistema paritário, do governo fascista da Itália, que mantinha um ramo especializado do Judiciário na solução de conflitos trabalhistas, em cuja composição figuravam representantes do Estado (juízes togados), da classe empresarial e da classe trabalhadora (juízes classistas). Embora a Itália tivesse abandonado esse sistema paritário no período “pós- guerra”, o Brasil manteve a mesma estrutura da Justiça do Trabalho desde a Constituição de 1934, (art. 122) até a Emenda Constitucional nº 24, de 09.12.1999, que extinguiu a chamada representação classista. Na Constituição de 1934, art. 122, a Justiça do Trabalho não era independente, pois estava vinculada ao Poder Executivo. Mas nascia aí a marca da representação classista paritária. 17 Em 1937, art. 139, a nova Constituição Federal passou a dar maior autonomia à Justiça do Trabalho, mas silenciou quanto à sua inserção no Poder Judiciário. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (RE nº 6.310, DJU, 30 set. 1943) reconheceu o caráter jurisdicional da Justiça do Trabalho ao admitir recurso extraordinário contra decisão do CNT (atualmente TST). Somente em 1946 a Constituição Federal, no art. 94, inciso V, tornou inequívoca a integração no Poder Judiciário da Justiça do Trabalho. O art. 122, dessa Constituição, também estabeleceu a estrutura da Justiça do Trabalho. Em 1967, o art. 133, da nova Constituição Federal, estabeleceu quais eram os órgãos da Justiça do Trabalho, indicando de que forma se daria a substituição por juízes de direito, no caso de inexistência de Juntas de Conciliação e Julgamento nas Comarcas, por lei ordinária. A Emenda Constitucional nº 01/69 manteve a mesma estrutura organizacional, no que foi seguida pela Constituição de 1988. Organização da Justiça do Trabalho após a EC nº 24/99 A Emenda Constitucional nº 24, de 09.12.1999, extinguiu a representação classista em todos os graus de jurisdição (1º, 2º e 3º graus). Assim, a Justiça do Trabalho passou por uma grande reformulação quanto à sua composição e organização. Portanto, a Justiça do Trabalho passou a ser integrada pelos seguintes órgãos: I. O Tribunal Superior do Trabalho; II. Os Tribunais Regionais do Trabalho; e III. Juízes do Trabalho. 18 Vale lembrar que, desde a sua criação, a Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição, a saber: a) No primeiro grau funcionam as Varas do Trabalho (antes da EC nº 24/1999, Juntas de Conciliação e Julgamento); b) No segundo grau funcionam os Tribunais Regionais do Trabalho - TRT); c) No terceiro grau funciona o Tribunal Superior do Trabalho (TST). Composição e funcionamento do TST Com a EC nº 45/2004, que acrescentou o art. 111-A ao Texto Constitucional, o Tribunal Superior do Trabalho passou a ser integrado por vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após a aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I. Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II. Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. Junto ao Tribunal Superior do Trabalho funcionam: I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e 19 patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. O Tribunal Pleno é constituído pelos Ministros da Corte. Para o seu funcionamento é exigida a presença de, no mínimo, quatorze Ministros, sendo necessário a maioria absoluta quando a deliberação tratar de: I - escolha dos nomes que integrarão a lista destinada ao preenchimento de vaga de Ministro do Tribunal; II - aprovação de Emenda Regimental; III - eleição dos Ministros para os cargos de direção do Tribunal; IV - aprovação, revisão ou cancelamento de Súmula ou de Precedente Normativo; e V - declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público. Integram o Órgão Especial o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, os sete Ministros mais antigos incluindo os membros da direção, e os sete Ministros eleitos pelo Tribunal Pleno. O quorum mínimo para o seu funcionamento é de oito Ministros. A Seção especializada em dissídios coletivos é constituída do Presidente e Vice-Presidente doTribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais seis Ministros. O quorum para o seu funcionamento é de cinco Ministros. A Seção especializada em dissídios individuais é composta de vinte e um Ministros, sendo o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor- Geral da Justiça do Trabalho e mais dezoito Ministros, e funciona em composição plena ou dividida em duas subseções para o julgamento dos processos de sua competência. O quorum exigido para o funcionamento da Seção de dissídios individuais plena é de onze Ministros. A subseção I especializada em dissídios individuais é integrada por quatorze Ministros: o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais onze Ministros, preferencialmente os 20 Presidentes de Turma, sendo exigida a presença de, no mínimo, oito Ministros para o seu funcionamento. Integram a Subseção II da Seção especializada em dissídios individuais o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais sete Ministros, sendo exigida a presença de, no mínimo, seis Ministros para o seu funcionamento. As Turmas são constituídas, cada uma, por três Ministros, sendo presididas pelo Ministro mais antigo integrante do colegiado. Para o julgamento nas Turmas, é necessário a presença de três Magistrados. Para compor o quorum, o Presidente da Turma poderá convocar, mediante prévio entendimento, Ministro de outra Turma. Composição e funcionamento dos TRTs O art. 112, da CF, em sua redação original, previa “pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal”. A EC nº 45/2004, dando nova redação ao dispositivo em exame, suprimiu a obrigatoriedade da instalação de pelo menos um TRT em cada Estado e no Distrito Federal. Estabelece o art. 674, da CLT, que o território nacional é dividido em vinte e quatro Regiões. Atualmente, existem 24 TRTs. Em São Paulo são dois: um na Capital e outro em Campinas. Com a nova redação do art. 112 da CF não é mais obrigatória a criação dos TRTs nos Estados do Tocantins, Acre, Roraima e Amapá. Os juízes dos TRTs são nomeados pelo Presidente da República e seu número varia em função do volume de processos examinados pelo Tribunal. 21 De acordo com o art. 115 da CF, com redação dada pela EC nº 45/2004, os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I. Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 da CF; II. Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. Compete aos TRT, originariamente, processar e julgar as ações de sua competência originária, tais como dissídios coletivos, mandados de segurança e ações rescisórias; em grau recursal, o TRT julga os recursos das decisões das Varas do Trabalho. Composição das Varas do trabalho As Varas do Trabalho são órgãos de primeira instância da Justiça do Trabalho. A jurisdição da Vara do Trabalho é local, pois abrange, geralmente, um ou alguns municípios. Cabe à lei fixar a competência territorial das Varas do Trabalho. Com a extinção da representação classista, a composição das Varas do Trabalho (antigas JCJs) sofreu substancial alteração, na medida em que a jurisdição na primeira instância da Justiça do Trabalho passou a ser exercida por um juiz singular, conforme o art. 116 da CF. Cada Vara compõe-se de um Juiz do Trabalho titular e um Juiz do Trabalho substituto, ambos nomeados pelo Presidente do TRT, após aprovação em 22 concurso público. O Juiz titular é fixo em uma Vara do Trabalho; o Juiz substituto, não. Compete às Varas do Trabalho, em linhas gerais, processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho (CF, art. 114, I a IX) e aquelas que, por exclusão, não sejam da competência originária dos tribunais trabalhistas. Os juízes de direito investidos de jurisdição trabalhista Em comarcas onde não existir Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função jurisdicional trabalhista aos Juízes de Direito (CLT, art. 668). O art. 112 da CF, com nova redação dada pela EC nº 45/2004, dispõe que a “Lei criará Varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho”. Atividade proposta Como se deu a formação paritária na Justiça do Trabalho e em que período? Material complementar Leia o capítulo1 do livro “Direito processual do trabalho”, de Carlos Henrique Bezerra Leite, LTr e “Curso de direito processual do trabalho”, de Renato Saraiva, Editora Método. Faça os exercícios propostos e estude os gabaritos, eles complementam a aula. Avalie se você assimilou o conteúdo proposto. Tire suas dúvidas no Fórum e participe do debate proposto. Solucione o caso concreto proposto como atividade. Leia a chamada para a aula seguinte. 23 Referências LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo, Atlas, 2012. SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo, Método: 2013. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de direito processual do trabalho, São Paulo: LTr, 2009, v. I e II. Exercícios de fixação Questão 1 Quando o intérprete busca os objetivos que norteiam a edição da lei, ele está fazendo uso da interpretação lógica. a) Certo b) Errado Questão 2 Os TRT, que têm sua criação definida por lei, compõem-se, no mínimo, de sete juízes, garantida a representação de um quinto, dentre advogados e membros de Ministério Público do Trabalho. a) Certo b) Errado 24 Questão 3 O TRT tem competência para apreciar os dissídios coletivos que envolvam as categorias no âmbito da respectiva região, e o TST, aqueles que ultrapassam os limites de competência de algum tribunal regional ou que possuam caráter nacional. a) Certo b) Errado Questão 4 A Justiça do Trabalho, atualmente, é dividida em vinte e quatro Regiões, cada qual possuindo um TRT e tantas varas do trabalho quantas criadas por lei, nas quais exercem sua jurisdição os juízes do trabalho, segundo os limites de competência territorial próprios. Os TRT podem funcionar descentralizadamente, constituindo câmaras regionais, e instalar juízos itinerantes, observados os limites territoriais da respectiva jurisdição a que estão vinculados. a) Certo b) Errado Questão 5 São fontes formais do direito processual do trabalho: a) As leis federais, a Consolidação das Leis do Trabalho, as convenções e acordos coletivos de trabalho. b) Apenas as leis federais e a Consolidação das Leis do Trabalho. c) As leis federais, estaduais ou municipais e a Consolidação das Leis do Trabalho. d) As leis federais, a Consolidação das Leis do Trabalho e os costumes. e) As leis federais, estaduais ou municipais, a Consolidação das Leis do Trabalho e os costumes. 25 Questão 6 Com a extinção da representação classista no Brasil, como passou a funcionar as Varas doTrabalho em primeiro grau de jurisdição? Questão 7 Em não havendo um código do processo do trabalho, é possível afirmar que o processo do trabalho guarda autonomia em relação ao processo civil? Questão 8 Como se dá a escolha e nomeação do Juiz do Tribunal Regional do Trabalho? Questão 9 O Tribunal Superior do trabalho é integrado de quantos Ministros? Como se processa a escolha deles? Questão 10 Em relação o art. 115, da /CRFB, é correto afirmar que existe pelo menos um TRT em cada Estado da Federação e no Distrito Federal? 26 Introdução Nesta aula iremos dar continuidade aos nossos estudos de Teoria Geral do Processo do Trabalho apresentando um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos Jurisdição e Competência e sua aplicação processual. Objetivo: 1. O estudo dos Princípios gerais e singularidades do Processo do Trabalho e dos fundamentos do Processo do Trabalho, jurisdição trabalhista e competência processual. 27 Conteúdo Princípios gerais do processo do trabalho Princípios são as ideias mais gerais que inspiram o ordenamento jurídico de um país. Mesmo sem estarem formulados nos textos, sua presença é imanente no sistema. Alguns são contingentes, isto é, frutos das ideias dominantes em determinados períodos; outros são mais permanentes, surgindo da experiência jurídica multissecular (BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 390). A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina expressamente que, na omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (LINDB, art. 4º). A mesma orientação é encontrada no art. 8º, da CLT. São, portanto, verdadeiras fontes de direito (ZANGRANDO, Carlos Henrique da Silva. Resumo de direito processual do trabalho. 4. ed. Editora Edições Trabalhistas. p. 11). Princípios processuais constitucionais São princípios fundamentais ou gerais de direito processual. Princípio da igualdade ou isonomia: Decorre da norma estabelecida no art. 5º, caput, da CF, segundo a qual todos são iguais perante a lei, e aos brasileiros ou estrangeiros residentes no País é garantida a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Princípio do contraditório: Também é garantia constitucional, estabelecido entre nós pelo art.5º, LV, da Carta Constitucional de 1988. Esse princípio é de mão dupla, isto é, implica na bilateralidade do processo, aproveitando, portanto, ao autor e ao réu. O princípio em exame também é útil para estabelecer o moderno conceito de parte no processo. Vale dizer, parte é quem participa, efetiva ou potencialmente, do contraditório na relação jurídica processual. 28 Princípio da ampla defesa: Encontra-se positivado no art. 5º, LV, da CF, funcionando como complemento do princípio do contraditório. Com efeito, a não se admitir a relação processual sem a presença do réu, não teria sentido tal regramento se, comparecendo a juízo para se defender e opor-se à pretensão autoral, o réu ficasse impedido ou inibido de excepcionar , contestar, recorrer ou deduzir toda a prova de seu interesse. Princípio da imparcialidade do juiz: Avocando a si o monopólio da prestação jurisdicional, salta aos olhos que, ao exercer essa função-poder, o Estado-juiz deverá agir com absoluta imparcialidade. Imparcialidade não se confunde com neutralidade. O juiz, embora agente público com responsabilidades complexas, é um ser humano como outro qualquer. Logo, não se pode ignorar que ele tenha a sua própria “visão do mundo”, com as suas preferências políticas, filosóficas e ideológicas próprias. Como afirmou Aristóteles, o homem é um animal político. No desempenho da função jurisdicional, o juiz deverá agir com imparcialidade, isto é, sem tendências que possam macular o devido processo legal e favorecer uma parte em detrimento da outra. Princípio da motivação das decisões: Correlato ao princípio da imparcialidade, o princípio da motivação das decisões constitui uma garantia do cidadão e da sociedade contra o arbítrio dos juízes. Com efeito, vaticina o art. 93, IX, da CF que todos os julgamentos serão públicos e todas as decisões judiciais fundamentadas. Princípio do devido processo legal: O devido processo legal, no dizer de Nelson Nery Júnior, é a base sobre a qual todos os outros princípios se sustentam. Como leciona o referido jurista, bastaria a norma constitucional haver adotado o princípio do “duo process of law” para que daí decorressem todas as consequências processuais que garantiriam aos litigantes o direito a 29 um processo e a uma sentença justa. É, por assim dizer, o gênero do qual todos os demais princípios constitucionais do processo são espécies. Princípio da razoabilidade da duração do processo: Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, que acrescentou o inciso LXXVIII ao art. 5º, da CF, um novo princípio fundamental foi insculpido em novo sistema processual, segundo o qual “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Alguns meios que garantirão a celeridade processual foram inseridos na própria Carta Magna, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, tais como: a previsão de que “a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente” (CF, art.93, XII); a previsão para que os servidores recebam “delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório” (idem, XIV) e a determinação de que “a distribuição de processos será imediata em todos os graus de jurisdição” (idem, XV). Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho Princípio dispositivo ou da demanda: Na esfera civil o poder de provocar a tutela jurisdicional foi entregue à própria parte interessada, isto é, àquela que se sentisse atingida pelo comportamento alheio, podendo ela vir a juízo apresentar a sua pretensão, se quiser ou da forma que lhe aprouver, assim como dela desistir, respeitadas as exigências legais (art. 2º, CPC). 30 Princípio inquisitório ou do impulso oficial: Está consagrado expressamente no art. 262, do CPC, que dispõe textualmente: O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Após o ajuizamento da ação, o juiz assume o dever de prestar a jurisdição, de acordo com os poderes que o ordenamento jurídico lhe confere. É importante a advertência de Ada Pelegrini Grinover, para quem “o processo civil não é mais eminentemente dispositivo como era outrora; impera, portanto, no campo processual penal, como no campo processual civil, o princípio da livre investigação das provas, embora com doses maiores de dispositividade no processo civil”. (art.267, II e III, do CPC e arts. 128 e 460, do CPC e 39, 765, 856 e 878, da CLT). Princípio da instrumentalidade: O processo não é um fim em si mesmo. Ao revés, o processo deve ser instrumento de justiça. É por meio dele que o Estado presta a jurisdição, diminuindo conflitos, promovendo a pacificação e a segurança aos jurisdicionados( CPC, arts. 154, 244 e 302, e CLT, art. 769). Princípio da impugnação especificada: Corolário do contraditório, o princípio da impugnação específica está previsto no art. 302, do CPC, segundo o qual “cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial”. A inobservância do princípio deságua na presunção de serem verdadeiros os fatos não impugnados. Esse ônus atribuído ao réu somente não ocorrerá: I. se não for admitido (admissível) a seu respeito, a confissão; II. se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; III. se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. 31 Princípio da estabilidade da lide: Este princípio informa que se o autor já propôs sua demanda e deduziu os seus pedidos, e se o réu já foi citado para sobre eles se pronunciar, não poderá mais o autor modificar sua pretensão sem anuência do réu, e, depois de ultrapassado o momento da defesa, nem mesmo com o consentimento de ambas as partes isso será possível. O art. 41 do CPC consagra o critério subjetivo da estabilização da demanda. Princípio da eventualidade: As partes devem alegar, na oportunidade própria prevista em lei, ou por ocasião do exercício da faculdade processual, todas as matérias de defesa ou de seu interesse. É o princípio da eventualidade, que está inserto no art. 300, do CPC, in verbis: “compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.” Princípio da preclusão: O princípio da preclusão decorre do princípio dispositivo e com a própria logicidade do processo, que é o “andar para frente”, sem retornos e etapas ou momentos processuais já ultrapassados. Este princípio esta inscrito no art. nº 245, do CPC, segundo o qual, “a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Princípio da economia processual: Trata-se de princípio aplicável em todos os ramos de direito processual, e consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de esforço, evitando-se dispêndios desnecessários para os jurisdicionados. Princípio da “perpetuatio juristionis”: Melhor seria falar em princípio da perpetuação da competência. Está previsto no art. 87, do CPC, segundo o qual a competência é fixada no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 32 posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência, em razão da matéria ou da hierarquia. Princípio do ônus da prova: Está previsto no art. 333, do CPC, que “o ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. O direito processual do trabalho o consagra no art. 818, da CLT, in verbis: “a prova das alegações incumbe à parte que as fizer.” Princípio da oralidade: Este princípio não encontra residência em nenhuma norma expressa do CPC ou da CLT. A rigor, ele se exterioriza interagindo com outros quatro princípios: I - princípio da imediatidade; II - princípio da identidade física do juiz; III - princípio da concentração; IV - princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Princípios peculiares do direito processual do trabalho Não há a desejável uniformidade entre os teóricos a respeito da existência de princípios peculiares ou próprios do direito processual do trabalho. Alguns entendem que os princípios do direito processual do trabalho são os mesmos do direito processual civil, apenas ressaltando ênfase maior quando da aplicação de alguns princípios procedimentais no processo laboral. Outros sustentam que existem apenas dois ou três princípios peculiares do direito processual do trabalho: Princípio da proteção: Américo Plá Rodriguez aponta que o princípio tutelar ou protetor é peculiar ao processo do trabalho. Ele busca compensar a desigualdade existente na realidade, com uma desigualdade em sentido oposto. Deriva este princípio da própria razão de ser do Direito do Trabalho, pois esta disciplina foi criada para compensar a desigualdade real existente 33 entre empregado e empregador, que são, na verdade, os mesmos figurantes do processo laboral. (arts. 844 e 899, § 4º, da CLT). Princípio da finalidade social: Segundo Humberto Theodoro Júnior “o primeiro e mais importante princípio que informa o processo trabalhista, distinguindo-o do processo civil comum, é a finalidade social de cuja observância decorre uma quebra do princípio da isonomia entre as partes, pelo menos em relação à sistemática do direito formal. Princípio da busca da verdade real: Este princípio deriva do princípio material da primazia da realidade. O disposto no art. 765 da CLT confere aos juízes e tribunais do trabalho ampla liberdade na direção do processo. Para tanto, os magistrados do trabalho “velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”. A jurisprudência tem acolhido implicitamente o princípio da primazia da realidade. Princípio da indisponibilidade: Este princípio constitui emanação do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material no campo do processo do trabalho. Numa palavra, o processo do trabalho teria uma função finalística: “a busca efetiva do cumprimento dos direitos indisponíveis dos trabalhadores.” Princípio da conciliação: Embora o princípio da conciliação não seja exclusividade do processo laboral parece-nos que é aqui que ele se mostra mais evidente, tendo, inclusive, um “iter procedimentalis” peculiar, nos termos do art. 764 e seus parágrafos, da CLT. No mesmo sentido é o art. 831, da CLT, o qual estabelece uma condição intrínseca para a realidade da sentença trabalhista, ao estatuir que ela somente será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta conciliatória. 34 Princípio da normatização coletiva: A Justiça do Trabalho é a única que pode exercer o chamado Poder Normativo, que consiste no poder de criar normas e condições (o que é atividade típica do Poder Legislativo), proferindo sentença (rectius, acórdão) normativa com eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo. Essa função especial (competência) conferida aos tribunais trabalhistas é autorizada pelo art. 114, §2º, da CF. Outros princípios peculiares no processo do trabalho Princípio da oralidade: Os atos processuais, na sua maioria, deveriam ser praticados na forma oral, entretanto, na prática, o processo trabalhista é quase totalmente escrito (CLT, art. 847). Princípio da celeridade: Os juízes e tribunais do trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas (art. 765, da CLT). Princípio da concentração dos atos e unicidade da audiência: Os atos processuais devem ser praticados numa única audiência, se possível, resolvendo-se no menor espaço de tempo. As audiências deverão ser contínuas, salvo motivo de força maior (art. 849 da CLT). Princípio da informalidade: Ou princípio da instrumentalidade das formas – Os atos processuais trabalhistas não dependem de nenhuma forma rígida,podendo a defesa ser efetuada oralmente, e os recursos interpostos por meio de simples petição. (arts. 840 e 899 da CLT). Princípio da conciliação: Os juízes sempre empregarão seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos (CLT, art. 764, § 1º). 35 Princípio inquisitório: O julgador poderá determinar, de ofício, todas as diligências necessárias para o descobrimento da verdade e para propiciar a celeridade processual (CLT, art. 765). Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: As decisões que toma o juiz, no decorrer do processo, são irrecorríveis, devendo, se ilegais ou impertinentes, ser objeto de impugnação por via de recurso ordinário (CLT, art. 893). Princípio do jus postulandi: A parte não precisa estar representada por advogado para propor ou contestar a ação trabalhista, ou seja, podem autor e réu postular em causa própria sem assistência jurídica, na Justiça do Trabalho, exercendo sua capacidade postulatória (art. 791 da CLT). Princípio do impulso oficial (ex officio): O juiz poderá determinar de ofício os atos necessários ao andamento dos processos salvo exceções previstas na lei (art. 765, CLT). Princípio da gratuidade inicial: As custas serão pagas ao final pela parte sucumbente, na forma do art. 789 da CLT. O reclamante/autor somente pagará as custas no caso de improcedência do pedido ou quando der causa ao arquivamento, ou seja, extinção do processo sem julgamento do mérito. Princípio da aplicação subsidiária do CPC: O direito processual civil é fonte subsidiária do direito processual do trabalho, só podendo ser admitido nos casos omissos, e desde que haja compatibilidade com o ordenamento processual laboral (CLT, art. 769). Princípio da economia processual – notificação postal: As comunicações dos atos processuais se farão, de ordinário, por meio postal 36 (citação, intimações, publicidade dos atos processuais, em geral), art. 841, da CLT. Singularidade do processo do trabalho Segundo Cristóvão Piragibe Tostes Malta, as generalidades abrangem o conflito de interesses individuais e coletivos de trabalho, preservando os resquícios da autocomposição e autodefesa, sem desprezar a possibilidade da heterocomposição. O Estado exerce a sua soberania através da jurisdição (o poder dever de dizer o direito). O Poder Judiciário exerce a jurisdição trabalhista, e esta para se pronunciar, põe em relevo os princípios e normas do direito material do trabalho e do direito processual do trabalho contidos na CLT e diversas leis esparsas; e.g. Lei nº 5.584/70, Decreto-Lei nº 779/69; Leis nº 9.957 e 9.958/2000, CPC, autorizado pelo art. 769 da CLT etc. Ressalta-se a autonomia do processo do trabalho entre os demais ramos do direito, inclusive o processual, sem entretanto, desprezar a possibilidade de aplicação subsidiária dos demais preceitos do direito processual civil. As regras processuais do trabalho não desprezam as desigualdades existentes entre trabalhadores e empregadores, criando normas de proteção ao hipossuficiente, qual seja, o trabalhador. Ex.: Jus Postulandi, oralidade, celeridade, simplicidade, concentração de atos (audiência uma), irrecorribilidade das decisões interlocutórias; efeito meramente devolutivo dos recursos, o que possibilita a execução provisória unicidade e redução dos prazos recursais (oito dias) etc. 37 O impulso oficial ou “ex officcio” e as regras de competência, residual contidas no art. 651 da CLT também despontam como regras de efetividade da prestação jurisdicional e celeridade na proteção processual do trabalhador, cuja pretensão em última análise é de natureza alimentar. Atividade proposta Jorge Tavares trabalhou na empresa de construção civil como Pedreiro durante dois anos, tendo sido demitido sem nada receber, embora tivesse sua CTPS anotada. Um mês depois foi convocado para realização de um Acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia, no Sindicato Patronal. Jorge Rejeitou o Acordo, pois entendeu não ser justo o valor proposto. No mês seguinte ajuizou uma Reclamação Trabalhista reivindicando verbas resilitórias, indenização de FGTS, multas dos arts. 467 e 477/CLT, além de horas extras e demais repercussões, deixando de esclarecer ao Juízo a impossibilidade de Acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia. No dia da audiência, inviabilizada a conciliação judicial, a Ré negou toda a pretensão, arguindo as preliminares de ausência dos requisitos e pressupostos da ação, já que o reclamante não apresentou declaração de submissão da lide à CCP e de inviabilidade de conciliação prévia, requerendo a extinção do feito, sem julgamento do mérito. Diante dessas preliminares arguidas, pergunta-se: a) Considerando a Lei nº 9.958/2000 e a jurisprudência, a submissão à Comissão de Conciliação Prévia é obrigatória ou facultativa? b) Que efeitos produziria sobre a Reclamação proposta o acolhimento ou rejeição dessas preliminares? 38 Material complementar Leia os capítulos 1 do livro “Direito processual do trabalho”, de Carlos Henrique Bezerra Leite, LTr. e “Curso de Direito Processual do Trabalho”, de Renato Saraiva, Editora Método. Referências LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2012. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo, Atlas, 2012. SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo, Método: 2013. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de direito processual do trabalho, São Paulo: LTr, 2009, v. I e II. 39 Exercícios de fixação PROVA DE JUIZ DO TRABALHO – RJ – 2013 Direito Processual do Trabalho Questão 1 “A” ingressou com reclamação trabalhista contra “B”, postulando, dentre outras pretensões, o seguinte: determinação à reclamada para que efetue o cadastro no Programa de Integração Social ou a condenação da reclamada ao pagamento indenizado do benefício; condenação da reclamada ao pagamento de diferenças relativas ao benefício de aposentadoria, previsto em Plano de Previdência Privada patrocinado pela empresa; condenação da Caixa Econômica Federal ao pagamento de diferenças de correção monetária sobre os valores depositados na conta vinculada do FGTS; imposição de multa administrativa à reclamada pela infração de lei; e determinação à reclamada para que regularize as informações constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais − CNIS junto ao INSS, para fins de registro do término do contrato de trabalho. Diante do exposto, é correto afirmar: a) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, compete à Justiça do Trabalho julgar as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho, abrangida a possibilidade de o próprio Juiz do Trabalho impor penalidades administrativas na sentença, decorrentes de infração da reclamada aos comandos legais. b) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, manifestado por meio de súmula vinculante, compete à Justiça Comum e não à Justiça do Trabalho apreciar e julgar dissídios entre empregados e empregadores, decorrentes de contrato de previdência privada complementar. c) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, não compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar os dissídios que 40 envolvam a regularização do Cadastro Nacional de InformaçõesSociais pelo empregador, uma vez que a alimentação de informações no referido Cadastro incumbe ao Instituto Nacional da Seguridade Social. d) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social. e) Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar ações oriundas de lide entre o trabalhador e a Caixa Econômica Federal, versando sobre pagamento de correção monetária dos valores depositados na conta vinculada do FGTS. Questão 2 Compete ao Ministério Público do Trabalho, nos termos da lei... a) Intervir facultativamente em todos os feitos, em quaisquer graus de jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado Estrangeiro ou Organismo Internacional. b) Recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, apenas nos processos em que for parte. c) Atuar como árbitro, desde que requisitado pelo juiz do trabalho, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho. d) Pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. e) Promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisaçãodeserviçosdequalquernatureza,oficiandoobrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, não lhe sendo resguardado, nestes casos, o direito de recorrer. 41 Questão 3 De acordo com as previsões legais e entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, quanto aos atos, prazos e despesas processuais, é correto afirmar: a) Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos de trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento e de execução, incidirão à base de 2% e serão calculadas, no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor que o juiz fixar. b) Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente forense. c) Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem, entre outros, privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica: o quádruplo de prazo para contestar e o dobro do prazo para recorrer. d) O recesso forense interrompe os prazos recursais, ou seja, cessado o recesso, recomeça-se a contagem do prazo, isto é, retoma-se a contagem do prazo no estado em que parou. e) Nos dissídios coletivos, as partes vencidas ou não, responderão solidariamente pelo pagamento de custas, que incidirão à base de 2% sobre o valor dado à causa. 42 Questão 4 Quanto às partes e procuradores no Processo do Trabalho, segundo as previsões da Consolidação das Leis do Trabalho, do Código de Processo Civil e entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, é correto afirmar: a) A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação, sendo essencial nestes casos, que o signatário ao menos declare-se exercente do cargo de procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. b) Haverá cumulação no mesmo processo, de lides no plano objetivo, formando litisconsórcio ativo, facultativo e inicial, as chamadas reclamações trabalhistas plúrimas, que segundo a previsão expressa contida na CLT, somente podem ocorrer nos dissídios em que há várias reclamações de trabalhadores da mesma empresa ou estabelecimento, desde que haja identidade de matéria e desde que a matéria seja de direito. c) O litisconsórcio, na ação rescisória, é facultativo em relação ao polo passivo da demanda, porque não supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que admite solução díspar para os litisconsortes, em face da divisibilidade do objeto. d) De acordo com previsão contida no CPC, aplicável subsidiariamente ao Processo do Trabalho, não poderão figurar como parte no Processo do Trabalho, as sociedades sem personalidade jurídica, uma vez que não regularizados os seus atos constitutivos. Neste caso, deverá constar como parte, no polo passivo ou ativo, a pessoa a quem, de fato, couber a administração dos seus bens. e) No Processo do Trabalho, a reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pelo 43 Sindicato, pelo Ministério Público do Trabalho ou advogado dativo nomeado em juízo. Questão 5 Com relação aos vícios do ato processual e nulidades do processo do trabalho, segundo a doutrina e legislação aplicável, é correto afirmar: a) O juiz ou tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. A nulidade do ato prejudicará todos os atos posteriores, ainda que estes não dependam ou sejam consequência do ato inquinado de nulo. b) Todas as nulidades, em sede de processo de trabalho, não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem que falar nos autos, sob pena de preclusão consumativa. c) Os atos processuais não ratificados no prazo serão havidos por nulos de pleno direito. d) O princípio da transcendência ou da instrumentalidade das formas é encampado pelo Direito Processual do Trabalho e determina que, quando a lei previr determinar forma para certo ato processual, este poderá ser praticado de todas as formas. e) O princípio do interesse, que só alcança as nulidades relativas, está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho e dispõe que somente terá interesse de postular a declaração de nulidade, a parte que foi prejudicada, mas não a que deu causa a ela. 44 Introdução Nesta terceira aula iremos iniciar nossos estudos sobre Jurisdição e Competência, apresentando seus conceitos e critérios de aplicabilidade, assim como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos Reclamação Trabalhista e Partes e Procurados no Processo do Trabalho e sua aplicação processual. Objetivos: 1. Rever em linhas gerais as regras de jurisdição e competência no Processo Civil e verificar como esses institutos se apresentam no Processo do Trabalho. 45 Conteúdo Jurisdição No início da civilização os homens resolviam seus conflitos individualmente, na maioria das vezes pelo uso da força, usando violência física ou psicológica. Portanto, o mais forte levava vantagem sobre o mais fraco. Com o desenvolvimento das civilizações o Estado passou a perceber a necessidade de interferir, buscando equilibrar a solução dos conflitos de interesses, claro, na busca do bem comum e da paz social. Chiovenda conceituou jurisdição “como a função estatal que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei, mediante a substituição, pela atividadedos órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, quer para afirmar a existência da vontade da lei, quer para torná-la praticamente efetiva” (Instituições de direito processual civil, v. II, nºs 137 a 140, p. 3-14). Já Carnelutti considerou que a “jurisdição é um meio de que se vale o Estado para a justa composição da lide, entendida essas como pretensão resistida. Ou seja, a atividade jurisdicional exercida pelo Estado por meio do processo visa à composição, nos termos da lei, do conflito de interesses submetido à sua apreciação” (Sistema del diritto processuale civile, v. I, n. 78, p. 222-228, apud MARCATO, Antonio Carlos. Breves considerações sobre jurisdição e competência, cit., p. 13.) Luiz Guilherme Marinoni convida-nos à seguinte reflexão: “Se as teorias da jurisdição constituem espelhos dos valores e das ideias das épocas e, assim, não podem ser ditas equivocadas – uma vez que isso seria um erro derivado de falsa compreensão de história, certamente devem ser deixadas de lado quando não mais revelam a função exercida pelo juiz. Isso significa que as teorias de Chiovenda e Carnelutti, se não podem ser contestadas em sua 46 lógica, certamente não têm – nem poderiam ter – mais relação alguma com a realidade do Estado contemporâneo”. A par de outras considerações, Marinoni também afirma que a transformação da concepção de direito fez surgir um positivismo crítico, que passou a desenvolver as teorias destinadas a dar ao juiz a real possibilidade de afirmar o conteúdo da lei, comprometido com a Constituição. Nessa linha podem ser mencionadas as teorias dos direitos fundamentais, inclusive a teoria dos princípios, a técnica da interpretação de acordo, as novas técnicas de controle da constitucionalidade – que conferem ao juiz uma função “produtiva”, e não mais apenas de declaração de inconstitucionalidade – e a própria possibilidade de controle da inconstitucionalidade por omissão no caso concreto. Ora, é pouco mais do que evidente que isso tudo fez surgir um outro modelo de juiz, sendo apenas necessário, agora, que o direito processual civil se dê conta disso e proponha um conceito de jurisdição que seja capaz de abarcar a nova realidade que se criou. JURISDIÇÃO (jus dicere), costuma-se dizer, é o poder que o Estado avocou para si de dizer o direito, de fazer justiça, em substituição aos particulares. A jurisdição é, portanto, num só tempo: a) poder, que decorre da potestade do Estado exercida de forma definitiva em face das partes em conflito; b) função, porque cumpre a finalidade de fazer valer a ordem jurídica colocada em dúvida diante de uma lide; c) atividade, na medida em que consiste numa série de atos e manifestações externas e ordenadas que culminam com a declaração do direito e concretização de obrigações consagradas num título. O poder, a função e a atividade somente transparecem validamente por meio do processo (due process of Law), o que equivale dizer que não há jurisdição fora do processo. É, pois, uma atividade provocada por meio da ação, pois, 47 sem esta não há jurisdição. Daí a afirmação corrente de que a inércia é uma das principais características da atividade jurisdicional. (Curso de direito processual do trabalho. 9. ed. LTr, 2011. p. 147/149). Exceções do exercício da jurisdição A jurisdição constitui função do Poder Judiciário, mas o nosso ordenamento jurídico estabelece algumas exceções, como, por exemplo: a) a jurisdição exercida pelo Senado Federal para processar e julgar algumas autoridades por crimes de responsabilidade (CF, art. 52, I e II); b) nos casos de imunidade de jurisdição reconhecida, por força do princípio da sabedoria, aos Estados estrangeiros e a seus representantes diplomáticos; e c) nos casos de compromisso arbitral. Princípios da jurisdição Há alguns princípios inerentes à jurisdição, tais como: a) princípio da inércia ou da demanda ou dispositivo, pois a jurisdição não se instaura, em regra, ex officio; b) princípio da aderência ao território, porque a jurisdição se manifesta, em regra, nos limites da soberania nacional vinculada ao território de cada unidade da federação; c) princípio da indeclinabilidade da jurisdição, também chamado de princípio da inafastabilidade ou ubiquidade, que não permite que nenhum ato normativo possa obstaculizar o acesso ao Poder Judiciário; d) princípio da inevitabilidade, pois, uma vez provocada a jurisdição, não é possível, validamente, impedir a prestação jurisdicional; e) princípio da idelelegabilidade, pois a jurisdição, como emanação de Poder, não permite a delegação de poderes, ou seja, ao juiz não é 48 permitido delegar os poderes que lhe são conferidos constitucionalmente; f) princípio da investidura, porquanto a jurisdição só é validamente exercida por quem esteja legalmente investido na autoridade de juiz. Características da jurisdição São características da jurisdição: a unidade (CPC, art. 1°); a secundariedade (possibilidade primária de resolução do conflito, pelos próprios interessados – autocomposição); a imparcialidade (CPC, art. 2°); e a substitutividade (substitui a atuação das partes na solução do litígio). Jurisdição trabalhista e seu sistema de acesso individual, coletivo e metaindividual à justiça No Brasil, a doutrina costuma distinguir, levando em conta as regras de competência estabelecidas na Constituição Federal, dentre as diversas “justiças”, as que exercem jurisdição comum e as que exercem jurisdição especial. Reza a Constituição Federal que a jurisdição comum abrange a Justiça Federal (arts. 106 a 110) e as Justiças Estaduais ordinárias (arts. 125 e 126). A jurisdição especial é composta pela Justiça do Trabalho (CF, arts. 111 a 117), pela Justiça Eleitoral (arts. 118 a 121) e pela Justiça Militar (arts. 122 a 124). A jurisdição trabalhista, portanto, é exercida pelos órgãos (juízes e tribunais) da Justiça do Trabalho. 49 A jurisdição trabalhista é estabelecida, conforme determina a Constituição Federal, art. 114, de acordo com sua área de competência, quanto aos dissídios individuais, dissídios coletivos (normativos) e os dissídios metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos), (art. 129, III e IX, 8°, III, e 114, da Constituição Federal). Jurisdição volutária e contenciosa No âmbito do processo civil, há duas espécies de jurisdição: a contenciosa e a voluntária. Estabelece o art. 1° do CPC: “A jurisdição contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece”. No CPC a jurisdição contenciosa é regulada no Título I, e a voluntária no Título II. As distinções entre as duas espécies de jurisdição são, basicamente, as seguintes: a) a jurisdição contenciosa visa à composição de litígios por meio de um processo, pois existe uma lide a ser resolvida, com a presença das partes e aplicação dos efeitos da revelia, sendo que a decisão fará coisa julgada formal e material; b) a jurisdição voluntária visa à participação do Estado para dar validade a negócios jurídicos por meio de um procedimento, pois não existe lide nem partes, mas apenas interessados, sendo que a decisão fará, tão somente, coisa julgada formal. No processo do trabalho somente existe a jurisdição contenciosa. Não há formalmente previsão para a jurisdição voluntária. Entretanto, a doutrina, admite espécies de procedimentos como inerentes à jurisdição voluntária. Mauro Schiavi (Manualde direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009), menciona o art. 500 da CLT, segundo o qual o “pedido de 50 demissão do empregado estável só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não houver, perante autoridade local competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou da Justiça do Trabalho”. Vale lembrar que o §1° do art. 477 da CLT também admite poder homologador, jurisdição voluntária, ao Sindicato ou perante autoridade competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social, para o pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho. Outro exemplo de jurisdição voluntária no processo do trabalho encontra-se no Enunciado nº 63 da 1ª jornada de Direito Material e Processual do Trabalho (disponível em <www.ananmatra.org.br>): “COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. LIBERAÇÃO DO FGTS E PAGAMENTO DO SEGURO-DESEMPREGO. Compete à Justiça do Trabalho, em procedimento de jurisdição voluntária, apreciar pedido de expedição de alvará para liberação do FGTS e de ordem judicial para pagamento do seguro-desemprego. Ainda que figurem como interessados os dependentes de ex-empregado falecido”. Competência da Justiça do Trabalho Já aprendemos que a jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e atividade de dizer e realizar o direito, reconhecidos ao Poder Judiciário pela Constituição Federal. Afirmam os doutrinadores que a competência é a medida da jurisdição, ou área de atuação, de cada órgão judicial. É a competência que legitima o exercício do poder jurisdicional. Com base na teoria geral do direito processual, é possível formular inúmeros critérios para determinar a competência, levando-se em conta a matéria, a 51 qualidade das partes, a função, a hierarquia do órgão julgador, o lugar e o valor da causa. Desse modo, verifica-se o uso das expressões que designam a competência, seja em razão da matéria (ratione materiae), em razão das pessoas (ratione personae), em razão da função e da hierarquia, em razão do território (ratione loci) e das chamadas causas de alçada (em razão do valor da causa). Ressalte-se que, guardadas as devidas proporções, esses critérios podem ser trasladados para os domínios do direito processual do trabalho, observadas algumas peculiariedades desse setor especializado da árvore jurídica. Competência da Justiça do Trabalho após a EC n° 45/2004 A competência da Justiça do Trabalho, em razão da matéria, reside no art. 114 da CF/88. Vale lembrar que, com o advento da Emenda Constitucional n° 45, de 31.12.2004, houve significativa ampliação da competência da Justiça do Trabalho. Estatui o art. 114, da Constituição Federal, o que segue: “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I. as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II. as ações que envolvam exercício do direito de greve; III. as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV. os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V. os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102. I, o; 52 VI. as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII. as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII. a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX. outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. § 1° Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2° Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo. Ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. § 3° Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito”. As competências em razão da função e em razão do território dos órgãos da Justiça do Trabalho são fixadas pela lei ordinária, e não pela Constituição. Assim estatui o art. 113 da CRFB, que remete à lei a tarefa de regular “a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho”. Dessa forma, as relações de trabalho direta e indireta, trabalho eventual, empreitada, trabalho temporário, empregado doméstico, servidor público regido por CLT (Administração Pública indireta), trabalhador avulso, relação de trabalho autônomo, excluídas as relações de consumo, p. ex., honorários advocatícios não decorrentes das ações trabalhistas e outros honorários médicos, odontológicos e outros. 53 Ressalte-se que os servidores públicos, regidos Regime Jurídico Único, portanto estatutários, estão excluídos da competência da Justiça do Trabalho e terão suas lides submetidas à Justiça Federal, quando forem servidores públicos federais, ou à Justiça Comum, quando forem servidores públicos estaduais ou municipais. Competência normativa A Justiça do Trabalho é o único ramo do Poder Judiciário que possui competência material para criar normas gerais e abstratas destinadas às categorias profissionais ou econômicas, desde que respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Este é o Poder Normativo previsto no art. 114, § 2°, da CRFB, que é exercido por meio de sentença normativa (rectius, acórdão normativo) proferida nos autos de dissídio coletivo. A competência funcional para processar e julgar os dissídios coletivos é dos Tribunais Regionais do Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho, conforme a área de abrangência do conflito de interesses. Se ultrapassar a base territorial de competência de mais de um TRT, a competência funcional originária será do TST. Competência em razão do lugar (foro – ratione loci) A competência em razão do lugar (ratione loci), também chamada de competência territorial, é determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional. A competência ratione loci é atribuída às Varas do Trabalho. A competência territorial das Varas do Trabalho é determinada por lei federal. O regramento da competência em razão do lugar tem previsão expressa na CLT (art. 651), não cabendo, pois, em princípio, a aplicação subsidiária do CPC. 54 Dessa forma, a competência territorial das Varas do Trabalho pode ser classificada: a) quanto ao local da prestação de serviços; b) quando se tratar de empregado agente ou viajante comercial; c) de empregado brasileiro que trabalho no estrangeiro, desde que contratado no Brasil, salvo acordo ou convenção internacional, dispondo em contrário; d) de empresa que promova atividade fora do lugar da celebração do contrato. O art. 651, caput, da CLT, com as limitações impostas pela EC n° 24/1999, estabelece
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