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PROCESSO CIVIL III – EXECUÇÃO Prof. Wellington de Oliveira 1. INTRODUÇÃO 1.1 Noção de sanção jurídica O ordenamento jurídico, para regular as relações humanas, garantir e melhorar a vida em comunidade, estabelece normas de conduta. Sanção jurídica é um conjunto de normas vigentes tendentes a obrigar certos comportamentos ou proibir a prática de determinados atos. 1.2 Conceito de execução jurisdicional O Estado, como ente público, exerce o monopólio da força no direito moderno. Sendo assim, apenas ao Estado é dado atuar coercitivamente no intuito de se fazer cumprir uma sanção. Execução consiste na atividade de atos concretos desenvolvidos pelo Estado-juiz em prol do exercício da sanção. 1.3 Execução e cognição Há, então, dois tipos distintos de atividade jurisdicional: a cognitiva (ou de conhecimento) e a executória. A primeira é primordialmente intelectual: o juiz investiga fatos ocorridos anteriormente e trazidos ao seu conhecimento (processo), e define qual a norma que irá incidir sobre o caso (subsunção). A segunda é prevalentemente material: busca-se um resultado prático, fisicamente concreto (ex.: retirada de um bem do patrimônio do devedor e sua entrega ao credor; expropriação; alienação de bem, etc). A atividade de conhecimento (cognição) não se confunde com a de execução. No Brasil, como em vários sistemas processuais, estabeleceu-se até um processo autônomo de execução (Livro II do CPC, art. 566 e seguintes). Nesse processo de execução não terá vez a discussão sobre a procedência da pretensão do crédito do autor (exequente), ou seja, não ocorrerá cognição de mérito. É possível haver processo de conhecimento sem a necessidade de posterior processo de execução. Pense-se nas ações declaratórias, que se limitam a reconhecer a existência, inexistência ou conteúdo de relação jurídica. Mesmo as sentenças condenatórias podem vir a não ser executadas – seja porque o credor não se interessa, seja porque o devedor cumpre espontaneamente a condenação. 1.4 A mudança na diretriz original do Código de Processo Civil A Lei nº. 11.232/05 alterou definitivamente uma diretriz consagrada de modo marcante na redação original do Código de Processo Civil de 1973. Havia nítida preferência pela separação das atividades de cognição e execução em dois processos distintos. Em regra, no primeiro processo, o de conhecimento, apenas se proferia a sentença, que haveria de ser transformada em realidade prática em um segundo processo, de execução. Para executar a sentença, exigia-se da parte a propositura de uma nova ação, autônoma, geradora de um novo processo. Vale dizer, era necessária nova petição inicial, nova citação, etc. Essa orientação começou a modificar-se com o novo modelo de tutela para as obrigações de fazer e não fazer, pelo qual a sentença que impõe o cumprimento de deveres dessa natureza é efetivada no próprio processo em que proferida (CPC, art. 461, na redação dada pela Lei nº. 8.952/94). A mudança prosseguiu com a extensão do regime do art. 461 às obrigações de entrega de coisa (art. 461-A, pela Lei nº. 10.444/2002). As regras acerca do cumprimento da sentença condenatória ao pagamento quantia, instituídas pela Lei nº. 11.232/2005, completam esse ciclo de transformação. QUADRO SINÓTICO Noção de sanção jurídica Conceito de execução – aplicação jurisdicional da sanção, mediante atos materiais. - cumprimento espontâneo - sentença constitutiva Distinção de outras figuras - autotutela - executoriedade dos atos administrativos - cumprimento de diligências e atos instrutórios - distinção entre as duas atividades - autonomia do processo de execução do Livro II do CPC - possibilidade de reunião das duas no mesmo processo Cognição e execução - mudança na diretriz original - proc. autônomo exec. e fase de cumprimento sentença
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