Prévia do material em texto
PLANO DE NEGÓCIOS Olá! Desde tempos remotos existem negócios, ou seja, transações de trocas entre pessoas, onde elas ofereciam algo que possuía em excesso a outros que careciam deste item e tentavam angariar produtos que precisavam. Em resumo, uma pessoa oferecia o que tinha em excesso para trocar por aquilo que precisava com outra pessoa. Era o escambo. Quando surgiu a moeda, as transações ficaram mais fáceis, pois as trocas não precisavam ser feitas apenas por meio de mercadorias previamente escolhidas. Na medida em que tais transações cresceram em volume e em intensidade, começaram a surgir empresas especializadas para promovê-las e incrementá-las. E os negócios se expandiram rapidamente em todas as empresas do planeta. Hoje, vivemos em um mundo de intercâmbios e interações entre organizações, empresas, empreendimentos conjuntos, negócios virtuais, organizações exponenciais, plataformas virtuais, startups etc. E os negócios se tornaram simplesmente globalizados, virtuais e até mesmo distanciados. A ideia é que você entenda aqui, como surgiram os negócios e qual a importância deles para a vida contemporânea. Bons estudos! AULA – 2 O MUNDO DOS NEGÓCIOS 2 O QUE É UM NEGÓCIO? Em primeiro lugar, é crucial compreender qual é a natureza do negócio que você deseja implementar. Afinal de contas, essa é a pedra fundamental que moldará o êxito de qualquer empreendimento. Hashimoto et al. (2013), afirma que um empreendimento empresarial representa uma atividade que se apoia no esforço coordenado de determinados indivíduos, com o propósito de produzir e fornecer serviços para atender a um mercado específico, em busca de recompensas financeiras pelo seu esforço. Nesse contexto, fatores como os produtos/serviços oferecidos, o público-alvo, o mercado, a concorrência, a entrega de valor, a satisfação das necessidades, a precificação, os custos, o planejamento financeiro, o capital de giro, a produção, as estratégias de venda, a distribuição através de intermediários como atacadistas e varejistas, a presença em plataformas virtuais, bem como as parcerias, os planos estratégicos, a criatividade e a inovação, têm se tornado as principais áreas de interesse para os empreendedores de hoje. Em última análise, um negócio representa uma harmoniosa e adaptável convergência desses elementos fundamentais. Indiscutivelmente, o mundo dos negócios experimentou transformações significativas e continua a evoluir constantemente. Produtos, serviços, procedimentos, modos de operação, estratégias de negócios, mercados e até mesmo a composição demográfica das nações passaram por profundas transformações. Comportamentos, tradições, necessidades e aspirações sofreram mudanças radicais (HASHIMOTO et al., 2013). Além disso, a tendência aponta para uma aceleração ainda maior e mudanças mais profundas. Chiavenato (2021), afirma que o empreendedor deve estar atento em relação a todas essas mudanças e transformações. Em um mundo que está em constante e incessante transformação, qualquer novo empreendimento deve, no mínimo, se adiantar a essas mudanças ou acompanhar seu ritmo acelerado. A Teoria do Negócio de Peter Drucker (1909-2005), aborda a ideia fundamental de que todas as organizações desenvolvem e aplicam uma espécie de "teoria de negócio". Essa teoria encapsula as seguintes premissas essenciais: 1. O contexto externo que envolve a organização. 2. A missão que a organização busca cumprir. 3. As competências cruciais que a organização possui ou precisa adquirir para alcançar sua missão (CHIAVENATO, 2021). No entanto, ainda, de acordo com Drucker (1951), essa teoria só é eficaz quando atende a quatro condições fundamentais: 1. As premissas relacionadas ao ambiente, como a missão e as competências essenciais, devem ser alinhadas com a realidade. Se a realidade se transformar, essas premissas precisam ser ajustadas. 2. Essas premissas devem harmonizar entre si para criar um efeito sinérgico. O negócio deve ser concebido de forma sistêmica. 3. A teoria do negócio deve ser claramente conhecida e compreendida por todos os membros da organização. 4. A teoria do negócio deve ser continuamente avaliada e modificada, se necessário, para se manter relevante e bem-sucedida. Para que a teoria do negócio seja válida, todas essas quatro condições precisam ser verdadeiras e coesas entre si. Se alguma delas não for atendida, a teoria do negócio falhará. Tentando evitar esse cenário, Drucker (1951), sugere que todas as organizações devem constantemente examinar essas condições e identificar qualquer falha principal para corrigi-la em tempo real. Isso também se aplica ao empreendedorismo. Portanto, para compreender a essência de um negócio em uma organização, é necessário esclarecer alguns aspectos fundamentais: 1.O que a organização faz? Qual é o seu produto ou serviço? Por que razão ela existe? Quais são os seus valores? 2.Quem é o cliente? Quem é o seu consumidor ou usuário? E, de lambuja, quem são os seus shareholders (investem no capital financeiro do negócio) e stakeholders (todos que participam direta ou indiretamente no negócio)? 3.O que a organização oferece ao seu cliente e aos stakeholders? Qual é a proposta de valor da organização? Em outras palavras, o que ela realmente oferece de vantagem ao seu consumidor? (DRUCKER, 1951). Não é apenas produzir e entregar um produto ou serviço ao cliente. Isso qualquer organização pode fazer com um pé nas costas, e a competição está aí para atrapalhar. É preciso muito mais do que isso, buscando satisfazer o cliente, encantá- lo, fidelizá-lo. Portanto, é preciso fazer o mesmo com todos os stakeholders entregando efetivamente o que foi prometido (CHIAVENATO, 2021). Dessa forma, um negócio se refere a qualquer empreitada econômica que tenha a capacidade de disponibilizar algo no mercado ou atender às necessidades e aspirações dos consumidores, com o propósito de gerar lucro como forma de recompensa pelo investimento e assegurar a sustentabilidade da operação. Para Chiavenato (2021), a origem da palavra "negócio" (originária do latim "negotium," composta por "nec" que denota negação e "otium" que significa ócio) indicava a negação do ócio, passando a englobar todas as atividades humanas com implicações legais voltadas à obtenção de lucro. Nos tempos modernos, "negócio" engloba três elementos interligados: quais produtos ou serviços oferecer, para quais mercados direcionar essas ofertas e a quem se destinam, ou seja, quem são os clientes (CHIAVENATO, 2021). Negociar, em sua essência, implica essencialmente em adquirir algo de alguém ou vender algo a alguém. E, indiscutivelmente, consiste em criar esse algo e aumentar seu valor entre essas duas transações. Cada transação comercial implica, inevitavelmente, na ação de desenvolver ou comercializar um produto específico ou oferecer um serviço especializado claramente definido. Um produto deve ser um item tangível ou mercadoria: algo que pode ser tocado, visualizado e examinado. Pode ser destinado ao consumo direto (bens de consumo) ou à utilização na fabricação de outros produtos (bens de produção) (CHIAVENATO, 2021). 2.1 Negócio como um conjunto de processos integrados. Segundo a visão de Kaufman (2012), um negócio se caracteriza como um ciclo recorrente que resulta em ganhos financeiros. Em sua obra mais influente, ele enfatiza que uma organização representa um processo cíclico e reiterativo que invariavelmente engloba: 1. Criação de valor: a empresa descobre aquilo que as pessoas precisam e cria algo de valor para elas. 2. Marketing: ela chama a atenção e desenvolve a oferta para o que as pessoas querem, aspiram ou de que precisam. 3. Vendas: ela transforma clientespotenciais em clientes pagantes a um preço que eles estejam dispostos a pagar. 4. Entrega de valor: ela dá aos seus clientes o que prometeu e se assegura que estejam satisfeitos, de maneira que satisfaça as suas expectativas. 5. Finanças: ela gera dinheiro suficiente com lucro suficiente para valer a pena para que os proprietários mantenham e prossigam com as operações. Conforme Kaufman (2012), esses são os cinco estágios sequenciais e interligados, nos quais cada um conduz ao próximo. Trata-se de um procedimento que implica na identificação de um problema e na busca de uma solução que beneficie tanto a empresa quanto o cliente. A simplicidade desse processo é evidente, e qualquer tentativa de torná-lo mais complexo parece ser uma tentativa de impressionar ou de comercializar algo que não tem demanda no mercado e nem desperta interesse. Ele afirma ainda que, esses cinco estágios formam a base de qualquer conceito de plano de negócios. Desde que se encontre uma maneira de empregar esses estágios para criar e proporcionar valor, certamente haverá uma forma de ser recompensado por isso. Portanto, qualquer habilidade ou conhecimento que auxilie na criação de valor, promoção, venda, entrega de valor e gestão financeira será economicamente valioso. Desta forma, a interdependência dos estágios de Kaufman (2012), pode ser vista na figura 1 a seguir: Figura 1. A empresa como um conjunto integrado de processos. Fonte: Chiavenato, 2021. O propósito de um negócio é criar e comercializar produtos ou serviços que atendam às necessidades e anseios da sociedade, resultando em lucro como recompensa. Outrossim, essas necessidades e desejos podem abranger o mercado como um todo ou, mais especificamente, direcionar-se a um nicho específico de consumidores. Os bens ou serviços são fabricados para estar à disposição em um mercado, que pode ser tanto um espaço físico quanto um ambiente virtual onde compradores e vendedores se encontram ou se conectam para realizar suas transações. No entanto, no mundo dos negócios, o empreendedor nunca atua de maneira isolada; a concorrência está sempre presente, pronta para desafiá-lo e tentar superá-lo (CHIAVENATO, 2021). Do ponto de vista da dinâmica de mercado, cada transação representa uma troca ou uma transferência de propriedade de bens. O mercado pode existir em um estado de oferta, indicando a disponibilidade de produtos e vendedores prontos para vendê-los, ou em um estado de demanda, que reflete o desejo e a capacidade de compra por parte dos consumidores. Esses dois elementos se combinam em uma transação de compra e venda com um preço específico determinando a negociação. Um mercado está em oferta quando existe uma maior disposição dos vendedores em oferecer seus produtos ou serviços do que clientes disponíveis para os obter, ou seja, a oferta supera a demanda. Em contrapartida, um mercado está em demanda quando os compradores estão mais interessados em adquirir os produtos do que a disponibilidade destes no mercado, resultando em um mercado de demanda maior do que a oferta. Essas duas situações estão ilustradas na figura 2, abaixo (CHIAVENATO, 2021). Figura 2 – Situações do mercado do ponto de vista de quem produz. Fonte: Chiavenato (2021) Este entendimento será de suma importância para sua compreensão sobre Plano de negócios. 2.2 O novo negócio visto como empresa Para Chiavenato (2021), o empreendimento, quando encarado como uma empresa, deve operar de forma a satisfazer seus stakeholders, envolvendo a produção de bens ou serviços, a contratação de pessoal, a utilização de recursos, habilidades e tecnologias, e, acima de tudo, requerendo uma gestão eficaz para alcançar o sucesso. As características distintivas que diferenciam as empresas de outras organizações sociais incluem: ➢ Orientação para o lucro: Apesar de ter como objetivo atender às necessidades do mercado por meio da produção de bens ou serviços, as empresas visam, em última instância, o lucro que é o retorno financeiro que excede os insumos. ➢ Assunção de riscos: Empresas operam em ambientes não certos e previsíveis, assumindo riscos relacionados a tempo, dinheiro, esforços e investimentos, inclusive envolvendo sonhos, esperanças e expectativas. ➢ Filosofia de negócios: As decisões dos gestores de alto escalão abrangem aspectos como mercados, clientes, custos, preços, concorrência, regulamentações governamentais, legislação, conjuntura econômica e assuntos internos, tudo sob a égide de uma filosofia de negócios que define princípios e valores fundamentais. ➢ Avaliação contábil ou financeira: Empresas são geralmente avaliadas a partir de uma perspectiva contábil ou financeira, registrando e analisando investimentos e retornos em termos monetários. ➢ Avaliação social: A avaliação das empresas está cada vez mais focada em ativos intangíveis, como conhecimento, habilidades, talentos e relacionamentos, respondendo aos diversos grupos de interesses responsáveis por seu sucesso. ➢ Reconhecimento como negócios: Empresas são reconhecidas como produtoras de bens ou serviços e interagem com outras organizações e o mercado em geral. ➢ Propriedade privada: Empresas são consideradas propriedades privadas, a serem controladas e administradas por proprietários, acionistas ou gestores profissionais designados para tal função (CHIAVENATO, 2021). Conforme Chiavenato (2021), é fundamental transformar o empreendimento em algo muito além de um simples espaço físico de trabalho ou de uma rotina diária. O trabalho do empreendedor vai além do local e do imediato, estendendo-se para fora, alcançando clientes, impactando a sociedade e visando o futuro. Para alcançar esse objetivo, é crucial que o empreendedor compreenda o negócio e consiga colaboração tanto de fornecedores quanto de intermediários. Nenhum empreendedor realiza suas atividades de forma isolada, mas sim por meio da colaboração de diversos parceiros, tanto internos quanto externos, que auxiliam na construção do seu negócio. Em outras palavras, cada empreendimento está inserido em um amplo ecossistema que facilita a obtenção de recursos externos e a oferta de produtos e serviços para o mercado. Assim, o empreendedor depende de fornecedores de insumos, por um lado, e de clientes ou usuários de seus produtos ou serviços, por outro. Em resumo, ele obtém entradas para disponibilizar saídas em seu sistema produtivo (CHIAVENATO, 2021). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo – Dando Asas ao Espírito Empreendedor. 5ª edição. [S.l.], Grupo GEN, 2021. DRUCKER, Peter F. O melhor de Peter Drucker: o homem. São Paulo: Nobel, 1951. HASHIMOTO, M. et al. Práticas de empreendedorismo: casos e planos de negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. KAUFMAN, Josh. Manual do CEO: um verdadeiro MBA para o gestor do século XXI. São Paulo: Saraiva, 2012.