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O direito da infância e da juventude sofreu bastante mudança no que se refere ao tratamento jurídico dado a esses indivíduos

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O direito da infância e da juventude sofreu bastante mudança no que se refere ao tratamento jurídico dado a esses indivíduos. Muitas vezes renegados e ou não reconhecidos pelo Estado, a historia jurídica do Brasil, no que tange a proteção da criança e do adolescente, nos remota apenas ao inicio do século XX. 
 Desde a chegada dos primeiros portugueses ao país, no processo de colonização, necessitava-se de mão de obra para as atividades braçais na exploração das terras brasileiras. Com o trafico de africanos e o inicio da exploração escravagista, deu se em conta que havia necessidade de criação de uma instituição voltada ao acolhimento dos filhos dos escravos. Uma delas, as Santas Casas de Misericórdia, foram instituídas no Brasil durante o inicio da década de 1540, onde as crianças pobres eram entregues ao cuidado da Igreja Católica. Durante mais de 400 anos, essa era a única proteção estatal/social que a criança e o adolescente tinham.
 As crianças nascidas escravas, não tinham direitos adquiridos devido a sua condição social e nenhuma norma que lhes amparassem. Até os direitos inerentes a criança, como amamentação e afeto familiar, eram usurpados. Não havia separação entre jovem e adulto. As crianças escravas eram submetidas ao mesmo tratamento que os demais escravos. Como observa ROURE:
                                      "(...) a partir dos cinco anos estes meninos passam a ser educados através de torturas, espancamentos, correntes de ferro, como era comum a qualquer outro escravo. (...)A crueldade sofrida pelos negros durante a escravidão no Brasil revela que adultos e crianças eram considerados da mesma forma logo cedo. O mundo do trabalho pertencia tanto ao adulto quanto à criança ainda em fase de desenvolvimento. As violências cometidas contra crianças e adolescentes eram considerados como medidas normais, uma vez que eles não eram considerados seres humanos."
 
 Após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, constituiu-se um conjunto de leis que regeriam as normas do país. Em 1824 foi outorgada a primeira Constituição Imperial brasileira. Contudo a proteção a infância e a juventude passaram despercebidas pelos legisladores da época. A Carta Magna apenas faz referencia ao ensino primário gratuito:
 “Art. 179. inciso XXXII. A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos.”
 Contudo, observa-se que os escravos não eram tidos como cidadãos para o Império, portanto as crianças escravas não gozavam do mesmo direito que a criança liberta (filhos de estrangeiros que imigraram para o Brasil, dos burgueses e etc.)
 
 “Art. 6. São Cidadãos Brazileiros:
 I. Os que no Brazil tiverem nascido, quer sejam ingênuos, ou libertos, ainda que o pai seja estrangeiro, uma vez que este não resida por serviço de sua Nação.” 
 	
 Já passados pouco mais de 60 (sessenta) anos desde a chegada da família real ao Brasil e mais de 5 (cinco) décadas da outorgação da primeira constituição do país, foi promulgada pela Princesa Isabel a lei de numero 2040/1871, conhecida como a Lei do Ventre Livre, que estabelecia em seu artigo primeiro: 
 (...) ”Os filhos de mulher escrava que nascerem no Imperio desde a data desta lei, serão considerados de condição livre.”
 Com a Proclamação da Republica em 1889, criou-se um governo provisório. O general Manoel Deodoro da Fonseca, um dos lideres da nova republica, tornou-se o chefe provisório do governo brasileiro e em 1891 houve um Congresso Constituinte onde foi promulgada a primeira constituição da republica federativa do Brasil. tal constituição não fazia menção aos direitos da criança, porém no mesmo ano foi instituído o Decreto Nº 1.313, que visava regular o trabalho de menores: 
   “Art. 1º E' instituida a fiscalição permanente de todos os estabelecimentos fabris em que trabalharem menores, a qual ficará a cargo de um inspector geral, immediatamente subordinado ao Ministro do Interior (...)”
 
 Embora o decreto estabelecesse uma idade mínima de 12 anos para o trabalho, isso não ocorria:
 “Tal determinação não se fazia valer na prática, pois as indústrias nascentes e a agricultura contavam com a mão de obra infantil.”
 Em 1919 a OIT (Organização Internacional do trabalho), em sua primeira convenção, proíbe o trabalho realizado por pessoas com menos de 14 anos. No entanto o Brasil não participou da convenção. Apenas nove países tiveram representantes no evento: Bélgica, Cuba, a antiga Checoslováquia, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Polônia e Reino Unido.
 Após formação de grupos sociais que lutavam em prol de melhorias nas condições das crianças e dos adolescentes, em 1923 foi criado o primeiro juizado de menores. E no ano de 1927 foi promulgado o Código de Menores, primeiro documento legal para menores de 18 anos. O código era popularmente conhecido como Código Melo Mattos, que foi o primeiro juiz de menores da America latina.
 Alguns historiadores acreditam que a assinatura dessa lei, deu-se devido a um fato ocorrido no ano de 1926, quando uma criança de 12(doze) anos foi presa junto com mais 20 detentos adultos, onde foi abusada sexualmente pelos criminosos que ali se encontravam. Desse modo o código de menores fixou a maioridade penal para 18 anos Segundo o desembargador Antonio Pessoa Cardoso, o código cria apenas normais educacionais a modo de corrigir as infrações cometidas pelo menor infrator:
 “...não cuida o projeto dos imaturos (menores de 18 anos) senão para declará-los inteira e irrestritamente fora do direito penal (art. 23), sujeitos apenas à pedagogia corretiva da legislação especial”. (2010)
 Antes do código de menores o código criminal de 1830, estabelecia a maioridade penal em 14 anos de idade:
 Art. 10. Também não se julgarão criminosos:
1º Os menores de quatorze annos.
 O código de menores foi criado para estabelecer regras claras para a infância e a juventude, mas não era um documento universal e sim apenas se aplicava as crianças que viviam em “situação irregular”, como fica claro em seu artigo 1º:
 " O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 annos de idade, será submettido pela autoridade competente ás medidas de assistencia e protecção contidas neste Codigo."
 A tutela do menor pertencia ao estado, revestido na figura do juiz, que decidia ao seu bel prazer o destino do individuo.
 Com a revolução de 1930, veio o fim da republica velha e criou-se uma nova constituição no ano de 1934, movido pelo “forte sentimento nacionalista” (2001), trouxe pela primeira vez normas de amparo para criança e adolescente, instituindo ser dever da união, estados e municípios o amparo a infância e juventude, destinando assim, 1% (um por cento) do PIB da região. No artigo 121 se estabelece: 
          “d) proibição de trabalho a menores de 14 anos; de trabalho noturno a menores de 16 e em indústrias insalubres, a menores de 18 anos e a mulheres;” 
 Já na constituição de 1946, há uma proibição ao trabalho aos menores de 14 anos e até aos 18 anos se tratando de indústrias insalubres e trabalhos noturnos:Art 157-‘     IX - proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente;
 
 Já o artigo 164, trata da assistência social aos menores:
     “É obrigatória, em todo o território nacional, a assistência à maternidade, à infância e à adolescência. A lei instituirá o amparo de famílias de prole numerosa.
 Durante a ditadura militar ocorreu um retrocesso quando ao trabalho infantil, na constituição de 1969 revogam o artigo de proteção ao trabalho infantil e estabelecem:
 X - proibição de trabalho, em indústrias insalubres, a mulheres e menores de dezoito anos, de trabalho noturno a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de doze anos;
 Com a abertura democrática, em 1987 foi formada uma assembléia constituinte para criação de uma nova constituição, terminado os trabalhos na elaboração da carta magna, em 1988 foi outorgada a “constituição cidadã”. Ela trás a condição de cidadão para as crianças e adolescentes, a proteção integral, vindo superar o modelo da “situação irregular”, estabelecida pelo código de menores: 
 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
 
 A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada por unanimidade pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, consagrou em seu texto a doutrina da proteção integral, que se contrapõe ao tratamento social excludente da criança e do adolescente, apresentando um conjunto social, metodológico e jurídico que permite compreender e abordar as questões relativas a estes peculiares sujeitos sob a ótica dos Direitos Humanos. 
 Em 14 de julho de 1990, enfim, correspondendo ao engajamento dos diversos setores da sociedade brasileira, foi promulgada a lei 8.069/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, que, não só por ser a legislação que atualmente vige no país, mas veio promover um importante conjunto de revoluções que extrapola o campo jurídico e desdobra-se em outras áreas da realidade política e social no Brasil, dentre elas, destacam-se:
“Conceber a criança e o adolescente como sujeitos de direitos exigíveis com base na lei e deixar de vê-los como meros objetos de intervenção social e jurídica por parte da família, da sociedade e do Estado.”
“Superar a visão assistencialista e paternalista: crianças e adolescentes não estão mais à mercê da boa vontade da família, da sociedade e do Estado. Seus direitos, agora, são exigíveis com base na lei e podem levar aos tribunais os responsáveis pelo seu não-atendimento ou atendimento irregular.”
“Os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente em todos os níveis e os Conselhos Tutelares, em nível municipal, são parte fundamental do esforço de democratizar a democracia brasileira.”
“Uma democracia cada vez mais beneficiada pela participação da cidadania organizada na formulação das políticas públicas, na agilização do atendimento às crianças e adolescentes e no controle das ações em todos os níveis. É aqui que se situa a importância do esforço de criação e consolidação dos Conselhos de Direitos e dos Fundos Municipais em todos os municípios mineiros.”
 Assim, tanto a Constituição como a legislação infraconstitucional reforçam o compromisso da família, da sociedade e do Estado para garantir a criança e ao adolescente uma passagem saudável e digna até a vida adulta, tendo para isso a doutrina da proteção integral como o pilar para a efetivação desse objetivo.

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