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Habilidades Cirúrgicas
Habilidades
Cirúrgicas
A D R I A N A A L V E S D E M E N E S E S D E L E V E D O V E
M U R I L O D E L E V E D O V E
( O R G A N I Z A D O R E S )
SBCSaúde
Goiás
ISBN 978-65-87580-13-5
https://www.cblservicos.org.br/servicos/meus-livros/visualizar/?id=12d73147-2d0b-ec11-b6e6-002248371efb
 
Copyright © da Editora SBCSaúde Ltda 
 
 
 
 
 
 
Está obra estará disponibilizada no formato eletrônico no site da editora (SBCSaúde), no qual é 
permitido o download completo, bem como compartilhamento da mesma. Vale salientar que sua 
reprodução parcial ou total somente será permitida desde que seja atribuído crédito aos autores, 
bem como a citação da fonte. Em hipótese alguma poderá utilizar essa obra para fins comerciais. 
Ainda é relevante ressaltar que a violação dos direitos autorais (Lei nº 9610/98) é crime 
estabelecido pelo artigo 184 do código penal. O Conteúdo dos artigos, bem como seus dados, 
correção e confiabilidade são exclusivamente responsabilidade dos autores. 
 
 
DADOS DE CATALOGAÇÃO 
 
 
Editora SBCSaúde: http://editorasaude.com.br/ 
 
E-mail address: publicacoes@sbcsaude.org.br 
Diagramação: Editora SBCSaúde 
Capa: Editora SBCSaúde 
Revisão: Corpo editorial 
D348 
 
HABILIDADES CIRÚRGICAS. Adriana Alves de Meneses Delevedove; Murilo 
Delevedove. [organizadores]. 1 ed – Goiânia, Goiás: SBCSaúde, 2022. 
 
238 p 
3000 kb - ePUB 
 
Incluída bibliografia 
ISBN 978-65-87580-12-5 
 
1. Habilidades cirúrgicas. 2. Técnicas cirúrgicas. 3. Conduta médica. 4. 
Tratamento Cirúrgico. 
 
Índice para catálogo sistemático CCD 610 
mailto:publicacoes@sbcsaude.org.br
 
CORPO EDITORIAL 
 
Dra. Adriana Alves de Meneses Delevedove – UNAERP – SP 
Dra. Aline Helena da Silva Cruz/ UFG - GO 
Dra. Aline Raquel Voltan/ UNIRV - GO 
Dra. Aliny Pereira de Lima/ UFG - GO 
Dra. Andrielle de Castilho Fernandes/ UNIFAN - GO 
Dr. Aroldo Vieira de Moraes Filho/ UNIFAN - GO 
Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto/ UFG - GO 
Dra. Carla Cardoso da Silva/ UNIFAN - GO 
Dra. Carolline Silva Borges/ UFG 
Dra. Debora de Jesus Pires/ UEG – GO 
Dra. Erika Izumi - UFT do Paraná - Campus de Santa Maria - PR 
Dr. Ernane Gerre Pereira Bastos/ ULBRA- TO 
Dr. Jonas Byk - Universidade Federal de Manaus - AM 
Dra. Juliana Santana De Curcio/ UFG - GO 
Dra. Lara Stefânia Netto de Oliveira Leão – UFG-GO 
Dra. Lilian Carla Carneiro/ UFG - GO 
Dra. Lorena Motta da Silva/ UEG – GO 
Dr. Lucas Silva de Oliveira/ UNB - DF 
Dr. Luiz Paulo Araújo dos Santos/ UFG - GO 
Dra. Marcia Regina Pincerati - Universidade Positivo, Curitiba - PR 
Dra. Mônica de Oliveira Santos/ UFG - GO 
Dra. Mônica Santiago Barbosa/ UFG – GO 
Dr. Murilo Delevedove/ UNOESTE - SP 
Dra. Pablinny Moreira Galdino de Carvalho/ UFOB - BA 
Dra. Patricia Fernanda Zambuzzi Carvalho/ UFG – GO 
Dra. Tereza Cristina Vieira de Rezende/ Universität Basel – Switzerland 
Dra. Yara Bandeira Azevedo de Alencar/ INPÓS – GO 
 
 
Sumário 
Classificação das cirurgias, preparo pré-operatório .............................................. 6 
Divisão do centro cirúrgico, técnicas de antissepsia, assepsia, pamentação e 
colocação de campo ............................................................................................. 13 
Materiais cirúrgicos e montagem de mesa ........................................................... 27 
Tipos de fios e agulhas e onde utilizar .................................................................... 40 
Sodas e Drenos ......................................................................................................... 63 
Tipos de incisão, planos de cada inciso e finalidade de cada incisão .............. 74 
Cirurgia Videolaparoscopica vantagens, instrumentais e aparelhos ................. 85 
Apendicectomia: técnica cirúrgica aberta e por videolaparoscopia .............. 99 
Colecistectomia: Condutas em complicações de via biliar ............................. 106 
DRGE técnicas cirúrgicas e indicações ............................................................... 113 
Toraconcetese e colocação de dreno de tórax ................................................ 122 
Cricostomia e traqueostomia ............................................................................... 133 
Gastrectomia .......................................................................................................... 142 
Gastroplastia – Cirurgia bariátrica ........................................................................ 152 
Colectomias e colostomias ................................................................................... 176 
Nutrição em cirurgia .............................................................................................. 192 
Condutas no trauma abdominal .......................................................................... 209 
Abdome Agudo ..................................................................................................... 218 
 
 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
6 
 
Classificação das cirurgias, preparo pré-operatório 
 
1. CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS e 
PREPARO PRÉ OPERATÓRIO 
 
1.1 Classificação das cirurgias 
Uma das complicações importantes do 
ato cirúrgico é a infecção. Vários fatores estão 
associados esse fator: obesidade, idade 
avançada, potencial de contaminação da 
cirurgia, doenças de base como por exemplo o 
diabetes mellitus, imunossupressão e 
principalmente a técnica operatória do 
cirurgião1. 
Exemplos de infecções que podem 
complicar o peri operatório inclui: infecções de 
sítio cirúrgico, infecção primária de corrente 
sanguínea, infecções do trato urinário, 
ocorrência de pneumonias relacionadas à 
assistência à saúde, dentre outras2. 
As cirurgias podem ser classificadas de 
acordo com o potencial de contaminação do 
sítio manipulado em limpas, quando são 
eletivas sem invasão de mucosas ou outro 
trato colonizado; potencialmente 
contaminadas, quando atingem mucosas, 
como no trato genital feminino contaminadas; 
envolvimentos de tecidos altamente 
contaminados e infectados, quando o local a 
ser operado tem em vigência infecção1. 
As cirurgias limpas são aquelas 
realizadas em tecidos estéreis ou com 
possibilidade de descontaminação, sem 
vigência de processo infeccioso local, como 
por exemplo: cirurgias realizadas na epiderme, 
tecido celular subcutâneo, sistemas 
musculoesquelético, nervoso e cardiovascular. 
As cirurgias potencialmente contaminadas são 
aquelas realizadas em tecidos que contém 
colonização por flora microbiana pouco 
numerosa, em tecidos com comunicação com 
o meio exterior, ou de difícil descontaminação, 
sem vigência de processo infeccioso local. São 
exemplos: as cirurgias realizadas nos tratos 
gastrintestinal (exceto cólon), respiratório 
superior e inferior, gênito-urinário, cirurgias 
Classificação das cirurgias, 
preparo pré-operatório 
 
Lucas Cruvinel 
Capítulo 
1 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
7 
 
oculares e de vias biliares. As cirurgias 
contaminadas acontecem em tecidos que 
possui flora microbiana abundante, de difícil 
descontaminação, na ausência de processo 
infeccioso local. São exemplos as cirurgias 
realizadas no cólon, reto e ânus; em tecido 
com lesões cruentas e cirurgias de 
traumatismo crânio encefálicos abertos. E as 
cirurgias infectadas são as realizadas em 
qualquer tecido, na vigência infecção local3. 
MAIA (2006) afirma que a infecção do 
sítio cirúrgico constitui a principal complicação 
infecciosa do pós-operatório. ainda no seu 
estudo mostra as incidências esperadas de 
infecção em ferida cirúrgica de acordo com o 
potencial de contaminação, segundo centers 
for disease control and prevention (CDC), 
indicando: limpas: 1 a 5%; potencialmente 
contaminadas:ou 1-0, 00 ou 
2-0, 000 ou 3-0 e assim sucessivamente até 
o 12-0). Assim quanto maior o diâmetro do fio 
maior sua resistência e força tênsil. 
 
 
 
1.1.5 - Absorção 
 
Os fios absorvíveis são aqueles que 
degradam no organismo e desaparecem do 
local onde foi implantado. Ele é 
progressivamente destruído e absorvido 
através de hidrolise, proteólise e fagocitose 
de acordo com o tipo de fio. Durante o 
processo de degradação o fio vai perdendo 
sua força tênsil na mesma proporção da 
cicatrização tecidual. 
 
 
1.1.6 - Filamentos 
 
Os fios podem ser multifilamentares 
(Imagem A) ou monofilamentares (Imagem B) 
conforme imagem à baixo. Os 
monofilamentares são produzidos com um 
único filamento e normalmente são menos 
maleáveis, sendo assim inelásticos, tendem a 
soltar mais facilmente, com menor coeficiente 
de atrito, difícil manuseio, mas em 
contrapartida causam menor trauma tecidual 
a serem passados, provocam menos 
aderência bacteriana. Já os multifilamentares 
são constituídos por vários filamentos 
trançados entre si, possui uma maior 
flexibilidade o que facilita seu manuseio, 
possui um maior coeficiente de atrito o que 
traz maior segurança ao nó, portanto este 
apresenta um maior potencial no 
desenvolvimento de infecção, causam um 
maior trauma e é mais áspero. 
 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
43 
 
 
1.1.7 - Agulha 
 
O fio pode vir acompanhado ou não de 
agulha onde pode estar presente em uma ou 
nas duas extremidades do mesmo. Essas 
agulhas diferem pelo comprimento (0,4 a 
7,5cm), curvatura, perfil cortante. 
 
 
1.1.8 - Segurança dos nós 
 
Os nós são considerados a parte mais 
instável de uma sutura. Quanto menor a 
coeficiência de fricção do fio maior é sua 
possibilidade de desfazer o nó, essa é uma 
característica típica dos fios 
monofilamentares em especial o 
prolipropileno e o náilon, para que haja uma 
maior segurança relacionada a estes é 
necessário de 4 à 6 nós. Para que haja uma 
efetividade do nó não sofrendo um processo 
de deslizamento ou de ruptura é necessário 
que haja uma resistência tênsil efetiva. 
 
1.1.9 - Reação inflamatória 
 
O fio é um corpo estranho para o tecido, 
então quanto maior o fio maior a reação 
tecidual por isso os fiomultifilamentosos 
causam uma maior reação. A reação tecidual 
inicia-se no momento que se introduz o fio no 
organismo, já a resposta do organismo frente 
ao fio aparece do 2° ao 7° dia, onde inicia-se 
com um infiltrado celular leucocitário na área 
traumática e logo após aparecimento de 
macrófagos e fibroblastos. Por volta do 7° dia 
surge um tecido fibroso com processo 
inflamatório crônico. Os fios absorvíveis 
provocam reações do tipo corpo estranho 
mais intensas do que os não absorvíveis, 
onde essas persistem até que o fio seja 
encapsulado ou absorvido pelo organismo. 
 
1.1.10 Elasticidade ou memória 
 
A memória é a capacidade que o fio tem 
de retornar sua forma após ser manuseio e 
deformado, essa está relacionada com outras 
duas características, a plasticidade e a 
elasticidade. A plasticidade é a habilidade do 
fio de se acomodar as reações teciduais 
como edema e inflamação, assim diminuindo 
o risco que os tecidos sejam cortados ou 
isquemiados pelo fio, já a elasticidade é 
capacidade da sutura recuperar sua forma 
inicial após o período de edema, mantendo 
assim as bordas da ferida próxima. 
 
Fio antes do manuseio 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
44 
 
Fio após o manuseio 
 
 
1.1.11 - Crescimento bacteriano 
 
É a capacidade que o fio tem de fazer com que a bactéria se adira a sua superfície, todos os 
fios tem a capacidade de diminuir a efetividade do mecanismo de defesa do organismo, mas 
principalmente os fios multifilamentares, a cobertura de alguns fios multifilamentares com 
polibutileno, silicone ou teflon pode ajudar a diminuir o risco de crescimento bacteriano. 
 
1.1.12. Retirada dos pontos 
 
Os pontos devem ser mantidos até que a cicatrização seja capaz de aguentar a tensão do 
tecido, lembrando que cada área tem seu tempo de cicatrização individualizado além de pacientes 
que apresentam problemas na cicatrização esse tempo deverá ser maior também. 
 
1.1.13. Descrição da embalagem 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
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1.1.14. Cor dos Fios 
Há fios de sutura que para facilitar que seja identificado e seu manuseio no ato cirúrgico 
são tingidos. Podem ser amarelo, azul, verde, violeta e preto. Sendo assim os fios 
podem nos orientar e identificar sua localização exata. 
 
1.2. Classificação 
 
 
Fonte: Próprio autor, 2021. 
 
 
 
ABSORÇÃO ORIGEM COMPOSIÇÃO CAPILARIDADE 
Absorvível 
Animal 
Catgute Simples Multifilamento torcido 
Catgute Cromado Multifilamento torcido 
Sintética 
Poliglactina (Vicril) Mono/Multifilamento trançado 
Ác. Poliglicolítico (Dexon) Multifilamentado Trançado 
Polidioxaxona (PDS) Monofilamentado 
Poliglecaprone (Monocril) Monofilamentado 
Gliconato (Maxon) Monofilamentado 
Inabsorvível 
Animal 
Seda Multifilamentado trançado 
Vegetal 
 
Algodão Multifilamentado torcido 
Linho Multifilamentado trançado ou torcido 
Sintética 
 
Poliamida (Mononylon) Mono/multifilamentar 
Polipropileno (Pralene Surgilene) Monofilamentado 
Poliéster (Ethibond) Mono/Multifilamentado trançado 
Politetrafluoretileno (PTFE) Monofilamentado poroso 
Mineral Aço (Acriflex) Monofilamentado 
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46 
 
1.2.1. Fios Absorvíveis 
 
ORIGEM ANIMAL 
 
- Catgut simples 
- Tipo de material: Natural, Multifilamentos 
torcido polido, visualmente monofilamentar. 
 
Coloração: Amarelada. 
 
Composição: Sua composição é a partir 
colágenos extraído da serosa do intestino de 
bovinos ou submucosa do intestino de ovinos. 
 
Reação tecidual: Devido sua composição ser 
rica em colágeno, vai sem gerado no 
organismo uma significativa reação de corpo 
estranho. Sua absorção pode várias muito 
conforme a reação tecidual, apresentando 
maior perda de forca tênsil e absorção frente a 
infecções. 
Força tênsil: Baixa força tênsil e pode 
resistência entre 7 e 10 dias. Nos tendem a 
ficarem frouxos mais facilmente. 
 
Tempo de absorção: Completa absorção no 
máximo em 70 dias por ação de enzimas 
fagocitárias. 
 
Esterilização: Colbato 60 e embalado em 
solução de álcool isopropílico para manter sua 
conservação. 
Apresentação: 6-0 a 1 agulhado ou não. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Peritônio, submucosa e 
ligaduras. 
• Ginecologia e obstetrícia: Anastomose e 
episiorrafias. 
• Gastrointestinal: Anastomose e epiplon. 
• Urologia: Bexiga, capsula prostática, ureter, 
ligações de artérias vesiculares, uretra. 
• Oftamologia: Conjuntiva. 
• Otorrinolaringologia: Amigdalectomias. 
 
- Catgut cromado 
Tipo de material: Natural, multifilamentos 
torcido polido, visualmente monofilamentar. 
 
Coloração: Marrom 
 
Composição: Mesma composição do catgut 
simples, porém são banhados em sais de 
cromo antes do processo de torção. 
 
Reação tecidual: A reação de corpo estranho 
será menor no cromado por ele apresentar sais 
de cromo em sua composição. Sua absorção 
pode várias muito conforme a reação tecidual, 
apresentando maior perda de forca tênsil e 
absorção frente a infecções. 
 
Força tênsil: Baixa força tênsil e pode 
resistência entre 21 e 28 dias. Nos tendem a 
ficarem frouxos mais facilmente.____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
47 
 
Tempo de absorção: Completa absorção no 
máximo 90 dias por ação de enzimas 
fagocitárias. 
 
Esterilização: Colbato 60 e embalado em 
solução de álcool isopropílico para manter sua 
conservação. 
 
Apresentação: 5-0 a 0, agulhado ou não. 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: peritônio, subcutâneo, 
mucosa, submucosa e ligaduras. 
•Ginecologia e obstetrícia: Anastomose, borda 
vaginal, útero, parede vaginal e episiorrafias. 
• Gastrointestinal: Anastomose e epiplon. 
• Urologia: Bexiga, capsula prostática, ureter, 
ligações de artérias vesiculares, uretra. 
• Oftamologia: Conjuntiva. 
• Otorrinolaringologia: Amigdalectomias. 
 
ORIGEM SINTÉTICA 
 
- Coprofyl 
 
 
Tipo de material: Monofilamentar Coloração: 
Cor azul-violeta 
Composição: Poliglecaprone 25 (Copolímero 
de glicolida e caprolactona). 
 
Reação tecidual: Ínfima reação tecidual 
garantindo uma segurança regular dos nós. 
 
Esterilização: ETO (óxido etileno). 
Força tênsil: Cerca de 21 dias, onde vai 
perdendo a força de forma gradativa (1° 
semana menos 30 a 40%, 2° semana menos 
60 a 70%, 3° semana até o final perde 100%). 
 
Tempo de absorção: varia de 91 a 119 
dias. 
Apresentação: 5-0 a 1, agulhado. 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Peritônio e tecido 
subcutâneo. 
• Ginecologia e obstetrícia: Ligadura, 
cúpula vaginal, útero, parede vaginal. 
• Gastrointestinal: Anastomose e 
epiplon. 
• Urologia: Bexiga, ureter, ligadura de 
artérias vesiculares, uretra. 
Fonte: próprio autor, 2021 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
48 
 
- Monocryl 
 
 
 
 
 
Tipo de material: Monofilamentar. 
 
Coloração: Incolor. 
 
Composição: Poliglecaprone 25 (Copolímero 
de glicolida e caprolactona). 
 
Reação tecidual: Ínfima reação tecidual 
garantindo uma segurança regular dos nós. 
 
Esterilização: ETO (óxido etileno). 
 
Força tênsil: Cerca de 21 dias, onde vai 
perdendo a força de forma gradativa (1° 
semana menos 30 a 40%, 2° semana menos 
60 à 70%, 3° semana até o final perde 100%). 
 
Tempo de absorção: Varia de 91 a 119 dias. 
 
Apresentação: 5-0 a 3-0, agulhado. 
Uso frequente: 
•Plástica: Pele 
 
- PDS 
 
Tipo de material: Monofilamentar 
 
Coloração: Violeta 
 
Composição: Polidiaxonona 
 
Reação tecidual: Mesmo na presença de 
infecção induz uma mínima reação tecidual. 
Apresenta uma boa segurança do nós, porém 
o manuseio não é tão fácil. 
 
Esterilização: ETO (óxido etileno). 
 
Força tênsil: Cerca de 42 dias de forma 
gradativa. 70% após duas semanas, 50% após 
quatro semanas, 25% após seis semanas. 
Tempo de absorção: Absorção mínima em 90 
dias e completa com 180 dias. 
 
Apresentação: 7-0 a 2-0, agulhado. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Peritônio e aponeurose. 
• Transplante: Rim e fígado. 
• Ginecologia e obstetrícia: Ligadura, cúpula 
uterina, útero, parede vaginal 
Fonte: próprio autor, 2021 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
49 
 
• Gastrointestinal: Serosa e submucosa. 
• Urologia: Bexiga 
• Ortopedia: Membrana sinovial e rótula. 
• Cardiopediatria: Coartação de aorta 
 
- Maxon 
 
Tipo de material: Monofilamentar de absorção 
lenta, apresenta alta resistência. 
 
Composição: Gliconato 
 
Reação tecidual: Mesmo na presença de 
infecção induz uma mínima reação tecidual. 
Apresenta uma boa segurança do nós, porem 
o manuseio não é tão fácil. 
 
Esterilização: ETO (óxido etileno). 
Força tênsil: Entre 4 a 6 semanas, entre todos 
os fios absorvíveis é o que apresenta maior 
força tênsil e melhor segurança em relação aos 
nós. 
Tempo de absorção: Vai de 180 a 210 dias. 
 
Apresentação:7-0 a 2-0 Uso frequente: 
• Fechamento geral: Todos os tipos de tecido, 
porém com elevado custo. 
 
 
 
 
 
- Vicril 
 
 
 
Tipo de material: Multifilamentar trançado 
 
Coloração: Incolor ou violeta. 
 
Composição: Poliglactina 910, coberta com 
Poliglactina 370 + estearato de cálcio. 
 
Reação tecidual: Mínima 
 
Esterilização: ETO (Óxido etileno). 
 
Força tênsil: 28 dias, vai perdendo-a 
gradativamente (75% de força na primeira 
semana, 50% na segunda semana, 25% na 
terceira semana). 
 
Tempo de absorção: Entre 56 a 70 dias, 
sendo a média 63. 
 
Apresentação: 10-0 a 0 e 8-0 a 2, agulhado 
ou não. 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
50 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: peritônio, 
aponeurose, serosa, submucosa e pele. 
• Ginecologia e obstetrícia: Ligadura, 
cúpula vaginal, útero, bexiga, parede 
vaginal. 
• Neurológica: Dura-máter, fáscia 
aponeurotica e musculo. 
• Gastrointestinal: Anastomose e epiplon. 
• Urologia: Bexiga, uretra e ureter. 
• Oftamologia: Esclera e conjuntiva. 
 
- VicrilRapid 
 
 
 
Tipo de material: Multifilamentar, trançado 
 
Coloração: Incolor. 
 
Composição: Poliglactina910, coberta com 
Poliglactina 370 + estearato de cálcio. 
 
Reação tecidual: Minima à moderada 
 
Esterilização: Cobalto 60 
 
Força tensil: 50% em 5 dias, perda completa 
com 14 dias 
Tempo de absorção: Até 42 dias 
Apresentação: 6-0 a 1-0, agulhado. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Fechamento de pele, 
episiorafias, cirurgia plástica. 
 
- Vicril Plus 
 
 
Possui as mesmas características do Vicril, 
diferenciando por ter em sua composição 
IRGACARE MP® que é um agente 
antibacteriano de amplo espectro, assim 
proporcionando o não crescimento bacteriano 
na linha de sutura. 
 
Coloração: Violeta 
 
Apresentação: 5-0 a 1, agulhado. 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
51 
 
- Dexon™ 
 
 
 
Tipo de material: Multifilamentar 
 
Composição: Poliglactina 10 e ácido 
poliglicólico 
 
Reação tecidual: Mínima 
 
Força tênsil: 28 dias Tempo de absorção: 56 
à 70. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Peritônio, músculos, 
subcutâneo, chuleio intradérmico, laqueadura 
vascular, porém custo elevado. 
 
1.2.2 - Fios Inabsorvíveis 
 
ORIGEM ANIMAL 
- Seda 
 
 
Tipo de material: Multifilamentar trançado, 
biodegradável. 
 
Coloração: Preto, branco ou azul. 
 
Composição: Filamento proteico, obtido do 
casulo do bicho da. 
 
Reação tecidual: Alta reação podendo 
desencadear processos inflamatórios. 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
52 
 
Esterilização: Cobalto 60. 
 
Força tênsil: Até 1 ano, fácil manuseio, 
segurança nos nós, baixo custo. 
 
Apresentação: 8-0 a 1, agulhado ou não. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Ligadura 
• Gastrointestinal: Mucosa e submucosa 
• Oftalmologia: Extração de cataratas, 
estrabismo, descolamento de retina. 
• Plástica: Pele 
• Neurologia: Fáscia aponeurótica, musculo, 
dura-máter. 
 
 
ORIGEM VEGETAL 
 
- Algodão (Polycot) 
 
 
 
 
 
Possui as mesmas características do fio 
de seda e o que difere é sua origem e sua 
resistência que é considerada menor e gera 
uma tendência a floculação. 
Coloração: Azul ou incolor. 
 
- Linho 
 
Tipo de material: Multifilamentar torcido, 
biodegradável. 
 
Coloração: Natural. 
 
Composição: Fibras pericíclicas do caule de 
linho. 
 
Reação tecidual: Elevada reação tecidual 
com predisposição a formação de edema no 
local da sutura. 
 
Esterilização: Oxido de etileno. 
 
Força tênsil: Perde gradativamente em um 
período indeterminado, devido sua progressiva 
degradação das fibras. Possui uma boa 
resistência, é flexível e garante boa segurançados nós. 
 
Apresentação: 8-0 a 1, agulhado ou não. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Ligadura 
• Gastrointestinal: Mucosa e submucosa 
 
 
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ORIGEM SINTÉTICA 
 
- Mononylon 
 
 
 
 
 
 
 
Tipo de material: Monofilamentar ou 
multifilamentar trançado. 
 
Coloração: Preto ou incolor. 
 
Composição: Monômeros de poliamida pura. 
 
Reação tecidual: Baixa reação 
 
Esterilização: Oxido de etileno 
Força tênsil: Boa força tênsil que começa 
decair após 6 meses, tendo uma perca ao total 
de 20% ao ano. Apresenta baixo custo, fácil 
manuseio em contrapartida os nós se 
desfazem com maior facilidade. 
 
Apresentação: 11-0 a 8-0 ou 6-0 à 1, 
agulhado ou não. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Aponeurose, micro 
anastomoses. 
• Plástica: Pele 
• Oftamologia: Queroplastia penetrante, 
córnea, descolamento de retina, esclera, 
extração de cataratas. 
 
 
Prolene ou Surgilene 
 
 
 
 
 
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Tipo de material: Monofilamenta. 
 
Coloração: Azul. 
 
Composição: Polipropilene 
 
Reação tecidual: Baixa reação tecidual. 
 
Esterilização: Oxido etileno 
 
Força tênsil: Permanente, fácil manuseio, nó 
firme. 
 
Apresentação: 10-0 e 8-0 à 2, agulhado. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Aponeurose 
• Plástica: Pele 
• Gastrointestinal: Anastomose 
• Oftamologia: Fixação escleral 
• Otorrinolaringologia: Anastomose proximal 
e distal, enxerto de derivação da artéria 
coronária, aneurisma aorto abdominal, 
aortomia 
 
- PTFE 
 
Tipo de material: Monofilamentar 
microporoso. 
 
Composição: Cadeia de carbono com 
átomos de flúor em torno dele 
(Politetrafluoretileno). 
 
Reação tecidual: Mínima reação. 
 
Uso frequente: 
 
• Fechamento geral: Hernioplastia 
• Oftamologia: Blefaroptose, ptose palpebral. 
• Plástica: Pele 
 
- Poliéster (Mersilene, Decron) 
 
Tipo de material: Multifilamentar trançado. 
 
Coloração: Verde e branca. 
 
Composição: 8 carreiras de poliéster 
 
Reação tecidual: Moderada reação tecidual, 
porém com maior risco de infecção tecidual. 
 
Esterilização: Oxido etileno 
 
Força tênsil: Permanente, de difícil manuseio 
 
Apresentação: 10-0 e 6-0 a 0, agulhado ou 
não. 
 
Uso frequente: 
• Fechamento geral: Ligaduras 
• Oftamologia: Transplante de córnea, 
estrabismo 
 
- Ethibond 
 
Tipo de material: Multifilamentar trançado. 
 
Coloração: Verde ou branca. 
 
Composição: 16 carreiras de Poliéster 
coberto de Polibutileno 
 
Reação tecidual: Reação inflamatória aguda 
mínima. 
 
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Esterilização: Oxido etileno 
 
Força tênsil: Permanente 
 
Apresentação: 5-0 a 2 e 5, agulhado. 
 
Uso frequente: 
• Gastrointestinal: Laparoscopia 
• Ortopedia: Membranas sinoviais 
• Cardiovascular: Canulação, fixação de 
próteses, fechamento de esterno, troca de 
valvular. 
 
 
ORIGEM MINERAL 
- Acriflex 
 
 
 
Tipo de material: Monofilamentar ou 
multifilamentar. 
 
Coloração: Prata metálico. 
 
Composição: Axoinox 316L com baixo teor 
de carbono Reação tecidual: Reação 
inflamatória mínima. 
 
Esterilização: Oxido etileno 
Força tênsil: Indefinida, porém considerada 
uma das maiores. É difícil manuseio e pode 
causar sensibilidade ou alergia. 
 
Apresentação: 2-0 a 2 e 4 a 6, agulhado ou 
não. 
 
Uso frequente: 
• Cardiovascular: Fechamento de esterno 
• Ortopedia: Fixação óssea 
• Buco-maxilo: Fixação da mandíbula 
 
 
2 - AGULHAS 
 
As agulhas são pequenas e finas hastes 
feitas de ligas metálicas podendo ir de 
milímetros até 10 centímetros, suas 
curvaturas vão variar de acordo com seu uso, 
sendo retas, semirretas ou curvas, além de 
serem descartáveis ou reutilizáveis, com fio 
fixo ou móvel. Sua principal função é 
possibilitar a passagem do fio pelos tecidos 
com menor trauma possível. Ela é dividida em 
três parte fundo, corpo e ponta. 
A escolha da agulha ideal para o tecido 
a ser suturado vai depender muito do 
diâmetro onde, deve ser comprida o 
suficiente para abranger os dois lados da 
incisão, se muito grande gera maior trauma 
tecidual, a proporção ideal entre diâmetro e 
comprimento deve ser menor que 1:8 pois 
quanto maior essa proporção, maior chance 
ela tem de quebrar ou entortar. 
 
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2.1 - Partes das agulhas 
 
2.1.1- Fundo 
Onde fica o orifício que passara o fio (traumática) ou que o fio esteja fixo (atraumática). Existe 
diferentes tipos de fundo, podendo ser: 
- Falso: Orifício quase totalmente fechado podendo ser único ou duplo, com uma estreita 
reentrância por onde encaixa o fio ao orifício. (Figura C e D) 
- Verdadeiro: Orifício fechado por onde passa o fio a ser usado (Figura A e B) - Sertix: Quando 
o fio já vem fixado à agulha (Figura E e F) 
 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
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2.1.2 - Corpo 
 
Encontra-se entro o corpo e a ponta, é a 
maior parte da agulha e é a parte que da 
sustentação ao manuseio. Podendo ser: 
- Cilíndrico: Encontrado comumente 
nas agulhas traumáticas, oferece pouca 
resistência à passagem pelos tecidos, 
indicada para tecidos como vasos, intestino, 
não possui boa fixação para o porta agulha. 
(Figura A) 
- Achatado: Dorso ventralmente, tipo 
mais comum (Figura B) ou latero 
lateralmente, permite uma boa fixação para 
as porta agulhas. 
- Forma de trapézio: São agulhas 
muito cortantes (Figura C) e oferecem uma 
boa fixação para as porta agulhas. 
- Forma triangular: São agulhas ainda 
mais cortantes que as anteriores, indicadas 
para pele, tecidos espessos (Figura D) e 
oferecem boa fixação para as porta agulhas. 
 
 
 
2.1.3 - Ponta 
 
Parte mais anterior que proporciona a 
penetração nos tecidos. Suas formas vão 
depender do tipo de tecido a ser suturado, 
são elas: 
- Cônica ou cilíndrica: São 
atraumáticas, penetram nos tecidos por 
divulsão, indicadas para tecidos moles de 
fácil penetração como peritônio, intestino e 
coração. 
(Figura E) 
-Triangular ou bifacetada: Indicadas para 
tecidos resistentes como aponeurose e pele 
ou qualquer outro tipo de tecido espesso, pois 
são cortantes. (Figura A e D) 
- Romba: São indicadas para sutura de 
órgãos parenquimatosos, vasos, fígado, pois 
passam pelos tecidos sem cortá-los. (Figura 
B) 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
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58 
 
2.2 - Classificação das agulhas 
 
2.2.1 - Quanto à curvatura 
 
- Retas: São usadas para suturar sem 
ajuda dos porta-agulhas, principalmente em 
anastomoses enterogástricas, seu uso tem 
sido cada vez mais rafo. 
- Semi retas: Fundo e corpo retos e 
ponta curva. São aplicadas em estruturas 
mais superficiais, por exemplo a pele. 
- Curvas: A curvatura é variável 
podendo ser de ¼, 3/8, ½, 5/8, de círculo. A 
escolha da curvatura da ferida irá depender 
da profundidade da do tecido a ser suturado, 
quando mais profunda for a sutura, maior tem 
que ser a curvatura da agulha. 
 
Indicação de onde utilizar cada tipo de 
curvatura 
Reta: Cirurgia gastrointestinal, cavidade 
nasal/oral, nervos, faringe, tendões, vasos. 
1/4 Círculo: Olho, aplicação primaria, 
microcirurgias. 
3/8 Círculo: Aponeurose, trato biliar, duramater, olho, fáscia, cavidade nasal/oral, 
cirurgia gastro, músculo, miocárdio, nervo 
periósteo, pleura, tendão, trato urogenital e 
vasos. 
1/2 Círculo: Trato biliar, olho, cirurgia gastro, 
músculo, pélvis, peritônio, faringe, pleura, 
aparelho respiratório, pele, subcutâneo, 
cirurgia ortopédica. 
5/8 Círculo: Cirurgia cardiovascular, pélvis e 
trato urogenital. 
 
 
 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
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59 
 
2.2.2 - Quanto à secção geométrica do corpo 
e da ponta 
 
- Corpo cilíndrico e ponta cônica: A 
que mais se utiliza na prática. 
 
 
- Corpo cilíndrico e ponta triangular 
(Tapercut): Utilizadas em estruturas 
resistentes como artérias calcificadas, 
aponeurose, tecidos sintéticos. 
 
- Corpo cilíndrico com ranhaduras: 
As arranhaduras ajudam na fixação da porta 
agulha. 
 
 
- Cortante de corpo triangular e ponta 
triangular: São agulhas que penetram 
facilmente, em contrapartida provoca maior 
lesão então são utilizadas em tecidos menos 
nobres como pele, campos operatórios. 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
- Cortante de corpo triangular inversa e 
ponta triangular inversa: Indicadas para 
tecidos espessos de difícil penetração. 
 
- Cortante de corpo quadrangular e ponta 
lanceolada: São extremamente afiadas, 
usadas em tecidos nobres e delicados, 
: 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
 
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60 
 
aqueles nos quais não podem haver muito 
esforço na penetração, como por exemplo em 
microcirurgias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
- Cortante de corpo quadrangular e ponta 
espatulada: Possuem a mesma função da 
lanceolada. 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
 
- Orientação sobre as informações nas embalagens: 
 
 
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Indicação de onde utilizar cada tipo de 
curvatura 
 
Reta: Cirurgia gastrointestinal, cavidade 
nasal/oral, nervos, faringe, tendões, vasos. 
1/4 Círculo: Olho, aplicação primaria, 
microcirurgias. 
3/8 Círculo: Aponeurose, trato biliar, dura 
mater, olho, fáscia, cavidade nasal/oral, 
cirurgia gastro, músculo, miocárdio, nervo 
periósteo, pleura, tendão, trato urogenital e 
vasos. 
1/2 Círculo: Trato biliar, olho, cirurgia gastro, 
músculo, pélvis, peritônio, faringe, pleura, 
aparelho respiratório, pele, subcutâneo, 
cirurgia ortopédica. 
5/8 Círculo: Cirurgia cardiovascular, pélvis e 
trato urogenital. 
 
 
 
Fonte: Valentina Ruviere Silveira 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
1. GOFFI, Fabio Schmidt, 1992 –Técnica 
Cirúrgica –Bases Anatômicas 
Fisiopatológicas e Técnicas da Cirurgia – 4 
ed. 2001. 
 
2. MARQUES, RuyGarcia. Técnica 
operatória ecirurgiaexperimental. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
 
3. CirinoLMI. 
TiposdeAgulhas,FiosdeSuturaeNós 
Cirúrgicos. In:Cirino LMI: Manual de Técnica 
Cirúrgica para a Graduação. São Paulo: 
Sarvier; 2006. p.18-20. 
 
4. Instrumentação Cirúrgica - Parra, 
Osório Miguel e Saad, William Abrão - edta 
Ateneu Rio - 3ª ed. 
 
5. Manual de Instrumentação Cirúrgica - 
Rosa, Maria Tereza Leguthe - edta Riddel 
 
6. NARY FILHO H.; MATSUMOTO M. 
A.; BAT ISTA, A. C.; L OPES, L.C.; DE 
SAMPAIO GÓES F. C. G .; 
CONSOLARO, A. Estudo comparativo d a 
resposta tecidual aos f ios de sutura 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
62 
 
poliglecaprone 25, poliglactina 910 e 
politetrafluoretileno em ratos. 
BrazilianDental Journal, Ribeirão Preto, v. 
1 3, n. 2, p. 86-91, 2002. 
 
7. AISER, A. G.; TIELLET, C. A. B.; 
PIPPI, N. L. Uso apropriado do 
instrumental cirúrgico. In: Manual de 
Cirurgia Veterinária. NuSI, Santa Maria, 
Ed.2, 2001. 
 
8. BARROS Mónica et al; Princípios 
básicos em Cir urgia: Fios de Sutura; Acta 
MedPort. 20111; 24 (S4); São Paulo – Brasil; 
2011; pp. 1051 – 1056. 
 
9. AMORIM, V. R.; LEANDRO, V. S.; 
MEDEIROS, M. G. Gerenciamento de fios 
cirúrgicos na farmácia do centro cirúrgico do 
Hospital Universitário da Universidade 
Federal do Piauí. Piauí: Universidade 
Federal do Piauí, 2014. Boletim Informativo 
Geum em Programa de Pós-Graduação em 
Ciências Farmacêuticas. 
 
10. MEDEIROS, A. C.; ARAÚJO FILHO, 
I.; CARVALHO, M. D. F. Fios de Sutura. Rio 
Grande do Norte: Universidade do Rio 
Grande do Norte - UFRN, 2016. 
Departamento de Cirurgia. 
 
11. CAMPOS, A. I. H. M. Implantação da 
Padronização de Fios de Sutura em Hospital 
Militar. Relatório de Trabalho de Elaboração 
do Objeto. Rio de Janeiro: 2019. Grau de 
Mestre em Saúde e Tecnologia no Espaço 
Hospitalar. 
 
12. ÁVILA FILHO, S. H.; LAMARO, L.; 
QUEIROZ, P. J. B.; FERREIRA, K. D.; 
SILVA, L. A. F. Aspectos Gerais dos Fios de 
Sutura utilizados ou com Potencial 
aplicabilidade na Medicina Veterinária. 
Projeto de Pesquisa. Goiânia: Universidade 
Federal de Goiás, 2015. Enciclopédia 
Biosfera, Centro Científico Conhecer. 
 
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63 
 
Sodas e Drenos 
 
Marcella Giovana Gava Brandolis 
Maria Eduarda Gusmão Borba 
Anthony Y. V. Pitanga 
 
Capítulo 
5 
Sodas e Drenos 
 
SONDAS 
Definição 
As sondas, também denominadas 
cateteres, são uma espécie de tubos utilizados 
para inserir ou retirar líquidos do organismo. 
Como o próprio nome diz, também podem ser 
usadas para realizar sondagens, com fim 
diagnóstico.1 
Classificação 
As sondas são classificadas de acordo 
com a finalidade para a qual serão usadas, o 
local em que serão inseridas e de acordo com 
a complexidade. A complexidade diz respeito 
ao acesso, podendo ser pela luz do órgão ou 
cirúrgico. Por exemplo, a sondagem gástrica 
pode ocorrer por via nasoesofagiana ou pela 
gastrostomia, a vesical por via uretral ou 
punção supra-púbica e a entubação por via 
naso/oro-traqueal ou pela traqueostomia. 
Quanto ao local, as sondas podem ser 
gástricas, pleurais ou vesicais, a título de 
exemplo. E, no que diz respeito à finalidade, 
podem ser diagnósticas ou terapêuticas.2 
 
Materiais 
As sondas são confeccionadas de 
diversos materiais e calibres. Podem ser de 
borracha (látex ou silicone) ou plástico 
(polietileno), e entre outros. As de plástico são 
mais rígidas, enquanto as de borracha são 
mais maleáveis, evitando lesões por atrito. 
Portanto, as de borracha são mais utilizadas 
em estruturas intra-abdominais, como vasos e 
alças. Entretanto, por terem uma superfície 
mais irregular, as sondas de látex estão mais 
sujeitas à colonização bacteriana e 
consequente infecção. As de silicone, porém, 
são menos rígidas que o polietileno e menos 
sujeitas à contaminação bacteriana. Os 
calibres são convencionados em French (Fr), 
uma medida francesa. Cada French 
corresponde a 0,33 milímetros de diâmetro. 
Portanto, ao se solicitar uma sonda, deve-se 
indicar também seu calibre, por exemplo: 
Sonda Foley 20.3 
À seguir, alguns exemplos de sondas e 
suas denominações, as quais variam de 
acordo com a sua finalidade. Apesar disso, 
vale ressaltar que as sondas podem ser 
desviadas de sua função para atender outras 
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finalidades. Algumas vezes, drenos são 
empregados como cateteres e vice-versa.4
 
 
Sonda de Malecot 
Muito utilizada em gastrostomias abertas, é 
de borracha. 
 
 
 
Fonte: https://enfermagemilustrada.com/cateter-
de-malecot-e-a-gastrostomia/Sonda retal 
É um catéter tubular de plástico que apresenta 
fenestrações laterais próximas à sua 
extremidade, permitindo a entrada e saída de 
conteúdo. Sua principal indicação é para o 
enteroclisma, conhecido como lavagem 
intestinal.6 
Sonda de Nelaton 
Sonda vesical. É mais utilizada em sondagens 
de alívio, ou seja, para retirar urina diretamente 
da bexiga quando o paciente está 
impossibilitado de realizar a micção.7 
 
Fonte: 
http://zerbinimedical.com.br/zerbini/produto/SOND
A-DE-NELATON-URETRAL-BORRACHA.html 
 
Sonda de Foley 
Também denominada cateter vesical de 
demora, é usada para retirar urina da bexiga 
por um logo período. Para que isso aconteça, 
essa sonda deve ter um balão em sua 
extremidade assegurando a permanência dela 
na bexiga. Vale acrescentar que ela pode ter 
duas ou três vias, como mostrado na figura, 
para que haja injeção de medicamentos e 
irrigação da bexiga.8 
 
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Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
Sonda de Levine ou sonda nasogástrica 
O cateter nasogástrico é muito utilizado para 
alimentação artificial, descompressões 
gástricas e realizar aspirações de secreções e 
sangue coletado.9 
 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
Sonda de Sangsteik Blackmore 
Utilizada para conter hemorragias decorrentes 
de varizes esofágicas, essa sonda conta com 
dois balões que comprimem as paredes do 
esôfago e estômago.10 
 
Fonte: 
https://www.medcleanprodutohospitalar.com.br/so
nda-sengstaken-blakemore-rusch.html 
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Sonda oro-traqueal de Rusch 
Também conhecida como tubo endotraqueal, 
é cabível em entubações orotraqueais.11 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
Sonda de aspiração 
 Utilizada para aspirar secreções 
gástricas ou nasais pela via oral ou nasal. 
Geralmente realiza-se a conexão com o 
sistema de aspiração hospitalar para 
realização do procedimento. 
 
https://www.medcleanprodutohospitalar.com.b
r/sonda-de-aspiracao1.html 
 
DRENOS 
Definição: 
É um material colocado no interior de uma 
ferida ou cavidade, visando sair fluidos ou ar 
que estão ali presentes, evitando o acúmulo e 
removendo secreções normais ou patológicas. 
¹² 
Função do dreno: 
Drenagem 
 • Ato de promover saída de líquidos ou ar que 
se acumulam (seromas, hematomas, pus, 
secreções digestivas). ¹² 
• Para evitar e prevenir complicações 
relacionadas às diversas cirurgias. ¹² 
• A drenagem é feita através de tubos, que 
podem ser colocados em todas as partes do 
organismo. ¹² 
 
Tipos de drenagem 
• Drenagem por sucção: Portovac 
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• Drenagem aberta: Penrose 
• Drenagem em sistema fechado: Dreno de 
Tórax ¹² 
 
Dreno Portovac: 
• Sistema de drenagem fechado que utiliza de 
uma leve e contínua sucção (vácuo) 
• Usado para drenagem de líquido seroso ou 
sanguinolento 
• Facilita a captação dos tecidos adjacentes e 
impede o acúmulo de soro e formação de 
hematoma 
• Prazo máximo de permanência: 48h 
• Não tracionar 
• Manipulação asséptica. ¹³ 
 
Fonte: 
https://magazinemedica.com.br/produtos/dreno-
de-succao-48mm-lac-medical/ 
 
Dreno Penrose 
• É um dreno de borracha (látex) 
• Sistema aberto 
• Indicado em cirurgias de acúmulo local de 
líquidos infectados 
• O orifício de saída deve ser ocluído com gaze 
estéril 
• Trocar o curativo sempre que necessário. ¹³ 
 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
Dreno de Tórax 
• Procedimento importante para manutenção 
ou reestabelecimento da pressão negativa do 
espaço pleural + função cardiorrespiratória e 
estabilidade hemodinâmica 
• Tubos mais calibrosos (20F a 30F) drenam 
sangue e secreções espessas 
• Tubos mais finos (16F a 20F) drenam ar. ¹³ 
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68 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
Material: 
•Borracha – são macios e maleáveis, porém é 
mais propenso a colonização bacteriana. ¹³ 
•Polietileno – material plástico (polímero) 
pouco irritante, extremidade multi-fenestrados, 
geralmente radiopacos. Ex.: pericardiocentese 
(“pig tail”), marca-passo (ponta em J) e 
Malecot. ¹³ 
• Politetrafluoretileno (teflon) – utilizado em 
alguns tipos de drenos, é menos antigênico, 
sua superfície é lisa e hidrofóbica, baixa 
adesividade e resistente a enzimas, porém não 
indicado para uso prolongado, pois sua rigidez 
pode levar a lesão da íntima e formação de 
trombose. ¹³ 
• Poliuretano e silicone – flexíveis, 
biocompatíveis, radiopacos, menos rígidos do 
que o polietileno e menos relacionado a 
contaminação bacteriana em relação ao látex. 
Muito utilizado em cateter venoso de longa 
permanência (silicone e poliuretano-Vialon), 
cateter enteral e de gastrostomia (ambos) foley 
e malecot (silicone). ¹³ 
 
Mecanismo de ação utilizado pelo dreno 
Capilaridade 
• A drenagem ocorre coma saída das 
secreções através da superfície externa do 
dreno. Não há passagem de líquidos pela sua 
luz. ex.: Penrose.¹³ 
Gravitacional 
• É fixado o frasco de modo que o coletor esteja 
abaixo do nível a que se deseja evacuar, o 
líquido tende para o ponto mais baixo pela 
força de gravitação. Ex.: drenagem do cateter 
levin, torácica, biliar. ¹³ 
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69 
 
Aspiração/ Sucção 
• A drenagem ocorre por meio de pressão 
negativa por sucção ou dreno com sistema de 
vácuo, importante que o dreno tenha múltiplas 
fenestrações ou suspiro. Ex.: sonda Salem 
Sump, dreno tórax com pressão negativa, 
sistema de drenagem Portovac.¹³ 
 
Mecanismo de drenagem 
Aberto 
• Mecanismo que possui interação com o meio, 
ou seja, necessário entrada de ar para bom 
funcionamento do sistema, risco aumentado 
de infecção dependendo da cavidade a que se 
destina drenar.14 
 
Fechado 
• Mecanismo ao qual não há interação com o 
meio, ou seja, não requer elementos externos 
adicionais para seu perfeito funcionamento, 
como por exemplo, o ar, evitando infecções por 
microorganismos, utiliza-se um sistema 
vedado, estéril conectado a extremidade do 
dreno, pode ser um frasco ou uma bolsa. 14 
 
Ex.: sistema coletor para cateter vesical, dreno 
de Kehr, dreno de tórax. “Vantagens: mínimo 
trauma tecidual, acurácia na drenagem e 
reduzido risco infecção.” Quando na região a 
ser drenada possuir um grande volume de 
drenagem, poderá ser utilizado um sistema de 
drenagem com aspiração, conectando-se o 
tubo a uma fonte de pressão negativa, 
podendo ser por sistema de aspiração ou pêra 
de borracha (hemovac®, portovac®). 14 
 
Quanto à estrutura 
• Laminares: O mais conhecido é o dreno de 
penrose, apresenta diferentes larguras, 
utilizado em pequenas lojas e em grandes 
extravasamentos de secreções. 
 • Tubulares: Podem ser de polietileno, silicone 
e látex. Drenam por gravitação. 14 
 
Quanto ao uso do Dreno 
- Aparelho Digestivo 
• Esôfago e estômago são utilizados drenos de 
borracha macia do tipo levin, são menos 
irritantes, mas os tubos de polietileno 
necessitam de menos cuidados, utilizados 
para descompressão gástrica e remoção de 
resíduos gástricos e esofágicos no pré-
operatório de pacientes com semi-obstrução 
completa. ¹4 
- Intestino Delgado 
• São utilizados drenos para descompressão 
do delgado proximal em presença de 
obstrução. Podem ser de lúmem único, tendo 
um balão na sua porção distal, no qual pode 
injetado mercúrio, ou aqueles nos quais e 
colocado um pequeno peso. ¹4 
- Vias Biliares 
• Tubo de Kehr, de material plástico ou de 
borracha. Para descompressão ou prótesede 
uma anastomose biliar. ¹4 
- Reto e Sigmoide 
• Tubos de polietileno utilizados para 
evacuação de conteúdo líquido ou gases na 
porção distal do cólon. Introdução de líquidos 
para lavagem (clister) contraste ou 
medicações. ¹4 
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70 
 
- Cavidade abdominal 
• Podem ser usados drenos de Penrose ou 
drenos tubulares. A escolha é pela quantidade 
de líquido drenado e tempo de permanência. ¹4 
 
Tipos de Drenos 
- Penrose 
•Amplamente utilizado, duas finas lâminas 
flexíveis, funcionamento por capilaridade, 
encontrados nos tamanhos 1,2,3 e 4, quanto 
maior a numeração, maior o diâmetro. ¹5 
 
•Tubo de diversos tamanhos e comprimentos é 
a forma da maioria dos drenos e cateteres, 
siliconizado ou não, muito utilizado em 
associação com o Penrose. Funcionam por 
capilaridade se forem mantidos com folga na 
cavidade. Ex.: drenos de tórax, cateter foley ou 
outro material tubular. ¹5 
 
- Cateter Foley (sonda) 
• Material é borracha siliconizada ou silicone, 
geralmente utilizado para cirurgias urológicas, 
cateterismo vesical de demora, como dreno 
tubular ou para gastrostomia e jejunostomia 
para drenagem ou alimentação. ¹5 
 O calibre varia entre 6 a 26 Fr, pode ter 2 
(balão e drenagem) ou 3 saídas (balão, 
irrigação e drenagem), volume do balão varia 
1,5 cc (pediatria) e 30 cc (adulto). Pode ser 
utilizado no caso de diarreia, atentar para lesão 
na mucosa pela insuflação do balão ou 
retenção de fezes pela obstrução da sonda. ¹5 
- Cateter Levin 
• Geralmente utilizado para descompressão 
gástrica e lavagem, em cirurgias abdominais. 
Material PVC. ¹5 
 
Cateter nelaton (borracha vermelha) 
• Estrutura macia e flexível e fácil manuseio 
durante cirurgia, porém induz a intensa reação 
tecidual. Geralmente utilizado para aspiração 
traqueal (calibre 10-12 Fr), como tubo retal no 
caso de diarreia (calibre 32-38 Fr) e 
gastrostomia cirúrgica (calibre 18-26 F), 
sofrem degradação com suco gástrico.¹5 
 
 Dreno de Kehr 
• também conhecido como tubo em T, devido 
ao seu formato, onde a travessão permanece 
no ducto biliar comum, geralmente é utilizado 
no transplante de fígado e cirurgias de 
vesícula, podem ser de plástico ou de 
borracha, inseridos nas vias biliares para 
drenagem ou descompressão. ¹5 
 
Principais Cuidados com Drenos 
• Importante checarmos a localização do 
dreno, quais os cuidados a serem ministrados 
pela equipe, se está suturado a pele ou não, 
tipo de dreno utilizado, como manter a 
permeabilidade do mesmo, o volume esperado 
de drenagem e principais complicações com o 
dispositivo. ¹6 
• Instalação de sistema de drenagem 
adequada: aberto ou fechado. ¹6 
• Fixar à parte externa do dreno a pele para 
evitar tração exagerada e desposicionamento. 
¹6 
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71 
 
• Avaliar o aspecto do curativo externo. Caso 
necessário a troca, certificar-se com a equipe 
cirúrgica, se poderá ser realizada pela 
enfermagem ou requer avaliação do cirurgião 
¹6 
• Sempre que tiver presente uma incisão 
cirúrgica, próximo de um estoma, devemos 
isolar o estoma para evitar contaminação da 
ferida operatória, geralmente utiliza-se bolsa 
de colostomia. 16 
• Na presença de vários drenos, convém 
identificar a localização através de adesivo no 
frasco coletor ou na bolsa. ¹6 
• Registrar separadamente o volume de cada 
dreno na folha de balanço hídrico, isto 
possibilita avaliação da redução ou aumento 
anormal da drenagem. 16 
• Registrar de forma precisa o aspecto da 
secreção drenada. ¹6 
• Caso uso de cateter Levin para drenagem 
gástrica certificar-se da ausência de obstrução, 
caso cesse a drenagem, injetando ar ou 20 ml 
de água pela sonda; também poderá ocorrer 
acotovelamento do sistema. Manter o sistema 
de drenagem abaixo do nível do abdome, não 
necessariamente no chão. ¹6 
• Caso o paciente esteja com dreno de Kehr, 
conectar a um coletor estéril, sistema fechado, 
atentar para a coloração e aspecto. Lembrar 
que o dreno muitas vezes não é suturado a 
pele do paciente, porém sua exteriorização 
não é comum (formato do dreno), sua 
drenagem é altamente irritante da pele; pode 
permanecer no local por períodos de 6 
semanas ou mais. ¹6 
• Caso se utilize um dreno tubular juntamente 
com um Penrose, a opção mais adequada é a 
utilização de uma bolsa de colostomia. Muito 
cuidado na realização do curativo, pois 
geralmente este dreno não é suturado e 
poderá ser desposicionado, simplesmente na 
retirada do curativo anterior. ¹6 
• Vale ressaltar que não se deve drenar de 
rotina cirurgias como: colecistectomia, 
colectomias, esplenectomia, histerectomia, 
anastomoses gástricas e intestinais em que 
não se espera a drenagem de secreções, salvo 
em complicações vigente ou risco destas. ¹6 
 
Observar: 
 • Possível deiscência ou fístula – avaliar 
retirada após 4 dias. 16 
• Possível sangramento local – avaliar retirada 
dentro 24 horas. 16 
• Drenagem seromas ou cavidades – avaliar 
retirada quando o volume for . Acesso 
em: 20 de julho de 2021. 
2. Disciplina de Técnica operatória e cirurgia 
experimental. Departamento de cirurgia. 
Universidade federal de Santa Catarina. 
Drenos e Sondas. Disponível em . 
Acesso em: 21 de julho de 2021. 
3. Araújo ID, Barbuto RC. Tipos e 
Características dos Tubos, Sondas e Drenos. 
In: Pohl FF, Petroianu A. Tubos, Drenos e 
Sondas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 
2000. p.3-7. 
4. MORIYA, Takachi. Instrumental cirúrgico. 
2011. 32 f. (Departamento de Cirurgia e 
Anatomia da FMRP-USP). Universidade de 
São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. 
5. Christiane Ribeiro. Enfermagem ilustrada. 
2018. Disponível emhttps://enfermagemilustrada.com/cateter-de-
malecot-e-a-gastrostomia/>. Acesso em: 20 de 
jul de 2021. 
6. Priscilla Roberta Rocha. Sondagens. 2015. 
Disponível em 
. 
Acesso em: 21 de jul de 2021. 
7.Prof. Dr. Rodolfo Borges dos Reis. Quero 
instrumentar. Sondas, cateteres e drenos. 
Disponível em 
. Acesso 
em: 20 de julho de 2021. 
8. Araújo ID, Barbuto RC. Tipos e 
Características dos Tubos, Sondas e Drenos. 
In: Pohl FF, Petroianu A. Tubos, Drenos e 
Sondas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 
2000. p.6 
https://sites.usp.br/queroinstrumentar/instrumental/sondas-cateteres-e-drenos/
https://sites.usp.br/queroinstrumentar/instrumental/sondas-cateteres-e-drenos/
https://cepeme.paginas.ufsc.br/files/2017/08/Drenos-e-Sondas-ilovepdf-compressed.pdf
https://cepeme.paginas.ufsc.br/files/2017/08/Drenos-e-Sondas-ilovepdf-compressed.pdf
https://enfermagemilustrada.com/cateter-de-malecot-e-a-gastrostomia/
https://enfermagemilustrada.com/cateter-de-malecot-e-a-gastrostomia/
https://sites.usp.br/queroinstrumentar/instrumental/sondas-cateteres-e-drenos/
https://sites.usp.br/queroinstrumentar/instrumental/sondas-cateteres-e-drenos/
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73 
 
9. MORIYA, Takachi. Instrumental cirúrgico. 
2011. 32 f. (Departamento de Cirurgia e 
Anatomia da FMRP-USP). Universidade de 
São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. 
10. Clara Faria. Sonda de Sengstaken 
Blackmore: O que é e quando usar. 2021. 
Disponível em. 
11. Prof. Dr. Rodolfo Borges dos Reis. Quero 
instrumentar. Sondas, cateteres e drenos. 
Disponível em 
. Acesso 
em: 20 de julho de 2021. 
12. ARAUJO. Ivana Duval. et al. Tipos e 
características dos tubos, sondas e drenos 
13.Araújo ID, Barbuto RC. Tipos e 
Características dos Tubos, Sondas e Drenos. 
In: Pohl FF, Petroianu A. Tubos, Drenos e 
Sondas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 
2000. p.3-7. 
14. Pohl FF, Teixeira Filho G, Costa MG. 
Drenos e drenagens – Como, Quando e Onde? 
In: Pohl FF, Petroianu A. Tubos, sondas e 
drenos. Rio de janeiro: Guanabara Koogan; 
2000. p.37-41. 
15. Cesaretti IUR, Saad SS. Drenos ares e 
tubulares em cirurgia abdominal: fundamentos 
básicos e assistência. Acta Paul Enf. 
2002;15(3):97-106. 
16. Cesaretti IUR, Saad SS, Leite MG. 
Cuidados Com Drenos, Cateteres e 
Drenagens na Cavidade Peritoneal. Rev 
Estima. 2006;4(4);33-9 
17. LYNN, P. Manual de habilidades de 
Enfermagem clínica de Taylor. Porto Alegre: 
Artmed, 2009. POTTER, P. A.; PERRY, A. G. 
Fundamentos de Enfermagem. 6. ed. Rio de 
Janeiro: Elsivier, 2005. 
 
 
https://www.sanarmed.com/sonda-de-sengstaken-blakemore-o-que-e-e-quando-usar-colunistas
https://www.sanarmed.com/sonda-de-sengstaken-blakemore-o-que-e-e-quando-usar-colunistas
https://www.sanarmed.com/sonda-de-sengstaken-blakemore-o-que-e-e-quando-usar-colunistas
https://sites.usp.br/queroinstrumentar/instrumental/sondas-cateteres-e-drenos/
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Tipos de incisão, planos de cada 
incisão e finalidade de cada incisão 
Capítulo 
 
7 Isadora Quirino Campos Araújo 
 
 
Tipos de incisão, planos de cada 
inciso e finalidade de cada incisão 
INTRODUÇÃO 
Diérese, hemostasia e síntese 
constituem o fundamento de todos os atos 
operatórios. Esses princípios da Técnica 
operatória englobam todos os procedimentos 
realizados desde a incisão cutânea e da 
parede, o ato operatório principal (a finalidade 
da operação), até o fechamento da parede. A 
diérese pode ser compreendida como incisão, 
divisão, secção, separação, punção e divulsão. 
É o ato realizado pelo cirurgião para provocar 
uma solução de continuidade entre tecidos, 
através de utilização de um conjunto de 
manobras manuais e instrumentais específicos 
com finalidade terapêutica1. 
 
 
 
 
 
 
1- DIÉRESE- DEFINIÇÃO 
Diérese é uma manobra cirúrgica 
destinada a criar uma via de acesso através de 
tecidos. A incisão é realizada através de um 
instrumento de corte que secciona tecidos 
moles2. 
2- INTRUMENTOS UTILIZADOS 
2.1 Instrumentos utilizados para corte: 
• Bisturi 
• Serra 
• Tesoura 
✓ Mayo 
✓ Metzenbaum 
• Rugina 
• Fisalha 
• Faca 
2.2 Instrumentos auxiliares: 
• Pinças de dissecção 
✓ Pinça de Adson (traumática) 
• Pinças de hemostasia 
✓ Halstead 
✓ Kelly 
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✓ Crile 
✓ Kocher 
✓ Clamp intestinal 
• Pinças de tração ou de pressão 
✓ Allis 
✓ Babcock 
• Afastadores dinâmicos 
✓ Farabeuf 
✓ Doyen 
✓ Roux 
• Afastadores estáticos 
✓ Adson 
✓ Gosset 
✓ Finochietto 
2.3 Instrumentos utilizados para síntese: 
• Porta agulha 
✓ Mayo-Hegar 
✓ Mathieu 
• Pinça anatômica 
• Agulhas 
✓ Retas 
✓ Curvas 
✓ Cilíndricas 
• Fios de sutura 
✓ Nylon 
✓ Polipropileno 
✓ Seda 
 
Dentre os instrumentos de diérese 
utilizados na cirurgia vídeo endoscopia, se 
destacam os trocartes de 10 e 5 mm de 
diâmetro, que proporcional via de acesso para 
o instrumental óptico e dissecção, compostos 
por pinças curvas e mini tesouras que 
permitem ao cirurgião efetuar cirurgias com 
mínima lesão sobre a parede abdominal. Para 
que as punções com os trocarteres sejam 
realizadas com maior segurança, faz-se 
necessário a insuflação de Co2 na cavidade 
abdominal, que eleva a parede superior do 
abdome permitindo punções mais seguras, 
essas punçoes são realizadas pela agulha de 
Veres, dotada de mecanismo de segurança 
contrátil que evita lesões em vísceras 
abdominais2. 
 
3- CLASSIFICAÇÃO DA DIÉRESE 
 
31. DIÉRESE MECÂNICA 
A diérese pode ser classificada em 
mecânica, quando é utilizado instrumentos 
cortantes. 
A via mecânica pode ser por: 
• Por punção: visando drenar coleções 
de líquidos ou coletar fragmentos de 
tecidos, através de por exemplo agulhas 
e trocaters. 
• Secção: visando dividir ou cortar 
tecidos com uso de material cortante, 
por exemplo: bisturi, tesouras ou 
lâminas levando a segmentação de 
tecidos. 
• Divulsão: visando o afastamento dos 
tecidos nos planos anatômicos sem 
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cortá-los pelo uso de afastadores, 
tesouras com ponta romba. 
• Curetagem: visando raspagem da 
superfície do órgão usando a cureta. 
• Dilatação: processo para se aumentar 
o diâmetro de estruturas físicas 
anatômicas através do uso de 
dilatadores específicos 
• Descolamento: por separação dos 
tecidos de um espaço anatômico, sendo 
usados pinças descoladoras. 
 
 
3.2 DIÉRESE FÍSICA: 
A diérese pode ser classificada como 
física, quando são utilizados recursos 
especiais. 
A via física pode ser por meio de: 
• Mecanismos térmicos: através do uso 
do calor, cuja fonte é a energia elétrica 
é o bisturi elétrico. 
Tipos de bisturi elétrico: 
✓ Homo Nice 
✓ Monopolar 
• Crioterapia: caracterizada pelo 
esfriamento brusco e intenso da área a 
ser realizada a cirurgia, através do uso 
de nitrogênio líquido. 
• Laser: que se realiza por meio de um 
feixe de radiação, ondas luminosas de 
raios infravermelhos concentrados e de 
alta potência. 
Existem vários tipos de laser, o mais 
utilizado é na cirurgia é o de CO2, que 
pode ser facilmente absorvido pela 
água existente no tecido humano. 
A utilização de equipamentos de fonte 
de energia é necessária para cirurgia 
laparoscopia com finalidade de dissecção e 
hemostasia. As fontesde energia utilizadas 
são os eletrocautérios e o laser. O 
eletrocautério pode ser unipolar, mais utilizado, 
porém com maiores chances de causar efeitos 
adversos e o bipolar, mais seguro. Esses 
equipamentos possuem vantagens como 
tecnologia de efeito seguro, são compactos, 
fácil manuseio. Dentre as desvantagens tem-
se a lesão térmica, lesão elétrica, 
centelhamento, efeito capacitor e fumaça 
local8. O laser utiliza-se de fótons para 
produzir energia elétrica e produzem emissão 
luminosa, dentre os lasers mais utilizados tem-
se o Co2, Nd:YAG e Argônico2. 
 
4- REQUISITOS FUNDAMENTAIS PARA 
VIA DE ACESSO: 
• Extensão suficiente para boa 
visibilidade do campo operatório, sendo 
essa um princípio fundamental da 
cirurgia minimamente traumática. 
• Bordas nítidas, favorecendo a 
cicatrização estética e firme. 
• Atravessar os tecidos respeitando a 
anatomia regional e um plano de cada 
vez. 
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• Não comprometer grandes vasos e 
nervos da região. 
• Acompanhar de preferência as linhas de 
força da pele. 
• Seccionar as aponeuroses na direção 
de suas fibras visando boa cicatrização. 
 
5- TECNICA PARA DIÉRESE: 
A delimitação da diérese cutânea é 
determinando o local para a incisão, após a 
antissepsia e a correta aposição e fixação dos 
panos cirúrgicos estéreis, a diérese deve ser 
previamente traçada, com demarcação prévia 
da incisão cutânea, estes podem ser 
realizados por meio de fios cirúrgicos; canetas 
apropriadas; escarificação da pele com a 
lâmina de bisturi; e no imaginário. A 
preferência é o fio cirúrgico e as canetas 
apropriadas. Antes de se iniciar a incisão da 
pele, o local deve ser provisoriamente isolado 
com a colocação de compressas laterais com 
o intuito de se evitar o contato direto da pele e 
de se absorver o sangue que possa vir da 
ferida, como demonstrado na Figura 1. 
 
Figura 1: Preparo do Campo cirúrgico. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Para que o bisturi permita uma incisão 
precisa e firme, a pele deve ser mantida 
relativamente imóvel, através do uso do 
primeiro e segundo quirodáctilos da mão não 
dominante do cirurgião ou do primeiro auxiliar, 
que são colocados aos lados da linha 
previamente demarcada para a incisão, em 
sua extremidade superior ou distal, com um 
leve movimento de afastamento da linha de 
incisão5. 
Com o cirurgião colocado à direita do 
paciente, as incisões se realizam em um ou 
mais tempos: inicialmente, pode ser incisado 
apenas um segmento da pele, e depois 
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estendido, da esquerda para a direita e do lado 
distal para o proximal, levando em conta a 
posição do cirurgião. Em cirurgias realizadas 
em áreas com declive, devem ser iniciadas de 
baixo para cima, para impedir que eventual 
sangramento torne obscurecido o campo 
operatório, dificultando a diérese5. 
 
5.1 INCISÃO PARA LAPAROTOMIA: 
Laparotomia é uma intervenção na 
cavidade peritoneal através da secção direta 
de sua parede. A laparotomia mediana é a 
técnica mais utilizada. Como não há secção de 
ventre muscular e feixes nervosos, tem 
benefícios como menor sangramento, fácil e 
rápida execução e grande acesso ao conteúdo 
cavitário. A incisão é realizada através da pele 
na região mediana, contornando a cicatriz 
umbilical. 
 
5.2 PLANOS ANATÔMICOS DA INCISÃO 
MEDIANA: 
Os planos são incisados 
separadamente (pele, subcutâneo, linha Alba 
e peritônio). A incisão da membrana peritoneal 
deve ser realizada por manobra de tenda, com 
o auxílio de duas pinças, evitando-se lesão 
inadvertida de conteúdo abdominal. Após a 
abertura inicial da cavidade, a continuação da 
secção pode ver feita por tração digital superior 
da parede abdominal5, como demonstrado na 
Figura 2. 
 
Figura 2: Técnica para incisão 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Essa manobra afasta as estruturas intra 
cavitárias da parede músculo-esquelética. 
Após, incisada, a parede abdominal deve ser 
protegida e afastada, conforme necessidades 
técnicas5. 
A incisão abdominal atravessa tecidos e 
permite o acesso aos órgãos abdominais. Na 
figura 3 observamos as camadas da parede 
abdominal. 
 
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Figura 3: Camadas da parede abdominal 
 
Fonte: Valentina Ruvieri Silva. 
 
1- Peritôneo; 2- Fascia Extraperitoneal; 3- Fascia Transversal; 4- Músculo Reto Abdominal; 5-
Linha Alba; 6- Pele; 7- Músculo Oblíquo Interno do Abdome; 7- Músculo Oblíquo Externo do 
Abdome; 9- Músculo Transverso do Abdome. 
 
 
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Figura 4: Músculos da parede abdominal 
 
Fonte: Valentina Ruvieri Silva. 
 
1: Músculo Oblíquo externo do abdome; 2-Músculo Reto Abdominal; 3-Músculo Oblíquo Interno 
do Abdome; 4- Músculo Transverso do Abdome; 5- Linha alba. 
 
 
Os três músculos da parede 
anterolateral do abdome (oblíquo externo, 
oblíquo interno e transverso do abdome), 
tornam-se aponeuróticos medialmente e 
formam a bainha do músculo reto abdominal. 
Acima da linha arqueada a aponeurose do 
oblíquo interno se divide, fundindo-se 
anteriormente com a aponeurose do oblíquo 
externo e posteriormente com a aponeurose 
do músculo transverso do abdome, formando 
esta bainha. Abaixo da linha arqueada, esta 
divisão da aponeurose do oblíquo interno está 
ausente e as aponeuroses dos três músculos 
passam anteriormente ao reto abdominal. O 
músculo transverso do abdome é o mais 
profundo, sua porção lateral é muscular e a 
medial aponeurótica, sendo que o limite de 
separação entre estas porções descreve uma 
linha curva, de convexidade externa, da 
reborda costal ao púbis, a linha semilunar 
(Linea Semilunaris) ou linha de Spiegel. A 
porção aponeurótica do transverso abdominal 
entre a linha semilunar e a borda lateral da 
bainha do reto abdominal é denominada 
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aponeurose de Spiegel. Deste modo fica claro 
que as incisões abaixo da linha arqueada são 
de mais fácil acesso. 
 
5.3 TIPOS DE INCISÃO PARA 
INTERVENÇÃO NA CAVIDADE 
PERITONEAL: 
Existem diversas incisões sendo que 
cada uma é indicada para um tipo de 
procedimento, buscando menor dano possível 
às estruturas anatômicas. São tipos de 
incisões abdominais: mediana supra-umbilical; 
mediana infra-umbilical; mediana xifo-púbica; 
para-mediana (Lennander); hipocôndrio 
bilateral (Chevron); hipocôndrio direito 
(Kocher); fossa ilíaca direita transversa 
(Davis); fossa ilíaca direita oblíqua (Mc 
Burney); hipogástrica (Pffanenstiel)6. 
 
5.3.1 Incisões longitudinais medianas 
As incisões longitudinais medianas 
abdominais são realizadas comumente em 
procedimentos cirúrgicos pós-trauma. 
Constituem uma estratégia rápida e que não 
secciona músculo, principais vasos ou nervos. 
A incisão xifopúbica é realizada 
longitudinalmente, na linha Alba, do apêndice 
xifoide até a sínfise púbica, passando pela 
cicatriz umbilical, é uma incisão feita no 
encontro das bainhas dos músculos reto 
abdominais, que garante rápido acesso a 
cavidade abdominal, com mínima perda 
sanguínea com facilidade de serem facilmente 
estendidas sem grandes traumas de partes 
moles. A incisão mediana supra umbilical é 
realizada na linha Alba do apêndice xifoide até 
a cicatriz umbilical. Já a mediana infra- 
umbilical é feita através de incisão na linha 
Alba da cicatriz umbilical até a sínfise púbica7. 
 
5.3.2 Incisões longitudinais paramediana 
Já as incisões longitudinais 
paramedianas são feitas no plano sagital e 
podem estender-se da margem costal até a 
sínfisepúbica. 
• Incisão pararretal interna ou medial ou 
incisão de Lennander: 
Caracterizada pela secção da lâmina 
anterior da bainhado músculo reto 
abdominal, paralelo a linha mediana, 
afastando o músculo lateralmente e 
seccionando em seguida a lâmina 
posterior juntamente com o peritônio. 
• Incisão pararretal externa ou lateral ou 
incisão de Jalaguier: 
Secção da lâmina anterior da bainha do 
músculo reto abdominal, paralelo a linha 
mediana, afastando o músculo 
medialmente e seccionando em 
seguida a lâmina posterior juntamente 
com o peritônio6. 
 
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82 
 
5.3.3 Laparotomia transversal 
• Incisão de Pfannestiel: 
Uma incisão transversa suprapúbica 
infaumbilical, ou seja, abertura do plano 
muscular aponeurótico arqueado com 
divulsão da musculatura, utilizadas em 
cirurgias ginecológicas e cesariana, por 
exemplo. 
• Incisão de Rockey-Davis: 
Laparotomia transversa curta na fossa 
ilíaca direita. Utilizada para 
apendicectomias. 
 
5.3.4 Incisões oblíquas: 
• Incisão de kocher: 
Uma incisão subcostal que segue o 
rebordo costal direito e esquerdo e 
permite acesso as vias biliares à direita, 
e ao baço e adrenal à esquerda. 
• Incisão de mc burney: 
Incisão de pele e divulsão das camadas 
musculares, com afastamento da 
musculatura anterolateral do abdome, 
centrada no ponto de McBurney, com 
indicação para apendicectomias 
convencionais. 
IMAGEM 5: EXEMPLOS DE INCISÕES 
 
Demontra seguintes incisões: 1- Kocher; 2- 
Mediana; 3- Transverso; 4- Rutherfosd 
Morrinson; 5- Mc Burney; 6- Battle; 7- 
Plannestiel. 
Fonte: Contribuição de Valentina Ruvieri Silva. 
 
 
5.3.5 Incisões mistas 
As incisões mistas associam direções 
verticais, oblíquas e transversas em traçados 
retilíneos e curvilíneos, são trabalhosas e nem 
sempre oferecem um bom campo operatório, a 
exemplo a incisão Mercedes que é uma incisão 
subcostal bilateral com prolongamento 
mediano subxifóide, utilizada em transplantes 
hepáticos, e a incisão Chevron, uma incisão 
subcostal bilateral com acesso para algumas 
cirurgias urológicas, de pâncreas e em 
transplantes hepáticos6. 
 
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83 
 
6. TORACOTOMIA 
Na região torácica as incisões são 
realizadas de acordo com o procedimento ou o 
órgão a ser alcançado. Toracotomia é a incisão 
da parede torácica para se acessar o conteúdo 
da cavidade torácica9. 
• Esternotomia mediana 
O acesso é realizado através de uma 
incisão torácica anterior e separação do 
esterno, permitindo acesso ao coração 
e mediastino superior, podendo ser 
total, parcial ou combinada. 
• Toracotomia póstero-lateral 
O procedimento mais comum para 
acesso aos pulmões. A incisão é 
realizada na porção lateral e posterior 
do tórax entre as costelas, permite a 
remoção do pulmão (pneumectomia), 
de um lobo (lobectomia) ou de uma 
porção do lobo (seguimentectomia). 
 
• Toracotomia antero-lateral 
É um acesso rápido para a cavidade 
torácica esquerda e permite acesso ao 
pulmão esquerdo, pericárdio e aorta, é 
utilizada para biópsia pulmonar aberta 
por exemplo, e a incisão vai da borda do 
esterno, seguindo a linha mamária 
inferior até a linha axilar anterior. 
• Toracotomia axilar 
É o acesso a cavidade torácica feito 
através de uma incisão axilar, 
geralmente utilizada para tratamento de 
pneumotórax, cirurgias cardíacas e 
pulmonares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
 
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e cirurgia experimental. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, c2005. 
 
2. GOFFI, FABIO SCHMIDT. Técnica cirúrgica: 
bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da 
cirurgia. 4. ed. São Paulo: ATHENEU, 2007. 
 
3. Tempos cirúrgicos ou tempos operatórios 
disponível em: 
 
4. DIAS, E. Intervenções fundamentais em 
cirurgia: diérese, hemostasia e síntese. Disponível 
em: 
 
5. INGRACIO, A; BOSSARDI, P. ANATOMIA DA 
PAREDE ABDOMINAL E LAPAROTOMIA. 
Técnica cirúrgica [recurso eletrônico]. Caxias do 
Sul, RS: Educs, 2017. 
 
6. TAZIMA MFGS, VICENTE YAMV, MORIYA T. 
Laparotomia. Medicina (Ribeirão Preto) 
2011;44(1): 33-8 
 
7. Incisões cirúrgicas. Universidade Luterana do 
Brasil, 2017. Disponível em 
 
8. ARAÚJO, JÁ; RIBEIRO, R. Anatomia e 
Técnicas–Abordagens anteriores e laterais à 
coluna vertebral. Programa de Formação 
Contínua AOSpine. 
 
9. TEIXEIRA, GV. Acesso cirúrgico `a cavidade 
torácica e drenagem de tórax. Medicina - UFSC, 
2017. 
 
 
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https://www.studocu.com/pt-br/institution/universidade-luterana-do-brasil/1509
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https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-luterana-do-brasil/procedimentos-cirurgicos/incisoes-cirurgicas/4419111/view
https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-luterana-do-brasil/procedimentos-cirurgicos/incisoes-cirurgicas/4419111/view
https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-luterana-do-brasil/procedimentos-cirurgicos/incisoes-cirurgicas/4419111/view
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CIRURGIA VIDEOLAPAROSCOPICA: 
VANTAGENS, INSTRUMENTAIS 
E APARELHOS. 
 
Paulo Roberto Queiroz 
Capítulo 
7 
Cirurgia Videolaparoscopica vantagens, instrumentais e aparelhos 
 
 
CONCEITO 
Laparoscopia consiste na visualização 
da cavidade abdominal por meio de uma ótica 
introduzida através de incisão umbilical; 
quando acoplamos uma micro-câmera a esta 
ótica para visualizar as imagens através de um 
monitor assume o nome de videolaparoscopia. 
Videolaparoscopia é um procedimento 
médico realizado em ambiente hospitalar, no 
centro cirúrgico e sob anestesia geral. Pode 
ser usado para diagnóstico e/ou tratamento de 
diferentes patologias, sendo muito usado na 
ginecologia. Caso seja uma colecistectomia 
por exemplo, o procedimento consiste em 
realizar uma incisão dentro da cicatriz umbilical 
de aproximadamente 1cm, porém pode ser em 
outras regiões dependendo do procedimento 
cirúrgico. Por esta incisão é introduzida uma 
agulha especial (agulha de Veress) utilizada 
para injetar gás CO2 na cavidade abdominal1. 
Ressalta-se que o local mais seguro de punção 
abdominal para pneumoperitoneo é no 
hipocôndrio esquerdo por questões 
anatômicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Campo operatório com punção em região umbilical. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
A cirurgia videolaparoscopica é definida 
como cirurgia minimamente invasiva devido o 
acesso a cavidade corpórea se dar por 
incisões mínimas. É uma abordagem 
relativamente nova para procedimentos 
cirúrgicos já conhecidos e que garante grandes 
benefícios, no entanto é um dos 
procedimentos cirúrgicos mais comuns 
realizados em muitas partes do mundo e 
técnicas laparoscópicas continuam a evoluir, 
principalmente como resultado de avançostecnológicos2. 
A cirurgia videolaparoscopia é um 
procedimento de tecnologia dependente. Em 
contrapartida, na cirurgia convencional são 
necessárias grandes incisões, para possibilitar 
a visão e a manipulação dos órgãos pelo 
cirurgião, sendo este cirurgião dependente3. 
 
HISTÓRIA 
 
O acesso abdominal através de 
reduzidas incisões, conhecido por 
minilaparotomia, introduziu o conceito de 
cirurgia minimamente invasiva. Deve-se aos 
ginecologistas o pioneirismo no emprego da 
minilaparotomia para fins terapêuticos, na 
década de 70, quando recorreram a esta 
abordagem para as cirurgias tubárias. Seu 
emprego por cirurgiões gerais, neste período, 
foi registrado apenas para métodos 
diagnósticos das patologias hepato-biliares. 
Ainda na mesma década, os ginecologistas 
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chegaram a associar o emprego da mini-
laparotomia à laparoscopia, para uma série de 
procedimentos anexiais4. 
No final dos anos 70 e início dos anos 80, 
a apendicectomia foi realizada com o auxílio da 
laparoscopia em minilaparotomia. Quase um 
século, sendo esse o tempo necessário para 
que as técnicas laparoscópicas pudessem ser 
refinadas de forma a tornar seu emprego uma 
realidade, embora sua aplicação na cirurgia 
intestinal seja iniciativa mais recente. Derivada 
das experiências com a laparoscopia, 
inicialmente dominada pelos ginecologistas, a 
cirurgia laparoscópica entusiasmou os 
cirurgiões gerais ao experimentarem-na em 
colecistectomias, a partir dos anos 80. Esta 
nova forma de acesso cirúrgico, em que a 
incisão é resumida a um número variável de 
"portas" de 5 a 12 mm de diâmetro, intensificou 
a discussão sobre a cirurgia minimamente 
invasiva, consagrando-a como o apogeu 
técnico do conceito de trauma cirúrgico 
mínimo4. 
Esse advento representou um marco na 
cirurgia moderna, devido a tantos benefícios 
que a cirurgia minimamente invasiva trouxe. 
Para alguns tipos de cirurgia, esta técnica já é 
considerada padrão ouro5. 
 
BENEFÍCIOS DA CIRURGIA 
LAPAROSCÓPICA 
Dentre os benefícios da cirurgia por 
vídeo, se destacam: 
• Mínima invasão corporal 
• Menor traumatismo cirúrgico 
• Alterações mínimas na homeostase 
fisiológica 
• Menor dor pós-operatória 
• Permanência hospitalar mais curta 
• Menor repouso pós-operatório e 
menos uso de medicamentos pra dor. 
• Melhor estética devido a menores 
cicatrizes 
• Menor custo 
• Menor índice de infecções 
• Redução da possibilidade de 
contaminação e infecção 
• Redução na formação de aderências 
• Mais rápida recuperação de forma e 
função 
• Retorno mais cedo às atividades 
habituais e ao trabalho5. 
 
INDICAÇÕES PARA CIRURGIA 
LAPAROSCÓPICA 
A cirurgia videolaparoscopia é indicada 
para ampla gama de cirurgias, e caso não haja 
nenhuma contraindicação é uma ótima técnica 
de escolha. São exemplos: 
• Colecistectomia Laparoscópica. 
• Apendicectomia Laparoscópica. 
• Correção da Doença do Refluxo 
Gastroesofágico. 
• Cirurgia Gástrica Laparoscópica. 
• Cirurgias bariátricas via laparoscópica. 
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• Cirurgia Laparoscópica dos Cólons. 
• Cirurgia Hepatobiliar Laparoscópica. 
• Esplenectomia Laparoscópica. 
• Cirurgias ginecológicas gerais. 
✓ Laqueadura tubária 
✓ Exérese de miomas uterinos 
✓ Cistos ovarianos simples e complexos 
✓ Tratamento conservador da gravidez 
ectópica 
✓ Histerectomia 
✓ Ressuspenção de cúpula vaginal 
• Correção da incontinência urinária. 
 
As patologias a serem realizadas por 
videolaparoscopia tem as mesmas indicações 
daquelas da cirurgia convencional, a diferença 
básica é que na cirurgia minimamente invasiva 
é realizada sem a abertura da cavidade 
peritoneal. 
CONTRA INDICAÇÕES PARA CIRURGIA 
LAPAROSCÓPICA 
• CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS: 
✓ Grandes tumores 
✓ Hipertensão portal 
✓ Coagulopatias 
✓ Distensão de alças. 
✓ Pacientes que submetidos a 
abdominoplastia devido a inviabilidade 
de distensão abdominal. 
✓ Casos de obesidade visceral 
✓ Casos de aderências por laparotomias 
já realizadas. 
✓ Hérnias de parede abdominal 
 
• CONTRAINDICAÇÃO ABSOLUTA: 
✓ Impossibilidade de o paciente ser 
submetido a anestesia geral. 
Obesidade extrema, aderências 
abdominais extensas, e gravidez são situações 
que devem ser analisadas com cautela diante 
das dificuldades que estas impõem ao 
procedimento, mas não são contraindicações, 
devendo ser avaliado risco e benefício para 
esses pacientes6. 
 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS 
DECORRENTES DA 
VIDEOLAPAROSCOPIA 
Múltiplas alterações fisiológicas 
acompanham a laparoscopia e nem sempre 
implicam em manifestações clínicas. O 
aumento da resistência vascular sistêmica e da 
pressão arterial média e redução do débito 
cardíaco são principais efeitos 
cardiovasculares do pneumoperitônio; a 
pressão intra-abdominal aumentada também 
pode levar a compressão dos sistemas 
vasculares venoso e arterial. A compressão da 
aorta contribui para o aumento da resistência 
vascular sistêmica e influencia a pós carga; a 
hipercapnia isolada (absorção de CO2) leva a 
aumento do débito cardíaco, da pressão 
arterial média, da frequência cardíaca e da 
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concentração plasmática de catecolaminas. 
Observam-se como efeitos diretos do CO2: 
depressão miocárdica, vasodilatação e 
redução da resistência vascular sistêmica; 
ainda, há repercussões sobre a resposta 
humoral como alterações hormonais, tais 
como elevações do hormônio antidiurético, da 
renina plasmática e da aldosterona, entre 
outros. Alterações circulatórias regionais como 
aumento do fluxo cerebral e hipertensão 
intracraniana, diminuição do fluxo venoso do 
fígado e da circulação do rim, entre outros; 
modulação da resposta inflamatória menor, 
com repostas menos acentuada ao estresse, 
devido a menor agressão7. 
 
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS 
UTILIZADOS NA CIRURGIA 
Os equipamentos básicos para a 
execução de cirurgia são: 
• TORRE DE VÍDEO 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
• MONITOR DE VÍDEO 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
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• ÓTICA CONECTADO A FONTE LUZ 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
• VIDEOCÂMARA DE ALTA 
RESOLUÇÃO. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
• INSUFLADOR AUTOMÁTICO DE GÁS 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
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• FONTE DE LUZ 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Os equipamentos básicos para a 
execução de cirurgia são: 
• AGULHA DE VERESS 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
• TROCARTES PERMANENTES OU 
DESCARTÁVEIS 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
• ELETROCAUTÉRIO OU BISTURI 
ULTRASSÔNICO 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
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• PINÇAS DE APREENSÃO E 
DISSECAÇÃO 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
• TESOURAS 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
• CLIPADORA 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
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• CLIPES 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
• GÁS CARBÔNICO 
 
 Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
A microcâmera deve ter alta resolução, 
com sistemas de charge-couple- device que 
contêm alta quantidade de pixels. O 
laparoscópico é o equipamento óptico que 
quando conectado a câmera capta as imagens 
da cavidade peritoneal, sendo o mais utilizado 
o grau 0, devido a adaptar-se a vários 
procedimentos e ser de fácil manuseio. O 
monitor recebe3 a 11%; contaminadas: 10 a 
17%; infectadas: maior que 27%4. 
Estudos sobre o uso de antimicrobianos 
para prevenção de infecção se iniciou nos 
anos 60, onde foi demonstrado uma “janela de 
oportunidade” temporal, onde a profilaxia com 
uso de antibiótico se mostrou ideal com 
significativa diminuição de infecções pós 
cirúrgicas, vários estudos realizados após esse 
marco confirmaram que a profilaxia destinada 
a alguns tipos de cirurgia eram eficaz5. 
Os antibióticos profiláticos são usados 
mais frequentemente para prevenir infecções 
de uma incisão cirúrgica. É comprovado que a 
profilaxia do antibiótico no pré-operatório reduz 
o risco de ISCs pós-operatórias em muitas 
circunstâncias. No entanto, apenas a própria 
incisão é protegida, e somente enquanto está 
aberta, e, portanto, vulnerável à inoculação. Se 
não administrada de forma adequada, a 
profilaxia dos antibióticos é ineficaz e pode ser 
prejudicial. A antibioticoprofilaxia cirúrgica não 
previne infecções nosocomiais pós-
operatórias6. 
A profilaxia antibiótica em cirurgia é 
utilizada visando redução do risco de infecção 
no local onde foi realizado a cirurgia, não 
sendo utilizada para prevenção de outras 
infecções pós-cirúrgicas. O momento mais 
suscetível a infecção se dá no ato operatório, 
e por isso no momento da incisão até o final do 
ato operatório deve-se ter bons níveis de 
antibiótico na corrente sanguínea. Nas 
cirurgias classificadas como limpas, não se 
utiliza antibiótico profilaxia, devido ao baixo 
risco de infecção, exceto em ocasiões onde a 
vigência de uma infecção pode comprometer 
totalmente a cirurgia, como é o caso de 
próteses ortopédicas ou mamárias por 
exemplo. Em pacientes imunossuprimidos 
também deve ser realizadas antibiótico 
profilaxia em qualquer processo cirúrgico. A 
profilaxia é geralmente indicada para cirurgias 
potencialmente contaminadas ou 
contaminadas. Em cirurgias infectadas, usa-se 
o tratamento do processo infeccioso1. 
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8 
 
Aspectos que merecem atenção 
relacionados com o uso da antibioticoprofilaxia 
cirúrgica são a escolha do antimicrobiano, 
dose adequada em relação ao peso do 
paciente a ser operado e a manutenção de 
níveis séricos de antibiótico durante a cirurgia5. 
Os princípios para profilaxia antibiótica 
em cirurgia são: uso do antibiótico via 
endovenosa, o esquema profilático deve 
acontecer durante a indução anestésica 
devendo ser mantido doses suplementares 
durante todo o ato operatório, suspender a 
profilaxia após o final do ato operatório ou, se 
estender no máximo até 24 horas de uso. Não 
há benefício em prolongar a profilaxia além de 
24 horas que, pelo contrário, aumenta o risco 
de infecção1. O uso da antibioticoprofilaxia no 
pós-operatório deve ser desencorajado, pois 
não há benefício adicional, podendo haver 
aumento de reações adversas como alergia, 
diarreia, infecção por Clostridium difficile e da 
incidência de patógenos resistentes5. 
O anestesiologista que prescreve, 
prepara e administra o antibiótico profilático no 
centro cirúrgico antes da indução anestésica. 
Os antibióticos utilizados para profilaxia 
dependem do sítio a ser operado. Como 
exemplo temos as cefalosporinas de primeira 
geração, como cefazolina, que são 
amplamente utilizadas, já no caso de cirurgias 
do trato gastrointestinal a droga de escolha é a 
cefoxitina, e em cirurgias cardíacas a 
cefuroxima é uma droga bastante utilizada. As 
doses devem ser repetidas em cirurgias 
prolongadas. Evita-se o uso profilático de 
drogas importantes para a terapêutica, pois 
quando ocorre uma infecção pós-cirúrgica o 
medicamento utilizado para tratamento deve 
ser diferente do que foi usado na profilaxia5. 
Outras classificações cirúrgicas também 
utilizadas, incluem: As classificadas segundo a 
urgência: Cirurgia eletiva é o ato operatório 
programado; Cirurgia de urgência é o 
tratamento cirúrgico que requer pronta atenção 
no prazo de 24 a 48 horas; Cirurgia de 
emergência é aquela que deve ser realizada 
imediatamente. As cirurgias classificadas 
quanto ao porte: de grande porte é aquela em 
que há grandes possibilidades de perda de 
fluidos e sangue. A de médio porte possui 
menor riscos de perda de volume. E a de 
pequeno porte possui uma perda pequena. As 
cirurgias classificadas de acordo com a 
finalidade, sendo essas: cirurgia curativa, afim 
de corrigir alguma doença, como por exemplo 
uma apendicectomia; Cirurgia paliativa, 
visando alivio de alguma doença mas não 
oferece cura, como a gastrostomia; Cirurgia 
diagnóstica, afim de esclarecer possível 
patologia, é o caso por exemplo da laparotomia 
exploratória; Cirurgia reparadora através de 
reconstrução artificial, como um enxerto de 
pele em pacientes que sofreram queimaduras; 
cirurgia reconstrutora, com objetivos estéticos, 
como por exemplo mamoplastia. E ainda, o ato 
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cirúrgico classificado segundo ao tempo de 
duração, porte I: até duas horas; Porte II: de 
duas a quatro horas; Porte III: de quatro a seis 
horas; E porte IV, duração maior que seis 
horas7. 
 
1.2 PREPARO PRÉ OPERATÓRIO 
A fase pré-operatória inclui preparação 
pré-operatória, revisão do histórico clínico e 
exames prévios, patologia, anatomia 
relevante, e percepção dos potenciais 
problemas que podem ser enfrentados durante 
o processo operatório. A comunicação com o 
paciente ou responsável deve se embasar na 
garantia de que todos estejam de acordo com 
a operação, o local do procedimento, ciente de 
riscos e benefícios e das possibilidades 
alternativas. As comorbidades e seus 
possíveis impactos nos resultados da cirurgia 
devem ser avaliados pelo cirurgião, 
anestesista, paciente e pela família2. 
O preparo pré-operatório abrange desde 
o atendimento no consultório, atendimento a 
pacientes internados, até a avaliação de um 
paciente no serviço de emergência. Os 
pacientes na maioria das vezes são 
encaminhados ao cirurgião com uma suspeita 
de diagnóstico cirúrgico e com resultados de 
investigação em mãos. Desse modo, cabe ao 
médico cirurgião confirmar os achados físicos, 
bem como a revisão do histórico clínico e dos 
testes laboratoriais e outras investigações que 
sustentem esse diagnóstico. A recomendação 
sobre a necessidade de intervenção cirúrgica 
pode, então, ser feita pelo cirurgião e discutida 
com o paciente e seus familiares. Quando a 
decisão do tratamento cirúrgico é tomada pelo 
paciente, devem ser discutidas o momento e o 
local da cirurgia, tipo de anestesia e preparos 
pré-operatório necessários, compreensão dos 
riscos pelo paciente e otimização do 
resultado2. 
O objetivo da avaliação pré-operatória é 
identificar e quantificar qualquer comorbidade 
que pode afetar o resultado da cirurgia. Essa 
avaliação dada pelos achados na história 
clínica e no exame físico do paciente, 
sugestivos de disfunções orgânicas, visando 
descobrir áreas problemáticas que possam 
requerer uma investigação adicional ou serem 
passíveis de otimização pré-operatória8. 
A avaliação pré-operatória é determinada 
de acordo com o risco do procedimento 
planejado (baixo, médio ou alto), técnica 
anestésica planejada e o ambiente pós-
operatório do paciente (ambulatorial ou 
hospitalar, leito de enfermaria ou unidade 
fechada). Além disso, a avaliação pré-
operatória é utilizada para identificar os fatores 
de risco do paciente quanto à morbidade e 
mortalidade pós-operatórias9. 
O bom preparo pré-operatório é 
fundamental para o sucesso de qualquer 
procedimento cirúrgico. De forma objetiva o 
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pré-operatório geral compreende uma boaas imagens captadas pela 
minicâmera, por isso precisão ter alta 
resolução. As fontes de luz devem ter potência 
luminosa de 300W e controle automático de 
intensidade de brilho. O insuflador eletrônico 
deve ter boa qualidade e velocidade de fluxo 
do gás para o interior da cavidade abdominal 
superior a 71/min5. 
É realizado a reesterilização de materiais 
de uso único, para isso são utilizados: 
formalina, glutaraldeido, autoclave, óxido de 
etileno, peróxido, ácido peracético, radiação e 
outros. São materiais delicados de limpeza 
difícil e tecnologia complexa5. 
 
TÉCNICA CIRÚRGICA PARA REALIZAÇÃO 
DE LAPAROSCOPIA. 
A técnica cirúrgica consiste em: 
Anestesia Geral com intubação orotraqueal, 
oximetria; capnografia e monitorização não 
invasiva; Posicionamento do paciente a 
depender da operação a ser realizada, 
geralmente em decúbito dorsal; 
Posicionamento do armário com os 
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equipamentos eletrônicos (Conforme a 
operação a ser realizada: pode ser junto ao 
ombro, cranial, distal, entre os membros 
inferiores ou à frente, lateral e deve estar na 
mesma direção da mesa de instrumentos); 
Antissepsia e Assepsia (os mesmos princípios 
técnicos das cirurgias convencionais); 
Distribuição no campo operatório dos cabos, 
mangueiras e conexões5. 
A técnica de realização para o 
pneumoperitônio se inicia pela denominada 
fase cega, devido a introdução dos primeiros 
instrumentos na cavidade sem a visualização 
do cirurgião. Para minimizar o risco dessa 
etapa utiliza-se a agulha de Veress, que possui 
um mecanismo de proteção retrátil em sua 
extremidade cortante. Através dela, realiza-se 
o teste de aspiração, injetando 5 ml de solução 
salina, e espera-se que o líquido injetado não 
seja retornado, se isso ocorrer ou ser aspirado 
sangue, significa que ela está incorretamente 
posicionada5. 
Ainda, são utilizados o teste da gota, em 
que uma gota de soro fisiológico é colocada na 
extremidade externa da agulha de Veress, se 
a posição estiver correta, a gota será aspirada. 
O teste do insuflador consiste em conectar o 
insuflador em regiões de baixo fluxo à agulha 
de Veress. Após constatar que a agulha está 
em local correto, inicia-se a injeção de CO22. 
Para o pneumoperitônio a pressão inicial 
máxima nas punções com agulha é de até 6 
(ou 8) mmHg. Fluxo de insuflação máximo 
ideal é um litro por minuto. Pressão final 
máxima usada durante a operação de 12 a 
15mmHg5. 
O gás mais utilizado na cirurgia 
laparoscópica para realização do 
pneumoperitônio é o dióxido de carbono, 
devido ao fato desse gás não ser combustível 
e apresentar difusibilidade sanguínea. Devido 
ao uso de eletrocautério e laser, a primeira 
propriedade citada se faz de extrema 
importância. Já sua alta dispersão sanguínea 
diminui as possibilidades de embolia gasosa10. 
Após a realização da técnica de 
pneumoperitônio, há a introdução do trocarte 
de 10 mm na incisão umbilical. Na segunda 
etapa se dá a introdução dos demais Trocartes 
sob visão da óptica e o Ato Operatório5. 
Ao término da cirurgia, deve ser realizado 
um exame do abdome detalhado para 
assegurar a ausência de hemorragias. O 
instrumental e os trocartes são retirados da 
cavidade sob visão direta e os locais de 
punção são observados com atenção a 
hemostasia. Retira-se o laparoscópico e o 
pneumoperitôneo é esvaziado por abertura da 
válvula do trocarte umbilical. Os locais onde 
foram introduzidos trocartes mais calibrosos, 
devem ser avaliados e caso haja necessidade, 
deve ser dados pontos na aponeurose2. 
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95 
 
A cirurgia laparoscópica utiliza-se de 
manobras fundamentais para realização de 
procedimentos. A diérese se baseia nas 
pequenas incisões para a introdução dos 
trocartes e nos movimentos de divulsão para 
dissecção e isolamento de estruturas internas 
com uso de pinças, eletrocautério em forma de 
gancho e pinças bipolares. A hemostasia pode 
ser realizada por meio de grampos metálicos, 
onde o instrumento já vem munido de 
quantidade de grampos posicionados a cada 
disparo, com tamanhos pequeno, médio e 
grande disponíveis e através de ligaduras, que 
são os nós, que oferecem segurança e tem 
menor custo. O nó de Roeder, ou endoalça, é 
importante artifício para ligadura de estruturas 
ou hemostasia em videocirurgia. A síntese 
pode ser realizada de forma mecânica, com a 
utilização de grampeadores e manuais2. 
A utilização de equipamentos de fonte de 
energia é necessária para cirurgia 
laparoscopia com finalidade de dissecção e 
hemostasia. As fontes de energia utilizadas 
são os eletrocautérios e o laser. O 
eletrocautério pode ser unipolar, mais utilizado, 
porém com maiores chances de causar efeitos 
adversos e o bipolar, mais seguro. Esses 
equipamentos possuem vantagens como 
tecnologia de efeito seguro, são compactos, 
fácil manuseio. Dentre as desvantagens tem-
se a lesão térmica, lesão elétrica, 
centelhamento, efeito capacitor e fumaça 
local8. 
Campo operatório em cirurgia 
videolaparoscopica. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA 
LAPAROSCÓPICA 
As complicações costumam ser 
agrupadas em maiores e menores. São 
consideradas complicações maiores aquelas 
cujo grau de injúria levam a realização de 
laparotomia ou mesmo à morte. Complicações 
menores são problemas que podem ser 
resolvidos durante a videolaparoscopia e que 
laparoscópicas quando comparadas a da 
cirurgia tradicional, estas não devem ser 
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subestimadas. Elas possuem risco e 
complicações, embora menor quando 
comparado a cirurgia tradicional. Estudos 
mostram que a maior parte das complicações 
relacionadas a videolaparoscopia se dá devido 
ao uso do método por quem não está 
habituado e adequadamente treinado, embora 
o excesso de confiança por parte do médico 
também pode ser outra causa. Complicações 
comuns a todos os procedimentos 
laparoscópicos são relacionadas a agulha de 
Veress e do primeiro trocarte, relacionadas ao 
pneumoperitênio e referentes a 
instrumentação laparoscópica3. 
A maioria das complicações ocorre no 
início do procedimento laparoscópico e estão 
associadas a erros técnicos ou falhas durante 
a inserção da agulha e/ou trocartes na 
cavidade peritoneal. A lesões mais 
significativas são as intestinais (principalmente 
quando passam despercebidas no 
intraoperatório) e as vasculares, por trazerem 
consequências graves à paciente. o dióxido de 
carbono sob o diafragma é o responsável por 
grande parte da dor experimentada após a 
laparoscopia.15 A dor no abdome superior, a 
dor do ombro e as dores posturais nas costas 
podem ser causadas devido ao gás retido na 
cavidade peritoneal. Embora seja um gás 
solúvel em comparação com oxigênio e 
nitrogênio, pode levar até dois dias para ser 
absorvido a partir da cavidade peritoneal. 
Ainda, pode ocorrer dor torácica por irritação 
diafragmática8. 
Outras complicações da cirurgia vídeo 
laparoscópica relacionadas com o dióxido de 
carbono se destacam: as causadas pelo 
pneumoperitônio, como por exemplo o 
enfisema subcutâneo que pode levar a 
quadros de hipercapnia, estimulo do nervo 
vago, acidose respiratória, alterações 
hemodinâmicas e complicações pulmonares 
com alterações da função respiratória podendo 
chegar a parada respiratória, redução do 
volume pulmonar, aumento da pressão 
endotraqueal e diminuição da complacência 
pulmonar, podendo levar a quadros de hipóxia; 
Pneumotórax, pneumomediastino e 
pneumopericárdio, que apesar de não serem 
comuns, quando presentes podem pôr em 
risco a vida do paciente7. 
Dentre as complicaçõespós-
operatórias, se destacam a infecção da ferida, 
sendo menos comum na laparoscopia de que 
quando comparada a procedimentos abertos. 
O umbigo é sítio de infecção mais prevalente. 
A deiscência e a hérnia também são 
importantes complicações pós-operatórias, 
esta última exige intervenção rápida para evitar 
complicações como como obstrução ou 
estrangulamento do intestino8. 
A videolaparoscopia apresenta limitações que 
não são observadas nas operações 
convencionais. Dentre essas destacam-se 
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97 
 
dificuldade, inconveniência ou impossibilidade 
de realizar o pneumoperitônio, seja por 
distensão acentuada do abdome ou pela 
presença de múltiplas (por exemplo por 
distensão abdominal ou complicações de 
afecções prévias,); dentre outras3. 
CONCLUSÃO 
A cirurgia minimamente invasiva está 
ganhando cada vez mais espaço entre os 
cirurgiões frente a tantos benefícios quando 
comparado com método tradicional. Porém 
fatores limitantes e complicações existem, 
como a necessidade de aprendizado da 
técnica laparoscópica e os custos de material. 
A evolução das técnicas cirurgias 
laparoscópicas emergem um desafio a 
medicina moderna, apesar disso, a 
laparoscopia consagrou-se com muita rapidez 
e é um método em acessão, com certeza cada 
vez mais utilizado8. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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2007. 
 
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GRAZZIOTIN, RU. Eletrocirurgia: sistemas 
mono e bipolar em cirurgia 
videolaparoscópica. Acta Cir. Bras. vol. 13 n. 
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Metabólicas da Cirurgia Laparoscópica. 
Revista Brasileira de Videocirurgia. ANO 1 
Vol.1 Nº 2 - Abr/Jun, 2003. 
 
11- PRISCO, R. Instrumental Laparoscópico. 
Acta Urológica, edição especial, outubro, 
2002. 
 
 
 
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99 
 
Apendicectomia: técnica cirúrgica 
aberta e por videolaparoscopia 
 
Murilo Calil Alves 
Capítulo 
8 
Apendicectomia: técnica cirúrgica aberta e por videolaparoscopia 
 
INTRODUÇÃO: 
O apêndice é uma estrutura anatômica 
que se projeta do ceco, aproximadamente a 
2,5 cm abaixo da válvula ileocecal, na 
coalescência das três tênias colônias, sendo 
este um marco que facilita sua localização no 
momento da cirurgia. O tamanho dessa região 
anatômica varia, porém frequentemente mede 
em torno de 5 a 10 cm e de largura até 0,5 cm. 
A localização retrocecal é frequente, mas pode 
mudar de acordo com a orientação do órgão. A 
vascularização do apêndice acontece pelo 
ramo apendicular da artéria íleo-cólica e 
eventualmente artéria acessória, ramo cecal 
da cólica direita. A drenagem venosa é feita 
por tributárias da veia íleo-cólica e a drenagem 
linfática segue o padrão destas veias. 
Histologicamente na submucosa do apêndice 
tem-se folículos linfáticos que aumenta entre a 
infância até em média vinte anos de idade e 
após declina progressivamente até se tornar 
ausentes1. 
APENDICITE 
A apendicite aguda tem etiologia 
inflamatória e ou infecciosa, acometendo o 
apêndice cecal, localizado dentre dentro da 
cavidade abdominal. A apendicite aguda é a 
causa mais comum de abdome agudo 
cirúrgico, sendo caracterizado por dor insidiosa 
e progressiva sendo esse um sintoma 
prevalente. A dor tem evolução cronológica, 
iniciando com localização vaga em região 
no abdome superior e após migra para a 
Fossa Ilíaca Direita. Febre é um sintoma 
frequente. Hiporexia, náuseas e vômitos são 
sintomas frequentemente associados2. 
A Principal causa de apendicite é a 
Hiperplasia linfoide, caracterizada pela 
obstrução da luz do apêndice e logo, uma 
maior predisposição a infecção. Dentre as 
etiologias de obstrução, se destacam contato 
com antígenos, fecalito e neoplasias. Outras 
etiologias são dietas inadequadas e histórico 
familiar3. 
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100 
 
Quanto a epidemiologia a apendicite é 
típica de adolescentes e adultos jovens, sendo 
incomum na infância e na terceira idade. Após 
os 70 anos, o risco de apendicite é mínimo. 
Estima-se incidência anual de 86/100.000 no 
mundo.1 
Os sintomas iniciais geralmente são 
inapetência, náusea e vômitos. Em seguida 
evolui com dor, que se localiza em epigástrio 
ou mesogástrio e depois se torna localizada 
em fossa ilíaca direita. Os sinais de irritação 
peritoneal característico são demonstrados 
pelo sinal de Blumberg positivo. Inicialmente 
pacientes não tem febre, sendo este um 
sintoma de evolução tardia. No hemograma 
nota-se leucocitose3. 
Sinais semiológicos que sugerem 
apendicite são importantes aliados no 
diagnóstico. Eles são sugestivos desse 
diagnóstico, mas nem sempre estão 
presentes. São eles4: 
• Blumberg: positivo quando dor à 
descompressão brusca em Fossa Ilíaca Direita 
(Sinal semiológico mais utilizado). 
• Rovsing: positivo quando dor em Fossa 
Ilíaca Direita durante palpação profunda de 
Fossa Ilíaca Esquerda 
• Sinal do Obturador: positivo 
quando dor à rotação interna do quadril direito 
flexionado em decúbito. 
• Sinal de Dunphy: Dor à percussão do 
ponto de McBurney ou dor ao tossir. 
• Sinal de Lapinski: Dor à compressão 
do ceco contra a parede posterior do abdome, 
enquanto o doente eleva o membro inferior 
direito. 
• Sinal do Psoas: Dor à extensão da 
coxa direita sobre o quadril contra a resistência 
em decúbito lateral esquerdo. 
• Sinal de Lenander: positivo quando 
temperatura retal maior que a temperatura 
axilar em mais de 1º C. (Não muito utilizado na 
prática clínica). 
• Sintomas atípicos podem ser 
encontrados: disúria, obstipação ou diarreia 
 
 
FASES DA APENDICITE 
A apendicite possui fases de acordo 
com sua evolução3: 
• Fase 1: simples ou catarral- fase inicial, 
onde o apêndice se encontra edemaciado e 
com hiperemia da parede. 
• Fase 2: fibrinose (supurativa)- há maior 
hiperemia, edema e sinais flogísticos 
evidentes, além de úlceras na mucosa com 
exsudato fibrinoso. 
 
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101 
 
Imagem 1: Apêndice - Fase 2 supurativa. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
• Fase 3: gangrenosa- tem-se áreas 
extensas de necrose da parede do apêndice, 
com aspecto aumentado,distendido, e de cor 
acinzentada e frequentemente nesse estágio 
tem-se pus. Se obstrução da luz do apêndice, 
devido a proliferação bacteriana há dilatação, 
levando à inflamação da parede e ao risco de 
perfuração, sendo está com grandes riscos de 
evolução para quadro de sepse. 
Imagem 2: Apêndice - fase 3 gangrenosa. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
• Fase 4: apendicite hiperplásica- surge 
um plastrão na fossa ilíaca direita, que 
corresponde ao apêndice aumentado e 
epíploon. 
 
APENDICECTOMIA 
A apendicite aguda é tratada através de 
apendicectomia, seja ela convencional ou 
laparoscópica. A antibioticoterapia contra 
bactérias Gram negativas e anaeróbicas, pode 
ser utilizada na tentativa de redução aos riscos 
e custos associados ao tratamento cirúrgico, 
porém para essa opção o paciente deve ter um 
seguimento adequado ao médico e deve estar 
ciente de que pode ser submetido ao 
tratamento operatório, se necessário5. 
 
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102 
 
APENDICECTOMIA POR LAPAROTOMIA 
Para apendicectomia por laparotomia 
as incisões mais utilizadas são as de 
McBurney (incisão oblíqua na fossa ilíaca 
direita), Gridiran e Daves. A técnica consiste 
em3: 
1- Paciente em decúbito dorsal horizontal, 
sob raquianestesia. 
2- Realizado dergemação, antissepsia e 
colocação dos campos estéreis. 
3- Realizada incisão de Daves e abertura 
da por planos (fossa ilíaca direita transversa). 
4- Identificado apêndice fase II. 
5- Ligadura do mesoapêndice. 
6- Ligadura do apêndice e 
apendicectomia. 
7- Sutura em bolsa do coto apendicular. 
8- Revisar homeostasia da cavidade 
abdominal. 
9- Fechamento da aponeurose e 
posteriormente da pele. 
10- Realização de curativo oclusivo. 
 
APENDICECTOMIA 
VIDEOLAPAROSCÓPICA 
Para a realização da apendicectomia 
vídeo assistida por acesso único 
transumbilical6,7: 
1- Paciente posicionado em decúbito 
dorsal em posição de Trendelenburg e 
lateralização de 30º para a esquerda, sob 
anestesia geral. 
2- Incisão de 12 mm semicircular no 
umbigo, instalado pneumoperitônio, óptica, 
com canal operatório de 5 mm e duas punções 
realizadas em posição pélvica baixa bilateral, 
medialmente aos vasos epigástricos. 
3- Introduz-se no lado direito trocarte 
metálico permanente de 5 mm; no esquerdo, 
outro de 10 mm de diâmetro com redutor para 
5 mm. 
4- Preensão do apêndice ileocecal com a 
pinça de apreensão 
5- No trocarte da fossa ilíaca esquerda 
isola-se o apêndice de seu meso, sutura da 
base do apêndice, fixação da ligadura, secção 
do fio de sutura. 
6- Fio agulhado permanece na cavidade 
abdominal para futura realização da bolsa de 
invaginação do coto apendicular; 
7- Secção do apêndice com uso do gancho 
introduzido pela fossa ilíaca direita (Ressecção 
do apêndice à maneira convencional, com 
ligadura progressiva do meso) 
8- Retirada do apêndice apreendido (o 
apêndice é tracionado e colocado dentro do 
trocarte de 10 mm que é retirado da parede 
abdominal com o apêndice no seu interior). 
9- Após a sua saída, ele é novamente 
introduzido na parede abdominal. 
10- Sutura em bolsa no ceco em torno do 
coto apendicular para seu sepultamento. 
11- Revisão da hemostasia. 
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103 
 
12- Aspiração de eventual conteúdo líquido 
residual dentro da cavidade. 
Imagem 1: Após secção do apêndice, mostra-
se coto amarrado. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Imagem 2: confecção da sutura em bolsa de 
tabaco para o sepultamento do coto. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
Imagem 3: Sutura em bolsa de tabaco 
concluída. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
FATORES DE RISCO PARA 
COMPLICAÇÕES 
São considerados fatores de riscos 
importantes para as complicações de 
apendicectomias: sexo feminino, apendicite 
em fase de gangrena ou perfurada e drenagem 
da cavidade. Os fatores mais frequentes que 
podem levar a perfuração do apêndice incluem 
erro diagnóstico e na abordagem inicial do 
paciente, atraso na internação e uso de 
analgésicos. Na população idosa, onde essa 
doença se manifesta com sinais e sintoma 
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104 
 
atípicos, a evolução para complicações é mais 
comum. Dentre as complicações, se destacam 
perfuração e os abscessos intra-abdominais, 
sendo que o desenvolvimento dessas 
complicações leva a maiores chances de 
infecções relacionadas a ferida cirúrgica5. 
As complicações na evolução da 
apendicite aguda correm paralelamente à 
gravidade da lesão apendicular. Dentre as 
principais complicações relacionadas ao pós-
operatório de apendicectomia, se destacam: 
abscesso de parede, abscessos residuais, 
obstrução intestinal, fistula fecal, evisceração, 
eventração, peritonites e hemorragia. Esses 
pacientes também estão suscetíveis a 
infecções hospitalares. Os extremos de idade 
são considerados as faixas etárias em que 
complicações de pós-operatório são mais 
prevalentes 8. 
A apendicectomia é a intervenção 
cirúrgica de urgência mais frequentemente 
realizada no âmbito da cirurgia geral. O 
progresso tecnológico no diagnóstico e na 
terapêutica da apendicite aguda é notável, 
porém as complicações principalmente 
relacionadas ao diagnóstico tardio e erro na 
abordagem ao paciente continuam sendo 
importantes causas de morbidade e 
mortalidade em pacientes com esse 
diagnóstico. A despeito de novos antibióticos, 
de avanços em imagem e de cuidados de 
suporte avançados, muitos pacientes com 
apendicite aguda desenvolve sérias 
complicações e tem recuperações mórbidas e 
prolongadas. Dessa forma, ressalta-se a 
importância do diagnóstico e abordagem 
correta ao paciente de forma precoce, a fim de 
diminuir os riscos de complicações5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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105 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
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6- SOUZA LIMA, GJ; SILVA, AL; GUEDES 
LEITE, RF; Munayer ABRAS, G; CASTRO, 
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VIDEOASSISTIDA POR ACESSO ÚNICO 
TRANSUMBILICAL COMPARADA À VIA 
LAPAROSCÓPICA E LAPAROTÔMICA NA 
APENDICITE AGUDA. ABCD Arq Bras Cir 
Dig; 2012. 
 
 
7- DOMENE, CE; VOLPE, P; HEITOR FA. 
TÉCNICA DE APENDICECTOMIA 
LAPAROSCÓPICA COM TRÊS PORTAIS DE 
BAIXO CUSTO E BENEFÍCIO ESTÉTICO. 
ABCD Arq Bras Cir Dig 2014;27(Supplemento 
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apendicectomia em um hospital de 
emergência. ABCD, arq. bras. cir. dig. vol.20 
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106 
 
Colecistectomia: Condutas em 
complicações de via biliar 
Bruno Martins Viana 
Capítulo 
9 
Colecistectomia: Condutas em complicações de via biliar 
 
COLECISTECTOMIA 
 
1. Introdução 
A colecistectomia é o nome dado a 
cirurgia que faz a retirada da vesícula biliar. É 
uma operação que começou a ser realizada no 
final do século XIX, e que se desenvolveu 
bastante desde então.Convencionalmente a 
cirurgia era feita por laparotomia, que é a 
técnica clássica, porém, nos últimos anos tem 
sido utilizadas acessos cada vez menores, as 
chamadas mini incisões. E atualmente a 
técnica de escolha para a retirada da vesícula 
é a videolaparoscopia, por ser menos invasiva 
e proporcionar uma melhor recuperação ao 
paciente. 
É uma cirurgia relativamente simples e 
tem mortalidade inferior a 1%, porém por falta 
de experiencia do cirurgião ou por variações 
anatômicas podem desencadear algumas 
complicações como: lesão do ducto hepático, 
dor crônica pós-colecistectomia, ligadura de 
colédoco e vasos hepáticos, trauma biliar, 
fístula. 
 
 
 
2. Anatomia 
A vesícula biliar é um órgão acessório do 
sistema digestivo que tem como função 
principal o armazenamento da bile (fluido que 
atua na emulsificação de gorduras). 
Sua localização se dá no quadrante 
superior direito do abdome, abaixo do lobo 
direito do fígado. É dividida em 3 partes: fundo, 
corpo e colo e infundíbulo. A anatomia do 
sistema biliar tem muitas variantes, sendo 
crucial o conhecimento preciso das várias 
derivações anatômicas por parte do cirurgião 
na hora de realizar a colecistectomia. 
O triangulo de Calot é um importante 
espaço anatômico que é delimitado pelo ducto 
hepático comum, ducto cístico e a borda 
inferior do fígado. O principal suprimento 
arterial da vesícula biliar vem da artéria cística. 
 
3. Indicações 
Existem algumas indicações para a cirurgia de 
retirada da vesícula biliar. As principais estão 
descritas a seguir: 
 
 
 
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107 
 
3.1 Colelitíase e suas complicações: 
A colelitíase é a presença de cálculos 
(pedras) na vesícula biliar. Esses cálculos se 
formam quando o fluido biliar se cristaliza em 
um material semelhante a uma pequena pedra. 
A maioria deles são formados de colesterol, 
podendo também ser encontrado sais de 
bilirrubina e cálcio. 
Existem alguns fatores de risco para se 
desenvolver colelitíase, os principais são: 
• Obesidade 
• Sexo feminino 
• Idade acima de 40 anos 
• Gestações 
A maioria dos pacientes com colelitíase 
são assintomáticos (80%). E a principal queixa 
daqueles que apresentam sintomas é a dor 
aguda continua. Essa dor biliar é visceral, 
caracteristicamente localizada no hipocôndrio 
direito ou epigástrio, podendo se irradiar para 
o ombro direito e a escapula. A dor é constante 
e não intermitente, e pode piorar após 
refeições gordurosas. 
O diagnóstico de colelitíase se dar 
através da clínica do paciente e de alguns 
exames complementares. A ultrassonografia é 
o exame de imagem preferível para o 
diagnóstico. 
O único tratamento definitivo para a 
colelitíase é a colecistectomia (retirada da 
vesícula), sendo que a cirurgia profilática não 
é indicada. Algumas indicações fortes para 
colecistectomia são: 
• Cálculos maiores que 3 cm de diâmetro 
• Paciente com doença hemolítica 
crônica 
• Candidatos a transplantes de órgãos 
 
3.1.1 Colecistite aguda 
A colecistite aguda é a complicação mais 
comum da colelitíase. E ocorre quando um 
cálculo migra da vesícula biliar e fica 
impactado no ducto cístico, causando assim 
uma obstrução persistente e gerando um 
processo inflamatório agudo. 
O principal sintoma da colecistite é a dor 
em caráter de cólica, iniciado no hipocôndrio 
direito e com irradiação para o epigástrio, o 
dorso e a escápula direita, podendo atingir 
difusamente o abdome em caso de 
complicação. É comum haver vômitos, e 
depois de algumas horas há o aparecimento 
do sinal de Murphy (na inspiração profunda 
piora a dor durante a palpação do hipocôndrio 
direito, interrompendo a inspiração). 
A ultrassonografia é o exame de imagem 
de escolha para o diagnóstico da colecistite 
aguda, se mostrando uma opção rápida, 
barata, capaz de visualizar órgãos adjacentes 
e que evita a exposição à radiação. 
Hemograma completo, perfil hepático, 
amilase e lipase são alguns exames de 
sangue que também podem auxiliar no 
diagnóstico. 
O tratamento se baseia em medidas de 
suporte como correção dos distúrbios 
hidroeletrolíticos, analgesia para alívio da dor 
e antibioticoterapia. E a colecistectomia é o 
tratamento cirúrgico que cura a colecistite 
agudo e a cólica biliar. E deve ser realizada 
nas primeiras 24 a 48 h nas seguintes 
situações: 
• Quando o diagnóstico for claro e o 
paciente apresentar baixo risco clínico 
e cirúrgico. 
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108 
 
• Pacientes idosos e/ou diabéticos e, 
portanto, mais suscetíveis a 
complicações infecciosas. 
• Presença de empiema, gangrena, ou 
perfuração, ou, ainda, colecistite 
acalculosa. 
 
3.1.2 Coledocolitiase 
A coledocolitiase é definida como a 
presença de cálculos no ducto colédoco, seja 
pela migração desses cálculos da vesícula 
biliar ou formação no próprio ducto colédoco. 
Muitos cálculos do colédoco são clinicamente 
silenciosos, sendo identificados apenas com a 
realização de uma colangiografia. Quando 
esses cálculos não são clinicamente 
silenciosos podem apresentar sintomas como 
cólica biliar, coluria, icterícia e acolia fecal. Um 
achado importante que pode estar presente 
em pacientes com coledocolitiase é a tríade de 
Charcot, que se caracteriza pela presença de 
três sintomas: febre, dor no quadrante superior 
direito e icterícia. Essa tríade evidencia 
gravidade e se não tratada pode evoluir para 
choque séptico. 
Para o diagnóstico de coledocolitiase, a 
ultrassonografia é um exame importante, que 
pode evidenciar dilatação do ducto colédoco, 
sendo sugestivo de presença de cálculos. 
Outra técnica importante para o 
diagnóstico e tratamento da coledocolitiase é a 
colangiopancreatografia retrógrada 
endoscópica (CPRE) é altamente sensível e 
específica e geralmente pode ser terapêutica 
por remover os cálculos dos ductos em 
aproximadamente 75% dos pacientes durante 
o primeiro procedimento. 
 
3.1.3 Pancreatite aguda 
Cerca de 70% dos casos de pancreatite 
aguda são originados por causas biliares. 
Ocorre quando um cálculo migra da vesícula, 
passa pelo colédoco e fica impactado na 
ampola de Vater, impossibilitando que o 
pâncreas excrete suas substâncias através do 
ducto pancreático. Isso acaba ativando as 
enzimas pancreáticas ainda no pâncreas, 
causando assim um processo inflamatório 
intenso. 
A dor abdominal é o principal sintoma 
presente na pancreatite, normalmente 
associada a vômitos. Essa dor se apresenta 
em faixa no abdome superior e dorso, e está 
presente em cerca de 50% dos doentes. 
Achados como febre e alterações circulatórias 
dão indícios de gravidade. Alguns sinais 
clínicos como sinal de Cullen (equimoses na 
região periumbilical), e o sinal de Grey-Turner 
(equimoses nos flancos) surgem nos casos 
que apresenta algum grau de hemorragia. 
Para o diagnostico são feitos exames de 
imagens e laboratoriais. A USG é o exame de 
imagem de escolha para diagnostico, 
principalmente na pancreatite de origem biliar, 
a TC de abdome pode ser realizada em casos 
mais graves para avaliar necrose ou coleções. 
As dosagens de lipase e amilase são exames 
importantes que vão confirmar o diagnóstico. 
 
3.2 Colecistite alitiásica aguda 
A colecistite alitiásica aguda é uma 
condição inflamatória da vesícula biliar sem 
evidência de cálculos biliares e ocorre em 2-
15% de todos os casos de colecistite aguda. A 
condição pode ocorrer em pessoas de 
qualquer idade com uma ligeira predominância 
no sexo masculino. Em crianças, a colecistite 
alitiasica representa 30-70% de todos os casos 
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de colecistite, sendo que quadros de infecção 
etrauma são os fatores prévios mais 
comumente associados. 
A colecistite alitiasica raramente ocorre 
como um evento isolado, sendo que 
geralmente esta condição costuma surgir 
cerca de duas semanas após um quadro 
clínico grave, como cirurgias de grande porte, 
traumatismo grave, queimaduras de grande 
extensão corporal, doença renal terminal, 
leucemia e infecções. A mortalidade de 
pacientes diagnosticados é considerada alta 
(30%), o que reflete sua gravidade. 
Os sintomas incluem dor, desconforto e 
massa no quadrante superior direito do 
abdome, febre, náusea, vômitos, icterícia, 
diarréia, desconforto abdominal, alteração do 
estado mental e deterioração rápida do estado 
clínico do doente. 
 
3.3 Outras indicações menos comuns para 
a colecistectomia são: 
• Neoplasia da vesícula e arvore biliar. 
• Malformação da vesícula biliar. 
• Ruptura traumática da vesícula biliar ou 
ducto cístico. 
• Pólipos vesiculares 
 
4. Cuidados pré-operatórios 
O paciente é orientado a permanecer em 
jejum por 8 horas, e no banho antes da 
operação ter atenção especial com limpeza da 
parede abdominal e do umbigo. Na recepção 
do centro cirúrgico, o paciente é orientado a 
urinar, o que dispensa a sondagem vesical e 
evita a lesão da bexiga cheia durante o acesso 
videolaparoscópico. Se houver pelos na região 
abdominal, devem ser removidos. Na 
realização da anestesia faz se a 
antibioticoprofilaxia que pode se restringir a 
uma dose apenas, caso não haja 
intercorrências durante a colecistectomia. 
Antes do acesso videolaparoscópico à 
cavidade abdominal, a sondagem orogástrica 
deve ser feita para evitar lesões gástricas. No 
fim da operação, a sonda gástrica pode ser 
removida. 
 
5. Técnicas cirúrgicas 
Duas técnicas principais são utilizadas na 
realização da colecistectomia 
• Técnica convencional (aberta) 
• Técnica videolaparoscopia 
 
A) Técnica aberta: 
A colecistectomia aberta está sendo cada 
vez menos utilizada depois do 
desenvolvimento da videolaparoscopia. Porém 
é utilizada quando não tem como ser realizada 
a cirurgia por vídeo ou até mesmo em casos 
de cirurgia videolaparoscopia que necessita 
ser convertida em cirurgia aberta. 
A incisão para ter acesso a cavidade 
abdominal pode ser mediana, paramediana 
supraumbilical ou subcostal. É 
preferencialmente de escolha a incisão 
subcostal de 8 a 12cm, também conhecida 
como incisão de Kocher. 
 
Descrevendo a técnica: 
1. Primeiro o paciente é colocado em posição 
supina, com o cirurgião de pé a sua 
esquerda. 
2. É feita a limpeza do abdome com 
clorexidina e é colocado os campos 
cirúrgicos. 
3. Logo em seguida é feita uma laparotomia 
subcostal direita (incisão de Kocher). O 
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ventre do musculo reto abdominal deve ser 
seccionado por eletrocauterio, evitando 
assim sangramentos. 
4. É feita uma inspeção da cavidade. 
5. Depois o auxiliar afasta delicadamente o 
fígado superiormente, para exposição da 
vesícula, com gases úmidas na mão. Se 
necessário, o estomago, a primeira porção 
duodenal e a flexura hepática do cólon 
podem ser afastadas com gases úmidas 
pelo auxiliar. Afastadores de Doyen 
mantêm o posicionamento das compressas 
e o afastamento visceral. 
6. Então é feita a punção do fundo da vesícula 
para aspiração do conteúdo biliar, 
facilitando a manipulação e evitando que 
haja migração de cálculos. 
7. É feita tração do fundo da vesícula, 
clampeando área puncionada, com pinça 
de Foerster, expondo o ligamento 
hepatoduodenal. Também pode ser feita a 
injeção de ar na vesícula para uma melhor 
visualização das estruturas vasculares. 
8. Então a estrutura é tracionada cranialmente 
pelo cirurgião, possibilitando a visualização 
do ligamento colecistoduodenal (pequeno 
omento) e seu pedículo. Com o auxílio de 
uma pinça anatômica sem dentes e uma 
pinça de Mixter são realizadas a 
abordagem do ligamento e a dissecção do 
pedículo da vesícula biliar, inicialmente 
pelo ducto cístico, que é reparado com fio 
2-0, e posteriormente pela artéria cística, 
localizada posteromedialmente ao 
primeiro, sendo está ligada e reparada. 
9. Incisão da serosa da vesícula a 0,5 cm da 
borda do leito hepático 
10. Dissecção fundocística da serosa da 
vesícula. Neste momento é importante 
manter a dissecção o mais próxima 
possível da vesícula biliar, para evitar lesão 
hepática e subsequente sangramento. 
11. Após o reparo das estruturas do pedículo, 
inicia-se o descolamento da vesícula biliar 
do seu leito hepático com o auxílio do 
eletrocautério. Próximo do infundíbulo, a 
dissecção passa novamente a ser realizada 
com o auxílio de uma pinça de Mixter, a fim 
de evitar uma lesão no colédoco, ductos 
hepáticos e artéria hepática direita, por 
exemplo. Durante todo o processo, deve-se 
ficar atento para que não haja migração de 
cálculos através do ducto cístico, 
resultando em coledocolitíase. O manuseio 
sutil da vesícula biliar e uma leve tração no 
reparo do ducto cístico previnem tal fato. 
12. Ligadura com fio de seda (duas ligaduras 
proximais e uma distal), com reparo dos 
fios entre pinças, e secção da artéria 
Cística ao nível do infundíbulo da vesícula; 
após revisão, os fios reparados são 
seccionados 
13. Ligadura (duas ligaduras proximais e uma 
distal) e secção do ducto cístico entre os 
nós. 
14. Retirada da vesícula da cavidade 
abdominal 
15. Depois é feita a cauterização do leito 
hepático e peritonização do ligamento 
hepatoduodenal. 
16. E para concluir é feita revisão da 
hemostasia e da cavidade 
17. E por fim o fechamento da parede 
abdominal por planos 
 
 
B) Técnica videolaparoscopica: 
Com a invenção da colecistectomia 
laparoscópica, os cirurgiões têm escolhido 
essa técnica como preferencial pra retirada da 
vesícula biliar, pois a cirurgia por vídeo 
proporciona ao paciente uma melhor 
experiencia por desencadear menos dor e um 
tempo de hospitalização menor. Essa cirurgia 
é realizada por meio de trocartes, que são 
introduzidos no abdome do paciente, fazendo 
com que as incisões sejam menores. 
Nessa técnica cirúrgica é necessário a 
insuflação do abdome com CO2, para que 
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possa ter uma boa visualização da cavidade 
abdominal. 
 
Descrevendo a técnica: 
1. Primeiramente o paciente é colocado 
em decúbito dorsal, na posição de 
tredelenburg com seus braços próximos 
ao corpo ou em posição de 90 graus, 
depois a pele de todo abdome e parte 
inferior do tórax é limpa e preparada de 
forma habitual. 
2. Então é escolhido um lugar para fazer o 
pneumoperitônio, geralmente pela 
cicatriz umbilical através da agulha de 
Veress (imagem 1) ou pela técnica de 
Hasson. 
3. O primeiro trocarter de 10mm, por onde 
vai ser introduzido o sistema ótico, é 
colocado na região periumbilical 
(imagem 2). Após o enchimento do 
abdome e a introdução da câmera, 
deve-se fazer uma inspeção dos órgãos 
e estruturas abdominais em busca de 
alguma alteração ou lesão provocada 
pelo trocarte. Sendo que lesão de 
vísceras ou vasos é indicação para 
converter em cirurgia aberta. 
4. Os demais trocartes são todos 
colocados sob visão direta da câmera, 
para evitar lesões. 
5. O segundo trocarter de 10mm é 
colocado cerca de 2 cm abaixo do 
processo xifoide. 
6. Em seguida, são colocados dois 
acessos menores de 5 mm: um no 
quadrante superior direito, próximo à 
linha medioclavicular, vários 
centímetros abaixo do arco costal, e 
outro lateralmente, quase na altura do 
umbigo. Esses locais podem variar de 
acordo com a anatomia do paciente e a 
experiência do cirurgião. 
7. Com a introdução de todos os 
instrumentos cirúrgicos o cirurgião faz a 
apreensão do infundíbulo da vesículacom pinça para iniciar a abertura do 
peritônio e conseguir isolamento do 
ducto e da artéria cística. Essa manobra 
exige do cirurgião um vasto 
conhecimento da anatomia normal e 
das variações anatômicas da vesícula e 
vias biliares. 
8. Inicia-se então a liberação da vesícula 
do leito hepático no sentido cístico-
fúndico, utilizando o cautério para evitar 
sangramento. 
9. Completada a dissecção do triangulo de 
Callot, identificação e a individualização 
do ducto cístico e artéria cística, é então 
feita a homeostasia por meio de clipes 
metálicos. São aplicados dois clipes 
proximais e um distal tanto na artéria 
cística como no ducto cístico, sendo que 
os clipes distais sairão junto com a 
vesícula. 
10. Antes de liberar completamente a 
vesícula, esta deve ser tracionada 
cranialmente para que seja verificada 
cuidadosamente a homeostasia. 
11. Completada a colecistectomia, a 
vesícula é retirada da cavidade 
abdominal através do trocarte umbilical. 
12. Após a retirada da vesícula biliar é feita 
uma inspeção final do abdome, todos os 
acessos são retirados e o 
pneumoperitônio é evacuado. 
13. Por fim os locais de acessos são 
suturados com pontos simples ou ponto 
em X. 
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112 
 
 
Imagem 2- Trocarter de 10mm sendo inserido 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
i. Cuidados pós-operatórios 
O tubo orogástrico é retirado no centro 
cirúrgico, antes do fim da anestesia geral. A 
dor no sítio cirúrgico é habitualmente bem 
controlada com medicação oral. Embora os 
pacientes tenham náuseas transitórias, a 
maioria é capaz de ingerir líquidos orais pouco 
depois da cirurgia, podendo receber alta no 
próprio dia da operação. A recuperação é 
rápida permitindo que o paciente deixe o 
hospital 1 dia após a realização da cirurgia ou 
até no mesmo dia. 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIAS: 
1. BONADIMAN, A. et al. CONDUTA 
ATUAL NA COLECISTITE AGUDA. 
REVISTA UNINGÁ, v. 56, n. 3, p. 60-
67, 2019. 
 
2. Atlas cirurgia zoolinger 
 
3. TOWNSEND, C. M. Sabiston textbook 
of surgery. 18. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2008. 
 
4. HINKLE, J.L.; CHEEVER, K.H. Brunner 
e Suddarth: tratado de enfermagem 
médico-cirúrgica. 13. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
 
5. GOFFI, Fabio Schmidt. Tecnica 
cirurgica: bases anatomicas, 
fisiopatologicas e tecnicas da cirurgia. 
4. ed. 
 
6. Colecistectomia: aspectos técnicos e 
indicações para o tratamento da litíase 
biliar e das neoplasias 
 
 
 
 
Imagem 1- Agulha de Varess 
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113 
 
Doença do Refluxo Gastroesofágico 
(DRGE) técnicas cirúrgicas e indicações 
 
Lucas Santis 
Capítulo 
10 
DRGE técnicas cirúrgicas e indicações 
 
1. INTRODUÇÃO 
O refluxo gastroesofágico é caracterizado 
pelo retorno involuntário do conteúdo gástrico 
para o esôfago. Desde que não haja sintomas 
ou lesão na mucosa, é considerado um 
processo fisiológico, podendo ocorrer em 
todas as pessoas várias vezes ao dia. 
Segundo a Sociedade Brasileira de 
Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia 
(SBMDN), a Doença do Refluxo 
Gastroesofágico (DRGE) é “a condição que se 
desenvolve quando o conteúdo do estômago 
retorna ao esôfago e provoca sintomas 
desagradáveis e/ou complicações”. 
A DRGE é um problema de saúde 
pública, visto que, é um dos diagnósticos mais 
comuns na gastroenterologia, tem evolução 
crônica, tem alta prevalência, afetando cerca 
de 12% a 20% da população brasileira de 
todas as faixas etárias, e afeta a qualidade de 
vida do indivíduo, sendo o seu impacto 
negativo mais significativo que em pacientes 
diabéticos e hipertensos. 
Os sintomas da DRGE mais típicos são: 
pirose e regurgitação. Além disso, existem 
sintomas atípicos, como a dor torácica, e 
sintomas extraesofágicos (tosse seca, 
pneumonia de repetição, otite, amigdalite de 
repetição). Dito isso, com os sintomas típicos 
já podemos ter uma suspeita de diagnóstico. 
A etiologia da DRGE ocorre da falha em 
uma ou mais das defesas do esôfago. Dentre 
elas estão: barreira antirrefluxo, resistência 
intrínseca do epitélio e mecanismos de 
depuração intraluminal. 
 
 
2. TRATAMENTO CIRÚRGICO DA 
DRGE: 
 
O tratamento cirúrgico é baseado na 
confecção de uma válvula anti-refluxo 
gastroesofágica elaborada com o fundo 
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gástrico. A realização da cirurgia ganhou força 
durante a década de 1990, com o surgimento 
do método laparoscópico, pois é uma cirurgia 
minimamente invasiva, e por isso aumentaram 
suas indicações para a realização do 
procedimento. As técnicas não mudaram, 
porém foram aperfeiçoadas. 
A primeira técnica cirúrgica foi descrita 
por Nissen em 1956, que utiliza o lado 
posterior do fundo gástrico e ao redor do 
esôfago distal. Nissen desevolveu uma 
fundoplicatura total (360º) e mais tarde, em 
1963, Toupet propôs uma fundoplicatura 
parcial (180º). 
O custo da cirurgia tem diminuído, desde 
a aplicação de técnicas minimamente 
invasivas, sendo um ponto positivo para a 
realização. Em uma comparação de custos, 
para o uso de IBP ultrapassar o preço de uma 
cirurgia é de aproximadamente 8 anos. 
 
 
2.1. INDICAÇÕES PARA CIRURGIA 
ANTIRREFLUXO 
 
O consenso de Genval concluiu que o 
tratamento cirúrgico é indicado para todos os 
pacientes que queiram a cirurgia. Porém as 
indicações são variadas. Segue abaixo as 
indicações do Consenso Brasileiro da Doença 
do Refluxo Gastroesofágico (CB-DRGE).
DRGE NÃO-COMPLICADA: 
• Pacientes que não respondem bem ao 
tratamento clínico; 
• Pacientes intolerantes à medicação; 
• Casos que tem indicação de uso 
contínuo de IBP, principalmente em pacientes 
com menos de 40 anos; 
• Pacientes que não tem condição 
financeira para arcar com os custos de 
medicações. 
 
2.2. CLASSIFICAÇÃO ENDOSCÓPICA DE 
LOS ANGELES: 
➢ DRGE COMPLICADA: 
• Esôfago de Barrett; 
• Estenose; 
• Úlcera; 
• Sangramento esofágico. 
Segundo a Sociedade Brasileira de 
Motilidade Digestiva e 
Neurogastroenterologia (SBMDN), os 
pacientes, que queiram se candidatar à 
intervenção cirúrgica, devem seguir alguns 
critérios: 
• Ser jovem; 
• Não obeso; 
• Muito sintomático; 
• Reponsivo ao uso de medicação; 
• EDA, pHmetria ou 
impendânciopHmetria esofágica alterados. 
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As contraindicações para a cirurgia de 
refluxo são individuais para cada paciente, pois 
sabemos que cada um tem sua 
particularidade. Dito isso, alguns apectos, 
como a obesidade, dificultam a técnica 
cirúrgica e existe um risco grande de não 
funcionamento adequado da válvula. 
 
2.3. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA 
É importante fazer a rotina para confirmar 
o diagnóstico, excluir outras morbidades e 
ajudar no direcionamento da operação. 
 
- ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA 
 
É de extrema importância na exclusão de 
outras doenças, como tumores, e na 
identificação de lesões pépticas no esôfago. 
Se for constatado a presença de lesão, deve-
se aplicar a classificação de Los Angeles (mais 
utilizada no Brasil). 
 
 
GRAU A Uma ou mais erosões menores 
que 5mm. 
GRAU B Uma ou mais erosões maiores 
que 5mm em sua maior 
extensão, não contígua entre os 
ápices de suas pregas 
esofágicas. 
GRAU C Erosões contínuas (ou 
convergentes) entre os ápices 
de pelo menos duas pregas, 
envolvendo menos do que 75% 
do órgão. 
GRAU D Erosões ocupando pelo menos 
75% da circunferência do órgão. 
Fonte: próprio autor. 
 
- MANOMETRIA 
 
Esse teste permitirá a exclusão de 
distúrbios de motilidade, e ajudará na melhora 
do planejamento cirúrgico, pois fornecerá 
informações sobrea competência do esôfago 
em conduzir o alimento ingerido. As 
informações obtidas são relacionadas à função 
do esfíncter esofágico inferior (EEI) e do corpo 
esofágico. 
 
 
- MONITORAÇÃO DO PH: 
 
É necessário para diagnóstico e 
quantificação do refluxo ácido. A pHmetria de 
24 horas é padrão-ouro para diagnóstico. 
Muitos dados são obtidos: 
 
• Número total de episódios de refluxo; 
• O episódio de refluxo; 
• Número de episódios que duram mais 
de 5 minutos; 
• Grau de refluxo na posição ereta; 
• Grau de refluxo na posição supina. 
 
 
 
- ESOFAGOGRAFIA: 
 
É importante na avaliação da anatomia 
externa do esôfago e do estômago proximal. 
Isso ajuda bastante no planejamento cirúrgico 
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e evita surpresas na cirurgia. É possível 
visualizar a presença de algumas alterações, 
como: estenoses, junção gastroesofágica 
mediastinal, divertículos, tumores, hérnias 
paraesofágicas. 
 
 
- CINTILOGRAFIA: 
 
Avalia o esvaziamento e refluxo 
esofágico, fornecendo dados sobre uma 
suspeita de distúrbios de motilidade e refluxo 
gastroesofágico. Pode-se observar uma 
distensão gástrica, se o esvaziamento for 
retardado. 
 
- LARINGOSCOPIA E EXAMES 
ESTROBOSCÓPICOS 
 
É recomendado em circunstâncias 
específicas para se obter evidências de refluxo 
extraesofágico. Pode-se observar inflamações 
da mucosa laríngea, anormalidade na tensão 
muscular e estenose subglótica. 
 
 
3. TÉCNICAS CIRÚRGICAS 
 
- FUNDOPLICATURA DE NISSEN (360º) 
 
É uma abordagem pelo pilar esquerdo 
para a confecção de uma válvula de 360 graus, 
fornece um melhor acesso aos vasos gástricos 
curtos e ao baço, diminuindo a chance de 
lesão esplênica. Além disso, é o método de 
escolha para a maioria dos pacientes. 
Antes de começar a cirurgia, cada 
profissional e o paciente devem estar 
posicionados corretamente: 
 
I. O paciente deve estar em posição 
litotômica (paciente em decúbito dorsal com as 
pernas afastadas e suspensas sobre 
perneiras); 
II. O cirurgião deve se posicionar entre as 
pernas do doente; 
III. O Assistente se posiciona ao lado 
esquerdo. 
 
Deve-se colocar quatro trocartes e o 
afastador do fígado, na região subxifoide, para 
criar dois triângulos que tenham um ângulo 
medial comum. Nisso, o cirurgião opera com 
dois portais mais cefálicos e o assistente 
manuseia dois portais mais caudais. Daí é 
necessário seguir os seguintes passos: 
 
I. O assistente deverá afastar a grande 
curvatura. Enquanto isso, o cirurgião, aborda 
os vasos gástricos curtos para mobilizar o 
fundo. Além disso, deverá dissecar o omento, 
o pilar esquerdo e a grande curvatura. 
 
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II. A membrana frenoesofágica sobre o 
pilar esquerdo deve ser dissecada até a 
visualização das fibras curais. 
III. Após isso, disseca-se o pilar direito, 
abrindo o pequeno omento e levando-o até a 
membrana frenoesofágica à direita. Nisso, a 
dissecção anterior e posterior do pilar direito, 
mostrará o pilar esquerdo que já havia sido 
dissecado. 
 
 
IV. É preciso colocar um dreno de Penrose 
ao redor do esôfago para ajudar na confecção 
da válvula e facilitar a dissecção mais proximal 
e mobilizar o esôfago. 
 
 
 
V. Após mobilizar o esôfago, deve-se 
reaproximar os pilares, posteriormente, 
usando pontos de fio inabsorvível, deixando 
um espaço para a passagem de uma vela de 
52 French. 
 
 
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VI. Ademais, a face posterior do fundo 
gástrico é conduzida por trás do esôfago, da 
esquerda para a direita. Nisso, a válvula é 
confeccionada com 2,5 a 3 cm de extensão, 
usando novamente fio inabsorvível, 3 ou 4 
pontos. Lembrando que deve-se, também, 
deixar uma passagem fácil para uma vela de 
52 French para esse reparo, que é colocado 
após a primeira sutura. 
VII. Após isso, com a vela removida, a 
válvula é anexada ao esôfago e ao pilar direito 
no hiato para prevenir hérniação e 
deslizamento. Depois, deve-se fazer mais 
outras duas suturas, ancorando a válvula 
anteriormente e posteriormente aos pilares. 
 
É importante analisar a válvula para 
saber se ela está completa e terminada, 
observando os seguintes detalhes: 
 
 
• A linha de sutura deve repousar 
imediatamente à direita da linha média do 
esôfago; 
• O aspecto posterior da válvula não deve 
ter estômago redundante, pois se tiver, 
provavelmente a válvula foi confeccionada 
muito baixa, com a parte do corpo gástrico e 
não com o fundo gástrico. 
• Tem que ter um leve deslize da válvula 
sobre a grande curvatura; 
• Se ela estiver angulada abruptamente, 
pode ocorrer muita tensão no fundo gástrico. 
 
 
- FUNDOPLICATURA PARCIAL 
 
É indicado em casos de motilidade 
esofágica ruim, evitando a obstrução do bolo 
alimentar. A abordagem e dissecção inicial é a 
mesma usada na fundoplicatura total. 
 
Fundoplicatura à Thal e Dor: 
• É criada com o fundo gástrico dobrado 
sobre a face anterior do esôfago. 
• Elas são aconradas ao hiato e ao 
esôfago, assim como uma válvula de 360º. 
 
É mais usada em pacientes com acalasia 
após confecção de uma miotomia anterior. 
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Fundoplicatura de Toupet: 
• É criada uma válvula posterior, sendo os 
procedimentos os mesmos da fundoplicatura 
total. 
• A fundoplicatura é feita ancorando-se a 
face fúndica posterior aos pilares e ao esôfago. 
Nisso, as suturas mais céfalicas da válvula 
devem incorporar o fundo, pilar e esôfago. 
• O envoltório deve ser ancorado 
posteriormente à crura com duas ou três 
suturas. Após isso, o fundo é suturado no 
esôfago ao longo da face anterolateral, criando 
uma válvula com uma angulação de 220º a 
250º. 
 
 
 
4. COMPLICAÇÕES 
 
As complicações da cirurgia ocorrem em 
3% a 10% dos pacientes a ela submetidos, 
sendo que, a maioria são relacionadas à uma 
interveção cirúrgica normal (trombose venosa, 
retenção urinária, infecção da ferida, íleo 
adinâmico). Sendo assim, as complicações 
são divididas em operatórias e pós-
operatórias. 
 
Complicações operatórias: 
• Pneumotórax: ocorre em 5% a 8% dos 
pacientes, sendo uma das complicações 
operatórias mais comuns. Porém, a incidência 
não é conhecida, pois não é feito uma 
radiografia pós-operatória de rotina. Se 
ocorrer, deve-se manter o paciente em 
oxigenoterapia, já que o pneumotórax é 
consequência de uma invasão do espaço 
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pleural por dióxido de carbono, e repetir uma 
radiografia de tórax duas horas após a cirurgia. 
• Lesões gástricas e esofágicas: ocorre 
em menos de 1% dos pacientes, mas com 
base em um estudo populacional, pode chegar 
a 1,7%. É decorrente da manipulação 
grosseira dos tecidos ou passagem 
inadequada da vela. Se a lesão é vista durante 
o processo, deve-se reparar por meio de 
sutura ou com o uso de um grampeador linear. 
Porém, se for vista após o proecedimento, 
deve-se realizar uma nova intervenção 
cirúrgica para reparar a víscera. 
• Lesão esplênica: ocorre em cerca de 
2,3% dos pacientes com base em estudo 
populacional. A abordagem do pilar esquerdo 
é preferível, já que oferece uma melhor 
visualização dos vasos gástricos curtos e 
baço. Pode ser uma lesão resultante da 
dissecção do fundo e da grande curvatura. 
Além disso, deve-se tomar cuidado na hora de 
mobilizar o fundo gástrico, pois uma tração 
excessiva também pode lesionar. 
• Lesão hepática: são raramente 
relatadas. Ao usar um afastador fixo, diminui 
significativamenteo risco de lesão. 
 
Complicações pós-operatórias: 
• Plenitude: pode ocorrer em até 30% dos 
pacientes. Existem pelo menos 3 causas: 
I. Dificuldade de eructação por causa da 
válvula. 
II. Pode ocorrer um trauma vagal, 
causando um lento esvaziamento gástrico. 
III. Os pacientes que sofrem de refluxo, tem 
um costume de engolir saliva, para aliviar os 
sintomas, junto à uma quantidade significativa 
de ar. 
 
Deve-se evitar a ingesta de refrigerantes 
e água com gás, para evitar o acúmulo de 
gases. 
 
• Disfagia: pode ocorrer em até 20% dos 
pacientes. 
I. Quando é realizada a dissecção do 
hiato e mobilização do esôfago, ocorre algum 
edema, causando disfagia. Porém, 
geralmente, é de curta duração. Deve-se 
aplicar uma dieta gradativa de 4 a 6 semanas, 
mastigando bem o alimento. 
II. Quando se faz a confecção da válvula, 
podem ocorrer hematomas no estômago ou na 
parede esofágica, causando disfagia. Deve-se 
aplicar uma dieta gradativa de 4 a 6 semanas, 
mastigando bem o alimento. 
III. Quando a válvula é muito justa. Sendo 
assim, precisará de uma dilatação para este 
problema. 
• Insucesso cirúrgico: quando os 
sintomas dos pacientes persistem e a 
exposição ácida continua. Incidência de cerca 
de 5% a 10%. Pode ocorrer por frouxidão da 
válvula e por herniação, nesse caso é 
necessário uma nova intervenção cirúrgica. Se 
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o reparo estiver normal, inicia-se o tratamento 
clínico. 
• Mortalidade: abaixo de 0,5% e aumenta 
após os 60 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
1. GASTROENTEROLOGIA ESSENCIAL 
(4ª EDIÇÃO) DANI PASSOS. 
 
2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
MOTILIDADE DIGESTIVA E 
NEUROGASTROENTEROLOGIA – DRGE 
 
3. SABISTON - TRATADO DE 
CIRURGIA: A BASE BIOLÓGICA DA 
PRÁTICA CIRÚRGICA MODERNA 
 
4. REVISTA DA FACULDADE DE 
CIÊNCIAS MÉDICAS DE SOROCABA 2015- 
TÉCNICAS CIRÚRGICAS UTILIZADAS 
PARA O TRATAMENTO DA DOENÇA DO 
REFLUXO GASTROESOFÁGICO 
 
5. DIRETRIZES AMB - DOENÇA DO 
REFLUXO GASTROESOFÁGICO: 
TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO 
 
6. I CONSENSO BRASILEIRO DA 
DOENÇA DO REFLUXO 
GASTROESOFÁGICO 
 
7. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA 
DOENÇA DO REFLUXO 
GASTROESSOFÁGICO- ARQUIVO 
BRASILEIRO DE CIRURGIA DIGESTIVA - 
https://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0102-
6720-abcd-27-03-00210.pdf 
 
https://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0102-6720-abcd-27-03-00210.pdf
https://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0102-6720-abcd-27-03-00210.pdf
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122 
 
Toraconcetese e colocação de 
dreno de tórax 
 
Brena Thamyres A. Irineu 
Capítulo 
11 
Toraconcetese e colocação de dreno de tórax 
 
 
INTRODUÇÃO 
Os pulmões são órgãos esponjosos, 
bilaterais, moles, elásticos, que contém 
milhões de alvéolos pulmonares. Ocupam 
parte da cavidade torácica, mais precisamente 
se estendem da parte superior da clavícula até 
o diafragma. O pulmão pode ser dividido em 
ápice, base e face costal, medial e 
diafragmática, com bordas anterior, posterior e 
inferior, sendo recobertos pela pleura, 
membrana lisa e dupla, formada por uma 
camada externa chamada de pleura parietal, 
adjacente à caixa torácica, e uma camada 
interna chamada de pleura visceral, revestindo 
os pulmões, o espaço entre essas duas 
membranas justapostas é chamado de espaço 
pleural. Este espaço contém um líquido seroso 
que facilita a aderência da superfície pleural e 
permitem que essas deslizem umas sobre a 
outra suavemente durante a respiração. Existe 
equilíbrio entre a entrada e saída de líquido na 
cavidade pleural, mantendo constante a 
concentração proteica desse fluído. O acúmulo 
de líquidos ou gases no espaço pleural gera 
alteração desse equilíbrio prejudicando a 
mecânica pulmonar1. 
A presença de uma coleção líquida no 
espaço pleural é uma condição anormal, que 
acarreta desconforto importante ao paciente e 
exige tratamento imediato com esvaziamento 
da cavidade pleural, devido ao risco de morte 
associado a essa condição2. 
As punções e drenagens de tórax são 
procedimentos importantes para promover a 
manutenção e restabelecer a pressão negativa 
do espaço pleural, manter a função 
cardiorrespiratória e a instabilidade 
hemodinâmica por meio da retirada de líquido 
acumulados na cavidade pleural. São 
exemplos de líquidos que podem estocar 
nessa cavidade: ar, compondo o quadro de 
pneumotórax, sangue compondo o quadro de 
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hemotórax, pus sendo o empiema, linfa sendo 
o chamado quilotórax e líquido pericárdio 
sendo o diagnóstico hidrotórax. Na maior parte 
das situações esse acúmulo de liquido se dá 
por trauma, infecções, procedimentos 
cirúrgicos, dentre outros exemplos3. 
 
 
TORACOCENTESE 
Toracocentese é uma punção realizada 
na parede torácica. Este procedimento pode 
ser realizado por punção com agulha fina, com 
baixo risco para o paciente4. 
A toracocentese geralmente é realizada 
para diagnóstico, através da coleta de 
pequena quantidade de líquido pleural para 
análise. Para alívio, visa a retirada de grande 
volume de líquido pleural para alívio de 
sintomas relacionados a um derrame pleural 
volumoso. É descompressiva em pacientes 
com pneumotórax hipertensivo para melhora 
rápida dos sintomas até a realização 
da drenagem torácica. A toracocentese é um 
procedimento frequentemente em ambientes 
de urgência e necessita ser realizado em 
caráter emergencial, podendo ser 
determinante no prognóstico do paciente5. 
A punção pleural pode ser diagnóstica ou 
terapêutica. Ela é diagnóstica quando confirma 
a presença de líquido pleural; quando se retira 
amostras para análise laboratorial; ou quando 
é realizada a criação de uma câmera aérea 
após injeção de ar na cavidade pleural para 
exame pleuroscópico. Já a toracocentese 
terapêutica tem o objetivo de esvaziar a 
cavidade pleural, também conhecida como 
punção evacuadora, ou injetar substâncias na 
cavidade pleural para tratamento. Grandes 
coleções liquidas e gasosas podem ser 
aspiradas através da punção pleural, o que 
além de aliviar a sintomatologia do paciente 
pode salvar a vida dele. Substâncias injetadas 
na cavidade pleural visam benefícios como 
tratar infecções, provocar fibrinólise, realizar 
exames contrastados e provocar sínfise 
pleural6. 
 
INDICAÇÕES DA TORACOCENTESE 
 
São indicações de toracocentese 
diagnóstica os derrames bilaterais com 
volumes grandes e diferentes; sintomas 
pleuríticos; febre ou outros sinais sugestivos 
de infecção; alterações em exame de imagem 
que sugiram outra etiologia; ausência de 
melhora do derrame em pacientes com 
diagnóstico de insuficiência cardíaca, 
submetidos ao tratamento adequado. A 
indicação de toracocentese de alívio se dá 
quando o paciente evolui com piora do quadro 
respiratório, ou seja, dispneia intensa devido 
ao derrame pleural. Muitas vezes é realizada 
em conjunto com a toracocentese diagnóstica 
na abordagem inicial do paciente. Caso o 
líquido volte a acumular rapidamente, pode 
estar indicada a drenagem torácica. Já a 
toracocentese descompressiva deve ser 
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realizada em pacientes com alta suspeita 
clínica ou com pneumotórax hipertensivo 
confirmado, são sintomas frequentes nesse 
acometimento piora respiratória progressiva, 
ausculta respiratória com ruídos adventícios 
abolidos em hemitórax, percussão timpânica, 
desvio de traqueia contralateral, instabilidade 
hemodinâmica e turgência jugular5. 
 
 
QUADRO 2: OBJETIVOS DA TORACOCENTESE DIAGNÓSTICA: 
Identificação imediata de presença de derrame pleural. 
Obtenção de amostras do líquido paraexames laboratoriais. 
Criação de câmera aera para realização de exame pleuroscópico. 
Realização de biópsias da pleura parietal. 
Injeção de contraste para realização de exames. 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
QUADRO 3: OBJETIVOS DA TORACOCENTESE TERAPÊUTICA 
Esvaziamento parcial ou completo do derrame pleural. 
Injeção de substâncias terapêuticas. 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA A 
REALIZAÇÃO DA TORACOCENTESE7 
• Anestésico local (lidocaína a 1% ou 
2%). 
• Agulhas de calibre 25 e 20 a 22 e 
seringa de 10 ml. 
• Solução antisséptica com aplicadores, 
campos estéreis e luvas. 
• Agulha e cateter plástico para 
toracocentese. 
• Válvula de controle de 3 via. 
• Seringa de aspiração. 
• Gazes para ferimentos. 
• Mesa de cabeceira para o paciente se 
apoiar. 
• Recipientes para coleta de líquidos para 
exames laboratoriais. 
• Sacos de coleta para remoção de 
volumes maiores durante a 
toracocentese terapêutica. 
 
TÉCNICA: TORACONCENTESE2 
1- Posicionar o paciente (Paciente 
sentado com os braços e a cabeça 
apoiados em travesseiros, sobre um 
anteparo, como uma mesa). 
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125 
 
2- Demarcar o local da punção através da 
ausculta e percussão do nível do líquido 
pleural (O melhor local para se realizar 
a toracocentese deve ser determinado a 
partir da propedêutica, geralmente na 
região subescapular e sempre na borda 
superior do arco costal, para evitar o 
feixe vásculo-nervoso). 
3- Realizar antissepsia e posicionar campo 
estéril 
4- Infiltração anestésica local com 
lidocaína sem vasoconstrictor a 1% a 
2% nos planos subcutâneo, intercostal 
e subpleural (Sempre realizar aspiração 
da seringa antes da próxima injeção do 
anestésico, fugindo dos elementos 
vásculo-nervosos). 
5- Com agulha do tipo Jelco número 14 
conectado a seringa de 10 ml, realizar a 
aspiração do conteúdo pleural. 
6- 
7- Caso seja optado por realizar 
toracocentese de alívio, conectar o 
equipo ao jelco e permitir a saída do 
líquido pleural até o volume desejado. 
8- Remover o jelco e realizar curativo 
oclusivo. 
 
 
INDICAÇÕES DRENAGEM DE TÓRAX 
QUADRO 4: INDICAÇÕES COMUNS PARA DRENAGEM DE TORÁX: 
TRAUMATISMO TORÁCICO 
• Pneumotórax pequeno, acometendo pelo menos 30% da cavidade; 
• Hemotórax sintomático ou progressivo; 
• Hemotórax médio (500 a 1.500 ml); 
• Hemotórax grande (quantidade maior que 1500 ml); 
• Pneumotórax de grande volume. 
DERRAME PLEURAL NEOPLASICO SINTOMÁTICO 
DERRAME PLEURAL NEOPLASICO REICIVANTE 
HEMOTÓRAX 
PNEUMOTÓRAX 
QUILOTÓRAX 
PÓS TORACOTOMIA 
EMPIEMA PLEURAL 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
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126 
 
TÉCNICA: DRENAGEM DE TÓRAX5 
1- Posicionar o paciente em decúbito 
dorsal com o membro superior do lado 
acometido em abdução. 
2- Localizar o 4º ou 5º espaço intercostal, 
na linha axilar posterior, média ou 
anterior, na borda superior do arco 
costal 
3- Medir o comprimento do dreno que será 
inserido, sendo que a medida é 
realizada do meio da clavícula até o 
local escolhido para a inserção. 
4- Realizar antissepsia e posicionar campo 
estéril 
5- Realizar anestesia local com lidocaína 1 
ou 2%. 
6- Realizar incisão de dois centímetros 
paralela ao arco costal e realizar 
dissecção dos planos, do tecido 
subcutâneo e da musculatura acima do 
arco costal, utilizando uma pinça 
hemostática curva. 
7- Utilizar a pinça com ponta romba, Kelly 
curva, e fazer abertura com cerca de 1,5 
cm na pleura, devendo introduzir o dedo 
na cavidade pleural para exploração 
anatômica afim de confirmar se a 
cavidade pleural realmente foi atingida. 
8- Realizar a clampagem da extremidade 
do dreno com a pinça hemostática curva 
e para direcionar a inserção do dreno. 
9- Deve-se então introduzir o dreno em 
direção cranial e posterior até o local 
marcado anteriormente. 
10- Para finalizar, realiza-se ponto em “U” 
circundando o dreno para fechar a 
incisão e, em seguida, nó em “bailarina” 
em torno do dreno. 
11- Sempre deve-se realizar exame físico 
torácico, e radiografia de tórax para 
confirmação do posicionamento do 
dreno. 
O conjunto coletor da drenagem torácica 
normalmente é realizado com apenas um 
frasco, e o sistema tubular é mergulhado em 
500 ml de soro fisiológico ou água destilada, 
quando o recipiente tem capacidade de 2.000 
ml. No recipiente de 1.000 ml, devem ser 
colocados 250 ml de selo de água. O tubo de 
dentro do frasco coletor deve estar 2cm 
mergulhado no líquido, e o frasco deve estar 
mais de 50 cm abaixo da saída do dreno 
torácico no paciente. O sistema coletor com 
dois frascos é preferido quando há grande 
saída de líquido da cavidade pleural, onde o 
primeiro frasco funciona como frasco coletor e 
o segundo, como sistema selo de água. 
Quando é necessário utilizar pressão negativa 
no espaço pleural para facilitar a reexpansão 
pulmonar ou para facilitar a retirada de ar ou 
líquidos retidos na cavidade pleural, usa-se o 
sistema de aspiração com três frascos que 
consiste no sistema anterior de dois frascos, 
acrescido de um terceiro frasco para 
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127 
 
aspiração. A pressão de sucção normalmente 
é de 15 a 20 cm de água, utilizando-se o vácuo 
ou uma bomba de sucção, aplicada ao terceiro 
frasco6. 
 
 
Realização de antissepsia 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Medida do comprimento do dreno que será 
inserido Anestesia local com lidocaína 1 ou 
2%. 
 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
 
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128 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Incisão de dois centímetros paralela ao arco 
costal. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
Abertura com pinça Kelly curva, de cerca de 
1,5 cm na pleura. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
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129 
 
Exploração anatômica digital. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
Introdução do dreno. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
Realiza-se ponto em “U” e posterior nó de 
bailarina para fixação do dreno 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
Raio X de tórax após drenagem para 
confirmação do dreno 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
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CONTRAINDICAÇÕES 
Não existem contraindicações para 
toracocentese de modo absoluto, porém 
algumas situações merecem cautela e análise, 
são essas as consideradas contra indicações 
relativas, visando considerar os benefícios 
frente aos riscos, devido a potenciais 
complicações que esse procedimento pode 
trazer. As alterações no coagulograma ou 
plaquetopenia, constituem a contraindicação 
principal de toracocentese, devido ao risco de 
sangramento2. 
 
QUADRO 5: CONTRA INDICAÇÕES RELATIVAS PARA 
TORACOCENTESE: 
Presença de lesões de pele: 
• Queimaduras por radioterapia. 
• Herpes zoster. 
• Piodermite. 
• Celulite. 
Disturbios de coagulação 
• Alteração no coagulograma. 
• Plaquetopenia. 
Volume de líquido mínimo. 
Alteração anatômicas da parede torácica. 
Disfunção renal grave. 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
 
COMPLICAÇÕES 
Algumas complicações podem ocorrer 
após a toracocentese, principalmente após 
drenagem de tórax. As complicações não são 
prevalentes, porém o conhecimento dessas se 
faz necessário, pois quando presentes levam 
ao aumento de morbidade, tempo e custo de 
internação hospitalar. No quadro 5, estão 
listadas algumas complicações relacionadas a 
toracocentese2. 
 
 
 
 
 
 
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QUADRO 6: COMPLICAÇÕES RELACIONADAS A DRENAGEM TORÁCICA 
Persistência do pneumotórax. 
Lesões do pulmão, fígado e baço. 
Dreno localizado fora da cavidade pleural. 
Hemorragia importante devido a lesões vasculares (Hemotórax) 
Lesões do diafragma e coração. 
Retenção de líquidos na cavidade pleural 
Persistência do pneumotórax. 
Tosse devido à distensão abrupta dos espaços aéreos 
Dor 
Desencadeamento do reflexo vago-vagal 
• Sudorese, desconforto geral, sensação de desmaio. 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
 
 
Algumas literaturas que trazem 
possíveis fatores de risco para o aparecimento 
de complicações, porém estas ainda não estão 
bem estabelecidas na literatura. São essas: 
falta de experiência do médico, uso de agulhas 
de grosso calibre, retirada de líquido pleural 
acima do recomendado, múltiplas perfurações 
com agulha na tentativa de encontrar o líquido 
pleural, presença de doença pulmonar 
obstrutiva crônica, toracocenteses repetidas e 
existência de loculações2. 
 
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132 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
1-Derrame Pleural – Estruturas anatômicas e 
sua função. Disponível em: 
 Acessado em: 01 
de novembro de 2020. 
 
 
2- SALES, Roberta; ONISHI, 
Roberto. Toracocentese e biópsia pleural. J. 
bras. pneumol. São Paulo, v. 32, supl. 4, 
pág. S170-S173, agosto de 2006. Disponível 
em: 
. 
 
 
3-Concelho regional de Enfermagem de São 
Paulo- Boas práticas para dreno de tórax. 
Disponível em: Acessado em: 01 de novembro de 
2020. 
 
 
4-MARQUES, Ruy Garcia. Técnica operatória 
e cirurgia experimental. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
5-Bragança, RD. PROCEM - Procedimentos 
médicos na emergência. 3a edição. Belo 
Horizonte. CUREM, 2019. 
 
 
6-GOFFI, Fabio Schmidt. Técnica cirúrgica: 
bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas 
da cirurgia. 4. ed. São Paulo: ATHENEU, 
2007. 
 
 
7- MANUAL MERCK ON-LINE (MSD). 
Disponível em: 
 Acesso em 01 de novembro 
de 2020. 
 
 
 
 
 
https://derramepleural.com/sistema-respiratorio-anatomia.html
https://derramepleural.com/sistema-respiratorio-anatomia.html
https://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/dreno-de-torax.pdf
https://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/dreno-de-torax.pdf
https://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/dreno-de-torax.pdf
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
133 
 
Cricotireidostomia e traqueostomia 
 
Orçal José Netto Martins Mariano 
Capítulo 
12 
Cricostomia e traqueostomia 
 
1. CRICOTIREOIDOSTOMIA 
 
Fonte: próprio autor 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. INTRODUÇÃO: 
A Cricotireoidostomia consiste na 
abertura da membrana cricotireoideana em 
sua linha média, comunicando-a com o meio 
externo, proporcionando ao paciente uma 
alternativa respiratória. É uma alternativa 
rápida e temporária, em emergências, de 
manutenção das vias aéreas. Deve ser 
substituída pela Traqueostomia dentro de 24h 
às 72h [1]. 
A membrana cricotireoidea fica localizada 
entre a cartilagem tireoide e cricóide, 
relativamente superficial e localizada na linha 
média, correspondente a região subglótica da 
laringe [3]. Está abaixo da pele, tecido celular 
subcutâneo, ligamento médio da membrana 
cricotireoidea, e a mucosa da laringe 
subglótica [2]. 
Pode ser feita por punção ou por 
dissecção aberta ou percutânea. As vantagens 
desta técnica, por comparação com a 
traqueostomia são a sua simplicidade, a 
rapidez e ausência de hemorragia relevante, e 
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134 
 
menos tempo de treino mínimo requerido, não 
sendo necessária a hiperextensão da cabeça 
em pacientes com possível lesão vertebral 
cervical [2]. 
A Cricotireoidostomia está indicada 
quando se verifica a incapacidade de 
Intubação Orotraqueal, no traumatismo facial 
grave, na hemorragia traqueobrônquica 
persistente, na distorção anatômica devido ao 
trauma no pescoço e, na incapacidade de 
visualização das cordas vocais, devido ao 
acúmulo de sangue e às secreções, ou por 
edema de via aérea. Ainda, em pacientes 
pediátricos menores de 10 anos, bem como 
em doenças preexistentes na laringe ou 
traqueia, como: tumores, infecções ou 
abscessos na área da incisão [1]. 
Contraindicações [2]: 
• Identificação impossível dos acidentes 
anatómicos de superfície (cartilagem tiroide, 
cricóide, membrana cricotiroideia). 
• Obstrução da via aérea distal à 
subglote. 
• Cancro laríngeo. 
• Coagulopatias (nas indicações não 
emergentes). 
A etapa principal do procedimento da 
Cricotireoidostomia cirúrgica consiste em fazer 
uma incisão transversa na pele sobre a 
membrana cricotireoidiana e aprofundar 
cuidadosamente a incisão até atingir a luz 
traqueal [1]. 
Por sua vez, a Cricotireoidostomia por 
punção ou percutânea consiste em um acesso 
rápido e emergencial das vias áreas, através 
da simples perfuração da membrana 
cricotireoidea, por um cateter agulhado de 
grosso calibre, comunicando a luz da via aérea 
com o meio externo [1]. 
A cricotireoidostomia pode ser 
classificada quanto ao atendimento, podendo 
ser pré-hospitalar ou hospitalar, e também 
pode ser classificada quanto a técnica [3]: 
Cirúrgica aberta 
Por punção 
Técnica de Seldinger 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
Dentre as complicações, pode-se 
apresentar de forma precoce e tardias [3]: 
PRECOCES TARDIAS 
Sangramento por 
tosse 
Estenose subglótica 
Obstrução por 
sangue e secreção 
Distúrbio de 
deglutição 
Infecção Granuloma com efeito 
de válvula 
Deslocamento do 
tubo com falso 
trajeto 
Fístula 
traqueoesofagica 
Enfisema 
subcutâneo 
Traqueomalácia 
Atelectasia por tubo 
inapropriado 
Aspiração 
Fonte: próprio autor, 2020. 
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135 
 
1.2. TÉCNICA CIRÚRGICA ABERTA 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020. 
Materiais
• Lâmina de bisturi;
• Pinça cirúrgica tipo Kelly ou Halsted (mosquito);
• Cânula de traqueostomia infantil ou tubo de pequeno calibre.
Localização 
topográfica
• Palpa-se a proeminência na cartilagem tireóide e desliza-se o
dedo para a sua borda inferior em direção à cartilagem cricóide,
ou seja, no sentido craniocaudal.
• Sente-se uma pequena depressão de consistência mais elástica
seguida de uma elevação de consistência óssea (cartilagem
cricóide). Ao nível dessa depressão é que se atinge a membrana
cricotireoidea.
Procedimento
I
•Paciente em decúbito dorsal com hiperextensão do pescoço;
•Anestésico local (xilocaína com vasoconstrictor), se o doente estiver
consciente;
•Fazer a incisão transversal na pele e subcutâneo sobre a membrana
cricotireoidea (2 a 3 cm);
•Fazer incisão na membrana cricotireoidea transversalmente após sua
identificação;
•Inserir uma pinça hemostática dentro da incisão e gira-la 90° para
abrir a via aérea;
Procedimento
II
• Inserir o tubo endotraqueal com balão, através da incisão
cricotireoidea, direcionando o tubo distalmente para dentro da
traqueia;
• Insuflar o balão e ventilar o paciente;
• Observar as insuflações pulmonares e auscultar o tórax para
verificar se a ventilação se faz adequadamente;
• Fixar o tubo endotraqueal ou de traqueostomia ao doente para
evitar deslocamentos.
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136 
 
 
Observações: 
• Toda cricotireoidostomia deve 
ser convertidaabordagem clínica com anamnese detalhada e 
exame físico completo e minucioso, exames 
pré-operatórios básicos se indicados e 
cuidados que antecedem a cirurgia. Os 
exames complementares, só deverão ser 
solicitados em algumas circunstâncias, 
baseados na idade do paciente, no tipo de ato 
cirúrgico e em alterações evidenciadas na 
história ou ao exame físico10. 
A anamnese deve ser o primeiro passo 
da abordagem pré-operatória. Em 
intervenções eletivas deve acontecer pelo 
menos uma semana antes, para o médico 
possa intervir em alguma condição clínica do 
paciente, se necessário. Já nas intervenções 
de urgência, a anamnese realizada com o 
próprio paciente ou com responsável pode 
trazer informações importantes que poderão 
influenciar. O exame físico é útil durante o 
processo de avaliação de risco perioperatório 
e não deve ser limitado ao sistema 
cardiovascular, sendo examinado todo o 
paciente de modo minucioso8. 
A estimativa do risco operatório se baseia 
no estado de saúde geral do paciente visando 
identificar possíveis anormalidades que 
possam aumentar o trauma ou complicações 
operatórias, a escala mais utilizada para ele 
fim é da Sociedade Americana de 
Anestesiologia (ASA), sendo risco I: paciente 
saudável e normal; Risco II: paciente com 
doença sistêmica leve a moderada; Risco III: 
paciente com doença sistêmica grave e 
limitação não incapacitante; Risco IV: paciente 
com doença sistêmica incapacitante; Risco V: 
paciente moribundo10. 
A avaliação nutricional é destinada a 
pacientes desnutridos, emagrecidos, cirurgia 
de obesidade mórbida, doenças consumptivas 
ou que afetem a capacidade de absorção do 
trato gastrintestinal, doentes com perdas por 
fístulas, vômitos, diarreias ou infecções. Esta 
avaliação inclui parâmetros antropométricos e 
laboratoriais, visando quantificar as reservas 
corpóreas10. 
Deve ainda ser orientar o paciente sobre 
restrição de dieta, medicamentos de uso 
habitual que devem ser suspendidos, 
tricotomia, preparo da pele com medidas de 
higiene. A depender do tipo de cirurgia podem 
ainda ser indicados uso de laxantes, 
cateterismo vesical, sedação e antibiótico 
profilaxia10. 
Abordagem pré-operatória pode ser 
realizada por sistemas em pacientes que 
possuem alterações destes. As doenças 
cardiovasculares são a principal causa de 
morte no mundo e sua contribuição para a 
mortalidade perioperatória em operações não 
cardíacas é significativa, justificando nesses 
casos avaliação cardiológica. A avaliação pré-
operatória da função pulmonar pode ser 
necessária para procedimentos cirúrgicos 
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11 
 
gerais ou torácicos. Pacientes com algum grau 
de disfunção renal, o que pode afetar a 
fisiologia de vários órgãos, possuem risco de 
morbidade adicional no período perioperatório. 
A disfunção hepática pode ser a consequência 
comum de muitas agressões ao fígado e em 
pacientes com disfunção hepática necessita de 
determinação cuidadosa do grau do dano 
funcional, assim como um esforço coordenado 
para evitar agressões adicionais no período 
perioperatório. Condições endócrinas como 
diabetes melito, hipertireoidismo ou 
hipotireoidismo, ou insuficiência adrenal, leva 
a um estresse físico adicional durante a 
cirurgia2. 
Sendo assim, a avaliação pré-operatória 
deve identificar o tipo e o grau da deficiência 
do paciente, para permitir um preparo pré-
operatório favorável e planejamento de 
possibilidades de tratamento, visando redução 
de morbimortalidade relacionado com o 
procedimento cirúrgico2. 
Além da abordagem visando reconhecer 
condições clínicas fisiológicas que podem 
comprometer o risco cirúrgico, o contato pré 
operatório da pessoa que será submetida a 
uma cirurgia com o médico também apresenta 
importância psicológica. Paciente submetidos 
a procedimentos cirúrgicos apresentam 
medos, ansiedades e dúvidas que podem ter 
repercussões no equilíbrio psicológico e logo 
influenciar no quadro cirúrgico. O contato com 
o profissional de saúde, sana dúvidas, diminui 
a insegurança e temores, e faz o paciente 
seguir confiante para realização do 
procedimento cirúrgico, justificando a 
necessidade desse contato prévio com o 
paciente visando também benefícios no que 
diz respeito ao psicossocial11. 
A preparação física e psicológica do 
paciente antes do ato cirúrgico mostra-se 
essencial. É nesse momento que médico 
garante a identificação e cuidados necessários 
de problemas em saúde e aborda aspectos 
psicológicos, como esclarecimento de dúvidas, 
medos e insegurança do cliente. Pacientes que 
estão fisicamente e psicologicamente 
preparados para a cirurgia tendem a ter melhor 
resultado cirúrgico e é esse momento que 
garante que o paciente esteja bem-preparado 
e pronto para se submeter ao procedimento12. 
 
 
 
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12 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
1. LEVIN, ASS. Quais os princípios gerais da 
profilaxia antibiótica antes de intervenção 
cirúrgica? Rev. Assoc. Med. 
Bras. Vol.48 no.4 são paulo oct./dec. 2002 
 
2. SABISTON. Tratado de cirurgia: a base 
biológica da prática cirúrgica moderna. 19.ed. 
Saunders. Elsevier, 2015. 
 
3. CROCO, EL; NAKAGAWA C. Uso de 
antibioticoprofilaxia em cirurgia. Rev. Fac. 
Ciênc.méd. Sorocaba, v. 10, n. 3, p. 30 - 37, 
2008. 
 
4. MAIA, AMS. Risco das infecções cirúrgicas 
segundo o potencial de contaminação das 
feridas operatórias. Faculdade de medicina da 
universidade federal de minas gerais, Belo 
orizonte, 2006. 
 
5. DIAS, MBS; CORRADI, MFB; JUNIOR, JM. 
Protocolo de antibioticoprofilaxia no paciente 
cirúrgico. Hospital Ciro Libanês, atualização 
de 2015. 
 
6. COMHUPES. Profilaxia antimicrobiana 
perioperatória. Complexo hospitalar 
universitário professor edgard santos. 
Diretrizes clínicas, agosto 2013/ 16. 
 
7. ANDRADE, NG. Classificação das 
cirurgias. Universidade estadual paulista, 
unesp, 2017. 
 
8. FEITOSA, et al. I diretriz de avaliação 
perioperatória. Arq. Bras. 
Cardiol. Vol.88 no.5 são paulo may 2007. 
 
9. FERNANDES, et al. Avaliação pré-
operatória e cuidados em cirurgia eletiva: 
recomendações baseadas em evidências. 
Rev. Amrigs ; 54(2): 240-258, abr.-jun. 2010. 
 
10. NETO, GPB; GONÇALVES, MDC. Pré e 
pós-operatório. Colégio brasileiro de 
cirurgiões; 2013. 
 
11. SOUZA LR, SOUZA MAG, PINTO AS et 
al. Os benefícios da visita pré-operatória de 
enfermagem para o cliente cirúrgico: revisão 
sistemática de literatura. Rev. De pesq.: 
cuidado é fundamental, online 2010. Abr/jun. 
2(2):797-806. 
 
12. SOARES, CR; SOUSA, L; CASTRO, TP. 
O papel do enfermeiro na humanização do 
paciente no período pré–operatório. Trabalho 
de conclusão de curso, Belém-Pa, 2016. 
 
 
http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev.%20AMRIGS
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13 
 
Divisão do centro cirúrgico, técnicas de 
antissepsia, assepsia, paramentação e 
colocação de campos 
 
Kamila Maciel Venâncio 
Capítulo 
2 
Divisão do centro cirúrgico, técnicas de antissepsia, assepsia, pamentação 
e colocação de campo
Divisão do centro cirúrgico: 
O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade 
hospitalar em que são executados 
“procedimentos anestésico-cirúrgicos, 
diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter 
eletivo quanto emergencial”. Ele é marcado por 
intervenções invasivas e de recursos materiais 
que possuem alta precisão e eficácia, 
precisandopara 
traqueostomia dentro de 24 a 72 
horas (risco de estenose 
subglótica) [4]; 
• Não deve ser feita em crianças 
menores que 10 anos [4]. 
TÉCNICA POR PUNÇÃO 
Observações: 
• Só deve ser utilizada quando não 
for possível a técnica aberta [5]; 
• Só se consegue oxigenação por 
um curto espaço de tempo [5]. 
 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
 
Materiais
• Cateter agulhado (jelco) de calibre número 12 ou 14, 8,5 cm;
• Seringa 5 a 10 mL;
• Cateter de oxigênio.
Procediment
o
I
• Colocar o paciente em decúbito dorsal com hiperextensão do pescoço;
• Colocar o paciente em decúbito dorsal com hiperextensão do pescoço;
• Palpar o espaço cricotireoidea para orientação;
• Preparar a área a ser puncionada;
Procediment
o
II
• Estabilizar a cartilagem com a mão não dominante (dedo polegar e médio, usando
o indicador para palpar a membrana cricotireoidea) e manter a estabilização;
• Puncionar a pele na linha média com a agulha conectada à seringa, diretamente
sobre a membrana, isto é, na linha média sagital.
• Direcionar a agulha em ângulo de 45° caudalmente, aplicando pressão negativa na
seringa;
Procediment
o
III
• Inserir cuidadosamente a agulha ao mesmo tempo em que se avança o cateter para
baixo, tomando cuidado para não perfurar a parede posterior da traqueia.
• Conectar o tubo de oxigênio no cateter e fixa-lo ao pescoço.
• Promover ventilação intermitente tampando o orifício do tubo de oxigênio com o
polegar por 1 segundo e destampando-o por 4 segundos (expiração passiva).
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137 
 
1.3. TÉCNICA DE SELDINGER 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
 
 
Material
• Seringa de 5 a 10 ml;
• Agulha de 18G com cateter;
• Fio guia;
• Bisturi;
• Cateter de via aérea com dilatador.
Procedinento
I
• Colocar o paciente em decúbito dorsal com hiperextensão do pescoço;
• Palpar o espaço cricotireoidea para orientação;
• Preparar a área a ser puncionada;
• Estabilizar a cartilagem com a mão não dominante (dedo polegar e 
médio, usando o indicador para palpar a membrana cricotireoidea) e 
manter a estabilização;
Procedimento
II
• Conectar agulha à seringa e puncionar a cerca de 45º caudalmente e na
linha média sobre a MCT exercendo uma pequena pressão negativa. A
aspiração repentina de ar indica localização da agulha no lúmen
traqueal;
• Remover seringa da agulha e inserção do fio guia através da agulha;
• Remoção da agulha deixando o fio guia em correta localização;
Procedimento
III
• Realização de uma pequena incisão com bisturi na área adjacente ao
fio guia;
• Introdução do cateter de via aérea com dilatador sobre o fio guia;
• Remoção do fio guia e dilatador em conjunto, deixando o cateter na
traqueia;
• Confirmação do correto posicionamento e fixação do tubo.
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138 
 
2. TRAQUEOSTOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020 
 
Fonte: próprio autor, 2020 
 
 
 
 
2.1. INTRODUÇÃO 
Conceitualmente, a traqueostomia refere-
se a um procedimento de acesso às vias 
aéreas com a colocação de prótese ventilatória 
(cânula) ou simplesmente uma cirurgia de 
abertura da traqueia que exterioriza a luz 
traqueal [6]. 
A comunicação da traqueia com o meio 
externo permite uma redução de 10 a 50% no 
espaço morto anatômico, o que reduz a 
resistência e aumenta a complacência 
pulmonar, favorecendo pacientes com reserva 
pulmonar reduzida. É uma medida 
extremamente necessária em muitos casos, 
além de ser uma via aérea mais segura, mais 
fácil de ser retirada e recolocada do que a 
cânula de intubação orotraqueal e não 
aumenta a incidência de pneumonias [7]. 
As desvantagens desse procedimento 
incluem o comprometimento do mecanismo de 
tosse e da umidificação do ar inspirado, o que 
reduz a limpeza broncopulmonar e a alteração 
da composição dos ases alveolares, devido à 
ausência do fechamento da glote e da pressão 
expiratória [7]. 
A traqueia é um tubo cartilaginoso e 
membranoso (posterior) em forma de “C”, que 
se estende da cartilagem cricóide (C6) até a 
bifurcação da traqueia (T5). Possui 16-22 
anéis com extensão de 10-12 cm. É 
vascularizada pelos ramos da tireóide superior 
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139 
 
e inferior (cervical) e ramos das artérias 
brônquicas (torácica) [3]. 
 
 
2.2. INDICAÇÕES 
 As principais indicações da traqueostomia são [8]: 
 
Obstrução de vias aéreas superiores 
Intubação orotraqueal prolongada (para reduzir risco de estenose subglótica) 
Edema devido a queimadura, infecção ou anafilaxia 
Tempo prévio ou complementar a outras cirurgias bucofaringolaringológicas 
Facilitar aspiração de secreções de vias respiratórias baixas 
Síndrome de apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) 
Reduzir o espaço morto durante a ventilação para facilitar desmame de ventilador 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
2.3. CONTRAINDICAÇÕES 
O estabelecimento de uma via aérea 
efetiva é essencial no suporte à vida, não 
existindo contraindicação absoluta. Uma 
contraindicação relativa é a presença de 
carcinoma laríngeo, em que a manipulação do 
tumor durante a traqueia pode levar a uma 
incidência aumentada de recorrência tumoral 
na região do estoma, optando-se então por 
uma cirurgia definitiva desde que o 
estabelecimento da neoplasia assim o permita. 
O mesmo princípio é adotado para 
papilomatose laríngea. A traqueostomia não 
está indicada para tratamento da aspiração, 
uma vez que esse procedimento causa 
alterações que aumentam o grau de aspiração 
[9]. 
 
 
2.4. CLASSIFICAÇÃO 
A traqueostomia pode ser quanto [10]: 
INDICAÇÃO TEMPO POSIÇÃO ALTURA 
Urgência/emergência Temporária Terminal Alta 
Eletiva Permanente Anterior Baixa 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
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140 
 
 TÉCNICA CIRÚRGICA 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
1°
• Paciente em decubito dorsal horizontal mais anestesia 
local com xilocaína 
2°
• Antissepsia mais campos.
3°
• Incisão longitudinal mais abertura por planos.
4°
• Indentificado segundo anel traqueal.
5°
• Incisão longitudinal em segundo anel traqueal.
6°
• Introduzido cânula de traqueostomia.
7°
• Retirada do guia da cânula de traqueostomia.
8°
• Fechamento por planos.
9°
• Sutura e curativo.
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141 
 
2.5. COMPLICAÇÕES 
Principais Imediatas (≤ 7 dias) Tardias (> 7 dias) 
Localização incorreta da 
cânula 
Oclusão da cânula com 
secreção espessa 
Tecido de granulação 
Lesão traqueal Saída da cânula Estenose traqueal 
Lesão esofágica Infecção no estoma Traqueomalácias 
Lesão do nervo laríngeo 
recorrente 
Enfisema subcutâneo Fístula traqueoesofagica 
Laceração da tireóide Broncoaspiração 
Parada cardiorrespiratória Alteração na deglutição 
Pneumomediastino 
Pneumotórax 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
 
Referências 
1. OURIQUES Fábio Luiz. Traqueostomia, 
cricotireoidostomia e intubação traqueal são 
atividades privativas do médico. Curitiba, 2016. 
 
2. FAGAN Johan. Cricotiroidotomia & 
cricotirotomia por punção. 2017. 
 
 
3. VAZ Gilberto Teixeira. Traqueostomia e 
Cricotireoidostomia. Santa Catarina, 2018. 
 
4. FREITAS Janice Lima de Oliveira. 
Cricotireoidostomia em unidade de terapia 
intensiva. Sergipe, 2020. 
 
 
5. TRIBUZI Anita Raquel Magalhães Melo. 
Cricotirotomia de emergência – Quando, como 
e porquê? Porto, 2018. 
 
6. MELO Renata Batista. Traqueostomia: 
Cuidados e Decanulação – Unidade de 
Reabilitação, Uberaba, 2018 – Versão 2.0. 20p. 
 
 
7. Bailey, B. J. et al, Head and Neck Surgery: 
Otolaryngology, 2ª ed., vol. 1, 1993,J. B. 
Lippincott Company. 
 
8. . Carron, J. D. et al, Pediatric Tracheotomy: 
Changing Indications and Outcomes, 
Laryngoscope 2000; 110:1099-1104. 
 
 
9. CURCIO André. Traqueostomias. ORL-
HCFNUSP, 2003. 
 
10. Goffi, P. S. et al, Técnica Cirúrgica – Bases 
Anatômicas, Fisiopatológicas e Técnicas da 
Cirurgia, 4ª ed, 2001, Editora Atheneu. 
 
 
11. SANTOS Paula Marsico e col. 
Traqueostomia. 
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142 
 
Gastrectomia 
 
GASTRECTOMIA 
NOMENCLATURA CIRÚRGICA 
Prefixos 
▪ Adeno: glândula 
▪ Angio: vaso 
▪ Enterro: intestino delgado 
▪ Gastro: estômago 
▪ Hepato: fígado 
▪ Láparo: abdome 
▪ Meningo: membrana 
▪ Retro: atrás/posterior 
▪ Trans: através 
 
Sulfixos 
▪ Ectomia: Retirada (remoção) total ou 
parcial de um órgão 
▪ Ostomia: nova abertura 
▪ Pexia: Fixação 
▪ Plastia: Alteração da forma e/ou função 
de um órgão 
▪ Rafia: Sutura 
▪ Scopia: Visualização de um órgão ou 
estrutura por meio de aparelhos 
▪ Tomia: Corte ou abertura 
 
Terminologias 
▪ Anastomose esôfago jejunal: 
realizado após a gastrectomia parcial para 
reconstituição do trânsito digestivo, onde há 
união do esôfago com o jejuno. Nela tem uma 
menor incidência de fístulas, mas sua técnica 
requer atenção ao procedimento decorrente do 
uso do grampeador, fragilidade do esôfago não 
desvascularização do órgão. 
▪ Anastomose esôfago-jejunal término 
lateral: técnica cirúrgica em que parte do 
intestino delgado é conectado ao esôfago após 
retirada total do estômago. 
▪ Anastomose gastrojejunal ou 
gastrojejunostomia: parte do estômago é 
anatomosado a uma porção do jejuno. 
▪ Anastomose latero lateral: é uma das 
anastomoses mais segura e com menos 
propensão a estreitamentos ou estenoses, 
sendo indicada nos casos de obstrução. 
▪ Anastomose termino lateral: ocorre a 
oclusão de um segmento do intestino, seguido 
da sutura do íleo em dois planos à parede 
lateral do cólon. 
Gastrectomia: Aspectos Gerais 
 
Mattheus Duarte da Veiga Jardim 
Capítulo 
13 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
143 
 
▪ Anastomose termino terminal: é uma 
das anastomoses mais simples para restituir o 
transito intestinal, nela há a sutura de duas 
bordas anti-mesentéricas de forma paralela, 
seguida da união dos dois cotos terminais por 
suturas que evertem suas bordas. 
▪ Anastomose: comunicação cirúrgica 
efetuada entre vasos sanguíneos ou entre 
duas vísceras ocas, por meio de duas partes 
do mesmo órgão; 
▪ Antrectomia: ressecção do antro 
pilórico. 
▪ Coto gástrico: porção residual da 
extração do estômago. 
▪ Deiscências da anastomose: é uma 
abertura de sutura, onde durante o 
procedimento cirúrgico ocorre a separação da 
camada de aponeurose. Podem resultar em 
comunicação com a pele, vagina e trato 
geniturinário masculino, além disso, o local de 
sua abertura pode ter resolução espontânea. 
▪ Enteroanastomose: criação cirúrgica 
de uma anastomose entre duas ansas 
intestinais. 
▪ Fístulas: condição originada por uma 
patologia ou técnica cirúrgica onde há uma 
conexão entre órgão ou entre um vaso 
sanguíneo com outra estrutura que não estão 
conectados de modo fisiológico, podendo dar 
passagem para conteúdo orgânico como fezes 
e urina. 
▪ Gastojejunostomia é a anastomose do 
jejuno ao estômago. É indicada para a 
ultrapassagem pilórica, quando há obstáculo 
ao esvaziamento gástrico (estenose pilórica 
benigna por úlcera, câncer iressecável do 
antro e canal pilórico) ou de tumores 
duodenais ou pancreáticos com obstrução da 
segunda porção. 
▪ Gastrectomia: refere-se a retirada total 
ou parcial do estômago. 
▪ Gastroenteroanastomoses: é a 
anastomose entre estômago e o intestino 
delgado realização por procedimento cirúrgico. 
▪ Gastroenterostomia: consiste em 
fazer comunicar o estômago com uma parte do 
intestino. 
▪ Gastroplastia: é o procedimento em 
que ocorre uma operação plástica no 
estômago, geralmente visando a redução do 
estômago. 
▪ Hemigastrectomia: ressecção de 
metade do estômago. 
▪ Jejunostomia: formação de uma 
abertura no jejuno e colocação de uma sonda 
através da parede abdominal, para desviar o 
trânsito intestinal. 
▪ Mobilização: libertação de um órgão ou 
de estrutura orgânica de suas aderências. 
▪ Neoestômago: sua formação se inicia 
com a dissecção da curvatura menor do 
estômago até a parede gástrica posterior 
seguido de seu grampeamento. Seu volume 
varia de 15 a 10 mililitros. 
▪ Vagotomia: secção do nervo vago. 
 
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144 
 
GASTRECTOMIA TOTAL 
Compreende como uma estratégia 
cirúrgica onde todo o estômago do paciente é 
retirado e o esôfago passa a ter conexão direta 
com o intestino, foi realizada pela primeira vez 
por Schlatter em Zurique na Suíça no ano 1897 
onde realizou a remoção completa do 
estômago com anastomose esôfago-jejunal 
término lateral. Com o passar dos anos essa 
técnica foi de difundido por todo o mundo e 
chegou em Brasil por volta da década de 40, 
mas o que todos os cirurgiões observaram é 
que esse procedimento tinha grandes 
complicações pós-operatórias com o 
desenvolvimento de fistulas, deiscências da 
anastomose o que levou a alta mortalidade e 
morbidade dos pacientes que se submetiam a 
esse procedimento a época. 
Diante disso começaram a surgir novos 
tipos de reconstrução e adaptações a essa 
técnica a fim de reduzir seus efeitos, bem 
como, assegurar uma melhor qualidade de 
vida ao paciente. Está indicada como conduta 
nos casos de neoplasias de estômago, linite 
plástica, câncer de coto gástrico e diátese 
ulcerosa intratável associada a tumores de 
células de ilhotas não beta do pâncreas. 
Uma das variações realizadas na 
gastrectomia total são as técnicas para 
anastomose jejunojejunal podendo ser 
efetuado em Y de Roux, técnica terminolateral 
ou laterolateral, porém, na anastomose 
esofagojejunal pode-se realizar uma 
comunicação com jejuno (neoestômago), 
abordados ainda nesse capítulo. 
Técnica cirúrgica 
1. Preparo pré-operatório do paciente com 
reposição de eletrólitos e fluidoterapia 
2. Disposição de sangue para possível 
transfusão 
3. Anestesia geral com intubação 
endotraqueal 
4. Posicionamento do paciente Tredelenburg 
moderadamente invertido 
5. Preparo da pele com tricotomia e uso de 
solução antisséptica habitual do centro 
cirúrgico 
6. Incisão mediana 
7. Inspeção e exploração geral da cavidade 
abdominal em busca de tumores e 
metástases 
8. Omento maior é rebatido para cima 
9. Examinação do mesocólon transverso 
10. Liberação do omento 
11. Afastamento do mesocólon para baixo 
12. Mobilização do estomago 
13. Buscar por sinais de tumores e caso 
estejam presentem efetua-se retirada 
completa 
14. Secção do duodeno em porção duodenal 
com uso de pinças retas atraumáticas e do 
lado gástrico uso de pinça Kocher ou 
secção com grampeador linear cortante ou 
não cortante 
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15. Coto duodenal deve ser ocluído com 
suturas em plano simples ou duplo 
16. Esôfago e o fundo gástrico são expostos e 
mobilizado medialmente 
17. Secção do ligamento suspensor avascular 
que sustenta o lobo esquerdo do fígado 
18. Dissecção romba do ligamento gastro-
hepático 
19. Secção do peritônio do esôfago 
20. Liberação digital da porção inferior 
21. Dissecção dos nervos vagos (romba e 
cortante) 
22. Liberação da curvatura maior do estômago 
até o esôfago 
23. Aspiração do conteúdo gástrico 
24. Secção do estômago 
25. Duodeno é seccionado em dois planos um 
de suturas interrompidas com fio de seda 3-
0 e outro de suturas em colchoeirocom fio 
de seda 3-0 
26. Fixação do esôfago do pilar diafragmático 
em ambos os lados (anterior e posterior) 
27. Mobilização de uma longa alça de jejuno 
suficiente para alcançar o esôfago 
28. Posicionamento da alça do jejuno a 
esquerda dos vasos cólicos médios 
29. Método para dar continuidade ao trânsito 
gastrintestinal a escolha do cirurgião 
 
GASTRECTOMIA PARCIAL OU 
SUBTOTAL 
Refere-se a retirada de parte do 
estômago (porção distal) seguido da 
anastomose com segmento do intestino 
delgado proximal com a porção restante do 
órgão gástrico. Sua denominação segue de 
acordo com a região retirada podendo ser 
gastrectomia proximal, gastrectomia em 
manga ou gastrectomia distal. Para efetuar a 
gastrectomia parcial podem ser realizados as 
técnicas de reconstrução variadas ficando a 
critério médico sua escolha como por exemplo 
Billroth I ou Billroth II e “Y de Youx” que serão 
abordados mais adiante. 
A indicação da gastrectomia subtotal 
são os casos de neoplasias malignas, úlceras 
gástricas persistentes e alguns casos de 
anemia perniciosa, sua utilização se dá pelo 
fato de ser um procedimento relativamente 
conservadora e com menor riscos pós-
operatórios quando comparado a gastrectomia 
total. 
 
Técnica cirúrgica 
1. Preparo pré-operatório com avaliação do 
estado nutricional e hidratação 
2. Normalizar o equilíbrio hidroeletrolítico 
quando necessário 
3. Anestesia geral com intubação orotraqueal 
4. Posição investida de Tredelenburg 
(decúbito dorsal com pés levemente em 
nível inferior a cabeça) 
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5. Preparo da pele com tricotomia e solução 
antisséptica de uso habitual 
6. Incisão mediana 
7. Focalizar no suprimento sanguíneo arterial 
do estômago e do duodeno pois esse atua 
como ponto de referência para estipular a 
ressecção gástrica. 
8. Remoção do omento maior 
9. Secção dos linfonodos subpilóricos 
10. Buscar ativamente por sinais de aderências 
e comprometimento tecidual dos vasos 
cólicos médios 
11. Mobilização do duodeno por manobra de 
Kocher 
12. Secção do ligamento hepatoduodenal 
13. Secção do duodeno 
14. Inversão do coto duodenal 
15. Uso do dreno de Penrose ou fita de gaze 
ao longo da curvatura maior de modo a 
garantir a tração 
16. Ligamento gastrocólico é seccionado 
próximos aos vasos omentais 
17. Estômago é afastado para cima 
18. Dissecção de vasos ao longo da curvatura 
maior - ressecção de 75 – 85% do 
estômago requer a retirada de vários vasos 
incluindo a artéria gastromental esquerda e 
artérias gástrica curta 
19. Secção da curvatura maior do estômago 
onde a artérias gastromental esquerda 
mais se aproxima da parede gástrico 
20. Curvatura menor é seccionada no ponto 
onde a terceira veia grande na parede 
gástrica anterior 
21. Realiza-se suturas de tração transfixantes 
na porção superior e inferior do duodeno 
adjacente ao suprimento sanguíneo retido 
22. Fechamento do coto duodenal - 
grampeador linear não cortante ou com uso 
de suturas em plano único ou duplo. 
23. Duodeno é seccionado 
24. O estômago é afastado e o coto duodenal 
posicionado lateralmente 
25. Preparo da curvatura menor próximo a 
região gastresofágica para ressecção 
gástrica 
26. Secção do ligamento gastro-hepático a 
nível do fígado até o esôfago 
27. Sutura de transfixação para aproximação 
da serosa da parede gástrica anterior com 
a posterior 
28. Mobilização de uma pequena bolsa 
gástrica 
29. Vagotomia 
30. Mobilização de uma pequena bolsa 
gástrica 
31. Estabilização da curvatura menor e maior 
com pinças de Allis e de Bacock 
32. Em seguida podem ser realizados vários 
métodos de reconstrução. 
 
HEMIGASTRECTOMIA BILLROTH I 
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É procedimentos realizados logo após a 
gastrectomia subtotal, foi uma técnica 
desenvolvida em meados de 1881 e indicada 
principalmente para o tratamento de úlcera 
gástricas, úlcera pré-pilóricas, neoplasias de 
antro e muito pouco utilizado para casos de 
úlcera duodenal. 
A Billroth I, é uma técnica cirúrgica onde 
ocorre a ressecção gástrica para dar 
continuidade ao sistema digestivo, por meio de 
uma anastomose com baixa tensão e 
mobilização total do estômago e duodeno. 
Além disso, a reconstrução de Billroth I permite 
uma maior preservação do estomago por meio 
da regulação do ácido estomacal através da 
realização da vagotomia e antrectomia, em 
paralelo há também, redução na velocidade o 
esvaziamento gástrico fato que reduz o 
desenvolvimento e úlceras logo após o 
procedimento. 
Técnica cirúrgica 
1. Preparo prévio do paciente com aquisição 
de informações correspondente de seu 
peso e hábitos alimentares 
2. Posicionamento do paciente em posição de 
Tredelenburg reversa 
3. Anestesia geral através de tubo 
endotraqueal 
4. Preparo habitual da pele com tricotomia e 
uso de soluções antissépticas 
5. Incisão mediana 
6. Mobilização da bolsa gástrica e do duodeno 
com utilização da manobra de Kocher 
7. Omento maior deve ser desligado do cólon 
transverso e das flexuras 
8. Secção dos nervos vagos e da porção 
superior do ligamento gastro-hepático 
9. Vagotomia troncular 
10. Dissecção da parede posterior do 
estômago e liberação da cápsula do 
pâncreas 
11. Retorno do cólon para a cavidade 
peritoneal 
12. Ligação dupla das artérias gástricas e 
gastromentais direita 
13. Secção do duodeno 
14. Escolha do ponto onde se dará as 
anastomoses, o qual será onde o vaso 
gastromental esquerdo está mais próximo 
da parede gástrica 
15. Secção do omento 
16. Demarcação dos locais proposto de 
anastomose por meio de suturas de tração 
17. Secção do estômago em sua porção média 
18. Fechamento dos ângulos 
19. Suturas para anastomose do estômago e 
duodeno 
20. Executa-se a aproximação da mucosa a 
parede do duodeno com uso de suturas de 
fio sintético absorvível de modo contínuo ou 
separada 
21. Vedação do ângulo da curvatura maior para 
obliterar o ângulo e retirar a tensão da 
anastomose 
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22. Busca por sangramento 
23. Irrigação com soro fisiológico 
24. Tubo nasogástrico para descompressão e 
alimentação posterior 
25. Incisão é fechada 
 
HEMIGASTRECTOMIA BILLROTH II 
A Billroth II é uma anastomose proximal 
com anastomose gastrojejunal utilizada 
quando não há possibilidade de anastomose 
do antro pilórico com o duodeno, ou seja, é 
uma anastomose latero-lateral do estômago 
com o duodeno (gastroduodenostomia) ou o 
jejuno (gastrojejunostomia) sendo essa ténica 
aplicada após uma gastrectomia parcial. 
 Durante a sua realização ocorre a 
resseção do estômago por meio da ligadura 
dos vasos gástricos esquerdo deixando o 
suprimento sanguíneos para a circulação 
gastresplênica. Mediante a isso, é necessário 
evidenciar que a ressecção gástrica à Billroth 
II é indicada para casos de neoplasias 
malignas de estomago ou casos de 
hipersecreção gástrica em pacientes com 
úlceras. Suas vantagens associam-se pelas 
altas ressecções, baixa índices de fistulas e 
maiores margens. 
Técnica cirúrgica 
1. Preparo pré-operatório do paciente com 
administração de antibioticoterapia 
2. Posicionamento em Tredelenburg invertido 
3. Anestesia geral endotraqueal 
4. Preparo da pele do paciente com tricotomia 
e uso de soluções antissépticas 
5. Incisão mediana superior 
6. Liberação do omento do cólon transverso e 
bordas superior e inferior do duodeno 
7. Mobilizar a ligadura da abertura duodenal 
com uso de grampeador linear (cortante ou 
não cortante) 
8. Aplicar a pinça de Kocher através da 
extremidade pilórica do estômago ou 
duodeno 
9. Liberação do tecido adiposo dacurvatura 
menor e maior 
10. Colocação do grampeador com 
afastamento do tubo nasogástrico 
11. Suturas adicionais para o controle de 
sangramentos caso necessário 
12. Suturas adicionais para o controle de 
sangramentos 
13. Jejuno é fixado por toda a parede posterior 
do estômago (anastomose de parede 
gástrica posterior). 
14. Efetua-se contra-aberturas com bisturi na 
extremidade da curvatura maior e 
extremidade da alça jejunal para permitir a 
passagem das laminas cortantes do 
grampeador linear, para determinar o 
tamanho da anastomose. 
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15. Retirada do grampeador 
16. Suturas adicionais para controle de 
sangramentos possíveis 
17. Contra-aberturas devem ser aproximadas 
pelo uso de suturas de tração ou uso de 
pinças de Allis 
18. Oclusão com uso de grampeador não 
cortante 
19. Avaliar a permeabilidade da boca 
anastomótica com palpação e introdução 
de tubo nasogástrico no jejuno distal para 
descompressão. 
20. Incisão é fechada 
 
RECONSTRUÇÃO EM Y DE ROUX 
Compreende um procedimento que se 
inicia com a divisão do estômago em duas 
porções por intermédio do grampeador, a 
primeira porção formada (porção inicial) 
recebe uma conexão direta com o intestino que 
previamente também já havia sido seccionado, 
após isso, a segunda porção ou porção 
terminal formada por estômago, duodeno e 
intestino delgado é ligado lateralmente ao 
intestino formando um aspecto de Y. 
Suas indicações são os casos de 
derivação da bile da saída gástrica seja por 
piloroplastia ou resseção gástrica ou pacientes 
com gastrite biliar persistente e grave, como 
também pode ser indicada nos casos 
diagnosticados de gastrite de refluxo pós-
operatório ou gastrites graves. Ademais seu 
objetivo é a derivação total do conteúdo 
duodenal da saída gástrica. 
Técnica cirúrgica 
1. Preparo adequado da paciente 
confirmação de gastrite de refluxo ou de 
gastrite grave 
2. Posicionamento em Tredelenburg invertido 
3. Tricotomia e preparo da pele com solução 
asséptica habitual 
4. Anestesia geral com intubação 
endotraqueal 
5. Incisão em linha mediana 
6. Inspeção e palpação delicada para buscar 
sinais de ulceração ou estenoso ou sinais 
de procedimento não fisiológico 
7. Mobilização de Kocher 
8. Rotação medial do duodeno não deixando 
que ocorra tensão 
9. Oclusão da extremidade do duodeno com 
fileira de suturas separadas com dupla 
fileira de grampos 
10. Cólon transverso e jejuno são rebatidos 
superiormente 
11. Liberação de aderências 
12. Ramo do jejuno é mobilizada e sua 
extremidade fechada com dupla camada 
de sutura. 
13. Efetua-se uma anastomose retrocólica, 
14. Extremidade da alça em Y de Roux é 
fechada em dois planos o primeiro em 
sutura continua e o segundo em suturas 
separadas de colchoeiro de inversão 
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15. Realiza-se uma anastomose terminal do 
estômago com lateral do jejuno, como 
também, uma anastomose jejunojejunal 
com pelo menos 40 cm de distância da 
anastomose gastrojejunal 
16. Introdução do tubo de Levin por entre a 
anastomose até o duodeno para 
descompressão do coto duodenal 
17. Fechamento da incisão de modo habitual 
 
 
 
Referências 
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Dia Mundial da Obesidade. Terça, 03 de março de 
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em:https://www.sbcbm.org.br/numero-de-
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pid=S0102-67202011000200007&lng=en. 
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[5] ROHDE, Luiz; OSVALDT, Alessandro Bersch. 
Rotinas em Cirurgia Digestiva. 3ª edição – Porto 
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[6] NORERO Enrique, VARGAS Catalina, 
ACHURRA Pablo, CERONI Marco, MEJIA Ricardo, 
MARTINEZ Cristian et al. Comparação Da 
Sobrevida E Morbidade Perioperatória Da 
Gastrectomia Totalmente Laparoscópica Vs. 
Laparotômica Para Tratamento Do Câncer 
Gástrico Precoce Em Um Centro Latino-
Americano. ABCD, arq. bras. cir. dig. [Internet]. 
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____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
151 
 
pid=S0102-67202011000300011&lng=en. 
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[8] ZEVE JLM, NOVAIS PO, JÚNIOR NO. Técnicas 
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[9] GODOY, ED; COELHO, D. Gastric sleeve 
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[11] DE ASSIS, CL; ARAÚJO, ACT. ALTERAÇÕES 
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http://www.computacao.unitri.edu.br/erac/index.ph
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[12] COSTA, D. Eficiência do acompanhamento 
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Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 7, n. 39, 
2013. Disponível em: 
http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/d
ownload/303/289. 
 
 
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152 
 
Gastroplastia – Cirurgia bariátrica 
 
Miguel Ângelo 
Capítulo 
14 
Gastroplastia – Cirurgia bariátrica 
 
Introdução 
A obesidade é uma enfermidade crônica 
caracterizada pelo acúmulo excessivo de 
gordura, causado pelo desequilíbrio entre o 
ganho e gasto calórico. É considerada como 
um dos problemas de saúde pública mais 
preocupantes do mundo moderno, em função 
da incidência e das complicações causadas, 
principalmente a hipertensão arterial sistêmica 
(HAS),diabetes melito tipo 2 (DM2), 
dislipidemias1. Além dessas, são descritos as 
doenças coronarianas, os acidentes 
vasculares cerebrais, as doenças 
degenerativas osteoarticulares, a colelitíase, a 
doença do refluxo gastroesofágico, 
insuficiência cardíaca, a insuficiência 
respiratória, doenças vasculares 
tromboembólicas e as afecções cutâneas2. 
A organização mundial de saúde (OMS) 
classifica a obesidade a partir do índice de 
massa corpórea (IMC), obtido através do 
cálculo de divisão do peso sobre altura ao 
quadrado. Quando o IMC ultrapassa 30Kg/m² 
considera-se obesidade. Quanto a gravidade, 
IMC entre 30 e 34,9Kg/m² é classificado como 
obesidade grau 1, entre 35 e 39,9kg/m² 
obesidade grau 2 e a última classificação seria 
obesidade grau 3, em que o IMC está acima de 
40kg/m². 
Lembrando que o diagnóstico de obesidade 
é mais complexo que somente números. 
Precisamos avaliar a composição corporal do 
paciente, através de outros testes, como o de 
bioimpedância elétrica, que é uma maneira 
eficiente e moderna, podendo dividir os pesos 
pelos diversos tecidos do corpo, além da 
densitometria por emissão de raios x de dupla 
energia – DEXA para determinação das 
massas magra, óssea e de gordura corporal. 
Outros métodos clínicos para avaliar a 
obesidade são a relação cintura/quadril, 
perímetro da cintura, diâmetro sagital 
abdominal. Porém é importante saber, que 
nosso sistema de saúde trabalha com 
números, que as vezes pode não ser ideal para 
indicar uma cirurgia ao paciente, mas para o 
convenio autorizar necessitas desses dados. 
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153 
 
A obesidade está relacionada a diversos 
fatores como os hábitos alimentares, 
sedentarismo, genética, medicamentos, entre 
outros. A partir disso, existem tratamentos para 
perda de peso, como a adoção de um estilo de 
vida mais saudável ingerindo menos calorias e 
aumentando a prática das atividades físicas, 
alguns medicamentos, e a cirurgia bariátrica. 
Cirurgia Bariátrica 
A cirurgia bariátrica é um recurso pensado 
para o paciente que não apresentou melhora 
no tratamento clínico, assim proporcionando 
uma melhora na comorbidades associadas e 
ainda redução nos índices de mortalidade. 
A cirurgia deve ser indicada para pacientes 
com IMC maior que 40Kg/m² sem sucesso no 
tratamento clínico por mais de 2 anos ou com 
IMC maior que 35 Kg/m² associado a 
comorbidades (quadro 1). 
Quadro 13,4,5,6 
Indicações para cirurgia bariátrica – faixa etária de 18 a 65 anos 
IMC > 40Kg/m² em pacientes que não apresentaram melhora no tratamento 
clínico por mais de 2 anos, independente da presença de comorbidades. 
IMC > 35Kg/m² em pacientes que apresentaram uma ou mais comorbidades 
(listadas no quadro 3 segundo o CFM) 
IMC > 30Kg/m² em pacientes que apresentam diabetes 
Fonte: Estruturado pelo autor. 
 
Para pacientes com mais de 65 anos deve 
realizar uma avaliação específica, como a 
presença de comorbidades, riscos cirúrgicos, 
benefícios da perda de peso, levando em conta 
as limitações da idade, como dismotilidade 
esofágica, osteoporose, sarcopenia, entre 
outros. 
Já aqueles que apresentem idade entre 16 
e 18 anos tem de respeitar as condições 
citadas (quadro 1), haver a concordância dos 
pais ou responsáveis legais e equipe 
multidisciplinar, além da consolidação das 
cartilagens das epífises dos punhos. 
Existem algumas contraindicações para 
realização da gastroplastia, como transtornos 
psiquiátricos, paciente com dependência a 
substâncias, principalmente o álcool (quadro 
2). 
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154 
 
Quadro 23,4,5,6 
Contraindicações cirurgia bariátrica 
Causas endócrinas: Síndrome de Cushing 
Dependência atual de álcool e drogas 
Doenças psiquiátricas graves sem controle 
Risco anestésico e cirúrgico inaceitável classificado como ASA-IV 
Paciente tem dificuldade em entender as orientações, possíveis riscos, e 
adesão ao novo estilo de vida 
Risco cardiovascular e pulmonar 
Fonte: Estruturado pelo autor. 
Quadro 316 
Comorbidades associadas a Obesidade 
Disfunções metabólicas: 
Diabetes 
Dislipidemias 
Disfunções cardiovasculares: 
Hipertensão arterial sistêmica 
Doença arterial coronariana 
Infarto do miocárdio 
Angina 
Insuficiência cardíaca congestiva 
Fibrilação atrial 
Cardiomiopatia dilatada 
Cor pulmonale 
Disfunções pulmonares: 
Asma grave não controlada 
Apneia obstrutiva do sono 
Síndrome de hipoventilação 
Disfunções do trato digestivo: 
Refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica 
Colecistopatia calculosa 
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155 
 
Pancreatites agudas de repetição 
Esteatose hepática 
Veias varicosas e doença hemorroidária 
Disfunções geniturinárias: 
Incontinência urinária de esforço na mulher 
Infertilidade masculina e feminina 
Disfunção erétil 
Disfunções ginecológicas: 
Síndrome dos ovários policísticos 
Disfunções cerebrais 
Acidente vascular cerebral 
Hipertensão intracraniana idiopática (pseudo tumor cerebri) 
Disfunções osteomusculares: 
Hérnias discais 
Osteoartrose 
Disfunções psicológicas: 
Estigmatização social 
Depressão 
Fonte: Estruturado pelo autor. 
 
A seleção dos pacientes requer um mínimo 
de 5 anos de evolução da obesidade. A 
avaliação do paciente no pré e pós operatório 
deverá ser feita por uma equipe 
multidisciplinar, que conta com nutricionista, 
psicólogo, psiquiatras, endocrinologista, 
cardiologista, cirurgiões. Além disso, é de 
suma importância a avaliação psicológica para 
seleção dos candidatos, além de uma 
avaliação clínica e laboratorial². 
Na avaliação pré-operatória do paciente, é 
imprescindível a realização de uma anamnese 
bem detalhada, coletando todas as 
informações importantes para realização da 
cirurgia. Além disso, devera sem feita uma 
avaliação laboratorial (hemograma, 
Coagulograma, T4, TSH, Fosfatase alcalina, 
Gama GT, eletrólitos, ureia, creatinina, 
hemoglobina glicada, transaminases) avalição 
cardíaca (Ecocardiograma), radiológica (raio-X 
de tórax, USG de abdome), entre outros 
(quadro 4). 
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156 
 
 Quadro 42,3,6 
Exames Pré-operatórios 
Avaliação laboratorial 
Hemograma 
Lipidograma 
T4 
TSH 
Ureia 
Creatinina 
Proteínas totais 
Transaminases 
BT e frações 
Fosfatase alcalina 
Gama GT 
Coagulograma 
Glicemia em jejum 
Vit. B12 
Ferro 
Ac. Fólico 
Vit. D 
Sorologia para Hep. B e C; HIV 
Avaliação cardíaca Eletrocardiograma 
Avaliação ultrassonográfica USG de Abdome 
Avaliação respiratória 
Raio-X de tórax 
Espirometria – Prova de função pulmonar 
Avaliação endoscópica 
Endoscopia digestiva alta – pesquisa de 
Helicobacter pylori 
Fonte: Estruturado pelo autor. 
 
C) Metabólica: 
A cirurgia bariátrica, com avanços dos 
estudos sobre seus efeitos a curto prazo para 
diminuição do peso e melhora de condições 
patológicas associadas, foi evidenciada a 
participação importante de hormônios, como a 
Grelina e incretinas, entre elas o GLP-1 e GIP. 
É devido à ação destes hormônios que a 
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157 
 
glicose oral tem efeito de estímulo maior na 
secreção de insulina do que a glicose 
administrada por via intravenosa, assim ficou 
conhecido o efeito incretínico, pela ação das 
incretinas na estimulação da secreção de 
insulina. 
O peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-
1) é produzido pelo gene proglucagon nas 
células L intestinais sendo distribuídas pela 
parte terminal do intestino delgado (jejuno e 
íleo) e colón. Tem papel importante na 
estimulação da secreçãode insulina, 
desacelera o esvaziamento gástrico, suprime a 
liberação de glucagon pelas células alfas do 
pâncreas, reduz a secreção acida gástrica, 
melhora a sensibilidade a insulina, reduz o 
consumo de alimentos e está associado a 
neogênese, hipertrofia e proliferação de 
células B pancreáticas. A principal forma de 
GLP-1 ativo, é degradado rapidamente pela 
enzima dipeptidil peptidase – IV (DPP-IV) na 
forma inativa17. 
O polipeptídio inibitório gástrico (GIP), 
também conhecido como polipeptídio trópico 
insulínico, clivado do seu peptídeo precursor, 
Pro-GIP, é produzido nas células K, na região 
proximal do intestino delgado (duodeno e 
jejuno). Também estimula a secreção de 
insulina, mas diferentemente da GLP-1 não 
suprime a redução de glucagon e nem reduz 
consumo alimentar17. 
A grelina é um hormônio polipeptídico 
produzido pelo estômago, que desempenha 
um papel importante no metabolismo 
energético, participando da regulação de 
ingestão alimentar, peso corporal e 
homeostase da glicose, além de ser um 
hormônio orexígeno e estimular a liberação do 
hormônio do crescimento (GH). A grelina está 
relacionada com outros hormônios, como a 
leptina e a insulina no controle alimentar. A 
concentração plasmática da grelina mantém-
se alta nos períodos de jejum e nos períodos 
que antecedem as refeições, caindo 
imediatamente após a alimentação, sugerindo 
um controle neural18. 
 
 
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158 
 
 
6. Técnicas cirúrgicas 
As técnicas da cirurgia bariátrica são divididas em 3 categorias: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Estruturado pelo autor. 
 
A) Técnicas restritivas: 
As cirurgias restritivas reduzem o espaço 
disponível no estomago, onde sua principal 
característica é a sensação de saciedade, 
associada as manifestações clínicas da 
ingesta de alimentos em excesso, resultando 
em dor, náuseas, vômitos. 
As técnicas mais comuns são: 
• Gastroplastia vertical com banda 
• Banda gástrica ajustável 
• Balão intragástrico 
• Gastrectomia vertical ou Manga 
Gástrica 
 
3.1.1 Balão intragástrico 
O balão intragástrico é uma técnica 
restritiva, inserido por via endoscópica. 
Consiste na redução do espaço disponível 
para o bolo alimentar no estômago colocando 
um balão de silicone resistente as secreções 
gástricas (Figura 1), provocando assim a 
saciedade precoce, com subsequente menor 
consumo alimentar2,5. 
É um procedimento temporário, usado 
como uma “ponte” para cirurgia, com a 
finalidade de condicionamento, disciplina, 
redução do peso e diminuição do risco 
cirúrgico. Após, o paciente deve ser submetido 
a intervenção cirúrgica definitiva. 
Técnicas 
restritivas 
- Gastroplastia vertical 
com banda; 
- Banda gástrica 
ajustável; 
- Balão intragástrico; 
- Gastrectomia vertical 
Técnicas 
mistas 
 
- Bypass gástrico em Y 
de Roux 
- Técnica de duodenal 
Switch 
- Técnica de Scopinaro 
Técnicas 
disabsortivas 
 
- Derivações 
jejunoileais; 
 
- Derivações 
jenunocólicas. 
 
 
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159 
 
Técnica endoscópica5,10: 
1. Tratamento é ambulatorial, o paciente 
após ser selecionado dentre os critérios 
para realização do procedimento, feito a 
sedação, inicia-se endoscopia para 
descartar doenças que contraindique a 
colocação do balão (hérnia hiatal 
volumosa, úlcera, gastrite intensa, 
esofagite intensa, neoplasia, entre 
outras). 
2. Após endoscopia, passa-se a sonda 
que leva o balão na sua extremidade 
distal. Passagem guiada pelo 
endoscópio, para posicionar 
adequadamente. 
3. Depois, o balão é enchido de solução 
aquosa com azul de metileno, volume 
varia de paciente, quanto ao tamanho 
do estomago e peso do paciente. 
4. Após preenchimento do balão, 
promove-se um vácuo por aspiração da 
seringa e desconecta-se a sonda do 
balão. 
5. Deve-se observar se há vazamento na 
válvula. 
 
Figura 1 – Desenho do estômago com o 
posicionamento do balão intragástrico. 
Fonte: Valentina Ruvieri Silveira 
 
A importância do enchimento do balão 
intragástrico com solução aquosa com azul de 
metileno, é a finalidade de alertar caso ocorra 
seu rompimento. Assim, após ruptura, a 
solução é absorvida e eliminada pela urina 
com a coloração azulada10. 
Deve ser retirado num período máximo de 
6 meses (existem atualmente alguns balões 
que podem permanecer por mais tempo, até 1 
ano, varia de acordo o fabricante). Deverá ser 
prescrito um inibidor de bomba de prótons por 
todo esse período de permanecia do balão2. 
Essa técnica tem como vantagem de ser um 
tratamento ambulatorial, baixo risco cirúrgico, 
método pré-operatório diminuindo riscos 
cirúrgicos de uma técnica definitiva5,10. 
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160 
 
Também é importante o conhecimento da 
técnica de retirada do balão. 
A presença do balão no estomago, causa 
aumento da pressão abdominal, nesse 
contexto irá piorar doenças pré-existentes ou 
causa-las, a exemplo da doença do refluxo 
gastresofágico (DRGE). 
As contraindicações dessa técnica incluem 
esofagite de refluxo, hérnias de hiato 
volumosas, neoplasia gástrica, uso de anti-
inflamatórios, anticoagulantes, álcool ou 
drogas, transtornos psiquiátricos, estenose ou 
divertículo de esôfago, varizes esofágicas e 
doença inflamatória intestinal2,3. 
Podem ocorrer algumas complicações 
devido à presença balão no interior do 
estomago, como aderências, passagem para 
duodeno, infecção, úlceras e erosões 
gástricas, ruptura do balão e obstrução 
intestinal por migração do balão. Outras 
desvantagens que essa técnica cursa com 
reganho de peso após sua retirada, se não for 
realizada outra técnica definitiva. Só pode 
permanecer com o balão por um período 
máximo de 6 meses, pois esse pode 
apresentar fissuras e consequentemente 
vazamentos, após esse tempo deve ser 
trocado2,10. 
3.1.2 Banda gástrica ajustável 
Banda gástrica ficou conhecida nos anos 
de 1980, por Kuzmak, onde a técnica consistia 
na colocação de uma banda gástrica não 
ajustável de silastic ao redor do estômago 
abaixo da junção esofagogástrica, para criar 
um reservatório gástrico2. Essa técnica de 
banda gástrica fixa por laparotomia, foi 
utilizada no passado e entrou em desuso, 
devido as complicações e por ser ineficaz. 
Assim surgiu com o tempo, a técnica de 
banda gástrica ajustável feita por laparoscopia, 
onde desenvolveu-se uma banda com porção 
ajustável, que permite alterar o diâmetro do 
orifício de saída do reservatório gástrico. 
A banda gástrica ajustável é uma prótese 
de silicone, colocada em torno do estomago 
proximal, com intuito de restringir o tamanho 
do estomago. A porção interna da banda 
consiste num balão inflável, e este se 
comunica com um reservatório implantado no 
subcutâneo. Este reservatório pode ser 
acessado por meio de uma punção com 
agulha, onde pode ser feito a adição ou 
remoção de uma solução salina (soro 
fisiológico ou água destilada), para que ocorra 
a insuflação e desinsuflação do balão, 
permitindo o controle do diâmetro, assim 
calibrando a restrição a passagem de 
alimentos2,5. 
 
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161 
 
A técnica laparoscópica11: 
1. Inicia-se pela introdução de uma agulha 
de veress, após incisão no quadrante 
superior direito para realização do 
pneumoperitônio. 
2. Retira-se a agulha e introduz um acesso 
para posteriormente um laparoscópico, 
onde visualizará a cavidade abdominal 
3. Outros acessos são colocados, 
supraumbilical, nos quadrantes 
superiores direito e esquerdo e um 
acesso subcostal para introduzir a 
banda gástrica 
4. Apósexposição da junção 
esofagogástrica, faz uma dissecção 
para criar um túnel superiormente a 
artéria gástrica, para evitar 
deslizamento do aparelho 
5. Retira-se o tubo orogástrico e é 
colocado um balão de calibração que é 
insuflado 
6. Coloca-se a banda gástrica na porção 
alta do estomago obliquamente 
envolvendo de um lado a curvatura 
menor do estomago e do outro lado o 
ângulo de His, colocando-a abaixo do 
balão intragástrico 
7. Balão é desinflado, a banda é fixada 
próximo e depois é retirado o balão. 
8. Um reservatório é fixado no subcutâneo 
para ajuste do diâmetro da banda. 
9. O abdome é desinsuflado, retirados os 
acessos as incisões são suturadas. 
As vantagens da técnica da banda gástrica 
ajustável são a característica de ser pouco 
invasivo, baixa taxa de mortalidade, não há 
secção nem sutura do estomago, reversível, 
tempo de internação curto, boa recuperação, 
além de evitar problemas como anemia, 
dumping e deficiências vitamínicas e 
minerais3,4. 
Já as desvantagens incluem perda de peso 
inesperado a longo prazo, dependem da 
cooperação do paciente em seguir a 
orientações, complicações esofágicas 
(megaesôfago, esofagite e dismotilidade) e 
risco de migração da banda para o estomago 
por perfuração da víscera3,4. Além dessas, 
acredita-se que os pacientes aprendem a inflar 
e desinflar a banda quando querem, 
comprometendo o objetivo da técnica. 
3.1.3 Gastrectomia Vertical 
A gastrectomia vertical (ou em manga, 
sleeve), consiste numa técnica restritiva onde 
é realizado uma ressecção que se estende 
pela curvatura maior desde o ângulo de His no 
estomago proximal até o antro, de forma a criar 
um condutor tubular gástrico (figura 2). Essa 
técnica seria o primeiro passo da cirurgia 
bariátrica mista2,8. 
Com uma análise feita a partir de pacientes 
que realizaram a técnica mista (duodenal 
Switch) em dois tempos indicada para 
pacientes extremamente obesos e pela 
dificuldade da cirurgia, verificou-se que a 
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162 
 
gastrectomia vertical realizada primeiramente 
seria suficiente em alguns pacientes para 
obtenção de resultados, sem necessidade de 
continuar o segundo passo (Bypass 
biliopancreática) fazendo com quer essa 
técnica fosse implantada de forma isolada5. 
Uma característica importante dessa 
técnica, é uma redução nos níveis séricos de 
Grelina. Hormônio que é produzido no fundo 
gástrico, região que é seccionada nessa 
cirurgia. A Grelina é secretada em jejum, e tem 
papel de estimular o apetite. A redução da 
produção desse hormônio resultaria na 
diminuição da estimulação do apetite5. 
Técnica laparoscópica9,11: 
1. Realização primeiramente do 
pneumoperitônio através de uma punção 
com agulha de Veress no hipocôndrio 
esquerdo. 
2. Posicionamentos dos trocárteres: Primeiro 
(10mm) posicionado a 3cm a esquerda da 
linha media xifoumbilical, na junção dos 
dois terços superiores com o terço inferior. 
Segundo (5mm) abaixo do processo 
xifoide, utilizado para afastamento do 
fígado. Terceiro (12mm) colocado na linha 
hemiclavicular direita alinhado ao primeiro 
trocarter. Quarto (12mm) na Linha 
hemiclavicular esquerda abaixo do rebordo 
costal. O quinto e último (5mm), na linha 
axilar anterior esquerda próximo ao 
rebordo costal. 
3. É feita a dissecção e liberação das 
aderências da curvatura maior do 
estomago e ligadura de vasos, desde 5cm 
de distância do piloro até o ângulo de His 
e pilar diafragmático esquerdo. 
Primeiramente em sentido proximal, até a 
junção esofagogástrica, e depois em 
sentido distal até o antro (há 5cm do 
piloro). 
4. Inicia-se o grampeamento onde são 
realizados disparos sequenciais para 
seccionar o estomago. Primeiramente 
distal do antro em direção proximal, no 
último disparo manter em torno de 0,5 a 0,8 
cm de estomago junto a junção 
esôfagogástrica a fim de o grampeamento 
do esôfago abdominal. Deve se atentar ao 
posicionamento do grampeador para 
construir um tubo gástrico simétrico 
5. Após é realizada a sutura continua com fio 
absorvível 
6. A parte do estomago seccionado é retirado 
7. Realiza o teste de vazamento da linha do 
grampeador 
8. Trocárteres são retirados, e a pele é 
suturada. 
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163 
 
 
 
 
Figura 2 – Gastrectomia vertical. A) Estomago. 
B) Região que será seccionada. C) Novo 
estômago. 
Fonte: Valentina Ruvieri Silveira 
 
As vantagens dessa técnica incluem, a 
não retirada de porção do duodeno, 
preservando a absorção de nutrientes; pode 
ser posteriormente transformada em outra 
técnica (duodenal switch) em caso de 
insucesso da mesma. Há preservação do 
piloro, menor risco de dumping; manutenção 
de acesso endoscópico ao tubo digestivo; 
Menor tempo de cirurgia, técnica mais simples, 
com menor risco pós-cirúrgico3,8. 
Entre as desvantagens estão o fato de 
ser irreversível; o aparecimento de doença do 
refluxo gastroesofágica, ou seu agravamento; 
estenose do tubo gástrico; fistulas gástricas 
(junto ao ângulo de Hiss)3,8. 
3.1.4 Gastroplastia vertical com banda 
Técnica descrita em 1982 por Mason, é 
um procedimento puramente restritivo, que 
limita a quantidade de alimentos que o 
paciente pode comer, sem alterar o processo 
digestivo. Nessa cirurgia é criado um 
reservatório gástrico (15 a 20ml) localizado na 
região da cárdia, em que a saída é regulada 
por uma banda de prolipropileno, com o 
objetivo de evitar o alargamento e dilatação da 
cavidade2,3. Técnica hoje que entrou em 
desuso. 
As vantagens principais, são o fato de ser 
uma técnica simples, coma baixas taxas de 
complicações. Reduz em até 30% do peso 
inicial nos primeiros anos. Atraso no 
esvaziamento gástrico, consequentemente o 
paciente tem uma sensação de plenitude 
gástrica. Entre as desvantagens estão a 
redução em até 20% da perda de peso em 10 
anos, devido a mudança do hábito alimentar 
pelos pacientes, optando preferencialmente 
por ingesta liquida hipercalórica que 
apresentam passagem rápida pelo estomago. 
Menor perda de peso comparada as outras 
técnicas. Além do Risco de ruptura da banda e 
da fila de grampos. 
B) Técnicas disabsortivas 
Foram as primeiras técnicas descritas na 
história da cirurgia bariátrica, como tratamento 
de obesidade. Os primeiros cirurgiões a 
praticarem esse método foram Kremen, 
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164 
 
Henriksson e Varco, na década de 1950. A 
primeira publicação foi em 1954, por Kremen, 
Linner e Nelson. 
Esse método consiste na criação de uma 
derivação intestinal que proporciona 
importante redução da área absortiva, dentre 
elas estão as derivações jejunoileais e 
jenunocólicas. 
As consequências, que fizeram entra em 
desuso atualmente, são a carência importante 
de vitaminas, sais minerais, levando a longo 
prazo severas sequelas metabólicas e 
nutricionais, além de várias outras 
complicações. 
 
3.3 Técnicas mistas 
Concite na associação da restrição e 
disabsorção de nutrientes em maior ou menor 
grau pelo intestino, dependo da técnica 
empregada e da extensão do intestino delgado 
excluído do trânsito alimentar, levando a perda 
de peso significativa para o tratamento da 
obesidade mórbida³. 
Como ocorre a associação das duas, 
existem a técnica com maior predomínio 
restritivo (bypass gástrico em Y de Roux) e 
com maior teor disabsortivo (derivação 
biliopancreática com gastrectomia distal – 
Cirurgia de Scopinaro e derivação 
biliopancreática com gastrectomia vertical e 
preservação do piloro – Duodenal Switch. 
As técnicas que serão descritas: 
• Bypass gástrico em Y de Roux – 
Cirurgia de Fobi-Capella 
• Derivação biliopancreática – técnica 
de duodenal Switch• Derivação biliopancreática – Técnica 
de Scopinaro 
 
3.3.1 Bypass gástrico em Y de Roux – 
Cirurgia de Fobi-Capella 
Conhecida como a técnica mais realizada 
no mundo, compreendendo cerca de 75% das 
gastroplastias realizadas no brasil. Pode ser 
realizada por 2 métodos, convencional e 
laparoscópica, sendo a última mais vantajosa, 
com menor índice de hérnia incisional 
comparada a outra2,7. 
Técnica consiste na construção de um 
pequeno reservatório gástrico, com grampos, 
onde é anastomosado com jejuno, que foi 
seccionado a uma distância do ângulo de 
Treitz. O restante do estomago (fundo, corpo e 
parte pilórica), mais o duodeno e parte 
proximal do jejuno não são removidos, e por 
fim é feita um enteroenteroanastomose há 120 
a 150cm do reservatório gástrico2,5 (Figura 3). 
O método que será descrito, é a laparoscópica.
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165 
 
Técnica laparoscópica11,12,13: 
1. Depois de todo preparo pré-
operatório, paciente é transferido para centro 
cirúrgico, e colocado posição decúbito dorsal, 
e fixado cuidadosamente a mesa cirúrgica. A 
operação é realizada sobre sedação e 
intubação orotraqueal 
2. Inicia-se por meio da realização 
do pneumoperitônio, pela inserção de uma 
agulha de Veress, insuflando até 15mmHg. 
Após são colocados os trocárteres, 5 no total, 
que variam de 5mm, 10mm e 12mm 
3. Paciente é colocado na posição 
invertida de Trendelenburg, o fígado é retraído 
com afastador e é realizada dissecção da 
junção esofagogástrica, posteriormente é feita 
da curvatura menor. 
4. Confecção da bolsa gástrica, 
após uma gastrectomia distal a junção 
esofagogástrica (cerca de 5cm abaixo), assim 
um grampeador linear com carga azul é 
utilizado para criação de uma câmara gástrica 
de 30ml. A porção restante do estomago está 
separa dessa bolsa, mas não é removida. 
5. Após ser feita a confecção da 
bolsa gástrica, deve ser localizada a junção 
duodenojenunal (ângulo de Treitz), onde o 
jejuno é seccionado há 30 a 50cm desse 
ângulo. Uma pequena dissecção do 
mesentério do intestino delgado executada a 
fim de proporcionar um maior comprimento da 
alça. 
6. Uma gastrojenunoanastomose é 
feita com grampeador. 
7. Esse ramo anastomosado é 
medido sua extensão em 120cm a partir da 
anastomose gastrojenunal, para que se tome a 
referência do local do próximo passo 
8. Uma enteroenteroanastomose 
laterolateral é executada nesse ponto, com a 
outra alça seccionada anteriormente, 
compreendendo parte do estomago (fundo, 
corpo, parte pilórica) duodeno e parte do 
jejuno). 
9. A integridade da anastomose é 
testada com azul de metileno. 
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166 
 
Figura 3 – Bypass gástrico em Y de Roux. Fonte: Valentina Ruvieri Silveira 
 
Técnica mais utilizada do mundo devido 
ao fato da boa resposta clínica, onde o 
paciente perde de 70 a 80% do seu peso inicial 
e de forma duradoura. Proporciona ao paciente 
uma melhor nas patologias associadas. As 
principais complicações dessa técnica são 
fistulas, hérnias internas e estenose, carência 
nutricionais.2,3,7. 
Paciente também poderá desenvolver a 
síndrome de dumping estimada em 50% dos 
pacientes submetidos a essa técnica. 
Patogênese está relacionada a ablação ou 
destruição do piloro. A crise aparece enquanto 
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o paciente se alimenta ou dentre os 30 
primeiros minutos. Inicia-se com sensação de 
plenitude, acompanhada de calor e 
transpiração. Outros sintomas incluem astenia, 
mal-estar, hipotensão, náuseas, dor 
abdominal, diarreia, vômitos, vertigem, 
desmaio14. 
 
3.3.2 Derivação biliopancreática com 
gastrectomia distal e preservação 
pilórica – técnica de duodenal Switch 
A derivação biliopancreática com 
gastrectomia distal e preservação pilórica, é 
uma derivação da técnica de Scopinaro, 
primeiramente descrita DeMeester para 
tratamento de do refluxo duodenogástrico, e 
posteriormente adaptado por Douglas Hess 
em 198615. 
Difere da técnica de Scopinaro, por 
executar uma gastrectomia vertical com 
preservação do piloro, após é feita uma 
anastomose duodenoileal próximo a válvula 
ileocecal, além de uma anastomose ileoileal, 
próximo também da mesma válvula, formando 
assim uma alça como comum que irá 
desembocar no ceco5 (figura 4.A). 
Esse método cirúrgico tem como 
vantagens a restrição alimentar pela 
diminuição do volume gástrico e manutenção 
do piloro (menor risco de desenvolver 
dumping), Inibição da grelina (importante 
hormônio que quando aumentado, desperta a 
sensação de fome), grande eficácia em 
relação a perda de peso e reservatório gástrico 
acessível a métodos de investigação 
endoscópica. As principais desvantagens 
então por conta das complicações nutricionais 
e metabólicas pela diminuição do poder de 
absorção de alguns nutrientes, como vitamina 
B12, cálcio e ferro. Além aumento de quadro 
de diarreias e flatulência fétida3,15. 
 
Técnica Laparoscópica15,5: 
1. Primeiramente realizada uma 
gastrectomia vertical, técnica descrita 
anteriormente no tópico de técnicas 
restritivas. 
2. Feita a gastrectomia vertical, inicia-se a 
liberação da primeira porção do 
duodeno até o nível da artéria 
gastroduodenal; 
3. Depois é realizada a secção do 
duodeno com grampeador linear; 
4. O intestino deve ser medido, para o 
tamanho correto das alças. A operação 
consiste em 3 alças (alça alimentar, 
biliopancreática e a junção das duas 
formando a alça comum). A medição 
deve ser a partir do Ceco, seguindo 
cranialmente, e a alça deve estar 
totalmente esticada. Define-se o 
comprimento da alça comum (cerca de 
50 a 100cm) onde será realizada a 
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168 
 
enteroanastomose com uma marcação 
(ponto ou grampo), e segue medindo 
nesse sentindo cranial, para definir o 
comprimento da alça alimentar (que 
deverá medir cerca de 150 a 200cm, 
ficando a uma distância média de 250 
cm da válvula ileocecal); 
5. Definido o comprimento da alça 
alimentar, realiza-se uma secção ileal 
utilizando uma carga de grampos 
2,5mm (carga branca). Forma-se duas 
extremidades do íleo, uma distal que 
será anastomosada no duodeno, e uma 
extremidade próxima que também será 
anastomosada, só que essa no íleo; 
6. O meso-íleo é seccionado até sua base 
permitindo maior mobilização da 
extremidade distal; 
7. Depois é feita uma 
duodenoileoanastomose com a 
extremidade distal da alça intestinal ileal 
seccionada. A anastomose é feita com 
uso de grampeadores. Lembrando da 
importância do fechamento das 
aberturas mesentéricas criadas. Sutura 
deve ser feita com fios inabsorvíveis. 
8. Uma anastomose ileoileal é realizada 
há 50 a 100cm da válvula ileocecal com 
a extremidade proximal do íleo 
seccionado, formando a alça 
biliopancreática. 
9. Por fim, poderá ser testado a segurança 
das anastomoses com uma solução 
azul de metileno. 
 
1.3.3 Derivação biliopancreática com 
gastrectomia horizontal – 
Técnica de Scopinaro 
A derivação biliopancreática com 
gastrectomia horizontal, foi descrita na 
literatura pela primeira vez por Nicola 
Scopinaro em 1976, que ficou conhecida no 
mundo pelo seu nome. É um procedimento 
misto, com maior teor absortivo. 
Consiste numa gastrectomia horizontal 
(distal), deixando um reservatório gástrico 
proximal com cerca de 200mL. Após o intestino 
delgado é seccionado 250cm da válvula 
ileocecal. Então realiza um 
gastroenteroanastomose e uma anastomose 
ileoileal a 50 cm da mesma válvula. Forma-se 
então uma alça alimentar (200cm de 
comprimento), alça comum (50cm de 
comprimento) e por fim uma alçabiliopancreática (todo restante do intestino 
delgado) (figura 4.B). 
A perda de peso dessa técnica chega a 
80% do peso inicial, apresenta manutenção da 
perda a longo prazo, também ocorre uma 
menor restrição da ingesta alimentar. Outro 
benéfico da técnica é a resolução de doenças 
relacionadas a obesidade (Diabetes mellitus 
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169 
 
tipo 2, Hipercolesterolemia). No entanto, ela a 
derivação biliopancreática com gastrectomia 
horizontal é a mais complexa das técnicas e 
induz maior grau de disabsorção. Apresenta 
maior risco de desnutrição proteica, anemia 
ferropriva, e deficiências de cálcio, zinco e 
ácidos graxos essenciais e vitaminas 
lipossolúveis. O excesso de alimento gera uma 
porção não absorvida é eliminado nas fezes e 
a ingestão de gorduras gera esteatorréia. Além 
disso, apresentam flatulências com odor 
pútrido, pode ocorrer infecções na alça 
biliopancreática, cólicas, desenvolver a 
síndrome de dumping, com diarreia e náuseas 
pós prandiais2,4,5,15. 
 
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170 
 
 
Figura 4 – Comparação das técnicas biliopancreática. A) Técnica duodenal Switch – Consiste 
numa gastrectomia vertical + Anastomose duodenoileal + Anastomose ileoileal B) Técnica de 
Scopinaro – Gastrectomia horizontal + Gastroenteroanastomose + Anastomose ileoileal. 
Fonte: Valentina Ruvieri Silveira 
 
2. Pós-cirúrgico 
Após a realização da cirurgia bariátrica, 
independente da técnica escolhida, deve-se 
ser feito um bom acompanhamento, com 
consultas periódicas, assistência nutricional e 
exames de rotina. 
A dieta pós-operatório, é de grande valor, e 
os pacientes deve estar ciente da necessidade 
de seguir rigorosamente as recomendações 
nutricionais. Deve-se iniciar com uma dieta 
liquida restrita (chá, suco, água de coco) pelos 
primeiros sete dias, passando pra dieta liquida 
completa (liquidificar a sopa), depois liquida 
pastosa (sopa com pedaços, caldo de feijão), 
posteriormente pastosa (purês, frutas 
amassadas), branda e por último geral após 60 
dias. Enfatizar a necessidade da prática de 
exercícios físicos aumenta o emagrecimento e 
mantem o peso perdido2. 
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171 
 
Exames de rotina deverão ser realizados 
para acompanhar e evolução do paciente, 
entre eles estão um hemograma, glicemia de 
jejum, TGO, TGO, perfil lipídico, proteínas 
totais, Fe, ferritina, transferrina, ácido fólico, 
vitamina B12, PTH, cálcio sérico, dosagem de 
fosforo, vitamina D, zinco, magnésio. Podem 
ser feiras também endoscopia digestiva alta, 
USG de abdome total e densitometria óssea. A 
necessidade de determinados exames e a 
frequência irá depender da cirurgia realizada 
pelo paciente4. 
Alguns pacientes são submetidos a 
realizarem cirurgias reparadoras, pela questão 
da estética associada a pesa de peso intensa. 
Alguns exemplos são abdominoplastias, 
mamoplastia, dermolipectomia braquial e 
crural2. 
Outra necessidade, será a suplementação 
de polivitamínicos, dependo da cirurgia feita. 
Os principais geralmente usados são ferro, 
ácido fólico, vitamina (A, B12, D e E), e cálcio5. 
 
4.1 Vantagens e desvantagens das técnicas de cirurgia bariátrica 
Quadro1,2,3,5 
Técnicas cirurgia 
bariátrica 
Vantagens Desvantagens 
Restritivas 
Balão intragástrico 
- Tratamento 
ambulatorial; 
- Técnica simples, via 
endoscópica; 
- Baixo risco cirúrgico; 
- Método pré-operatório 
diminuindo riscos 
cirúrgicos de uma técnica 
definitiva. 
 
- Complicações (aderências, 
passagem para duodeno, 
infecção, ulceras e erosões 
gástricas, ruptura do balão e 
obstrução intestinal por 
migração do balão) 
- Cursa com reganho de peso 
após sua retirada, se não for 
realizada outra técnica 
definitiva. 
- Só pode permanecer por 
um período médio de 6 
meses; 
- Pode apresentar fissuras e 
consequentemente 
vazamentos. 
 
Gastrectomia vertical 
- Menor tempo de 
cirurgia, técnica mais 
- Método irreversível; 
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172 
 
simples, com menor risco 
pós-cirúrgico. 
- Não retirada de porção 
do duodeno, preservando 
a absorção de nutrientes; 
- Pode ser 
posteriormente 
transformada em outra 
técnica (duodenal switch) 
em caso de insucesso da 
mesma; 
- Há preservação do 
piloro, menor risco de 
dumping; Manutenção de 
acesso endoscópico ao 
tubo digestivo; 
 
- O aparecimento de doença 
do refluxo gastroesofágica, 
ou seu agravamento; 
- Estenose do tubo gástrico; 
fistulas gástricas (junto ao 
ângulo de Hiss); 
 
Gastroplastia vertical 
com banda 
- Técnica simples, coma 
baixas taxas de 
complicações; 
- Reduz em até 30% do 
peso inicial nos primeiros 
anos; 
- Atraso no esvaziamento 
gástrico (sensação de 
plenitude gástrica) 
- Redução em até 20% da 
perda de peso em 10 anos; 
- Mudança do hábito 
alimentar pelos pacientes 
(aumentando ingesta liquida 
hipercalórica) 
- Menor perda de peso 
comparada as outras 
técnicas. 
- Além do Risco de ruptura 
da banda e da fila de 
grampos. 
 
Banda gástrica 
ajustável 
- Modalidade pouco 
invasiva; 
- Baixa taxa de 
mortalidade; 
- Baixo tempo de 
internação; 
- Não há secção nem 
sutura do estomago; 
- Reversível; 
- Boa recuperação, 
- Evita problemas como 
anemia, dumping e 
deficiências vitamínicas e 
minerais. 
 
- Perda de peso inesperado a 
longo prazo; 
- Pacientes aprendem a inflar 
e desinflar a banda quando 
querem. 
- Complicações esofágicas 
(megaesôfago, esofagite e 
dismotilidade) 
- Risco de migração ou 
deslocamento da banda para 
o estomago em até 10% 
doas casos. 
 
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173 
 
Mistas 
Bypass gástrico em Y 
de Roux – Cirurgia de 
Fobi-Capella 
- Boa resposta clínica, 
paciente perde de 70 a 
80% do seu peso inicial e 
de forma duradoura. 
- Proporciona ao paciente 
uma melhora nas 
patologias associadas. 
- Redução de alguns 
hormônios (grelina, GLP1 
e PYY) 
 
- Principais complicações 
(fistulas, hérnias internas e 
estenose, carência 
nutricionais – anemia por 
deficiência de ferro e 
vitaminas do complexo B) 
- Reservatório gástrico 
inacessível aos métodos de 
investigação endoscópica. 
- Síndrome de dumping 
estimada em 50% dos 
pacientes submetidos a essa 
técnica. 
Derivação 
biliopancreática – 
técnica de duodenal 
Switch 
- Restrição alimentar pela 
diminuição do volume 
gástrico 
- Manutenção do piloro 
(menor risco de 
desenvolver dumping); 
- Inibição da grelina 
(importante hormônio que 
quando aumentado, 
desperta a sensação de 
fome); e alteração de 
incretinas (GLP1 e PYY) 
- Grande eficácia em 
relação a perda de peso; 
- Reservatório gástrico 
acessível a métodos de 
investigação 
endoscópica. 
- Resolução de doenças 
relacionadas a obesidade 
(Diabetes mellitus tipo 2, 
Hipercolesterolemia). 
- Complicações nutricionais e 
metabólicas pela diminuição 
do poder de absorção de 
alguns nutrientes, como 
vitamina B12, cálcio e ferro. 
 
- Aumento de quadro de 
diarreias e flatulência fétida. 
Derivação 
biliopancreática – 
Técnica de Scopinaro 
- Perda de 80% do peso 
inicial, 
- Resolução de doenças 
relacionadas a obesidade 
(Diabetes mellitus tipo 2, 
Hipercolesterolemia). 
- Redução de grelina, 
além de alterar incretinas 
(GLP1 e PYY) 
- Maior risco de desnutrição 
proteica, anemia ferropriva, e 
deficiências de cálcio, zinco e 
ácidos graxos essenciais e 
vitaminas lipossolúveis. 
- Quadros de esteatorréia 
Flatulências com odor 
pútrido; 
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174 
 
- Infecções na alça 
biliopancreática; 
- Cólicas frequentes;- Desenvolver a síndrome de 
dumping, com diarreia e 
náuseas pós prandiais 
 
Fonte: Estruturado pelo autor. 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
 
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Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e 
psiquiátricos. R. Psiquiatr. RS, 26'(1): 47-51, 
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180 (SJT preparatório para residência 
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Vertical Calibrada no tratamento da 
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prazo, comorbidades e qualidade de 
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mar. 2017. 
 
9. RAMOS, Almino Cardoso et al. 
ASPECTOS TÉCNICOS DA 
GASTRECTOMIA VERTICAL 
LAPAROSCÓPICA. ABCD, arq. bras. cir. dig., 
São Paulo, v. 28, supl. 1, p. 65-68, 2015. 
 
10. GANC AJ, GANC RL. Balão intra-
gástrico: Ponto. Einstein. 2006; Supl 1: S130-
S135. 
 
11. ZOLLINGER, R. M.; ELLISON, E. C. 
Atlas de cirurgia. 9. ed. São Paulo: 
Guanabara Koogan, 2013. 
 
12. COHEN, Ricardo Vitor et al. Derivação 
Gástrica em Y de Roux por Via Laparoscópica 
para o Tratamento da Obesidade Mórbida. 
Aspectos Técnicos e Resultados. Rev. bras. 
vídeo-cir, jan./Mar. 2003. 
 
13. PALERMO M, SERRA E. Bypass 
gástrico laparoscópico simplificado com 
anastomose mecânica gastrojejunal linear: 
aspectos técnicos. ABCD Arq Bras Cir Dig 
2016;29(Supl.1):91-94. 
 
14. LOSS et al. Avaliação da síndrome de 
dumping em pacientes obesos mórbidos 
submetidos à operação de bypass gástrico 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/215_obesidade.html
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https://www.sbcbm.org.br/tecnicas-cirurgicas-bariatrica
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175 
 
com reconstrução em Y de Roux. Rev. Col. 
Bras. Cir, 2009. 
 
15. Libanori HT. Derivação biliopancreática 
com gastrectomia longitudinal e preservação 
pilórica (“Duodenal Switch”). Einstein, Supl 1: 
S91-S96, 2006. 
 
16. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 
(CFM - Brasil). Resoluções Normativas. 
Brasília, DF, 2015. 
 
17. OSUGUE FSN. Avaliação do efeito 
incretínico em indivíduos saudáveis, obesos 
não diabéticos e diabéticos tipo 2 pelo clamp 
isoglicêmico antes e após intervenção 
cirúrgica (derivação biliopancreática). 
Campinas, SP: [s.n.], 2014. 
 
18. JÚNIOR, Adelino Vilande et al. A 
grelina e sua contribuição para obesidade e 
diabetes mellitus tipo 2. Revista 
Conhecimento Online. Ano 4, Vol. 2, 2012. 
Disponível em: 
 
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistaconhecimentoonline
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176 
 
COLECTOMIAS E COLOSTOMIAS 
 
 
Rafaela Rabello Macedo de Sousa 
 
Capítulo 
15 
Colectomias e colostomias 
 
O intestino grosso compreende a última 
parcela do canal alimentar. Em geral, à ele 
compete às funções de concluir a absorção, 
produzir determinadas vitaminas, formar fezes 
e expulsar as fezes do organismo.3 Para 
compreender as técnicas cirúrgicas que 
concerne esse aparelho, é preciso entender o 
básico de sua anatomofisiologia. 
 
ANATOMIA 
O intestino grosso estruturalmente é 
representado pelas quatro regiões: ceco, 
colon, reto e o canal anal; possui 
aproximadamente 1,5 m de comprimento e 6,5 
de diâmetro, se estende do íleo até o ânus. O 
ceco com o apêndice vermiforme está 
localizado na fossa ilíaca direita; o colon 
ascendente encontra-se no flanco direito; o 
ângulo hepático no hipocôndrio direito, o colo 
transverso no epigástrio e às vezes no meso 
gástrico; já o ângulo esplênico está no 
hipocôndrio esquerdo, o colon descendente no 
flanco esquerdo, o colon sigmóide na fossa 
ilíaca esquerda e, por fim, o reto, em seu 
segmento pélvico ocupando o hipogástrio e no 
segmento perineal, situa-se no períneo 
posterior. 1,3 
É importante, também, abordar a divisão 
dos cólons do ponto de vista anatomocirúrgico: 
o colon direito é representado pelo ceco, 
ascendente, ângulo hepático e a metade 
proximal do transverso; o colon esquerdo é 
composto pela metade proximal do transverso, 
ângulo esplênico e descendente; colon 
sigmóide e reto. 1 
Histologicamente, assim como os demais 
segmentos do trato gastrointestinal, a estrutura 
da parede é constituída de serosa, muscular, 
submucosa e mucosa. Contudo, esse aparelho 
possui algumas particularidades, sendo essas: 
sob a túnica serosa há um acúmulo de gordura 
que forma os apêndices epiplóicos (mais 
encontrados no colo esquerdo e no sigmóide), 
na base dessa estrutura são encontrados 
vasos retos, de modo que a ressecção de 
vários apêndices pode comprometer a 
irrigação arterial da parede cólica. Além disso, 
as partes longitudinais dos músculos 
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177 
 
longitudinais reúnem suas fibras em três fitas 
chamadas de tênias do colon, essas possuem 
grande importância cirúrgica, pois no ponto de 
confluência serve de referência para o 
cirurgião realizar a apendicectomia. 1,2,3. 
A irrigação arterial do intestino grosso é 
escassa se comparada a outros órgãos do 
trato gastrointestinal, isso ajuda a elucidar o 
motivo pelos resultados menos favoráveis das 
suturas e anastomoses colorretais (como 
fístulas de sutura). 1 A vascularização arterial 
se resume a três mananciais: 
• Artéria Mesentérica Superior: há 
variações anatômicas entre os indivíduos, 
podendo existir duas, três ou até mesmo 
quatro artérias cólicas direitas, a mais 
constante é a ileoceco-apendicocólica. Elas 
irrigam o ceco, apêndice, colo ascendente, e 
parte do transverso, oriundos do intestino 
médio primitivo ou alça umbilical; 1 
• Artéria Mesentérica Inferior: tem sua 
origem abaixo do ângulo dueodeno-jejunal, faz 
a irrigação do segmento distal do colo 
transverso, descendente, sigmóide e 
segmento proximal do reto, derivados do 
intestino primitivo terminal; 1 
• Artérias dependentes da hipogástrica – 
retais médias e inferiores que irrigam o reto 
perineal, o canal anal e o ânus1 
Entender a vascularização arterial tem 
importância cirúrgica, tendo em vista que a 
partir desse conhecimento é possível 
compreender que a ligadura de um, dois e até 
três troncos de artérias cólicas pode ser feito 
desde que a irrigação dos correspondentes 
segmentos cólico seja garantida pela arcada 
marginal, via de regra, elas são funcionalmente 
suficientes. Também é necessário ressaltar 
que há comunicação entre o território do 
cólon direito e o território do intestino 
delgado, que se faz através da artéria 
ileocecocólica e a artéria mesentérica 
superior, por isso a colectomia direita deve 
abranger a retirada dos últimos centímetros 
do intestino delgado. Outras anastomoses 
que requerem atenção são entre as artérias 
ielocólica e a cólica direita, bem como última 
artéria sigmóidea e a terminação retal da 
mesentérica inferior. 1 Ademais a irrigação 
venosa da área cecocólica é feita pelo sistema 
porta, já a área do reto divide-sede profissionais capacitados para 
conseguirem atender as várias necessidades 
do paciente diante da alta densidade 
tecnológica e às diversas situações que lhe 
“conferem uma dinâmica peculiar de 
assistência em saúde”1. 
A estrutura física dos estabelecimentos 
de saúde é regulamentada por normas que 
visam o perfeito desenvolvimento das 
atividades e a segurança de funcionários e 
pacientes2. De acordo com Oliveira Júnior (p. 
12, 2017), observa-se que o CC é composto 
por: 
“Setor de admissão, sala de espera da 
família, vestiários de barreiras para 
médicos e funcionários, sala de conforto, 
área de recepção do paciente, sala de 
cirurgia, arsenal, farmácia, sala para 
guarda de aparelhos e equipamentos das 
diversas especialidades, rouparia, sala de 
lanche, sala de depósito de cilindros de 
gases, sala para esterilização química, sala 
da higienização com material de limpeza 
expurgo, sala para o lixo, sala de anatomia 
patológica e sala para limpeza de 
material”3. 
Dessa maneira, observa-se que é uma 
área que necessita de cuidados especiais, 
necessitando da prática de controle de 
infecções, assepsia, desinfecção e 
esterilização, cuja finalidade é reduzir o risco 
de infecção para os pacientes que estão sendo 
submetidos a algum procedimento. Diante 
disso, precisa-se que o CC seja composto por 
ambientes diferenciados, sendo eles as áreas 
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14 
 
irrestritas, tendo como exemplo o vestiário e a 
secretaria; as áreas semi-restritas, local que se 
utiliza touca, roupa privativa e propé, por 
exemplo a farmácia e os corredores e as áreas 
restritas, locais estéreis, sendo as salas 
cirúrgicas, cujos materiais estéreis estão 
expostos, onde o profissional de saúde precisa 
usar propés, uniforme privativo, touca, 
máscara, avental, luvas e protetor ocular4. 
É válido ressaltar que o uso dos 
equipamentos de proteção individual (EPIs) 
varia de acordo com o trabalho do profissional 
e sua função no procedimento em questão, 
tendo como prioridade o cumprimento das 
normas para evitar as infecções hospitalares. 
Com isso, as áreas restritas recebem cuidados 
especiais de limpeza e desinfecção, sendo 
realizado antes de qualquer procedimento 
cirúrgico pela manhã, conhecido como limpeza 
pré-operatória; ao redor do campo operatório 
durante a cirurgia, que é a limpeza operatória; 
após o término de cada cirurgia, limpeza 
concorrente, e depois da última cirurgia do dia, 
limpeza terminal4. 
Contudo, os outros ambientes do Centro 
Cirúrgico como a farmácia, a central de 
materiais estéreis e o vestiário merecem 
atenção, uma vez que são frequentados 
regularmente por todos os colaboradores do 
setor (enfermeiros, médicos, farmacêuticos, 
auxiliares de farmácia, auxiliares de limpeza, 
dentre outros), então além de estarem 
expostos aos diferentes micro-organismos, 
podem os transpor para a sala de cirurgia caso 
as técnicas assépticas não sejam realizadas 
adequadamente4. 
 
Técnicas de assepsia: 
A priori, sabe-se que a assepsia é a 
ausência de micro-organismos e a antissepsia 
é o conjunto de procedimentos destinados a 
diminuir o número desses micro-organismos, 
utilizando antissépticos que se aplicam sobre a 
pele lesada para eliminar os bio-organismos no 
local, além de usar os desinfetantes, os quais 
se aplicam sobre a pele sadia ou um objeto, de 
forma preventiva, tendo como finalidade a 
prevenção de infecção. Ambos os 
procedimentos podem inibir o crescimento ou 
matar os micro-organismos (vírus, bactérias ou 
fungos)5. 
Com o desenvolvimento e avanço da 
medicina, houve a necessidade de realização 
de uma assepsia segura e eficaz, onde, por 
meio do advento dos anestésicos, ampliou o 
processo cirúrgico. O químico francês Pasteur 
descobriu a ação dos micro-organismos e a 
necessidade da assepsia para cuidar dos 
pacientes, com a intenção de evitar infecções 
e contaminações6. Desse modo, os 
profissionais de saúde que trabalham em um 
centro cirúrgico precisam respeitar as regras 
de circulação determinadas, fazendo uso de 
calça, jaleco cirúrgico, propés, máscara e 
gorro, “não sendo permitido nem mesmo a 
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15 
 
utilização de roupas íntimas que fiquem 
expostas sob a indumentária cirúrgica”7. 
Estudos mostram que a higienização das 
mãos é um dos componentes de técnicas para 
controle de infecção mais importantes a ser 
empregada antes da realização de 
procedimentos cirúrgicos, sendo essencial na 
prevenção de complicações infecciosas5. As 
técnicas assépticas estão voltadas para a 
eliminação de todos os agentes 
contaminadores da cirurgia, onde a lavagem 
das mãos deve ser feita sempre em local 
adequado, com escovas específicas 
(possuindo material degermante). De 
preferência o lavatório deve estar em frente a 
um espelho para que os profissionais que irão 
adentrar à sala de cirurgia façam a revisão da 
vestimenta, como gorro, máscara etc. Antes de 
realizar a escovação, o ideal é que o 
profissional faça a lavagem simples das mãos, 
seguindo o passo a passo7. 
Para realizar uma escovação efetiva, 
deve-se atentar para que o início seja na parte 
distal (dedos), passando para o dorso e palma 
das mãos, punhos e, depois, antebraços e 
cotovelos. O ideal é que nenhuma parte das 
mãos e do antebraço sejam esquecidas, 
lembrando das zonas interdigitais e unhas, 
pois muitas vezes são esquecidas e mal 
lavadas. De acordo com a literatura, 
primeiramente faz a lavagem das duas mãos, 
indo para os punhos e só depois escovar os 
antebraços. “A escova que entra em contato 
com os punhos não volta para as mãos, e 
quando entra em contato com antebraços não 
volta a tocar as regiões mais distais (punhos e 
mãos)”. Todo esse processo de escovação 
deve durar de três a cinco minutos. Observa-
se que o sentido da passagem das cerdas (“vai 
e volta” ou somente “vai”) não interfere no 
processo, mas não pode ter contato com áreas 
distais depois que realizar a escovação das 
áreas proximais7. 
Ao realizar o enxágue é ideal que ele seja 
no sentido distal para o proximal, a fim de fazer 
com que a água escorra das mãos para os 
cotovelos, tomando cuidado para não deixar 
contaminar as mãos e antebraços durante a 
realização desse procedimento, uma vez que 
a água que toca as partes distais do antebraço 
entre em contato com a mão. É proibido 
sacudir ou balançar mãos e antebraços. 
Ademais, os antebraços devem ser mantidos 
fletidos, com as mãos para cima até realizar 
toda a vestimenta adequada7. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16 
 
Figura 1 - Escovação cirúrgica realizada após a lavagem simples das mãos 
 
 
Fonte: Própria autora, 2020. 
 
1. Abertura da embalagem de escova com solução antisséptica; 2 e 3. Molhar pontas dos dedos e 
antebraço; 4. Lavagem das unhas com as cerdas da escova ou com o limpador de unhas sob água 
corrente; 5 a 7. Lavagem de espaços interdigitais por 3 a 5 minutos, mantendo as mãos acima dos 
cotovelos; 8 e 9. Lavagem da palma da mão. 
 
 
 
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17 
 
Figura 2 – Continuação da escovação cirúrgica 
 
 
Fonte: Própria autora, 2020. 
 
10. Lavagem do dorso da mão; 11. Lavagem da face externa do antebraço; 12. Lavagem da face 
interna do antebraço; 13. Enxágue das mãos em água corrente, retirando todo resíduo do produto; 
14 e 15. Enxágue em água corrente escorrendo em sentido do cotovelo. Após, fechar a torneira 
com o cotovelo, joelhos ou pés, se a torneira não possuir fotosensor; 16. Escovação finalizada. 
 
 
 
Ao realizar a secagem das mãos é 
preciso que seja feita dentroentre o 
sistema porta e o sistema cava inferior. 1,2 
Em relação ao sistema linfático, é de 
relevância entender a anatomia, 
principalmente, para avaliar os casos de 
neoplasia, tendo em vista que essas sofrem 
disseminação via linfática. É necessário 
compreender a inervação: os cólons direito e 
transverso são inervados pelos plexos celíaco 
e mesentérico superior e nervo vago direito. Já 
o cólon esquerdo é inervado pelos plexos 
celíaco, nervo vago, plexo mesentérico inferior 
e nervo pré-aórtico. 1,2 
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178 
 
 
 
Figura: Fonte: Imagem esquematizada pela autora. 
 
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179 
 
FISIOLOGIA: 
O conteúdo proveniente da digestão que 
chega ao intestino grosso ainda é rico em 
água, eletrólitos e nutrientes, sendo assim, 
esse aparelho tem a função de resgate 
evitando perdas desnecessárias dependendo 
de sua flora bacteriana, para tal ação. O cólon 
direito tem discreta atividade de absorção, 
enquanto o cólon esquerdo é via de passagem 
da matéria fecal, o sigmóide atua como 
reservatório e auxilia na expulsão. 1,2 
A motilidade intestinal dos cólons é 
diferente daquela estudada no intestino 
delgado, o transporte do conteúdo ocorre da 
direita para a esquerda periodicamente e com 
movimentos lentos, não há movimentos 
propulsivos permanentes. O fluxo colônico é 
controlado pelo sistema nervoso autônomo, as 
fibras parassimpáticas aumentam a motilidade 
cólica, enquanto as simpáticas causam uma 
depressão. 1,2 
Algumas substâncias que são absorvidas 
nesse canal são íons de sódio e cloro, ácidos 
biliares, ácidos graxos de cadeia curta, 
nitrogênio, entre outros. Além disso, é 
necessário ressaltar a importância da flora 
colônica. Ela pode ser fixa, quando são 
habitualmente comensais não causando 
danos ao organismo ou pode ser móvel, 
representada por germes ingeridos, seja por 
suplementação de probióticos ou com 
alimentos ou das vias aéreas, sendo estes 
possivelmente patogênicos. Aliás, é 
significativo enfatizar que a medida que se 
aproxima da válvula ileocecal, a flora se torna 
mais abundante e mais patogênica. Os lugares 
com maior concentração bacteriana são o íleo 
terminal e o ceco. 1,2,3 
Por fim, também é imprescindível, 
destacar o papel da válvula ileocecal (esfíncter 
ileocecal), sua função é de regular o trânsito 
intestinal através do íleo, impedindo a 
passagem do conteúdo ileal para o ceco, 
quando ainda não é o momento adequado ou 
de forma exageradamente rápida (não fazendo 
absorção de vitaminas e outros nutrientes que 
são tão importantes nesse local). A válvula 
ileocecal também é importante para que não 
tenha refluxo de conteúdo colônico para o íleo 
terminal. 1,2,3 
 
PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO: 
Como já citado anteriormente, sabe-se 
que o cólon abriga uma flora de bactérias com 
alto potencial patogênico, entre elas as 
espécies Pseudomonas, Enterococcus, 
Proteus, Klebsiella e Streptococcus também 
estão presentes em grande número. Sendo 
assim, é plausível entender que a ao abrir o 
colon para procedimentos cirúrgicos há 
exposição do paciente a agentes que podem 
causar uma peritonite grave, infecção da 
parede abdominal, levando a um 
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180 
 
comprometimento da cicatrização das feridas 
e da anastomose. 1,3 
Para evitar esse tipo de quadro, alguns 
processos foram postulados para a maior 
segurança do campo cirúrgico a ser exposto. 
São eles: em primeiro a limpeza mecânica do 
intestino grosso (veja melhor sobre as reais 
indicações no capítulo de nutrição em cirurgia 
e projeto ACERTO), por meio da utilização de 
laxativos ou qualquer outro método que 
promova a eliminação das fezes. Também é 
utilizado a administração de antibióticos 
eficazes contra a população de bactérias 
colônicas (neomicina, clorafenicol, 
metronidazol e a eritromicina são alguns 
exemplos), dose única parenteral 30 minutos 
antes da cirurgia. Outra preparação é a ingesta 
de 2 a 4 litros da solução de polietilenoglicol 
(PEG). As contraindicações absolutas para a 
realização do preparo intestinais são a 
obstrução completa e a perfuração livre do 
peritônio. 1,3 
 
COLOSTOMIA 
São aberturas realizadas na parede 
cólica e exteriorizadas através da parede 
abdominal, por onde passam a ser eliminados 
os gases e as fezes, sua finalidade é fazer um 
desvio intestinal, formando estomas 
intestinais. 1 
As indicações para o procedimento são: 
• Ferimentos anorretocólicos 1,5 
• Obstruções intestinais: neoplasias, 
megacólon congênito, processos 
inflamatórios, volvo, colite isquêmica 1,5 
• Perfurações não traumáticas como a 
diverticulite, por neoplasias, doença de Crohn 
1,5 
• Traumas penetrantes, por arma branca 
ou de fogo 1,5 
• Fístulas anorretais, reto-vaginais, reto-
vesicais 1,5 
• Proteção de anastomoses colocólicas, 
colorretais e coloanais 1,5 
Classificação: 
O segmento do cólon a ser exteriorizado 
depende do tipo de patologia, do local 
acometido e condições associadas a clínica do 
paciente. Habitualmente as porções mais 
utilizadas são a porção proximal do cólon 
transverso e sigmoide, devido a motilidade do 
seu mesentério. 1 Também é possível 
categorizá-las em temporárias ou transitórias e 
definitivas ou permanentes. 5 
 
 
 
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181 
 
 
Colostomia Transversa 1,2,6 
 Descrição da Colostomia Transversa 
01 
Paciente em decúbito dorsal horizontal + anestesia 
endotraqueal 
02 Antissepsia + Campos 
03 
Incisão vertical ou transversal no hipocôndrio direito + Abertura 
por planos 
04 
Identificado da porção a ser exteriorizada (próximo da flexura 
hepática) 
05 Transfixação do cólon + ligadura de vasos 
06 Abertura + fixação da colostomia 
07 Coletar as fezes + fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
• Anestesia geral, paciente em decúbito 
dorsal 
• Incisão vertical ou transversal no 
hipocôndrio direito, com extensão de 7-8cm; 
• Omento é afastado; 
• Na presença de grandes quantidades 
de gases, podem ser utilizados agulhas para a 
descompressão com aspiração; 
• A porção do transverso a ser 
exteriorizada é, preferencialmente, a mais 
próxima da flexura hepática 
• Utiliza-se uma pinça Kelly ou outra pinça 
através do omento e mesocólon transverso 
para transfixa-los, pode ser necessário 
seccionar vários pequenos vasos sanguíneos 
do local; 
• O conteúdo fecal do cólon é mobilizado 
distalmente com os dedos do cirurgião 
(malaxar alças intestinais, que é o 
esvaziamento bidigital ou ordenha de alças), 
para então poder realizar a secção e 
exteriorização do segmento desejado; 
• O cirurgião pode utilizar o dedo como 
guia nesse momento e posteriormente 
introduzir a sonda de borracha, sua 
extremidade é cortada e uma borda acoplada 
a outra, fixadas por um fio inabsorvível; 
• Então a abertura da colostomia é feita 
com um bisturi elétrico, sendo a técnica 
utilizada a transversotomia em alça sem 
eversão da parede cólica; 
• Fixa-se a colostomia a ferida cutânea 
com um fio absorvível, esses pontos incluem a 
borda do cólon incisado e a derme da incisão 
cutânea; 
• Por fim, as fezes são coletadas e inicia-
se o fechamento. 
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182 
 
• O fechamento da cavidade peritoneal e 
da fáscia não deve comprimir as alças 
intestinas, respeitando o limite da alça e mais 
um dedo, o tecido subcutâneo e a pele também 
são fechados de maneira semelhantes; 
 
Colostomia Terminal – Sigmoidostomia:1,5,6Descrição Colostomia Terminal – Sigmoidostomia 
01 Paciente em decúbito dorsal horizontal + anestesia endotraqueal 
02 Antissepsia + Campos 
03 Incisão circular na fossa ilíaca esquerda + Abertura por planos 
04 Identificado da porção a ser exteriorizada 
05 Transfixação do cólon + ligadura de vasos + retirada dos 
apêndices epiplóicos exuberantes 
06 Abertura + fixação da colostomia 
07 Fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
 
• O ponto de exteriorização é, 
usualmente, na fossa ilíaca esquerda. 
Necessário tomar cuidado redobrado com a 
área se tratando de uma ostomia permanente; 
• Incisão circular na pele, com 2cm de 
diâmetro; 
• Após por todas as camadas da cavidade 
abdominal e acessar o cólon, os vasos do 
mesocólon são ligados, retira-se os apêndices 
epiplóicos exuberantes e secciona-se o cólon 
com duas pinças; 
• O coto cólico proximal é exteriorizado, a 
borda do mesocólon transfixada com fios 
absorvíveis; 
• Fecham-se os planos da cavidade, 
respeitando os limites necessários para que 
não haja estrangulamento das alças. 
Posteriormente retira-se a proteção do coto 
exteriorizado e executa-se sua maturação; 
• A bolsa de colostomia pode ser 
colocada imediatamente ou após proteger a 
colostomia com um curativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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183 
 
Ileostomia em Alça: 5,6 
 Descrição Ileostomia em Alça 
01 
Paciente em decúbito dorsal horizontal + anestesia 
endotraqueal 
02 Antissepsia + Campos 
03 
Excisão de um círculo de cutâneo de 3 cm + Abertura por 
planos 
04 
A porção a ser seccionada deve estar distante 30 cm da válvula 
ileocecal 
05 Utiliza a Kelly para abertura do mesentério + ligadura de vasos 
06 Abertura + fixação da alça por um dreno de Penrose 
07 Fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
• Mais utilizada para desvio temporário do 
conteúdo gastrointestinal com a finalidade de 
proteger uma anastomose colônica; 
• Pode substituir a colostomia transversa 
por ser mais fácil de criar e de fechar; 
• O melhor local para a ostomia é perto da 
borda do músculo reto do abdome e de sua 
bainha; 
• Faz-se a excisão de um círculo de 
cutâneo de 3 cm e procede-se a dissecção dos 
tecidos e planos da cavidade; 
• O segmento ileal selecionado deve 
estar distante cerca de 30 cm da válvula 
ileocecal; 
• Utiliza-se a pinça hemostática de Kelly 
para abrir o mesentério e pode ser necessário 
a ligadura de vasos locais 
• Um dreno de Penrose é introduzido na 
alça e fixa-o com um fio absorvível; 
• A ileostomia deve estar 5cm protrusa 
acima do nível da pele; 
• Realiza-se a eversão e maturação do 
estoma ativo; 
• Prossegue-se com o fechamento da 
cavidade respeitando os limites para que não 
haja comprometimento da alça. 
• Ao término do procedimento, coloca-se 
uma bolsa estéril. 
 
 
 
 
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184 
 
Cecostomia: 
 Descrição Cecostomia 
01 
Paciente em decúbito dorsal horizontal + anestesia 
endotraqueal 
02 Antissepsia + Campos 
03 
Incisão de McBurney na fossa ilíaca direita + Abertura por 
planos 
04 Exteoriza o ceco + sutura em bolsa 
05 Ligadura de vasos 
06 Introduz uma sonda grossa de Petzer 
07 Fechamento em alça (duas bocas) ou uma boca 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
Utilizada para descomprimir obstruções 
do cólon ascendente e ângulo hepático, faz-se 
uma incisão de McBurney na fossa ilíaca 
direita, exterioriza-se o ceco e realiza uma 
sutura em bolsa, seguindo o padrão de todos 
os procedimentos, é então introduzido uma 
sonda grossa de Petzer. Por fim, o seco é 
fixado ao peritônio, junto as bordas da ferida. 1 
Quanto a técnica para o fechamento, 
pode ser feito de duas maneiras: 
1. Fechamento da Colostomia em 
alça (duas bocas), há exteriorização de toda a 
alça e abertura apenas de sua parede anterior, 
ficando duas bocas unidas pela parede 
posterior. É necessário fechar a boca do coto 
cólico com uma pinça Allys para evitar contato 
com a cavidade. Faz a sutura com fios 
inabsorvíveis;1 
2. Fechamento da Colostomia 
terminal (uma boca), nessa situação 
exterioriza-se a alça já seccionada com 
apenas uma boca. 1 
O fechamento é preconizado a depender 
do motivo do procedimento cirúrgico, 
respeitando o intervalo mínimo de 30 dias. 1 
Complicações das Colostomias: 
Podem ser precoces ou tardias.6 
• Irritação cutânea;1 
• Estenose por abertura insuficiente da 
parede abdominal, edema, processo 
inflamatório; 1 
• Infecções da pele ou do tecido celular 
subcutâneo; 1 
• Hérnia paracolônica;1 
• Necrose e retração do coto cólico; 1 
• Fístulas; 1 
• Procidência, que é a eversão do coto 
cólico com saída de todas as camadas do 
cólon pela boca do estoma; 1 
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185 
 
• Prolapso 6 
 
COLECTOMIAS: 
São as ressecções do cólon ou de parte 
dele. As principais indicações são: 
- Neoplasias benignas e malignas; 1 
- Doenças inflamatórias; 1 
- Diverticulite complicada; 1 
- Alterações mecânicas do colo como 
megacólon, volvo e invaginações; 1 
- Lesões isquêmicas ou angiodisplásicas;1 
- Hemorrafia digestiva baixa. 1 
 
Colectomia Direita: 1,6 
 Descrição Colectomia Direita 
01 
Paciente em decúbito dorsal horizontal 
+ anestesia geral por inalação ou por 
raquianestesia 
02 Antissepsia + Campos 
03 
Vias de acesso são longitudinal 
mediana, paramediana direita ou 
transversa direita supra-umbilical + 
Abertura por planos 
04 
Ligadura do ligamento hepatocólico, 
ligamentos peritoneais laterais + vasos 
cólicos médios 
05 Secção do segmento 
06 
O coto intestinal pode ser fechado, ou é 
feito uma anastomose terminoterminal 
ou terminolateral, 
07 Fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
Geralmente indicada para carcinoma e 
na doença inflamatória. O paciente é colocado 
em decúbito dorsal e é aplicado anestesia 
geral por inalação ou por raquianestesia. 
A técnica cirúrgica compreende: 
• As vias de acessão são longitudinal 
mediana, paramediana direita ou transversa 
direita supra-umbilical; 
• Após a abertura da cavidade abdominal 
e em casos de quadros neoplásicos, deve-se 
realizar a checagem de outros órgãos a 
procura de metástases, em especial o fígado; 
• A parte a ser retirada é selecionada, 
• Como praticamente toda a flexura 
hepática é retirada realiza-se a ligadura do 
ligamento hepatocólico, tendo em vista que ele 
possui pequenos vasos sanguíneos; 
• Além de também a ligadura dos 
ligamentos peritoneais laterais; 
• Os vasos cólicos médios são 
identificados, seccionados e ligados; 
• O mesentério do intestino grosso é 
pinçado, bem como o omento maior; 
• A porção selecionada é também 
pinçada e então prossegue-se com a secção 
do segmento intermediário; 
• Deve ser feito a correta hemostasia e 
antissepsia antes de continuar com a 
reconstrução do trânsito intestinal; 
• O coto intestinal pode ser fechado, ou é 
feito uma anastomose terminoterminal ou 
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186 
 
terminolateral, podem ser realizadas em dois 
planos ou plano único, fios inabsorvíveis ou 
absorvíveis de longo prazo. 
 
Técnica Laparoscópica:6 
A técnica possui as mesmas indicações 
citadas anteriormente, exceto quando é uma 
emergência tais como nos casos de obstrução, 
perfuração ou hemorragia maciça. É 
necessário a anestesia geral do paciente por 
tubo orogástrico ou nasogástrico. Quanto ao 
posicionamento do paciente,ele é colocado 
em litotomia modificada, sendo prudente para 
a segurança do paciente o uso de cintos, tendo 
em vista que pode ser necessário a 
movimentação da mesa para melhor 
visualização de estruturas. O cirurgião e o 
operador posicionam-se a esquerda do 
paciente, enquanto o primeiro auxiliar fica 
entre as pernas. 6 
• Incisão infraumbilical e é introduzido um 
trocarte de Hasson de 10 a 12mm, então o 
abdome é insuflado até 15mmHg 
• Há 3 vias de acesso comum à cavidade 
peritoneal: 
1. A primeira utiliza-se um trocarte 
de 10-12mm à esquerda da linha mediana no 
quadrante inferior esquerdo, além disso outro 
trocarte de 5mm pode ser introduzido no 
quadrante inferior direito, a depender da 
necessidade. A incisão e a extração são 
vertical mediana na altura do umbigo ou na 
região suprapúbica. 
2. A segunda via, usa um trocarte 
de 10-12mm no quadrante inferior esquerdo e 
adicionalmente outro trocarte de 5mm na linha 
mediana suprapúbica e no quadrante superior 
direito na linha hemiclavicular. Este segundo 
trocarte permite melhor mobilização da flexura 
hepática. Nessa técnica a incisão e a extração 
são medianas no quadrante superior direito ou 
transversal no esquerdo. 
3. A terceira e última via utilizada 
um trocarte de 10-12mm no quadrante inferior 
esquerdo e um de 5mm em posição mediana 
subxifoide e na região subcostal direita. A via 
de acesso para a extração é manual. 
• O paciente é colocado na posição de 
Tredelenburg e inclinado a 30o para a 
esquerda facilitando a via de acesso 
lateromedial; 
• O ceco é pinçado e afastado; 
• Com uma endotesoura com cautério 
faz-se a incisão na reflexão peritoneal, ao 
mesmo tempo o auxiliar pinça o cólon 
ascendente e o afasta para que a incisão seja 
feita até a região da flexura hepática. 
• Inicia-se dissecção, o paciente é 
colocado na posição de Trendelenburg 
invertida, para mobilização e afastamento da 
flexura hepática; 
• Nesse momento, é necessário tomar 
cuidado para não lesionar estruturas como o 
ureter e o duodeno; 
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187 
 
• O trocarte de 10-12mm no quadrante 
inferior direito melhora a visualização; 
• Usa-se um instrumento energizado para 
seccionar as fixações perioneais; 
• O auxiliar pinça o mesentério do cólon 
transverso enquanto o cirurgião secciona as 
fixações omentais com um eletrocautério; 
• Pode ser necessário a secção do 
ligamento gastrocólico separando por 
completo a flexura hepática do fígado; 
• Os vasos ileocólicos são pinçados e 
incisados juntamente ao peritônio, os vasos 
podem ser seccionados com o uso do 
grampeador laparoscópico; 
• O grampeamento se repete até a 
secção do mesentério, incluindo também o 
ramo direito da artéria cólica média; 
• O intestino é exteriorizado por uma 
incisão de 6-10cm, as margens proximal e 
distal da peça é seccionada com o uso de um 
grampeador linear; 
• Faz-se uma anastomose laterolateral 
manual ou com o grampeador, formando uma 
enterotomia; 
• Verifica-se se não há nenhuma 
aderência, se nenhuma estrutura foi 
grampeada erroneamente e a presença de 
sangramentos; 
• A enterotomia é fechada com o 
grampeador e o mesentério e o intestino são 
recolocados na cavidade peritoneal.
Colectomia Esquerda: 1,6 
 Descrição Colectomia Esquerda 
01 
Paciente em decúbito dorsal horizontal 
posição de Tredelenburg leve + 
anestesia é geral 
02 Antissepsia + Campos 
03 
A incisão é mediana ou paramediana 
esquerda + Abertura por planos 
04 
Os vasos mesentérios inferiores são 
ligados e retiram-se os linfonodos 
regionais + secciona-se as fixações 
omentais esplenocólicas 
05 Secção do segmento 
06 
É feito uma anastomose 
terminolateral, 
07 
Retirada da gordura mesentérica + 
Fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
As principais indicações para a 
realização do procedimento são tumor no 
cólon esquerdo e diverticulite complicada. O 
paciente é colocado em decúbito dorsal, ou em 
posição de Tredelenburg leve. A anestesia é 
geral. 
• A incisão é mediana ou paramediana 
esquerda; 
• Após a abertura da cavidade é 
necessário realizar uma inspeção da cavidade 
a procura de metástases em outros órgãos; 
• O peritônio é aberto, para que se possa 
liberar o cólon descendente e o sigmoide; 
• É necessário a identificação de 
estruturas como o ureter e os vasos 
espermáticos e ovarianos para que não haja 
secções por engano; 
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188 
 
• Posteriormente, os vasos mesentérios 
inferiores são ligados e retiram-se os 
linfonodos regionais; 
• Secciona-se com segurança as fixações 
omentais esplenocólicas; 
• A porção do intestino selecionada para 
a secção é tracionada por pinças atraumáticas; 
• Então, o procedimento segue com a 
anastomose terminolateral das extremidades; 
• É necessário retirada da gordura 
mesentérica; 
• Por fim, verifica-se se há irrigação 
sanguínea no local, com pulsação ativa; 
• O intestino precisa ser liberado de suas 
estruturas adjacentes, liberar a flexura 
esplênica do baço, estômago e diafragma, 
após esse procedimento é possível seccionar 
o intestino; 
 
Técnica Laparoscópica: 6 
É muito semelhante a técnica de 
colectomia direita. As diferenças básicas são: 
o cirurgião e o operador de câmera ficam a 
direita do paciente, enquanto o primeiro 
auxiliar fica a esquerda. A posição de acesso é 
igual à da colectomia direita, em adicional há a 
colocação de um trocarte de 5mm no 
quadrante superior direito na linha 
hemiclavicular. 
• Apreende o cólon sigmoide com uma 
pinça atraumática e o afasta; 
• As fixações peritoneais são 
seccionadas; 
• O grau de separação do omento 
depende da extensão do intestino a ser 
retirada; 
• O paciente é colocado na posição de 
Trendelenburg invertida para facilitar a 
mobilização da flexura esplênica; 
• Faz-se a secção dos vasos 
mesentéricos; 
• São seccionados o mesocólon, o 
mesentério, a porção distal do cólon e o reto; 
• A porção a ser retirada é exteriorizada e 
limpa, depois realiza-se uma sutura em bolsa 
de tabaco; 
• Por fim, é realizado a anastomose; 
• O cirurgião deve inspecionar 
novamente a cavidade antes de fechar, a 
procura de sangramentos. 
 
 
Colectomia Total: 1,6 
 Descrição Colectomia Total 
01 
Paciente em posição de Tredelenburg 
moderada + anestesia é endotraqueal 
02 Antissepsia + Campos 
03 
A incisão precisa ser grande o 
suficiente para fácil exposição das 
flexuras colônicas + Abertura por 
planos 
04 
Ligadura dos vasos + ligadura de 
ligamentos + secção de fixações e 
aderências 
05 
Secção inicial do ceco + secção da 
demais estruturas colônicas 
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189 
 
06 
Em um segundo procedimento - 
anastomose ileorretal ou protectomia 
e reconstrução da bolsa ileoanal. 
07 Fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
Esse procedimento consiste na 
ressecção de todo o intestino grosso, tendo 
indicações específicas para a técnica: 
hemorragias digestivas baixas sem 
diagnóstico exato do local de sangramento, 
obstruções do cólon esquerdo com 
comprometimento isquêmico do ceco, colite 
pseudomembranosa e retocolite ulcerativa. 
Em pacientes com bom risco cirúrgico a 
anastomose ileoanal deve ser considerada, 
aqueles que não possuem bom risco cirúrgico 
é necessário realizar a cirurgia em duas 
etapas. 
A anestesia do paciente é de preferência 
geral endotraqueal e o paciente é colocado em 
posição de Trendelenburg moderada. Na 
protocolectomia total pode ser necessário 
reposicionar o paciente com litotomia 
modificada, usando os suportes Allenpara 
apoio. A lavagem do retosegmoide é feita com 
uma solução de iodopovidona através de um 
tubo que pode ser mantido para drenagem 
gravitacional até o início da ressecção 
perineal. As técnicas cirúrgicas utilizadas são 
uma junção de todas as outras mencionadas 
para as colectomias parciais: 
• O cirurgião fica à esquerda do paciente; 
• A incisão precisa ser grande o suficiente 
para fácil exposição das flexuras colônicas; 
• Separa-se o delgado colocando-o em 
uma bolsa de plástico; 
• A dissecção é iniciada na extremidade 
do ceco; 
• Há a necessidade de ligar muitos vasos 
sanguíneos na margem livre do peritônio; 
• Faz-se a secção das fixações 
peritoneais do íleo, e o íleo e o ceco são 
exteriorizados; 
• Cuidado redobrado ao realizar a incisão 
peritoneal, evitando lesões nos vasos 
espermáticos e do ureter direitos subjacentes; 
• São seccionadas aderências entre a 
vesícula biliar, o fígado e a flexura hepática; 
• Secciona-se o omento maior, e seus 
vasos são ligados; 
• É realizado a secção do ligamento 
esplenocólico, liberando a flexura esplênica; 
• Então, o cirurgião inicia o mesmo 
procedimento: mobilização, ligadura dos 
vasos, para liberar o colo direito; 
• A próxima etapa é a visualização e 
mobilização do íleo terminal, é realizada a 
ressecção e separação do suprimento 
sanguíneo local, os vasos devem ser ligados 
um por vez e com extrema cautela; 
• Uma pinça vascular atraumática é 
aplicada na extremidade ileal enquanto uma 
Kocher reta está na extremidade cecal, são 
seccionados, na maioria das vezes, com um 
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190 
 
grampeador e então o conteúdo presente na 
Kocher é ligado por um fio de seda ou fio 
absorvível; 
• Ligam-se as artérias cólicas médias e 
secciona o mesentério do cólon transverso; 
• Assim que as diferentes partes do cólon 
são liberadas, elas são envolvidas com 
compressas para evitar laceração da parede 
intestinal e uma possível contaminação; 
• Em um segundo procedimento, realiza-
se a anastomose ileorretal ou protectomia e 
reconstrução da bolsa ileoanal. 
 
Protocolectomia Total: 
 Descrição Protocolectomia Total 
01 
Paciente em posição de decúbito 
dorsal + anestesia geraç 
02 Antissepsia + Campos 
03 Incisão 
04 
Secção do mesentério adjacente ao 
retossigmoide e bem como o peritônio 
no fundo de saco de Douglas 
05 
O reto pode ser seccionado com o uso 
de grampeadores linear cortante ou 
reticular endoscópico 
06 
Excisa-se o ânus + criação de uma 
ileostomia 
07 Fechamento 
08 Revisão + hemostasia 
09 Sutura 
10 Curativo 
Fonte: Organização da própria autora. 
 
• Realiza-se a secção do mesentério 
adjacente ao retossigmoide e bem como o 
peritônio no fundo de saco de Douglas, entre o 
reto e a bexiga ou colo do útero, após 
identificação dos ureteres; 
• O reto pode ser seccionado com o uso 
de grampeadores linear cortante ou reticular 
endoscópico; 
• O assoalho peritoneal é fechado por 
sutura com fio absorvível 
• Identificar os vasos gonadais e os 
ureteres para certificar que não ouve lesão; 
• Por fim, excisa-se o ânus, não é 
necessário ampliar a ressecção até os 
músculos levantadores, quando se faz uma 
simples extirpação dos músculos 
esfincterianos e da própria parede intestinal.; 
• Necessário a criação de uma ileostomia 
e então prossegue-se o fechamento da 
cavidade. 
 
Complicações da colectomia: 1,6 
• Deiscência de anastomose; 
• Peritonite generalizada. 
 
 
 
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191 
 
REFERÊNCIAS 
1. Fábio Goffi. Técnica Cirúrgica: Bases 
Anatômicas, Fisiopatológicas e Técnicas da 
Cirurgia. 4th ed. São Paulo, Rio de Janeiro, 
Ribeirão Preto, Belho Horizonte: Atheneu; 
2007. 822 p. 
 
2. Townsend Courtney. Tratado de 
Cirurgia: A Base Biológica da Prática 
Cirúrgica Moderna. 19th rev. ed. [place 
unknown]: Saunders Elsevier; 2014. 3940 p. 1 
vol. 
 
3. Tortora Jerry. Princípios de Anatomia e 
Fisiologia. 14th rev. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan; 2016. 1201 p. 1 vol. 
 
4. Bacellar MS, Baravieira AC, Almeida 
MG, Kiss DR. Colectomia Total : Indicações e 
Complicações. Princípios de Anatomia e 
Fisiologia [Internet]. 2001 Feb 21 [cited 2020 
Oct 26]:1-2. Available from: 
http://sbcp.org.br/revista/nbr212/P84_87.htm 
 
5. Estomas intestinais (ileostomias 
Estomas intestinais (ileostomias e 
colostomias) e anastomoses e colostomias) e 
anastomoses intestinais intestinais. 
Fundamentos em Clínica Cirúrgica [Internet]. 
Ribeirão Preto: [publisher unknown]; 2011 
[cited 2020 Oct 27]. 6 p. Available from: 
http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47
335/51071 
 
6. Ellison EC, Zollinger, Jr RM. Altas de 
Cirurgia. 10th rev. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan; 2017. 936 p. 
 
 
http://sbcp.org.br/revista/nbr212/P84_87.htm
http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47335/51071
http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/47335/51071
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192 
 
Nutrição em cirurgia 
 
Marcella Giovana Gava-Brandolis 
 
Capítulo 
16 
Nutrição em cirurgia 
 
Inrodução
A cirurgia é considerada um estressor ao 
organismo, ou seja, um insulto que prejudica a 
homeostasia do organismo. Entretanto, nosso 
organismo possui mecanismos de defesa 
natural para combater esses insultos a fim de 
manter a homeostase e sobreviver. Para isso, 
múltiplos sistemas funcionam juntos levando a 
mudanças fisiológicas ou comportamentais 
que levam a estabilidade ou homeostasia. 1 
Essa resposta do organismo à alteração 
da homeostasia decorrente da cirurgia, a qual 
é também um trauma, é chamada de resposta 
endócrina metabólica imunológica ao trauma 
(REMIT). Esse estresse gera uma resposta 
orgânica principalmente do eixo hipotálamo-
hipofisário-adrenal para restauração da 
homeostasia. Essa resposta libera mediadores 
inflamatórios e ativação das reações 
neuroendócrinas, que incluem liberação de 
citocinas inflamatórias, como IL-6, IL-1, TNF-α, 
IFN-γ e IL-8. Essas citocinas estimulam, entre 
outros, a liberação de hormônios como 
corticotropina, hormônio do hipotálamo e 
adrenocortitrófico da pituitária, que levam a 
liberação de mais outros hormônios, como 
catecolaminas, glicocorticoides, GH e 
aldosterona. Esses hormônios, dentre outras 
funções, geram efeitos metabólicos, como o 
catabolismo. 1 
Na maioria dos casos, essa reação é bem 
coordenada e autolimitada, o que leva 
rapidamente a restauração do estado orgânico 
normal. Entretanto, em situações graves, como 
cirurgias de grande porte e/ou com 
complicações infecciosas, essas reações 
sistêmicas alcançam grandes proporções e 
induzem a um hipercatabolismo excessivo.2 
O catabolismo nessa situação possui a 
função de produção de proteínas de fase 
aguda, proteínas para síntese de mediadores 
inflamatórios, substâncias imunológicas e 
hormônios, além da degradação de glicogênio 
– glicogenólise – e da produção de glicose – 
neoglicogênese – através de tecido adiposo e 
massa muscular para disponibilização desta 
glicose para o funcionamento da maquinaria 
celular. Corroborando com o quadro, estes 
hormônios contrarregulatórios também 
induzem aumento na resistência dos tecidos 
periféricos à ação da insulina. Esse aumento 
da demanda de glicose leva a estados 
hiperglicêmicos no paciente do trauma, a 
consequência mais marcante nestes pacientes 
e que predispõe a infecções graves e aumento 
da morbimortalidade.1,2 
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193 
 
Características do estado nutricional 
Mesmo sendo necessário, o catabolismo 
promove uma depleção das reservas do 
indivíduo, principalmente muscular,o que pode 
gerar impacto no estado nutricional deste 
paciente, bem como as consequências de um 
estado nutricional debilitado, uma vez que o 
estado nutricional influi diretamente na 
evolução perioperatória do paciente cirúrgico. 
Além disso, o suporte nutricional tem papel 
importante na tentativa de minimizar 
alterações hormonais sem agravar as 
condições metabólicas existentes. 1-3 
A desnutrição é o estado em que a 
deficiência, o excesso ou o desequilíbrio de 
nutrientes causam efeitos adversos 
mensuráveis na estrutura tecidual, na função 
orgânica e na evolução clínica do indivíduo. 
Esta pode levar a diversas complicações pós-
operatórias quando comparada a doentes não 
desnutridos. Ela apresenta relação com o 
retardo na cicatrização de feridas, aumento de 
infecção, de morbidade e de mortalidade, e 
consequentemente maior permanência 
hospitalar e aumento de custos. Estudos 
mostram que metade dos pacientes cirúrgicos 
apresentam desnutrição, quadro que se 
agrava ainda mais com o catabolismo gerado 
pela REMIT da operação. 3 
O processo de cicatrização encontra-se 
prejudicado e retardado na desnutrição. A 
desnutrição proteica pode prejudicar a 
cicatrização de feridas por prolongar a fase 
inflamatória, diminuir síntese e proliferação 
fibroblástica, angiogênese e síntese de 
colágeno e proteoglicanos. Pode ainda reduzir 
a força tênsil de feridas, limitar a capacidade 
fagocítica de leucócitos e aumentar a taxa de 
infecção de feridas, que como consequência 
lentificam a cicatrização de incisões e 
anastomoses e aumentam o risco de 
deiscência de feridas.4 
Para diagnosticar o risco nutricional ou 
desnutrição destes pacientes é necessário 
realizar a triagem e avaliação nutricional no 
paciente cirúrgico. Com um diagnóstico 
nutricional adequado é possível intervir e 
melhorar os desfechos operatórios nestes 
pacientes. 
Primeiramente é necessário a realização 
da triagem de risco nutricional, ou seja, 
identificar se este paciente possui alterações 
funcionais e orgânicas que ocorrem antes 
mesmo da instalação da desnutrição. Assim, 
se detectado risco nutricional através da 
triagem, o próximo passo é realizar a avaliação 
nutricional para compreender o estado 
nutricional do paciente, sua gravidade e traçar 
a melhor intervenção para este.3 
A triagem de risco nutricional deve ser 
realizada nas primeiras 24-48 horas da 
admissão hospitalar do paciente. Existem 
diversas ferramentas para triagem do estado 
nutricional, dentre estas, temos a NRS-2002, o 
MUST, e para idosos a MNA. Essas 
ferramentas utilizam da combinação de vários 
fatores, como IMC, perda de peso, ingestão 
alimentar, gravidade da doença e idade, para 
estabelecer o risco nutricional do indivíduo. 5 
Após realizar a triagem de risco 
nutricional, se detectado risco nutricional, o 
próximo passo é a realização da avaliação do 
estado nutricional (AEN) do paciente. É 
recomendado que essa AEN seja realizada 
dentro das próximas 24 horas após detecção 
do risco nutricional pela triagem de risco 
nutricional.3 
A avaliação do estado nutricional 
consiste em um conjunto de métodos utilizados 
para mensurar a condição do estado 
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194 
 
nutricional do paciente. Existem vários 
métodos para avaliação do estado nutricional, 
abrangendo diversas medidas e informações, 
como peso, IMC, composição corporal, história 
clínica, exame físico, histórico nutricional, entre 
outros. Dentre estes, ganham destaque os 
métodos mais rápidos, simples, de fácil 
execução e boa acurácia. 3,5 
O Projeto Acerto, um protocolo 
multimodal de cuidados perioperatórios, utiliza 
a Avaliação Subjetiva Global (ASG) e a Força 
de Preensão Palmar (FPP) para avaliação dos 
pacientes cirúrgicos. 3 A ESPEN também 
recomenda o uso da ASG na avaliação 
nutricional dos pacientes. O IMC continua 
sendo uma ferramenta útil também nesse 
contexto.5 
 
 
 
Figura 1 - Ferramenta de triagem de desnutrição universal – MUST. 
Fonte: Traduzido de Kondrup J, Allison SP, Elia M, Vellas B, Plauth M. ESPEN Guidelines for Nutrition Screening 2002. 
Clin Nutr 2003; 22(4):415-21. 
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195 
 
Figura 2 - Ferramenta de Triagem de Risco Nutricional – NRS 2002 
 
Fonte: Traduzido de Kondrup J, Rasmussen HH, Hamberg O, et al. Nutrition Risk Screening (NRS 2002): a new method 
based on na analysis of controlled clinical trials. Clin Nutr 2003; 22(3):321-36. 
 
A ASG foi criada em 1982 por Detsky, um 
método de avaliação nutricional simples e 
rápido, sendo capaz de identificar pacientes 
em risco nutricional e apresentando boa 
correlação com dados antropométricos e 
laboratoriais utilizados e com a morbidade pós-
operatória. A ASG avalia alterações do peso 
corporal desde os últimos seis meses, 
alterações na ingestão alimentar, presença de 
sintomas gastrointestinais (que podem piorar a 
ingestão alimentar e agravar o déficit de 
nutrientes), alterações da capacidade 
funcional e o grau de catabolismo ocasionado 
pela doença ou cirurgia, conforme tabela 1.3 
Ao final da avaliação, o paciente é 
classificado como ASG A, B ou C, onde A 
significa que ele possui um bom estado 
nutricional, B o indivíduo se encontra com 
desnutrição moderada ou em risco de 
desnutrição, e C o paciente está gravemente 
desnutrido. Um paciente com ASG B ou C 
necessita de terapia nutricional com uma 
intervenção nutricional mais agressiva. É 
importante promover uma recuperação do 
estado nutricional do paciente para melhores 
desfechos operatórios. 3 
A avaliação da FPP, outro método de 
avaliação do estado nutricional, é também um 
método simples, rápido, fácil, de baixo custo e 
eficaz para a avaliação da função da 
musculatura. Este método é capaz de detectar 
alterações funcionais precocemente, antes 
mesmo de alterações na forma do músculo, 
alterações antropométricas e laboratoriais 
serem identificadas. Essa perda funcional 
ocorre principalmente pela perda de 
musculatura esquelética decorrente da 
desnutrição. 3 
A redução da FPP está associada a 
complicações no pós-operatório e é preditiva 
de perda da funcionalidade em pacientes 
hospitalizados. O compartimento muscular e 
sua função, quando preservados, estão 
diretamente relacionados com a recuperação 
mais rápida no pós-operatório, redução do 
tempo de imobilidade e menor incidência de 
trombose venosa e de pneumonia. 3 
Da mesma maneira que alterações 
negativas da função são detectadas antes 
mesmo de outros parâmetros nutricionais, a 
melhora da função também pode ser 
mensurada mesmo antes da recuperação da 
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196 
 
massa magra, de ganho de peso e melhora de 
parâmetros antropométricos e até mesmo de 
parâmetros laboratoriais, onde a melhora 
funcional ocorre após alguns dias do início da 
intervenção nutricional, enquanto os outros 
parâmetros podem demorar várias semanas 
para se modificarem. Existem valores de corte 
da FPP na literatura para identificar o estado 
nutricional do paciente. 3 
Identificado o paciente em risco 
nutricional ou desnutrido é necessário realizar 
uma intervenção nutricional neste paciente, 
dado que a desnutrição pré-operatória é um 
fator independente de risco de maior 
morbidade e mortalidade pós-operatórias, 
decorrente de diminuição dos compartimentos 
de composição corporal, principalmente 
devido a massa magra, imunodepressão e 
retardo de cicatrização de feridas. O paciente 
que apresentar bom estado nutricional deve 
então ser triado semanalmente para 
acompanhamento do estado nutricional e 
detecção precoce de alteração desse estado.6 
Para o planejamento da terapia 
nutricionalesteja 
viável, a terapia nutricional através de sonda 
enteral ou gastrostomia é a opção de escolha.6 
A alimentação por sonda enteral é a 
terapia nutricional administrada por meio de 
um tubo (sonda) ou estoma no trato intestinal. 
A sonda pode ser inserido através do nariz; ou 
seja, sonda naso-gástrico, naso-jejunal ou 
naso-pós-pilórico; ou através de um estoma 
que é inserido endoscopicamente no 
estômago; isto é, gastrostomia endoscópica 
percutânea (PEG) ou com uma extensão 
jejunal (PEG-J) ou no jejuno (jejunostomia 
endoscópica percutânea (PEJ). Finalmente, o 
tubo também pode ser colocado 
cirurgicamente; isto é, gastrostomia cirúrgica 
ou jejunostomia. A terapia nutricional enteral 
total (TNE) refere-se às condições em que 
todas as necessidades de nutrientes são 
fornecidas por meio de uma sonda de 
alimentação sem ingestão oral ou parenteral 
significativa. Já a suplementação alimentar por 
sonda enteral é a nutrição administrada a 
pacientes cuja ingestão oral de alimentos e 
fluidos não atinge as NN do individuo 
sozinhas.13 
A dieta administrada através da sonda ou 
gastrostomia, dieta enteral, pode ser artesanal 
ou industrializada. Ambas as opções possuem 
vantagens e desvantagens. Pode-se também 
administrar dietas nutricionalmente completas 
ou apenas módulos de determinados 
nutrientes, conforme necessidade do paciente. 
Em hospitais, atualmente, pode ser fornecida a 
dieta industrializada, pois o risco de 
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199 
 
contaminação é menor e ela fornece todos os 
nutrientes recomendados ao indivíduo, é 
nutricionalmente completa. Existem fórmulas 
especiais para diferentes situações clínicas, no 
entanto as fórmulas padrão são adequadas a 
grande maioria dos pacientes que necessitam 
de dieta enteral.5 
As dietas industrializadas podem ser 
comercializadas em sistema aberto ou sistema 
fechado. No sistema aberto significa que deve 
haver manipulação do produto até ser 
fornecido ao paciente (Figura 3). Essas dietas 
em sistema aberto podem ser líquidas, cujo 
frasco deve ser aberto e acondicionado em 
outro recipiente para ser ofertado ao paciente, 
ou em pó, a qual deve ser ainda diluída em 
água e acondicionada em recipiente próprio 
para administração ao paciente. No sistema 
fechado (Figura 4), a embalagem na qual a 
dieta é comercializada é diretamente ofertada 
ao paciente, conectada em equipos próprios e 
administrada, sem nenhuma manipulação. A 
dieta em sistema aberto pode ser infundida por 
gotejamento gravitacional ou bomba de 
infusão, já a dieta em sistema fechado 
necessariamente deve ser administrada por 
bomba de infusão. 
Figura 3 – Frasco com dieta enteral 
industrializada, sistema aberto. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
Figura 4 – Frasco de dieta enteral 
industrializada, sistema fechado. 
 
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200 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Em situações na qual o trato 
gastrointestinal não esteja apto ou na 
contraindicação de via oral ou enteral, a terapia 
nutricional parenteral é a opção de escolha. 
Ela pode ser exclusiva no caso de inviabilidade 
do trato gastrointestinal, ou suplementar, em 
situações em que as necessidades nutricionais 
não conseguem ser atingidas pela via enteral 
em até 3 a 7 dias.6 
A terapia nutricional parenteral (TNP) é 
um tipo de terapia nutricional fornecida por 
meio da administração intravenosa de 
nutrientes, como aminoácidos, glicose, 
lipídios, eletrólitos, vitaminas e oligoelementos. 
Esse acesso pode ser periférico, utilizados em 
curtos períodos de TNP ou até 
providenciamento de um acesso central ou 
suspensão da TNP, ou central, através de uma 
veia de grosso calibre, a qual pode ser 
realizada por longos períodos e possuir uma 
osmolaridade mais elevada.5 
A terapia de nutrição parenteral total 
(nutrição parenteral exclusiva) se refere a 
situações em que todas as necessidades 
nutricionais (todos os macro e micronutrientes) 
são abrangidos pela NP, e nenhuma outra 
nutrição é fornecida por qualquer outra via 
exceto por via intravenosa. Já a nutrição 
parenteral suplementar (NPS), ou nutrição 
parenteral parcial ou nutrição parenteral 
complementar, refere-se a situações em que a 
nutrição é fornecida além de nutrição 
parenteral por qualquer via que não seja a 
intravenosa, podendo ser pela via oral e/ou éla 
via enteral.5 
A TNP pode ser realizada de maneira 
parcial, servindo como uma suplementação 
para alcance das necessidades nutricionais do 
indivíduo, concomitante a nutrição enteral, seja 
esta por via oral ou enteral, ou de maneira total, 
em situações nas quais o trato gastrointestinal 
não está apto a receber qualquer tipo de dieta. 
Também podem ser fornecidos todos os 
nutrientes necessários ao paciente (glicose, 
aminoácidos, lipídeos, vitaminas, minerais e 
eletrólitos) ou apenas determinados nutrientes 
em específico (ex.: aminoácidos), dependendo 
das necessidades do indivíduo. 5 
A dieta parenteral pode ser 
industrializada, a qual vem em um sistema 
fechado pronto para ser infundida no paciente; 
ou manipulada, por empresa específica para 
este fim, de acordo com a prescrição médica 
diária para o paciente. Dentre as diferenças 
está o fato de a dieta industrializada possuir 
maior estabilidade, podendo ser armazenada 
em temperatura ambiente por meses, 
instalação e início mais rápido, uma vez que 
pode ser armazenada no próprio hospital. Por 
outro lado, não pode ser individualizada de 
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201 
 
acordo com as necessidades nutricionais 
específicas daquele paciente. Já a dieta 
manipulada é produzida de acordo com os 
nutrientes prescritos individualizados para 
cada paciente; todavia é mais instável, 
necessitando de refrigeração até sua 
administração e possui maior tempo de sua 
prescrição até a infusão no paciente. 
 
Figura 5 – Dieta parenteral industrializada 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Pacientes desnutridos se beneficiam de 
uma terapia nutricional pré-operatória por 7 a 
14 dias, apresentando menos complicações, 
menor taxa de infecção pós-operatória e 
redução do tempo de internação. Pacientes 
oncológicos apresentam melhores desfechos 
quando essa terapia nutricional é enriquecida 
com imunonutrientes. Em pacientes com 
doenças benignas, na possibilidade de 
postergar a cirurgia, recomenda-se seu 
adiamento para recuperação do estado 
nutricional deste indivíduo.6 
Outra forma de realizar a terapia 
nutricional pré-operatória é a redução do 
tempo de jejum pré-operatório. O jejum pré-
operatório de 8-12 horas de jejum absoluto, 
sem nada pela boca, foi instituído na década 
de 40 através de relatos do médico Mendelson 
evidenciando a ocorrência de broncoaspiração 
durante a indução anestésica. No entanto, 
diversos estudos demonstraram que os 
pacientes permanecem em jejum pré-
operatório por períodos muito superiores a 
este, chegando a 24 horas de jejum antes da 
cirurgia. 
O jejum age de maneira semelhante à 
REMIT em diversos pontos, como na redução 
da insulina e elevação de glucagon, cortisol e 
catecolaminas promovendo aumento da 
expressão de genes envolvidos na 
neoglicogênese, oxidação de ácidos graxos e 
turnover proteico, tudo isso para 
disponibilização de glicose e de aminoácidos 
livres para o organismo. Após 15 horas de 
jejum, temos a exaustão do glicogênio 
hepático (75g), muscular (150g) e da glicose 
circulante.13 
Dessa maneira, o jejum prolongado 
associado a REMIT intensifica o catabolismo e 
consequentemente a desnutrição destes 
pacientes. Como já visto anteriormente, a 
desnutrição em pacientes cirúrgicos prejudica 
a cicatrização, aumenta a susceptibilidadea 
infecção e a morbimortalidade. Somado a isso, 
uma resposta catabólica e inflamatória não 
compensadas podem inclusive levar a um 
quadro de SIRS (Síndrome da Resposta 
Inflamatória Sistêmica), infecção e Sepse. 
Estes indivíduos desenvolvem alterações do 
sistema imune, como hiperativação ou 
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202 
 
imunossupressão, promovendo uma liberação 
exagerada de mediadores inflamatórios e 
gerando condições para a Síndrome de 
Disfunção de Múltiplos Órgãos, a qual cursa 
com elevada mortalidade.14 
Considerando todos estes aspectos, 
diversos estudos foram realizados sobre a 
redução do tempo de jejum pré-operatório. Os 
autores encontraram benefício na reversão da 
resistência insulínica relacionada ao trauma 
cirúrgico15,16, redução da perda de massa 
magra e da força muscular pós operatória17-19, 
manutenção da função imunológica20, melhora 
do desempenho cardíaco21, redução de 
ansiedade e fome22, redução de náuseas e 
vômitos23, além de ser uma estratégia segura 
e que não aumenta o risco anestésico e de 
broncoaspiração24. 
A segurança dessa abreviação do jejum 
já foi respaldada por diversos estudos 
científicos, inclusive por metanálise realizada 
pela Cochrane24. As principais sociedades de 
anestesia e guidelines mundiais recomendam 
a abreviação do tempo de jejum pré-operatório 
para 2 horas com líquidos claros e de 6 horas 
para alimentos sólidos25-30. A abreviação do 
jejum pré-operatória pode ser realizada com 
líquidos claros, ou sem resíduos, acrescidos 
de maltodextrina a 12,5%, podendo ser 
acrescentado também proteína do soro do leite 
(whey protein) ou glutamina, como fontes de 
aminoácidos. Como exemplo de líquidos claros 
temos chás, sucos coados, café, água, entre 
outros31. 
Dessa maneira, a abreviação do jejum 
pré-operatório é tida como mais uma das 
estratégias de terapia nutricional peri-
operatória a fim de corroborar com a 
manutenção do estado nutricional do paciente 
e melhora dos desfechos pós-operatórios e 
redução de complicações nestes. A abreviação 
do jejum pré-operatório pode ser realizada em 
qualquer paciente que será submetido a uma 
intervenção cirúrgica eletiva, independente do 
estado nutricional que apresente. Deve-se 
avaliar individualmente pacientes que 
apresentem dismotilidade gastrointestinal e/ou 
aumento do tempo de esvaziamento gástrico, 
como obesidade mórbida, refluxo 
gastresofágico importante, gastroparesia, 
estenose pilórica, entre outros. Indivíduos com 
obstrução gastrointestinal não devem receber 
alimentos via oral, tampouco líquidos para 
abreviação do jejum pré-operatório.31 
Muitos desses assuntos são abordados 
pelo Projeto Acerto32, um protocolo multimodal 
que visa acelerar a recuperação do paciente 
cirúrgico. O Projeto acerto possui 11 pilares 
básicos que foram definidos após diversos 
estudos como sendo capazes de alterar e 
melhorar os desfechos do paciente cirúrgico. 
 
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203 
 
Tabela 1: Pilares do Projeto Acerto. 
Características - Projeto Acerto 
Informação pré-operatória o paciente não deve somente receber um termo por escrito 
sobre sua cirurgia e assinar este. Todo o procedimento, bem 
como os cuidados após a cirurgia devem ser explicados 
verbalmente para o paciente a fim de que este compreenda 
como será sua operação e como ele deve proceder após o 
mesmo. Estando ciente de como será seu pós operatório o 
paciente se torna mais colaborativo e menos temeroso, 
melhorando a evolução pós operatória 
Cirurgias 
videolaparoscópicas 
sempre que possível optar pelas cirurgias por vídeo que 
provocam um trauma menor e por consequência menor tempo 
cirúrgico, menor REMIT, recuperação mais rápida, redução de 
complicações, redução de morbimortalidade, entre outros 
Abreviação do tempo de 
jejum pré-operatório para 
2 horas 
não prolongar o tempo de jejum pré-operatório 
desnecessariamente. O Projeto Acerto e as sociedades 
relacionadas a cirurgia recomendam redução do tempo do jejum 
para 6 horas de jejum para alimentos sólidos e leite e jejum de 
2 horas para líquidos clarificados (agua, chá, sucos diluídos, 
café) acrescidos de maltodextrina e se possível alguma fonte 
nitrogenada (glutamina, proteína do soro do leite) a fim de 
reduzir a REMIT, melhorar bem estar e os desfechos cirúrgicos 
dos pacientes 
Realimentação precoce proporcionar o retorno da alimentação da forma mais fisiológica 
possível o mais rapidamente dentro das possibilidades do 
paciente. Não atrasar o início da reintrodução alimentar ou da 
dieta por medos ou receios infundados. O atraso na 
realimentação piora a REMIT e o estado nutricional do paciente, 
levando a maiores taxas de complicações 
Terapia nutricional peri-
operatória 
sempre avaliar o estado nutricional do paciente através de 
triagem e avaliação nutricional e a partir disso definir a melhor 
terapia nutricional para ele. Priorizar o estado nutricional do 
paciente e nunca desvalorizar este. A piora do estado 
nutricional leva a piores desfechos operatórios, como aumento 
de complicações e infecções, aumento da frequência e tempo 
de internação, aumentando assim a morbimortalidade destes 
Não realização de preparo 
do cólon 
o preparo, ou limpeza como alguns costumam dizer, do cólon é 
uma pratica obsoleta e que ao contrário do que se acreditava, 
não traz nenhum benefício ao paciente, muito pelo contrário. A 
realização de preparo do cólon com laxantes ou enemas 
provoca efeitos deletérios ao paciente, como perda de líquidos 
e eletrólitos, vazamento de fezes líquidas pela anastomose, 
compromete a microbiota benéfica e aumenta o índice de 
fístulas e deiscência de anastomose no pós operatório 
Uso racional de sondas e 
drenos 
sondas e drenos devem ter sua indicação adequada. O uso 
indiscriminado e/ou inadequado não traz nenhum benefício ao 
paciente, sendo inclusive prejudicial, levando a desconforto, 
lesões e prolongamento do tempo de internação 
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204 
 
Uso racional de hidratação 
venosa perioperatória e 
antibioticoterapia 
calcular adequadamente a necessidade de hidratação do 
paciente. A hiper-hidratação prejudica o pós operatório do 
paciente, levando a edemas, aumento de pressão abdominal, 
piora das trocas gasosas e de nutrientes, aumento da 
permeabilidade da mucosa intestinal e prejuízo no processo de 
cicatrização. O uso indiscriminado de antibióticos também traz 
prejuízos ao paciente, como resistência microbiana, ausência 
de melhora do desfecho, bem como aumento dos custos 
desnecessariamente, entre outros. A profilaxia contra infecção 
do sítio cirúrgico deve ser realizada de diversas outras 
maneiras, como lavagem de mãos, antissepsia de equipe, 
roupas e vestimentas, limpeza e desinfecção de superfícies, 
assepsia e técnica cirúrgica, cuidados pós operatórios e 
vigilância, entre outros 
Analgesia no pós 
operatório 
não permitir que o paciente sinta dor no pós operatório 
promovendo analgesia de qualidade. A dor piora o estado geral 
do paciente, prejudica deambulação, alimentação, levando a 
piores desfechos 
Controle de náuseas e 
vômitos 
prevenir náuseas e vômitos proporciona um melhor estado geral 
do paciente, evita perda de nutrientes, eletrólitos e a 
desidratação, evita piora da REMIT e do estado nutricional do 
paciente promovendo melhor recuperação e desfechos. 
Medicação preventiva, reduzir o tempo de jejum pré e pós 
operatórios, evitar hiper-hidratação, evitar uso de opioides e 
anestésicos voláteis e uso de pró-cinéticos no pós operatório 
auxiliam no controle de náuseas e vômitos 
Auditoria registrar, analisar e conhecer os dados dos pacientes, 
cirurgiões, equipe e hospital para que se possa conhecer o real 
cenário do serviço a fimde promover mudanças e monitorar os 
acontecimentos e determinar objetivos para sempre melhorar o 
atendimento e os desfechos dos pacientes 
Fonte: Adaptado de Aguilar-Nascimento JE, 2011.32 
 
 
 
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205 
 
Figura: Mosaico pilares do Projeto Acerto. 
 
Fonte: Aguilar-Nascimento JE, 2011.32 
 
 
Por fim, ressaltamos a importância da 
manutenção ou recuperação do estado 
nutricional dos pacientes apresentando as 
diversas complicações decorrentes da 
desnutrição em pacientes cirúrgicos. Dentre as 
várias ferramentas para triagem e avaliação do 
estado nutricional existentes, basta eleger a 
que mais se adapte a rotina e realidade do 
serviço. 
Apresentamos diversas estratégias 
para condução dessas situações, como a 
terapia nutricional e suas diferentes 
apresentações: suplementação nutricional, 
nutrição enteral, parenteral, abreviação do 
jejum pré-operatório, entre tantos outros. Com 
tantos recursos disponíveis o médico fica mais 
capacitado a conduzir seu paciente para os 
melhores desfechos possíveis após 
intervenções operatórias. 
 
 
Projeto ACERTO www.projetoacerto.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Rubio; 2011. 
 
 
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209 
 
Condutas no trauma abdominal 
 
Carla Franco Mendonça de Araújo 
 
Capítulo 
17 
Condutas no trauma abdominal 
 
CONDUTA NO TRAUMA ABDOMINAL 
 
INTRODUÇÃO 
O trauma abdominal é responsável por 
um número expressivo de mortes a cada ano, 
no Brasil e no mundo. Diante de tal fato, torna-
se importante o conhecimento acerca dos tipos 
de trauma, suas variáveis formas de 
apresentação e a conduta específica para 
cada um. 
É importante ressaltar que os sintomas 
abdominais relacionados ao traumatismo 
podem ser, muitas vezes, despercebidos por 
lesões associadas com dor referida ou, por 
alterações do nível de consciência, 
principalmente, decorrentes do trauma 
craniano, o que dificulta a sua avaliação. 
A avaliação inicial do paciente visa, 
primordialmente, reconhecer a necessidade ou 
não de uma intervenção cirúrgica. 
Posteriormente, analisa-se a localização da 
lesão, mapeando-se, assim, os possíveis 
órgãos acometidos, sendo, o estado 
hemodinâmico do paciente avaliado a todo 
momento. 
 
 
O traumatismo do abdome pode ser 
fechado (contusão abdominal), normalmente 
relacionado a movimentos de aceleração, 
desaceleração, compressão e cisalhamento 
nas diversas direções, ou aberto (penetrante 
ou ferida abdominal), decorrente, em sua 
grande parte, de armas de fogo ou arma 
branca. Dessarte, saber as devidas condutas 
com agilidade em cada caso é de extrema valia 
no atendimento de urgência e emergência. 
 
CARACTERÍSTICAS DO TRAUMA 
1- TRAUMA CONTUSO 
Na contusão abdominal, os órgãos 
normalmente acometidos são o baço, em 
cerca de 40 a 55% dos casos de laparotomias 
por trauma, e o fígado, em 35 a 45% dos 
casos. 
No trauma fechado, o exame físico, 
quando o paciente está desperto, pode ser 
bastante sensível para o diagnóstico e 
prognostico do caso, direcionando, dessa 
forma, o plano terapêutico a ser seguido. Por 
outro lado, quando o paciente se apresenta 
instável, grave, o exame físico não é confiável, 
fazendo-se necessária a investigação de 
possível lesão intra-abdominal e se o abdômen 
é de fato a fonte da hemorragia. 
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210 
 
É importante salientar as condutas a 
serem tomadas quando o exame físico se 
torna invalido, sendo o Lavado Peritoneal 
Diagnostico (LPD) ou a ultrassonografia do 
abdômen (FAST-Focused Assessment 
Sonography for Trauma), os métodos mais 
utilizados, na investigação. 
O LPD possui 98% de sensibilidade para 
a detecção de sangramento intra-abdominal e 
é realizado através da colocação de um cateter 
de dialise peritoneal na cavidade do peritônio, 
através de uma incisão infra umbilical. A 
presença acima de 10ml de sangue, durante a 
aspiração inicial, é um sinal positivo, presente 
em pacientes chocados com hemorragia 
abdominal. Contudo, caso isso não ocorra, 
deve-se infundir 1.000ml de solução de Ringer 
lactato aquecida. O efluente recolhido deve ser 
enviado para análise, conjuntamente a 
dosagem de amilase e fosfatase alcalina. 
Dessa forma, o LPD torna-se positivo quando 
há presença de 100.000 hemácias/mm³ ou 
mais, amilase acima de 175U/dl ou pesquisa 
positiva para bile, bactérias ou fibras 
alimentares. 
Quanto ao FAST, é o método mais 
utilizado no pronto-socorro e na sala de 
trauma, e tem como objetivo identificar líquido 
livre na cavidade abdominal, podendo o 
mesmo ser sangue ou conteúdo extravasado 
de víscera oca. 
Para pacientes instáveis 
hemodinamicamente, com LPD ou FAST 
positivos, com hipotensão, está indicada a 
laparotomia exploradora. Em contrapartida, 
em pacientes hemodinamicamente estáveis, 
após a realização do LPD ou FAST, também 
positivo, indica-se a realização de uma 
tomografia computadorizada, sendo este 
método o principal exame para análise 
detalhada de traumatismo abdominal. 
 
2- TRAUMA PENETRANTE 
Nos ferimentos por arma branca, 
podemos notar o acometimento, mais 
frequentemente, do fígado (40%), intestino 
delgado (30%), diafragma (20%) e cólon 
(15%). Já os ferimentos por arma de fogo 
causam mais danos intra-abdominais devido à 
extensão da sua trajetória e a maior energia 
cinética dissipada, tendo como principais 
sedes de lesão, o intestino delgado (50%), 
cólon (40%), fígado (30%) e estruturas 
vasculares abdominais (25%). 
A exploração cirúrgica está indicada 
quando há violação da cavidade peritoneal, 
contudo, previamente a laparotomia, o 
cirurgião estuda e traça o trajeto do projetil ou 
objeto, no intuito de orientar sua exploração 
cirúrgica. Ademais, é importante ressaltar que 
vítimas que se encontram estáveis 
hemodinamicamente, devem ser submetidas a 
tomografia computadorizada (TC) de abdome 
com reconstrução tridimensional. 
Referindo-se a feridas por arma branca, 
há três indicações obrigatórias para 
laparotomia exploradora, que são: 
instabilidade hemodinâmica, evisceração ou 
sinais de peritonite. No sentido contrário, 
quando não há indicação imediata de 
laparotomia, o cirurgião deve explorar o local 
do ferimento, com o paciente sob anestesia 
local, para determinar se houve ou não 
violação da cavidade peritoneal. Portanto, a 
partir do resultado positivo, ou negativo, da 
observação, o plano terapêutico é traçado. 
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211 
 
 
Figura 1: Trauma abdominal aberto em flanco direito. 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
LESÕES ESPECIFICAS 
 
1- TRAUMA ESPLÊNICO 
As lesões esplênicas estão entre as mais 
frequentes relacionadas ao trauma fechado de 
abdome e, atualmente, com o auxílio da 
classificação proposta pela American 
Association for the Surgery of Trauma (AAST), 
existe uma graduação progressiva da lesão 
esplênica, de um a cinco. Nessa escala, 
quanto maior a graduação, maior a gravidade, 
logo um diferente plano terapêutico será 
abordado em cada caso. 
O baço possui funções linfoides 
importantes, posto que apresenta 25% do 
tecido linfoide do organismo. Portanto, é um 
efetivo produtor de IgM e quando a 
esplenectomia é realizada, temos uma 
redução dos níveis séricos de IgG. Diante de 
tal fato, é de grande importância o 
acompanhamento do paciente após a cirurgia, 
com submissão à imunização, para que se seja 
evitado possíveis contaminações, como no 
caso da sepse fulminante pós-esplenectomia, 
o qual acomete normalmente a população 
pediátrica. 
Desse modo, a tentativa de preservação 
esplênica torna-se primordial e a conduta a ser 
realizada dependerá do estado hemodinâmico 
do paciente e dos resultados obtidos com 
FAST e com uma tomografia computadorizada 
(TC). 
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212 
 
Indicaçõesda sala cirúrgica 
cuja compressa esteja dobrada. 
Primeiramente realiza-se a secagem das mãos 
até os punhos. Após, “usa-se cada lado da 
compressa dobrada para secar cada um dos 
antebraços até os cotovelos. Como regra, 
sempre que um membro é secado, dobra-se a 
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compressa ao meio de forma que a face 
utilizada fique virada para dentro, não entrando 
novamente em contato”7. 
 
 
 
 
Figura 3 – Secagem das mãos 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Própria autora, 2020. 
 
Legenda: 1. Após a lavagem das mãos, segue-se à secagem, iniciando pelas mãos; 2. Uma 
compressa estéril do lap de campos e aventais é utilizada; 3. Uma das faces da compressa é 
utilizada para a secagem de apenas um dos membros exposto à antissepsia. Realiza a secagem 
com movimentos compressivos; 4 e 5. Segue-se para os antebraços e cotovelos; 6. Dobra-se a 
compressa; 7. Após dobrada, a superfície da compressa que entrou em contato somente com as 
mãos (vermelho) seca o antebraço e cotovelos contralateral. Ao final, descarta-se a compressa 
utilizada na secagem posteriormente. 
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Para calçar as luvas individualmente, 
primeiro é preciso abrir o invólucro em que 
estão contidas e pré-dobradas, a fim de 
ficarem expostas. Depois, pega-se pelo punho 
interno (por dobradura) das luvas com uma das 
mãos, introduzindo a outra mão dentro da luva 
que ficou exposta. Logo após, segura-se a 
outra luva, com a mão já vestida, pela prega 
externa pré-dobrada do punho, auxiliando para 
colocar a segunda luva. Depois que ambas as 
luvas foram calçadas, puxam as pregas, com o 
objetivo de cobrir os punhos, e posiciona a luva 
adequadamente nas mãos e nos dedos. É 
importante ressaltar que mesmo com as mãos 
escovadas não devem tocar a parte externa 
das luvas, pois isso gera pena de 
contaminação7. 
 
 
Figura 4 – Técnica para calçar as luvas cirúrgicas (estéreis) 
 
 
Fonte: Autor, 2020. 
 
Legenda: 1. Abertura da embalagem de luvas pela parte não estéril. Segura-se a aba do envelope 
que envolve a luva para se ter acesso a elas; 2. Com a mão oposta à mão a ser enluvada 
primeiramente, segura-se a luva por sua dobra externa (não estéril) e introduz-se a outra mão 
dentro da luva; 3. Calça-se a mão com a ajuda da mão ainda não enluvada; 4. Luvas calçadas.
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20 
 
Após devidamente paramentado para o 
procedimento, as mãos devem permanecer 
entre a linha dos mamilos e do umbigo até o 
momento de entrar no campo cirúrgico, uma 
vez que as “áreas acima da linha do mamilo e 
abaixo do umbigo são consideradas 
contaminadas, mesmo com a paramentação 
tendo sido feita de forma adequada”. A 
realização de movimentos de grande 
amplitude deve ser evitada, cujo objetivo é 
diminuir os riscos de contaminação, pois sabe-
se que o procedimento de escovação, a 
secagem das mãos e a vestimenta do 
indumentário cirúrgico é gradativa 
descontaminação, considerando estéril 
apenas a porção externa das luvas e o avental 
cirúrgico7. 
 
Técnicas de antissepsia: 
A antissepsia está relacionada à 
desinfecção química da pele, mucosa e outros 
tecidos vivos, possuindo objetivo semelhante à 
assepsia. Desse modo, a antissepsia é o 
conjunto de medidas com a finalidade de inibir 
o crescimento de micro-organismos ou 
removê-los de um ambiente através de sua 
remoção, ou não, porém para fazer isso é 
preciso fazer uso de antissépticos ou 
desinfetantes8. 
Corroborando, achados da literatura 
ressaltam que a antissepsia consiste na 
utilização de microbicidas sobre um 
determinado local com o objetivo de reduzir a 
quantidade de micro-organismos em sua 
superfície. Como exemplo desses produtos 
temos os álcoois, a clorexidina, os compostos 
de iodo, iodóforos e triclosan. Enquanto 
assepsia é o conjunto de medidas propostas 
para impedir a introdução de agentes 
patogênicos em um meio estéril9. 
O número de pessoas que entram e saem 
da sala de cirurgia deve ser reduzido, porém 
em ambientes de ensino é preciso que haja um 
maior número de assistentes, por isso os 
cuidados e as regras de antissepsia devem ser 
potencializados7. 
“Devem estar disponíveis no ambiente 
luvas estéreis e não estéreis (de 
procedimento) para evitar contaminações e 
para proteção individual. Além da equipe 
médica, a sala de cirurgia deve contar com 
instrumentador e profissional circulante de 
sala. Como regra para evitar 
contaminações inadvertidas, estes últimos 
devem ser encarregados da aberturado 
material esterilizado e zelo deste até a 
entrada do cirurgião após escovação. 
Desde então, mas com auxílio de toda 
equipe, é responsabilidade do cirurgião 
zelar pelo adequado andamento do 
procedimento”7. 
Após lavagem das mãos, um antisséptico 
adequado deve ser utilizado, a fim de exercer 
a atividade germicida sobre a flora cutâneo-
mucosa em presença de sangue, soro, muco 
ou pus, sem irritar a pele ou as mucosas. Antes 
de fazer a punção lombar e a incisão cirúrgica, 
a pele do paciente é limpa com soluções 
antissépticas, cuja finalidade é diminuir os 
germes transitórios ou residentes na pele, 
diminuindo o risco de infecção da ferida 
cirúrgica. Ainda não sabe se possui um 
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antisséptico melhor do que o outro para 
realizar a prevenção anti-infecciosa. Dessa 
forma, para selecionar os diversos tipos de 
antissépticos, os médicos podem considerar 
outras características, como custos e possíveis 
efeitos colaterais5. De acordo com Do Vale et 
al. (p. 99, 2019), sabe-se que a atual 
preferência é o antisséptico alcoolizado, onde 
as soluções mais utilizadas são: 
“Soluções antissépticas com detergentes 
(degermantes) e se destinam à 
degermação da pele das mãos, realizando 
antissepsia parcial, através da solução 
iodada detergente de PVPI a 10% (1% de 
iodo ativo) ou da solução (biguanida) 
detergente de clorhexidina a 4 % com 4% 
de álcool etílico; Solução alcoólica para 
antissepsia das mãos, utilizando a solução 
de álcool iodado a 0,5 ou 1 % + álcool 
etílico a 70%, com ou sem 2 % de glicerina 
ou álcool etílico a 70% com ou sem 2% de 
glicerina”5. 
Corroborando com tais achados, estudos 
ressaltam a necessidade em realizar a 
degermação de mãos e antebraços, visto que 
na degermação diversas substâncias são 
indicadas, tais como os iodos formulados com 
detergente aniônico ou clorexidina a 2%, 
sendo realizados com escovas apropriadas. 
Dessa maneira, o uso desses antissépticos é 
recomendado a toda a equipe de saúde que 
estão trabalhando na sala de operação durante 
a cirurgia. Outrossim, nota-se que utilizar as 
luvas estéreis é uma ação complementar à 
antissepsia cirúrgica das mãos, atuando como 
barreiras aos micro-organismos10. 
Recomenda-se o preparo inicial da pele 
com solução alcoólica de clorhexidina ou PVPI, 
devendo-se esperar secar para então realizar 
o procedimento invasivo. Em função da 
latência bactericida, estas soluções alcoólicas 
devem permanecer em contato com a pele 
pelo menos três minutos. O antisséptico deve 
aplicado do centro para a periferia, de cima 
para baixo, atentando que a clorhexidina é 
incolor. Três camadas superpostas do 
antisséptico são aconselhadas. Culturas de 
biópsias de pele de região obtidas após a 
aplicação da solução antisséptica foram 
positivas em 32% para a PVPI, sendo 6% após 
a clorhexidina alcoólica. Sempre retirar o 
excesso de antisséptico (deixar secar) antes 
da punção raquídea, o que pode reduzir 
eventual injeção intratecal de antisséptico e 
com menor risco de cefaleia pós punção da 
dura mater. Uma revisão abrangente das 
evidênciasde conduta conservadora 
abordam pacientes: i) estáveis 
hemodinamicamente; ii) exame abdominal 
negativo para irritação peritoneal; iii) ausência 
de indicações precisas para laparotomia; iv) 
ausência de condições clínicas que aumentem 
o risco de sangramento; v) lesões esplênicas 
graus I a III (na escala da AAST). Esses 
pacientes devem ser internados em unidade 
de terapia intensiva e monitorados de 48 a 72 
horas, em repouso com cateter nasogástrico 
posicionado, e com medidas seriadas do 
hematócrito e exames abdominais frequentes. 
Em contrapartida, a laparotomia 
exploradora está indicada em casos de: 
estabilidade hemodinâmica, porém com sinais 
de irritação peritoneal, instabilidade 
hemodinâmica com LPD ou FAST positivos e 
lesões esplênicas graus IV e V, de acordo com 
a AAST, e presença de coagulopatia. 
 
 
Figura 2: Baço retirado após lesão intensa do órgão e perda de função. 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
2- TRAUMA HEPÁTICO: 
O fígado é o segundo órgão mais acometido no 
trauma abdominal, logo, necessita de uma 
atenção maior. De acordo com dados do 
National Trauma Data Bank (NTDB), a 
mortalidade é de aproximadamente 19,1% 
quando se há acometimento hepático, haja 
vista a extensão de seu parênquima, sendo 
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assim, a investigação sistemática e o 
acompanhamento, são de extrema 
importância. 
O acometimento hepático é classificado de 
acordo com sua localização e dentro dessa 
classificação, as lesões I, II e III são ditas 
simples e correspondem a 80% dos casos. Há 
que se salientar que a mortalidade esta 
intimamente ligada a localização do 
acometimento, visto que veias hepáticas e veia 
cava inferior, quando acometidas, são sinais 
de gravidade para o quadro, com um pior 
prognostico. 
Classificação das lesões hepaticas: 
Grau I: 
 Hematoma: Lesão subcapsular, 50% da superficie, 
ou expansivo, ou roto intra-parenquimatoso 
>10%, expansivo ou roto 
Laceração: >3cm de profundidade 
Grau IV: 
Laceração: Rotura do parenquima entre 25 a 
75% de um lobo ou rotura de 1 a 3 segmentos 
num único lobo 
Grau V: 
Laceração: Rotura do parenquima >75% 
de um lobo hepatico ou de mais de 3 
segmentos de um único lobo 
Vascular: Lesão de veia porta justa-
hepatica, ou veias hepaticas centrais, ou lesão 
de cava retro-hepatica 
Grau VI: 
Vascular: Avulsão hepatica 
Na atualidade, devido aos avanços nas 
técnicas de imagem não-invasiva e um melhor 
entendimento da história natural do trauma 
hepático, pacientes com lesões hepáticas 
complexas estão sendo tratados, cada vez 
mais, conservadoramente. Sendo assim, 
quando o paciente que sofreu um trauma 
contuso é avaliado ele deve estar dentro de 
critérios que determinam a conduta não 
cirúrgica (tratamento conservador), sendo 
esses critérios: 
1- Estar estável hemodinamicamente à 
admissão ou adquirida, após reanimação 
inicial, independentemente do grau e 
extensão da lesão, e sem sinais de 
peritonite; 
2- Ausência de lesão intra e retroperitoneais 
(pâncreas e/ ou vísceras ocas). 
3- Transfusão de sangue limitada a quatro 
unidades, especificamente para controle 
do sangramento de origem hepática. 
Após a avaliação o paciente deve ser 
acompanhado clinicamente, para que caso 
haja mudança no quadro, as medidas cabíveis 
sejam tomadas o quanto antes, posto que a 
complicação mais frequente é a hemorragia, 
com uma incidência que varia de 0 a menos de 
3%. Dessa forma, estes pacientes devem ser 
mantidos em repouso absoluto por 5 dias, 
sendo as primeiras 48 horas em unidade de 
terapia intensiva e os dias restantes com 
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acompanhamento dos sinais vitais e 
solicitação de hematócritos seriados. 
É importante salientar que os candidatos 
a tratamento conservador apresentam sempre 
hemoperitônio que acarreta dor de pequena 
intensidade, com sensação de 
hipersensibilidade. Contudo, a intensificação 
progressiva da dor, constatada nos exames 
clínicos sequenciais, é sugestiva de lesão de 
víscera oca, com indicação para laparotomia. 
Em caso de descompensação de 
pacientes que estejam sendo mantidos sob 
avaliação clínica, uma tomografia deve ser 
realizada, para, assim, avaliar um possível 
extravasamento de contraste que justifique a 
piora do quadro. Atualmente, há uma 
classificação quanto a localização e a 
característica do extravasamento que facilita a 
abordagem. Quando o tipo 1 de 
extravasamento de contraste ocorre para a 
cavidade peritoneal, há indicação clara de 
laparotomia. No que se refere ao tipo 2, temos 
um quadro de hemoperitôneo com 
extravasamento de contraste para o 
parênquima hepático, sendo recomendado, na 
maioria dos casos, a realização de angiografia 
seguida de embolização. Quanto ao tipo 3, o 
extravasamento está presente no parênquima 
hepático, mas sem hemoperitôneo, sendo 
recomendada a angiografia. 
Para pacientes avaliados e com 
indicação de cirurgia, a abordagem dependerá 
da extensão da lesão, da localização e da 
gravidade do quadro, cabendo ao cirurgião a 
decisão. Entre algumas técnicas utilizadas, 
temos a aplicação de cliples cirúrgicos nos 
vasos sangrantes, suturas, colágeno 
microfibrilar, manobra de Pringle 
(clampeamento das estruturas do ligamento 
hepatoduodenal), entre outras. 
 
3- TRAUMA DE INTESTINO DELGADO: 
Nos traumas fechados, as lesões das 
vísceras ocas apresentam uma menor 
incidência relativa, sendo mais frequentes no 
intestino delgado, seguindo-se no intestino 
grosso e estômago. Contudo, nas perfurações 
por armas de fogo, o intestino delgado é o 
órgão mais afetado, de acordo com o ATLS. 
Os mecanismos responsáveis por lesões 
ao intestino delgado variam desde compressão 
de alças, lacerações em pontos fixos, a ruptura 
de alça fechada por elevação da pressão intra-
abdominal. Logo, a conduta e o prognostico 
dependeram de cada caso em particular. 
Pacientes que apresentam lacerações do 
intestino delgado e demonstram quadro de 
peritonite e/ou instabilidade hemodinâmica, 
nas horas subsequentes ao trauma, devem ser 
levados imediatamente ao centro cirúrgico e o 
diagnóstico será dado durante a laparotomia. 
Em contrapartida, em casos de trauma contuso 
com difícil diagnostico no exame físico, um 
raio-x deve ser solicitado para que se possa 
visualizar a existência ou não de ar fora de 
alça. Ademais, em caso de dúvida, pode-se 
solicitar uma TC de abdome que indicará 
líquido livre em caso de lesão. 
No que se refere ao procedimento 
cirúrgico, em casos tidos como mais simples, 
uma rafia das lacerações é feita ou, até 
mesmo, uma enterectomia, em casos de 
lesões em mais de 50% da circunferência da 
alça. 
4- TRAUMA DE COLON E RETO: 
Normalmente as lesões que acometem 
colón e reto são ocasionadas por trauma 
penetrante abdominal, sendo o colón 
acometido em 36 a 40% das vezes. Ademais, 
as lesões contusas de cólon e reto são raras, 
representando cerca deatuais encontrou alguma evidência 
de que a preparação pré-operatória da pele 
com clorexidina a 0,5% em álcool etílico está 
associada a menores taxas de infecção 
cirúrgica após a cirurgia limpa do que a tintura 
de iodopovidona à base de álcool5. 
 
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22 
 
Paramentação: 
É necessário realizar cuidados, além dos 
padrões já realizados, pois a via de 
transmissão de patógenos ocorrem pelo ar, por 
contato direto ou indireto, dentre outros. Dessa 
maneira, para que sejam reduzidos os riscos 
de contaminação, a equipe de profissionais do 
centro cirúrgico deve se preocupar em usar 
toda a paramentação necessária, com a 
finalidade de “proteger a área a ser operada 
(sítio cirúrgico) da flora liberada pela equipe de 
saúde, que se defende também da exposição 
às secreções dos pacientes”4. 
Toda a paramentação do profissional 
deve ser realizada após a secagem das mãos, 
possuindo como objetivo a “criação de uma 
barreira física entre o campo operatório e os 
membros da equipe”, a fim de evitar a 
contaminação8. Diante desse cenário, a 
paramentação constitui-se de “propés, 
uniforme privativo (jaleco e calça), gorro, 
máscara, avental, luvas, campos da área 
cirúrgica e protetor ocular”4. 
Com isso, nota-se que a roupa cirúrgica é 
uma barreira oclusiva, mas não impermeável, 
devendo ser confortável e durável, além de 
utilizar toda a paramentação de maneira 
correta, onde a máscara faça a cobertura 
completa do nariz e da boca, além da utilização 
dos propés ou calçados cirúrgicos, pois estes 
protegem o ambiente do bloco cirúrgico dos 
micro-organismos hospitalares5. Outrossim, 
compreende-se que a paramentação de touca, 
jaleco e calça devem ser colocados no 
vestiário, enquanto os propés precisam ser 
calçados momentos antes de o profissional da 
saúde entrar na área restrita, já a máscara e os 
óculos devem ser colocados no momento da 
escovação11. 
O avental precisa ser colocado na área 
restrita, logo depois da degermação e 
secagem das mãos, para que depois sejam 
colocadas as luvas11. Ademais, é importante 
ressaltar que ao colocar o avental o 
profissional não pode tocar em nenhuma parte 
do lado externo dele, uma vez que ao tocar o 
avental na porção anterior, mesmo que as 
mãos estejam escovadas, é sinal de 
contaminação7. Dessa forma, é ideal que o 
avental cirúrgico tenha comprimento até os 
joelhos, a manga seja comprida e possua 
punho, deve-se realizar com amarraduras nas 
costas, e dobradura na técnica para que possa 
esterilizá-lo e utilizá-lo de novo6. 
 
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Figura 5 – Paramentação do profissional no 
centro cirúrgico 
 
 
Fonte: Própria autora, 2020. 
 
 
Colocação de campos: 
Depois que ocorrer a paramentação e o 
paciente estiver antiassepsiado, deve-se 
iniciar a colocação dos campos operatórios, 
onde o instrumentador entrega ao cirurgião um 
dos campos maiores, sendo este desdobrado 
nas duas extremidades, com uma segurada 
pelo cirurgião e outra pelo auxiliar. Em média 
são utilizados cinco campos: a) inferior de 
proteção, b) lateral direito, c) lateral esquerdo, 
d) superior, e) inferior. Compreende-se que os 
campos cirúrgicos devem ser adequadamente 
fixados com pinça de Backaus, adesivo ou 
ponto cirúrgico6. 
A finalidade dos aventais e campos 
cirúrgicos é diminuir a contaminação da ferida 
operatória por bactérias e “impedir o contato da 
pele dos profissionais com o sangue e demais 
substâncias corporais que possam contaminá-
los”. O uso de campos operatórios para 
proteção de pacientes contra possíveis 
infecções é muito comum nos centros 
cirúrgicos. Esses campos são considerados 
principais instrumentos de proteção ao 
paciente já que sua finalidade é criar e manter 
uma barreira antimicrobiana eficaz, evitando 
assim a passagem de micro-organismos de 
áreas não estéreis para áreas estéreis12. 
A colocação dos campos cirúrgicos vem 
antes de qualquer procedimento, onde o 
objetivo é preparar um local estéril ao redor do 
local a ser operado, além das mesas 
cirúrgicas. É importante que os campos 
estejam seguros sempre acima da altura da 
cintura, antes de serem colocados na região a 
ser operada, pois ao colocá-los ali, os campos 
não devem ser levados para mais perto da 
região a ser operada, visto que as suas 
extremidades estão abaixo do “nível estéril” e 
podem contaminar a área. Se isso acontecer, 
o aconselhado é que o campo seja substituído 
por outro, pois eles são considerados estéreis 
apenas na parte superior. Desse modo, “a 
interpretação das áreas estéreis e não estéreis 
é resultado de atenção e bom julgamento 
durante toda a cirurgia por todos os 
profissionais”. Quando finaliza a cirurgia, os 
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campos cirúrgicos não podem ser sacudidos 
ou arremessados pois são potenciais 
disseminadores de micro-organismos e 
sujidades8. 
 
 
Figura 6 – Colocação de campos cirúrgicos 
 
 
 
Fonte: Própria autora, 2020. 
 
 
 
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Palmas, TO: Universidade Federal do 
Tocantins/EDUFT, 143 p. 2014. 
 
9. ALECRIN, I.N.; DE LACERDA,M.E.M.; 
MANHÃES, R.T.; CAMPOS, A.R.; ALMEIDA, 
G.B.O. FERREIRA, M.A.C. et al. Análise da 
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https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/ebook-tecnica-cirurgica_2.pdf
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____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
26 
 
no pré-operatória. Revista Científica da 
FMC, v. 14, n. 1, 2019. 
 
10. FONTES, F.L.L.; MELO, M.M.; SOARES, 
J.C.; SANTOS, J.M.; FROTA, C.A.; DOS 
SANTOS, A.R.F.; et al. Contribuições da 
monitoria acadêmica em Centro Cirúrgico 
para o processo de ensino-aprendizagem: 
benefícios ao monitor e ao ensino. Revista 
Eletrônica Acervo Saúde, v. 27, p. 1-6, 
2019. 
 
11. MORCHE, K.R.; BERTINATTO, R.J.; DE 
ALBUQUERQUE, B.Z.; ALVES, C.G.; DIAS, 
G.F.; CHIES, V.T.Z. Técnica operatória: 
conceitos básicos para acadêmicos. Acta 
Médica – Ligas Acadêmicas, v. 39, n. 1, 
2018. 
12. FURTADO, M.C.; MATOS, B.H.F. Análise 
da barreira de proteção dos campos 
cirúrgicos. Revista Científica Pro Homine, v. 
2, n. 1, p. 44-52, 2020.
 
 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
27 
 
Materiais cirúrgicos e 
montagem de mesa 
 
Nicolle Azevedo Valadares 
Capítulo 
3 
Materiais cirúrgicos e montagem de mesa 
 
1. INTRODUÇÃO: 
O procedimento cirúrgico se realiza 
através de três operações fundamentais: a 
diérese dos tecidos, a hemostasia dos vasos 
sangrentos e a síntese que possibilita a 
cicatrização por primeira intenção. Para a 
execução de cada uma destas etapas utilizam-
se instrumentos distintos e necessita-se de 
ordem e método para permitir ao cirurgião 
executar o procedimento com precisão e 
rapidez. Por isso o instrumental cirúrgico deve 
ser listado, preparado com antecedência, de 
acordo com o tipo de cirurgia a ser realizada e 
da preferência do cirurgião e, na sala cirúrgica, 
devem ser dispostos ordenadamente sobre 
uma mesa, de maneira padronizada, de acordo 
com as etapas da cirurgia [1]. 
Ou seja, materiais cirúrgicos é todo o 
conjunto de objetos, instrumentos e 
equipamentos que entram em contato direto ou 
indireto com a região operatória, utilizados 
para a execução de determinado procedimento 
cirúrgico [2], Tabela 1. 
 
 
 
Tabela 1: Características dos materiais cirúrgicos 
(Fonte: próprio autor, 2020) 
 
TIPO FUNÇÃO EXEMPLOS 
Diérese Corte, divulsão Bisturi, tesouras 
Preensão Segurar e suspender 
estruturas 
Pinças anatômicas e dente-de-rato 
Hemostasia Pinçamento de vasos Pinças hemostáticas (Kelly, Allis) 
Exposição/afastadores Afastamento de 
estruturas 
Afastadores (Farabeuf, Gosset, Doyen, 
Finocchietto) 
Especial Própria Pinça de Babcock 
Síntese União de tecidos Agulhas, fios, porta-agulhas 
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28 
 
2. – MATERIAIS CIRÚRGICOS: 
 
2.1 – DIÉRESE: 
A diérese consiste na divulsão dos 
tecidos e permite a exposição dos órgãos e 
estruturas [1]. Neste momento são usadas 
lâminas de bisturi, tesoura, bisturi elétrico. As 
principais manobras realizadas neste tempo, 
são: (1) incisão; (2) secção; (3) divulsão. [3] 
• Cabo de bisturi e lâmina: o tamanho e 
o formato das lâminas e dos colos dos cabos 
dos bisturis são adaptados aos diversos tipos 
de incisões, sendo principalmenteutilizados os 
cabos de número 3 e 4. O cabo nº 3 é 
destinado para lâminas pequenas, (10 a 15), 
em incisões mais delicadas. Já o cabo número 
4 é destinado para lâminas maiores (20 a 25). 
Cabos tipo 3L e 4L completam a categoria e 
apresentam-se mais longos com o objetivo de 
cortes profundos [6]. 
 
 
 
 
 
 
• Tesouras 
 
 
• Tesoura de Metzembaum reta: é uma 
tesoura cirúrgica utilizada para cortar tecidos 
delicados. Existem de diversos tamanhos, 
podendo suas lâminas ser retas ou curvas, 
com tamanhos que variam de 14 a 26 cm [8]. 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
29 
 
 
 
 
• Tesoura de Mayo-Stille ponta romba: 
as tesouras de Mayo-Stille de ponta romba são 
comumente utilizadas na Cirurgia Geral para 
desbridar e cortar tecidos mais densos, como: 
fáscia e músculos. Podem ser retas ou curvas 
[8]. 
 
 
 
2.2 – PREENSÃO E HEMOSTASIA: 
Os instrumentos de preensão auxiliam no 
manejo de materiais, na suspensão e 
segurança de vísceras e órgãos. São aqueles 
destinados a agarrar (segurar, apreender) 
tecidos [2]. 
A hemostasia visa estancar, temporária 
ou definitivamente, o sangramento dos vasos 
seccionados durante a diérese [1]. A 
hemostasia temporária ocorre quando o fluxo 
sanguíneo é reduzido ou suprimido 
temporariamente, durante o ato operatório. No 
caso da definitiva há a oclusão permanente do 
lúmen do vaso sangrento [5]. 
Existem quatro modelos básicos 
principais de pinças hemostáticas: 
 
• Pinça Halsted (mosquito): de tamanho 
pequeno e delicado, pontas finas. É usado 
para vasos, em estruturas orgânicas nobres e 
para pinçamento de fios finos para sutura [8]. 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
30 
 
 
 
 
• Pinça Kelly: reta ou curva; apresenta ranhuras transversais em 2/3 da garra, com 14 a 16 
cm de comprimento. Possui pontas menores, sendo utilizada para pinçamento de vaso, fios grossos 
[8]. 
 
 
 
• Pinça Kocher: suas pontas são mais longas e robustas e possui dentes-de-rato, o que a 
torna mais traumática que as demais. É usada para pinçamentos transversais em tecidos ou 
pinçamento pela ponta para a tração de aponeuroses. Todas as pinças podem ser curvas ou retas, 
e possuem tamanhos variados [8]. 
 
Fonte: próprio autor, 2020 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
31 
 
 
 
 
2.3 – EXPOSIÇÃO/AFASTADORES: 
Elementos mecânicos para afastar os 
tecidos seccionados ou separados, expondo 
os planos anatômicos ou órgãos subjacentes. 
São classificados como estáticos 
(autofixantes) ou dinâmicos (manuais) [6]. 
Os afastadores manuais são de 
posicionamento variado, alterado pela 
necessidade do momento operatório, já os 
estáticos mantêm uma posição 
predeterminada durante todo o procedimento 
operatório, sendo estes de grande valia 
quando há um número reduzido de assistentes 
que podem, então, assumir outros papéis 
dentro da cirurgia [6]. 
 
• Afastador de Farabeuf: Afastador 
dinâmico de mão, com hastes de 
comprimento e largura variadas 
constituídas basicamente de uma lâmina 
metálica dobrada no formato da letra “C”, 
usado para afastar pele, subcutâneo e 
músculos superficiais [8]. 
 
 
 
• Afastador de Finochietto: afastador 
estático utilizado em cirurgia do tórax para 
abertura dos espaços intercostais ou 
mediosternal, possuindo engrenagem em 
barra transversa [8]. 
Fonte: próprio autor, 2020 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
32 
 
 
 
 
• Afastador Gosset: Afastador estático 
usado para afastar parede abdominal. 
Apresenta duas hastes paralelas apoiadas 
em uma barra lisa, sem mecanismo de 
catraca [8]. 
 
• Válvula de Doyen: Por apresentar-se em 
ângulo reto e ter ampla superfície de 
contato, a válvula é utilizada 
primordialmente em cirurgias abdominais 
[8]. 
 
 
 
2.4 – ESPECIAL: 
 
• Pinças de campo (Backaus): têm pontas 
agudas ou dentes para fixar os panos de 
campo à pele, prender os campos entre si 
ou fixar objetos nos campos. 
 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
33 
 
 
 
• Pinças ou clampes intestinais: pinças 
longas usadas aos pares. Promove 
hemostasia, evita a saída de conteúdo 
intestinal e apresentando as bordas para a 
sutura. 
 
 
 
 Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
34 
 
• Pinças de preensão atraumáticas 
(Babcock, Duval): servem para a 
preensão de tecidos delicados ou vísceras. 
Possui ampla superfície de contato e com 
ranhuras, causando trauma mínimo aos 
tecidos. 
 
 
• Pinça de preensão traumática (Allis): 
possui maior poder de preensão por 
denteamento fino nas superfícies de 
contato. 
 
 Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
35 
 
2.5 – SÍNTESE: 
 
A síntese visa reconstruir e restituir a 
integridade das estruturas, órgãos e tecidos 
que foram operados usando-se porta agulhas, 
pinças anatômicas e dente de rato, agulhas e 
fios cirúrgicos [1]. Outros materiais são 
utilizados também para a síntese, como: os 
grampos, cola cirúrgica e fitas adesivas [5]. 
O que se percebe é que as técnicas de 
suturas se complementam para um melhor 
resultado, não se limitando, muitas vezes, a 
apenas um método de síntese [3]. 
 
 
2.6 – CONCLUSÃO: 
Os instrumentos cirúrgicos são caros e 
carecem de cuidados especiais em seu 
manejo, limpeza e armazenamento. É 
necessária a atenção do instrumentador para 
qualquer tipo de alteração do material 
cirúrgico, como a necessidade de limpeza, 
reparo ou rigidez das articulações [7]. 
Durante a cirurgia os instrumentos devem 
estar em boa ordem, essa é a função do 
instrumentador, que mantém a organização do 
material [5]. 
 
 
3. MONTAGEM DE MESA: 
 
3.1 – INTRODUÇÃO: 
A preparação da mesa consiste no ato de 
dispor os instrumentos cirúrgicos de forma 
lógica, de forma a racionalizar e tornar eficaz o 
trabalho da equipe cirúrgica. A mesa do 
instrumentador é retangular e geralmente 
mede 120x60cm. Fica ao lado deste mesmo, 
com todos os instrumentos dispostos na ordem 
em que serão usados durante a cirurgia [8]. 
Os instrumentos de todas as mesas vão 
atender a todo o ato operatório e deverão estar 
organizados e dispostos de tal forma que 
atendam aos tempos cirúrgicos e possíveis 
intercorrências [1]. 
Os instrumentos cirúrgicos são dispostos 
de maneira ordenada e lógica e acompanham 
os tempos da cirurgia [4]. Há diversas 
maneiras de dispormos o instrumental à mesa, 
entretanto, independentemente da maneira 
adotada deve-se saber que os procedimentos 
cirúrgicos se dividem em diérese, hemostasia 
e síntese. Esta compreensão ajudará o 
instrumentador a organizar de forma adequada 
o material [1]. 
A diérese refere-se a corte, abertura, 
divulsão de estruturas a ser operadas e aos 
principais instrumentos utilizados para diérese, 
que são: bisturi, cabo de bisturi, bisturi elétrico, 
ruginas, tesouras etc. [4]. 
A hemostasia pretende estancar 
sangramentos de forma temporária ou 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
36 
 
definitiva. Nesse tempo cirúrgico pode-se 
utilizar instrumentos como pinças de Kelly, 
pinças de Halsted, pinças de Crile etc. [4]. 
Já na etapa da síntese, o objetivo é a 
restauração da estrutura lesionadae os 
principais instrumento utilizados são: pinças, 
dente-de-rato, pinça anatômica, porta-agulha 
de Mayo Hegar comum, fios de sutura e 
agulhas [4]. 
Instrumentos auxiliares podem ser 
utilizados durante a cirurgia e, normalmente, 
variam de acordo com as especialidades 
cirúrgicas. Exemplos delas são: afastadores de 
Gosset, pinça de Pozzi, afastadores de 
Volkmann etc. [4]. 
 
 
3.2 – DIVISÃO DA MESA EM 4 QUADRANTES 
 
3. Quadrante distal superior (especiais): 
 
Panos de campo/ Backaus e Allis 
Compressas/ gases/ afastadores 
 
4. Quadrante proximal superior (síntese): 
 
Porta-agulhas 
Agulhas e fios 
Pinças anatômicas e dente-de-rato 
 
2. Quadrante distal inferior: 
 
Pinças 
(Kocher/ Kelly/ Halsted/ Rochester) 
 
1. Quadrante proximal inferior: 
 
Bisturi 
Tesouras Metzebaum / Mayo 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
37 
 
 
 
Seguindo a lógica dos tempos cirúrgicos, 
colocam-se os instrumentos de diérese no 
quadrante proximal inferior; os hemostáticos 
no distal inferior; os de síntese no proximal 
superior e, especiais, no distal superior. 
Gazes, compressas e instrumentos de maior 
porte podem se dispostos entre os quadrantes 
[3]. 
É indicado que instrumentos mais 
delicados e menores sejam colocados mais 
próximos do instrumentador. Por exemplo, 
pinças Halsted devem ser primeiramente 
dispostas que pinças de Allis [1]. 
Os bisturis, tesouras, bem como pinças 
hemostáticas, de preensão e especiais devem 
ficar dispostas com seus anéis para a porção 
superior da mesa, para possibilitar a correta 
empunhadura por parte do instrumentador 
quando for passar o instrumento ao cirurgião 
[3]. 
Os porta-agulhas se colocam com os 
anéis para baixo, segurando agulhas, com a 
ponta da agulha apontada para cima a fim de 
não furar o plano da mesa e não se contaminar 
[1]. 
 
 
Fonte: próprio autor, 2020 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
38 
 
2.1 – DIVISÃO DA MESA EM 6 QUADRANTES 
 
4. Exposição 
afastadores 
 
5. Especial 
 
6. Síntese 
Porta-agulhas 
Agulhas e fios 
Pinças anatômicas e dente-de-
rato 
 
 
3. Hemostasia 
Pinças 
(Kocher/ Kelly/ Halsted/ 
Rochester) 
 
 
2. Preensão 
pinças anatômicas com 
dente / sem dente 
 
1. Diérese 
tesouras Metzebaum/ Mayo 
bisturi 
Fonte: próprio autor, 2020. 
 
O esquema apresentado acima é o de 6 
campos. Há, entretanto, outras formas de 
dispor o material cirúrgico dentro de cada 
classificação maior e isto que dependerá do 
tipo de cirurgia e da preferência do cirurgião 
[2]. 
É importante salientar que esta é uma 
sugestão básica de montagem, não sendo 
regra para o instrumentador. Este deve sentir-
se livre para montagem própria. O importante 
é facilitar e agilizar o trabalho de instrumentar 
[1]. 
 
 
 
 
 
 
 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
39 
 
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2. DINIZ, Paula Galera. Apostila de técnica 
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cirúrgica pratica. Técnica cirúrgica pratica [S.l: 
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4. CIRINO, L. M. I. Manual de técnica 
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5. BRITRO, Emyle de Souza; HOFFMAN, 
Itágores I. L. S. Coutinho. Manual Básico de 
Metodização cirúrgica. Palmas-TO, 2014. 
 
6. MARQUES, R. G. Técnica Operatória e 
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8. GOFFI F. S. Técnica cirúrgica: bases 
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cirurgia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001 
 
____________________ Habilidades Cirúrgicas – ISBN 978-65-87580-13-5 ___________________________
 
 
40 
 
Tipos de fios e agulhas e 
onde utilizar 
 
Maria Juliana Fávero Dias 
Capítulo 
4 
 
Tipos de fios e agulhas e onde 
utilizar 
- FIOS DE SUTURA 
 
Os fios cirúrgicos são materiais usados 
em uma técnica chamada sutura ou síntese 
(aquela parte da mesa que estudamos no 
capítulo de mesa cirúrgica). Suturas serão 
feitas tanto na síntese cirúrgica de tecidos 
(pele, músculos, mucosas, vasos ou até 
mesmo órgãos), quanto para homeostasia. 
Uma boa escolha do material a ser utilizado 
pode além de facilitar a realização do 
procedimento, ter também um resultado com 
maior excelência. 
A escolha correta do fio a ser utilizado 
pelo cirurgião é de extrema importância e vai 
variar de acordo com os fatores de influência 
como se é absorvível ou não, seu tempo de 
absorção, a espessura, a origem que pode 
ser sintética ou biológica, o tipo de tecido a 
ser suturado e seu tempo necessário para 
cicatrização, a elasticidade e força, se vai vir 
empregado isoladamente ou acompanhado 
de agulha, além da associação ao costume e 
bom senso do cirurgião. Este é um material 
de custo relativamente elevado, então antes 
da abertura do envelope deve se fazer uma 
correta escolha quanto ao tipo, calibre, 
comprimento. Então sempre que forem 
acompanhar um procedimento tomem 
cuidado quanto a isso. 
Para garantir uma escolha ideal deve se 
lembrar que o fio utilizado tem por sua vez 
manter uma força tensil em período adequado 
para área lesada cicatrizar o suficiente e 
assim manter sua própria resistência 
decorrente de estímulos mecânicos. Deve se 
levar em consideração que uma tenção 
exagerada do fio pode desencadear uma 
isquemia, por tanto cada região a ser 
suturada tem sua origem e espessura ideal. 
 
 
 
 
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1.1- Características 
 
1.1.1 - Força tênsil e risco de 
ruptura 
 
A força tênsil é determinada pela força 
necessária para quebrar o fio dividido pelo 
seu diâmetro, portanto esta força é quatro 
vezes maior quando se dobra o diâmetro do 
fio. De maneira geral tecidos com maior 
quantidade de fibras colágenas representam 
tecidos com maior resistência (como pele, 
fáscias, aponeurose e tendões) necessitando 
assim de fios com uma grande força tênsil, 
em contrapartida tecidos com grande 
vascularização (como peritônio, órgãos intra-
abdominais, músculos, tecido gorduroso) 
tendem a cicatrizar mais rapidamente 
necessitando de fio com menor força tênsil. 
Para que o fio tenha uma força tênsil 
ideal, suas forças de tração e torção tem que 
ser o suficiente a não se romper na linha 
suturada, logo assim sua força de tração e 
torção tem que ser igual ou pouco maior que 
o tecido suturado onde sua deterioração ou 
absorção permaneça o tempo suficiente até a 
cicatrização, o que varia dependendo do 
tecido. 
 
1.1.2 - Material ou origem 
 
A origem da matéria prima dos fios pode 
ser tanto biológica quanto de materiais 
sintéticos. A sua matéria prima vai interferir na 
força tênsil, segurança dos nos, flexibilidade, 
elasticidade, tempo de absorção ou 
deterioração, reação inflamatória provocada 
ao organismo, segurança dos nós, 
manipulação, custo entre outros. 
 
1.1.3 - Comprimento 
 
Os comprimentos padronizados de fio 
são de 8 a 90cm, variando de acordo com a 
marca e o tipo de fio escolhido. 
 
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1.1.4 - Calibre e diâmetro 
 
 
O diâmetro do fio é determinado em 
milímetros e expresso em zeros, e quanto 
menor o calibre do fio maior o número de 
zeros. Variando de 12-0 o fio mais fino até 7 
o mais grosso. Então os fios de maior 
diâmetro/calibre são (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7) e de 
menor diâmetro/calibre são (0de conduta conservadora 
abordam pacientes: i) estáveis 
hemodinamicamente; ii) exame abdominal 
negativo para irritação peritoneal; iii) ausência 
de indicações precisas para laparotomia; iv) 
ausência de condições clínicas que aumentem 
o risco de sangramento; v) lesões esplênicas 
graus I a III (na escala da AAST). Esses 
pacientes devem ser internados em unidade 
de terapia intensiva e monitorados de 48 a 72 
horas, em repouso com cateter nasogástrico 
posicionado, e com medidas seriadas do 
hematócrito e exames abdominais frequentes. 
Em contrapartida, a laparotomia 
exploradora está indicada em casos de: 
estabilidade hemodinâmica, porém com sinais 
de irritação peritoneal, instabilidade 
hemodinâmica com LPD ou FAST positivos e 
lesões esplênicas graus IV e V, de acordo com 
a AAST, e presença de coagulopatia. 
 
 
Figura 2: Baço retirado após lesão intensa do órgão e perda de função. 
Fonte: Arquivo pessoal do autor. 
 
2- TRAUMA HEPÁTICO: 
O fígado é o segundo órgão mais acometido no 
trauma abdominal, logo, necessita de uma 
atenção maior. De acordo com dados do 
National Trauma Data Bank (NTDB), a 
mortalidade é de aproximadamente 19,1% 
quando se há acometimento hepático, haja 
vista a extensão de seu parênquima, sendo 
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assim, a investigação sistemática e o 
acompanhamento, são de extrema 
importância. 
O acometimento hepático é classificado de 
acordo com sua localização e dentro dessa 
classificação, as lesões I, II e III são ditas 
simples e correspondem a 80% dos casos. Há 
que se salientar que a mortalidade esta 
intimamente ligada a localização do 
acometimento, visto que veias hepáticas e veia 
cava inferior, quando acometidas, são sinais 
de gravidade para o quadro, com um pior 
prognostico. 
Classificação das lesões hepaticas: 
Grau I: 
 Hematoma: Lesão subcapsular, <10% da 
superficie 
 Laceração: <1cm de profundidade no 
parenquima 
Grau II: 
 Hematoma: Subcapsular entre 10 e 50% da 
superficie ou intra-parenquimatoso <10cm de 
diametro 
 Laceração: 1 a 3cm de profundidade no 
parenquima <10cm de comprimento 
Grau III: 
Hematoma: Subcapsular >50% da superficie, 
ou expansivo, ou roto intra-parenquimatoso 
>10%, expansivo ou roto 
Laceração: >3cm de profundidade 
Grau IV: 
Laceração: Rotura do parenquima entre 25 a 
75% de um lobo ou rotura de 1 a 3 segmentos 
num único lobo 
Grau V: 
Laceração: Rotura do parenquima >75% 
de um lobo hepatico ou de mais de 3 
segmentos de um único lobo 
Vascular: Lesão de veia porta justa-
hepatica, ou veias hepaticas centrais, ou lesão 
de cava retro-hepatica 
Grau VI: 
Vascular: Avulsão hepatica 
Na atualidade, devido aos avanços nas 
técnicas de imagem não-invasiva e um melhor 
entendimento da história natural do trauma 
hepático, pacientes com lesões hepáticas 
complexas estão sendo tratados, cada vez 
mais, conservadoramente. Sendo assim, 
quando o paciente que sofreu um trauma 
contuso é avaliado ele deve estar dentro de 
critérios que determinam a conduta não 
cirúrgica (tratamento conservador), sendo 
esses critérios: 
1- Estar estável hemodinamicamente à 
admissão ou adquirida, após reanimação 
inicial, independentemente do grau e 
extensão da lesão, e sem sinais de 
peritonite; 
2- Ausência de lesão intra e retroperitoneais 
(pâncreas e/ ou vísceras ocas). 
3- Transfusão de sangue limitada a quatro 
unidades, especificamente para controle 
do sangramento de origem hepática. 
Após a avaliação o paciente deve ser 
acompanhado clinicamente, para que caso 
haja mudança no quadro, as medidas cabíveis 
sejam tomadas o quanto antes, posto que a 
complicação mais frequente é a hemorragia, 
com uma incidência que varia de 0 a menos de 
3%. Dessa forma, estes pacientes devem ser 
mantidos em repouso absoluto por 5 dias, 
sendo as primeiras 48 horas em unidade de 
terapia intensiva e os dias restantes com 
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acompanhamento dos sinais vitais e 
solicitação de hematócritos seriados. 
É importante salientar que os candidatos 
a tratamento conservador apresentam sempre 
hemoperitônio que acarreta dor de pequena 
intensidade, com sensação de 
hipersensibilidade. Contudo, a intensificação 
progressiva da dor, constatada nos exames 
clínicos sequenciais, é sugestiva de lesão de 
víscera oca, com indicação para laparotomia. 
Em caso de descompensação de 
pacientes que estejam sendo mantidos sob 
avaliação clínica, uma tomografia deve ser 
realizada, para, assim, avaliar um possível 
extravasamento de contraste que justifique a 
piora do quadro. Atualmente, há uma 
classificação quanto a localização e a 
característica do extravasamento que facilita a 
abordagem. Quando o tipo 1 de 
extravasamento de contraste ocorre para a 
cavidade peritoneal, há indicação clara de 
laparotomia. No que se refere ao tipo 2, temos 
um quadro de hemoperitôneo com 
extravasamento de contraste para o 
parênquima hepático, sendo recomendado, na 
maioria dos casos, a realização de angiografia 
seguida de embolização. Quanto ao tipo 3, o 
extravasamento está presente no parênquima 
hepático, mas sem hemoperitôneo, sendo 
recomendada a angiografia. 
Para pacientes avaliados e com 
indicação de cirurgia, a abordagem dependerá 
da extensão da lesão, da localização e da 
gravidade do quadro, cabendo ao cirurgião a 
decisão. Entre algumas técnicas utilizadas, 
temos a aplicação de cliples cirúrgicos nos 
vasos sangrantes, suturas, colágeno 
microfibrilar, manobra de Pringle 
(clampeamento das estruturas do ligamento 
hepatoduodenal), entre outras. 
 
3- TRAUMA DE INTESTINO DELGADO: 
Nos traumas fechados, as lesões das 
vísceras ocas apresentam uma menor 
incidência relativa, sendo mais frequentes no 
intestino delgado, seguindo-se no intestino 
grosso e estômago. Contudo, nas perfurações 
por armas de fogo, o intestino delgado é o 
órgão mais afetado, de acordo com o ATLS. 
Os mecanismos responsáveis por lesões 
ao intestino delgado variam desde compressão 
de alças, lacerações em pontos fixos, a ruptura 
de alça fechada por elevação da pressão intra-
abdominal. Logo, a conduta e o prognostico 
dependeram de cada caso em particular. 
Pacientes que apresentam lacerações do 
intestino delgado e demonstram quadro de 
peritonite e/ou instabilidade hemodinâmica, 
nas horas subsequentes ao trauma, devem ser 
levados imediatamente ao centro cirúrgico e o 
diagnóstico será dado durante a laparotomia. 
Em contrapartida, em casos de trauma contuso 
com difícil diagnostico no exame físico, um 
raio-x deve ser solicitado para que se possa 
visualizar a existência ou não de ar fora de 
alça. Ademais, em caso de dúvida, pode-se 
solicitar uma TC de abdome que indicará 
líquido livre em caso de lesão. 
No que se refere ao procedimento 
cirúrgico, em casos tidos como mais simples, 
uma rafia das lacerações é feita ou, até 
mesmo, uma enterectomia, em casos de 
lesões em mais de 50% da circunferência da 
alça. 
4- TRAUMA DE COLON E RETO: 
Normalmente as lesões que acometem 
colón e reto são ocasionadas por trauma 
penetrante abdominal, sendo o colón 
acometido em 36 a 40% das vezes. Ademais, 
as lesões contusas de cólon e reto são raras, 
representando cerca de <1% dos casos. 
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É importante notar os segmentos do 
intestino grosso mais frequentemente 
acometidos, em ordem crescente: reto, 
sigmoide, cólon esquerdo, ceco, cólon direito e 
cólon transverso. 
Devido à grande presença de agentes 
infecciosos nas porções do cólon e do reto, o 
agravamento do quadro está intimamente 
ligado ao tempo para o início do procedimento 
cirúrgico, visto que o ideal

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