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INTRODUÇÃO ÀS FRATURAS Prof.Ms.Cleber Pimenta FRATURAS • Definição: é um estado de interrupção da continuidade de um osso que, geralmente, é resultado de um impacto violento (força deformante) sobre o osso levando à incapacidade de transmissão de carga devido à perda da sua integridade estrutural. • Incidência: é maior no sexo masculino, devido a uma exposição maior aos traumas, porém se inverte na idade avançada em virtude da osteoporose pós- menopausa. ETIOLOGIA É causada por uma força aplicada ao tecido ósseo com intensidade suficiente para vencer sua resistência. • Traumática • Espontânea • Patológica • Fadiga, sobrecarga, stress • Traumática – A maioria das fraturas é devida a algum tipo de trauma. – Forças físicas atuam no osso para produzir a fratura • Força Compressão • Força de Cisalhamento • Força de Tensão: Angulação/Torção/Tração – O tecido ósseo é rígido porém se caracteriza por uma certa elasticidade sendo possível sofrer ligeiras angulações sem sofrer alterações estruturais. ETIOLOGIA ETIOLOGIA • Fadiga, sobrecarga ou estresse – São provocadas por trauma pequeno repetido. – Em geral são confinadas aos membros inferiores e afetam mais a fíbula ou a tíbia. ETIOLOGIA • Patológicas • Ocorrem como resultado de uma doença que afeta a composição do osso, tornando-o propenso à fratura – Carcinoma metastático, o sarcoma osteogênico, a osteogênese imperfeita (fragilidade óssea), a doença de Paget e infecção óssea MECANISMO DO TRAUMA • DIRETO • INDIRETO • CONTRAÇÃO MUSCULAR • COMPRESSÃO MECANISMO DO TRAUMA • Trauma Direto: Quando o trauma atinge diretamente o osso fraturado. • Ex: quando um indivíduo recebe um golpe na perna e tem fratura da tíbia • Trauma Indireto: Quando o trauma atinge um osso e esta energia é transmitida através de 1 ou mais articulações, lesando outro osso a distância • Ex: uma pessoa que, ao desequilibrar- se, cai apoiando a mão. O impacto é aplicado na região palmar, mas pode transmitir- se pelo membro superior e provocar fratura no cotovelo, ombro ou clavícula. MECANISMO DO TRAUMA • Contração Muscular: a força contrátil do músculo pode gerar uma fratura óssea. • Ex: a avulsão de uma projeção óssea. O caso do jogador Ronaldo fenômeno é um exemplo clássico, pois o mesmo teve avulsão de parte da TAT pela contração do quadríceps durante um jogo de futebol. MECANISMO DO TRAUMA • Compressão: forças compressivas atuam sobre determinado segmento ósseo levando-o a fratura. • Ex: compressão do corpo vertebral. Como o ocorrido com o indivíduo que mergulha em águas rasas e bate com a cabeça no fundo. MECANISMO DO TRAUMA CLASSFICAÇÃO DAS FRATURAS 1. Quanto á Localização: • Epifisária • Metafisária • Diafisária 2. Quanto á Extensão: • Completa: quando vai de uma cortical a outra, ou seja, quando toda a superfície cortical é totalmente rompida. • Incompleta: quando não atravessa toda a superfície cortical ( fissura , galho verde) 3. Quanto aos desvios dos fragmentos: • Sem desvio • Com desvio: fragmento distal da fratura é que determina o tipo de desvio – Desviado lateralmente; Angulado; Rodado; Cavalgado; Impactada; Diástase. CLASSFICAÇÃO DAS FRATURAS • Desvios: Lateral; Angulada; Rodada; Diástase; Cavalgada; Impactada CLASSFICAÇÃO DAS FRATURAS 4. Quanto ao Tipo de Superfície ou Configuração: • Transversa • Oblíquas Curta e Longas • Espiral • Simples: Apenas 2 Fragmentos • Cominutiva: 3 ou mais Fragmentos • Fratura em Asa de Borboleta: 3º fragmento com aspecto de Asa de Borboleta CLASSFICAÇÃO DAS FRATURAS 5. Quanto á comunicação com o meio externo: • Fechada - não há comunicação do foco com o meio externo(pele intacta) • Exposta (aberta) - o foco de fratura comunica-se com o meio externo através de lesão em diferentes graus das partes moles(pele lesionada) – São exemplos fraturas que ocorrem nos membros, fraturas pélvicas com comunicação com cavidade retal ou vaginal e fratura da mandíbula com comunicação com a cavidade oral. CLASSFICAÇÃO DAS FRATURAS FRATURAS FECHADAS E EXPOSTAS DIAGNÓSTICO • Exame Físico: – Dor: posições antálgicas/proteção de regiões – Edema – Deformidades – Crepitação: mobilidades anormais para a região – Equimoses/hematomas – Impotência funcional – Avaliar partes moles: fratura exposta – Avaliar as regiões proximal e distal do local traumatizado • Obs: Fraturas incompletas/impactadas/sem desvio/estáveis: o paciente andar ou mobilizar o membro comprometido não necessariamente significa ausência de fratura • Obs: Uma fratura evidente pode ocultar uma segunda fratura DIAGNÓSTICO • Investigações clínicas adicionais: – Estado Circulatório • Observação da região distal a fratura nas primeiras 24 hs • Coloração da pele • Pulso arterial • Retorno venoso – Estado do Sistema Nervoso • Nível de consciência • Condução nervosa (sensibilidade e função motora) • Integridade Medular (reflexos) DIAGNÓSTICO • Exames Complementares: – Raio X : • 1º Exame sempre a ser solicitado • No mínimo em 2 incidências • Alguns casos indicação absoluta de outras incidências • Sempre incluir as articulações proximal e distal do nível da fratura • Não diagnosticando no 1º momento, trata-se como houvesse fratura e repete o Raio X em 2 semanas, confirmando ou não o diagnóstico – TC com Montagem em 3 D: • Fraturas articulares: Avaliar a integridade da superfície articular • Diagnóstico duvidoso ou avaliar melhor a fratura para classifica-la e definir o tratamento: Fratura de Coluna Vertebral e Pelve – RNM: • É indicada para diagnóstico de lesões de partes moles: extra e intra- articulares • Em casos específicos de fratura está indicada: Fratura de Escafóide do Carpo(ocultas), Fratura por Estresse EXAMES COMPLEMENTARES • Tomografia Computadorizada – fraturas graves : – Articulares – Fraturas da Pelve – Fraturas da Coluna FOCO DE FRATURA • A este microambiente composto pelas extremidades fraturadas, hematoma e periósteo denomina-se foco de fratura. • É neste local que vão surgir as primeiras reações no sentido de reparar a lesão e consolidar a fratura. • O osso ao quebrar-se sangra, o periósteo é descolado ou roto em diferentes graus e forma-se, nas adjacências da fratura, um hematoma que se expande até ser contido pelas partes moles. REPARO ÓSSEO • Pré-requisitos para a consolidação da fratura – Suprimento sanguíneo adequado . – Estabilidade, para evitar o excesso de movimento (Gesso, Placas, Hastes, Fixadores). – Boa alimentação com substratos adequados para a formação da matriz óssea, como minerais, proteínas, carboidratos e Vitamina D. REPARO ÓSSEO • Fase Inflamatória - 1ª Fase 1. Quando um osso se quebra, a fissura também rompe os vasos sanguíneos que percorrem todo o comprimento do osso. 2. O sangue vaza dessas veias e rapidamente forma um coágulo no local da fratura chamado de hematoma. 3. Isso ajuda a estabilizar o osso e a manter as duas partes alinhadas para a cura. 4. O coágulo interrompe o fluxo sangue para extremidades partidas dos ossos. 5. Sem receber sangue, essas células ósseas rapidamente morrem. 6. Seguem-se inchaço e inflamação, devido ao trabalho das células que estão removendo tecidos mortos e danificados (neutrófilos, macrófagos, e fagócitos). 7. Pequenos vasos sanguíneos se estendem até o hematoma sobre a fratura a fim de alimentar o processo de cura.– Costuma durar de 1 a 2 semanas. REPARO ÓSSEO • Fase Reparativa - 2ª Fase 1. O hematoma da fratura é invadido por condroblastos e fibroblastos que o transforma em um tecido mais duro e forma o calo mole. 2. Os fibroblastos começam a produzir fibras de colágeno, a mais importante proteína dos ossos e do tecido conectivo. 3. Depois, os condroblastos produzem um tipo de cartilagem conhecida como fibrocartilagem, que transforma o calo em um calo fibrocartilaginoso, conhecido como calo duro. 4. Esse novo calo preenche o espaço entre as partes fraturadas do osso, e dura de três a quatro meses, oferecendo a proteção e a estabilidade necessárias para que o osso entre em seu estágio final de cura. REPARO ÓSSEO • Fase de Remodelamento - 3ª Fase – Leva de meses a anos para se completar, consiste em atividades osteoblásticas e osteoclásticas que resultam na substituição do osso desorganizado por osso lamelar, organizado e maturo, o que aumenta ainda mais a estabilidade do local fraturado. – A circulação sanguínea no osso melhora e o influxo de nutrientes que ajudam a reforçar os ossos, como o cálcio e o fósforo, dão maior resistência ao osso. – Com o passar do tempo, o canal medular vai gradualmente sendo reformado. – Radiograficamente, é habitual que a fratura não seja mais visualizada COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS • Imediatas – Infecção (Expostas) – Lesão vascular – Lesão nervosa – Embolia gordurosa • Precoces( até 48hs após o trauma) – Edema sob o gesso (↓ Circulação) – Dor – Mobilidade dos fragmentos ou compressão pelo aparelho gessado – Síndrome Compartimental • Tardias – Consolidação viciosa – Rigidez articular – Retardo da consolidação – Pseudoartrose • Infecção – Limitada a fraturas expostas – Pode atingir osso – osteomielite – Retardo ou impedimento de consolidação • TTO: – Aguda - medicação – Crônica – curetagem; enxertia; remoção óssea completa COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS • Retardo de Consolidação – Fragmentos móveis após 3meses do traumatismo • Tempo de consolidação – dependente do osso afetado – Causas mais comuns: • infecção óssea / circulação sanguínea insuficiente/ mov. excessivo do fragmento/ perda de contato entre superfícies / destruição óssea por tumor COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS COMPLICAÇÕES DE FRATURAS • Não Consolidação (Pseudoartrose) – Muitos meses ao RX – alterações características extremidades arredondadas – Traços de fratura evidentes (espaço pode ser preenchido por tec. fibroso) • Causas – Mesmas do retardo de consolidação, em maior grau • TTO – Depende do local e grau de incapacidade – Enxerto, excisão de fragmento, substituição por prótese COMPLICAÇÕES DE FRATURAS • Necrose Avascular – Morte óssea por falta de circulação – Suprimento sanguíneo ao osso interrompido (pós- luxação ou trauma) – Pode ser causa de não consolidação – Conduz a osteoartrose ou dessarranjo articular • Locais Comuns: Escafóide; Corpo do tálus; Semilunar; Cabeça do fêmur • TTO – Retirada do fragmento avascular – Artroplastia / artrodese COMPLICAÇÕES DE FRATURAS • Encurtamento – Devido fratura cavalgada, angulada, impactada, cominutiva por compressão ou por ferimento de arma de fogo Consolidação Viciosa – Não há linearidade dos fragmentos ósseos – TTO: refratura ou osteotomia nos casos de incapacidade acentuada Síndrome Compartimental – Lesão dos tecidos próximo a fratura – danos as partes moles adjacentes em > ou < grau – Maioria dos casos – reparação é espontânea Não consolidação de fratura na fíbula Osteonecrose da cabeça femoral Osteonecrose do escafóide COMPLICAÇÕES EXTRÍNSECAS • Lesões Vasculares – secção por contusão, obliteração, trombose ou oclusão temporária por espasmo – Consequências: aneurisma traumático/ gangrena/ paralisia nervosa / Necrose vascular e contratura isquêmica de Volkman • Lesões Cápsulo-ligamentares – artrose, capsulite, aderências • Lesões Nervosas – Mais freqüentes que em vasos – Neuropraxia / axonotmese / neurotmese • Viscerais – Lacerção da pleura ou pulmão pós-fratura de costela / perfuração do cólon ou reto pós fratura de pelve CONSOLIDAÇÃO VICIOSA Isquemia de Volkmann • Obstrução da artéria braquial: frat. supracondiliana. – Falta irrigação para os flexores do antebraço (Mão em garra) COMPLICAÇÕES DE FRATURAS PSEUDOARTROSE – não passa da fase do calo fibroso, retardo de consolidação, mobilidade do foco de fratura MIOSITE OSSIFICANTE = ossificação pós traumática ADERÊNCIAS ARTROSE OSTEOMIELITE – inflamação do osso, provocada por bactéria ou fungo Pseudoartrose Pseudoartrose Miosite ossificante Causa rigidez articular, em especial quando cápsula e periósteo foram deslocados do osso por violenta deslocação de fragmentos Miosite ossificante Forma-se um grande hematoma periarticular que é ossificado – restrição de movimento COMPLICAÇÕES DE FRATURAS EMBOLIA GORDUROSA Osteoporose regional e atrofia de Sudeck Ocorre devido a incapacidade prolongada após fratura Dor, edema e rigidez articular COMPLICAÇÕES DE FRATURAS FRATURAS EXPOSTAS FRATURA EXPOSTA • Definição – Quando a ruptura da pele e tecidos moles subjacentes permite a comunicação direta com a fratura e seu hematoma – Não é necessariamente exposição para o exterior mas, também, para cavidades contaminadas como a boca, tubo digestivo, vias aéreas, vagina e ânus – FRATURA + FERIDA • Grave pelo risco de infecção! FRATURA EXPOSTA • Histórico: – Os médicos Hipocráticos reconheciam que o resultado destas graves lesões derivava da: • O tamanho da ferida • A estabilidade da fratura • A proximidade de estruturas neurovasculares – Galeno (Séc.II): manipulação das feridas e medicação para curar a ferida – Nos séculos XV e XVI: remoção de tecidos não vitais para a boa evolução das feridas. – Dessault(séc.XVII): incisões profundas para explorar uma ferida, remover tecido morto e proporcionar drenagem. • Foi ele quem adotou o termo desbridamento. FRATURA EXPOSTA • Histórico: – Atualmente o tratamento das fraturas abertas e das feridas utilizam os princípios de duas escolas: 1. Princípio Hipocrático - o cuidado com as feridas (não manipulação excessiva, a limpeza e o desbridamento da ferida, a proteção com curativo). 2. Princípio Galênico - o uso do antibiótico apropriado no momento adequado. – Essas feridas provavelmente possuem a melhor perspectiva de curar-se, independente de qual seja o seu tratamento subsequente. EPIDEMIOLOGIA • A incidência de fratura expostas varia, de acordo com: – Cada região – Tamanho da cidade – Atividade econômica, entre outras variantes. • Court-Brown et al (1996) relatam a incidência de 21,3% de fraturas expostas de ossos longos. – Nesse estudo o osso mais afetado foi a tíbia, com 21,6%, seguida do fêmur, com 21,1% das fraturas expostas. ETIOLOGIA E MECANISMOS • Muito embora a grande variedade de condições de lesões, podemos agrupá-las em três categorias: 1. O corpo está estacionário e é atingido por um objeto em movimento. 2. O corpo está em movimento e atinge um objeto estacionário. 3. O corpo está em movimento e atinge outro objeto ou corpo também em movimento. Destas ações resultam as mais diversas lesões, dentre elas as fraturas e em alguns casos as fraturasexpostas que são tema de nosso assunto ETIOLOGIA E MECANISMOS • Ao rever alguns exemplos destas três categorias, certamente outros fatores devem ser apreciados – A energia cinética real dos objetos em movimento - seja o objeto atingindo o corpo, ou o próprio corpo atingindo o objeto – O tamanho da área de impacto – A capacidade do tecido que sofre o impacto de absorver e dispersar energia • A fratura exposta da tíbia é uma lesão frequente muitas vezes produzida quando um carro atinge um pedestre. FISIOPATOLOGIA • Os traumatismos violentos resultam tipicamente em rupturas extensas dos tecidos moles e duros. – Eles podem introduzir materiais estranhos e bactérias, criar segmentos de tecidos moles isquêmicos e necrose tecidual • Quanto a resposta inflamatória e a reparação tecidual podem ocorrer as seguintes condições: – Quando a lesão for pequena, o desbridamento completo com remoção dos agentes bacterianos e tecidos desvitalizados (necróticos). Neste caso a resposta inflamatória é controlada e a ferida cicatriza FISIOPATOLOGIA • Quando as lesões forem maciças, contaminação grave ou intervenção tímida, observa-se um resultado diferente: – Os macrófagos não são capazes de lidar com carga bacteriana; morrem e liberam enzimas lisossômicas ou proteolíticas, causando necrose aos tecidos circunvizinhos. – A necrose associada ao aumento da pressão tecidual, forma um círculo vicioso com inflamação progressiva, isquemia do músculo, síndromes de compartimento, perda tecidual e infecção alastrante. – A resposta inflamatória progressiva é observada mais frequentemente após contaminação de uma fratura exposta CLASSIFICAÇÃO DA FRATURA EXPOSTA • A classificação mais utilizada atualmente é o "Sistema de classificação de feridas" de Gustillo e Anderson – Descreve as lesões dos tecidos moles, mas não descreve a cominução das fraturas. • As fraturas expostas foram assim classificadas: A. FRATURA EXPOSTA GRAU I (trauma de baixa energia) B. FRATURA EXPOSTA GRAU II C. FRATURA EXPOSTA GRAU III (trauma de alta energia) • III A • III B • III C CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS EXPOSTAS SEGUNDO GUSTILO E ANDERSON • FRATURA EXPOSTA GRAU I : – Ferimento cutâneo menor que 1 cm – Limpa (contaminação mínima) – Fratura simples (sem cominuição na fratura) – Mínima lesão de partes moles • É uma fratura causada por uma lesão de baixa energia em que uma espícula óssea perfura a pele de dentro para fora, provocando uma ferida punctiforme CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS EXPOSTAS SEGUNDO GUSTILO E ANDERSON • FRATURA EXPOSTA GRAU II: – Ferimento cutâneo maior que 1 cm – A lesão de partes moles não é extensa – Esmagamento mínimo a moderado – Contaminação moderada – Cominuição moderada da fratura • Estas lesões são geralmente provocadas de fora para dentro e aqui ocorre um dano muscular moderado. Existem poucos detritos no foco fraturário. CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS EXPOSTAS SEGUNDO GUSTILO E ANDERSON • FRATURA EXPOSTA GRAU III: – Ferida maior que 10 cm – Grande cominução – Provocada por um trauma de alta energia – Graves lesões de partes moles – Perda de segmento diafisário ósseo – Fratura associada a lesão vascular, necessitando reparo – Esmagamento de músculos, tendões, vasos e/ ou nervos • Essa fratura ocorre devido a uma lesão de alta energia, de fora para dentro com grande número de detritos no foco fraturário e extensa desvitalização muscular. CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS EXPOSTAS SEGUNDO GUSTILO E ANDERSON • GRAU IIIA: – A cobertura cutânea do osso é usualmente possível • GRAU IIIB: – A cobertura cutânea do osso normalmente é inadequada e requer retalhos cutâneos livres ou de deslizamento • GRAU IIIC: – Há importante lesão vascular necessitando de reparo para o salvamento do membro. FATORES QUE MODIFICAM A CLASSIFICAÇÃO DE GUSTILLO E ANDERSON • Contaminação – Exposição à terra – Exposição à água – Exposição às fezes – Exposição à flora oral – Grande contaminação – Atraso no atendimento superior a 12 horas • Sinais de trauma de alta energia – Fraturas segmentares – Perda óssea – Síndrome compartimento – Esmagamento – Desenluvamento extenso – Necessidade de cobertura QUAL A IMPORTÂNCIA DE LESÃO DOS TECIDOS MOLES? • Dependendo da extensão de tecidos moles lesados, pode-se ter 3 consequências específicas: 1. A contaminação da ferida por bactérias do ambiente externo. 2. Contusão de tecidos moles; esmagando, arrancando e desvascularizando estes tecidos, tornando-os mais suscetíveis as infecções bacterianas. 3. O arrancamento músculo/osso ou perda de tecidos moles que normalmente constituem uma bainha para o osso. QUAL A IMPORTÂNCIA DE LESÃO DOS TECIDOS MOLES? • Consequentemente provoca: 1. A desestabilização da fratura 2. Dificulta a consolidação por privar a circulação nutrícia do osso 3. Perda da função (pela lesão de pele, músculos, tendões, nervos e vasos) PROGNÓSTICO • É determinado principalmente pela quantidade de tecidos moles desvitalizados causada pela lesão e pelo tipo de contaminação bacteriana. – A extensão da desvitalização de tecidos moles é determinada pela energia absorvida pelo membro no momento da lesão. – O objetivo mais importante e final no tratamento das fraturas expostas é restaurar a função do membro e do paciente tão precoce e completamente quando possível. DIAGNÓSTICO • Quando um ferimento ocorre no mesmo segmento do membro da fratura, esta fratura deve ser considerada aberta até que se prove em contrário • Porém nem sempre é óbvio, depende de: – Exame cuidadoso – Avaliar a história do paciente – Fazer uma leitura minuciosa da imaginologia – Bom julgamento clínico DIAGNÓSTICO • Investigações clínicas adicionais: – Estado Circulatório • Observação da região distal a fratura nas primeiras 24 hs • Coloração da pele • Pulso arterial • Retorno venoso – Estado do Sistema Nervoso • Nível de consciência • Condução nervosa (sensibilidade e função motora) • Integridade Medular (reflexos) EXAME RADIOGRÁFICO • Evita-se radiografias tiradas em sala de cirurgia com o raio x portátil, uma de vez que a qualidade fica em muito prejudicada. • As radiografias de extremidades podem ser adiadas até que as condições gerais do paciente tenham sido estabilizadas. • O exame radiológico inicial é simplesmente uma colaboração ao exame inicial do paciente. • As radiografias devem ser solicitadas em duas incidências e incluindo a articulação proximal e distal a fratura. • Trata-se do exame mínimo para qualquer fratura exposta TRATAMENTO • Objetivos: – Restaurar a função - através da reabilitação muscular e articular o mais precoce possível. – Restaurar tecidos moles – Consolidar o osso evitando a consolidação viciosa – PREVENIR A INFECÇÃO • Sem dúvida a prevenção da infecção é muito importante porque a partir dela vai ocorrer: • A não consolidação da fratura > pseudartrose • A consolidação viciosa da fratura • A perda de função. TRATAMENTO • Como as fraturas com grande destruição de tecidos moles muitas vezes ocorrem em associação com lesões de outras partes do corpo, elas devem ser consideradas no contexto de politraumatismo. • O tratamento destes pacientes progride em três fases: – Fase Aguda – Fase Reconstrutiva – Fase Reabilitativa TRATAMENTO • Fase Aguda – Ressuscitação e estabilização iniciais no local da lesão – Avaliação completadas lesões do paciente incluindo a fratura exposta com atenção principal a lesões que ameaçam a vida – Terapia antimicrobiana apropriada – Desbridamento extenso da ferida seguido pela cobertura da ferida – Estabilização da fratura – Enxerto ósseo autógeno e outras medidas que facilitam a união óssea – Movimentação articular e mobilização precoces. TRATAMENTO • Fase Recontrutiva – Ataca as sequelas diretas da lesão, tais como faltas de união, infecções e faltas de alinhamento. • Fase Reabilitativa – Focaliza a reabilitação psicossocial e vocacional do paciente. • Anteriormente , as 3 fases eram tratadas de forma bastante separadas, levando muitos pacientes a perda da auto-estima e poucos retornavam as suas atividades laborais • Atualmente, existe o esforço de ver o paciente de volta ao trabalho e em atividades de recreação antes do primeiro aniversário da lesão. – Para alcançar estes objetivos, as três fases de tratamento são superpostas. Fase Aguda Fase Recontrutiva Fase Reabilitativa PRINCÍPIOS BÁSICOS NO TRATAMENTO DA FRATURA EXPOSTA 1. TEMPO LIVRE DE FRIEDERICH 2. IMOBILIZAÇÃO DA FRATURA 3. PROFILAXIA ANTITETÂNICA 4. ANTIBIOTICOTERAPIA 5. LAVAGEM (IRRIGAÇÃO) MECÂNICO-CIRÚRGICA 6. DESBRIDAMENTO GENEROSO DOS TECIDOS CONTUNDIDOS 7. DESBRIDAMENTO ECONÔMICO DOS FRAGMENTOS ÓSSEOS 8. REDUÇÃO O MAIS ANATÔMICO POSSÍVEL 9. OSTEOSSÍNTESE INTERNA OU EXTERNA 10. FECHAMENTO DA PELE SEM TENSÃO OSTEOSSÍNTESE • INDICAÇÕES DA FIXAÇÃO INTERNA: – Nas fraturas intra-articulares – Em fraturas associadas com lesões vasculares – No idoso – Em fraturas expostas grau I • INDICAÇÕES DOS FIXADORES EXTERNOS : – Nos casos de lesão extensa dos tecidos moles – Em fraturas muito cominutivas – Nas fraturas expostas grau II e III OSTEOSSÍNTESE • IMOBILIZAÇAO COM GESSO: – Os aparelhos gessados tem limitações no tratamento das fraturas expostas porque: – Torna difícil o acesso a ferida. – Pode causar SÍNDROME COMPARTIMENTAL – Não fornece a estabilidade da fratura COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS EXPOSTAS • Osteomielite: o cuidado com as partes moles, e o uso de uma fixação estável permite a consolidação da fratura e diminui as infecções • Pseudoartrose: mais frequentes nas fraturas expostas com grande deslocamento ou nas fixações ineficientes • Consolidação Viciosa: pode necessitar de osteotomia, para correção da deformidade • Síndrome Compartimental: aumento da pressão pode diminuir a perfusão sanguínea dos tecidos envolvidos COMPLICAÇÕES ESPECÍFICAS • Contaminação • Desvascularização • Perda de cobertura • Perda de células osteoprogenitoras • Perda de função • O mais importante é evitar infecção, porque a infecção é o evento mais comum e determinante da ocorrência de consolidação viciosa, falta de consolidação e perda da função.
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