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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PROCESSUAL 
 1 - INTRODUÇÃO 
 
Veremos a evolução do direito processual civil desde as suas origens até os dias atuais, com mais ênfase no Direito Romano, por ser o basilar do direito processual brasileiro e também no Direito Processual Civil Brasileiro, nos demais, apenas um breve relato. O objetivo deste trabalho é apenas demonstrar a importância de tal conhecimento para uma melhor assimilação do sistema jurídico processual brasileiro. 
Como não há dúvidas que a vida em sociedade precisa de uma normatização do comportamento humano, foi partindo desta premissa que surgiu o direito como um conjunto de normas que regula a vida em sociedade. Fica claro que necessitamos não apenas de uma norma, mas fundamentalmente de sua correta aplicabilidade. 
Para o cumprimento dessa tarefa o Estado utiliza o Direito Processual, através do processo, pois é este um instrumento de atuação do direito material, capaz de solucionar um conflito de interesses estabelecido entre as partes. 
O Processo Civil teve sua origem desde os tempos remotos, mas nessa época não havia as divisões de ramos do direito como o conhecemos hoje, e torna-se evidente que os legisladores antigos não sabiam ainda o que viria a ser as normas processuais. Nesta fase não se pode falar propriamente em Direito Processual, o que se faz por mera comodidade estudiosa. 
 2 - ANTIGUIDADE. 
 
Há tempos que se perdem na memória, o homem fazia "justiça", sempre seguindo seus próprios instintos. Não significava que fosse justiça e sim um vencedor, ou pelas suas habilidades em luta ou sua destreza com as armas, hoje consideradas rudimentares, para nossos padrões. 
Porém, chegou-se a um tempo que o homem concluiu que a "justiça" pelas próprias mãos, não era exatamente justiça, pois quase sempre não ganhava quem tinha razão e sim quem detinha a força. 
Então o homem concluiu que deveria haver uma terceira pessoa para decidir sobre os conflitos que surgiam em sua sociedade. Essa terceira pessoa seria a autoridade pública, e com isso veio a necessidade de regulamentação da justiça, surgindo as normas jurídicas processuais. 
Assim sendo, as primeiras normas trataram apenas de se referirem à aplicação de sansões penais e acomodação dos litígios civis. Com o passar do tempo e a complexidade dos conflitos de interesses, foram confiando aos judiciários outras funções que correspondiam à tutela de interesses de pessoas incapazes e a fiscalização de certos atos, como a sucessão, o usufruto, 
Houve nessa fase, uma visão da função pacificadora de compor litígios (jurisdição contenciosa) e a que cuidava da administração de interesses privados merecedores de tratamento especial do Estado (jurisdição graciosa). 
Sobressaiu-se na antiguidade o código de Hamurabi pelo notável monumento jurídico para a época. Teve como escopo maior fazer reinar a justiça em seu reino, podendo qualquer cidadão recorrer ao rei. Note-se, porém que entre os babilônios, livre era o homem que tinha todos os direitos de cidadão e era denominado "awilum". 
Entre os povos antigos a arbitragem e a mediação constituíam meio comum para sanar os conflitos entre as pessoas. 
 3 - GRÉCIA. 
 
Na Grécia Antiga, as soluções amigáveis das contendas faziam-se com muita freqüência, por meio da arbitragem, a qual poderia ser a compromissória e a obrigatória. Os compromissos especificavam o objeto do litígio e os árbitros eram indicados pelas partes. O povo tomava conhecimento do laudo arbitral gravados em plaquetas de mármore ou de metal e sua publicidade dava-se pela afixação nos templos das cidades. 
No clássico mundo greco-romano o direito processual civil desvinculando-se da superstição e dos preconceitos religiosos, começou a ganhar contorno científico. Sabe-se que na época em matéria de prova delinea-se os "princípios elevados", os quais classificavam os meios de convicção como lógicos e despidos de fanatismos e preconceitos religiosos. 
Os processos gregos tinham como tônica a oralidade e o princípio dispositivo que aparecia como regra dominante. O ônus das provas cabia as partes envolvidas e somente excepcionalmente ao juiz. Já naquela época se preocupavam com questões probatórias. 
Trabalhavam também as provas testemunhais e documentais e tinham restrições a testemunhos de crianças e mulheres. A principal importância recaía sobre as provas documentais, especialmente se a "lide" era por questões mercantis. 
Teve valoração sobre o juramento, porém perdeu prestígio na época clássica. Havia também o respeito à livre apreciação do julgador, o qual exercia crítica lógica e racional. 
 4 - DIREITO ROMANO 
I - DIREITO ROMANO 
 
No Direito Romano, no primeiro período do processo as "legis acciones" em muito se assemelhavam às cortes arbitrais. 
As questões cíveis eram primeiramente apresentadas diante do magistrado, no Tribunal, para depois serem apresentadas diante de um árbitro particular escolhido pelas partes, para julgar o processo. Trata-se da ordem dos processos civis. Este sistema por ser muito rápido, perdurou por muito tempo, até o período clássico. 
O Direito Romano ganhou lugar de honra porque ele foi adaptado, através da interpretação às necessidades práticas da época. No processo civil romano, o qual foi muito influenciado pelo Direito Grego, principalmente à livre apreciação de provas. Houve três períodos que abrangeram a história do processo civil romano, compreendendo cada um seu sistema processual típico: O primeiro período foi o processo das ações da lei, conhecido como "(legis actiones); O segundo foi o processo formulário (per formulas) e o terceiro foi o processo extraordinário (cognitio extraordinária)". 
Essa delimitação é apenas convencional, pois apesar de três fases específicas e distintas, nos momentos de mudança, coexistiram dois sistemas processuais diferentes até que o mais antigo caísse em desuso. 
O processo civil romano era o conjunto de regras que o cidadão romano deveria seguir para realizar seu direito. Os romanos entendiam que o vocábulo "Jus" encerrava também o sentido que os modernos emprestam a "direito subjetivo", isto é, faculdade ou poder permitido e garantido pelo direito positivo. 
O direito subjetivo é tutelado pela ação que, no sentido restrito que ainda hoje lhe é atribuído, nada mais é do que atividade processual mediante a qual o particular procura concretizar a defesa dos seus direitos, pondo em movimento o sistema jurídico do Estado. 
Para isso é executada uma série de atos jurídicos ordenados: o processo. 
Direito e ação são conceitos estritamente conexos no sistema jurídico romano. O romano concebia e enunciava o direito mais sob o aspecto processual do que material. Durante toda a época clássica, o direito romano era mais um sistema de ações e de meios processuais do que de direitos subjetivos. Em Roma, a cada direito correspondia uma ação específica. 
II - TRANSIÇÃO DA JUSTIÇA PRIVADA PARA A JUSTIÇA PÚBLICA EM ROMA. 
Os primitivos romanos, como inúmeros outros povos, faziam justiça pelas próprias mãos, defendendo o seu direito pela força. Somente muito mais tarde e em decorrência de longo processo evolutivo, houve a passagem da justiça privada para a justiça pública. Alguns autores afirmam que essa evolução se fez em quatro etapas: A primeira fase da vingança privada predominava a lei de Talião. "Olho por olho e dente por dente", estabelecida ainda na Lei das XII tábuas. A segunda fase foi a do arbitramento facultativo, que perdurou por toda a evolução do direito romano e de muitos outros da sua época, pois sempre admitiu que os conflitos individuais fossem resolvidos por árbitros escolhidos, sem a interferência do Estado, pelos brigões. A terceira fase seria a do arbitramento obrigatório que compreendeu o sistema de ações da lei e o processo formulário, onde o Estado passou a obrigar os demandantes a escolher árbitro que determinasse a indenização a ser paga pelo ofensor, e também passou a assegurar a execução da sentença, se porventura o litigante perdedor não quisesse cumpri-la. 
Por essemotivo vigorou a ordem dos processos civis, onde a instância se dividia em duas fases sucessivas: a primeira se desenrolava no tribunal do magistrado e a segunda que se processava diante do "iudex", que era um particular escolhido pelos pleiteantes para julgar o processo. 
Há divergência entre os autores quanto à época do surgimento dessa divisão. Alguns defendem que foi na época da República, visto que na realeza o processo se desenrolava apenas diante do Rei. 
Já a quarta fase da justiça, compreendeu o processo extraordinário onde a instância se desenrolava inteiramente diante de um juiz que era o funcionário do Estado. 
Para as épocas posteriores sobraram ainda vários resquícios do Direito Romano, como a possibilidade de defesa dos direitos com as próprias mãos, é o caso da legítima defesa (fundamentada no princípio de repelir a força pela força) e a autodefesa privada ativa, na qual o proprietário poderia retomar à força coisa sua que alguém, sem direito, o detiver. 
III - EVOLUÇÃO DA JUDICATURA ROMANA 
 
À época da realeza, tudo se concentrava nas mãos do Rei, o único depositário do poder público, reunindo por força de seu imperium, além dos poderes militares e religiosos, poderes civis, legitimando-o a julgar em primeira e última instância. 
Esse fato explica porque a estrutura jurídica do mais antigo sistema processual Romano era por demais formalista. A casta de sacerdotes, auxiliando o Rei, ditava o comportamento dos cidadãos. Deduzo que havia na época um íntimo relacionamento entre o Direito e a Religião. 
Já na república, primeiro a judicatura foi posta nas mãos de dois cônsules que a exerciam alternadamente, um num mês e outro no mês seguinte. A partir de 367 A.C. 
Os cônsules se limitaram a exercer a jurisdição graciosa, passando a jurisdição contenciosa para o Pretor e as questões menores (vendas de escravos e animais) eram julgadas pelos "edis curuis". 
No princípio a jurisdição do Pretor se estendia a todos os territórios submetidos a Roma, posteriormente em certas cidades os magistrados locais passaram a exercê-la. Em determinadas regiões da Itália o pretor delegava poderes aos "praefecti iure dicundo". 
A grande influência de estrangeiros em Roma levou a criação do pretor peregrino, incumbido de julgar os litígios entre cidadãos estrangeiros ou entre estes e cidadãos romanos. Com o aparecimento das províncias (territórios oriundo de conquistas), quem nela exerciam a jurisdição eram os governadores e seus questores, que aí desempenhavam as mesmas funções que em Roma eram atribuídas aos edis curuis. 
No começo, com a concessão de cidadania romana a todos os habitantes da Itália, no século I A.C., desapareceram os praefecti iure dicundo. Assim, quanto aos litígios de menor importância ocorridos na Itália, processavam-se eles diante dos magistrados municipais, quanto aos de maior importância, a jurisdição era do pretor, devendo as partes litigantes se deslocarem até Roma. 
No tempo dos imperadores Marco Aurélio e Lúcio Vero surgiu para a Itália os iuridici, magistrados com jurisdições em determinadas circunscrições. Distingue-se ainda, com relação às províncias, as senatoriais cuja jurisdição era exercida por um legado que atuava como mandatário do governador, e por um questor que tinha a mesma função dos edi curuis em Roma e as imperiais cuja jurisdição era delegada pelo Imperador aos legati iuridici, ou aos próprios governadores delas, os propretores, que exerciam a jurisdição com a assistência dos assessores. 
No dominato, com o processo extraordinário, a justiça passa a ser competência de juízes, funcionários do Estado. Surge nessa época à hierarquização dos juízes classificando-os em inferiores, que julgavam em primeira instância e se denominava iudeces ordinari e eram: em Roma e Constantinopla o praefectus urbi, que substitui o pretor urbano a partir do século II D.C.. 
Nas províncias, os litígios mais importantes se processavam diante do governador ou dos iudices pedanei por ordem do Governador. Os litígios menos importantes se desenvolviam em presença de funcionários municipais, o defensor ciuitates. 
Roma não conheceu o princípio da separação dos poderes executivo; legislativo e judiciário. Por isso, os magistrados judiciários romanos, além da função de distribuir justiça, desempenhavam também atribuições administrativas e às vezes até militares. 
No direito romano o processo não era autônomo, e estava relacionado ao conceito que os juristas faziam com respeito ao direito subjetivo material e a ação judiciária.As normas de caráter processual eram baseadas na experiência jurídica romana unida num caráter substancial, sendo que o direito subjetivo não era entendido pelo aspecto do seu conteúdo substancial, mas pela ótica da ação a qual o titular podia tutelar contra possíveis ofensas. 
O titular da ação era aquele que realmente apresentasse uma situação e direito material existente.. Nesta época o "agere" correspondia a uma ação material, a uma atitude, um agir perante o magistrado. No procedimento o demandado era praticamente obrigado a comparecer perante o magistrado após a sua citação, sob pena de ter de comparecer à força. 
IV - O PROCESSO COMUM 
 
Com a queda do Império Romano e a dominação do povo germânico também chamado de "bárbaros", houve a princípio um retrocesso na evolução do direito romano em virtude dos costumes e do direito rudimentar trazido por eles. Foi dado muito valor aos "juízos de Deus", pois acreditavam que a divindade participava dos julgamentos. 
No processo dos povos germânicos a prova não era meio de convencer o juiz e sim um meio, rígido, de fixação da própria sentença. O juiz apenas reconhecia usa existência. Era basicamente um processo acusatório e o ônus da prova cabia ao acusado. 
Os processos eram, na afirmação de Jeremias Bentham citado por Theodoro Júnior1, "autênticos jogos de azar ou cenas de bruxaria, e, em vez de julgamentos lógicos, eram confiados a exorcizar verdugos". A esse sistema processual, que perdurou até uma fase bem adiantada da Idade Média, paralelamente a igreja católica ainda preservava as instituições de direito romano. 
Surge então da fusão de normas e institutos do direito romano, do direito canônico, do direito germânico, o direito comum e com ele o processo comum. Como características identificamos que o processo comum era escrito, complexo e lento, a prova e a sentença voltaram a se inspirar no direito romano, o direito canônico trouxe o processo sumário, eliminando algumas formalidades porém ainda foram preservadas as torturas como meio de obtenção da verdade no processo. 
Expandiu-se pela Europa e alguns métodos aperfeiçoados serviram de base para o processo moderno, conhecida como a fase científica. 
 5 - EVOLUÇÃO CIENTÍFICA DO DIREITO PROCESSUAL 
 
Podemos dividir a evolução científica do Direito Processual em 3 fases: imanentista; conceitual (científica) e instrumentalista. 
Na primeira fase, a imanentista, não se deve falar diretamente em direito processual, e sua principal característica era o processo ser considerado um mero apêndice do direito material. A segunda fase, a científica é caracterizada pela predominância dos estudos voltados para a fixação dos conceitos essenciais que compõem a ciência processual. O direito processual, por sua vez, passa a ser considerado ramo autônomo do direito, passando a integrar o Direito Público. 
Nesta fase destacaram-se grandes nomes como Giuseppe Chiovenda; Francesco Carnelutti; Piero Calamandrei e Enrico Túlio Liebman na Itália. Adolf Wash; James Goldschmidt e Oskar Von Bullow na Alemanha e Alfredo Buzaid; Lopes da Costa e Moacyr Amaral Santos, no Brasil, todos defensores de teorias da autonomia científica deste ramo do direito. 
É nesta fase, por volta de 1940 quando se transferiu para o Brasil Liebman, professor titular de direito processual civil da Itália, que se iniciou um verdadeiro movimento científico no Brasil. Vieram em seguida, os trabalhos de alto nível de Buzaid e José Frederico Marques, discípulos de Liebman, trabalhos de Moacyre Celso Agrícola Barbi, dentre outros. 
A terceira fase, a instrumentalista, a qual perdura até hoje, o processualista passa a dedicar seus esforços no sentido de tornar mais célere a prestação jurisdicional, sem se afastar dos princípios basilares do direito processual, que são a segurança proporcionada nas partes dos processos. Também nesta fase se destacam Mauro Capelleti, italiano e os brasileiros Cândido Rangel Dinamarco; Ada Pellegrini Grinover e José Carlos Moreira Barbosa. 
 6 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO 
 I - A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO. 
Embora pareça paradoxal, a história do nosso direito começa antes da história do Brasil. Na realidade o nosso direito está ligado ao direito português que por sua vez, está vinculado a basicamente todo o direito ocidental. Em Portugal, já em 1.211, com Afonso II, as suas primeiras leis gerais foram assumindo lugar das costumeiras até as Ordenações, sem contudo anular totalmente as costumeiras. 
O Brasil nasceu sob o império das Ordenações Afonsinas, editadas em 1.446, consolidando a legislação da época, desde Afonso II até Afonso V. Ressaltamos que as Ordenações Afonsinas não foram uma verdadeira codificação do direito e sim uma compilação coordenada e que se dividia em 5 livros, sendo o livro III, com seus 128 artigos destinados ao processo civil. 
Em seu terceiro livro, abordava os atos judiciais e a ordem que tais atos deveriam obedecer, situando-se nele a parte propriamente processual. As Ordenações Afonsinas tiveram como fonte a legislação feudal ou costumeira, o direito romano justinianeu inserido no "corpus iuris", o direito canônico e as "Decretais" de Gregório IX, vigorando em nosso país até 1521, quando ocorre a publicação das Ordenações Manuelinas. 
De 1.521 até 1.603 vigoraram as Ordenações Manuelinas. Atendiam mais ao interesse da realeza do que das outras instituições, fortalecendo o poder absoluto do Rei. Na distribuição das matérias, seguem a do código anterior, alterando somente a ordem dos títulos, artigos e parágrafos. 
A partir de 1.603, foram promulgadas as Ordenações Filipinas, que seguiram o método e a sistematização das matérias manuelinas, em 5 livros. Algumas modificações em matéria processual foram observadas, como por exemplo, as funções judiciárias se limitaram ao julgamento, com o juiz-presidente, das ações de injúria verbal, pequenos furtos, depois de previamente processadas pelo mesmo juiz com o tabelião do judicial. 
O Brasil viveu portanto sob três ordenações que foram consideradas grandes codificações da época, além das cartas dos Donatários, dos governadores e dos ouvidores. Ressalte-se que a divisão dos poderes só foi reconhecida no Brasil, com a Constituição de 1824, até então se confundia o judicial, administrativo, fiscal e militar, como em toda antiguidade. 
II - REGULAMENTO 737 
 
Foram publicados os Regulamentos 737 e 738, para entrar em vigor, juntamente com o Código Comercial, em novembro de 1850. O Regulamento 737 foi de grande importância até a edição do atual Código de Processo Civil. Seu objetivo era determinar a ordem do juízo no processo comercial. Foi notável especialmente em relação à economia e simplicidade do procedimento, porém em virtude de prolongadas campanhas e críticas em 1871, restabeleciam-se as orientações do antigo Código de Processo Criminal. 
O Governo encarregou o Conselheiro Antonio Joaquim Ribas para reunir todas as normas relativas ao processo civil. Em 1876 a Consolidação das Leis do Processo Civil passou então, a ter força de Lei. Dividia-se em duas partes: a primeira relativa à organização judiciária e a segunda à forma do processo. 
Com a proclamação da República, uma das primeiras medidas tomadas pelo Governo Republicano com relação ao processo civil, foi que aplicassem ao processo, julgamento e execução das causas cíveis em geral, as disposições do regulamento 737 de 1850. Entretanto, mantiveram em vigor as disposições que regulavam os processos especiais, não compreendidos pelo referido regulamento. 
III - CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1939. 
 
Com a competência da União para legislar sobre processo, afirma Grinover2 : 
"Ditada constitucionalmente em 1934, tornou-se necessária a preparação de um novo Código de Processo Civil, tendo o governo organizado comissões de juristas encarregados daquela tarefa". 
Foi então apresentado um trabalho por Pedro Batista Martins, advogado, que revisto então pelo Ministro da Justiça, Francisco Campos, por Guilherme Estelita e por Abgar Renault, transformou-se no Código de Processo Civil de 1.939. 
Dentre suas principais está adoção do princípio da oralidade, tal como preconizava Chiovenda, com algumas concessões à tradição, especialmente no que diz respeito aos sistemas de recursos e a multiplicação de procedimentos especiais. 
IV - CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. 
 
Com severas críticas lançadas pela doutrina e o surgimento de várias leis extravagantes, tornou-se necessária à reformulação do Código de 1939. O Governo Federal por sua vez, incumbiu Alfredo Buzaid, professor da Faculdade de Direito de São Paulo, de elaborar o anteprojeto do Código de Processo Civil. 
O anteprojeto foi revisto por José Frederico Marques; Luis Machado Guimarães e Luis Antonio de Andrade e submetido ao Congresso Nacional sendo aprovado e promulgado pela Lei 5.869/73, surgindo assim o novo Código de Processo Civil, atualmente em vigor. O Código de Processo Civil possui 1.220 artigos, divididos em 5 livros: I – Do processo de conhecimento; II – do processo de execução; III do processo cautelar; IV – dos procedimentos especiais e V – das disposições finais e transitórias. 
No primeiro livro onde cuida do processo do conhecimento, o Código disciplina a competência dos órgãos do Poder Judiciário, regula as figuras dos sujeitos do processo, dita regras sobre o procedimento ordinário e o sumario e o processo nos tribunais, além de disciplinar os atos processuais e suas nulidades, tais como provas, sentenças, coisa julgada e recursos. 
No livro sobre processo de execução aborda os títulos executivos judiciais e extrajudiciais, disciplinam a competência em matéria executiva, as responsabilidades e as sansões que merecem, além de outras várias espécies de execução com procedimentos diferenciados.. 
O terceiro livro disciplina todo o processo cautelar, com medidas cautelares típicas (nominadas) e medidas atípicas (inominadas). 
No quarto livro estão os procedimentos de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária. 
No quinto livro estão as disposições finais e transitórias. 
Muitas alterações foram realizadas desde que se tornou vigente o código de 1973, buscando sempre à simplificação dos atos em geral e procedimentos para uma maior agilidade do serviço jurisdicional. Listo apenas algumas consideradas mais importantes: 
1 – Lei 7.347/85 (Ação Civil Publica); 
2 – Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do imóvel residencial do executado – bem de família); 
3 – Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor); 
4 – Lei 8.952/94 (disciplina a tutela antecipada e a tutela específica de fazer e não fazer); 
5 – Lei 9.079/95 (Processo monitório); 
6 – Lei 9.099/95 (Derroga a antiga Lei de Pequenas Causas e disciplina os Juizados Especiais); 
7 – Lei 9.245/95 (altera significativamente o procedimento sumario); 
8 – Lei 9.307/96 (Lei da arbitragem); 
9 – Lei 9.868/99 (disciplinou o processo de ação direta de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade); 
10- Lei 10.444/02 (também alterando a tutela antecipada, ao procedimento sumário e a execução forçada). 
 7 - CONCLUSÃO 
 
Nota-se a necessidade do direito para a vida em Sociedade e com o surgimento das normas materiais também se fez necessário o aparecimento das normas processuais. Apesar de no início da civilização ainda não identificarem o direito processual como tal, observamos várias regras importantes já na Antiguidade Grega como o princípio do contraditório e o principio da oralidade. 
O direito romano obteve grande avanço e também foi à basede nosso ordenamento processual. Após a queda do Império Romano houve um retrocesso do direito romano, que culminou no direito comum com regras do direito germânico, do direito canônico e do próprio direito romano. 
No Brasil, é importante ressaltar que a evolução legislativa do Direito Processual Brasileiro tem acompanhado a evolução científica mundial. Como exemplo temos o Código de Processo Civil de 1939, baseado nas teorias de Chiovenda e o Código de Processo Civil de 1973, sob a influência de Liebman, ambos com conceitos predominantes da fase científica. 
A partir da década de 80, lembramos que as inúmeras alterações efetuadas ao Código de 1973 buscam a efetividade do processo, caracterizando a nova fase instrumentalista que atualmente vivemos no processo civil. 
 8 - BIBLIOGRAFIA 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 42ª edição. Rio de Janeiro. Forense, 2005. 
GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Teoria Geral do Processo.21ª ed., São Paulo: Malheiros, 2005. 
PACHECO, José da Silva. Evolução do Processo Civil Brasileiro. 2ª ed., Rio de Janeiro. Renovar, 1999. 
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, vol.1, 9ª ed., Rio de Janeiro:Lúmen Júris, 2003. 
MARQUES, José Frederico. Manual de Direito Processual Civil. 2ª ed.. Campinas. Millenium, vol. 1, 2001. 
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Romano. 19ª ed.. Rio de Janeiro. Forense, 1995. 
 Notas: 
THEODORO Júnior, Humberto, Curso de Direito Processual Civil, Vol. 1, 42ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 12 
GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Teoria Geral do Processo. 21 ed, São Paulo: Malheiros, 2005, pág. 110.

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