Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Cefaleias 
na APS
Abordagem na prática
Bárbara Matos
David Sarpa
Romulo Caires
ASPECTOS CHAVE
▪ Sintoma frequente na população, com grande 
impacto na qualidade de vida
▪ Cefaleia de tensão e enxaqueca fazem parte 
das cinco condições crônicas mais 
prevalentes (Global Burden of Disease)
▪ Cefaleia tipo tensão episódica é a cefaleia 
primária mais prevalente na população e 
enxaqueca é a segunda 
▪ Maior ocorrência entre as mulheres 
CLASSIFICAÇÃO
Primárias
▪ Enxaqueca
▪ Cefaleia tensional
▪ Cefaleia
trigemioautonomica
Secundárias
▪ Trauma canio/cervical
▪ Disturbio vascular 
crânio/cervical
▪ Uso de substância ou 
abstinência
▪ Infecção 
▪ Alteração da homeostase
▪ Transtornos psiquiátricos
▪ Alt. Cranial, pescoço, 
olhos, orelhas, etc. 
▪ Neuropatias
SINAIS DE ALERTA
▪ Sinais sistêmicos: febre, rigidez de nuca, HIV, uso de drogas
imunossupressoras, neoplasia
▪ Neurológico: presença de déficit focal, convulsão ou edema de papila
▪ Cefaleia que se inicia após os 50 anos
▪ Cefaleia que desperta o paciente pela dor (principalmente em
crianças)
▪ Cefaleia de inicio súbito ou primeira cefaleia da vida
▪ Mudança do padrão de cefaleia previa, cefaleia refrataria ou
progressiva.
▪ Uso de anticoagulantes (principalmente se cefaleia nova – risco de
HSA)
SINAIS DE ALERTA
▪ Antecedente de doença neoplásica maligna, DM ou AIDS
▪ Ocorrência no exercício, tosse, espirro, atividade sexual ou manobra
de Valsalva
▪ Ocorrência na gravidez/pós parto
▪ Dor intratável
▪ Irradiação para pescoço
SINAIS DE ALERTA
• Thunderclap – Cefaleia de forte intensidade, normalmente caracterizada como a “pior da 
vida”, normalmente atribuída a HSA e Trombose Venosa Cerebral
• Sinais de meningismo – Kernig, Brudzinski e Laségue positivos
• Déficits neurológico súbito – HSA e AVCi
COMO 
INVESTIGAR?
ANAMNESE
▪ Inicio da dor
▪ Localização exata
▪ Duração
▪ Intensidade
▪ Fatores de melhora e piora
▪ Irradiação
▪ Periodicidade
▪ Medicamentos utilizados
▪ História familiar de cefaleia similar
IMPORTANTE QUESTIONAR...
▪ Por que buscou atendimento agora?
▪ O início é recente? Quão recente?
▪ Periodicidade (número de crises por mês, por semana)
▪ Tempo de duração da crise (minutos, horas, dias)
▪ O que o indivíduo faz durante a crise?
▪ Impacto nas atividades de vida (trabalho, lazer, vida familiar)
▪ Quais medicações a pessoa usa e já usou? Com qual frequência?
▪ Apresenta-se bem entre as crises ou apresenta sintomas residuais ou
persistentes (diários)?
AVALIAR USO ABUSIVO DE ANALGÉSICOS...
● Define-se como uso por mais de 15 dias por mês nos últimos 3 
meses
● Em caso de uso de triptanos ou medicações combinadas, 
considerar se uso por mais de 10 dias no mês, nos últimos 3 
meses.
EXAMES COMPLEMENTARES
● Cefaleias primarias não necessitam de confirmação laboratorial 
ou de exames de imagem, desde que exame neurológico normal
● Considerar solicitação de neuroimagem se: 
o Indivíduos com alteração do exame neurológico ou sinais de 
alerta
o Cefaleia aguda de intensidade muito forte
o Mudanças no padrão da cefaleia preexistente, com 
aumento da frequência e da intensidade da dor
J.P.S, Masculino, 28 anos
Paciente comparece em consulta de acolhimento referindo que há aproximadamente 6 meses tem 
episódios recorrentes de dor de cabeça intensa, que surgem de forma súbita, geralmente no início 
da manhã ou durante a noite. Caracteriza a dor como pulsátil, localizada geralmente no lado direito 
da cabeça, mas, em algumas ocasiões, também ocorre no lado esquerdo. Ele descreve a dor como 
"insuportável", de intensidade 8 a 9 em uma escala de 0 a 10.
Refere quadro associado a náuseas intensas e, em alguns episódios, vômitos. Ele também nota uma 
sensibilidade extrema à luz e ao som, o que o faz buscar um local escuro e silencioso para se 
recuperar. Às vezes, ele percebe alterações visuais antes do início da dor, como manchas ou luzes 
piscando 
Refere que nos últimos 3 meses esse quadro vem ocorrendo, em média, 4 vezes na semana, 
chegando a passar as vezes 72h seguidas na vigência do quadro álgico. Refere múltiplas idas à 
emergência além do uso quase que diário de analgésicos e antinflamatórios, sem melhora total da 
dor, o que vem prejudicando a sua produtividade e, inclusividade, levando-o a faltar em seu 
trabalhos repetidas vezes.
Paciente comparece em consulta de acolhimento referindo que há aproximadamente 6 meses tem 
episódios recorrentes de dor de cabeça intensa, que surgem de forma súbita, geralmente no início 
da manhã ou durante a noite. Caracteriza a dor como pulsátil, localizada geralmente no lado direito 
da cabeça, mas, em algumas ocasiões, também ocorre no lado esquerdo. Ele descreve a dor como 
"insuportável", de intensidade 8 a 9 em uma escala de 0 a 10.
Refere quadro associado a náuseas intensas e, em alguns episódios, vômitos. Ele também nota uma 
sensibilidade extrema à luz e ao som, o que o faz buscar um local escuro e silencioso para se 
recuperar. Às vezes, ele percebe alterações visuais antes do início da dor, como manchas ou luzes 
piscando 
Refere que nos últimos 3 meses esse quadro vem ocorrendo, em média, 4 vezes na semana, 
chegando a passar as vezes 72h seguidas na vigência do quadro álgico. Refere múltiplas idas à 
emergência além do uso quase que diário de analgésicos e antinflamatórios, sem melhora total da 
dor, o que vem prejudicando a sua produtividade e, inclusividade, levando-o a faltar em seu 
trabalhos repetidas vezes.
J.P.S, Masculino, 28 anos
ENXAQUECA
01
ENXAQUECA
▪ Alta prevalência em mulheres na faixa de 30 a 50 anos
▪ Em crianças, é a cefaleia mais frequente
▪ Cinco estágios:
▪ Pródromo
▪ Aura
▪ Cefaleia
▪ Período de resolução
▪ Sintomas residuais
ENXAQUECA
▪ Pródromo
▪ Até 24h do inicio da cefaleia
▪ Pode ocorrer: alteração de humor, irritabilidade, anorexia,
náuseas, bocejo, compulsão por alimentos, dificuldade de
concentração e raciocínio, retenção hídrica, fadiga,
rigidez cervical, sensibilidade à luz e/ou som, visão
borrada, bocejos e palidez.
ENXAQUECA
▪ Aura (25% casos)
▪ Sintoma neurológico que antecede a cefaleia
▪ Alterações visuais (escotomas, perda de campo visual),
sensitivas (formigamentos, parestesia) e raramente
motoras (alteração de fala, fraqueza motora)
▪ Desenvolvimento gradual de 5 a 20 min, durando cerca de
1 hora
▪ Cessam com o aparecimento da cefaleia geralmente
ENXAQUECA
▪ Crise
▪ Duração de 4 a 72h
▪ Geralmente unilateral, pulsátil ou latejante
▪ Acompanha náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia
▪ Piora com atividades habituais como caminhar e subir escadas
▪ Período de resolução e sintomas residuais
▪ Pode ocorrer vômitos e/ou sonolência
▪ Sintomas residuais: fadiga, fraqueza, dificuldade de 
concentração, confusão mental 
CRISES EM CRIANÇAS
● Em crianças é mais comum a dor bilateral 
● Habitualmente é frontotemporal
● Cefaleia occipital em crianças é rara e demanda mais cautela no 
diagnostico 
Classificação 
da enxaqueca
MIGRÂNEA SEM AURA
▪ Ao menos 5 crises com os seguintes critérios:
▪ Crises de cefaleia com duração de 4 a 72 horas (quando não tratadas
ou tratadas sem sucesso)
▪ A cefaleia tem ao menos duas das características:
o Localização unilateral
o Qualidade pulsátil
o Intensidade da dor de moderada a grave
o Agravamento da dor por atividade física de rotina (andar ou subir
escadas) ou gera evitação das atividades
MIGRÂNEA SEM AURA
▪ Durante a cefaleia, apresenta pelo menos um dos critérios:
o Náuseas e/ou vômitos
o Fotofobia e fonofobia
▪ Não ser atribuível a outras causas ou tipos de cefaleia
MIGRÂNEA COM AURA
▪ Ao menos 2 crises com os seguintes critérios:
▪ Presença de sintomas de aura totalmente reversível, definida por pelo
menos, um dos seguintes critérios:
o Sintomas visuais, incluindo presença de sinais positivos (luzes,
pontos ou linhas brilhantes) e/ou negativos (perda da visão)
bilateralmente
o Sintomas sensoriais, incluindo achados positivos (picadas,
agulhadas) e/ou negativos (parestesias)
o Distúrbiosde fala ou linguagem
o Sintomas motores (muito raro)
MIGRÂNEA COM AURA
o Sintomas de tronco cerebral (disartria, vertigem, zumbido,
hipoacusia, diplopia, ataxia, redução do nível de consciência)
o Sintomas retinianos (sintomas visuais unilateral)
▪ Ao menos 3 das seguintes:
▪ Um dos sintomas da aura se instala gradualmente (≥ 5 min)
▪ Dois ou mais sintomas de aura ocorrem em sucessão
▪ Cada um dos sintomas de aura dura entre 5 e 60 minutos
▪ Ao menos, um dos sintomas é unilateral (afasia sempre é considerado
sintoma unilateral)
MIGRÂNEA COM AURA
▪ Um dos sintomas é positivo (luzes, pontos ou linhas brilhantes)
▪ A cefaleia segue-se à aura dentro de 60 minutos ou menos
▪ Não ser atribuível a outras causas e outras cefaleias e houve exclusão de
quadro de AIT
MIGRÂNEA CRÔNICA
▪ Cefaleia com critérios de migrânea por ≥ 15 dias de dor por mês há
mais de 3 meses, com características de enxaqueca por pelo menos 8
dias por mês
▪ Não ser atribuível a outras causas
▪ Principais fatores para essa evolução: obesidade, crises frequentes,
uso excessivo de opioides, cafeína e barbitúricos, eventos
estressantes de vida, depressão, distúrbios do sono e alodinia
cutânea.
Tratamento
Enxaqueca
NÃO FARMACOLÓGICO 
▪ Importância do diário da cefaleia (identificação de fatores 
desencadeantes)
▪ Técnicas de relaxamento e controle do estresse
▪ Psicoterapia
▪ Fisioterapia
CRISE AGUDA
> 72H
▪ Dipirona + AINEs + 
sintomaticos
▪ Se não melhorar: 
Sumatriptano 25-100mg 
VO / 10-20mg (spray 
nasal) / 6mg (SC)
▪ Alternativa: associar 
dexametasona ou 
clorpromazina 
▪ Caso não tenha melhora, 
avaliação neurológica 
72H OU MAIS
▪ Dipirona + AINEs + 
Dexametasona + 
sintomaticos
▪ Se não melhorar: 
associar clorpromazina
▪ Caso não tenha 
melhora, avaliação 
neurológica 
ESTADO MIGRANOSO
● Crise de migrânea debilitante durando > 72h 
● Pode frequentemente ser causada pelo uso excessivo de 
medicamentos
PROFILÁTICO 
▪ Recomendado se presença dos critérios: 
▪ Frequência de três ou mais crises ao mês.
▪ Grau de incapacidade importante (mesmo se forem poucas 
crises).
▪ Falência da medicação de resgate.
▪ Subtipos especiais de enxaqueca: basilar, com aura 
prolongada, auras frequentes e atípicas e infarto 
enxaquecoso.
▪ Ineficácia da profilaxia não farmacológica quando esta tiver 
sido a opção inicial da pessoa.
PROFILÁTICO 
▪ Betabloqueadores 
▪ Propranolol 40-240 mg/dia, divididos em 2-3 tomadas
▪ Atenolol 25-150 mg/dia, divididos em 1-2 tomadas
▪ Metoprolol 100-200 mg/dia, divididos em 1-2 tomadas
▪ Considerar em pacientes com HAS, arritmias
▪ Contraindicações: presença de BAVs, asma brônquica, DPOC
PROFILÁTICO 
▪ Antidepressivos
▪ Amitriptilina 12,5-75 mg/dia, geralmente em tomada única à noite
▪ Nortriptilina 10-75 mg/dia, geralmente em tomada única à noite
▪ Fluoxetina 10-20mg/dia tomada única 
▪ Úteis no tto de enxaqueca com sintomas depressivos, insônia, absuso de 
analgésicos, alta frequência das crises...
▪ Contraindicações: presença de bloqueio de ramo esquerdo, IAM recente, 
intervalo QT prolongado, uso concomitante ou recente de IMAOs, 
prostatimso ou retenção urinaria. Pode causar hipotensão ortostática em 
idosos. 
PROFILÁTICO 
▪ Anticonvulsivantes
▪ Acido valproico 500-1500mg/dia 2-3 tomadas
▪ Divalproato de sódio 500-1500mg/dia 1-2 tomadas
▪ Topiramato 25-100mg/dia 1-2 tomadas
▪ Ter cuidado com o valproato por efeito teratogênico, 
alopecia, tremor, e ganho de peso. 
▪ Topiramato deve ser contraindicado em pacientes com 
antecedentes de glaucoma 
Atenção!
Opioides não são opção para enxaqueca! 
Inclusive podem piorar os mecanismos da dor e podem causar 
dependência 
OBJETIVOS DA PROFILAXIA 
▪ Tem como meta a menor frequência e intensidade das crises, mas que 
nem sempre se obtém sua cessação completa. 
▪ Em geral, trata-se de um processo demorado até se identificar o 
fármaco profilático adequado ao indivíduo. 
▪ A não resposta a um medicamento não significa uma falta de resposta a 
todos.
▪ A dose de medicação profilática que controlar a dor deve ser mantida 
por pelo menos 6 meses. Após, retirar lentamente o medicamento e 
observar a reação do paciente. 
M.S.P, Feminina, 32 anos
HMA: Paciente comparece em consulta de rotina. Refere que há 4 dias iniciou quadro de cefaleia 
caracterizada como uma sensação de pressão ou aperto, geralmente no final da tarde, após seu 
expediente de trabalho. Descreve algia bilateral, na região frontal e nas têmporas, e sente como se 
uma faixa estivesse apertando sua cabeça. Nega característica pulsátil na dor. A intensidade varia 
de leve a moderada, mas se intensifica em momentos de estresse no trabalho. Ela observa que, ao 
final de um dia estressante, a dor fica mais intensa e dificulta a concentração.
Nega piora ao realizar atividades físicas ou associação com náuseas, vômitos ou alterações visuais. 
Nega foto e fonofobia. Refere quadro recorrente, com periodicidade de “crises” como essa pelo 
menos a cada 2 meses, coincidindo com momentos de entrega de resultados no trabalho. 
AM: Relata história de ansiedade leve/moderada. Faz uso de sertralina 50 mg/dia
M.S.P, Feminina, 32 anos
HMA: Paciente comparece em consulta de rotina. Refere que há 4 dias iniciou quadro de cefaleia 
caracterizada como uma sensação de pressão ou aperto, geralmente no final da tarde, após seu 
expediente de trabalho. Descreve algia bilateral, na região frontal e nas têmporas, e sente como se 
uma faixa estivesse apertando sua cabeça. Nega característica pulsátil na dor. A intensidade varia 
de leve a moderada, mas se intensifica em momentos de estresse no trabalho. Ela observa que, ao 
final de um dia estressante, a dor fica mais intensa e dificulta a concentração.
Nega piora ao realizar atividades físicas ou associação com náuseas, vômitos ou alterações visuais. 
Nega foto e fonofobia. Refere quadro recorrente, com periodicidade de “crises” como essa pelo 
menos a cada 2 meses, coincidindo com momentos de entrega de resultados no trabalho. 
AM: Relata história de ansiedade leve/moderada. Faz uso de sertralina 50 mg/dia
CEFALEIA 
TENSIONAL
02
CEFALEIA TENSIONAL
• Cefaleia mais frequente
• Fisiopatologia incerta - Especula-se que a ação muscular seja
o fator etiológico importante, com sensibilização periférica de
nociceptores miofasciais
• Geralmente dor de intensidade leve a moderada, que dura 30
min a vários dias
CLASSIFICAÇÃO DA 
CEFALEIA 
TENSIONAL
CEFALEIA TENSIONAL
• Ao menos, 10 crises com frequência inferior a uma vez por mês
( 180 dias por ano) preenchendo os mesmos critérios.
• Maior risco de cronificação: maior frequência dos episódios de
crises agudas, obesidade, comorbidades psiquiátricas e
doenças com dor crônica, distúrbios de sono (sobretudo
apneia obstrutiva do sono [AOS]), consumo excessivo de café,
baixa eficácia dos tratamentos prévios e altos níveis de
estresse.
Tratamento
Cefaleia tensional
NÃO FARMACOLÓGICO
▪ Identificacao de fatores desencadeantes
▪ Biofeedback eletromiográfico (A)
▪ Terapia cognitivo-comportamental (TCC) (C)
▪ treinamento de relaxamento (C)
▪ fisioterapia (C)
▪ Acupuntura(C)
FARMACOLÓGICO
• Analgésicos e de AINEs são geralmente suficiente para controle
da crise
• Não é recomendado o uso de opioides, triptanos e relaxantes
musculares na cefaleia tipo tensão.
C.E.M, Masculino, 40 anos
Paciente comparece a consulta de rotina referindo que há aproximadamente 2 meses começou a ter 
episódios de dor intensa na região ao redor de um dos olhos, que surgem de forma abrupta, com 
duração de 30 minutos a 2 horas. A dor é descrita como uma sensação de "queimação" ou 
"perfurante", muito forte e de um lado da cabeça, geralmente do lado direito. Refere ainda seus 
olhos lacrimejam e seu nariz fica entupido no lado afetado.
Descreve que as crises ocorrem em um padrão bem específico: elas aparecem cerca de 2 a 3 vezes 
por dia, em um período de 2 a 3 semanas consecutivas, seguidas por uma fase de remissão, onde ele 
fica livre de dor por semanas ou até meses. Ele nota que a dor geralmente começa à noite, entre 22h 
e 2h da manhã, acordando-o abruptamente durante o sono.
Além da dor intensa ao redor do olho, ele também percebe que o olho fica avermelhado e há 
sensação de inchaço na região afetada. Durante as crises, ele fica agitado e sente necessidade de 
andar ou se mover, tentando aliviar a dor, mas sem sucesso. Carlos já procurou ajuda em 
emergências, onde foi medicado com analgésicos fortes, mas a dor só alivia parcialmente e retoma 
rapidamente.
C.E.M, Masculino, 40 anos
Paciente comparece a consulta de rotina referindo que há aproximadamente 2 meses começou a ter 
episódios de dor intensa na região ao redor de um dos olhos, que surgem de forma abrupta, com 
duração de 30 minutos a 2 horas. A dor é descrita como uma sensação de "queimação" ou 
"perfurante", muito forte e de um lado da cabeça, geralmente do lado direito. Refere ainda seus 
olhos lacrimejam e seu nariz fica entupido no lado afetado.
Descreve que as crises ocorrem em um padrão bem específico: elas aparecem cerca de 2 a 3 vezes 
por dia, em um período de 2 a 3 semanas consecutivas, seguidas por uma fase de remissão, onde ele 
fica livre de dor por semanas ou até meses. Ele nota que a dor geralmente começa à noite, entre 22h 
e 2h da manhã, acordando-o abruptamente durante o sono.
Além da dor intensa ao redor do olho, ele também percebe que o olho fica avermelhado e há 
sensação de inchaço na região afetada. Durante as crises, ele fica agitado e sente necessidade de 
andar ou se mover, tentando aliviar a dor, mas sem sucesso. Carlos já procurou ajuda em 
emergências, onde foi medicado com analgésicos fortes, mas a dor só alivia parcialmente e retoma 
rapidamente.
CEFALEIA 
EM SALVAS
03
CEFALEIAS TRIGEMINIOAUTONOMICAS
▪ Caracterizada pela presença de sinais de ativação
trigeminioautonomica
o Rubor facial
o Edema palpebral
o Hiperemia conjuntival
o Congestão nasal
o Lacrimejamento
o Rinorreia
o Síndrome de Horner (semiptose e
miose)
▪ Dor geralmente supraorbitária do mesmo lado dos
sinais de ativação
CEFALEIAS TRIGEMINIOAUTONOMICAS
▪ A mais comum: em salvas
▪ Mais comum em homens entre 20 a 40 anos
▪ Podem ocorrer de 1 a 8 vezes ao dia até dias alternados
▪ Duração de 15 a 180 minutos
▪ A dor é muito intensa e pode deixar o paciente MUITO inquieto
▪ Sintomas sempre do mesmo lado
▪ Dor orbital, supraorbital, temporal ou combinação dessas áreas
▪ Período das salvas = período de recorrência da dor com intervalos
de melhora
CEFALEIA EM SALVAS
• Ao menos cinco crises preenchendo os critérios:
• Dor forte ou muito forte unilateral, orbital, supraorbital e/ou
temporal, durando 15-180 minutos (quando não tratada)
• Um dos ou ambos os seguintes:
• Ao menos um dos seguintes sintomas ou sinais,
ipsilaterais à cefaleia:
• injeção conjuntival e/ou lacrimejamento
• congestão nasal e/ou rinorreia
• edema palpebral
• sudorese frontal e facial
• miose e/ou ptose
CEFALEIA EM SALVAS
• sensação de inquietude ou de agitação (incapacidade
de deitar; andar de um lado para o outro)
• Ocorrendo com uma frequência entre uma a cada dois dias
e oito por dia
• Não explicada por outro diagnóstico
Tratamento
Cefaleia em salvas
CEFALEIA EM SALVAS
▪ Oxigênio a 100% com mascara nasal com volume corrente 12-
15L/min durante 10-15 min
▪ Alternativa: Triptano nasal (10-20mg)/subcutâneo (6mg)
▪ Tratamento de transição:
CEFALEIA EM SALVAS
▪ Uso de analgésicos e anti-inflamatórios são ineficazes
▪ O tratamento de transição é indicado para pacientes com ciclos
curtos de cefaleia ou como ponte para ciclos mais longos,
enquanto outros preventivos são ajustados
▪ Tratamento preventivo de longa duração:
▪ BCC (primeira escolha) – Verapamil 240-960mg 3x ao dia
▪ Ergometrina
▪ Litio
▪ Anticonvulsivantes (topiramato, valproato, gabapentina, etc)
EFEITOS COLATERAIS DOS 
PROFILÁTICOS
• Verapamil: hiperplasia gengival, constipação, cefaleia, edema, hipotensão. 
Entretanto, o efeito mais grave é o alongamento do intervalo PR, causando 
alterações na condução cardíaca.
• Lítio: arritmia, confusão mental, letargia, alopecia, desconforto 
gastrointestinal, ataxia.
M.S.S, Feminina, 34 anos
Maria relata que, há aproximadamente 1 semana, começou a perceber uma dor constante na região 
da testa, na ponte do nariz e ao redor das maçãs do rosto. Ela descreve a dor como uma sensação de 
"pressão", que aumenta com a mudança de posição, como ao se abaixar ou ao deitar. A dor também 
piora no final da tarde e ao acordar de manhã.
Refere que quadro iniciou com tosse seca, coriza e espirros há 1 semana, evoluindo com febre baixa 
(Refere Temp. aferida em 38,2 ºC). No momento, está com secreção nasal espessa, inicialmente 
amarela, e sente o nariz bastante entupido. Tem tido dificuldade para respirar, principalmente à 
noite, e já fez uso de descongestionantes nasais, mas sem grande alívio. 
Nos últimos dias, Maria também desenvolveu uma sensação de dor e pressão nos dentes superiores, 
como se estivesse com algum problema dentário.
AM: Portadora de rinite alérgica, com crises recorrentes, porém sem tratamento específico ou 
acompanhamento regular. 
M.S.S, Feminina, 34 anos
Maria relata que, há aproximadamente 1 semana, começou a perceber uma dor constante na região 
da testa, na ponte do nariz e ao redor das maçãs do rosto. Ela descreve a dor como uma sensação de 
"pressão", que aumenta com a mudança de posição, como ao se abaixar ou ao deitar. A dor também 
piora no final da tarde e ao acordar de manhã.
Refere que quadro iniciou com tosse seca, coriza e espirros há 1 semana, evoluindo com febre baixa 
(Refere Temp. aferida em 38,2 ºC). No momento, está com secreção nasal espessa, inicialmente 
amarela, e sente o nariz bastante entupido. Tem tido dificuldade para respirar, principalmente à 
noite, e já fez uso de descongestionantes nasais, mas sem grande alívio. 
Nos últimos dias, Maria também desenvolveu uma sensação de dor e pressão nos dentes superiores, 
como se estivesse com algum problema dentário.
AM: Portadora de rinite alérgica, com crises recorrentes, porém sem tratamento específico ou 
acompanhamento regular. 
CEFALEIAS 
SECUNDÁRIAS
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
● Critérios diagnósticos: cefaleia que ocorre durante diagnostico de outro 
transtorno como capaz de gerar cefaleia. 
○ Evidência de causalidade demonstrada por ao menos dois dos seguintes:
■ A cefaleia desenvolveu-se em relação temporal com o início do 
transtorno causal presumido
■ Um ou dois dos seguintes:
a. cefaleia piorou, significativamente, em paralelo com a piora do 
transtorno causal presumido
b. b. cefaleia melhorou, significativamente, em paralelo com a 
melhora do transtorno causal presumido
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
● As cefaleias relacionadas à rinossinusite e a distúrbios de refração 
ocular são, em geral, menos frequentes do que a suspeita dos indivíduos 
e de clínicos gerais.
● Na ausência de sinais de alerta ou outros sinais e sintomas relacionados 
a outras doenças subjacentes, o diagnóstico inicial deve ser de cefaleia 
primária
Para a urgência/emergência
▪ Suspeita de meningite ou encefalite.▪ Trauma craniano recente.
▪ Suspeita de hemorragia subaracnoide (HSA).
▪ Presença de doenças ou condições graves subjacentes,
como neoplasias em tratamento ou prévia, gestação, uso
de anticoagulantes.
▪ Confusão mental.
▪ Suspeita de glaucoma agudo.
QUANDO REFERENCIAR?
REFERENCES
● Comitê de Classificação das Cefaleias da Sociedade 
Internacional de Cefaleia; Classificação Internacional das 
Cefaleias. Fernando Kowacs (coordenador) ; tradução 
Fernando Kowacs, Djacir Dantas Pereira de Macedo, 
Raimundo Pereira da Silva-Néto. - 3. ed. - São Paulo : 
Omnifarma, 2018.
● GUSSO, Gustavo; LOPES, José MC, DIAS, Lêda C, 
organizadores. Tratado de Medicina de Família e 
Comunidade: Princípios, Formação e Prática. Porto Alegre: 
ARTMED, 2019.
● SPECIALI et al. Protocolo Nacional para diagnostico e manejo 
das cefaleias nas unidades de urgência do Brasil, 2018. 
	Slide 1: Cefaleias na APS
	Slide 2: ASPECTOS CHAVE
	Slide 3: CLASSIFICAÇÃO
	Slide 4: SINAIS DE ALERTA
	Slide 5: SINAIS DE ALERTA
	Slide 6: SINAIS DE ALERTA
	Slide 7: COMO INVESTIGAR?
	Slide 8: ANAMNESE
	Slide 9: IMPORTANTE QUESTIONAR...
	Slide 10: AVALIAR USO ABUSIVO DE ANALGÉSICOS...
	Slide 11: EXAMES COMPLEMENTARES
	Slide 12: J.P.S, Masculino, 28 anos
	Slide 13: J.P.S, Masculino, 28 anos
	Slide 14: ENXAQUECA
	Slide 15: ENXAQUECA
	Slide 16: ENXAQUECA
	Slide 17: ENXAQUECA
	Slide 18: ENXAQUECA
	Slide 19: CRISES EM CRIANÇAS
	Slide 20: Classificação da enxaqueca
	Slide 21: MIGRÂNEA SEM AURA
	Slide 22: MIGRÂNEA SEM AURA
	Slide 23: MIGRÂNEA COM AURA
	Slide 24: MIGRÂNEA COM AURA
	Slide 25: MIGRÂNEA COM AURA
	Slide 26: MIGRÂNEA CRÔNICA
	Slide 27: Tratamento
	Slide 28: NÃO FARMACOLÓGICO 
	Slide 29
	Slide 30: CRISE AGUDA
	Slide 31: ESTADO MIGRANOSO
	Slide 32: PROFILÁTICO 
	Slide 33: PROFILÁTICO 
	Slide 34: PROFILÁTICO 
	Slide 35: PROFILÁTICO 
	Slide 36: Atenção!
	Slide 37: OBJETIVOS DA PROFILAXIA 
	Slide 38: M.S.P, Feminina, 32 anos
	Slide 39: M.S.P, Feminina, 32 anos
	Slide 40: CEFALEIA TENSIONAL
	Slide 41: CEFALEIA TENSIONAL
	Slide 42: CLASSIFICAÇÃO DA CEFALEIA TENSIONAL
	Slide 43: CEFALEIA TENSIONAL
	Slide 44: CEFALEIA TENSIONAL
	Slide 45: CEFALEIA TENSIONAL FREQUENTE
	Slide 46: CEFALEIA TENSIONAL CRÔNICA
	Slide 47
	Slide 48: Tratamento
	Slide 49: NÃO FARMACOLÓGICO
	Slide 50: FARMACOLÓGICO
	Slide 51: C.E.M, Masculino, 40 anos
	Slide 52: C.E.M, Masculino, 40 anos
	Slide 53: CEFALEIA EM SALVAS
	Slide 54: CEFALEIAS TRIGEMINIOAUTONOMICAS
	Slide 55: CEFALEIAS TRIGEMINIOAUTONOMICAS
	Slide 56: CEFALEIA EM SALVAS
	Slide 57: CEFALEIA EM SALVAS
	Slide 58: Tratamento
	Slide 59: CEFALEIA EM SALVAS
	Slide 60: CEFALEIA EM SALVAS
	Slide 61: EFEITOS COLATERAIS DOS PROFILÁTICOS
	Slide 62: M.S.S, Feminina, 34 anos
	Slide 63: M.S.S, Feminina, 34 anos
	Slide 64: CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
	Slide 65: CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
	Slide 66: CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
	Slide 67: QUANDO REFERENCIAR?
	Slide 68: REFERENCES

Mais conteúdos dessa disciplina