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Processo Civil CEJ 5

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �100�
5ª aula (30/03/2007)
	Na aula passada falávamos de litisconsórcio. Dois critérios especiais para classificar litisconsórcio, o primeiro deles quanto à obrigatoriedade, aí nós tínhamos: litisconsórcio facultativo e litisconsórcio necessário. Lembrando que a obrigatoriedade era da presença de determinada parte. 
	No litisconsórcio facultativo a lei permite, possibilita que haja o litígio em conjunto. No necessário a lei, por natureza da relação jurídica, a incindibilidade da relação jurídica, exige a presença daquela pessoa no processo. 
	O segundo critério leva em conta como a decisão deve ser. No litisconsórcio unitário a sentença tem que dar o mesmo tratamento para os litisconsortes. No litisconsórcio simples não há essa necessidade. 
	Falamos da definição equivocada que está no artigo 47 do CPC. Este vai tentar definir litisconsórcio necessário só que acaba dando a definição de litisconsórcio unitário. Diz o artigo 47 do CPC: 
“Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.”
	Quando o artigo diz “o juiz tiver que decidir a lide de modo uniforme para todas as partes”, não estamos diante de um litisconsórcio necessário, mas sim de um litisconsórcio unitário. A própria lei embaralha as estações, pega a definição de um e coloca no outro. A parte final do artigo 47 do CPC é que define o litisconsórcio necessário. 
	Então, como a própria lei embaralha as definições, há uma certa confusão entre esses dois critérios, confusão esta que nós não podemos fazer!!! 
	Pela última vez: O primeiro critério leva em consideração a necessidade ou não de presença das partes. O segundo critério leva em consideração como a sentença deve tratar os litisconsortes. 
	Com esses critérios bem fixados, quando conseguimos separar uma coisa da outra, podemos fazer uma combinação, ou seja, que tipos de litisconsórcio vamos encontrar. Combinando os dois critérios temos: 
Quanto à obrigatoriedade: Quanto ao tratamento: 
Litisconsórcio Necessário Litisconsórcio Unitário
Litisconsórcio Facultativo Litisconsórcio Simples
Litisconsórcio Necessário Unitário
Litisconsórcio Necessário Simples
Litisconsórcio Facultativo Unitário
Litisconsórcio Facultativo Simples
	Litisconsórcio Necessário Unitário – a lei exige a presença da pessoa no processo devido à natureza da relação jurídica e, além disso, também que a sentença tem que dar o mesmo tratamento aos litisconsortes. 
	Ex1. Ação de anulação de casamento proposta pelo MP – é litisconsórcio necessário porque o pólo passivo dessa ação é formado por ambos os cônjuges e é litisconsórcio unitário porque ou não anula o casamento para os dois ou anula pra os dois. Não tem como anular o casamento em relação a um só. 
	Ex2. Investigação de paternidade após a morte do pai – a ação será proposta em face de todos os herdeiros, pois é uma ação de cunho pessoal e não propriamente patrimonial. Eu um litisconsórcio necessário, pois todos os herdeiros têm que figurar no pólo passivo e unitário, pois ou o sujeito será filho e isso valerá para todo mundo ou não é filho e também valerá pra todo mundo. 
	Geralmente, quando o litisconsórcio é necessário ele também é unitário. Tem gente que diz que é sempre. Há uma máxima que diz assim: “Todo litisconsórcio necessário é também unitário, mas nem todo litisconsórcio unitário é necessário”. 
	Quando a gente diz que existe litisconsórcio necessário simples, estamos dizendo que essa afirmação é mentirosa, ou pelo menos, não é de todo verdadeira. E realmente não é. Por quê? Porque há litisconsórcio que é necessário (a lei ou a relação jurídica de direito material exige a presença daquela pessoa), mas a decisão não tem que ser a mesma para eles. 
	Ex. lei da ação popular (lei 4717/65) – O artigo 6º da lei 4717/65 diz quem deve figurar no pólo passivo da ação popular: 
“Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.”
	
	A lei prevê que todas aquelas pessoas têm que estar no pólo passivo numa ação popular. O litisconsórcio necessário decorre da lei. Pergunta: A sentença tem que ser a mesma para todo mundo? Não. Porque quem tiver efetivamente praticado o ato ilegal ou lesivo ao patrimônio público será obrigado a reparar, quem não tiver nada a ver a história não terá uma sentença contra si. Então, é um litisconsórcio necessário porque a lei exige a presença de todos os elencados, mas como a decisão pode ser diferente para eles, é litisconsórcio simples. 
	Falamos do artigo 10 do CPC. E este cria litisconsórcio necessário em algumas ações envolvendo cônjuges. 
“Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - reais imobiliárias; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)”
	A mulher ou o marido podem alegar o que no caso do artigo 10, parágrafo 1º, inciso III do CPC? Nós vamos ver lá na frente, que havendo responsabilidade patrimonial, eventualmente, o bem que pertence a mulher ou ao marido vai responder por dívida contraída pelo outro cônjuge. 
	Neste caso, especificamente, a lei exige que já no processo de conhecimento os dois cônjuges sejam citados. O que um dos cônjuges pode alegar? Que se a dívida foi contraída em benefício da família os dois cônjuges responderão pela dívida. Mas um deles pode alegar que não foi dívida contraída em benefício da família. A dívida não reverteu nada em benefício da família e, portanto, não tem que ser arcada pelo cônjuge que não a contraiu. 
	Então, é um litisconsórcio necessário? É a lei está dizendo. É também unitário?Não. Porque se eu admito que um dos Réus têm defesa própria, defesa pessoal para apresentar, por conseqüência estou admitindo que a sentença pode ser diferente para ele. E se a sentença pode ser diferente estamos falando de litisconsórcio simples. Então, estamos diante de mais um caso de litisconsórcio necessário simples. 
	Ex.3 A própria ação de usucapião. Na ação de usucapião também tem litisconsórcio necessário. O artigo 942 do CPC dispõe: 
“Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)”
	O Réu natural da ação de usucapião é a pessoa que consta do registro, mas a lei não para por aí, exige que sejam citados também os confinantes,e eventuais interessados. O sujeito vai apresentar a planta, o confinante vai contestar, pode dizer que a divisória apresentada na planta está invadindo a sua propriedade. Está se admitindo que o confinante apresente uma defesa que lhe é própria, pessoal, logo é um litisconsórcio necessário, mas se eu admito que a sentença possa ser diferente, é um litisconsórcio simples. 
	Com base nesses exemplos, nós conseguimos afastar aquela máxima que “todo litisconsórcio necessário é também unitário”. 
	Litisconsórcio facultativo unitário – forma-se um litisconsórcio que as partes assim pretenderam e a sentença tem que ser a mesma para os litisconsortes. 
	
	Ex. Na aula passada colocamos um exemplo de ação por acidente de veículo que causou lesão a A e a B e outro exemplo de anulação de edital de licitação. Os dois são litisconsórcios facultativos, mas qual deles é unitário? O exemplo da ação para anular o edital da licitação. A pessoa jurídica A está alegando que o edital é ilegal, a pessoa jurídica B está alegando que foi indevidamente desqualificado. A ação podia ser proposta em conjunto? Podia. Portanto, litisconsórcio facultativo. Agora se a sentença anula o edital, essa anulação é para todos os litisconsortes. Inclusive, para quem não fez parte da ação. Então, neste caso a sentença tem que ser a mesma para todos os litisconsortes, logo, litisconsórcio facultativo unitário. 
	Litisconsórcio Facultativo Simples – é o litisconsórcio mais comum de todos. Forma-se o litisconsórcio porque as partes assim pretenderam e a sentença pode dar tratamento diferenciado para elas, não há necessidade que a sentença seja a mesma para todas elas. 
	
	Ex. Exemplo também dado na aula passada onde duas pessoas buscavam indenização pelo mesmo acidente de veículo. O litisconsórcio é facultativo porque elas quiseram ingressar com a ação em conjunto e simples porque ação pode ser julgada procedente para uma e improcedente para a outra, uma pode receber um indenização de R$ 100.000,00 a outra de R$ 30.000,00. 
Pergunta de aluno: A ação civil pública proposta em litisconsórcio pelo MP e Associações, seria litisconsórcio facultativo e unitário? Resposta de Celso Belmiro: É facultativo cm certeza. É unitário? Depende da ação pleiteada. Se a reparação de um dano qualquer a um patrimônio histórico será unitário, com certeza, porque ou se consegue ter aquele direito reconhecido, de que houve a lesão e o Réu tem que ressarcir ou não. Será nesse caso igual para todo mundo. Agora, 
	Ser o litisconsórcio unitário ou não é decorrência direta do que está sendo pleiteado naquela ação civil pública. 
	Colocação de aluno: Eu posso então dizer que nem todo litisconsórcio necessário é unitário, mas que todo litisconsórcio necessário que passa por uma relação jurídica incindível será unitário. 
	Celso Belmiro concorda. Diz: Repare que todos os exemplos de litisconsórcio necessário simples decorrem da lei. Quais são os exemplos? Ação Popular; Usucapião; a do artigo 10, parágrafo 1º do CPC. Em todos esses há litisconsórcio necessário porque a li está mandando. Quando a origem do litisconsórcio é a natureza incindível, aí irá cair na situação de ter que ser unitário. 
	Ainda precisamos ver dois pontos sobre litisconsórcio, quais sejam: 
	Todas as hipóteses de litisconsórcio necessário que nós falamos aqui são hipóteses de litisconsórcio passivo. Sejam as hipóteses em que a lei exigia, sejam as hipóteses que a relação jurídica incindível gerava o litisconsórcio, todas eram hipóteses em que havia necessidade de no processo termos dois ou mais réus. Essa exigência pode ser feita também no pólo ativo? Há litisconsórcio necessário ativo? 
	Vamos ver a questão por etapa. Se nenhum dos litisconsortes quer demandar não existe problema. Se os dois litisconsortes querem demandar, também não tem problema algum. 
	O problema surge quando um quer demandar e o outro não quer. 
	A – quer demandar Juiz
	B – não quer demandar 
 A e B Réu 
		
	
	Digamos que A que demandar e o B não quer demandar. Quando eu falo em litisconsórcio necessário ativo estou dizendo que a coisa só vai funcionar se os dois estiverem ali. Só haverá processo se os dois litisconsortes estiverem presentes. A propósito, a exigência de litisconsórcio necessário ativo exige a presença das partes. Exigir que os dois estejam presentes, num primeiro momento, vai causar problema. 
	Dizer que o sujeito que quer demandar só poderia ajuizar a ação se o outro litisconsorte também quisesse, significa impor um obstáculo ao acesso à justiça. Restrição ao direito de ação. Para o sujeito que quer demandar essa exigência seria uma restrição ao direito de ação. 
	Para o sujeito que não quer demandar a exigência de que ele esteja no processo viola o princípio da disponibilidade processual, que estabelece que o sujeito só demande se quiser e só permanece no processo se assim pretender. 
	Quando há a exigência de que o sujeito esteja no processo e ele não quer demandar, há violação ao princípio da disponibilidade processual. 
	
	Então, em um primeiro momento qual seria minha conclusão sobre isso? Não tem como existir o litisconsórcio necessário ativo. 
	Porém não podemos pra nessa primeira análise simplista. Por quê? Porque muitas vezes, e aula passada eu dei um exemplo (um contrato onde eu tenho A de um lado e B e C de outro. A pretende dissolver esse contrato, A teria que ajuizar a ação contra B e C) e pode ser que invertendo o exemplo eu caia na situação presente (A e B, de um lado, tem um contrato com C. A vigência desse contrato por algum motivo legal não interessa mais ao A. A resolve ajuizar ação de dissolução contratual em face de C. Mas existe B e aí? Cairíamos na situação de exigir que o B também esteja no pólo ativo da ação). 
	A situação é delicada. Tanto é delicada que a lei cria alternativas ao litisconsórcio necessário ativo. A lei cria paliativos, alternativas a exigir que determinadas pessoas estejam no pólo ativo de uma ação. Que alternativas são essas? 
ALTERNATIVAS AO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ATIVO
Como fazer para fugir dessa exigência? Bem, primeiro:
- atribuição de legitimidade a co-interessado para defender em juízo o direito de todos. Lembrando que Co-interessado é aquele interessado também. 
	Imagine a seguinte situação: solidariedade ativa A, B e C de um lado D de outro. A, B e C são credores solidários. O que é inerente à solidariedade ativa? Qualquer um dos credores pode exigir daquele devedor a integralidade do crédito. O crédito pertence a quem? Aos três. Na relação entre eles cada um é credor de um valor. Se o crédito pertence aos três e não foi satisfeito, quem deveria ajuizar a ação? Os três. É hipótese de litisconsórcio necessário ativo. O que ajuizar ação não irá requer a sua parte, mas o crédito inteiro. Então, ele vai defender em juízo um direito que pertence a todos os três. 
	Isso acontece com os co-credores, com os condôminos. 
	Por exemplo, a coisa pertence a várias pessoas e ela é subtraída. Eu quero ajuizar uma ação reivindicatória da coisa comum. Se a coisa pertence a todos, quem deveria ajuizar a ação seriam todos. Litisconsórcio ativo necessário. 
	Para fugir disso a lei permite que qualquer um dos condôminos venha a ajuizar a ação pleiteando a restituição da coisa que pertence a todo mundo. 
	Essa atribuição de legitimidade a uma pessoa para ajuizar ação em nome de todos, depende de lei. E nos outros casos em que não há previsão legal?
- a outra alternativa também prevista em lei é a seguinte: a princípio estamos falando que os dois ou mais têm que ser autores. Mas para evitar isso eu posso permitir que só um ajuíze a ação desde que o outro ou outros autorizem, consintam. 
	A segunda alternativa é então a autorização do outro co-legitimado. 
	Onde isso acontece? No artigo 10 do CPC.
	O artigo 10, parágrafo 1ºdo CPC trata do litisconsórcio necessário passivo, aquelas ações onde ambos os cônjuges têm que ser citados. Mas o caput do artigo 10 fala da situação que estamos falando agora. Dispõe o artigo 10 do CPC: 
“Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”
	A expressão “somente” do artigo está aí somente para perturbar o nosso juízo. O Cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. 
	Em princípio se estamos diante de uma ação de direito real imobiliário, ambos os cônjuges deveriam ajuizar a ação. Mas a lei permite que com a autorização do outro o outro ajuíze a ação. 
	E se o outro não autorizar? E aí? Artigo 11 do CPC. 
	
“Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la.
Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quando necessária, invalida o processo.”
	
	Se a recusa em conceder a autorização for injusta caberá suprimento judicial dessa autorização. Evitando então, o litisconsórcio ativo necessário. 
	E se não forem nenhum desses casos, se for nenhuma das alternativas que a lei criou para sair do litisconsórcio necessário ativo? Antes nós trabalhávamos com alternativa, agora nós vamos partir para solução da exigência do litisconsórcio necessário. A presença das partes. O sujeito quer ajuizar a ação e a relação jurídica exige que outro esteja ali litigando com ele, seja autor também. Que solução nós temos? Na verdade, ou eu vou privilegiar o direito de ação ou eu vou privilegiar o princípio da disponibilidade e dane-se o direito de ação. Qual dos dois? Eu vou privilegiar o direito de ação, garantia constitucional. 
	Mas e o outro que não quer? Nosso direito não tem como obrigar alguém a ser Autor. A ser Réu eu posso. Então, nós iremos colocar o sujeito que estaria litigando ao lado do outro, para o lado do réu. 
	Então a solução para o litisconsórcio ativo necessário quando um dos autores não quiser propor a ação é incluir o co-legitimado no pólo passivo da ação. Isso é um artifício, um instrumento para fazer valer o direito de ação do Autor. O co-legitimado não será propriamente réu, não será citado para se defender. Será incluído no pólo passivo para que o processo vá adiante de forma válida, para que a sentença seja eficaz e produza seus regulares efeitos. 
	A citação do co-legitimado que não quis ingressar na ação com o outro serve para quê? Para levar ao conhecimento dele o que está se passando. Ele poderá contestar, poderá atuar ao lado do autor. Mas essa citação é principalmente para que a sentença tenha como produzir efeito. 
	A inclusão do co-legitimado no pólo passivo da ação é para resolver o problema do litisconsórcio ser necessário. 
	Pergunta inaudível de aluno: Resposta de Celso Belmiro – Chamamento ao processo é uma modalidade de intervenção de terceiros, técnica, que tem aplicação em algumas situações. É muito comum a gente ouvir, faz o chamamento, como se fosse muito simples, como se o chamamento fosse fazer: psiu. Não é. 
	Para eu poder levar ao conhecimento da ação ao co-legitimado eu tenho que dentre os caminhos que a lei me faculta escolher o que é técnico para atingir meu objetivo. 
	O chamamento ao processo, modalidade de intervenção de terceiro, não tem como ser aplicado no caso. 
	Pergunta de aluno: Essa inclusão, como co-legitimado, no pólo ativo, essa necessariedade do litisconsórcio sempre vai decorrer da relação jurídica incindível? Sim. 
	Vamos falar agora do artigo 48 do CPC. Último ponto que iremos abordar sobre litisconsórcio. 
	Este artigo cuida do princípio da independência dos atos de litisconsórcio. Assim dispõe o artigo 48 do CPC: 
“Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros”
	De acordo com o que está colocado no artigo 48 do CPC, o que um litisconsórcio fizer não vai fazer diferença em relação ao outro. Só que precisamos conjugar este artigo 48, que estabelece uma regra geral com outros artigos do Código, que também tratam do litisconsórcio e estão envolvendo também os atos dos litisconsortes. 
	O primeiro desses artigos que devem ser associados é o artigo 320 do CPC, que trata de revelia e efeitos da revelia. A história começa no artigo 319 do CPC. 
“Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.”
 	Aqui está o principal efeito da revelia: presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. 
	Em seguida do artigo 320 do CPC cria a exceção: 
“Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.”
	A revelia não produzirá seu efeito de presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, se havendo pluralidade de réus, algum deles contestar. Como é isso? 
 Juiz
A B e C B contesta e C é revel. 
	
	Se a ação fosse proposta só contra o C e o C fosse revel, haveria presunção de veracidade dos fatos alegados por A. Mas não foi proposta só em face de C, foi proposta em face de B e C e B contestou. O que diz o artigo 320 do CPC? Não vai haver a presunção de veracidade dos fatos alegados se um dos réus contestou. Em outras palavras a contestação do B beneficia o C. 
	Litisconsórcio unitário X Litisconsórcio Simples
	Se eu estou diante de um litisconsórcio unitário a contestação do B vai beneficiar o C? Vai. Por quê? Porque no litisconsórcio unitário a decisão tem que ser a mesma para todos os litisconsortes. Então, não tem jeito. A contestação de um beneficia o outro. 
	No litisconsórcio unitário essa regra do artigo 320 do CPC está valendo. 
	E no litisconsórcio simples? No litisconsórcio simples a decisão pode ser diferente. E aí a contestação pode beneficiar? Depende do tipo de defesa que está sendo apresentada na contestação. Eu posso ter na contestação de um litisconsórcio simples uma defesa que diga respeito a ambos e eu posso ter uma defesa que só diga respeito a um dos litisconsortes. 
	Ex. Cobrança com ordem de despejo 
		Juiz
 A B (devedor) e D (fiador) 
	Quem contestou foi o fiador (D). B não contestou. O fiador (D) alega pagamento, alega que aquela dívida já foi paga, Beneficia ou não o outro Réu, o locatário? Sim. Porque se a dívida já foi paga o credor não tem mais nada a exigir. O pagamento é uma defesa que beneficia o outro credor, o outro litisconsorte. 
	A contestação beneficia o outro litisconsorte no litisconsórcio simples? Se for uma defesa comum, sim. 
	Agora se estamos num litisconsórcio onde um dos litisconsortes alega defesa pessoal, própria, que só diga respeito a ele? 
	Ex. o Fiador alega coação, ou um vício qualquer no contrato de fiança? Essa defesa irá beneficiar o outro? Não. Essa defesa só diz respeito a ele. 
Então, CUIDADO!!!! Nós temos que fazer a distinção porque a lei não faz. Depende do tipo de litisconsórcio que iremos trabalhar. 
	Se, estamos diante de um litisconsórcio simples, ou seja, a sentença pode ser diferente para os litisconsortes e a defesa apresentada por um deles diz respeito só a ele que está contestando não tem aplicação do artigo 320, inciso I do CPC. 
Pergunta de aluno: E se na contestação houver defesa direta de mérito? Celso Belmiro diz que depende da defesa, a distinção não é defesa de mérito é defesa processual. 
	Se alegaruma preliminar que leve a extinção do processo vai beneficiar os demais litisconsortes. 
	Além do artigo 320, I do CPC, nesta mesma linha está o artigo 509 do CPC, que assim dispõe: 
“Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.”
	A regra é que se um litisconsorte recorre, o seu recurso vai beneficiar os outros. Vai beneficiar sempre? Quando vai? 
	O recurso interposto por um dos litisconsortes vai beneficiar os outros, no caso do litisconsórcio unitário com certeza, pois o resultado do processo tem que ser o mesmo para os dois. Vai beneficiar no simples, como na defesa comum, porque a defesa é comum. O recurso interposto por um dos litisconsortes não vai beneficiar os outros se o litisconsórcio for um litisconsórcio simples e o que o sujeito sustentar no recurso só disser respeito a ele. 
	O último artigo é o 191 do CPC que diz: 
“Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.”
	Então se eu tenho dois litisconsortes e os advogados não são comuns, os prazos são contados em dobro. 
A ajuíza uma ação em face de B, no rito ordinário. Qual é o prazo para contestar? Prazo de 15 dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação ou do AR para contestar. 
A ajuíza uma ação em face de B e de C, ambos B e C tem o mesmo advogado. Qual é o prazo para contestar? 15 dias, contados da juntada aos autos do último mandado de citação. Não conta em dobro o prazo, pois o advogado de ambos é o mesmo. 
A ajuíza ação em face de B e C. B tem como advogado João e C como advogado Marcelão. Qual é prazo para contestar? 30 dias, comum aos dois, é contado da juntada do último mandado ou do AR aos autos. Porque os advogados são diferentes. Aplica-se ao artigo 191 do CPC. 
A ajuíza ação em face da União. Qual é o prazo? Prazo em quádruplo. 60 dias para a União contestar (artigo 188 do CPC).
A ajuíza uma ação em litisconsórcio contra a União e B. Qual é o prazo? A União terá 60 dias e B terá prazo de 30 dias.
		O artigo 191 do CPC não se aplica cumulativamente ao artigo 188 do CPC. 
A ajuíza ação em face da União, B e C? Qual é o prazo? 60 dias para a União e o prazo comum de 30 dias para B e C. 
A ajuíza uma ação contra a Caixa Econômica Federal, ou qualquer outro organismo federal, qual é o prazo? O prazo será de 15 dias. O artigo 188 não se aplica neste caso, pois este artigo se aplica a Fazenda Pública, não se aplica as pessoas jurídicas de direito privado. 
A ajuíza ação contra Caixa Econômica, B e E. Qual é o prazo? 30 dias para todos, aplicamos o artigo 191 do CPC. 
A ajuíza ação contra o BB. É ação na Justiça Estadual. Porque contra a Caixa Econômica é no Juízo Federal e o Banco do Brasil é no Juízo Estadual? Porque o BB é sociedade de Economia mista. 
	Preste atenção aqui: 
 Juiz
 
 A B advogado 1
 C advogado 2
 0 15 30
	Dois Réus, B e C. Se as duas contestações são apresentadas nos primeiros 15 dias, elas são tempestivas? São. Se uma é apresentada nos primeiros 15 dias e a outra nos outros 15 dias elas são tempestivas? São. E se as duas são apresentadas na segunda metade do prazo elas são tempestivas? Imagine: João, o advogado bisonho no 20º dia do prazo se dá conta que perdeu o prazo para contestar. Então, ele chega para o advogado Marcelão, advogado de C, para também se tornar o advogado de B, pois aí então, será advogado dos dois litisconsortes e poderá ser aplicado o artigo 191 do CPC, burlando a perda do prazo. 
	Por conta dessa situação, a lei não fala nada, mas na prática muitos juízos exigem que na primeira metade do prazo o advogado informe que será aplicado o artigo 191 do CPC. Não tem que contestar, mas tem que informar na primeira metade do prazo. Essa exigência acontece em alguns juízos e em outros não. 
I. 5) Intervenção de terceiros
	Para falar de intervenção de terceiros tem que falar primeiro quem é terceiro. 
	Quem é terceiro? Terceiro é um conceito a que se vai chegar por exclusão. Ou seja, terceiro é quem não é Autor nem Réu. 
	Na intervenção de terceiro vamos partir sempre de um processo já instaurado. 
		 Juiz
 A B 
 (autor) (réu) C = terceiro
 Decisão 
 do 
 processo
	Quem é o terceiro? Quem não é autor nem réu. 
	Por que existe a intervenção de terceiro? Qual é o fundamento da intervenção de terceiro? O fundamento é que na ação vai ser proferida decisão que, eventualmente, vai atingir a terceiro. 
	O fundamento é a possibilidade de que a decisão proferida na demanda base venha a produzir efeitos na esfera jurídica de interesses do terceiro. A base de tudo é isso. A decisão desse processo vai atingir o terceiro. 
	Em função disso em algumas situações o terceiro quer se meter no processo dos outros e em outras situações, quem está no processo quer que o terceiro venha fazer parte do processo. Então, em função disso, nós podemos categorizar, separar dois grupos de intervenção de terceiros: o primeiro é aquele em que o terceiro é que toma a iniciativa de entrar no processo; no segundo grupo o terceiro quer mais que esqueçam que ele existe, mas quem está no processo por razões diversas quer trazer o terceiro para o processo. 
Essas duas categorias são: 
 assistência
a) intervenção de terceiros voluntária oposição
 ou espontânea recurso de 3º prejudicado
					 denunciação da lide
b) intervenção provocada nomeação a autoria
 ou forçada chamamento ao processo
	Das modalidades de intervenção de terceiros voluntária a mais chatinha é a assistência. Das modalidades de intervenção de terceiros provocada a mais chatinha é a denunciação da lide. 
ASSISTÊNCIA
	Já começa errada. Por quê? Porque o CPC coloca a assistência junto com o litisconsórcio e depois começa a falar de intervenção de terceiros. Como se assistência não fosse intervenção de terceiros. Já começa errado daí. Não se sabe por que o CPC resolveu colocar um capítulo sobre litisconsórcio e assistência e depois outra capítulo seção sobre a intervenção de terceiros. 
	O que acontece na Assistência? 
	Temos nossa demanda básica, nosso processo instaurado. O assistente pode ter interesse que o Autor vença o processo ou ele pode ter interesse que o Réu vença o processo. 
	A assistência, portanto, pode se dar em qualquer dos pólos da relação jurídica. Posso ter assistente do Autor e posso ter assistente do Réu. 
	O que vai justificar o ingresso do assistente no processo? Para se permitir o ingresso do assistente no processo tem que ser verificar se ele possui interesse jurídico no resultado daquele processo. Provando que tem interesse jurídico o ingresso do assistente será admitido. Não pode ser interesse moral, interesse social, não pode ser interesse meramente econômico. Tem que ser interesse jurídico. 
 Juiz 
C A 
(autor) (réu)
A deve R$ 50.000,00 para B	
A deve R$ 100.000,00 para C 
A só tem R$ 100.000,00. 	
Em razão disso, C ajuíza uma ação em face de A, uma ação de cobrança, pleiteando os R$ 100.000,00. B e C são credores. B percebe que se o A for condenado a pagar os R$ 100.000,00para o C, o ficará sem dinheiro não terá dinheiro para pagar os seus R$ 50.000,00. O que B faz então? B quer ingressar no processo como assistente, pode? B tem interesse? Interesse ele tem, com certeza, ele quer receber. Mas ele não pode ingressar na ação como assistente, porque este é um exemplo clássico de interesse meramente econômico. O interesse meramente econômico não autoriza o ingresso do assistente. 
	Falamos ainda pouco que a assistência é um pouco complicada, por quê? Pelo seguinte, não estamos lidando com uma ciência exata. E por isso sabemos que existem posições e entendimentos diferentes sobre a matéria. Isso é comum no direito, para desespero de quem faz concurso. 
	O que ocorre na assistência é uma coisa curiosa. Que um autor divergisse do outro seria a coisa mais comum do mundo. O curioso é que muitas vezes o autor diverge dele mesmo, começa falando uma coisa e a medida que vai explorando os temas, os assuntos relacionados à assistência e aí mais a frente fala uma coisa diferente. Porque é complicado manter a coerência tratando-se de assistência. 
	Então para que possamos seguir sempre a mesma linha, temos que fixar uma premissa em relação à assistência. Que premissa é essa? A assistência é uma modalidade de intervenção ad coadjuvandum. 
	O que significa ser uma intervenção ad coadjuvandum? Significa que o assistente, esteja ele no pólo passivo ou no pólo ativo, está ali para ajudar, para auxiliar o Autor ou o Réu, para prestar assistência ao Autor ou ao Réu. 
	Quando falamos que a assistência é uma intervenção ad coadjuvandum, significa em poucas palavras que se o sujeito vai ser assistente do Autor, ele vai entrar no processo para ajudar o Autor a ganhar. Ele não vai ganhar o que o Autor vai ganhar. 
	A mesma coisa ocorre no pólo passivo, se o Assistente ingressa no pólo passivo ele vai ajudar o Réu a ganhar o processo. Ele não vai ser condenado ao que o Réu for condenado. 
	O Assistente, portanto, não é nem Autor também. O que significa ser Autor também? Se eu tenho dois Autores que figura eu tenho? Litisconsórcio. Quando eu falo que o Assistente não vai se tornar Autor também, estou dizendo que ele não é litisconsorte.
	Se eu falo que no pólo passivo o Assistente não vai ser condenado ao que o Réu for condenado, ele assistente não é Réu também, não é litisconsorte. 
	Por que estou falando isso? Porque iremos falar das modalidades de assistência e existe uma que é litisconsorcial. 
	Não podemos confundir. A premissa que estamos fixando é que assistência é uma intervenção ad coadjuvandum, que o sujeito não se torna Autor nem Réu, que não se torna litisconsorte. Essa regra vale para as duas modalidades de assistência que iremos falar. 
	Que tipo de assistência nós temos? A assistência pode ser:
 ADESIVA ou SIMPLES
 
 	ASSISTÊNCIA 
 QUALIFICADA ou LITISCONSORCIAL
	Qual é o critério para saber se a assistência é simples ou litisconsorcial? 
	
 Juiz
A B 
(autor) (réu)
 assistido
 
 C (assistente)
	C quer ingressar como assistente de A. C é assistente e o B é o que? B é o Assistido. O A é o adversário do assistido. 
	Quando eu quero saber se a assistência é simples ou litisconsorcial devemos olhar para o assistente e para o adversário do assistido. Se houver relação jurídica entre esses dois, teremos um tipo de assistência, se não houver eu terei um outro tipo de assistência. 
	Se não houver relação jurídica entre assistente e adversário do assistido teremos a ASSISTÊNCIA SIMPLES ou ADESIVA, se houver relação jurídica entre assistente e adversário do assistido teremos ASSISTÊNCIA QUALIFICADA ou LITISCONSORCIAL. 
	Ex1. O locador ajuíza uma ação de despejo em face do locatário, só que quem está no imóvel é o sublocatário. Se for decretado o despejo é o sublocatário que vai ter que sair do imóvel. O sublocatário quer ingressar como assistente. Pode ou não? Tem interesse jurídico? Tem. Então pode ingressar no processo como assistente. 
	O sublocatário irá ingressar no processo como assistente do locatário, ajudar o locatário a ganhar o processo para que ele (sublocatário) não tenha que sair do imóvel. 
	O sublocatário é o assistente, o locatário é o assistido e o locador é o adversário do assistido. 
	Essa assistência é uma assistência simples ou litisconsorcial? 
	O critério é observar se há ou não relação jurídica entre o assistente e o adversário do assistido. 
	Existem no caso dois contratos distintos, o de locação e o de sublocação. O que há de comum a esses dois contratos é a figura do locatário. Não há relação jurídica entre o sublocatário (assistente do locatário) e o locador (adversário do assistido). Essa assistência, então, é uma assistência simples. 
Ex2. 
 Juiz
A - autor B (devedor solidário de C e D) - réu
(adversário do assistido) (assistido)
 C (assistente)
 
A de um lado e B, C e D (devedores solidários de A) do outro lado. A resolve ajuizar uma ação de cobrança em face de B. C quer ingressar naquele processo como assistente de B. Pode? Pode. B tem interesse jurídico, porque a relação jurídica que está sendo definida no processo é uma relação jurídica, inclusive, da qual ele faz parte, 
	C é o assistente, B é o assistido e A é o adversário do assistido. Essa assistência é uma assistência simples ou é uma assistência litisconsorcial? Existe relação jurídica entre o C e o A? Existe. A assistência aqui, então, é uma assistência litisconsorcial. 
	Repare que quando a gente fala que existe relação jurídica entre C e A, não é qualquer relação jurídica não. É possível, por exemplo, que numa ação por atropelamento C seja empregado de A. É possível que seja uma obrigação de cumprimento de obrigação de fazer e por acaso o C é o pai do A. Meramente por acaso, por conta da relação de trabalho, ou de parentesco, que é relação jurídica entre eles, isso seria suficiente para dizer que a assistência é litisconsorcial? Não.
	Quando eu falo em que para que seja litisconsorcial a assistência, tem que haver relação jurídica entre assistente e adversário do assistido, que relação é essa? É aquela que está sendo discutida no processo. Não é qualquer relação jurídica, mas sim a discutida no processo.
	 Como o assistente litisconsorcial ele faz parte daquela relação jurídica que está sendo discutida no processo ele tem mais poderes dentro do processo do que o assistente simples. 
	A razão de ser do tratamento diferenciado entre assistente simples e o assistente litisconsorcial é o fato de que o assistente litisconsorcial faz parte daquela relação jurídica de direito material que está sendo discutida naquele processo, portanto ele vai poder fazer mais coisa do que o assistente simples. 
ATENÇÃO!!! Qual é a diferença de o C ingressar como assistente e o B chamar ao processo o C? Acabamos de falar que o Assistente não se torna Réu. O chamamento ao processo faz com que o C se torne Réu também. 
	Se o Juiz julgar procedente o pedido de A contra B e tendo sido C assistente de B, C não será condenado na sentença, pois ele não é Réu. 
OBS: O Autor pode aditar a petição inicial pra incluir outro Réu até antes da citação. 
Vamos para a lei, então. Dispõe o artigo 50 do CPC: 
“Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.”
	É opção do Assistente ingressar no processo.Ele poderá ingressar em qualquer momento processual, mas só será permitido a ele fazer o que a fase do procedimento permitir a ele que faça. Cabe a ele, Assistente, analisar se vale a pena ou não ingressar. Sabe por quê? Porque o Assistente não é condenado, mas em função do ingresso dele, algumas coisas ele não vai poder discutir depois. 
	O artigo 51 do CPC fala do procedimento da assistência: 
“Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:
I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;
II - autorizará a produção de provas;
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.”
	O Assistente quer ingressar. Quem é que tem que concordar com o ingresso do Assistente? Em tese o assistente vai ajudar o Assistido. Quem tem que ser ouvido? Tem que ser ouvido tanto Assistido, como a adversário do Assistido. 
	Se os dois concordarem o Juiz vai deferir o ingresso do Assistente? Não necessariamente. Porque apesar de ambos terem concordado o Juiz pode verificar que não há interesse jurídico. O requisito para a assistência tem que ser observado, e que requisito é esse? Que haja interesse jurídico do assistente no resultado daquele processo. 
	Se qualquer das partes não concordar impugna o ingresso do assistente, se não houver a impugnação, dentro de 05 dias o pedido do assistente será deferido. Mas devemos lembrar que o Juiz pode indeferir ainda que não haja impugnação se entender que não há interesse jurídico. 
	Se qualquer das partes alegar que falece ao Assistente o interesse jurídico, cria-se um incidente para saber se o Assistente vai ou não ser autorizado a ingressar na ação. 
	Artigo 52 do CPC: 
“Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios.”
	Aqui no artigo 52 começam os nossos problemas. O que temos aqui é que, a princípio, o assistente atuará como auxiliar da parte principal e exercerá os mesmos poderes e obrigar-se-á aos mesmos ônus processuais do assistido. 
 	No artigo 54 do CPC é que os nossos problemas afloram. Diz o artigo 54: 
“Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51.”
	
	O artigo 54 está tratando de que tipo de assistência? Assistência litisconsorcial. Faz menção a existência de relação jurídica entre o assistente e o adversário do assistido. 
	O que está errado no art. 54? “Considera-se litisconsorte”. Não é litisconsorte. Não é, por quê? Porque não ganha a mesma coisa que o Autor ganha, porque não é condenado a mesma coisa ao que o Réu é condenado. 
	Para tentar salvar o artigo 54, apenas para efeitos processuais/procedimentais o assistente litisconsorcial entrará como litisconsorte. Dentro do processo ele é considerado litisconsorte, tem os mesmos poderes que o litisconsorte tem, mas não é propriamente litisconsorte pelos motivos colocados acima. 
	E o artigo 53 do CPC? O artigo 53 do CPC dispõe o seguinte: 
“Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.”
 	O artigo 53 do CPC trata de que tipo de assistência? Ele fala que o assistente “não fede nem cheira”, que o assistente não contribui, que o assistente está lá, está errado. Está tratando de que tipo de assistência? Está tratando da assistência simples. Se há uma das poucas coisas não polêmicas sobre assistência, uma delas é exatamente essa, que o artigo 53 do CPC trata da assistência simples. 
	
	Ex1. A ajuíza uma ação em face de B, C ingressa no processo como assistente de B. A sentença julgou procedente o pedido. Quem pode recorrer? Artigo 52 do CPC. Ambos podem recorrer, porque o Assistente atuará como auxiliar da parte e exercerá os mesmos poderes, sujeitar-se-á aos mesmos ônus do assistido. Então se B pode recorrer, C também pode. 
	Ex2. B Não quer recorrer. B renuncia ao seu direto de recorrer. Se a assistência for simples como fica? Na assistência simples aplica-se o artigo 53 do CPC. A atuação do assistente simples é vinculada subordinada ao do assistido. Na assistência simples se assistido resolve renunciar ao direito de recorrer o que acontece? Trânsito em julgado da sentença. Se o assistido renuncia ao direito de recorrer o assistente não pode recorrer. Haverá o trânsito em julgado. 
	E se a assistência for litisconsorcial? Aí, aplica-se o artigo 54 do CPC. O assistente litisconsorcial é tratado como litisconsorte. Se é tratado como litisconsorte, é como se fosse uma ação tendo A de um lado e B e C de outro. Então C poderá recorrer. 
	O assistente litisconsorcial pode mais que o assistente simples. Ele pode recorrer. Ele pode sozinho levar esse processo adiante. Ele continuará sendo assistente. 
	O Assistente não é condenado ao que o Réu for condenado. Ele pode ter interesse mesmo não sendo ele o condenado em levar adiante esse processo porque eventualmente ele sofre os efeitos reflexos daquela decisão. 
	Com base nos exemplos dados anteriormente nós conseguimos visualizar como atuam conjuntamente os artigos 52, 53 e 54 do CPC. 
	Antes de vermos o artigo 55 do CPC que trata dos ônus do Assistente, vamos estabelecer algumas premissas. A primeira delas é: quem é abrangido pela coisa julgada? A coisa julgada tem o limite objetivo, que é a parte da decisão que se torna imutável e o limite subjetivo, que diz respeito aos sujeitos abrangidos pela coisa julgada. 
	Nesse ponto, abrangidos pela coisa julgada são Autor e Réu. O Assistente é Autor ou Réu? 
	O limite subjetivo da coisa julgada está no artigo 472 do CPC: 
“Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.” 
	O Assistente não é Autor ou Réu, então nada pega pra ele? Pega. Por quê? Porque ele Assistente apesar de não ser abrangido pela coisa julgada ele sofre o chamado EFEITOS REFLEXOS DA DECISÃO (artigo 55 do CPC). O que significa sofrer os efeitos reflexos da decisão? Não poderá em outro processo discutir a “justiça da decisão”. O que significa justiça da decisão. Não poderá discutir os fundamentos da decisão. 
	Há ônus para o Assistente, esses ônus estão no artigo 55 do CPC: 
“Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.”
	“Justiça da decisão” significa os fundamentos utilizados pelo Juiz para julgar. 
	Há uma transação qualquer, uma compra e venda de imóvel e o comprador A perde o imóvel. A, então, ajuíza uma ação de indenização contra o vendedor, dizendo que sofri um processo e perdi o imóvel que eu comprei de você porque a certidão que você me apresentou é falsa. Só que o vendedor B não fez nada de errado, ele foi ao RGI requereu a Certidão e esta foi dada a ele. Alegaramem um processo que essa Certidão é falsa. B vai ao Cartório e informa que está correndo um processo contra ele sob a alegação de que a Certidão fornecida por aquele cartório é falsa. O Tabelião se habilita como Assistente de B, vendedor do imóvel. A sentença julga procedente o pedido e diz que a Certidão é falsa. Vai condenar quem? O vendedor B. Condenará este a pagar tanto a A. 
	O vendedor B ajuíza uma ação regressiva em face do Tabelião. Pergunta: O Tabelião na sua contestação pode alegar que a certidão é verdadeira? Não pode. Porque apesar de não te sido condenado na sentença anterior, o fundamento da decisão (e este foi a falsidade da certidão) já não mais poderá ser alegado naquele processo. Poderá alegar na contestação o que quiser, mas essa questão da falsidade da certidão não. 
	
	A regra é o caput do artigo 55 do CPC. 
	E se o Assistente alegar que naquele processo anterior o Assistido agiu com dolo ou o assistido foi negligente, desidioso, que ele Assistente foi prejudicado pela atuação do Assistido? 
	Não poderá discutir a justiça da decisão salvo se alegar a chamada exceptio male gesti processus. Se no outro processo houver má gestão processual por parte do Assistido. Nesse caso o Assistente poderá rediscutir essa questão.

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